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Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri

Departamento de Ciências Biológicas


BIO 029 – Morfologia e Anatomia Vegetal

Introdução à taxonomia vegetal

Profa. Dayana M. T. Francino


INTRODUÇÃO À TAXONOMIA E HISTÓRICO
DOS SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO
Capítulo 3 (Judd et al. 2009)
O QUE É TAXONOMIA VEGETAL?

TAXONOMIA SISTEMÁTICA
Latim
Systema = ordem,
arranjo
= Latim
Systema = ordem,
arranjo

Para uns ....


Para outros .....
Sistemática = ciência da diversidade biológica e sua
historia evolutiva
Taxonomia = teoria e prática de
descrever a diversidade dos
organismos
SISTEMÁTICA VEGETAL

Ramo da botânica que tem por finalidade agrupar


(classificar) as plantas dentro de um sistema de
classificação, segundo um sistema nomenclatural
determinado.

Baseia-se em: características morfológicas externas e internas;


relações genéticas e suas afinidades.

TAXONOMIA

É a ciência que elabora as leis de classificação


Por que
classificar?

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Quando nos deparamos com uma grande variedade de objetos ao nosso redor,
temos a tendência de reunir em grupos aqueles que consideramos semelhantes,
classificando-os. Esta é uma característica inerente ao ser humano. O ser
humano classifica as coisas porque isso as torna mais fáceis de serem
compreendidas. E NÃO SERIA DIFERENTE COM OS SERES VIVOS DIANTE
DA IMENSA BIODIVERSIDADE EXISTENTE.
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IMPORTÂNCIA DA SISTEMÁTICA

Essencial para compreensão e comunicação sobre o mundo natural

Nomear e classificar são atividades intrínsecas dos seres humanos

Provê base de informações sobre a diversidade biológica

Todos os campos da Biologia dependem da correta determinação


taxonômica do(s) organismo(s) em estudo

A classificação torna a diversidade orgânica acessível às outras


disciplinas biológicas
IDENTIFICAÇÃO: determinação de
um taxon como idêntico ou
semelhante a outro já conhecido.

SISTEMÁTICA
VEGETAL
OU NOMENCLATURA: emprego do
nome correto das plantas de acordo
TAXONOMIA
com um sistema nomenclatural.

CLASSIFICAÇÃO: ordenação das


plantas em categorias hierárquicas
segundo afinidades naturais ou
grau de parentesco.
A classificação dos seres vivos visa compreender a
biodiversidade, para poder distinguir as diferentes formas de vida.

Critérios

Símbolos representam Grupos taxonômicos


diferentes organismos Permitem ou taxa
estabelecer as
diferenças e
semelhanças
13
A classificação dos seres vivos visa compreender a
biodiversidade, para poder distinguir as diferentes formas de vida.

QUAIS ?

Critérios

Sistemas
Símbolos representam refletem a Grupos taxonômicos
diferentes organismos visão dos ou taxa
autores e da
comunidade
de dada altura
14
A classificação dos seres vivos visa compreender a
biodiversidade, para poder distinguir as diferentes formas de vida.

Critérios

• Morfologia
• Fisiologia
Símbolos representam • Embriologia Grupos taxonômicos
diferentes organismos • Paleontologia ou taxa
• Citologia Diversidade de critérios
• Molecular... permitiu adequar a
classificação à especificidade
de cada grupo taxonômico15
Sistemas de Classificação ao longo do tempo

Taxonomia Tradicional

370 Final do Final do Final do


AC. Séc. XVIII Séc. XIX Séc. XX

Artificial Natural Filogenético

Taxonomia
Filogenética

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Taxonomia Tradicional

370 Final do Final do Final do


AC. Séc. XVIII Séc. XIX Séc. XX

Artificial Natural Filogenético

Taxonomia
Filogenética

• Grécia antiga até Lineu (séc XVIII)


• Número reduzido de caracteres
• Classificação prática
• Propósitos utilitários

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Taxonomia Tradicional

370 Final do Final do Final do


AC. Séc. XVIII Séc. XIX Séc. XX

Artificial Natural Filogenético

Taxonomia
Filogenética

• Aumento no número de caracteres


• Afinidades morfológicas
• Sem relações evolutivas

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Taxonomia Tradicional

370 Final do Final do Final do


AC. Séc. XVIII Séc. XIX Séc. XX

Artificial Natural Filogenético


Taxonomia
Filogenética

• Relações evolutivas
• Mais que afinidades morfológicas
• Árvores filogenéticas

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Sistemas de Classificação

ARTIFICIAIS NATURAIS FILOGENÉTICOS

Baseiam-se em
aspectos evolutivos.
Fundamentam-se na Esses aspectos
escolha de poucos Baseavam-se na alteraram as bases
caracteres que utilização de vários filosóficas dos sistemas
permitam organizar caracteres e também do
esses elementos de morfológicos. entendimento da
forma lógica. origem, das
similaridades, e
diferenças entre os
organismos. 20
Sistemas Artificiais
SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO ARTIFICIAIS (1580 - 1760)

• Baseado em poucos caracteres


• Objetivo: convincente ao classificar uma planta e
contribuir na sua identificação
• Não se preocupa com as relações de afinidades
• Dogma do criacionismo

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Sistemas Artificiais

Theophrastus (370-285 AC):


Classificou ca. 480 plantas com base no hábito (erva,
arbusto, árvore e trepadeira).
Historia Plantarum: primeiro a escrever uma classificação lógica,
baseada em caracteres morfológicos bem simples

Dioscorides (ca. 60 DC):

Classificou ca. 600 plantas de acordo com o uso


destas plantas empregado pelo homem.
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Classificou e descreveu Obra de referência
500 plantas com durante dezesseis
informações sobre séculos – em voga
até o século XVI
aplicações medicinais
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Sistemas Artificiais

Andrea Caesalpino (1519-1603):


(1° taxonomista vegetal)
Classificou 1500 espécies de acordo com o
hábito, forma do fruto e semente e alguns
outros caracteres florais e vegetativos.
• Sua obra De Plantis (1583)

• Influenciou Tournefort, Ray e Lineu


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Sistemas Artificiais
JEAN BAUHIN (1541-1631)

* 5.000 espécies de plantas


* 1º botânico a distinguir gênero e espécie
* Introduziu nomenclatura binária – creditada a Linneu

JOHN RAY (1628-1705)

Fonte: Google Imagens


• 1º a reconhecer:
importância do embrião na Sistemática
presença de 1-2 cotilédones nas sementes

Considerava importante usar o máximo de caracteres na classificação

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Sistemas Artificiais

Joseph Pitton de Tournefort (1656-1708):

Classificou ca. 9000 espécies.

É considerado o fundador do conceito


moderno de gênero.
Nomes criados e ainda em uso:

• Salix, Populus, Fagus, Betula, Acer,

Verbena.
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Sistemas Artificiais

Carl Linné (1707-1778): pai da taxonomia


vegetal e zoológica

Sistema artificial mais completo, baseado em


caracteres sexuais.
É considerado o ponto de partida para a
nomenclatura da maioria das plantas.

Principais obras:
Genera Plantarum (1737)
Species Plantarum (1753)

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Sistemas Naturais
SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO NATURAIS (1760 - 1880)

• Baseava-se na afinidade natural das plantas – caracteres comuns

* Explorava maior número de características

Cada planta ficava próxima de outra semelhante

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Sistemas Naturais
* Metade do séc. XVIII: novas espécies chegavam à Europa provenientes de países
tropicais

Estimulou aumento do conhecimento

Melhoria dos equipamentos ópticos

- afinidade entre as plantas

* Final do sec. XVIII: revolução nos sistemas de classificação

Sistemas naturais: plantas organizadas em grupos afins (características comuns)

Teorias modernas de evolução – não conhecidas: criacionistas – plano de Deus

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Sistemas Naturais
Antoine Laurent de Jussieu (1748-1836): Classificou ca.
de 100 famílias em 15 classes. Organizou as plantas em 3
divisões: Acotiledôneas, Monocotiledôneas e Dicotiledôneas.

Augustin Pyrame de Candolle


(1778-1841): Três gerações De
Candolle contribuíram para o
progresso da Sistemática Vegetal.
Classificaram ca. 5800 espécies em
161 famílias na obra Prodromus
Systematis Naturalis Regni
Vegetabilis (1823-1873). Obra
finalizada por seu filho Alphonse
de Candolle (1806-1893). 30
Sistemas Naturais

George Bentham (1800-1884) e Joseph Dalton


Hooker (1817-1911):

Apresentaram entre 1862 e 1883 a obra Genera


Plantarum. Foi o último e maior Sistema de Classificação
Natural.
Abrangeu 200 famílias e 7.500 gêneros, distribuídos
entre Monocotiledônea e Dicotiledônea.
Considerava as monocotiledôneas primitivas em relação
as dicotiledôneas. 31
Publicação de Charles Darwin em 1858:
“A Origem das Espécies”

Criou-se um novo paradigma na


biologia

Só faz sentido estudar a


classificação dos organismos à luz
dos princípios da evolução
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Princípios dos sistema classificação

Filosoficamente a Sistemática cresce em complexidade.

Novas tecnologias vêm sendo absorvidas e adaptadas ao conhecimento


biológico.

Uma conseqüência direta e imediata é um aumento exponencial dos


dados disponíveis e a proposta de metodologias que permitam analisar e
correlacionar esses dados.

Neste contexto, destacam os sistemas de classificação


filogenéticos
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Sistemas Filogenéticos

• Usam todas as informações disponíveis sobre os taxa envolvidos;

• Procuram estabelecer conceitos evolutivos nos sistemas de classificação;

• Relaciona os taxa segundo uma afinidade (ancestralidade e

descendência).

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Sistemas Filogenéticos
August Wilhelm Eichler (1839-1887):
Aceitava as teorias da evolução de Darwin publicadas em Origin of
Species (1859). Elaborou um grande Sistema de Classificação que
tratava todo o reino vegetal, organizado em duas subdivisões:
Cryptogamae e Phanerogamae.

REINO VEGETAL

PHANEROGAMAE CRYPTOGAMAE

BRYOPHYTAS
ANGIOSPERMAE
GIMNOSPERMAE FUNGOS ALGAS MUSGOS E PTERIDOPHYTOS
(MONO E DICO)
HEPÁTICAS

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Sistemas Filogenéticos
Adolf Engler (1844-1930) e Karl A. E. Prantl (1849-1893):
Basearam-se no sistema de Eichler. Publicaram o Sistema de
Classificação em Die Naturlichen Pflanzenfamilien (1887-1915). Dividia
as Angiospermas em Monocotiledônea e Dicotiledônea, e estas em
Archyclamideae e Sympetalae. Julgava as Amentiferae como sendo o
grupo mais primitivo.

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ENGLER (1844-1930)

•Subdivide as Angiospermas em 2 classes baseando-se em:

- embrião di ou monocotiledonar
- persistência da raiz principal

Fonte: Google Imagens


- nervação das folhas
- presença ou ausência de bainha foliar
- número de segmentos do cálice e da corola

Considerou as Monocotiledôneas mais primitivas que as Dicotiledôneas. Mas na


ultima edição do "Syllabus der Pflanzenfamilien", em 1964, as Mono são tratadas
depois das Dico

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ENGLER (1844-1930)

* Chave de determinação de gêneros

* Amplas diagnoses de família

* Descrições e ilustrações dos gêneros

mais importantes de plantas

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Sistemas Filogenético

Armen Tahktajan (1910- ):


Apresentou em 1959 um Sistema de Classificação
para as Magnoliophyta, dividindo-as em duas
Classes: Magnoliopsida e Liliopsida. Estas eram
consideradas um grupo derivado e estavam
distribuídas em cinco subclasses. Liliopsida
derivava das Nymphaeales (Magnoliopsidae) sendo
Alismatidae o grupo mais primitivo das Liliopsida.

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Sistemas Filogenético

Arthur Cronquist (1919-1992):

Apresentou em 1968 seu Sistema de Classificação


para as Magnoliophyta baseado em Tahktajan.
Utilizou além de caracteres morfológicos, a
anatomia e a química.
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Cronquist (1968)

Machaerocarpus sp. Orontium sp. Commelina sp. Strelitzia sp. Calochortus sp.
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Sistemas Filogenético

Rolf Dahlgren (1932-1987):


Apresentou um Sistema para as
Monocotiledôneas baseado na distribuição
de caracteres fitoquímicos, anatômicos,
citológicos, palinológicos além de caracteres
da morfologia externa de órgãos vegetativos
e reprodutivos.

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Dahlgren (1985)

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Princípios dos sistema classificação

Buscando novas metodologias

Sneath & Sokal (1973) Hennig (1966)


Taxonomia Numérica ou Fenética Cladística

Impulsionados uso de Ancestral comum


computadores
Plesiomorfia / apomorfia
Agrupamento a partir da menor
quantidade de diferenças Caráter informativo

Homoplasias HOMOLOGIA

Fenogramas Grupos monofiléticos

Utilizadas por pouco tempo Cladogramas


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Princípios dos sistema classificação

Cladograma

Um cladograma é uma hipótese filogenética de relação entre os grupos

– indica parentesco

terminais
A B C D E F

Nó (ancestral hipotético)

ramo

Raiz
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Escola cladística ou filogenética

DÉCADA DE 1990 – APLICAÇÃO DAS TÉCNICAS MOLECULARES


REVOLUCIONOU AS SISTEMÁTICA VEGETAL

Extração, amplificação e sequenciamento de bases do DNA do genoma nuclear e de organelas

(cloroplastos e mitocôndrias):

Fornece dados mais fáceis de quantificar e maior número de caracteres;

Permite comparar organismos distintos morfologicamente

Análise de dados obtidos com o desenvolvimento de softwares incorporados na inferência

filogenética

Máxima Parcimonia, Máxima verossimilança e Inferência Bayesiana

Novas perspectivas e abordagens na elaboração das classificações 46


Escola cladística ou filogenética

Grupo de pesquisadores uniram esforços

Sistema Filogenético moderno – Análise Molecular

GRUPO DE FILOGENIA DAS ANGIOSPERMAS - APG

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Escola cladística ou filogenética

Mark Chase

Walter Judd
APG 1998
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Sistemas classificação botânica: Atualidades

Filogenia molecular

Cronquist 1988
 Corroborou várias famílias e ordens propostas anteriormente
(principalmente Cronquist e Engler)

Apontou pontos críticos ou problemáticos e a necessidade de uma


ampla reformulação dos sistemas de classificação até a década de 1990
vigentes

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Sistemas de classificação botânica: Atualidades

APG I (1998) / APG II (2003) / APG III (2009) / APG IV (2016)

Relações entre os grupos:


- caracteres estruturais
- moleculares (atpB, rbcL, 18S e rDNA)

* Divisão MONO e DICO não sustentada

• Dicotiledôneas:
Angiospermas basais e Magnoliideas
Eudicotiledôneas (tricolpadas)

- Monocotiledôneas: monofilia corroborada

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Dicotiledôneas basais

Monocotiledôneas

Eudicotiledôneas

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Grado Anita e clado
das Magnolideas

-Dois cotilédones
-Radicula persistente
-Caule com feixes dispostos
em anel
-Crescimento secundário
-Folhas com venação
reticulada

Caracteres plesiomórficos:
surgiram muito cedo na
história evolutivas das
angiospermas
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Clado das
Monocotiledôneas

-Um cotilédone
-Sistema radicular adventício
-Caule com feixes esparsos
-Flores trimeras
-Folhas com venação paralela
- pólen monossulcado

Caracteres homoplasticos

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Clado das
Eudicotiledôneas

-Pólen tricolpado
-Sequências de DNA nuclear,
mitocondrial e de cloroplasto

Grande diversidade
morfológica

APG III (209) 55


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