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BIO

LOGIA
Zoologia Geral
Prof. Dra. Betty Rose de Araújo Luz

2a edição | Nead - UPE 2013


Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
Núcleo de Educação à Distância - Universidade de Pernambuco - Recife

Luz, Betty Rose de Araújo


L979b Biologia: zoologia geral/Betty Rose de Araújo Luz. – Recife: UPE/NEAD, 2011.

52 p.

1. Zoologia 2. Biologia 3. Educação à Distância I. Universidade de Pernambuco,


Núcleo de Educação à Distância II. Título

CDD – 17ed. – 591


Claudia Henriques – CRB4/1600
BFOP-114/2011
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Fone: (81) 3183.3691 - Fax: (81) 3183.3664
5

capítulo 1
Introdução à Zoologia

Profa. Dra. Betty Rose de Araújo Luz Carga Horária I 15h

OBJETIVO
Ao final desse capítulo 1, o aluno deve ser
capaz de:

• Expressar o conceito atual de organismo


animal.

• Elaborar os conceitos de classificação,


sistemática e filogenia.

• Utilizar as regras para nomenclatura zo-


ológica.

• Construir um cladograma de análise fi-


logenética.

INTRODUÇÃO
O capítulo 1 oferece uma apresentação
resumida do histórico da Zoologia como
introdução aos conceitos de Zoologia Sis-
temática. São apresentados o Código Inter-
nacional de Nomenclatura Zoológica e uma
discussão sobre a formação de nomes zo-
ológicos. A parte referente à classificação e
à filogenia dos animais explica os princípios
da taxonomia animal e como eles são aplica-
dos na taxonomia evolutiva e na cladística.

Os conteúdos são apresentados de maneira


que você possa compreender que a classi-
ficação é o ponto inicial dos cursos de Zoo-
logia e que entender a sistemática é funda-
mental para compreender a visão evolutiva
do ensino da Zoologia. Ao final do texto,
6
capítulo 1

são propostos exercícios avaliativos de cunho SUPER-REINO PROKARIA (PROKARIOTAE)


teórico, na forma de um questionário investi- Células anucleadas (procariotas)
gativo e de cunho prático, na construção de
um cladograma. 1. Reino BACTERIA (PROKARIOTAE, PROCA-
RIOTAE, MONERA)
CONTEÚDO Organização celular bacteriana.

1. DEFINIÇÃO 1.1 Sub-Reino ARCHAEA


Metanogenes (produtor de metano), ter-
moacidófilos (T>30°C), halófilos e prova-
Zoologia (do idioma Grego: zoon, animal e lo-
velmente algumas bactérias gram-positivas.
gos, estudo) é o ramo da Biologia que estuda
todos os aspectos da biologia animal, inclusive
1.2 Sub-Reino EUBACTERIA
as relações entre os animais e o ambiente.
Bactérias gram-negativas e a maioria das
outras. Modos metabólicos variados.
DESTAQUE
O QUE É UM ANIMAL? SUPER-REINO EUKARIA (EUKARYOTAE)
Células nucleadas, organelas envolvidas por
Organismos diplóides, que se desenvolvem de embri- membranas. Organização genética cromossô-
ões (blástulas) e que se formam por fusão (fertilização: mica, membranas flexíveis.
citogamia e cariogamia) de óvulos e espermatozói-
des haplóides (anisogametas). A meiose de gametas
produz anisogametas (MARGULIS, 2001, p. 205). 1. Reino PROTOCTISTA (Hogg, 1860)
Organismos mitóticos capazes de motili-
Nas classificações mais antigas, os animais dade celular interna (ciclose, fagocitose,
compostos de muitas células (multicelulares) pinocitose). Motilidade por undulipódios.
eram denominados de METAZOA para dife- Fusão binária ou múltipla. Meiose e ciclos
renciá-los dos PROTOZOA, os animais unice- de fertilização ausentes ou detalhes únicos
lulares. ao grupo. Fotoautótrofos, heterótrofos in-
gestivos e absortivos.
Atualmente não se classifica mais organismo
unicelular como animal; os protozoários estão 2. Reino ANIMALIA
colocados no Reino Protoctista ou tradicional- Embrião denominado blástula (diplóide)
mente denominado de Protista, que engloba formado após a fertilização do óvulo por
os organismos unicelulares eucariotas e hete- espermatozóide (fusão de anisogametas
rotróficos como os animais. haplóides – células cariogâmicas que di-
ferem em tamanho). Fêmeas cedem mito-
Define-se como REINO ANIMALIA organismos côndrias ao zigoto na citogamia. A meiose
heterotróficos, diplóides, multicelulares, cujas produz gametas. Diplóides. A maioria é de
células desempenham diferentes funções, que, heterótrofos ingestivos; alguns são heteró-
com exceção das esponjas, se desenvolvem a trofos absortivos.
partir de uma Blástula.
3. Reino FUNGI
Porém os cursos de Zoologia ainda mantêm, Fusão celular ou hifal. Meiose zigótica para
em sua programação, o estudo dos protistas, formar propágulos resistentes (esporos).
que estaria mais bem posicionado em uma Ausência de undulipódios em todos os es-
disciplina à parte, englobando todos os orga- tágios. Haplóides. Heterótrofos absortivos.
nismos unicelulares tanto autotróficos quanto
heterotróficos. 4. Reino PLANTAE
Embrião diplóide maternalmente retido,
Segundo Margulis (2001), atualmente os or- formado da fusão de núcleos gametas mi-
ganismos estão classificados em cinco Reinos. toticamente produzidos. Gerações alterna-
Veja abaixo uma breve descrição de cada um das de organismos haplóides e diplóides. A
deles: maioria é de fotoautótrofos.
7

capítulo 1
2. HISTÓRICO DA ci contribuiu, conduzindo autópsias em seres
humanos e assim podemos considerá-lo um
ZOOLOGIA biólogo.

A humanidade sempre conviveu com os ani- A descoberta do microscópio no século 16


mais e procurou entendê-los. As pinturas em contribuiu para o estudo dos microrganismos.
cavernas representam antílopes, bisões, girafas
e outros animais, alguns dos quais se encon- Em 1555, Conrad Gesner escreveu o primeiro
tram atualmente extintos. Os antigos egípcios de uma série de vários livros chamados de His-
eram fascinados pelos animais e os tratavam toria Animalum, nos quais ele propôs um novo
com reverência religiosa. Porém até Aristóte- modelo de estudo zoológico, que vigorou
les, filósofo grego que viveu entre 382 e 322 pelos próximos duzentos anos. Durante este,
aC, escrever a sua “História dos Animais” a zo- período havia também vários livros sobre tópi-
ologia não era uma ciência. Nesse trabalho, ele cos especializados como aves, peixes e outros.
colecionou todo o conhecimento sobre apro- Gesner e outros escritores, como Aldrovandus
ximadamente 500 animais, além de projetar o e Sir Thomas Browne, começaram a oferecer à
primeiro sistema de classificação conhecido. Biologia e Zoologia um caráter científico.

O sistema de classificação de Aristóteles consi- Como o volume de conhecimentos havia cres-


derava dois grandes grupos: cido muito, foi necessário o desenvolvimento
de um sistema de classificação dos animais.
1. Animais com sangue: animais de quatro Linnaeus, então, criou o sistema binomial, que
patas que incubam seus filhotes; animais é utilizado até hoje.
de quatro patas que põem ovos; aves e
peixes. O próximo avanço da Zoologia ocorreu no sé-
culo 19, quando Charles Darwin propôs sua
2. Animais sem sangue: moluscos, carangue- teoria da evolução.
jos e insetos.
CLASSIFICAÇÃO, SISTEMÁTICA
Outros escritores gregos, como Ctesias e He- E FILOGENIA
ródoto, também contribuíram para o conheci-
mento dos animais. 1. HISTÓRICO
Após o declínio do Império Romano, o Cris- Na metade do século 18 (1700), animais e plan-
tianismo dominou a cultura da civilização oci- tas eram nomeados por uma ou várias palavras
dental. O foco de interesse voltou-se para a ou freqüentemente por uma frase descritiva.
Bíblia e para a vida após a morte mais do que
para a ciência e a palavra secular. No entanto, Em 1758, o naturalista suíço Carl Von Linné
um livro chamado O Fisiologista foi muito di- (em latim, Carolus Linnaeus) estabeleceu um
vulgado, perdendo, apenas, para a Bíblia em sistema, para nomear animais: a nomenclatura
popularidade. Esse livro foi escrito em grego, binominal.
por um autor desconhecido, provavelmente ao
redor de 200 – 300 dC, no Egito e listava 49 O sistema requer que o organismo tenha um
animais, alguns deles, resultado da imagina- nome em duas partes: um binômio, formado
ção do autor. O Fisiologista, juntamente com por um nome genérico ou gênero, e o epíte-
a Bíblia e os trabalhos de Aristóteles e Plínio, to específico (nome trivial que corresponde à
foram por mais de cem anos as fontes de co- espécie). Segundo o sistema de Linnaeus, a
nhecimento zoológico da era Medieval. estrela-do-mar é assim nomeada Figura 1.
No século 15, as universidades começaram a Pisaster giganteus
se formar, e ocorreu uma renovação no inte- que nos informa que esse animal pertence ao
resse pela ciência, tendo iniciado o período da gênero Pisaster e à espécie giganteus.
Renascença. Nesse período, Leonardo da Vin-
8
capítulo 1

micos (taxa), na construção da classificação ao


invés de usar as diferenças entre eles. Ele, sem
saber, iniciou a classificação dos organismos
em virtude de seus caráters genéticos e, por-
tanto, da sua evolução e do relacionamento
entre as espécies de animais, ou seja, o grau
Figura 1 de parentesco.
A estrela-do-mar
Pisaster brevispinus.
Linnaeus produziu o seu Systema Naturae cer-
ca de 100 anos antes da publicação da teoria
de Darwin e Wallace em 1859, da evolução
No sistema de nomenclatura binominal, todo
pela seleção natural e, também, ele usou as si-
animal classificado deve ser sempre referido
milaridades entre os animais na sua classifica-
com os dois nomes, não sendo correto deno-
ção, predizendo a posterior ênfase pelos biólo-
miná-lo, apenas, com o segundo nome, que
gos das relações de evolução entre os táxons.
corresponde à espécie.

A resposta correta, ao se classificar um animal


2. A NOMENCLATURA
em nível de espécie, é: Figura 2. ZOOLÓGICA

Gênero Echinometra Por várias décadas após Linnaeus, os nomes


Espécie Echinometra lucunter de animais e plantas cresceram em número e
freqüentemente haviam vários nomes para de-
nominar uma dada espécie (diferentes nomes
para um mesmo organismo são chamados de
sinonímias). A falta de uma nomenclatura uni-
forme levou, em 1842, à adoção de um código
de regras, formulado sob a aprovação da Bri-
tish Association for the Advencement of Scien-
ce (Associação Britânica para o Progresso da
Ciência), o chamado Código Strickland.

Em 1901, a recém-formada International


Commission on Zoological Nomenclature-
ICZN, (Comissão Internacional de Nomenclatu-
ra Zoológica) adotou uma versão revisada do
Código Strickland, chamada de Internacional
Figura 2
O ouriço-do-mar
Code of Zoological Nomenclature (Código In-
Echinometra lucunter. ternacional de Nomenclatura Zoológica).

Linnaeus escreveu, ao longo da sua vida cientí- Os botânicos adotaram um código similar para
fica, várias publicações com listagens de espé- plantas em 1813, o Théorie Elémentaire de
cies de animais descritas e nomeadas, denomi- la Botanique (Teoria Elementar da Botânica, o
nando essas publicações de Systema naturae. qual originou, em 1930, o International Code
A versão publicada no ano de 1758 é a 20ª of Botanical Nomenclature (Código Interna-
edição, na qual ele listou todos os animais co- cional de Nomenclatura Botânica). Da mesma
nhecidos por ele, até aquele momento e incluiu forma, os bacteriologistas possuem um código
guias para classificar os organismos. Em 1753, de nomenclatura em separado.
Linnaeus tinha publicado uma listagem para
plantas, denominando-a de Species Plantarum. A ICZN (Comissão Internacional de Nomencla-
tura Zoológica) estabeleceu o dia 1º de janei-
Linnaeus foi o primeiro naturalista (estudioso ro de 1758 (o ano da 20ª edição do Systema
da natureza) a enfatizar o uso das similarida- Naturae de Linnaeus) como a data do início da
des entre as espécies ou outros níveis taxonô- moderna nomenclatura zoológica.
9

capítulo 1
A ICZN considera as seguintes categorias taxo-
nômicas denominadas de Táxon (plural Táxons).

Reino – Filo – Subfilo – Superclasse – Classe–


subclasse – Coorte – Superordem – Ordem
– Subordem – Superfamilia – Família – Subfa-
mília – Tribo – Gênero – Subgênero – Espécie
–Subespécie

A ICZN é responsável por editar uma revista na


qual novas descobertas e avanços na taxono-
mia são divulgados para a comunidade cientí-
fica. Essa publicação é o Bulletin of Zoological
Figura 3
Nomenclature. O cachorro doméstico
Canis familiaris.

Você poderá acessar via internet o site da ICZN


no seguinte endereço: www.iczn.org e ainda
poderá consultar a classificação de mais de um
milhão de espécies, acessando: www.zoobank. 5. Todo organismo deve ser nomeado com,
org ou www.itis.usda.gov pelo menos, dois nomes: o 1º corresponde
ao gênero e o 2º corresponde à espécie. É
3. O CÓDIGO DE o sistema binominal.
NOMENCLATURA Exemplo:
O Código de Nomenclatura Zoológica estabe-
lece os seguintes princípios básicos para no-
mear um animal: Musca domestica

1. As nomenclaturas botânica, zoológica e GÊNERO EPITETOESPECÍFICO


bacteriológica são independentes umas
{
das outras. Portanto, é permitido, embora
ESPÉCIE
não seja recomendado, que um gênero de Figura 4

planta e um gênero de animal tenham o


mesmo nome.

2. Um táxon só pode ter um nome pelo qual 6. O nome do gênero deve ser escrito com
é conhecido. inicial maiúscula. Ex. Musca domestica

3. Dois gêneros (dentro do mesmo código) 7. O epíteto específico (espécie) deve ser es-
não podem apresentar o mesmo nome (os crito com inicial minúscula. Quando se re-
nomes de gêneros são únicos) e duas es- ferir ao nome de uma pessoa, poderá ser
pécies dentro de um mesmo gênero não escrito com inicial maiúscula.
podem apresentar o mesmo nome (os bi-
nômios são únicos). Exemplo: Uma espécie de protozoário de-
nominada em homenagem ao grande pes-
4. Os nomes científicos são escritos em Latim. quisador Osvaldo Cruz: Tripanossoma cruzi
Ex. Canis familiaris Figura 3. Os binômios ou Tripanossoma Cruzi
são escritos em latim (ou latinizados), por-
que no século 18, as publicações científi- 8. Quando ocorrer uma variação em uma es-
cas eram escritas em Latim, considerada a pécie, poderá se propor uma sub-espécie,
linguagem universal das pessoas cultas da neste caso a nomenclatura passa a ser tri-
época. nomial (tri = três). O nome da subespécie
deve ser escrito depois do nome da espé-
10
capítulo 1

cie e sempre com inicial minúscula, mesmo publicação científica. Seu nome deve ser
que seja o nome de uma pessoa. escrito após o nome da espécie e com o
ano em que foi publicado.
Exemplo: Tricolia affinis cruenta Figura 5
Exemplo: Pisaster giganteus (STIMPSON, 1857)

Neste caso, o nome do autor entre parên-


teses indica que a espécie está agora co-
locada em um gênero diferente daquele
originalmente colocado pelo professor
Stimpson.

12. Os nomes dados para animais são, de al-


guma forma, descritivos, indicando algu-
ma característica desse animal ou a área
geográfica na qual ele ocorre. Outros são
Figura 5 – O molusco nomeados em honra às pessoas, mas, al-
gastrópode Tricolia affinis.
gumas vezes, são nomes puramente ex-
cêntricos.
9. Quando existe subgênero, o seu nome
Exemplo: Loligo brasiliensis uma espécie de
deve ser escrito depois do nome do gêne-
lula, característica da costa brasileira. Figura 7.
ro, entre parênteses e com inicial maiúscu-
la.

Exemplo; Anopheles (Nyssorhincus) darlingi


Figura 6.

Figura 7 – A lula Loligo


brasiliensis um molusco cefalópode.

Oops Agassiz 1846 (uma aranha)


Aha ha Menke, 1977 (vespa australiana)
Figura 6 - O inseto
Arca noae (um molusco) Figura 8
Anopheles darling.

10. O nome científico dos animais deve ser


grifado ou escrito com um tipo de letra
diferente da letra do texto. Pode-se utili-
zar o itálico ou negrito, quando se estiver
digitando o texto. Em textos manuscritos,
deve-se grifar o nome para destacá-lo do
texto.

Figura 8 – A concha do
11. O autor de um nome científico é a pessoa molusco gastrópode Arca noae.
quem primeiro descreveu o animal, no-
meou e publicou sua descoberta em uma
11

capítulo 1
Veja agora um exemplo de classificação com- do conhecimento, resguardando seus relacio-
pleta da mosca doméstica: namentos evolucionistas e, assim, eles podem
ser vistos como hipóteses evolucionistas.
Reino Animalia
Filo Artrópoda 4.1.1 Os critérios para o reconhecimento de
Classe Insecta uma espécie:
Ordem Diptera
Subordem Brachycera 1. descendência de todos os membros de
Família Muscidae uma população ancestral comum;
Gênero Musca
Espécie Musca domestica Linnaeus, 1758 2. compatibilidade reprodutiva (capacidade
de cruzar-se dentro da espécie e incompa-
3.1 INSTRUMENTOS PARA CLASSIFICAR AS tibilidade reprodutiva entre espécies;
ESPÉCIES
3. manutenção de uma coesão genotípica e
Os modernos sistematas usam uma grande fenotípica entre os membros da espécie,
variedade de instrumentos, para classificar as não havendo diferenças abruptas nas fre-
espécies e estudar o parentesco entre os tá- qüências alélicas entre as populações nem
xons. Estes instrumentos incluem não somente entre as características dos organismos.
a anatomia funcional e comparada mas tam-
bém os métodos de embriologia, imunologia, 4.2 OS DIVERSOS CONCEITOS DE ESPÉCIE
bioquímica, genética molecular e de popula-
ções, fisiologia e ecologia comportamental. 4.2.1 Conceito morfológico de espécie

A anatomia funcional e comparada, estuda as Antes de Charles Darwin, as espécies eram de-
várias formas e tamanhos com que as estru- finidas por meio de características essenciais e
turas se apresentam nos diversos organismos, fixas (normalmente morfológicas) interpreta-
como também a sua origem no seu desenvol- das como um padrão ou arquétipo “criado por
vimento embrionário; utiliza-se tanto de orga- uma divindade”, portanto, imutável ao longo
nismos atuais quanto de fósseis. do tempo.

A bioquímica comparada utiliza-se de seqüên- Atualmente, a base da visão do mundo


cias de aminoácidos de proteínas e da seqüên- evolutivo é que a espécie é uma entidade
cia de nucleotídeos de ácidos nucléicos para a histórica, cujas propriedades estão sempre
identificação de caráters variáveis para a cons- sujeitas às mudanças, isto é, adaptando-se
trução de um cladograma. ao meio ambiente tanto do ponto de vista
morfológico (sua forma) quanto fisiológico
A citologia comparada analisa a variação nu- (o funcionamento dos sistemas e aparelhos).
mérica, a forma e o tamanho dos cromosso- Por exemplo, os animais aquáticos respiram
mos e de suas partes; como forma de obter os por brânquias, enquanto os animais terres-
caráters variáveis para a elaboração de clado- tres respiram por pulmões, que são estruturas
grama. É mais utilizada em organismos atuais adaptadas para realizar trocas gasosas com o
do que em fósseis. ar atmosférico. Os mamíferos aquáticos, como
as baleias e os golfinhos, apresentam nadadei-
4. FILOGENIA E ESPÉCIE ras como apêndices locomotores, e os mamífe-
ros terrestres locomovem-se com patas adap-
4.1 O QUE É UMA ESPÉCIE? tadas para diversos tipos de locomoção: andar,
correr, subir em árvores, saltar, dentre outros.
As espécies são seres biológicos autênticos,
unidades evolucionistas, nas quais os limites 4.2.2 Conceito biológico de espécie
são definidos no tempo e no espaço pela natu-
reza. Os táxons são agrupamentos de espécies Formulado por Theodosius Dobzhansky e Ernst
reunidos pelos biólogos, para refletir o estado Mayr em 1982:
12
capítulo 1

“Uma espécie é um conjunto reprodutivo de popula- b) Parafiletismo: um táxon que inclui o ances-
ções (isoladas reprodutivamente de outras) que ocu- tral comum mais recente do grupo e alguns,
pam um nicho específico na natureza”. mas não todos, os descendentes desse ances-
tral. Figura 10
4.2.3 Conceito evolutivo de espécie

Proposto por Simpson nos anos 40:


AVES
“Espécie é uma linhagem única de populações ances- CROCODILO
TARTARUGA
trais/descendentes, que mantém sua identidade de LAGARTO
outras linhagens e que possui tendências evolutivas
e destino histórico próprio”. MAMÍFERO

4.2.4 Conceito filogenético de espécie

Proposto por Willi Hennig em 1950, entomó-


logo (estudioso dos insetos) alemão: Figura 10 – Um cladograma representando um grupo parafilético.

“Espécie é o menor grupo de organismos diagnos-


ticáveis e distintos de outros agrupamentos em que
existe um padrão parental de ancestralidade e des- c) Polifiletismo: o táxon que não inclui o ances-
cendência”. tral recente mais comum a todos os membros
do grupo. Essa condição impõe ao grupo em
5. TEORIAS TAXONÔMICAS questão, pelo menos, duas origens evolutivas
distintas; normalmente pela posse de caráters
Uma teoria taxonômica estabelece os princí- similares adquiridos de maneira independente,
pios utilizados para reconhecer e ordenar gru- durante o processo evolutivo. Figura 11
pos taxonômicos. A relação entre um grupo
taxonômico e um cladograma ou árvore filo-
genética pode ser expressa de três formas:
AVES
CROCODILO
CLADOGRAMA: é um diagrama ramificado, TARTARUGA
que representa o padrão formado pelos esta- LAGARTO
dos derivados de todos os caráters no grupo
MAMÍFERO
estudado. O objetivo é identificar todos os
clados distintos reunidos no grupo de estudo,
o que nos possibilita uma visão completa dos
padrões de descendência comum entre as es-
pécies deste grupo.
Figura 11 – A estrela-do-mar Pisaster brevispinus.

a) Monofiletismo: um táxon, que inclui o an-


cestral comum mais recente do grupo e todos
os descendentes desse ancestral. Figura 09 A taxonomia evolutiva e a filogenética aceitam
os grupos monofiléticos e rejeitam os grupos
polifiléticos em suas classificações.

AVES 5.1 TAXONOMIA EVOLUTIVA TRADICIONAL


CROCODILO
TARTARUGA
LAGARTO Os agrupamentos taxonômicos, ou ramos, de
uma árvore evolutiva devem representar uma
MAMÍFERO zona adaptativa distinta.

ZONA ADAPTATIVA: é a relação mútua entre


organismo e ambiente, um modo de vida e
não um local onde a vida é conduzida (Gayloid
Figura 9 – Um cladograma representando um grupo monofilético Simpson).
13

capítulo 1
Uma população em evolução pode utilizar-se logos, para refletir hipóteses evolucionistas, re-
de recursos do ambiente de uma forma com- presentam um grupo natural de espécies que
pletamente nova, se esta população modificar- possuem um ancestral e uma descendência
-se na sua estrutura (forma) e no seu com- comum, compartilhando uma história genéti-
portamento, isto é, atingindo uma nova zona ca. Desse modo, as espécies são consideradas
adaptativa. seres biológicos autênticos, unidades evolu-
cionistas nas quais os limites são definidos no
Por exemplo, os pingüins ocupam uma zona tempo e no espaço pela natureza.
adaptativa distinta dentro da Classe Aves,
porque a linhagem ancestral mais recente de Os táxons em nível de Família tendem a ser
todos os pingüins sofreu mudanças funda- agrupamentos taxonômicos estáveis e são re-
mentais na forma do corpo e nas asas, para conhecidos pelas pessoas leigas. Por exemplo:
possibilitar a troca da locomoção aérea (o vôo humanos (Hominidae); gatos (Felidae); cães
das aves), por uma locomoção aquática (a na- (Canidae).
tação dos pingüins).
5.3 AS ETAPAS PARA CONSTRUIR UM
5.2 SISTEMÁTICA FILOGENÉTICA CLADOGRAMA

O biólogo George Gaylord Simpson definiu a sis- 1. Selecione um grupo taxonômico para ser
temática como ”o estudo das espécies e da diversi- analisado: ex. Vertebrados.
dade da vida na Terra e do parentesco entre elas”.
2. Para cada membro do grupo, determine as
O objetivo da análise filogenética é a busca estruturas que serão analisadas ( os cará-
do nível taxonômico apropriado em que um ters) e anote os seus “estados” O estado
determinado estado de um caráter é uma si- de um caráter é “uma ou duas possíveis
napomorfia. formas que esse caráter pode apresentar.
Por exemplo, para o caráter “nadadeira”,
De acordo com a teoria de Charles Darwin da os possíveis estados podem ser “presente”
descendência comum, as estruturas que cha- ou “ausente”. Para o caráter “número de
mamos de homólogas representam caracte- dedos”, os estados possíveis podem ser
rística herdadas, com algumas modificações, 1,2,3,4 ou 5.
de uma característica correspondente em um
ancestral comum. 3. Para cada caráter, determine qual estado
é ancestral (primitivo ou também chama-
HOMOLOGIA: quando um mesmo órgão (es- do plesiomórfico) e qual caráter é deriva-
trutura) ocorre em organismos diferentes, po- do (chamado de apomórfico). Este é ge-
rém variando em forma e função. Ex. patas ralmente determinado por comparação
anteriores dos morcegos modificadas em asas. com aquele organismo relacionado mais
distante na evolução, chamado de “grupo
SINAPOMORFIA: um caráter deriva do compar- externo”. Este caráter é hipoteticamente
tilhado pelos membros de um clado. Os sistema- aquele compartilhado com o grupo exter-
tas usam as sinapomorfias como uma evidência no mais distante na evolução e é o caráter
de homologia, para inferir que um determi- considerado “antigo” ou plesiomórfico.
nado grupo de organismos forma um clado. Da mesma maneira, as características que
são diferentes do grupo externo são con-
CLADO: uma unidade de descendentes co- sideradas como tendo surgido quando o
muns que evoluíram a partir de um único an- grupo estudado se ramificou do ancestral
cestral; inclui todos os descendentes de uma comum compartilhado com o grupo exter-
determinada linhagem ancestral. no, e também são prováveis características
derivadas ou apomórficas.
Na sistemática filogenética, todas as catego-
rias taxonômicas acima de subgênero são 4. Agrupe os táxons pelos estados dos caracte-
agrupamentos de espécies reunidos pelos bió- res derivados em comum (sinapomorfias).
14
capítulo 1

5. Quando estiver em dúvida, escolha o tendo evoluído ou tendo sido perdido so-
diagrama mais parcimonioso, ou seja, mente em casos raros. Portanto, quando
aquele que apresente a solução mais sim- houver dúvidas, escolha um caminho que
ples e direta. Estruturas similares podem minimiza o número de vezes que a carac-
evoluir independentemente em linhagens terística pode ser postulada como tendo
separadas, em razão de pressões seleti- surgido (ou sido perdida) separadamente.
vas similares (evolução convergente), este
é um evento considerado raro. A maioria Um exemplo de construção de cladograma
das estruturas principais (olhos, chifres, para Vertebrados:
caudas, pele, etc.) são consideradas como

Caráter Grupo Sapo Tartaruga Canguru Rato Homem


externo
(Peixe com
nadadeiras
lobadas)
Cordão Sim Sim Sim Sim Sim Sim
nervoso dorsal
Pernas Não Sim Sim Sim Sim Sim
Natureza dos Aquáticos Aquáticos Casca que Desenvolvi- Desenvolvi- Desenvolvi-
ovos previne a mento mento mento
desidratação dentro da mãe dentro da mãe dentro da mãe
Desenvolvimento Ovo Ovo Ovo Marsúpio Placenta Placenta
Pelos Não Não Não Sim Sim Reduzido
Presença de Não Não Não Sim Não Não
bolsas
Postura Bipedal Não Não Não Sim Não Sim

No exemplo acima, os sapos compartilham to- suem quantidade de pêlos similares, enquanto
das as principais características com o grupo os humanos e os cangurus assumiram a postu-
externo (isto é, aquele que apresenta as carac- ra bipedal (caminham sobre duas patas).
terísticas ancestrais ou plesiomorfias), exceto
por possuírem pernas e um cérebro um pouco Assim, como nós sabemos qual o grupo des-
maior. Estas duas últimas características são ses três organismos? Primeiro nós podemos
apomorfias que estão largamente distribuídas verificar que possuir pêlos, eventualmente em
na linhagem dos vertebrados. Os sapos prova- quantidades reduzidas, reforça a ligação dos
velmente ramificaram-se da linhagem principal humanos com os ratos e cangurus. Segundo,
dos vertebrados relativamente cedo no proces- nós podemos olhar para as outras caracterís-
so evolutivo. ticas desses grupos e verificar que tanto os
ratos quanto os humanos apresentam desen-
As tartarugas apresentam modificações pos- volvimento placentário e, portanto perderam
teriores do grupo externo, principalmente a a bolsa (marsúpio) e estão mais relacionados
presença de um ovo com a casca dura assim entre si do que com os cangurus.
como uma maior tendência de crescimento no
tamanho do cérebro; por essa razão, nós po- Você pode notar que no quadro acima a ten-
demos sugerir que sua linhagem ramificou-se dência para uma postura bípede foi considera-
próximo à linhagem ancestral. da como tendo evoluído duas vezes; uma na
linhagem dos marsupiais (cangurus) e outra
Todos os três grupos remanescentes são ca- na linhagem dos placentários (humanos). Es-
racterizados por um ovo que se desenvolve no ses caracteres são chamados de análogos e são
interior da mãe, sugerindo que compartilham resultado de uma evolução convergente. Con-
um ancestral comum não compartilhado por tudo é possível desenhar um cladograma no
sapos e tartarugas. Os ratos e os cangurus pos- qual os humanos e os cangurus são conside-
15

capítulo 1
rados como compartilhando um ancestral bí- • Calcula-se que 90% das espécies nativas de
pede comum e não relacionado com os ratos. regiões tropicais ainda não foram nomea-
Mas nessa solução a tendência para o desen- das e descritas;
volvimento placentário que requer mudanças
importantes na forma anatômica (ausência de • A perda rápida da biodiversidade em virtu-
bolsa) pode ser considerada como ocorrendo de da destruição das florestas tropicais; o
duas vezes, uma na linhagem dos ratos e outra que significa a perda do seu potencial uso
na linhagem dos humanos. Como a solução para a alimentação, medicamentos e ou-
utilizada necessita de mais passos evolutivos tros produtos úteis para os seres humanos;
para ser estudada do que a seqüência propos-
ta aqui, esta solução pode não ser tão eficiente • Várias instituições de pesquisa no mundo
ou “parcimoniosa” como a solução inicial. todo têm treinado sistematas, para reali-
zar o mais rápido possível um inventário
da ameaçada reserva natural de genes das
6. A ATUAL IMPORTÂNCIA áreas tropicais.
DA SISTEMÁTICA
7. OS FILOS ATUAIS
• As recentes descobertas do grande poten-
cial anticancerígeno, antibiótico e outros Atualmente, são reconhecidos 24 Filos entre In-
importantes fármacos em espécies de ani- vertebrados e Vertebrados. Apresentamos uma
mais e plantas; listagem dos Filos e Classes de Metazoários,
segundo publicou Brusca & Brusca em 2003.
CLASSIFICAÇÃO ANIMAIS REPRESENTANTES ESPÉCIES
Filo Porifera Esponjas 5.500
Classe Calcarea
Classe Hexactinellida
Classe Demospongiae
Filo Placozoa Placozoários (Trichoplax) 1
Filo Monoblastozoa Monoblastozoários 1
Filo Rhomobozoa Rombozoários 70
Filo Orthonectida Ortonectídeos 20
Filo Cnidaria Cnidários 10.000
Classe Hydrozoa Hidróides, hidromedusas, sifonófo-
ros, mixozoários
Classe Anthozoa Anêmonas-do-mar, leques mari-
nhos, corais
Classe Cubozoa Cubomedusas
Classe Scyphozoa Medusas verdadeiras
Filo Ctenophora Ctenóforos 100
Filo Platyhelminthes Vermes chatos 20.000
Classe Turbellaria Planárias
Classe Monogenea Fascíolas
Classe Trematoda Tênias
Classe Cestoda
Filo Nemertea Nemertíneos, vermes arco-íris 900
Classe Anopla
Classe Enopla
Filo Rotifera Rotíferos 1.800
Classe Digonota
Classe Monogononta
Filo Gastrotricha Gastrotricos 450
Filo Kinorhyncha Quinorrincos 150
Filo Nemata (=Nematoda) Nematóides (vermes arredondados) 25.000
Classe Adenophorea (=Aphasmida) Ascaris lumbricoides
Classe Secernentea (=Phasmida)
16
capítulo 1

CLASSIFICAÇÃO ANIMAIS REPRESENTANTES ESPÉCIES


Filo Nematomorpha Verme cabelo 320
Filo Acanthocephala Acantocéfalos 1.100
Filo Entoprocta Entopróctos 150
Filo Gnathostomulida Gnatostomulídeos 80
Filo Priapula Priapulídeos 16
Filo Loricifera Loricíferos 10
Filo Cycliophora Ciclióforos 1
Filo Sipuncula Sifúnculos, verme-amendoim 320
Classe Phascolosomida
Classe Sipunculida
Filo Echiura Equiúros, vermes colher 135
Filo Annelida Vermes segmentados 16.500
Classe Polychaeta Minhocas, vermes marinhos, san-
Classe Clitellata (Oligochaeta e guessugas, pogonóforos
Hirudínea)
Filo Onychophora Vermes veludo 110
Filo Tardigrada “ursinhos aquáticos” 800
Filo Arthropoda Artrópodes 1.097.289
Subfilo Trilobitomorpha Trilobitos
Subfilo Crustacea Caranguejos, camarões, cracas,
Classe Remipedia copépodos, “krill”, ostrácodas
Classe Cephalocarida
Classe Branchiopoda
Classe Malacostraca
Classe Maxilopoda Aranhas, escorpiões, ácaros, tra-
Subfilo Cheliceriformes ças, Aranhas-do-mar
Classe Chelicerata
Classe Pycnogonida Gongolo
Subfilo Myriapoda Centopéias
Classe Diplopoda
Classe Chilopoda
Classe Pauropoda
Classe Symphyla Insetos
Filo Hexapoda
Classe Entognatha
Classe Insecta
Filo Mollusca Moluscos 93.195
Classe Aplacophora Caudofoveatas e solenogasters
Classe Monoplacophora Monoplacóforos
Classe Polyplacophora Chitons
Classe Gastropoda Caracóis e lesmas
Classe Bivalvia (=Pelecypoda) Ostras
Classe Scaphopoda Conchas-dente
Classe Cephalopoda Polvos, lulas, Nautilus
Filo Phoronida Foronídeos 20
Filo Ectoprocta Ectoproctos 4.500
Classe Phylactolaemata
Classe Stenolaemata
Classe Gymnolaemata
Filo Brachiopoda Braquiópodes, conchas lâmpada 335
Classe Inarticulada
Classe Articulata
Filo Echinodermata Equinodermes 7.000
Classe Crinoidea Lírios-do-mar
Classe Asteroidea Estrelas-do-mar, margaridas-do-mar
Classe Ophiuroidea Estrelas-serpente
Classe Echinoidea Ouriços-do-mar, bolachas-de-praia
Classe Holothuroidea Pepinos-do-mar
17

capítulo 1
CLASSIFICAÇÃO ANIMAIS REPRESENTANTES ESPÉCIES
Filo Chaetognatha Quetognatos, vermes flecha 100
Filo Hemichordata Hemicordados 85
Classe Enteropneusta Vermes língua
Classe Pterobranchia Pterobranquios
Classe Planctosphaeroidea Planctosphaera pelágica
Filo Chordata Cordados 49.693
Subfilo Urochordata (=Tunicata) Tunicados
Classe Ascidiacea Ascídias
Classe Thaliacea Tunicados pelágicos, salpas
Classe Appendicularia (=Larvacea)
Classe Sorberacea Larváceos
Subfilo Cephalochordata (=Acrania) Sorberáceos
Subfilo Vertebrata Anfioxos
Classe Myxini
Classe Cephalaspidomorphi
Classe Chondrichthyes Feiticeiras
Classe Osteichthyes Lampréias
Classe Amphibia Tubarões, raias
Classe Reptilomorpha (=Sauropsida) Peixes ósseos
Classe Mammalia Sapos, salamandras
Répteis e Aves
Mamíferos

RESUMO um determinado estado de um caráter é uma


sinapomorfia. Atualmente, são reconhecidos
Zoologia (do idioma Grego: zoon, animal e lo- 24 Filos entre Invertebrados e Vertebrados.
gos, estudo) é o ramo da Biologia que estuda
todos os aspectos da biologia animal, inclu-
sive as relações entre animais e o ambiente. ATIVIDADES DE
Define-se como REINO ANIMALIA organismos
heterotróficos, diplóides, multicelulares, cujas
AVALIAÇÃO
células desempenham diferentes funções, que,
com exceção das esponjas, se desenvolvem a 1. Qual o objetivo do Código de Nomenclatu-
partir de uma Blástula. Atualmente os organis- ra Zoológica?
mos estão classificados em cinco Reinos: Bac-
téria, Protoctista, Animália, Fungi e Plantae. 2. Quais as categorias de classificação esta-
Até Aristóteles, filósofo grego que viveu entre belecidas pelo Comitê Internacional de No-
382 e 322 aC, escrever a sua “História dos Ani- menclatura Zoológica?
mais”, a Zoologia não era uma ciência. Com
o crescimento do volume de conhecimentos,
foi necessário o desenvolvimento de um sis-
3. Comente sobre os conceitos de espécie e
opine sobre qual você considera mais ade-
tema de classificação dos animais. Em 1758, quado. Por quê?
o naturalista suíço Carl Von Linné (em latim,
Carolus Linnaeus) estabeleceu um sistema para
nomear animais: a nomenclatura binominal. 4. Qual a importância da sistemática no mun-
O sistema requer que o organismo tenha um do atual?
nome em duas partes: um binômio, formado
por um nome genérico, ou gênero, e o epíteto 5. Cite cinco exemplos de Zona Adaptativa.
específico (nome trivial que corresponde à es- Comente.
pécie). As espécies são seres biológicos autên-
ticos, unidades evolucionistas, nas quais os li-
mites são definidos no tempo e no espaço pela
6. Baseado nos quadros abaixo, construa um
Cladograma que expresse as relações filo-
natureza. O objetivo da análise filogenética é a
genéticas entre os seguintes vertebrados:
busca do nível taxonômico apropriado em que
18
capítulo 1

Característica Lampréia Tubarão Sapo Tartaruga Canguru Gato Humano


1
2
3
4
5
6
7

Característica Lampréia
1 Notocorda
2 Caixa craniana
3 Quatro patas
4 Glândulas mamárias
5 Placenta
6 Bípede

REFERÊNCIAS SAIBA MAIS

AMORIM, D. S. Elementos básicos de sistemá- CLASSIFICAÇÃO E FILOGENIA DOS ANIMAIS.


tica filogenética. Holos Editora, 2ª ed., 1997. Capítulo 10. In: Hickman, C. P.; Roberts, L. S.;
276 p. Larson, 2003. A. Princípios Integrados de Zoo-
logia. 11a ed. Ed. Guanabara Koogan, Rio de
BRUSCA, R. C.; BRUSCA, G. J. Os invertebra- Janeiro, 846 p.
dos. Editora Guanabara-Koogan, Rio de Janei-
ro, RJ, 2ª ed., 2007. 968 p. CLASSIFICAÇÃO, SISTEMÁTICA E FILOGENIA.
Capítulo 2. In: BRUSCA, R. C.; BRUSCA, G. J.
HICKMAN, C.P.; ROBERTS, L. S.; LARSON, A. Os invertebrados. Editora Guanabara-Koogan,
Princípios Integrados de Zoologia. Ed. Gua- Rio de Janeiro, RJ, 2ª ed., 2007. 968 p.
nabara Koogan, 11ª edição, Rio de Janeiro,
2004. 846 p.

MARGULIS, L.; SCHWARTZ, K. V. Os cinco rei-


nos. Um guia ilustrado dos Filos da vida na Ter-
ra. Ed. Guanabara Koogan, 3ª edição, Rio de
Janeiro, 2001. 497 p.

PAPAVERO, N. Fundamentos Práticos de Taxo-


nomia Zoológica. São Paulo: UNESP, 1994.

RUPPERT, E. E.; FOX, R. S.; BARNES, R. D. Zoo-


logia dos Invertebrados. Livraria Roca. 7ª edi-
ção. São Paulo, 2005.
19

capítulo 2
Os Protistas

Profa. Dra. Betty Rose de Araújo Luz Carga Horária I 15h

OBJETIVO
Ao final desse capítulo, você deverá ser ca-
paz de:

• Entender o conceito de organismo uni-


celular.

• Compreender os protistas como um rei-


no e a sua relação com os reinos Animal
e Vegetal.

• Reconhecer os planos corpóreos dos


protistas.

• Reconhecer a diversidade de estratégias


empregadas pelos protistas para reali-
zar suas funções vitais.

INTRODUÇÃO
Este capítulo apresenta o reino Protista e a
sua diversidade de grupos filogenéticos.

Os conteúdos são apresentados de maneira


que você possa compreender que o termo
“protozoa” não define um grupo monofi-
lético que possa ser classificado como um
Filo. A organização corporal dos protistas
demonstra uma grande diversidade de for-
mas, funções e estratégias de sobrevivência.
A grande maioria é unicelular e desempe-
nha todas as funções vitais utilizando as or-
ganelas encontradas nas células eucariontes
dos animais.
20
capítulo 2

CONTEÚDO • cada organela desempenha funções espe-


cíficas, como a respiração celular (na mito-
Os protistas são organismos formados por côndria), fotossíntese (nos cloroplastos) e
uma única célula ou com organização colonial, outras funções.
que não apresentam um nível verdadeiro de
organização em tecido. • o DNA está contido dentro de um núcleo.
Isso permite que a célula tenha maior
A principal característica que distingue os quantidade de DNA do que as células pro-
membros do reino Protista dos animais e plan- carióticas, permitindo grande diversidade
tas multicelulares (Reino Animalia e Plantae) é evolutiva.
o nível de diferenciação celular. A maioria dos
• as células procarióticas são referidas como
protistas é constituída de organismos unice-
“pré-nucleares”, refletindo a idéia de que
lulares: cada indivíduo consiste de uma célula
foram as primeiras células a se desenvol-
que desempenha todos os processos de um
verem, tendo as células eucarióticas se de-
organismo. Alguns protistas são multicelula-
senvolvido de ancestrais procariontes.
res, porém tipicamente há muito pouca dife-
renciação entre as células. No verdadeiro nível • as células procariontes são muito mais sim-
de diferenciação dos tecidos, há distintamente ples do que as eucariontes. Os microorga-
diferentes tipos de células que são especializa- nismos que possuem células procariontes
das para diferentes funções, e nos protistas a são: eubactéria (“bactérias verdadeiras”) e
estrutura é de uma célula eucariótica. as archaeobacterias.

Os organismos celulares estão divididos em O reino Protista contém uma diversidade de


dois grupos, baseados na complexidade da grupos filogenéticos. Os membros do Reino
membrana: as células eucarióticas e as células Protista atuais podem ser divididos em três
procarióticas. grupos principais, baseados em certas pro-
priedades celulares:
Todos os animais e todas as plantas multice-
lulares se constituem de células eucarióticas.
Além deles, existem mais três grupos principais 1. PROTOZOA
de microorganismos eucarióticos: algas, pro-
tozoários e fungos. São protistas que possuem células semelhan-
tes às células animais. As células de Protozoa
Eucariótico significa “núcleo verdadeiro”, sen- não possuem paredes celulares de polissacarí-
do as células eucarióticas caracterizadas pelas deos, apresentam uma membrana plasmática
seguintes propriedades: chamada película. A maioria dos protozoários
possui um metabolismo quimioheterotrófico,
• possuem um extenso sistema de membra- por meio do qual obtém sua energia e carbo-
nas. Todas as células são rodeadas por uma no através da quebra de recursos orgânicos
membrana plasmática. Nas células eucari- de carbono. Uns poucos protozoários são fo-
óticas, o interior da célula está ocupado tossintetizantes, possuindo cloroplastos. Os
por membranas adicionais que desempe- protozoários fotossintetizantes aparentemen-
nham tarefas especializadas. te adquiriram seus cloroplastos, independen-
temente das algas e plantas multicelulares,
• exibem compartimentalização interna. As porque eles estão mais próximos filogenética-
membranas dividem o interior da célula mente dos demais protozoários do que outros
em diferentes regiões ou compartimentos. grupos fotossintetizantes. Eles são reunidos
primariamente, através de seus mecanismos
• apresentam organelas encapsuladass por de locomoção, embora recentemente tenha
membranas e os compartimentos dentro sido demonstrado que o mecanismo de loco-
da célula eucariótica formam estruturas moção não está necessariamente correlaciona-
chamadas de organelas. do com as relações evolutivas entre diferentes
protozoários.
21

capítulo 2
2. ALGAS Protozoa estava formado por organismos mui-
to diferentes entre si, sendo subdividido em,
São protistas que possuem células semelhan- pelo menos, sete Filos.
tes a plantas, possuem celulose na parede ce-
lular e cloroplastos que são similares àqueles Atualmente o Reino Protista reúne todos os
das plantas multicelulares. As algas são clas- organismos eucariotes unicelulares semelhan-
sificadas em diferentes grupos, baseando-se tes a animais e às algas unicelulares em um
primariamente, nos tipos de pigmentos fotos- grupo parafilético.
sintetizantes que apresentam. As plantas mul-
ticelulares desenvolveram-se das algas verdes. A Sociedade dos Protozoologistas publicou,
As algas variam em tamanho, desde organis- em 1980, uma classificação dos protozoários,
mos unicelulares a grandes estruturas multi- reconhecendo sete Filos distintos:
celulares, embora as algas multicelulares não
apresentem um nível verdadeiro de organiza- 1. Filo Sarcomastigophora (Gr. Sarkos, carne,
ção tecidual. + mastix, flagelo, + phora, possuir). Flagelos,
pseudópodes ou ambos; geralmente com um
tipo de núcleo; não formação de esporos; re-
3. “MOFO” DE ÁGUA E produção sexuada, quando presente, ocorre
“MOFO” DE LAMA por singamia. Abrange os seguintes Subfilos:
Mastigophora (Euglena, Leishmania), Opali-
Foram classificados como fungos, porém es- nata (Opalina), Sarcodina (Amoeba, Gromia,
tudos recentes do rRNA mostraram que es- Globigerina). FIGURA 1
tão mais próximos aos protistas. Não realizam
fotossíntese. A morfologia desse grupo inclui
unicelulares, cadeias de células filamentosas,
agregados de células e células multinucleadas
rodeadas por uma única membrana plasmá-
tica. Alguns “mofos” podem apresentar mais
do que uma forma em diferentes estágios do
ciclo de vida.

HABITAT DOS PROTISTAS


Figura 1 – Representantes do filo Sarcomastigophora.

Os Protistas estão amplamente distribuídos,


apresentando grande diversidade metabólica
e ecológica. Incluem muitas espécies de mi- 2. Filo Labyrinthomorpha (Gr. Labyrinthos, la-
croorganismos aquáticos e terrestres, exibindo birinto, + morphe, forma, + a, sufixo). Trata-
metabolismo tanto heterotróficos quanto au- -se de um grupo pequeno que vive em algas,
totróficos. a maioria, em ambiente marinho ou estuarino.
Ex. Labyrinthula. FIGURA 2
POSIÇÃO EM RELAÇÃO AO REINO ANIMAL

Os protozoários são organismos completos nos


quais todas as atividades vitais ocorrem dentro
dos limites de uma membrana plasmática. Po-
dem também ser classificados como “acelula-
res” (sem célula), porque seu protoplasma não
está subdividido em células, porém normal-
mente são chamados de unicelulares.

Estudos realizados com microscopia eletrôni-


ca, ciclo de vida, genética, bioquímica e biolo- Figura 2 - Representante do filo Labyrinthomorpha, Labyrinthula.
gia molecular demonstraram que o antigo Filo
22
capítulo 2

3. Filo Apicomplexa (L. apex, ponta ou topo, + CARACTERES GERAIS DOS FILOS
complex, trançado, + a, sufixo). Apresenta, na PROTOZOÁRIOS
extremidade anterior, um conjunto de organe-
las chamado de complexo apical; ausência de 1. São unicelulares. Alguns coloniais e alguns
cílios e de flagelos, exceto por microgametas com estágios multicelulares no ciclo de
flagelados presentes em alguns grupos; geral- vida.
mente cistos estão presentes; todos parasitas.
Inclui a Classe Sporozoea de esporos ou oo- 2. Microscópicos, porém representantes como
cistos, contendo esporozoítos infecciosos. Ex. o Paramecium podem ser vistos a olho nu.
Gregarina, Plasmodium, Toxoplasma, Babesia.
FIGURA 3 3. De simetria oval, esférica ou assimétrica
(amebas).

4. Ausência de camada germinativa.

5. Hábitos: vida livre, mutualismo, comensa-


lismo e parasitismo.
Figura 3 – Representante do filo Apicomplexa, Gregarina

6. Locomoção: pseudópodes, flagelos, cílios


4. Filo Microspora (Gr. Micro, pequeno, + spo- e movimentos celulares; alguns são fixos
ros, semente). São parasitas de invertebrados, ao substrato (sésseis).
especialmente de artrópodes e de vertebrados
inferiores. FIGURA 4 7. Ausência de órgãos e tecidos com organelas
especializadas, núcleo único ou múltiplo.

8. Nutrição: autotrófica (fotossíntese), hete-


rotrófica (utiliza plantas ou animais como
alimento), saprozóica (utiliza nutrientes
dissolvidos no ambiente em seu redor).

9. Habitat: aquático ou terrestre; simbionte


ou de vida livre.
Figura 4 – Representante do filo Microspora

10.Esqueleto ausente, alguns com endoesque-


5. Filo Ascetospora (Gr. Asketos, curiosamente leto simples ou exoesqueleto (externo).
decorado, + sporos, semente). Pequeno gru-
po de parasitas de invertebrados e de alguns 11. Reprodução: assexual (brotamento, fissão
poucos vertebrados. ou cisto), sexual por conjugação ou por
singamia (união de gametas masculinos e
6. Filo Ciliophora (L. cilium, pestana, + Gr. femininos para formação de um zigoto).
phora, possuir). Apresentam cílios ou orga-
nelas ciliares em, pelo menos, um estágio do
FORMA E FUNÇÃO
ciclo de vida; geralmente com dois tipos de nú-
cleo; vacúolo contrátil, maioria de vida livre. Ex.
1. NÚCLEO E CITOPLASMA
Paramecium, Vortícella, Balantidium. FIGURA 5
O núcleo está delimitado por uma membra-
na e se comunica com o citoplasma através
de pequenos poros no seu interior, o DNA
forma os cromossomos. O material cro-
mossômico (cromatina) freqüentemente se
agrupa irregularmente, apresentando um
aspecto vesicular. Estão presentes, dentro do
Figura 5 – Representantes do filo Ciliophora. núcleo, um ou mais nucléolos. Os endosso-
23

capítulo 2
mos são nucléolos que permanecem como
corpos distintos durante a mitose, caracte-
rísticos de fitoflagelados, amebas parasitas e
tripanossomos.

Nos ciliados, a cromatina está regularmente


distribuída, e os macronúcleos são descritos
como compactos ou condensados.

As organelas celulares encontradas nas cé-


lulas animais também ocorrem no citoplas-
ma dos protozoários, como mitocôndria,
retículo endoplasmático, corpo de Golgi, Figura 6 – Estrutura de um undulipódio.
etc. Os cloroplastos são encontrados nos
fitoflagelados. Os pseudópodes são definidos como expan-
sões temporárias do citoplasma e ocorrem em
O citoplasma pode ser dividido em áreas cen- várias formas. Os lobopódes são relativamente
trais e periféricas denominadas de endoplasma grandes, com a extremidade rombuda con-
(granular, contendo o núcleo e as organelas) e tendo tanto ectoplasma quanto endoplasma
ectoplasma (transparente e onde estão as ba- e são encontrados nas amebas. Os filópodes
ses dos cílios e flagelos). são finos, ramificados e contêm somente ecto-
plasma, sendo encontrados nos sarcodina da
2. ORGANELAS LOCOMOTORAS classe Filosea, como a Euglypha. Os reticuló-
podes são ramificados e formam uma malha
Os protozoários movimentam-se, principal- de rede. Os axópodes são compridos e finos,
mente, por cílios e flagelos e por pseudó- sustentados por feixes axiais de microtúbulos
podes. que constituem o axonema do axópode, que
pode ser estendido ou retraído. FIGURA 7 FI-
Cílios e flagelos são mais sensíveis; quando GURA 8 FIGURA 9
mecanicamente estimulados param de bater
ou batem em um padrão de movimento que
desloca o organismo para longe do local do
estímulo. Não existe diferenciação morfológica
entre cílio e flagelo, e são atualmente denomi-
nados de undulipódios (L. undula, onda + Gr.
Podos, pé).

Todos os undulipódios são compostos de mi-


crotúbulos em feixe que, em seção transversal,
apresentam uma simetria de nove pares de mi- Figura 7 - Pseudópede do tipo lobópode de uma ameba

crotúbulos longitudinais dispostos em círculo


e com um par central. O undulipódio está en-
volvido por uma membrana, que é uma exten-
são da membrana celular: o axonema.

O cinetossomo ou corpúsculo basal tem estru-


tura semelhante e se estende da base do flage-
lo até o interior da célula. Os undulipódios são
compostos por mais de 500 proteínas diferen-
tes, e o tipo principal que forma a parede dos
microtúbulos é a tubulina. FIGURA 6
Figura 8 - Pseudópode do tipo axópode
de um radiolário.
24
capítulo 2

4. REPRODUÇÃO
Dentre os protozoários ocorre reprodução se-
xuada, inclusive intercaladas com reprodução
assexual, porém sem existir o desenvolvimento
de embriões. Os processos sexuais incluem a
divisão reducional do número de cromosso-
mos de um número diplóide para um haplóide,
o desenvolvimento de gametas ou de núcleos
gaméticos e uma fusão de núcleos gaméticos.

4.1 FISSÃO OU REPRODUÇÃO


Figura 9 - Pseudópode do tipo filópode de um fo-
ASSEXUADA
raminífero.
São os processos nos quais ocorre a multiplica-
3. EXCREÇÃO E OSMORREGULAÇÃO ção celular. Podemos identificar alguns tipos:

Os vacúolos contráteis funcionam, principal- 1. Fissão binária: quando a divisão celular re-
mente, na osmorregulação, aparecendo prin- sulta em duas células de mesmo tamanho.
cipalmente em protozoários de água doce e
menos nas espécies marinhas e nas endossim- 2. Brotamento: quando a célula-filha é me-
biontes, onde o meio circundante é relativa- nor do que a célula-mãe e aumenta de ta-
mente isosmótico (mesma pressão osmótica) manho posteriormente.
com o citoplasma. A excreção de resíduos me-
tabólicos é feita por difusão, através da mem- 3. Fissão múltipla ou esquizogonia: após vá-
brana, e o principal produto é a amônia. rias divisões do núcleo, ocorre a divisão do
citoplasma (citocinese), gerando grande
Os vacúolos contráteis mais complexos podem número de indivíduos.
ser visualizados no Paramecium e localizam-se
em uma posição fixa abaixo da membrana ce- 4. Esporogonia: ocorre quando a fissão múl-
lular, com um poro excreto,r que se abre para tipla é precedida ou associada à união de
fora da célula, sendo circundado por ampo- gametas.
las de cerca de seis canais coletores. Os canais
coletores são rodeados por túbulos finos com REPRODUÇÃO SEXUADA
cerca de 20nm (nanômetros) de diâmetro que
ligam os canais coletores ao sistema tubular do A vantagem da reprodução sexuada é man-
retículo endoplasmático. A presença de feixes ter a variação genética nas populações e nas
de fibrilas permite a contração dessas estrutu- espécies. Os protistas desenvolveram uma va-
ras. A contração da ampola enche o vacúolo, riedade de métodos, para realizar reprodução
que se contrai e libera o seu conteúdo para o sexuada, porém nem todos resultam em ime-
exterior. FIGURA 10 diata produção de indivíduos. Quando ocorre a
meiose, células haplóides ou nucleares são pro-
duzidas e a fusão restaura a condição diplóide.

A produção e posterior fusão de gametas


em protistas é chamada de singamia. A sin-
gamia pode envolver gametas que são todos
do mesmo tamanho e formato (isogamia) ou
a mais familiar condição de gametas de dois
tipos diferentes (anisogamia). Outro processo
que resulta em mistura genética é a troca de
material nuclear entre organismos emparelha-
Figura 10 - Estrutura de um vácuolo contrátil
25

capítulo 2
dos (conjugação) ou por uma reformulação de 3. Morfologia: película flexível de fibras pro-
uma núcleo geneticamente “novo” dentro de téicas abaixo da membrana. Apresenta dois
um único indivíduo (autogamia) são mais bem flagelos: um mais longo, emergente, e outro,
conhecidos entre os ciliados. Alguns foraminí- mais curto, não emergente, com um cinetos-
feros apresentam alternância de gerações ha- somo na base de cada flagelo. Há um vacúolo
plóide e diplóide (meiose intermediária). contrátil, que se esvazia em um reservatório na
base dos flagelos. Para orientação em relação
ENCISTAMENTO à luz, possuem um estigma ou mancha ocelar
vermelha. No interior do citoplasma, há cloro-
A sobrevivência dos protistas em condições plastos ovais que possuem clorofila e dão ao
difíceis está relacionada com a habilidade de organismo a cor verde. Corpos de paramilo de
formar cistos. Os cistos são formas latentes, vários formatos são locais de armazenamento
com revestimentos externos resistentes e inter- de alimento semelhante ao amido. FIGURA 11
rupção quase total do metabolismo. As formas
parasitas também formam cistos, para enfren- Flagelo
tar condições difíceis dentro dos hospedeiros.
Fases reprodutivas como fissão, brotamento e
singamia, podem ocorrer nos cistos de algu- Estigma Segundo
flagelo
mas espécies.
Reservatório Vacúolo
Núcleo contrátil
DIVERSIDADE MORFOLÓGICA:
Menbrana
TIPOS MAIS REPRESENTATIVOS Cloroplasto
Faixas de
1. Filo Sarcomasthigophora (gr. mastix = chico- proteínas Pirenóide
te; phoros = portador) Esse grupo inclui os pro- Grânulo de
tozoários, que se locomovem utilizando flagelos paramilo
(Subfilo Mastigophora) e aqueles que se movem Figura 11 - Morfologia de Euglena viridis do filo Sarcomas-
por pseudópodes (Subfilo Sarcodina). Alguns re- tigophora.
presentantes podem utilizar ambas as formas de
locomoção em alguma etapa da vida. 4. Outros representantes são: Volvox, Goniau-
lax, Noctiluca. FIGURA 12 FIGURA 13
Os protozoários flagelados estão divididos em
fitoflagelados (Classe Phytomastigophorea),
que geralmente apresentam clorofila e se asse-
melham a plantas, e os zooflagelados (Classe
Zoomastigophorea), que não possuem clorofi-
la e são holozóicos ou saprozóicos, sendo se-
melhantes aos animais.

Os Fitoflagelados realizam fotossíntese e ge-


ralmente são verdes devido à clorofila, mas
podem apresentar outros pigmentos, como a Figura 12 – Volvox do filo Sarcomastigophora.

xantofila que lhes confere coloração variada


como vermelho, alaranjado, amarelo ou mar-
rom. São capazes de armazenar alimento na
forma de óleo, gordura e carboidratos, como
polissacarídeos, paramilo ou leucosina.

Como exemplo, vamos estudar a morfologia


da Euglena viridis.

1. Habitat: rios e lagos


2. Tamanho: 60 μm Figura 13 – Goniaulax do filo Sarcomastigophora.
26
capítulo 2

Os zooflagelados não apresentam coloração,


não têm cloroplastos, e sua nutrição pode ser
saprozóica ou holozóica. Capturam pequenos
organismos que são digeridos no interior dos
vacúolos digestivos nos quais a digestão ocor-
re através do seguinte processo:

DESTAQUE

• Ao se formar o vacúolo digestivo dilata-se em fun-


ção de várias enzimas que são secretadas no seu in-
terior e move-se no citoplasma; Figura 14 – Noctiluca do filo Sarcomas-
tigophora, um organismo marinho bio-
luminescente.
• A membrana vascular desenvolve numerosas micro-
vilosidades (meio ácido);

• A membrana forma minúsculas vesículas que trans- O Subfilo Sarcodina está representado pelos
portam o alimento para o citoplasma (meio alcalino); protozoários amebóides e se caracteriza pela
ausência de organelas locomotoras permanen-
• O vacúolo gradualmente se contrai e o material não tes e pela presença de pesudópodes, que são
digerido é expelido pela célula; expansões citoplasmáticas temporárias utiliza-
das para capturar presas e para locomoção.
A nutrição saprozóica é a absorção de molé- Habitam o solo, a água (lagos, córregos, rios,
culas de substâncias dissolvidas no meio, por estuários e oceanos). Podem ser parasitas ou
meio de difusão ou transporte ativo (pinocito- de vida livre. FIGURA 15
se), através da membrana.

Muitos representantes são a causa de doenças Lobópode


em seres humanos: Trypanossoma cruzi (doen- Ectoplasma
ça de Chagas), Leishmania (infecção no baço, Vacúolo Endoplasma
alimentar
pele e membranas), Trichomona (infecção na Menbrana
boca, intestino e trato urogenital), Giardia (pa-
rasita intestinal). Núcleo

Importância do seu estudo: Vacúolo


alimentar Vacúolo
contrátil
DESTAQUE
Figura 15 - Morfologia de uma ameba de subfilo Sarcodina

• São abundantes no ambiente aquático;

• Os fitoflagelados marinhos produzem 70% Quanto aos tipos, os pseudópodes são deno-
do oxigênio da atmosfera terrestre; minados de lobópodos (curtos e largos), filó-
podos (longos e finos) e reticulópodos (ramifi-
• São produtores primários na teia alimentar cados). A forma do corpo pode ser indefinida
aquática; com uma membrana celular muito flexível,
como nas amebas ou apresentar uma proteção
• São simbiontes em recifes de coral, como externa, denominada de testa ou carapaça. A
as Zooxantelas, responsáveis pela fixação testa pode se apresentar de várias formas: com
do nitrogênio; material particulado do ambiente fixado à sua
superfície (Difflugia), com material secretado
• No ambiente marinho causam o fenôme- pela própria célula (Arcella), de material orgâ-
no da bioluminescência FIGURA 14 nico (quitina), carbonato de cálcio (em forami-
níferos) ou de sílica (radiolários).
27

capítulo 2
Os representantes do Subfilo Sarcodina podem Toxoplasma gondii, parasita de gatos, mas que
apresentar variação no modo de nutrição. Os pode causar infecções sérias em humanos com
heterotróficos podem ser herbívoros ou carní- o sistema imunológico deprimido e em mulhe-
voros; já os endosimbiontes e os parasitas po- res grávidas. O representante mais conhecido
dem ser encontrados em artrópodes, anelídeos é o Plasmodium causador da malária.
e vertebrados (incluindo seres humanos), cau-
sando patologias Ex. Entamoeba histolytica.
5. FILO CILIOPHORA
Podem ser reconhecidos dois modos de repro-
dução: assexuada por fissão primária, múltipla Os ciliados são protozoários adaptados à vida
e sexuada somente nos foraminíferos. livre e também para viver agrupados em co-
lônias e fixos ao substrato. Apresentam como
Os foraminíferos (Classe Granuloreticulosea) características principais a presença de nume-
apresentam uma carapaça externa; são encon- rosos cílios utilizados na locomoção, a boca
trados em todos os oceanos e mais raramen- celular (citóstoma) e 2 tipos de núcleo: o ma-
te’’ na água doce e salobra. FIGURA 16 cronúcleo vegetativo envolvido na síntese de
RNA e DNA e o micronúcleo reprodutor res-
ponsável pela síntese de DNA.

5.1 MORFOLOGIA
Como exemplo, vamos estudar a morfologia
do Paramecium. FIGURA 18

Figura 16 – Uma teca de um foraminífero do subfilo


Sarcodina.

Na Superclasse Actinopoda, estão reunidos


representantes de água doce e marinhos, co- Figura 18 - Morfologia de um Paramecium do filo Ciliophora.
nhecidos como radiolários. Todos possuem
axópodes e, na sua maioria, possuem carapa- Os cílios estão espalhados por toda a superfície
ças. FIGURA 17 do organismo e podem estar agrupados em
placas, as membranelas, ou em tufos denomi-
nados cirros. FIGURA 19

Figura 17 – Uma teca de um radiolário Figura 19 - Um representante do Filo Ciliphora


do subfilo Sarcodina. apresentando cílios e placas.
28
capítulo 2

Os cílios originam-se nos centríolos e estão DESTAQUE


ligados por filamentos protéicos, as fibrilas,
que coordenam os seus movimentos. O sis- • Membrana Plasmática;
tema infraciliar é composto pelos corpos ba-
sais ou cinetossomos, que se localizam abai- • Camada de vesículas que consiste nos alvé-
xo da superfície celular e estão associados às olos, que conferem estabilidade à película
fibrilas. e limitam a permeabilidade da superfície
celular;
A ciliatura corporal ou somática está localizada • Cílios que emergem entre alvéolos próximos;
sobre a superfície geral do organismo, porém
há uma ciliatura oral associada à região do ci- • Sistema infraciliar formado pelos cinetos-
tóstoma (boca celular). somos e as fibilas;

Abaixo da película encontram-se os tricocistos, • Tricocistos


que são pequenos estiletes que descarregam
substancias tóxicas e são utilizados na defesa
do organismo e na captura de presas. Tricocis- LOCOMOÇÃO
tos em forma de bastão podem ser descarre-
gados como um filamento e em Paramecium, Realizada através do batimento dos cílios indi-
são utilizados na defesa contra predadores. To- viduais, esse movimento não é aleatório, mas
xicistos, que liberam substancias tóxicas para sincronizado, formando ondas metacronais,
captura de presas e defesa, por meio de para- que deslizam ao longo da extensão do corpo.
lisia e citólise, são encontrados em Dileptus e
Didinium. Podem também ocorrer Mucocistos, No Paramecium, a direção do batimento ciliar
que descarregam material mucóide que pode é oblíqua ao eixo longitudinal do corpo; em
formar cistos ou coberturas Filo Apicomplexa conseqüência disso, o ciliado nada em espiral
ou Sporozoa. e, ao mesmo tempo, rotaciona o seu eixo lon-
gitudinal; da mesma maneira, o ciliado pode
Todos os representantes são endoparasitas de mover-se para trás. Recentemente verificou-se
vários filos animais. Apresentam como carac- que a direção e a intensidade do batimento
terística o complexo apical, que está presente são controlados pela alteração dos níveis dos
em determinados estágios de desenvolvimen- íons Cálcio (Ca++) e Potássio (K+).
to, como merozoítos e esporozoítos. Não pos-
suem cílios, flagelos ou pseudópodes.Vivem Nos ciliados hipotríquios, como Urostyla,
no interior ou entre as células do hospedeiro Stylonychia e Euplotes, os cílios ocorrem em
invertebrado ou vertebrado. tufos, os cirros, cujos cílios batem juntos.

A subclasse Coccidia está repre-


sentada por parasitas intracelu-
lares de invertebrados e vertebra-
dos, sendo de importância médica
e veterinária. Como exemplos:
Eimeria, que causa infecções em
animais domésticos e, ocasional-
mente, em humanos, e protetoras.

A película dos ciliados pode con-


sistir em, apenas, uma membrana
celular ou, em algumas espécies,
podendo formar uma armadura
espessa, chamada de lórica. A pe-
lícula está formada pelas seguin-
tes estruturas: FIGURA 20 Figura 20 - Estrutura da película de um ciliado
29

capítulo 2
Alguns ciliados permanecem fixos ao substra- O Complexo vascular contrátil é um sistema de
to, ou seja, são sésseis. São exemplos: Vorti- pequenas vesículas ou túbulos, o espongioma,
cella, Stentor, Carchesium. que coleta o fluido intracelular e conduz ao
vacúolo contrátil que o expele do organismo,
A Vorticella se fixa ao substrato através de através de um poro temporário ou permanen-
um longo pedúnculo que contém um feixe te. Por exemplo, em Paramecium caudatum,
de microfilamentos contráteis, os mionemas, ocorre um ciclo a cada 6 segundos e o volume
que repousam sobre a película. Na sua movi- corporal é trocado a cada 15 segundos.
mentação, o ciliado se retrai, encolhendo seu
pedúnculo como uma mola e depois se esten- Nos ciliados sem vacúolos contráteis, a água
de com um movi- entra por osmose, a parede celular com celu-
mento repentino. lose exterior à membrana resiste ao inchaço
Recentemente do organismo e estabelece-se uma pressão
verificou-se que os hidrostática interna. Quando essa pressão
microfilamentos iguala-se à pressão osmótica externa não entra
não são compos- mais nenhuma água adicional na célula.
tos pelas proteínas
Actina e Miosina REPRODUÇÃO
como ocorre nos
Os paramécios reproduzem-se somente por
animais, mas, por
fissão binária transversal, na qual o micronú-
uma outra prote- cleo divide-se por mitose, originando dois mi-
ína, a espasmina, cronúcleos, que se movem para extremidades
Figura 21 – Vorticella um ci- que requer ATP opostas da célula. O macronúcleo alonga-se e
liado com pedúnculo.
para sua extensão. divide-se amitoticamente.
FIGURA 21
Porém, podem apresentar certas formas de fe-
5.2 NUTRIÇÃO nômenos sexuais denominados de autogamia
e conjugação.
Os ciliados são carnívoros e se alimentam de
pequenos organismos como bactérias, outros A conjugação é a união temporária de dois indi-
protozoários e matéria orgânica em suspensão víduos para a troca de material cromossômico.
na água. Os ciliados apresentam uma estrutura
A autogamia é um processo de autofecunda-
para ingestão do alimento, citóstoma, ligada a
ção, similar à conjugação, com a diferença de
uma citofaringe, cuja parede é revestida por
não haver troca de núcleos. Após a desinte-
bastões microtubulares (nematodesmos) e que
gração do macronúcleo e das divisões meió-
se separa do endoplasma por uma membrana
ticas do micronúcleo, dois pronúcleos haplói-
que forma o vacúolo alimentar. A presença de
des fundem-se, formando um sincárion, que
cílios bucais produz uma correnteza de água,
é homozigoto.
que leva o alimento em direção à citofaringe.

O material fecal é descartado através de um


citoprocto, posterior ao sulco oral.
RESUMO
A organização corporal dos protistas demons-
EXCREÇÃO E EQUILÍBRIO OSMÓTICO
tra uma grande diversidade de forma, função
e estratégias de sobrevivência. A grande maio-
A osmorregulação regula o volume da célula,
ria é unicelular e desempenha todas as funções
removendo o excesso de água que entra por
vitais, utilizando as organelas encontradas nas
osmose, quando a concentração osmótica
células eucariontes dos animais.
interna excede a da água circundante. Pode
ocorrer através de transporte iônico ativo na A principal característica que distingue os
membrana celular ou por meio do complexo membros do reino Protista dos animais e plan-
vascular contrátil (vacúolo contrátil). tas multicelulares (Reino Animalia e Plantae) é
30
capítulo 2

o nível de diferenciação celular. No verdadeiro b) Citopígio (


) Origina as
nível de diferenciação dos tecidos, há distin- organelas
tamente diferentes tipos de células que são c) Vacúolo digestivo ( ) Boca celular
especializadas para diferentes funções, porém, d) Vacúolo contrátil ( ) Excreção
os protistas apresentam a estrutura de uma cé- e) Centrossomos ( ) Equilíbrio
lula eucariótica. osmótico

Os membros do Reino Protista atuais podem 3. Defina e dê a função:


ser divididos em três grupos principais, basea-
a) Citóstoma
dos em certas propriedades celulares: b) Citopígio
c) Vacúolo digestivo
1. Protozoa, são protistas que possuem célu- d) Vacúolo contrátil
las semelhantes às células animais. Possui e) Micronúcleo e macronúcleo
uma membrana plasmática chamada pe-
lícula. Os protozoários fotossintetizantes 4. Descreva os processos de alimentação e re-
aparentemente adquiriram seus cloroplas- produção em ciliados e amebóides.
tos, independentemente das algas e plan-
tas multicelulares, porque eles estão mais 5. Comente sobre as características da mem-
próximos filogenéticamente dos demais brana celular dos protozoários.
protozoários do que outros grupos fotos-
sintetizantes.
REFERÊNCIAS
2. Algas, são protistas que possuem células
BRUSCA, R. C.; BRUSCA, G. J. Os invertebra-
semelhantes a plantas. Eles possuem celu-
dos. Editora Guanabara-Koogan, Rio de Janei-
lose na parede celular e cloroplastos que
ro, RJ, 2ª ed., 2007. 968 p.
são similares àqueles das plantas multi-
celulares. A nova classificação dos pro- Hickman, C. P.; Roberts, L. S.; Larson, 2003. A.
tozoários reconhece sete Filos distintos: Princípios Integrados de Zoologia. 11a ed. Ed.
Sarcomastigophora, Labyrinthomorpha, Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 846 p.
Apicomplexa, Microspora, Ascetospora,
Ciliophora. Ruppert,E. E.; Fox, R. S.; Barnes, R. D. 2004.
Zoologia dos Invertebrados. 7a ed. Roca, S.
3. “Mofo” de água e “mofo” de lama. Foram Paulo, 1023p.
classificados como fungos, porém estudos
recentes do rRNA mostraram que estão LINKS
mais próximos aos protistas. Não realizam
fotossíntese. www.wikipedia.org
www.ucmp.berkeley.edu
www.biodidac.bio.uottawa.ca
ATIVIDADES DE www.ufba.br/~zoo1
AVALIAÇÃO SAIBA MAIS
1. Com relação aos pseudópodos dos proto- PROTOZOÁRIOS. Capítulo 11. In: Hickman, C.
zoários, relacione a 1ª coluna de acordo P.; Roberts, L. S.; Larson, 2003. A. Princípios In-
com a 2ª coluna: tegrados de Zoologia. 11a ed. Ed. Guanabara
a )Lobópodos ( ) Rígidos, com eixos Koogan, Rio de Janeiro, 846 p.
b )Filópodos ( ) Curtos e grossos
PROTOZOA. Capítulo 3. In Ruppert,E. E.; Fox,
c) Reticulópodos ( ) Finos e longos R. S.; Barnes, R. D. 2004.Zoologia dos Inverte-
d) Axópodos ( ) Finos e bifurcados brados. 7a ed. Roca, S. Paulo, 1023p.

2. Com relação aos protozoários, relacione a OS PROTISTAS. Capítulo 5. In: BRUSCA, R.


1ª coluna de acordo com a 2ª: C.; BRUSCA, G. J. Os invertebrados. Editora
a) Citóstoma ( ) Alimento em Guanabara-Koogan, Rio de Janeiro, RJ, 2ª ed.,
digestão 2007. 968 p.
31

capítulo 3
Filo Porifera: As Esponjas

Profa. Dra. Betty Rose de Araújo Luz Carga Horária I 15h

OBJETIVO
Ao final deste capítulo, você deverá ser capaz de:

• entender o conceito de organismo multi-


celular;

• compreender a diversidade de células en-


contradas nas esponjas;

• reconhecer os tipos de organização cor-


poral Ascon, Sycon e Leucon;

• reconhecer as estratégias das esponjas


para realizar suas funções vitais.

INTRODUÇÃO
Este capítulo apresenta o Filo Porifera e suas
adaptações morfológicas e fisiológicas.

Os conteúdos são apresentados de maneira


que você possa compreender que as esponjas
são consideradas o grupo basal dos metazoá-
rios, devido a sua pouca complexidade estru-
tural, são classificadas em um grupo denomi-
nado Parazoa. As esponjas são compostas por
vários tipos de células que atuam de maneira
quase independente e não formam tecidos
nem órgãos.
32
capítulo 3

• Padrão de crescimento: depende do subs-


trato disponível, do embate das ondas e
da velocidade das correntes aquáticas.
Podem ser globosas, eretas, ramificadas e
incrustantes.

• Registro fóssil: Período Cambriano (600


milhões de anos) a Recente, ocorrendo
Figura 1 – Um representante do filo Porifera.
Esponja do Mar
uma explosão no Período Cretáceo (140
milhões de anos).

IMPORTÂNCIA DAS ESPONJAS


CONTEÚDO
DESTAQUE
1. INTRODUÇÃO • Comercial: coleta, cultivo
As esponjas pertencem ao Filo Porifera (do • Médica em estudos bioquímicos
latim porus, poro + ferre, possuir). São con-
sideradas como os mais primitivos animais • Cadeia alimentar
multicelulares, e o corpo se constitui de um
agregado de células de origem mesenquimá- • Relações com outros animais (comen-
tica. Aristóteles, Plínio e outros estudiosos salismo)
os classificavam como plantas. Somente em
1745, observaram-se pela 1ª vez correntes As esponjas são animais aquáticos, na sua
aquáticas internas, reconhecendo a sua natu- maioria, marinhos, que geram uma corrente
reza animal. unidirecional de água através de seu corpo,
essencial para a realização de funções vitai,s
1.1 CARACTERÍSTICAS DO FILO como nutrição, trocas gasosas e reprodução.
PORIFERA A corrente de água também leva, para o exte-
rior, seus dejetos corpóreos. O plano de orga-
• Habitat: são essencialmente aquáticos, e nização corporal dos poríferos é relativamente
a maioria das espécies é marinha (5000) simples, com ampla mobilidade celular e cons-
com cerca de 150 espécies de água doce. tante reorganização do sistema aqüífero. Sua
Vivem desde a zona litoral até 6000 me- nutrição está baseada na filtração de partículas
tros de profundidade. orgânicas em suspensão na água.

• Hábito: todos os adultos são sésseis, presos O sistema aquífero transporta água pelo inte-
ao substrato duro (rochas, conchas, etc.) rior da esponja, permitindo a captura de ali-
ou substrato móvel (lama, areia, cascalho). mento e as trocas gasosas. O volume de água
movido por uma esponja é considerável.
• Tamanho: variado, desde 1 mm até 2 me-
tros de diâmetro. Verificou-se que um indivíduo com 1 x 10 cm
da esponja Leucosolenia bombeia, diariamen-
• Coloração: cores vivas, provenientes de te, cerca de 22,5 litros de água através do seu
amebócitos com pigmentação ou associa- corpo.
ção com algas.
São importantes membros das comunidades
• Simetria: radial ou sem simetria. bentônicas em todas as profundidades oceâni-
cas em várias latitudes e são objeto de estudo,
• Sem órgãos ou tecidos verdadeiros, a di- visando ao seu uso como biomonitores de qua-
gestão é intracelular, a excreção e a respi- lidade ambiental como também na produção
ração ocorrem por difusão. de fármacos antimicrobianos, antiinflamató-
33

capítulo 3
rios, antitumorais, citotóxicos e antiincrustan-
tes. Participam da produção primária, quando
associados a cianobactérias ou algas. Embora
as esponjas sejam caracterizadas como filtra-
doras de matéria orgânica, e recentemente o
hábito carnívoro foi descrito membros da fa-
mília Cladorhizidae (ex. Asbestopluma).

O nome do filo está relacionado com o grande


número de poros presentes no organismo e de
canais que constituem o sistema de filtragem
e alimentação. Esses poros comunicam o meio
externo a uma cavidade interna das esponjas,
chamada átrio ou espongiocele.
Figura 2 - um coanoflagelado colonial com uma célula
As esponjas, durante a vida embrionária, só apresentando flagelo

apresentam dois folhetos germinativos e, de-


vido a isso, são diblásticas. Não apresentam
órgãos, cabeça, boca ou cavidade gástrica, e RELAÇÕES FILOGENÉTICAS DAS ESPONJAS
suas células apresentam um certo grau de in-
dependência. DESTAQUE

Sua estrutura corporal está organizada num • Origem comum com outros metazoários,
sistema de canais e câmaras, por onde circu- porém divergiram precocemente numa
la a água, uma matriz gelatinosa enrijecida própria linha evolutiva
por um esqueleto de espículas microscópicas
de carbonato de cálcio ou sílica e fibras de • O coanócito é provavelmente homólogo à
colágeno. célula de colar flagelado de algum ances-
tral coanoflagelado.
A ORIGEM DAS ESPONJAS
• As células exteriores flageladas do ances-
Embora sejam multicelulares, as esponjas tral móvel moveram-se para o interior,
apresentam poucas características em comum transformando-se em Coanócitos.
com os outros filos metazoários. O plano geral
dos poríferos se caracteriza pelo sistema aqüí- • Devido à sua posição filogenética isolada,
fero, totipotência celular, flexibilidade repro- são colocadas no sub-reino Parazoa.
dutiva e pela ausência de tecidos verdadeiros,
órgãos reprodutivos, polaridade corporal (eixo ESTRUTURA CORPORAL E SISTEMA AQUÍFERO
anterior e posterior) e membrana basal. Essas
características combinadas com a presença Todo o corpo do animal é organizado ao redor
de células flageladas, os coanócitos, apontam de um sistema interno de passagem de água,
para a existência de um ancestral protista. o que garante a sua vida através da chegada
de alimentos e de oxigênio em todas as suas
Atualmente os poríferos são considerados células.
como originários de ancestrais protistas flage-
lados, os coanoflagelados. Os coanoflagelados Os poríferos apresentam simetria radial. Esse
apresentam características que os relacionam tipo de simetria é freqüentemente verificado
com as esponjas, verificando-se que as células em animais sésseis, incapazes de se desloca-
com colarinho são muito similares às células rem em uma direção. Em razão de serem inca-
coanócitos das esponjas. FIGURA 2 pazes de movimento para explorar o ambiente,
os poríferos desenvolveram o sistema aqüífero
que bombeia água através do seu corpo.
34
capítulo 3

TIPOS CELULARES suem uma variedade de enzimas digestivas


(fosfatase ácida, protease, amilase, lipase)
A superfície externa de uma esponja é chama- e podem receber material fagocitado pelos
da de Pinacoderme, formada por células cha- coanócitos ou fagocitar material direta-
madas pinacócitos. A pinacorme é perfurada mente através da pinacoderme.
por pequenas aberturas chamadas de Poros
ou Óstios, localizados em uma célula chama- b) As células que secretam a matriz de co-
da Porócito. A água é bombeada para dentro lágeno fibrilar de suporte são chamadas
da esponja, pelo movimento dos flagelos dos de colencitos, lofócitos, responsáveis pela
coanócitos. As células da pinacoderme que formação de fibras colágenas dispersas
revestem os canais internos são chamadas de entre as células e os espongiócitos, que
endopinacócitos. secretam o colágeno fibroso de suporte,
a espongina, de função estruturadora do
Células externas localizadas na superfície ba- corpo da esponja.
sal ou aderente das esponjas são chamadas de
basopinacócitos, são achatadas em forma de c) Esclerócitos: responsáveis pela formação
“T” e secretam um complexo fibrilar de colá- de espículas calcárias ou de sílica. São ati-
geno-polissacarídeo denominado de lâmina vas e possuem abundantes mitocôndrias,
basal, responsável pela adesão do organismo microfilamentos citoplasmáticos e peque-
ao substrato. nos vacúolos.

A maior parte das superfícies internas é consti- d) Miócitos: células localizadas nas bordas
tuída pela Coanoderme, composta por células dos ósculo e nos canais principais, promo-
flageladas chamadas de Coanócitos, responsá- vem contrações, regulando o fluxo hídrico
veis pela circulação de água, obtenção de ali- no interior da esponja. São efetores inde-
mento e digestão. FIGURA 3 pendentes, de resposta lenta e insensíveis
a estímulos elétricos.

e) Células esferulosas: são células grandes


e contém várias inclusões químicas. Acu-
mulam os metabólitos secundários mais
abundantes das esponjas. FIGURA 4

Figura 3 - Estrutura da célula Coanócito do filo Porifera

Entre as duas camadas celulares, encontra-se o


mesoílo, matriz protéica gelatinosa, que con-
tém material esquelético e células amebóides
dos seguintes tipos:

a) Arqueócitos: são totipotentes, podendo


originar vários tipos de células e são fago-
citárias, tendo um papel importante na di- Figura 4 – Morfologia de uma esponja asconóide.
Estrutur da parede corporal.
gestão e no transporte de nutrientes. Pos-
35

capítulo 3
Os poros comunicam o meio interno com Durante o seu crescimento, tanto a pinacoder-
canais que percorrem o corpo da esponja, e me quanto a coanoderme têm a espessura de
esses canais, por sua vez, abrem-se no átrio uma célula. A medida que o mesoílo cresce,
ou espongiocele , uma cavidade interna. Não essas camadas mantêm uma relação entre a
se trata de uma cavidade digestiva, uma vez área de superfície e o volume, que é suficiente
que não ocorrem processos digestivos em seu para manter trocas de nutrientes e excretas em
interior. Há esponjas cujos canais passam por níveis adequados. Na condição asconóide, a
câmaras dilatadas localizadas na parede do camada se mantém simples e contínua.
corpo, antes de se abrirem no átrio central,
as câmaras flageladas, onde se localizam os O dobramento simples da parede corporal
coanócitos. produz a condição Sycon ou siconóide, onde
a água entra por aberturas inalantes denomi-
O átrio se comunica com o exterior por meio nadas de poros dérmicos. Os coanócitos estão
de orifícios maiores e bem menos numerosos restritos a canais específicos ou a divertículos
que os poros, denominados de ósculos. Há um do átrio, canais radiais. Cada canal se abre
contínuo fluxo de água atravessando os ca- para o átrio através de uma abertura chamada
nais, sempre obedecendo ao seguinte sentido: de apópila. O fluxo hídrico em uma esponja
entrada pelos poros, circulação pelos canais e Sycon ocorre da seguinte forma:
câmaras flageladas e saída pelo ósculo.
Poros dérmicos canal inalante prosópilas canal radial
ORGANIZAÇÃO CORPORAL: (câmara coanocitária ou flagelada) apópila átrio ósculo
ASCON, SYCON E LEUCON.
FIGURA 5
O dobramento adicional da coanoderme e
um maior espessamento do córtex produzem
a condição Leucon. A coanoderme encontra-
-se revestindo pequenas e numerosas câma-
ras coanocitárias, organizadas em grupos no
mesoílo mais espesso. Como o córtex é espes-
so, apresentam um sistema de canais, canais
inalantes, que ligam os poros dérmicos até as
câmaras flageladas, através de aberturas cha-
madas de prosópilas.

Figura 5 – Os tipos de organização corporal no filo Porifera: Ascon, Sycon e O átrio está reduzido a uma série de canais
Leucon. exalantes (ou canais excurrentes), que ligam as
câmaras ao ósculo.
Nas esponjas de estrutura corporal mais sim- O fluxo de água, através de uma esponja
ples, Ascon, a espessura da parede corporal é Leucon, é:
muito delgada. A superfície externa é revesti-
da de células achatadas denominadas pinacó-
Poro dérmico canal inalante prosópila câmara
citos. Os orifícios que se abrem na superfície coanocitária apópila canais exalantes ósculo
corporal se comunicam com tubos. Tanto a
borda do orifício como a parede desses tubos
representam uma célula dobrada sobre si mes- A organização leuconóide ocorre na maioria
ma, formando um cilindro. São os porócitos das esponjas calcárias e em toda a Classe De-
curtos e retos que se comunicam diretamen- mospongiae. A maior eficiência na circulação
te com o Átrio, revestido por Coanócitos. A interna de água, que possibilita maior oferta
condição asconóide é encontrada em estágios de oxigênio e de alimentos para as células,
iniciais de desenvolvimento de esponjas calcá- permite que as esponjas do tipo leuconóide
rias e em algumas esponjas calcárias adultas alcancem tamanhos maiores que as esponjas
(Leucosolenia). Raramente ultrapassam 10cm de outros tipos.
de altura.
36
capítulo 3

TIPOS DE ESQUELETOS FISIOLOGIA DAS ESPONJAS

A proteína estrutural no reino animal é o co- NUTRIÇÃO


lágeno, encontrada na matriz de todas as
esponjas. Encontra-se também outro tipo de As esponjas se alimentam de partículas em
colágeno chamado de espongina, secretado suspensão na água, filtradas nas fibrilas, que
pelas Demospongiae, que, também, secretam formam o colarinho dos Coanócitos. Esse ali-
espículas calcárias. mento é composto de detritos, organismos
planctônicos e bactérias, que são selecionados
As espículas formam um “esqueleto rudimen- pelo tamanho nas câmaras flageladas, poros
tar”, que sustenta o corpo mole das esponjas. dérmicos e prosópilas. O limite de diâmetro
São sintetizadas por tipos especiais de ame- das aberturas inalantes é de cerca de 50 micro-
bócitos, e a sua composição química varia metros, e assim partículas maiores não entram
de uma espécie para outra. Algumas espon- no sistema aqüífero. As esponjas também ab-
jas possuem espículas calcárias (carbonato de sorvem nutrientes dissolvidos na água, por pi-
cálcio cristalino) ou de sílica (dióxido de silício) nocitose, para dentro dos coanócitos.
nas chamadas esponjas-de-vidro. Em algumas
esponjas, não são encontradas espículas mine- A digestão das esponjas é exclusivamente in-
rais, mas, uma fina trama protéica de fibras de tracelular. Uma parte do alimento é transfe-
espongina. Essas são as esponjas utilizadas em rida dos coanócitos para os amebócitos do
banhos e em outros usos domésticos. mesênquima, que também contribuem com a
atividade digestiva. Depois de fragmentados,
Existem muitas variações na forma das espí- os alimentos são distribuídos por difusão, por
culas, e elas têm importância taxonômica. O todas as outras células do corpo. Devido a esse
conjunto das variações nas formas das espícu- padrão alimentar, as esponjas são considera-
las que uma determinada esponja apresenta das organismos filtradores. Uma esponja com
é chamado de “conjunto espicular”. Em uma 10 centímetros de altura filtra mais de 100 li-
mesma esponja, podem ser encontradas espí- tros de água por dia.
culas minerais e a rede de espongina.
As principais formas das espículas são: EXCREÇÃO E TROCAS GASOSAS

Monoaxona (1 eixo) Não existem órgãos respiratórios ou excreto-


Triaxona (3 eixos) res. As trocas gasosas (obtenção de O2 e elimi-
Poliaxona (vários eixos) nação de CO2) acontecem por difusão simples
Hexactina ( 3 raios) assim como a eliminação de resíduos meta-
Megascleras e microscleras bólicos (principalmente amônia). Os vacúolos
FIGURA 6 contráteis são encontrados nos arqueócitos e
coanócitos de esponjas de água doce.

ATIVIDADE E SENTIDOS

Os poríferos não possuem sistema nervoso.


Não existem estudos conclusivos de que as
esponjas possuam neurônios ou órgãos sen-
soriais definidos. Entretanto, são capazes de
responder a estímulos ambientais com uma
reação local, como o fechamento do ósculo
e óstios, constrição dos canais, reversão do
fluxo e reconstrução das câmaras flageladas.
Respostas a estímulos sensoriais: fechamento
dos ósculos, constrição dos canais, parada do
fluxo.

Figura 6 - Exemplos de Espículas


37

capítulo 3
A difusão do estímulo e da resposta em es- zóide até o óvulo, e a fecundação (fusão dos
ponjas parece ser, apenas, por estimulação gametas masculino e feminino) ocorre no me-
mecânica entre as células ou por difusão de sênquima.
substâncias químicas mensageiras, associadas
à irritabilidade do citoplasma em geral. O desenvolvimento embrionário é interno até
a fase larval, podendo haver, em algumas es-
REPRODUÇÃO E DESENVOLVIMENTO pécies, liberação de ovos para o meio externo.
A larva livre-natante da maioria das esponjas é
Todas as esponjas são capazes de reprodução a parenquímula. As células flageladas externas
sexuada, podendo ocorrem também processos migram para o interior quando a larva se fixa
de reprodução assexuados. A reprodução as- no substrato, e se tornam os coanócitos das
sexual se faz através do brotamento. Os brotos câmaras flageladas.
crescem ligados ao corpo, podendo se des-
prenderem em determinados momentos e for- CLASSIFICAÇÃO
mar um novo organismo. Em esponjas de água
Segundo Ruppert, Fox & Barnes, 2004
doce da família Spongillidae, são produzidas
pequenas estruturas esféricas, as gêmulas. Ne- Filo Porífera
las, os arqueócitos se juntam no meso-hilo e Subfilo Symplasma (Hexactinnelida)
são envoltos por uma camada de espongina Esponjas-de-vidro, espículas silicosas. Cerca de
incorporada com espículas silicosas. As gêmu- 400 espécies. Ex. Euplectella.
las sobrevivem durante os períodos de conge- Subfilo Cellularia
lamento ou secas intensas. Posteriormente as Classe Demospongiae
células saem por uma abertura, a apópila, e se Espículas silicosas; espongina. Marinhas, estu-
desenvolvem em novas esponjas. arinas e de água doce em todas as profundida-
des, 90% das espécies viventes.
Todas as esponjas são capazes de regenerar Subclasses: Homoscleromorpha, Tetractino-
novos indivíduos a partir de fragmentos. Como morpha, Ceractinomorpha.
são formadas por tecidos pouco diferenciados, Classe Calcarea
as esponjas têm um elevado poder de rege- Esponja calcaria. Espículas de CaCO3, freqüen-
neração. Fragmentando-se o seu corpo em temente não diferenciado em megascleras e
centenas de pequenos pedaços, as células se microscleras. Espongina ausente. Tipos estru-
reorganizam e formam novas esponjas. turais Ascon, Sycon ou Leucon. Todos mari-
nhos. Águas rasas.
A reprodução sexual ocorre através da forma- Subclasses: Calcinea, Calcaronea
ção de gametas, a partir de diferenciação de
algumas células presentes no mesênquima.
Geralmente os espermatozóides surgem da
diferenciação dos coanócitos. Os oócitos tam-
RESUMO
bém se desenvolvem dos coanócitos ou dos As esponjas pertencem ao Filo Porifera (do la-
arqueócitos. Há espécies monóicas e espécies tim porus, poro + ferre, possuir). São essen-
com sexos separados. cialmente aquáticas, e a maioria das espécies é
marinha (5000) com cerca de 150 espécies de
Nas espécies hermafroditas, os óvulos e os água doce. O padrão de crescimento depende
espermatozóides são produzidos em épocas do substrato disponível, do embate das ondas
diferentes, a partir dos amebócitos. Nas espé- e da velocidade das correntes aquáticas. Os
cies gonocóricas, os gametas são produzidos poríferos apresentam simetria radial. A água
na câmara flagelada, onde células se transfor- é bombeada para dentro da esponja, pelo ba-
mam em espermatogonias, que liberam esper- timento dos flagelos dos coanócitos respon-
matozóides na água. sáveis pela circulação de água, obtenção de
alimento e digestão. O sistema aqüífero trans-
A corrente de água leva os espermatozóides porta água pelo interior da esponja, permitin-
para outra esponja, onde um coanócito atua do a captura de alimento e as trocas gasosas.
como veículo de transporte do espermato- Os poros comunicam o meio externo com uma
38
capítulo 3

cavidade interna das esponjas, átrio ou espon-


giocele. Apresentam três tipos de organização
6. Comente sobre o padrão de crescimento
das esponjas. Quais os fatores ambientais
corporal: ascon, sycon e leucon. A proteína que influenciam nesse processo?
estrutural no reino animal é o colágeno, en-
contrada na matriz de todas as esponjas. As
espículas formam um “esqueleto rudimentar”, 7. Em relação ao Filo Porifera, responda
que sustenta o corpo mole das esponjas. Al- VERDADEIRO (F) ou FALSO (F):
gumas esponjas possuem espículas calcárias
(carbonato de cálcio cristalino) ou de sílica ( ) apresentam células especiais chama-
(dióxido de silício) nas chamadas esponjas-de- das coanócitos revestindo a epiderme.
-vidro. As esponjas se alimentam de partículas ( ) apresentam os tipos estruturais póli-
em suspensão na água, filtradas nas fibrilas po e medusa no seu ciclo de vida.
que formam o colarinho dos coanócitos. As ( ) são metazoários, diploblásticos, sem
esponjas também absorvem nutrientes dissol- tecidos verdadeiros.
vidos na água por pinocitose, para dentro dos ( ) apresentam ósculos na superfície do
coanócitos. A digestão é exclusivamente intra- corpo para a saída de água.
celular. São capazes de responder a estímulos
ambientais com uma reação local, como o fe-
chamento do ósculo e óstios, constrição dos REFERÊNCIAS
canais, reversão do fluxo e reconstrução das
câmaras flageladas. A reprodução assexual se BRUSCA, R. C.; BRUSCA, G. J. Os invertebra-
faz através do brotamento. A reprodução se- dos. Editora Guanabara-Koogan, Rio de Janei-
xual ocorre através da formação de gametas, a ro, RJ, 2ª ed., 2007. 968 p.
partir de diferenciação de algumas células pre-
sentes no mesênquima A larva livre-natante da Hickman, C. P.; Roberts, L. S.; Larson, 2003. A.
maioria das esponjas é a parenquímula. Os co- Princípios Integrados de Zoologia. 11a ed. Ed.
anoflagelados apresentam características que Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 846 p.
os relacionam com as esponjas, verificando-se
que as células com colarinho são muito simila- Ruppert, E. E.; Fox, R. S.; Barnes, R. D. 2004.
res às células coanócitos das esponjas. Zoologia dos Invertebrados. 7a ed. Roca, S.
Paulo, 1023p.

ATIVIDADES DE LINKS
AVALIAÇÃO www.biodidac.bio.uottawa.ca
www.ufba.br/~zoo1
1. Comente sobre os tipos de reprodução e o
padrão de crescimento das esponjas. SAIBA MAIS
2. Comente sobre a origem das esponjas e FILO PORIFERA: AS ESPONJAS. Capítulo 12. In:
por que estão classificadas como Parazoa. Hickman, C. P.; Roberts, L. S.; Larson, 2003. A.
Princípios Integrados de Zoologia. 11a ed. Ed.
3. No Filo Porifera, quais são as células en- Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 846 p.
contradas em:
a) epiderme PORIFERA. Capítulo 5. In Ruppert, E. E.; Fox, R.
b) mesohilo S.; Barnes, R. D. 2004. Zoologia dos Inverte-
c) câmaras flageladas brados. 7a ed. Roca, S. Paulo, 1023p.

FILO PORIFERA: AS ESPONJAS. Capítulo 6. In:


4. Defina: gêmula, espícula, espongina. BRUSCA, R. C.; BRUSCA, G. J. Os invertebra-
dos. Editora Guanabara-Koogan, Rio de Janei-
5. Qual o tipo corpóreo das esponjas que ro, RJ, 2ª ed., 2007. 968 p.
permitiu um aumento na massa corporal?
39

capítulo 4
Animais Radiais:
Cnidaria e Ctenophora

Profa. Dra. Betty Rose de Araújo Luz Carga Horária I 15h

OBJETIVO
Ao final desse capítulo, você deverá ser
capaz de:

• Entender o conceito de simetria radial.

• Reconhecer a diversidade de células en-


contradas nos cnidários.

• Reconhecer os tipos de organização cor-


poral Pólipo e Medusa.

• Reconhecer as estratégias desenvolvidas


pelos cnidários e ctenóforos para realizar
suas funções vitais.

• Diferenciar a morfologia de pólipos e me-


dusas, segundo as Classes.

INTRODUÇÃO
Este capítulo apre-
senta os Filos Ra-
diados Cnidária e
Ctenophora e suas
adaptações morfo-
lógicas e fisiológi-
cas. FIGURA 1

Figura 1 – Representantes do filo Cnidaria: anemona-do-mar e


medusa.
40
capítulo 4

FIGURA 2 • a organização multicelular, com cada uma


de suas célula, desempenhando funções
distintas,

• a presença de colágeno, uma proteína


fibrosa,

• a presença de espermatozóides uniflage-


lados.

Os Eumetazoa estão classificados em dois ra-


mos: os animais com simetria radial e os ani-
mais com simetria bilateral. Os organismos
Figura 2 - Representante do Filo Ctenophora, Pleurobra- com simetria radial estão reunidos no grupo
chia
dos Radiata: Cnidária e Ctenophora. Apresen-
tam os corpos radialmente simétricos tanto
interna quanto externamente. Os demais filos
Os conteúdos são apresentados de tal manei-
metazoários têm simetria bilateral, pelo me-
ra que você possa compreender que os filos
nos, durante algum período do seu ciclo de
radiados são considerados os primeiros meta-
vida. Os Echinodermata, como as estrelas-do-
zoários com cavidade digestiva, tecidos verda-
-mar, têm simetria radial quando adultos, em-
deiros e que apresentam um maior grau de di-
bora todos tenham simetria bilateral na fase
ferenciação não somente das regiões corporais
de larva. FIGURA 3
como também das células e tecidos.

1. INTRODUÇÃO
A ausência de cavidade digestiva, músculos
e sistema nervoso nas esponjas e placozórios
distingue esses organismos dos demais meta-
zoários. Por essa razão, eles são classificados
como Parazoa (que significa “ao lado”); porém
são considerados o grupo-irmão dos Eumeta-
zoa (que significa animais verdadeiros), que
inclui todos os demais animais multicelulares Figura 3 – Simetria radial da anemo-
na-do-mar.
conhecidos.

Nos organismos classificados como Eumeta- DESTAQUE


zoa, os tecidos e os órgãos, como intestino,
sistema nervoso, musculatura e gônadas, es- A simetria radial é uma forma de organização
tão localizados ao longo de eixos corporais corporal na qual as partes de um animal estão
definidos. Comparados com as esponjas, os arranjadas em torno de um eixo oral-aboral
organismos eumetazoários apresentam um e localizada s em planos de simetria, que são
maior grau de diferenciação não somente das imagens especulares das demais.
regiões corporais como também das células e
tecidos. 1.1 INTRODUÇÃO
DESTAQUE O Filo Cnidário (do grego knide, irritante, +
do latim ária, como ou conectado com) está
Metazoa é um grupo monofilético. Vários ca- representado por, aproximadamente, 10000
racteres são propostos como sendo sinapo- espécies com um grau de organização e com-
mórficos para todos eles: plexidade superior ao dos poríferos. Os orga-
41

capítulo 4
nismos pertencentes a este Filo são também voros ou suspensívoros; alguns com algas
chamados de Coelenterata (do grego koilos, simbióticas intracelulares: as zooxantelas.
oco + enteron, intestino).
• Tamanho: pólipos e medusas apresentam
São animais metazoários com a mais simples desde tamanho microscópico até medusas
complexidade morfológica, mas apresentam de 2 metros de diâmetro e tentáculos de 25
organização ao nível de tecido, na qual há es- metros; as colônias atingem vários metros.
pecialização de células e grupos de células. Ce-
lenterado, significa dotado de cavidade intes- 1.3 CARACTERES
tinal (ou digestiva). Considera-se atualmente MORFOLÓGICOS
que os celenterados foram, do ponto de vista
evolutivo, os primeiros animais que desenvol- A) TIPOS ESTRUTURAIS
veram um tubo digestivo.
Os cnidários caracterizam-se por apresentar,
A maioria dos cnidários vive em ambiente ma- em seu ciclo de vida, dois tipos estruturais que
rinho, embora existam representantes de água podem se alternar dentro de um mesmo gru-
doce. Muitos deles formam colônias gigantes- po ou dominar em outros grupos. Esses tipos
cas, como os corais. Possuem cores e formas estruturais são denominados de pólipo e me-
diversas e muito atraentes. Algumas formas dusa. FIGURA 4
são livres e se movimentam por jatopropulsão,
como as medusas, e outras são sésseis, como
os pólipos.

1.2 CARACTERÍSTICAS DO
FILO CNIDARIA
• Representantes: medusa, anemôna-do-
-mar, coral, hidra, hidróides, leques do
mar, sifonoforos e zoantídeos.

• Colônias com reprodução assexuada.

• Dimorfismo (alternância de gerações): pó-


lipo e medusa. Figura 4 – Um pólipo da classe Anthozoa

• Diploblásicos, metazoários, simetria radial


primária.
1.Pólipo: está adaptado para uma vida seden-
• Tentáculos com estruturas perfurantes ou tária ou séssil. Tem o corpo de forma tubular,
adesivas chamadas CNIDA. com uma aberturaem uma das extremidades
(boca) rodeada por tentáculos, denominada
• Cavidade gastrovascular como cavidade de superfície oral. A extremidade oposta, so-
corporal. bre a qual o animal repousa sobre o substrato,
é a superfície aboral. Os pólipos podem viver
• Camada corporal intermediária derivada isolados, como as anêmonas-do-mar ou for-
da Ectoderme, chamada Mesênquima ou mar colônias, como nos recifes de coral. As
Mesogléia. colônias da classe Hydrozoa podem apresen-
tar pólipos diferenciados morfologicamente
• Não possuem: cefalização, sistema nervo- e adaptados para desempenhar funções dife-
so centralizado, órgãos respiratório, circu- renciadas, como alimentação, os gastrozóides,
latório e excretor. reprodução, os gonozóides ou defesa. Alguns
pólipos locomovem-se deslizando ou dando
• Marinhos, poucos em água doce, sésseis cambalhotas ou podem usar seus tentáculos
(pólipos) ou planctônicos (medusas), carní- como pernas. FIGURA 5
42
capítulo 4

2. TIPOS CELULARES
2.1 CÉLULAS DA EPIDERME
1. Células mioepiteliais: musculares, proteção
e cobertura corporal; são consideradas como
as células musculares mais primitivas entre
os Metazoa. Possuem extensões contráteis
na sua base: os mionemos. Quando estão
localizadas na epiderme, são chamadas de
epitélio-musculares e, quando localizadas na
gastroderme são denomonadas de nutritivo-
Figura 5 – Morfologia da colo-
nia da Classe Hydrozoa. -musculares. Os mionemos de células vizinhas
encontram-se conectados entre si, podendo
formar lâminas longitudinais ou circulares
com a capacidade de se contrair como autên-
2. Medusa: está adaptada para uma nadar ticas camadas musculares.
livremente. Tem o corpo em forma de disco,
guarda-chuva ou caixa, a boca está voltada 2. Intersticiais: originam óvulos e espermato-
para baixo (superfície oral), sendo rodeada pe- zóides e são totipotentes.
los tentáculos. A medusa é solitária, ou seja,
na sua grande maioria, não formam colônias 3. Cnidócito ou Cnidoblasto: defesa, captura
e se reproduzem sexuadamente, lançando os de presas, fixação; a maioria têm diferentes to-
gametas na água. FIGURA 6 xinas, algumas podem afetar seres humanos.
Podem ser de três tipos:

3.1. Nematocistos: uma cápsula com paredes


duplas, contendo uma mistura tóxica de fenóis
e proteína;

3.2. Espirocistos: uma cápsula com paredes


simples contendo mucoproteína ou glicopro-
teína, forma túbulos adesivos que envolvem a
presa. Ex. Zoanthus;

3.3 Pticocistos: uma cápsula tubular, sem es-


Figura 6 – Aurelia, uma medusa da classe Scyphozoa.. pinhos, adesivos. Túbulos adesivos. Ex. Ordem
Ceriantharia;

4. Células glandulares: muco secretora.


B) ESTRUTURA CORPORAL
5. Células sensoriais ou nervosas.
1. A Parede do corpo
2.2 CÉLULAS DA GASTRODERME
As células dos cnidários estão organizadas em
tecidos. Entre a camada externa da epiderme 1. Nutritivo-musculares: flageladas, movimen-
e a interna da gastroderme, situa-se uma ca- tam o bolo alimentar;
mada intermediária, de origem ectodérmica,
chamada mesogléia. Esta camada contém 2. Glandulares enzimáticas: produzem enzi-
secreções translúcidas (transparentes) e fre- mas para a digestão extracelular;
qüentemente células soltas, embora não seja
organizada como um tecido. A gastroderme 3. Muco secretoras: protegem a cavidade
preenche a cavidade gastrovascular. gástrica;
43

capítulo 4
4. Nervosas: em pequena quantidade.

2.3 MESOGLÉIA
A camada intermediária pode variar nos tipos
estruturais dos cnidários. Pode ser muito sim-
ples, gelatinosa e acelular como nos peque-
nos pólipos das colônias de hidrozoários. Nas
medusas verdadeiras, cifomedusas e cubome-
dusas, a mesogléia é muito espessa e contém
células esparsas. Nos pólipos anthozoários
(anêmonas e corais) é um mesênquima, fre-
qüentemente espesso e rico em células.
Figura 7 – A célula Cnidoblasto após estimulada lança um
filamento com toxinas.
DESTAQUE

Mesênquima é um tecido conectivo primitivo


derivado total ou parcialmente da ectoderme
e localizado entre a epiderme e a gastroderme
(endoderme). É geralmente formado por uma
4. A ESTRUTURA DE UM
matriz gelatinosa e não-celular, denominada PÓLIPO
de mesogléia, e por vários tipos de células e
produtos celulares (como fibras colágenas). Os pólipos apresentam uma diversidade mor-
Quando o material celular. fológica maior do que as medusas. Reprodu-
zem-se assexuadamente e formam colônias.
O estágio pólipo ocorre nas quatro classes do
Filo Cnidaria. FIGURA 8
3. CNIDAS:
AS ORGANELAS
URTICANTES
As Cnidas são exclusivas dos cnidários. Têm
uma variedade de funções: captura de presas,
defesa, locomoção e fixação. São produzidas
nas células denominadas de cnidoblastos, que
se originam de células intersticiais na epider-
me ou na gastroderme. As células com as cni-
das são chamadas de cnidócitos. As cnidas se
compõem de uma cápsula intracelular e com
paredes compostas por proteínas semelhan-
tes ao colágeno. A cápsula contêm um longo Figura 8 – Morfologia de um pólipo.
túbulo enrolado, que pode ser evertido (colo-
cado para fora) quando estimulado mecanica-
mente, em uma cerda semelhante a um cílio, A simetria básica é a radial, podendo estar mo-
o cnidocílio. dificada em birradial ou quadrirradial. O eixo
do corpo é longitudianal, ligando a superfície
Os cnidócitos são mais abundantes na epider- oral, na qual se encontra a boca, com a su-
me da região oral e dos tentáculos, onde ocor- perfície aboral, a base do pólipo. A base do
rem em grupos ou estruturas denominadas pólipo pode ser um disco pedal, para fixação
“baterias de nematocistos”. FIGURA 7 em substratos duros (rochas, recifes de arenito
ou corais); pode ser uma estrutura arredonda-
da, a fisa, adaptada para cavar e se fixar em
44
capítulo 4

substratos inconsolidados (areia, cascalho) ou As medusas possuem uma camada grossa e


pode ser um estolão ou pedúnculo nas formas gelatinosa de mesogléia acelular ou um me-
coloniais. sênquima parcialmente celular. A superfí-
cie convexa superior (aboral) é denominada
A boca está situada em uma elevação da su- exumbrela; a superfície côncava inferior (oral)
perfície oral, o hipostômio ou manúbrio (em é a subumbrela. A boca se localiza na parte
Hydrozoa) ou em um disco oral achatado (em central da subumbrela, geralmente na extre-
Anthozoa). Esta única abertura funciona como midade de uma extensão tubular e pendente,
boca e ânus. o manúbrio. A cavidade gastrovascular ocupa
a região central da umbrela e se ramifica por
A faringe é muscular e comunica-se com a meio dos canais radiais. As superfícies exter-
cavidade gastrovascular. A faringe possui vá- nas são revestidas por epiderme e as internas,
rios sulcos ciliados, as sifonóglifes, que con- por gastroderme.
duzem água para dentro da cavidade gastro-
vascular, que serve para circulação, digestão e
distribuição do alimento. Esta cavidade pode
se apresentar como um tubo simples ou es-
6. SUSTENTAÇÃO
tar subdividida por mesentérios longitudinais. CORPORAL
Os mesentérios são projeções da parede in-
terna do corpo que se estendem em direção Ocorre uma grande variedade de mecanismos
à faringe; estão revestidas por gastroderme e de sustentação. Os pólipos dependem do ce-
preenchidas por mesênquima. Os mesentérios lêntero (cavidade gastrovascular) preenchido
são chamados de completos, quando chegam com água e comprimida pela musculatura cir-
até a faringe; caso contrário, são chamados de cular e longitudinal do corpo. O mesênquima
incompletos. A gastroderme pode apresentar pode apresentar fibras colágenas. Os pólipos
canais ramificados (Scyphozoa). coloniais podem incorporar partículas de se-
dimento e fragmentos de conchas na coluna.
Nos Anthozoa, a borda interna dos mesen- Os hidrozoários coloniais produzem um peris-
térios é espessa, com cnidas, cílios e células sarco flexível e córneo, composto por quitina,
glandulares, sendo chamada de filamento me- secretada pela epiderme.
senterial. Em alguns casos, prolongam-se for-
mando longos fios, os acôncios¸ que atuam Nas medusas, a camada de mesogléia atua
na defesa e alimentação. como mecanismo de suporte e pode variar de
fina e flexível a um mesênquima fibroso, gros-
so e enrijecido, com consistência quase carti-
laginosa.
5. A ESTRUTURA DE
UMA MEDUSA As estruturas esqueléticas duras são de três
tipos fundamentais: estruturas axiais córneas
As medusas são formas de vida livre que ocor- compostas de proteínas e polissacarídeos (ex.
rem em todas as classes de Cnidaria, exceto gorgônias), escleritos calcários apresentando
Anthozoa. As várias formas e cores e esque-
leto de carbonato de cálcio
medusas são
(CaCO3) na maioria da classe
menos diver- Anthozoa e em alguns repre-
sificadas nas sentantes da classe Hydrozoa.
suas formas
do que os póli- A estrutura do esqueleto dos
pos. FIGURA 9 corais escleractínios é chama-
da de coralo¸ e o esqueleto
de um único pólipo é deno-
minado de coralito. O coralito
Figura 9 - Morfologia de uma medusa da classe Scyphozoa protege o pólipo, quando o
45

capítulo 4
pólipo se contrai, ele fica completamente den- capturar alimento e retrair a parte superior do
tro do coralito. A parede externa do coralito é pólipo durante a contração do corpo. Essas
a teca, o assoalho é a placa basal. As paredes atividades são realizadas pelos músculos epi-
internas do coralito e a placa basal originam dérmicos e pelos músculos gastrodérmicos da
numerosas divisórias calcárias dispostas radial- coluna. Existem, também, músculos circulares
mente: os septos. FIGURA 10 que, trabalhando em conjunto com o esque-
leto hidrostático, distendem os tentáculos e o
corpo.

Os cnidários se locomovem de várias formas:


rastejamento lento com o disco pedal, deslo-
camento em “cambalhotas”, utilizando os ten-
táculos, natação com movimentos de flexão
da coluna corporal, natação com auxílio dos
tentáculos e formação de uma bolha de gás
na base do pólipo, permitindo sua flutuação.
Porém essas atividades são temporárias, geral-
mente para fugir de um predador.

Figura 10 – Coralito da classe Anthozoa. 7.1 FISIOLOGIA DOS


CNIDÁRIOS
7.1.1. ALIMENTAÇÃO E DIGESTÃO
7. REDE NERVOSA E
MOVIMENTO A maioria dos cnidários é carnívora. As presas
são capturadas com os tentáculos que as para
Os cnidários embora possuam células nervo- a boca onde são ingeridas inteiras. A diges-
sas, não desenvolveram um sistema nervoso tão inicial é extracelular e ocorre na cavidade
central. As fibras nervosas dos cnidários não gastrovascular, onde há produção de enzimas
são cobertas por bainhas de material isolante, resultando em um caldo composto por poli-
e a maioria das junções nervosas transmite im- peptídios, gorduras e carboidratos. Em muitos
pulsos em duas direções. Esse plexo (rede) ner-
voso é encontrado tanto na base da epiderme grupos, cílios ou flagelos auxiliam a misturar
quanto da gastroderme, estando interconecta- os conteúdos na cavidade gastrovascular. As
das. Os impulsos nervosos são transmitidos de células nutritivo-musculares absorvem os nu-
uma célula para outra através da liberação de trientes por fagocitose ou pinocitose. A diges-
um neurotransmissor, por pequenas vesículas tão se completa intracelularmente, no interior
localizadas ao lado da sinapse ou da junção. de vacúolos alimentares. Os dejetos não dige-
ridos são eliminados pela boca.
A rede nervosa mantém o ritmo da contração
da umbrela das medusas resultando no movi- Muitos corais se alimentam de matéria orgânica
mento natatório. Células sensíveis à luz e ao em suspensão na água: são os suspensívoros.
movimento nas bordas de muitas medusas Produzem uma rede de muco que cobre a
atuam como estruturas de orientação da di- superfície da colônia e coleta as partículas ali-
reção do movimento. Ao redor da margem da mentares diretamente, na coluna d’água.
umbrela, as fibras musculares formam lâminas
circulares denominadas de músculos coronais. Muitos cnidários, particularmente os antozo-
As contrações desses músculos produzem con- ários e algumas medusas, dependem de di-
trações rítmicas da umbrela, expelindo para noflagelados simbiontes em seus tecidos, as
fora a água contida na subumbrela e movendo zooxantelas, para sobreviverem. Esses protistas
o animal por jato-propulsão. realizam fotossíntese no interior dos tecidos e
fixam compostos de carbono para seus hos-
A maior parte dos pólipos é sedentária ou sés- pedeiros. Alguns dependem totalmente das
sil. Eles movimentam-se, principalmente, para zooxantelas, outros capturam presas e com-
46
capítulo 4

plementam sua dieta com a atividade das zoo- 2. Nas medusas cifozoárias, um pequeno pó-
xantelas. Corais que vivem em grandes pro- lipo denominado cifístoma produz por um
fundidades onde não existe luminosidade não processo de repetidas fissões transversais, a
dependem das zooxantelas, ao contrário dos estrobilização, jovens medusas denominadas
corais formadores de recife, razão por que so- de éfiras. As éfiras se desenvolvem em cifo-
mente podem existir em águas rasas. A perda medusas adultas e ficam sexualmente maduras
das algas simbiontes, chamada de “branquea- após cerca de alguns meses ou anos, depen-
mento dos corais”, causa a morte dos pólipos dendo da espécie. As cifomedusas são dióicas
e, conseqüentemente, dos recifes. e liberam seus gametas na água, onde ocor-
re a fecundação que dará origem a uma larva
7.2 EXCREÇÃO E TROCAS plânula. FIGURA 12
GASOSAS
Não existem órgãos respiratórios ou excreto-
res. As trocas gasosas (obtenção de O2 e elimi-
nação de CO2) acontecem por difusão simples
assim como a eliminação de resíduos metabó-
licos (principalmente amônia).

7.3 REPRODUÇÃO E
DESENVOLVIMENTO
Nos cnidários, a reprodução está caracteriza-
da pela alternância de gerações entre pólipo
e medusa. O estágio pólipo se reproduz as-
sexuadamente, alternando-se com o estágio
medusa sexuado, que produz a larva plânula.
FIGURA 11

Figura 12 – Ciclo de vida de Aurelia da classe Scyphozoa.

Pouco se conhece sobre a reprodução das me-


dusas cubozoárias. Cada pólipo se transfor-
ma diretamente em uma única cubomedusa,
sem sofrer
estrobiliza-
ção. Algumas
transferem di-
retamente es-
Figura 11 – A larva Planula permatozói-
des para uma
fêmea próxi-
São muitas as variações nos ciclos de vida, a
ma na água.
saber:
FIGURA 13
1. Os pólipos dos hidrozoários se reproduzem
por brotamento; nas espécies coloniais de póli-
pos denominados gonozoóides, brotam jovens
hidromedusas de vida livre, que posteriormen-
te se reproduzem sexuadamente, originando a
larva plânula, que se fixa ao substrato origi-
Figura 13 – Uma cubomedusa da classe
nando novas colônias. Cubozoa.
47

capítulo 4
Os antozoários se reproduzem sexuadamente, • Sem pólipo, somente medusa. Ex. Aglaura
por fertilização interna ou externa. As células
reprodutivas são geradas nos mesentérios. • Sem medusa. Ex. Hydra
Na fertilização interna, os ovos são incubados
pelo pólipo durante dias ou semanas. Uma • Pólipo e medusa, com pólipo reduzido. Ex
larva livre natante é liberada na água e se fixa Crapedacusta
no substrato. Na fertilização externa, os óvu-
los e espermatozóides são liberados na água e 2. Classe Anthozoa
os ovos fertilizados desenvolvem-se em larvas Pólipos solitários ou coloniais, sem etapa me-
livre-natantes. dusóide. Cavidade gastrovascular dividida por
septos ou mesentérios. Gônadas gastrodérmi-
Alguns corais são hermafroditas. Ambos os se- cas. Mesogléia fibrosa, celular. Hábitos: sésseis,
xos ocorrem em uma colônia ou uma colônia natação (Boloceroides),escavador (Cerianthus).
pode ser constituída de indivíduos do mesmo Três Subclasses, treze Ordens:
sexo. A desova é geralmente simultânea, os
pólipos liberam os gametas na água, ao mes- Subclasse Octocorallia (= Alcyonaria)
mo tempo. Esse processo depende de quatro
fatores: época do ano, temperatura da água, • Ordem Alcyonacea
ciclos da maré e ciclos lunares. As desovas de • Ordem Gorgonacea
maior sucesso ocorrem quando há pequena • Ordem Helioporacea
variação entre a baixamar e preamar, porque, • Ordem Pennatulacea
quando a movimentação da água sobre a co- • Ordem Protoalcyonaria
lônia é menor, é maior a probabilidade de os • Ordem Stolonifera
óvulos serem fecundados. • Ordem Telestacea

Os corais podem se reproduzir assexuadamen- Subclasse Hexacorallia (= Zoantharia)


te, por brotamento, que ocorre quando um pó-
lipo gera um broto a partir da parede do corpo, • Ordem Actiniaria
para formar um novo indivíduo. O broto pode • Ordem Scleractinia (= Madreporaria)
se replicar várias vezes e ainda manter as co- • Ordem Zoanthidea
nexões tissulares com a colônia. Depois o mes- • Ordem Corallimorpharia
mo pólipo pode se reproduzir sexuadamente.
Subclasse Ceriantipatharia
CLASSIFICAÇÃO

Segundo Ruppert, Fox & Barnes, 2004 • Ordem Anthipatharia


• Ordem Ceriantharia
1. Classe Hydrozoa
Solitários ou coloniais. Mesogléia acelular. Ciclo de vida: somente fase pólipo, sem me-
Gastroderme sem nematocistos. Gônadas epi- dusa. Reprodução sexuada ou assexuada por
dérmicas ou gastrodérmicas. Pólipo e medusa brotamento.
no ciclo de vida. Cinco Ordens:
3. Classe Cubozoa
• Ordem Hydroida Umbrela quadrada em seção transversal. Ten-
• Ordem Trachylina táculos localizados nas extremidades da um-
• Ordem Siphonophora brela. Os pólipos produzem uma única medu-
• Ordem Chondrophora sa. Uma única Ordem: Cubomedusae.
• Ordem Actinulida
4. Classe Scyphozoa
CICLOS DE VIDA São as chamadas medusas verdadeiras. Tipo
estrutural dominante: medusa. Mesogléia ace-
• Colônia de pólipos (brotamento) medusas lular: gelatinosa, espessa, fibrosa. Ropálio, na
(sexuadas) ovo plânula pólipo colônia hi- borda da umbrela com função sensorial. Ne-
dróide jovem .Ex. Obelia matocistos na cavidade gastrovascular. Os pó-
48
capítulo 4

lipos produzem medusas por brotamento, no


processo de estrobilização. Quatro Ordens:

Ordem Stauromedusae
Ordem Coronatae
Ordem Semaeostomae
Ordem Rhizostomae

CICLOS DE VIDA:

1. Medusa (sexuada) -> ovo fecundado ->


larva plânula -> pólipo (cifístoma) -> es-
tróbilo éfira (medusas jovens)

2. Medusa adulta (sexuada) -> ovo fecunda- Figura 15 – A célula colócito do filo
do ->larva plânula -> éfira medusa adulta Ctenophora.

FILO CTENOPHORA
4. estatocisto, órgão situado no pólo aboral
Os ctenóforos são monofiléticos e formam um que contém um estatólito, o qual auxilia o
pequeno filo com cerca de 100 espécies atuais. batimento dos cílios nos pentes e no equi-
São todas marinhas, planctônicas, biolumines- líbrio do animal.
centes, predadoras do zooplâncton e de ovos
e larvas de peixes. FIGURA 14 Com os cnidários compartilham a organiza-
ção diploblástica, cavidade única funcionando
como boca e ânus, cavidade gastrovascular
com canais ramificados. Certas similaridades
podem ser convergentes, refletindo adapta-
ções aos seus estilos de vida. Exibem diferen-
ças bastante curiosas:

1. reprodução assexuada pouco desenvolvida;

Figura 14 – Morfologia de Pleurobrachia do 2. todos são hermafroditas;


filo Ctenophora.

3. clivagem especial birradial, altamente de-


O corpo é muito transparente, frágil, de difícil terminada (em geral a clivagem radial é
coleta e preservação. Apresentam 4 caracteres indeterminada);
diagnósticos:
4. os colócitos não são homólogos aos cni-
1. 8 fileiras verticais com cílios fusionados, os dócitos;
pentes (Gr. ctenos = pentes), utilizados na
locomoção; 5. ciclos de vida simples, com fertilização ex-
terna e a presença de uma larva - cidipida,
2. simetria birradial, evidenciada pelo sistema pois se assemelha a um ctenóforo adulto
de canais pares, partindo de um estômago da ordem Cydippida.
central;
A evolução do grupo permanece enigmática .
3. células especiais, os colócitos (ou colo- Alguns autores acreditam em sua relação com
blastos), secretoras de substância mucóide os deuterostômios, pois (1) a camada inter-
nos tentáculos dos ctenóforos que os pos- mediária tem células musculares, nervosas e
suem, pois algumas espécies não apresen- mesenquimáticas; (2) a camada intermediária
tam tentáculos; FIGURA 15 desenvolve-se a partir de células do mesênqui-
49

capítulo 4
ma, de modo similar à formação do mesên- ( ) A cavidade gastrovascular está preen-
quima primário em equinodermes. Para estes chida por um tecido gelatinoso denomina-
autores, ctenóforos e equinodermes seriam do mesênquima.
grupo-irmãos.
( ) As anêmonas apresentam os nemato-
cistos concentrados nos tentáculos.
RESUMO ( ) Os corais pétreos produzem tecas qui-
Os organismos com simetria radial estão reu- tinosas onde os pólipos se alojam.
nidos no grupo dos Radiata: Cnidaria e Cte-
nophora. Os Echinodermata, como as estrelas- ( ) Na ordem Octocorallia encontramos
-do-mar, têm simetria radial quando adultos, tentaculos pinados.
mas todos têm simetria bilateral na fase de lar-
va. O Filo Cnidária (do grego knide, irritante, + 5. Na morfologia do Filo Cnidaria, identifi-
do latim ária, como ou conectado com) estão que a Classe que apresenta as estruturas
representados por aproximadamente, 10.000 abaixo relacionadas e dê a função:
espécies com um grau de organização e com-
plexidade superior ao dos poríferos. Repre- Estrutura Classe Função
sentantes: medusa, anemona-do-mar, coral,
Hidrorriza
hidra, hidróides, leques do mar, sifonóforos e
zoantídeos. As colônias apresentam reprodu- Hidrante
ção assexuada. Dimorfismo (alternância de ge- Manúbrio
rações): pólipo e medusa. Diploblásicos, me- Ropálio
tazoários, simetria radial primária. A cavidade
Sifonoglife
corporal é a cavidade gastrovascular. Camada
corporal intermediária derivada da Ectoderme, Coralito
chamada Mesênquima ou Mesogléia. Os dois Óstio
tipos estruturais são denominados de pólipo Cenossarco
e medusa. As medusas são solitárias, ou seja, Gonângio
na sua grande maioria não formam colônias
e se reproduzem sexuadamente, lançando os Estróbilo
gametas na água.

REFERÊNCIAS
ATIVIDADES DE BRUSCA, R. C.; BRUSCA, G. J. Os invertebra-
AVALIAÇÃO dos. Editora Guanabara-Koogan, Rio de Janei-
ro, RJ, 2ª ed., 2007. 968 p.
1. Denomine e faça a distinção entre as clas-
ses do filo Cnidaria. Hickman, C. P.; Roberts, L. S.; Larson, 2003. A.
Princípios Integrados de Zoologia. 11a ed. Ed.
2. Quais as células encontradas na epiderme Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 846 p.
e na gastroderme no Filo Cnidaria?
Ruppert, E. E.; Fox, R. S.; Barnes, R. D. 2004.
3. Cite as etapas do ciclo de vida de uma co- Zoologia dos Invertebrados. 7a ed. Roca, S.
lônia hidróide. Paulo, 1023p.

4. Responda Verdadeiro ou Falso para as afir- LINKS


mações sobre a Classe Anthozoa:
www.biodidac.bio.uottawa.ca
( ) São cnidários polipóides solitários ou www.ufba.br/~zoo1
coloniais, nos quais o estágio meduzóide http://www.buschgardens.org/infobooks/
está ausente. Coral
50
capítulo 4

http://www.ucmp.berkeley.edu/cnidaria Cloroplasto - plastídio presente no citoplasma


www.pt.wikipedia.org/wiki/cnidaria das células vegetais que contém principalmen-
te clorofila e outros pigmentos.
SAIBA MAIS
Complexo apical - combinação de organelas en-
ANIMAIS RADIAIS. Capítulo 13. In: Hickman, contradas em protozoários do filo Apicomplexa.
C. P.; Roberts, L. S.; Larson, 2003. A. Princípios
Integrados de Zoologia. 11a ed. Ed. Guanaba- Dimorfismo - a existência de duas formas dis-
ra Koogan, Rio de Janeiro, 846 p. tintas em uma espécie com respeito à cor,
sexo, estrutura orgânica, etc. Em Cnidários a
CNIDARIA. Capítulo 7. In Ruppert,E. E.; Fox, R. existência dos tipos pólipo e medusa.
S.; Barnes, R. D. 2004. Zoologia dos Inverte-
brados. 7a ed. Roca, S. Paulo, 1023p. Dióicos - são todos os animais de sexos se-
parados, que realizam apenas a fecundação
FILO CNIDARIA. Capítulo 8. In: BRUSCA, R. cruzada.
C.; BRUSCA, G. J. Os invertebrados. Editora
Guanabara-Koogan, Rio de Janeiro, RJ, 2ª ed., Esclerito - uma placa ou espícula calcária ou
2007. 968 p. quitinosa dura.

Fibrila - Um filamento de protoplasma produ-


GLOSSÁRIO zido no interior de uma célula.

Filogenia - o estudo da origem, história evolu-


Autótrofo - organismo que produz seus nu-
tiva e a diversificação de um táxon apresenta-
trientes orgânicos a partir de substâncias inor-
do sob a forma de um dendograma.
gânicas, inclui as plantas e os organismos fo-
tossintetizantes.
Hermafroditas dióicos - são animais que, em-
bora produzam gametas masculino e femini-
Axonema - microtúbulos de um cílio ou fla-
no, não se autofecundam, havendo a neces-
gelo, usualmente organizados em forma de
sidade de dois indivíduos para que ocorra a
círculo contendo noves pares de microtúbulos
fecundação, que recebe o nome de fecunda-
que envolvem um par central; podem ser en-
ção cruzada. A fecundação acontece entre os
contrados formando um axópode.
espermatozóides de um animal e os óvulos do
outro e vice-versa. Ex. as minhocas.
Bioluminescência - produção de luz por orga-
nismos vivos, pela conversão de certas proteí-
Hermafroditas monóicos - indivíduo que pro-
nas, as luciferinas, em oxilucuferinas na presen-
duz gametas masculinos (espermatozóides) e
ça de oxigênio e de uma enzima, a luciferase.
femininos (óvulos), que se fundem e originam
um novo indivíduo. Esse evento se chama au-
Blástula - estágio embrionário inicial de vários
tofecundação. Ex. tênia (ou “solitária”).
animais; consiste de uma massa oca de células.
Hermafroditas - são animais que possuem, em
Cefalização - processo pelo qual a especializa-
um mesmo organismo, sistemas reprodutores
ção de órgãos sensoriais e apêndices, localiza-
masculino e feminino.
-os na extremidade anterior dos animais.
Heterótrofo - organismo que obtém tanto ma-
Cinetossomo - organela ou corpúsculo auto-
téria orgânica quanto inorgânica brutas do
duplicável associado à base de um flagelo ou
ambiente para se manter vivo. Inclui os ani-
cílio; similar ao centríolo, também denomina-
mais e os organismos que não realizam fotos-
do de corpo basal ou blefaroplasto.
síntese.
Citoprocto - nos protozoários, o local por onde
Larva - estágio imaturo diferenciado de um
o alimento não digerido é eliminado.
adulto.
51

capítulo 4
Multicelular - organismo constituído de várias
células, apresentando tendência a realizar fun-
ções diferenciadas.

Osmorregulação - a manutenção das concen-


trações internas de água e sal, apropriadas em
uma célula ou no corpo de um organismo; re-
gulação ativa da pressão osmótica interna.

Plâncton - organismos animais e vegetais que


flutuam na camada superficial do oceano, dos
rios e lagos.

Polissacarídeo - carboidrato composto por


muitas unidades de monossacarídeos. Ex. gli-
cogênio, amido e celulose.

Saprozóico - organismo que se alimenta de


matéria em decomposição.

Sedentário - parado, inativo, que se locomove


pouco e a curtas distâncias.

Séssil - organismo preso ao substrato pela


base, fixo, incapaz de se deslocar.

Simbiose - o convívio de duas espécies. O sim-


bionte sempre se beneficia; o hospedeiro pode
ser beneficiado, não ser afetado ou ser preju-
dicado (parasitismo).

Simbiose - a relação entre duas espécies. Sem-


pre existem benefícios para o simbionte (hós-
pede); o hospedeiro pode se beneficiar, não
ser afetado ou ser prejudicado.

Táxon - qualquer um dos grupos ou entidades


taxonômicas.

Taxonomia - estudo dos princípios da classi-


ficação científica; sistemática e nomenclatura
dos organismos.

Undulipódio - estrutura locomotora dos pro-


tistas, formada por microtúbulos envoltos por
uma bainha; inclui os cílios e os flagelos.

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