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20/09/2016

BOTÂNICA SISTEMÁTICA
Prof. Dra. Patrícia Luz Ribeiro

Conteúdo:
• Sistemas de classificação: artificiais, naturais e filogenéticos
BOTÂNICA • Nomenclatura Botânica
• Sistemática filogenética e noções de cladística

SISTEMÁTICA • Evolução e diversidade vegetal


• Ocupação do ambiente terrestre pelas plantas
• Os grandes grupos vegetais
• Diversidade das Espermatófitas
Profa. Dra. Patrícia Luz Ribeiro • Gimnospermas – Cycadales, Ginkgoales, Gnetales e Coniferales.
• Principais grupos e famílias de Angiospermas
• Grado ANITA Avaliação:
Bióloga – UEFS • Magnoliídeas
Mestre em Botânica - UEFS • Monocotiledôneas (Liliopsida)
• Eudicotiledôneas 3 provas teóricas
Doutora em Botânica - UEFS 1 seminário
1 trabalho prático

O que é Sistemática?

O que é sistemática? Ciência que estuda a diversidade dos


organismos e sua história evolutiva
Judd et al. 2009; Simpson 2010

 Atividades da taxonomia tradicional como descrição, identificação,


nomenclatura e classificação
Combinação de um sistema

 Estudo da biodiversidade
hierárquico de táxons, a
classificação, com o sistema

O que é taxonomia?
de nomenclatura

 Reconstrução da filogenia da vida

TAXONOMIA  Classificação. a ordenação das plantas em um táxon


É a determinação de um táxon
como idêntico ou semelhante a
 Identificação outro já conhecido.
• Um filo pode reunir várias classes.
 Literatura especializada
FILO
 Comparação • Uma classe pode reunir várias ordens.
Emprego correto dos nomes das
CLASSE • Uma ordem pode reunir várias famílias.
 Descrição plantas seguindo princípios,
ORDEM
regras e recomendações do CINB • Uma família pode reunir vários gêneros.

 Nomenclatura FAMÍLIA • Um gênero pode reunir várias espécies.


• Seres SEMELHANTES capazes de
GÊNERO
 Classificação CRUZAR entre si gerando
ESPÉCIE DESCENDENTES FÉRTEIS em condições
NATURAIS

Táxon é um termo estabelecido para designar uma unidade taxonômica de


qualquer hierarquia (família, gênero, espécie, etc.)

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O que é classificar?

Classificar é agrupar baseado em características


que se apresentam em comum

SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO DOS


VEGETAIS Por que classificar?

Característica inata do ser humano, essencial à


sobrevivência

Organizar o conhecimento

A quantidade de informações dependerá do número de


Exemplo montagem de uma biblioteca
Cor
caracteres utilizados

Artificiais
Tamanho

Naturais
Assunto
Público alvo
Ano de publicação Evolucionistas e Filogenéticas
Ordem alfabética de título
Ordem alfabética de autor
Sistemas de classificação
Cada uma das classificações utiliza um caráter -Objetivos próprios
Assim, a informação que transmite é mínima e possui um valor de -Princípios filosóficos e normativos
previsão muito limitado, ou seja, infere-se muito pouco quando se
observa qualquer membro de um grupo -Conjuntos de caracteres

História da classificação das plantas


História da classificação das plantas
1880
1580

1760
1500
d.C.
a.C.
300

Sistemas Sistemas Sistemas


Fase antiga
Fase dos artificiais naturais evolucionistas
filogenéticos
e
1500 d.C.

1580 d.C.

1760 d.c.

1880 d.c.
300 a.C.

herbalistas Surgimento da imprensa na


Europa, quando muitos livros
(herbais) foram escritos com
textos e ilustrações de plantas
utilizadas pelo homem, como
Fase dos Sistemas Sistemas Sistemas alimentos e remédios.
Fase antiga naturais evolucionistas e

Obras herbalistas
herbalistas artificiais
filogenéticos

Período I  Plantas de utilidade alimentar e medicinal


Atender as necessidades do homem: alimentação, medicinal e construção  Descrições detalhadas e originais
Classificações baseadas no hábito das plantas  Ilustrações
Caracteres morfológicos simples
Ordem alfabética Geralmente a classificação apresentada seguia a ordem alfabética

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História da classificação das plantas Sistemas artificiais

1880
1580

1760
1500
d.C.
a.C.
300

Fase dos
• Carl Linné ou Carolus
Fase antiga
herbalistas
Sistemas Sistemas
naturais evolucionistas e Linnaeus (1707-1778)
Interesse pelo Sistemas filogenéticos
valor intrínseco artificiais Fundador da taxonomia moderna e do
das plantas sistema atual de nomenclatura.
(fase dos taxonomistas)
• Sistema binomial ou binário
Nepeta cataria L. autor
• Situar uma planta dentro de uma classificação e contribuir para
nome genérico epíteto específico
sua identificação. Não há preocupação em mostrar relações de
afinidades.
• Uso de poucos caracteres Species Plantarum (1753): estabeleceu
a nomenclatura binária
Genera Plantarum (1737)= ambos os
trabalhos usou o sistema sexual.

Sistemas artificiais História da classificação das plantas

1880
1580

1760
1500
d.C.
a.C.
300

Sistema Sexual Linaeus


Fase dos Sistemas Sistemas
Fase antiga herbalistas artificiais evolucionistas e
filogenéticos
24 classes distintas pelo número de Sistemas
estames e sua posição na flor naturais
Classes subdivididas em ordens com Baseavam-se na busca de um relacionamento natural entre as
base no número de estiletes no ovário espécies, explorando um maior número de características

Não refletia a relação natural entre •Grandes coleções de espécies tropicais chegavam à Europa
os táxons

Ex: plantas com o mesmo número de estames


(monocotiledônea + dicotiledônea)

Sistemas naturais Sistemas naturais


LAMARCK (1744-1829)
DE CANDOLLE (1778-1841)

* Flora Françoise: regras para criação de classificações Prodromus Systematis Naturalis Regni Vegetabilis
naturais: método analítico muito usado em chaves
dicotômicas modernas Tentou descrever todas as espécies conhecidas de plantas

Família JUSSIEU – 3 irmãos e um sobrinho - Os primeiros sete volumes desta obra foram
AUGUSTIN-PYRAMUS DE
CANDOLLE (1778-1841)
publicados pelo autor e, os últimos dez, escritos
Em 1789 - Revolução Francesa - publicam BERNARD por diferentes autores e editados pelo seu filho
DE JUSSIEU Alphonse de Candolle (1806-1893).
o seu “Genera plantarum secundum ordines (1699-1776)
naturales disposita”.
• É referência mundial para muitos grupos de
Reconhece 100 ordens de plantas (hoje Famílias) plantas até hoje.
ANTONIE-
LAURENT
Sistema muito superior ao sistema artificial de • Constam 58.000 spp. de Dicotiledôneas
Fonte: Google Imagens

(1748-1836)

Lineu e foi fundamental para as classificações agrupadas em 161 famílias.


naturais atuais.
Fonte: Google Imagens

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História da classificação das plantas A sistemática está fundamentada nos

1880
1580

1760
1500
princípios da evolução

d.C.
a.C.
300

Fase dos Sistemas Sistemas ‘Evolução: Descendência com modificação’


Fase antiga herbalistas artificiais naturais

Sistemas
Evolucionistas e
filogenéticos • Ancestralidade e descendência

 Utilizar toda informação disponível sobre os táxons


Desde a primeira vida originada há
 Procuram estabelecer conceitos evolutivos nos sistemas de 3,8 b.a.a., toda vida é derivada de
classificação outra pré-existente.
 Relacionar os táxons segundo uma afinidade
Darwin, 1859
 baseada na ancestralidade e descendência
Existe uma Filogenia da Vida!
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Sistemas evolucionistas Sistemas evolucionistas X filogenéticos


Principais escolas de classificação
Charles Darwin - The Origen of Species (1859) baseados em princípios evolutivos

Gradista

As espécies passaram a ser avaliadas e classificadas dentro de Fenética


grupos naturais, numa sequência evolutiva, organizados através
de critérios de ancestralidade e descendência

Direção da evolução – estado primitivo ao mais derivado

Cladista

Escola gradista
Sistemas de classificação evolutivos

H.G.A. Engler (1844-1930)


Cronquist 1988

•Subdivide as Angiospermas em 2 classes baseando-se em:


 Similaridade e as lacunas entre - embrião di ou monocotiledonar
Escola gradista os grupos
 Grupos reconhecidos com base
- persistência da raiz principal
- nervação das folhas
Fonte: Google Imagens

em caracteres ancestrais e - presença ou ausência de bainha foliar


derivados compartilhados - número de segmentos do cálice e da corola
 Monofiletismo e parafiletismo
tinha importância secundária
* Chave de determinação de gêneros
Sistemas que não possuem um base metodológica: * Amplas diagnoses de família
inferências empíricas
* Descrições e ilustrações

Considerou as Monocotiledôneas mais primitivas que as Dicotiledôneas.


Mas na ultima edição do "Syllabus der Pflanzenfamilien", em 1964, as Mono
são tratadas depois das Dico

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Escola gradista Escola Fenética


• A. Cronquist (1981)
• Apresentou uma classificação para as Magnoliophyta Buscando novas metodologias
• Considerou caracteres anatômicos, composição
química, morfologia dos órgãos reprodutores, etc. Sneath & Sokal (1973)
• Dividiu as Magnoliophyta em Magnoliopsida e
Liliopsida Taxonomia Numérica ou Fenética

•As monocotiledôneas derivadas das dicotiledôneas


através das Nymphaeales.

Impulsionados uso de computadores


Agrupamento a partir da menor
quantidade de diferenças
 Similaridade geral entre os
Homoplasias
táxons
Fenogramas  *Diagramas não refletem a
Utilizadas por pouco tempo história evolutiva

Sistemas de classificação filogenéticos Cladograma


é uma hipótese filogenética de relação entre os grupos, representa relações de
parentesco, porém o comprimento dos ramos não tem nenhum significado
A
ramos
Escola cladística B

Sistemas que possuem um base metodológica


D
raiz E

F
Fortemente influenciada pelo método de
reconstrução de parentesco de Hennig (1966) G
nós internos
[=ancestrais hipotéticos] nós terminais
APG 2016 [=táxons]

Os grupos que não se


encaixam neste conceito
deixam de ser reconhecidos
Cladograma

GRUPO POLIFILÉTICO
Um cladograma é uma hipótese filogenética de relação entre os grupos

– indica parentesco

nós terminais
A B C D E F

Nó (ancestral hipotético)
grupo que inclui o grupo que inclui o ancestral, o grupo não inclui o
ancestral e todos os mas nem todos os seus ancestral comum de todos
seus descendentes descendentes os descendentes
ramo

Raiz

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Escola cladística ou filogenética Escola cladística ou filogenética

DÉCADA DE 1990 – APLICAÇÃO DAS TÉCNICAS MOLECULARES


REVOLUCIONOU AS SISTEMÁTICA VEGETAL

Extração, amplificação e sequenciamento de regiões do DNA

Forneceu dados mais fáceis de quantificar e maior número de caracteres; Mark Chase

Desenvolvimento de softwares para análise de inferência filogenética

Máxima Parcimonia, Máxima verossimilança e Inferencia Bayesiana

Novas perspectivas e abordagens na elaboração das classificações Walter Judd


APG 1998

Sistemas classificação botânica: Atualidades Angiospermas basais


Grado Anita e clado das
Magnolideas

Monocotiledôneas
APG I (1998) / -Caracteres de DNA
Filogenia molecular APG II (2003) / -Morfologia
Cronquist 1988

APG III (2009)/


APG IV (2016)

* Divisão MONO e
DICO não sustentada
 Corroborou várias famílias e ordens propostas anteriormente Eudicotiledôneas
(principalmente Cronquist e Engler) -Pólen tricolpado

Apontou pontos críticos ou problemáticos e a necessidade de uma


-Sequências de DNA nuclear,
mitocondrial e de cloroplasto
ampla reformulação dos sistemas de classificação até a década de
1990 vigentes

APG III (2009)

CONSIDERAÇOES FINAIS

• Primeiros sistemas - extremamente simples (contexto histórico e religioso,


posterior advento de inovações): cada sistema foi importante e suficiente à
luz de seu tempo;

• A velocidade na mudança dos sistemas de classificação é diretamente


proporcional a rapidez na divulgação científica, tornando a sistemática bem
dinâmica e consistente;

• A mudança de paradigma na sistemática influenciou o avanço na


classificação filogenética;

• Na era genômica é importante que saibamos ler e interpretar as hipóteses


filogenéticas geradas por dados moleculares.

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REFERÊNCIAS INDICADAS
AMORIM, D.S. 1997. Elementos Básicos de Sistemática Filogenética. 2ª ed. Ribeirão
Preto: Holos Editora & Sociedade Brasileira de Entomologia.

APG – An update of the Angiosperm Phylogeny Group Classification for the Orders
and Families of Flowering Plants: APG III. Botanical Journal of the Linnean Society,
v.161, p. 105-121, 2009.

CRONQUIST, A. 1981. An intregated system of classification of flowering plants.


Columbia. University Press, New York.

RAVEN, Peter H.; Evet, Ray F. & Euchhorn, Susan E. 2007. Biologia Vegetal. 7ª edição.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.

JUDD, W.S., Campbell, C.S., Kellogg, E.A., Stevens, P.F. 2009. Sistemática Vegetal: um
enfoque filogenético. 3 ed. Porto Alegre. Artmed.

SOUZA, V. C.; LORENZI, H. Botânica Sistemática: Guia ilustrado para identificação das
famílias de Angiospermas da flora brasileira, baseado em APG III. Nova Odessa,SP.
Instituto Plantarum, 2009.

* E textos disponíveis na xerox PA02

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