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Microbiologia Geral

e Clínica Aplicada
à Farmácia
Material Teórico
Crescimento e Controle Microbiano

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Me. Camilla de Paula Pereira Uzam
Prof.ª Dr.ª Roberta Tancredi Francesco dos Santos

Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Crescimento e Controle Microbiano

• As Células: Principais Características das


Células Procarióticas e Eucarióticas;
• Bactérias;
• Fungos;
• Vírus.

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Diferenciar as células eucarióticas e procarióticas;
• Conhecer os fatores e as fases do crescimento dos microrganismos;
• Identificar as principais características dos principais microrganismos.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
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As Células: Principais Características


das Células Procarióticas e Eucarióticas
Como já visto, todos os organismos vivos são formados por células, unidades
microscópicas que se organizam de diferentes formas, formando uma enorme di-
versidade de estruturas e seres vivos. É uma estrutura típica microscópica comum
a todos os seres vivos e, com o avanço da microscopia eletrônica a partir do ano
de 1940, tornou-se viável a visualização de muitas estruturas da célula que seria
impossível no microscópio ótico.

A célula é a menor unidade estrutural e funcional dos seres vivos, sendo definida
como a menor porção de matéria viva. Quando a célula possui uma membrana cir-
culando seu núcleo, é classificada como eucariótica; os organismos que não pos-
suem carioteca (membrana em volta do núcleo) são denominados procarióticos.

Todas as células possuem duas regiões internas principais conhecidas como nú-
cleo e citoplasma. O núcleo, que é circundado pelo citoplasma, contém todas as
informações genéticas do organismo, sendo responsável pela hereditariedade. A
sede primária dos processos de síntese e o centro das atividades funcionais em
geral é o citoplasma.

Nas células denominadas eucarióticas, o núcleo é circundado por uma membrana


denominada de membrana nuclear ou carioteca, dentre elas temos a maior parte
das algas, os protozoários, os fungos. Essas células se assemelham às dos animais e
plantas. Em contraste, as bactérias e o pequeno grupo de algas azuis-verdes se carac-
terizam por células menores, são chamadas procarióticas e, em contrates com as eu-
carióticas, não apresentam membrana nuclear. Nas plantas e alguns microrganismos
é possível ainda observar a presença de uma parede celular, estrutura limitante com o
importante papel de proteção contra injúrias mecânicas que impedem, principalmen-
te, a ruptura osmótica quando a célula é colocada em ambiente com alto teor de água.

Figura 1 – Célula Eucarionte


Fonte: Adaptado de jhussi.org

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Figura 2 – Célula Procarionte
Fonte: Wikimedia Commons

Tabela 1 – Principais diferenças entre microrganismos procariontes e eucariontes


PROCARIONTES EUCARIONTES
Os microrganismos desta classe são mais simples e menores A complexidade dos eucariontes é bem maior, sendo a
quando comparados aos eucariontes. Como estruturas principal diferença o DNA envolto por uma membrana
básicas, além da membrana celular externa, podem denominada carioteca ou membrana nuclear, fazendo
apresentar parede celular. No citoplasma, o DNA (ácido com que o material genético fique isolado do conteúdo
desoxirribonucleico) apresenta-se disperso e não possuem citoplasmático. É possível encontrar nos microrganismos
organelas membranosas. É possível ver os ribossomos, dessa classe diversas organelas revestidas por membranas.
o material genético como uma molécula longa e muito Alguns microrganismos desse grupo podem apresentar
condensada, e os plasmídeos (pequenas estruturas do parede celular, mas de constituição diferente do que as
mesmo material de DNA) dispostos em forma circular. presentes nos procariontes.

A complexidade da célula eucariótica de um protozoário é tão grande, que ela, so-


zinha, executa todas as funções que tecidos, órgãos e sistemas realizam em um ser
pluricelular complexo. Uma única célula é capaz de locomoção, respiração, excre-
ção, controle hídrico, reprodução e relacionamento com o ambiente, que conta com
algumas estruturas capazes de realizar alguns desses papéis específicos, como em
um organismo pluricelular. Segundo a classificação dos seres vivos em cinco reinos
proposta por Whittaker em 1969, o reino dos protistas agrupa organismos eucarion-
tes, unicelulares, autótrofos e heterótrofos. Nesse reino, encontram-se as algas infe-
riores: euglenófitas, pirrófitas (dinoflagelados) e crisófitas (diatomáceas), autótrofas
(fotossintetizantes) e os protozoários que são protistas heterótrofos.

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Bactérias
Quando falamos de bactérias, entramos no campo de estudo das células proca-
rióticas, classificadas inicialmente como reino monera (em desuso). Os integrantes
desse reino foram divididos didaticamente para estudo entre os reinos Bacteria e
Archaea, mas ainda é possível encontrar reino “monera” em diversas literaturas,
então manteremos as duas classificações em nosso material.

Esse grupo é constituído pelas bactérias, cianobactérias e arqueobactérias, sen-


do todos seres unicelulares, constituídos por uma membrana plasmática, e externa-
mente a elas há uma parede celular além do conteúdo citoplasmático. Esses seres
microscópios são muito pequenos, com seu tamanho variando de 0,2 a 2,0μm de
diâmetro e de 2 a 8μm de comprimento – para se ter uma ideia, um óvulo humano
(célula eucarionte) tem em média 100 μm.

Figura 3 – A figura a seguir ilustra em maior proporção, a diferença entre o tamanho


de uma célula procarionte (1) com um óvulo de uma célula eucarionte (2)

As bactérias (do grego bakteria: ‘bastão’) são encontrados em todos os ecos-


sistemas da Terra e são de grande importância para a saúde, meio-ambiente e a
economia. São encontradas em qualquer tipo de meio: mar, água doce, solo, ar e,
inclusive, no interior de muitos seres vivos. Desempenham papéis como:
• Decomposição de matéria orgânica morta, que pode acontecer tanto em am-
bientes com oxigênio (por um processo aeróbico), quanto em ambientes sem
oxigênio (processo anaeróbico);
• Produção de alimentos (artesanais ou industriais), como queijos, coalhadas, iogurtes;
• Diversas fases do ciclo do nitrogênio, fundamental para possibilitar que o nitro-
gênio atmosférico seja utilizado pelas plantas;
• Engenharia Genética e Biotecnologia para a síntese de várias substâncias, en-
tre elas a insulina e o hormônio de crescimento;
• E não podemos deixar de citar o papel das bactérias no desenvolvimento de
doenças, como agentes causadores.

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As bactérias são microrganismos unicelulares, procariotos que podem viver iso-
ladamente ou construir agrupamentos coloniais de diversos formatos. A seguir es-
tão descritas algumas características de sua estrutura:
• Membrana plasmática: possui invaginações e dobramentos, denominados
mesossomos, que são responsáveis pela respiração celular. Localiza-se imedia-
tamente abaixo da parede celular. A membrana citoplasmática é o local onde
ocorre a atividade enzimática e o transporte de moléculas para o interior e
exterior da célula;
• Citoplasma: matriz nutritiva, semifluida, gelatinosa, local de ocorrência das
reações químicas e onde estão inseridos os ribossomos e grânulos conten-
do substâncias armazenadas, como amido, lipídios e ferro. Dispersos no ci-
toplasma, há também uma longa cadeia de DNA condensada e aderida à
membrana celular, responsável por transmitir as características hereditárias.
Algumas espécies possuem o plasmídeo, que é um tipo de DNA circular que
proporciona às bactérias resistência aos antibióticos;
• Parede celular: é uma estrutura que define a forma celular, sendo semirrígida
e constituída de mureína (peptideoglicano). A estrutura é tão rígida que mesmo
altas pressões ou condições físicas adversas raramente mudam a forma das
células bacterianas. Sua existência é essencial para o crescimento e a divisão
da célula. Apresentam camadas de diferentes substâncias que variam de acordo
com o tipo de bactéria e são barreiras para entrada e saída de outras substâncias.

Figura 4 – Estrutura geral procarionte


Fonte: khanacademy.org

Outras estruturas podem também ser visualizadas, entre elas:


• Glicocálice: envoltório externo à membrana plasmática, formado basicamente
de açúcares, que ajuda a proteger a superfície celular contra lesões mecânicas
e químicas. O glicocálice bacteriano é um polímero viscoso e gelatinoso situa-
do externamente à parede celular. Na maior parte dos casos, ele é produzido

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no interior da célula e excretado para a superfície celular, descrito como uma


cápsula. Em certas espécies, as cápsulas são importantes na patogenicidade
da bactéria (potencial de produzir doenças) e, frequentemente, protegem as
bactérias patogênicas da fagocitose pelas células do hospedeiro;
• Flagelos e cílios: ambos são fundamentais para locomoção do microrganis-
mo. O Flagelo é um longo apêndice filamentoso e os cílios são as projeções
numerosas e curtas lembrando pelos. Existem quatro tipos de arranjos de fla-
gelos, que são: Monotríquio (um único flagelo polar), Anfitríquio (um único
flagelo em cada extremidade da célula), Lofotríquio (dois ou mais flagelos em
cada extremidade da célula) e Peritríquio (flagelos distribuídos por toda célula);
• As bactérias móveis contêm receptores em várias partes de sua estrutura, como
dentro ou logo abaixo da parede celular. Esses receptores captam os estímulos
químicos, como o oxigênio, a ribose e a galactose. Os flagelos, em resposta a
um sinal quimiotático positivo (estímulo químico), fazem com que as bactérias
se movem em direção ao estímulo. Quando o estímulo é negativo ou repelente,
faz com que ocorram desvios, isso aumenta e a bactéria se move para longe
do estímulo;
• Filamentos axiais: são feixes de fibrilas que se originam nas extremidades das
células e fazem uma espiral em torno dessas. A rotação dos filamentos produz
um movimento que propele as espiroquetas (bactérias que possuem estrutura
e motilidade exclusiva), como a Treponema pallidum, o agente causador da sí-
filis, em um movimento espiral. Esse movimento é semelhante ao modo como
o saca-rolha se move, permitindo que as bactérias se movam efetivamente
através dos tecidos corporais;
• Fimbrias e pili: são apêndices semelhantes os pelos mais curtos, mais retos e
mais finos do que os flagelos, são usados para fixação em vez de motilidade.
Essas estruturas, que distribuídas de modo helicoidal em torno de um eixo
central são divididas em fimbrias e pili, possuindo funções diversas, permitem
as células aderirem às superfícies, incluindo as de outras células. As fimbrias
de bactérias Neisseria gonorhoeae, o agente causador da gonorreia, auxiliam
o micróbio a colonizar as membranas mucosas e, uma vez que a colonização
ocorra, as bactérias podem causar doenças. Os pili (singular pilus), normal-
mente, são mais longos do que as fimbrias, havendo apenas um ou dois por
célula. Os pili unem-se às células bacterianas na preparação para transferência
de DNA de uma célula para outra;
• Nucleoide: contém uma única molécula circular longa de DNA de dupla fita, o
cromossomo bacteriano. E a formação genética da célula que transporta toda
informação necessária para as estruturas e as funções celulares;

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• Ribossomos: servem como locais de síntese proteica. São compostos de duas
subunidades, cada qual consistindo em proteínas e de um tipo de RNA deno-
minado ribossômico (RNAr). Os ribossomos procarióticos diferem dos eucarió-
ticos no número de proteínas e de moléculas de RNA. Devido a essa diferença,
a célula microbiana pode ser morta pelo antibiótico, enquanto a célula do
hospedeiro eucariótico permanece intacta;
• Esporos: os esporos se formam dentro da célula bacteriana, chamados de
endósporos, são exclusivos de bactérias. São células desidratadas altamente
duráveis, com paredes espessas e camadas adicionais.

Parede celular
A organização da parede celular bacteriana determinará se ela é gram-positiva
ou gram-negativa.
• Gram-positivas: são mais espessas, pois possuem muitas camadas de pepti-
deoglicanos. Apresentam também em sua estrutura ácidos teicóicos que atuam
no crescimento celular, impedindo a ruptura da parede, além de fornecerem
reconhecimento específico (antigênico) da parede e facilitando a identificação
do tipo de bactéria;
• Gram-negativas: compostas por uma camada mais fina de peptidoglicano,
apresentam uma membrana externa à parede, conectadas a essa por lipopro-
teínas que estabilizam a estrutura. Na membrana externa, encontram-se os
tradicionais fosfolipídios e proteínas de membrana, e o LPS (lipopolissacarídeo
ou lipoglicano). É possível verificar porinas na estrutura de membrana, forman-
do canais que controlam o fluxo de entrada e saída das substâncias na célula
bacteriana. O LPS protege a membrana bacteriana de algumas substâncias
químicas e contribui para a integridade da estrutura da bactéria. Na estrutura
do LPS, a porção denominada “polissacarídeo O” (ou antígeno O) atua como
antígeno e facilita a diferenciação das bactérias gram-positivas, já a porção es-
trutural A é considerada uma endotoxina. No organismo humano, essa toxina
desencadeia forte resposta imunitária, desencadeando sintomas como febre.

Do ponto de vista clínico, a presença da membrana externa é uma característica


que deve ser considerada, pois proporciona uma barreira para diversos antibióticos,
enzimas digestivas e detergentes, além de dificultar a ação do sistema imune, tor-
nando a bactéria mais difícil de combater.

As figuras a seguir demonstram as diferenças estruturais entre as bactérias gram-


-positivas e gram-negativas.

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Figura 5 – Diferenças estruturais entre uma bactéria gram-positiva e gram-negativa


Fonte: Adaptado de semanticscholar.org

Figura 6 – Diferenças estruturais da parede celular de bactérias gram-positiva e gram-negativas


Fonte: USP

O livro de microbiologia do Tortora apresenta um esquema bem interessante da parede ce-


Explor

lular bacteriana na página 82.

Uma caraterística marcante das paredes das bactérias gram-positivas e gram-negati-


vas é o grau de permeabilidade entre elas. As gram-positivas retêm a violeta genciana

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(cristal violeta), resultado de sua espessa camada de peptídeoglicano, apresentando
coloração roxa. Já as bactérias gram-negativas não conseguem reter o cristal violeta
durante o processo de descoloração e, ao final do processo de coloração, apresentam
coloração vermelha. Testes de coloração de gram são muito importantes, pois os meios
de desinfecção e de tratamento são diferentes para as bactérias gram-positivas e gram-
-negativas. A Tabela 2 demonstra as principais diferenças entre as bactérias.

Tabela 2 – Tabela comparativa entre as bactérias gram-positiva e gram-negativa


Característica Gram Positiva Gram Negativa
Retém cristais de violeta Não retém os cristais e recebe
Reação com teste de Gram
e fica roxa-púrpura coloração vermelha
Camada de Peptídeoglicano Grossa Fina
Ácidos Teólicos Presente Ausentes
Lipopolissacarídeo Nenhum Alto
Conteúdo Lipídico e Lipoproteínas Baixo Alto
Fonte: Tortora, Case e Funke (2012, p. 87)

Exemplos de bactérias gram-positivas: Bacillus, Nocardia, Clostridium,


Propionibacterium, Actinomyces, Enterococcus, Cornyebacterium, Listria, Lactobacillus,
Gardnerella, Mycoplasma, Staphylococcus e Streptomyces, Streptococcus.
Exemplos de bactérias gram-negativas: Escherichia, Helicobcater, Hemophilus,
Neisseria, Klebsiella, Enterobacter, Chlamydia, Pseudomonas, Salmonella e Shigella.

Importante! Importante!

Para controle bacteriano, existem os meios químicos e físicos ou ainda a proteção endó-
gena do nosso organismo. Por exemplo, um meio químico muito conhecido é a penicili-
na, que atua na parede celular bacteriana, interferindo na ligação final das filas de pep-
tideoglicanas pelas pontes cruzadas peptídicas. Essa ação leva a um enfraquecimento da
parede celular levando à lise da célula, destruição causada pela ruptura da membrana
plasmática e perda do conteúdo do interior da bactéria.
As substâncias químicas que danificam a parede celular bacteriana ou interferem em
sua síntese, frequentemente, não danificam as células de um hospedeiro animal, pois a
parede celular bacteriana é composta de substâncias diferentes daquelas que estão pre-
sentes nas células eucarióticas; portanto, a síntese da parede celular e o alvo de algumas
drogas antimicrobianas.
Um meio endógeno pelo qual a parede celular pode ser danificada é pela exposição à
enzima digestiva lisozima. Essa enzima ocorre naturalmente em algumas células eucari-
óticas, sendo um constituinte das lagrimas, do muco e da saliva. A lisozima é particular-
mente ativa sobre os principais componentes da parede celular da maioria das bactérias
gram-positivas, tornando-as vulneráveis à lise.
A lisozima catalisa a hidrolise das pontes entre os açúcares nos dissacarídeos repetitivos do
“esqueleto” de peptideoglicano Essa ação é análoga a cortar os cabos de aço que suportam
uma ponte: a parede celular gram-positiva é destruída quase completamente pela lisozima.

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Morfologia bacteriana
Quanto à forma, os microrganismos podem se apresentar como cocos, baci-
los ou espirilos. Os cocos são células geralmente arredondadas, mas podem ser
ovoides ou achatadas em um dos lados quando estão aderidas a outras células.
Os cocos podem aparecer isolados ou unidos a outros cocos, formando as seguin-
tes estruturas:
• Diplococos: apresentam-se em pares;
• Estreptococos: apresentam-se ligados em forma de cadeia;
• Tetrades: se dividem em dois planos e apresentam-se em grupos de quatro;
• Estafilococos: se dividem em múltiplos planos e os visualizamos em cachos
(como cachos de uvas);
• Sarcinas: se dividem em três planos e apresentam-se unidos em forma de
cubo com oito bactérias.

Diplococcos Streptococcos
Figura 7 – Diplococcos e Streptococcos
Fonte: Adpatado de Getty Images

Os bacilos apresentam-se geralmente em forma de cadeias longas e curvadas e


em agrupamentos menores quando comparadas aos cocos. A maior parte dos ba-
cilos é visualizada como bastonetes simples, mas podem ser encontrados em pares
(diplobacilos) ou em cadeias (estreptobacilos).

Podemos ainda encontrar bacilos com formato de “canudinho” ou com extre-


midades cônicas no formato de charuto, ou ovais e muito parecidos com os cocos,
sendo denominados cocobacilos.

As bactérias nunca são retas, possuindo sempre uma ou mais curvaturas. Quan-
do se apresentam no formato de vírgulas, são chamadas de vibriões, em forma
helicoidal rígida, como um saca-rolhas são os espirilos.

Se o grupo de bactérias em formato helicoidal for flexível, são chamados de


espiroquetas. Enquanto os espirilos utilizam um apêndice para movimentação, as

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espiroquetas movem-se utilizando os filamentos axiais que se assemelham a um
flagelo, mas fazem parte da estrutura externa flexível.

Geneticamente, a maior parte das bactérias são monomórficas (mantêm uma


forma única), mas condições ambientais podem alterar sua forma, situação que
dificulta sua identificação. As bactérias pleomórficas (que podem ter muitas formas)
são menos comuns, entre elas o Rhizobium e a Corynebacterium.

De forma resumida, podemos classificar do seguinte modo:


• Cocos: quando são esféricas;
• Bacilos: quando são cilíndricas ou em forma de bastão;
• Espirilos: quando são helicoidais ou espiraladas rígidas;
• Espiroquetas: quando são helicoidais flexíveis;
• Vibriões: forma de vírgula.

Figura 8 – Morfologia bacteriana


Fonte: Getty Images

Estreptococo

Vibriões
Diplococo Cadeia de Bacilo
(estreptobacilo)

Espirilo
Bacilo Flagelado

Forma
F Esporulada
Esp
EEs
Espiroqueta

Figura 9 – Estrutura bacteriana e exemplos de representantes (entre parênteses)


Fonte: Adaptado de Getty Images

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Esporos
Somente alguns tipos de bactérias e fungos formam esporos, uma forma de
proteção para que possam sobreviver em condições adversas. O esporo é uma
estrutura extremamente desidratada que apresenta muito cálcio e ácido dipicolínico
em sua estrutura, mantendo o microrganismo vivo no ambiente por anos. Quando
em condições favoráveis, esses esporos poderão voltar a crescer e se multiplicar.
Explor

Formação de esporo: https://youtu.be/NAcowliknPs

É de grande importância clínica a detecção dessa forma, pois são altamente


resistentes à esterilização e desinfecção. Atualmente, os serviços de saúde buscam
formas de impossibilitar a reversão do microrganismo ao estado vegetativo (ativo),
através do uso de substâncias esporostáticas, esporocidas e/ou esterilizantes.

Controle de microrganismos: entenda as diferenças entre os termos antimicrobiano, esteri-


Explor

lizante, desinfetante, conservante, antisséptico, saneante, microbiocida, germicida, biocida,


entre outros.
Disponível em: http://bit.ly/3bwdZaC

Fases do crescimento bacteriano


As bactérias geralmente se reproduzem por fissão binaria ou por brotamento,
meio de reprodução assexuada de um organismo unicelular, no qual uma célula dá
origem a duas por mitose. Para compreender as fases do crescimento bacterianos,
utilizaremos a situação de bactérias inoculadas em um meio líquido de crescimen-
to, no qual a população é contada em intervalos regulares, sendo possível então
representar graficamente a curva de crescimento bacteriano, demonstrando o
crescimento das células em função do tempo.

São quatro fases básicas de crescimento: fase lag, a fase log, a fase estacionária
e a fase de morte celular.
• Fase lag ou fase de latência: num certo tempo, as células estão em adaptação
ao meio e há pouca mudança na quantidade de células (as células pouco se re-
produzem em um novo meio). Nesse período, há pouca ou nenhuma divisão,
esse pode durar de uma hora a vários dias. A população microbiana passará
então por um período de intensa atividade metabólica, envolvendo a síntese de
enzimas e várias moléculas, uma preparação para a divisão, que será na fase log;
• Fase log ou exponencial: início da divisão celular entrando em um período
de crescimento logarítmico e reprodução extremamente ativa. A reprodução
celular é mais ativa durante esse período e o tempo de geração atinge um valor
constante, fazendo com que, durante a fase log, visualizemos uma linha reta.

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Essa fase é também o momento de maior atividade metabólica, fazendo com
que essa fase seja o foco para produção industrial;
• Fase estacionária: fase de crescimento contínuo, sem controle, em que ocorre
a formação de grande número de células. Ao final do crescimento, há a dimi-
nuição da velocidade de reprodução e o número de morte de microrganismos
se iguala ao número de células novas, fazendo com que o tamanho da popu-
lação se estabilize. O motivo para a interrupção do crescimento muitas vezes
não é claro, sendo o esgotamento de nutrientes e o acúmulo de resíduos duas
explicações aceitas.

9
8
7
6
log UFC/g

5
4
3 FASE LAG FASE FASE FASE DE
EXPONENCIAL ESTACIONÁRIA DECLÍNIO
2
1
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23

Tempo (Horas)
Figura 10 – Curva de crescimento típica de microrganismos em alimentos
expressa em logaritmo de unidades formadoras de colônia/gramas/hora

Controle microbiano
Com a finalidade de controlar o crescimento de microrganismos, aplica-se mé-
todos com o objetivo de destruir, inibir ou remover qualquer espécie, e podem ser
métodos físicos e químicos, como os descritos no Tabela 3.

Tabela 3 – Métodos físico e químicos para controle microbiano


Métodos fisico Métodos químicos
· Calor; Frio; Radiação;
· Alteração dos gases da atmosfera; · Desinfetantes; Antissépticos;
· Dessecação; Ondas ultrassônicas; · Agentes antimicrobianos.
· Filtração.

Assista aos vídeos sobre controle de crescimento microbiano, partes 1, 2 e 3. Disponíveis em:
Explor

https://youtu.be/1xsZBBNbigg
https://youtu.be/49xWsZaGmOM
https://youtu.be/4jpQXLKULVI

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UNIDADE Crescimento e Controle Microbiano

Dos mecanismos de controle citados, o calor é o mais comum, pelo fato de ser
barato e prático. A eficácia da eliminação dependerá do tipo de microrganismo, do
tempo de exposição ao calor e da temperatura à qual foi submetido. Geralmente
quando submetidos a temperaturas mais baixas, os microrganismos apenas di-
minuem seu metabolismo e com isso retardam seu crescimento, porém, alguns
microrganismos, especialmente na forma esporulada, podem ser resistentes a
altas temperaturas.

Em serviços de saúde, a utilização de agentes para controle microbiano, sejam


eles físicos ou químicos, permite manter a integridade do local, dos profissionais e
dos pacientes, reduzir contaminações e garantir a qualidade do atendimento. Cabe
ao profissional de saúde estudar os microrganismos envolvidos em sua atividade e
propor o procedimento adequado de controle de acordo com a característica do
microrganismo e do local.

A maioria das infecções hospitalares ocorre devido à presença de microrganis-


mos endógenos, ou seja, aqueles que fazem parte da microbiota humana ou do
meio ambiente e sua transmissão ocorre através da má higienização das mãos dos
profissionais de saúde, pacientes e visitantes, contaminação de ambientes e equi-
pamentos, esterilização inadequada ou manuseio errado de produtos estéreis, entre
outros. Esses microrganismos podem ser chamados de oportunistas, pois, ao en-
trar em contato com os pacientes geralmente debilitados e imunocomprometidos,
causam infecções que podem ser fatais. Para evitar tais ocorrências, é importante
o conhecimento prévio dos microrganismos quanto à sua estrutura celular e classifi-
cação com relação ao tipo celular, tipo de microrganismos, para assim desenvolver
formas de controle medicamentoso e de assepsia.

Assepsia: conjunto de métodos para impedir a entrada de microrganismos patogênicos em


Explor

determinados locais e assim prevenir infecções.

Para conhecer os meios de assepsia, diferenciaremos os principais termos utilizados:


• Desinfetantes: são substâncias usadas para destruir todas as formas vegetati-
vas de microrganismos em superfícies ou objetos. Esse processo não promove
a esterilização do material;
• Antissépticos: são usados para tratamento e profilaxia em tecidos do organis-
mo, pele e mucosas;
• Sanitizante: é uma substância usada para reduzir o número de microrganis-
mos até um nível considerado seguro. Deve ser capaz de eliminar 99,999% de
uma população específica de bactérias em 30 segundos;
• Detergentes: são substâncias que, quando adicionadas à água, reduzem a ten-
são superficial, aumentando a capacidade de penetração da água e o poder de
remoção da sujeira aderida aos materiais;

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• Esterilização: ato ou processo, químico ou físico, que destrói ou elimina todas
as formas de vida, especialmente os microrganismos.

ALGUNS TIPOS DE DESINFETANTES


Fenol: exerce ação bactericida, principalmente contra bactérias gram-positiva e
fungicida. Já a ação contra vírus depende da formulação.
Halogênios: especialmente produtos contendo iodo e o cloro, são agentes anti-
microbianos eficazes, tanto isoladamente quanto como constituintes de compostos
inorgânicos ou orgânicos.
O iodo (I2) e um dos antissépticos mais antigos e mais eficazes, sendo eficiente con-
tra todos os tipos de bactérias, muitos endosporos, vários fungos e alguns vírus e,
assim como os iodados, os clorados têm ação germicida e poder residual pobre.
O cloro tem boa ação fungicida, algicida, protozoocida, viricida e contra formas ve-
getativas de bactérias, mas não é tão efetivo contra esporos bacterianos; contudo, a
atividade do cloro aumenta na presença de água quente ou fervente.
Clorhexidina: é classificada como uma biguanida e tem ação poderosa contra
bactérias, utilizada principalmente como desinfetante e de forma antiséptica. Tem
eficácia contra microrganismos gram-positivos, gram-negativos (incluindo pseudo-
monas), fungos, leveduras e alguns dermatófilos. Possui baixa toxicidade e é muito
utilizada atualmente na área hospitalar.

Fungos
O estudo dos fungos, foco da micologia, é importante visando tanto a seus bene-
fícios (produção de alimentos e drogas como o álcool e a penicilina) como também
seu papel como agente causador de doenças.

Os fungos são organismos eucarióticos, heterotróficos e, geralmente, multicelu-


lares. São encontrados na superfície de alimentos, formando colônias geralmente
parecidas com algodão. Os bolores, os cogumelos, as orelhas-de-pau e as leveduras
(fermentos) são mais conhecidos e apresentam grande importância ecológica, pelo
seu envolvimento na reciclagem de nutrientes minerais, e econômica por seus be-
nefícios na indústria química, farmacêutica, alimentícia e agrícola. Apesar de terem
sido muitas vezes comparados a vegetais pela presença de uma parede celular em
sua estrutura, esses microrganismos não realizam fotossíntese, sendo categorizados
em um reino à parte, o Fungi.

Os fungos, na maior parte são constituídos por filamentos microscópicos e


ramificados, as hifas. O conjunto de hifas de um fungo constitui o micélio. Os
fungos têm nutrição heterotrófica porque necessitam de matéria orgânica, prove-
nientes dos alimentos, para obtenção de seus nutrientes. A maioria vive no solo,
alimentando-se de cadáveres de animais, de plantas e de outros seres vivos. Esse
modo de vida dos fungos causa o apodrecimento de diversos materiais e por isso

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UNIDADE Crescimento e Controle Microbiano

são chamados de saprofágicos. Certas espécies de fungos são parasitas e outras


vivem em associações harmoniosas com outros organismos, trocando benefícios.

Quando comparamos os fungos com as bactérias, podemos observar que os


fungos são geralmente adaptados a ambientes que poderiam ser hostis às bacté-
rias. São encontrados na superfície de alimentos formando colônias algodonosas
e coloridas.

Figura 11 – Diferentes tipos de fungos


Fonte: Getty Images

Os fungos diferem das bactérias em determinadas necessidades ambientais e nas


características estruturais e nutricionais apresentadas a seguir:
• Apresentam a parede celular com presença de substâncias quitinosas e células
com organelas membranosas (mitocôndrias, complexo de golgi, vacúolo);
• Não possuem células móveis em todos os estágios do ciclo de vida;
• Reserva de energia na forma de glicogênio;
• Os fungos normalmente crescem melhores em ambientes em que o pH é
muito ácido, o qual são desfavoráveis para o crescimento da maioria das
bactérias comuns;
• Quase todos possuem forma aeróbica. Algumas leveduras são anaeróbicas
facultativas;
• A maioria dos fungos é mais resistente à pressão osmótica que as bactérias;
muitos, consequentemente, podem crescer em altas concentrações de açúcar
ou sal;
• Podem crescer sobre substâncias com baixo grau de umidade, geralmente tão
baixo que impede o crescimento de bactérias e com uma quantidade menor
de nitrogênio;
• São capazes de metabolizar a carboidratos complexos, tais como lignina (ma-
deira), que as bactérias não podem utilizar como nutriente;

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• As características citadas anteriormente mostram que os fungos se desenvol-
vem em substratos diversos. como paredes de banheiro, couro de sapatos e
jornais velhos.

Os fungos podem ser classificados de acordo com seu modo de sobreviver ao


meio ambiente, mas sempre obtêm alimento por absorção de nutrientes do meio,
conforme a seguir:
• Decompositores: os fungos decompositores obtêm seus alimentos pela de-
composição de matéria orgânica. Eles podem atuar como saprófagos, degra-
dando a matéria orgânica presente no corpo de organismos mortos;
• Parasitas: são parasitas os fungos que se alimentam de substâncias retiradas
do corpo de organismos vivos, nos quais se instalam, podendo ser prejudiciais.
Esses fungos geralmente provocam doenças em plantas e em animais, inclusi-
ve no ser humano;
• Mutualísticos: certas espécies de fungos estabelecem relações mutualísticas
com outros organismos, nos quais ambos se beneficiam. Dentre os fungos mu-
tualísticos, alguns vivem associados a raízes de plantas formando as micorrizas
(raízes que contêm fungos). Nesses casos, elas absorvem água do solo, degra-
dam a matéria orgânica e absorvem os nutrientes liberados, transferindo parte
deles para a planta, que cresce mais sadia. Essa, por sua vez, cede ao fungo
certos açúcares e aminoácidos de que ele necessita como alimento;
• Predadores: entre os fungos mais especializados estão os predadores, que
desenvolvem vários mecanismos para capturar pequenos organismos, espe-
cialmente nematódeos, utilizando-os como alimento.

Os fungos podem se reproduzir de forma sexuada e assexuada. Quando aconte-


ce de forma assexuada, ocorre:
• Pela fragmentação do micélio, brotamento, cissiparidade ou produção de es-
poros assexuais;
• Não ocorre fusão de núcleos, apenas mitoses sucessivas;
• Mitose, ou seja, divisão celular na qual os cromossomos das células são dupli-
cados e as células formadas apresentam a mesma constituição genética;
• Esse tipo de reprodução corresponde à fase imperfeita, também chamada de
anamórfica dos fungos.

Na reprodução de forma sexuada, é possível acontecer o aumento da variabilida-


de genética, pois os indivíduos formados podem apresentar constituição genética
diferente, correspondendo à fase perfeita ou teleomórfica dos fungos. Nesse tipo de
reprodução, ocorrem três processos:
• A Plasmogamia, que é a fusão de protoplasmas, resultantes da anastomose
de duas células;
• A Cariogamia, que é a fusão de dois núcleos haploides (n) e compatíveis for-
mando um núcleo diploide (2n);
• A Meiose, que o núcleo diploide (2n) sofre divisão reducional após a carioga-
mia para formar dois núcleos haploides (n).

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UNIDADE Crescimento e Controle Microbiano

Os fungos podem ser unicelulares, filamentosos e dimórficos. Os fungos unicelu-


lares (leveduras) apresentam características de células ovais ou esféricas, mediando
de 1 a 10μm. Sua reprodução é por brotamento ou cissiparidade e seu crescimento
é geralmente rápido formando colônias cremosas ou membranosas e ausência de
hifas aéreas. Em determinadas condições, células em reprodução permanecem li-
gadas à célula-mãe, formando pseudo-hifas.

Figura 12 – Imagem leveduras Saccharomyces cerevisiae por microscopia eletrônica


Fonte: Wikimedia Commons
Explor

Detecção e Identificação de Fungos de Importância Médica. Disponível em: http://bit.ly/3bq756R

Os fungos filamentosos, conhecidos como bolores, são multicelulares formados


por estruturas tubulares (hifas – 2 a 10μm), o conjunto dessas estruturas constitui
o micélio. As hifas podem ser contínuas (cenocíticas ou asseptadas) ou apresentar
divisões transversais (hifas septadas).
Explor

Fungo Rasamsonia argilácea, fungo filamentoso e de importância clínica: http://bit.ly/2UGmbPC

Os fungos caracterizados como dimórficos exibem em determinadas condições a


fase leveduriforme e, em outras, a fase filamentosa. A fase de levedura se reproduz
por brotamento, enquanto o estágio filamentoso produz hifas aéreas e vegetativas.
O dimorfismo nos fungos depende da temperatura de crescimento. Crescido a 37°C,
o fungo apresenta forma de levedura; e crescido a 25°C, ele apresenta a forma fila-
mentosa. Você pode observar as diferentes formações de fungos nos alimentos com
colônias de fungos (pães, extrato de tomate, tomates, queijo e outros), as hifas que
em conjunto formam o micélio, e as diversas colorações dependendo do alimento.
Explor

Reino Fungi. Disponível em: https://youtu.be/Vy8wZyoSJQM

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Vírus
Muito pequenos e impossíveis de serem visualizados pelo microscópio óptico,
os vírus não são considerados organismos vivos porque são inertes fora das célu-
las hospedeiras, mas serão abordados nesta unidade por sua característica micro.
Diferem dos demais seres vivos pela ausência de organização celular, por não pos-
suírem metabolismo próprio e por necessitarem de uma célula hospedeira. No en-
tanto, quando penetram em uma célula hospedeira, o ácido nucleico viral torna-se
ativo ocorrendo a multiplicação.

Suas caraterísticas são:


• Possuem um único tipo de ácido nucleico, DNA ou RNA;
• Possuem uma cobertura proteica, envolvendo o ácido nucleico;
• Multiplicam-se dentro de células vivas, usando a maquinaria de síntese das células;
• Induzem a síntese de estruturas especializadas, capazes de transferir o ácido
nucleico viral para outras células;
• Parasitas obrigatórios apresentando incapacidade de crescer e se dividir
autonomamente;
• Replicação somente a partir de seu próprio material genético.

A Figura representa um fago, ou seja, o vírus. Na cabeça, encontra-se o material genético


Explor

(DNA ou RNA), a cauda é uma estrutura de aderência a célula hospedeira.


Disponível em: http://bit.ly/2SACCdI

A estrutura do viral, denominada vírion, é uma partícula viral completa, com-


posta por meio ácido nucleico, envolto por uma cobertura proteica que protege
do meio ambiente e serve como veículo na transmissão de um hospedeiro para o
outro. Os vírus são classificados de acordo com as diferenças na estrutura desses
envoltórios.

Capsídeo e envelope
O ácido nucleico dos vírus é envolvido por uma cobertura proteica chamada de
capsídeo, ou seja, estrutura que contém o genoma viral e constitui a maior parte
da massa do vírus. O capsídeo é formado por subunidades proteicas chamadas de
capsômeros que em alguns vírus é coberto por um envelope formado por uma
combinação de lipídios, proteínas e carboidratos. Alguns vírus animais saem do
hospedeiro por um processo de extrusão, no qual a partícula é envolvida por uma
camada de membrana plasmática celular que constituirá o envelope viral. Os vírus
cujos capsídeos não estão cobertos por um envelope são conhecidos como vírus
não-envelopados.

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De acordo com a arquitetura do capsídeo viral, existem três classificações possíveis:


• Vírus helicoidais: O genoma viral está no interior de um capsídeo cilíndrico
oco com estrutura helicoidal;
• Vírus poliédricos: O capsídeo da maioria deles tem a forma de um icosaedro.
São exemplos o adenovírus e o poliovírus;
• Vírus envelopados: O capsídeo é coberto por um envelope;
• Vírus complexos: Alguns vírus, especialmente os bacterianos, possuem estru-
turas complicadas e por isso são denominados complexos. Um bacteriófago ou
gagos (vírus que atacam bactérias) é um exemplo de vírus complexo. Um fago
é capaz de aderir à parede celular de uma bactéria hospedeira, perfurando-
-a e nela injetando seu DNA. O capsídeo proteico do fago, formado por uma
“cabeça” e uma “cauda”, permanece fora da bactéria.
Explor

Vírus. Disponível em: https://youtu.be/gHaON90BO6k

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Vídeos
Coloração de Gram
https://youtu.be/mF3jAU6Dy4I
Como fazer Fermento Natural
https://youtu.be/8U5S6_bslnA
Microbiology: Bacteria Structure and Function
https://youtu.be/ei6Z7orCpPk
Growth and Reproduction in Bacteria
https://youtu.be/R5WrU72Ja4A

Leitura
Papel do farmacêutico no controle da infecção hospitalar
BARBOSA, E. M. O papel do farmacêutico no controle da infecçäo hospitalar. HFA
publ. téc. cient, p. 239-41, 1986.
http://bit.ly/2Ha9UuO
Farmácia e controle das infecções hospitalares
DANTAS, S. C. C. Farmácia e controle das infecções hospitalares. Pharmacia
Brasileira, v. 1, n. 80, p. 1-20, 2011.
http://bit.ly/31I3sol
Controle microbiológico do ambiente interno de farmácias de manipulação
WEBER, L. Z.; FRASSON, A. P. Z. Controle microbiológico do ambiente interno de
farmácias de manipulação. Revista contexto & Saúde, v. 9, n. 17, p. 39-44, 2009.
http://bit.ly/37bvIRD

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UNIDADE Crescimento e Controle Microbiano

Referências
BROOKS, G. F. et. al. Microbiologia Médica. 25. ed. Porto Alegre: AMGH,
2012. [e-book]

CHAMBO FILHO, A. et. al. Estudo do perfil de resistência antimicrobiana das


infecções urinarias em mulheres atendidas em hospital terciário. Rev. Bras.
Clin. Médica, São Paulo, v. 11, n. 2, p. 102-107, abr./jun. 2013. Disponível em:
<http://files.bvs.br/upload/S/1679-1010/2013/v11n2/a3559.pdf>. Acesso em:
08 fev. 2020.

MC PHERSON, R. A.; PINCUS, M. R. Diagnósticos Clínicos e Tratamentos por


Métodos Laboratoriais. 21. ed. Barueri: Manole, 2012. [e-book]

MORSE, S. A.; BUTEL, J. S.; BROOKS, G. F. Microbiologia Médica de Jawetz,


Melnick e Adelberg. 26. ed. Porto Alegre: Mcgraw Hill, 2014.

PELCZAR, M. J.; CHAN, E. C. S.; KRIEG, G. Microbiologia dos conceitos e


aplicações. volumes 1 e 2. São Paulo: Macron Books, 1966.

TORTORA, G. J.; CASE, C. L.; FUNKE, B. R. Microbiologia. 10. ed. Porto


Alegre: Artmed, 2012.

TRABULSI, L. R.; ALTELTHUN, F. Microbiologia. 5. ed. São Paulo: Rio de


Janeiro: Atheneu, 2008.

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