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à Farmácia
Material Teórico
Crescimento e Controle Microbiano
Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Crescimento e Controle Microbiano
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Diferenciar as células eucarióticas e procarióticas;
• Conhecer os fatores e as fases do crescimento dos microrganismos;
• Identificar as principais características dos principais microrganismos.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Crescimento e Controle Microbiano
A célula é a menor unidade estrutural e funcional dos seres vivos, sendo definida
como a menor porção de matéria viva. Quando a célula possui uma membrana cir-
culando seu núcleo, é classificada como eucariótica; os organismos que não pos-
suem carioteca (membrana em volta do núcleo) são denominados procarióticos.
Todas as células possuem duas regiões internas principais conhecidas como nú-
cleo e citoplasma. O núcleo, que é circundado pelo citoplasma, contém todas as
informações genéticas do organismo, sendo responsável pela hereditariedade. A
sede primária dos processos de síntese e o centro das atividades funcionais em
geral é o citoplasma.
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Figura 2 – Célula Procarionte
Fonte: Wikimedia Commons
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UNIDADE Crescimento e Controle Microbiano
Bactérias
Quando falamos de bactérias, entramos no campo de estudo das células proca-
rióticas, classificadas inicialmente como reino monera (em desuso). Os integrantes
desse reino foram divididos didaticamente para estudo entre os reinos Bacteria e
Archaea, mas ainda é possível encontrar reino “monera” em diversas literaturas,
então manteremos as duas classificações em nosso material.
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As bactérias são microrganismos unicelulares, procariotos que podem viver iso-
ladamente ou construir agrupamentos coloniais de diversos formatos. A seguir es-
tão descritas algumas características de sua estrutura:
• Membrana plasmática: possui invaginações e dobramentos, denominados
mesossomos, que são responsáveis pela respiração celular. Localiza-se imedia-
tamente abaixo da parede celular. A membrana citoplasmática é o local onde
ocorre a atividade enzimática e o transporte de moléculas para o interior e
exterior da célula;
• Citoplasma: matriz nutritiva, semifluida, gelatinosa, local de ocorrência das
reações químicas e onde estão inseridos os ribossomos e grânulos conten-
do substâncias armazenadas, como amido, lipídios e ferro. Dispersos no ci-
toplasma, há também uma longa cadeia de DNA condensada e aderida à
membrana celular, responsável por transmitir as características hereditárias.
Algumas espécies possuem o plasmídeo, que é um tipo de DNA circular que
proporciona às bactérias resistência aos antibióticos;
• Parede celular: é uma estrutura que define a forma celular, sendo semirrígida
e constituída de mureína (peptideoglicano). A estrutura é tão rígida que mesmo
altas pressões ou condições físicas adversas raramente mudam a forma das
células bacterianas. Sua existência é essencial para o crescimento e a divisão
da célula. Apresentam camadas de diferentes substâncias que variam de acordo
com o tipo de bactéria e são barreiras para entrada e saída de outras substâncias.
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• Ribossomos: servem como locais de síntese proteica. São compostos de duas
subunidades, cada qual consistindo em proteínas e de um tipo de RNA deno-
minado ribossômico (RNAr). Os ribossomos procarióticos diferem dos eucarió-
ticos no número de proteínas e de moléculas de RNA. Devido a essa diferença,
a célula microbiana pode ser morta pelo antibiótico, enquanto a célula do
hospedeiro eucariótico permanece intacta;
• Esporos: os esporos se formam dentro da célula bacteriana, chamados de
endósporos, são exclusivos de bactérias. São células desidratadas altamente
duráveis, com paredes espessas e camadas adicionais.
Parede celular
A organização da parede celular bacteriana determinará se ela é gram-positiva
ou gram-negativa.
• Gram-positivas: são mais espessas, pois possuem muitas camadas de pepti-
deoglicanos. Apresentam também em sua estrutura ácidos teicóicos que atuam
no crescimento celular, impedindo a ruptura da parede, além de fornecerem
reconhecimento específico (antigênico) da parede e facilitando a identificação
do tipo de bactéria;
• Gram-negativas: compostas por uma camada mais fina de peptidoglicano,
apresentam uma membrana externa à parede, conectadas a essa por lipopro-
teínas que estabilizam a estrutura. Na membrana externa, encontram-se os
tradicionais fosfolipídios e proteínas de membrana, e o LPS (lipopolissacarídeo
ou lipoglicano). É possível verificar porinas na estrutura de membrana, forman-
do canais que controlam o fluxo de entrada e saída das substâncias na célula
bacteriana. O LPS protege a membrana bacteriana de algumas substâncias
químicas e contribui para a integridade da estrutura da bactéria. Na estrutura
do LPS, a porção denominada “polissacarídeo O” (ou antígeno O) atua como
antígeno e facilita a diferenciação das bactérias gram-positivas, já a porção es-
trutural A é considerada uma endotoxina. No organismo humano, essa toxina
desencadeia forte resposta imunitária, desencadeando sintomas como febre.
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(cristal violeta), resultado de sua espessa camada de peptídeoglicano, apresentando
coloração roxa. Já as bactérias gram-negativas não conseguem reter o cristal violeta
durante o processo de descoloração e, ao final do processo de coloração, apresentam
coloração vermelha. Testes de coloração de gram são muito importantes, pois os meios
de desinfecção e de tratamento são diferentes para as bactérias gram-positivas e gram-
-negativas. A Tabela 2 demonstra as principais diferenças entre as bactérias.
Importante! Importante!
Para controle bacteriano, existem os meios químicos e físicos ou ainda a proteção endó-
gena do nosso organismo. Por exemplo, um meio químico muito conhecido é a penicili-
na, que atua na parede celular bacteriana, interferindo na ligação final das filas de pep-
tideoglicanas pelas pontes cruzadas peptídicas. Essa ação leva a um enfraquecimento da
parede celular levando à lise da célula, destruição causada pela ruptura da membrana
plasmática e perda do conteúdo do interior da bactéria.
As substâncias químicas que danificam a parede celular bacteriana ou interferem em
sua síntese, frequentemente, não danificam as células de um hospedeiro animal, pois a
parede celular bacteriana é composta de substâncias diferentes daquelas que estão pre-
sentes nas células eucarióticas; portanto, a síntese da parede celular e o alvo de algumas
drogas antimicrobianas.
Um meio endógeno pelo qual a parede celular pode ser danificada é pela exposição à
enzima digestiva lisozima. Essa enzima ocorre naturalmente em algumas células eucari-
óticas, sendo um constituinte das lagrimas, do muco e da saliva. A lisozima é particular-
mente ativa sobre os principais componentes da parede celular da maioria das bactérias
gram-positivas, tornando-as vulneráveis à lise.
A lisozima catalisa a hidrolise das pontes entre os açúcares nos dissacarídeos repetitivos do
“esqueleto” de peptideoglicano Essa ação é análoga a cortar os cabos de aço que suportam
uma ponte: a parede celular gram-positiva é destruída quase completamente pela lisozima.
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Morfologia bacteriana
Quanto à forma, os microrganismos podem se apresentar como cocos, baci-
los ou espirilos. Os cocos são células geralmente arredondadas, mas podem ser
ovoides ou achatadas em um dos lados quando estão aderidas a outras células.
Os cocos podem aparecer isolados ou unidos a outros cocos, formando as seguin-
tes estruturas:
• Diplococos: apresentam-se em pares;
• Estreptococos: apresentam-se ligados em forma de cadeia;
• Tetrades: se dividem em dois planos e apresentam-se em grupos de quatro;
• Estafilococos: se dividem em múltiplos planos e os visualizamos em cachos
(como cachos de uvas);
• Sarcinas: se dividem em três planos e apresentam-se unidos em forma de
cubo com oito bactérias.
Diplococcos Streptococcos
Figura 7 – Diplococcos e Streptococcos
Fonte: Adpatado de Getty Images
As bactérias nunca são retas, possuindo sempre uma ou mais curvaturas. Quan-
do se apresentam no formato de vírgulas, são chamadas de vibriões, em forma
helicoidal rígida, como um saca-rolhas são os espirilos.
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espiroquetas movem-se utilizando os filamentos axiais que se assemelham a um
flagelo, mas fazem parte da estrutura externa flexível.
Estreptococo
Vibriões
Diplococo Cadeia de Bacilo
(estreptobacilo)
Espirilo
Bacilo Flagelado
Forma
F Esporulada
Esp
EEs
Espiroqueta
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Esporos
Somente alguns tipos de bactérias e fungos formam esporos, uma forma de
proteção para que possam sobreviver em condições adversas. O esporo é uma
estrutura extremamente desidratada que apresenta muito cálcio e ácido dipicolínico
em sua estrutura, mantendo o microrganismo vivo no ambiente por anos. Quando
em condições favoráveis, esses esporos poderão voltar a crescer e se multiplicar.
Explor
São quatro fases básicas de crescimento: fase lag, a fase log, a fase estacionária
e a fase de morte celular.
• Fase lag ou fase de latência: num certo tempo, as células estão em adaptação
ao meio e há pouca mudança na quantidade de células (as células pouco se re-
produzem em um novo meio). Nesse período, há pouca ou nenhuma divisão,
esse pode durar de uma hora a vários dias. A população microbiana passará
então por um período de intensa atividade metabólica, envolvendo a síntese de
enzimas e várias moléculas, uma preparação para a divisão, que será na fase log;
• Fase log ou exponencial: início da divisão celular entrando em um período
de crescimento logarítmico e reprodução extremamente ativa. A reprodução
celular é mais ativa durante esse período e o tempo de geração atinge um valor
constante, fazendo com que, durante a fase log, visualizemos uma linha reta.
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Essa fase é também o momento de maior atividade metabólica, fazendo com
que essa fase seja o foco para produção industrial;
• Fase estacionária: fase de crescimento contínuo, sem controle, em que ocorre
a formação de grande número de células. Ao final do crescimento, há a dimi-
nuição da velocidade de reprodução e o número de morte de microrganismos
se iguala ao número de células novas, fazendo com que o tamanho da popu-
lação se estabilize. O motivo para a interrupção do crescimento muitas vezes
não é claro, sendo o esgotamento de nutrientes e o acúmulo de resíduos duas
explicações aceitas.
9
8
7
6
log UFC/g
5
4
3 FASE LAG FASE FASE FASE DE
EXPONENCIAL ESTACIONÁRIA DECLÍNIO
2
1
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23
Tempo (Horas)
Figura 10 – Curva de crescimento típica de microrganismos em alimentos
expressa em logaritmo de unidades formadoras de colônia/gramas/hora
Controle microbiano
Com a finalidade de controlar o crescimento de microrganismos, aplica-se mé-
todos com o objetivo de destruir, inibir ou remover qualquer espécie, e podem ser
métodos físicos e químicos, como os descritos no Tabela 3.
Assista aos vídeos sobre controle de crescimento microbiano, partes 1, 2 e 3. Disponíveis em:
Explor
https://youtu.be/1xsZBBNbigg
https://youtu.be/49xWsZaGmOM
https://youtu.be/4jpQXLKULVI
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Dos mecanismos de controle citados, o calor é o mais comum, pelo fato de ser
barato e prático. A eficácia da eliminação dependerá do tipo de microrganismo, do
tempo de exposição ao calor e da temperatura à qual foi submetido. Geralmente
quando submetidos a temperaturas mais baixas, os microrganismos apenas di-
minuem seu metabolismo e com isso retardam seu crescimento, porém, alguns
microrganismos, especialmente na forma esporulada, podem ser resistentes a
altas temperaturas.
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• Esterilização: ato ou processo, químico ou físico, que destrói ou elimina todas
as formas de vida, especialmente os microrganismos.
Fungos
O estudo dos fungos, foco da micologia, é importante visando tanto a seus bene-
fícios (produção de alimentos e drogas como o álcool e a penicilina) como também
seu papel como agente causador de doenças.
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• As características citadas anteriormente mostram que os fungos se desenvol-
vem em substratos diversos. como paredes de banheiro, couro de sapatos e
jornais velhos.
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Vírus
Muito pequenos e impossíveis de serem visualizados pelo microscópio óptico,
os vírus não são considerados organismos vivos porque são inertes fora das célu-
las hospedeiras, mas serão abordados nesta unidade por sua característica micro.
Diferem dos demais seres vivos pela ausência de organização celular, por não pos-
suírem metabolismo próprio e por necessitarem de uma célula hospedeira. No en-
tanto, quando penetram em uma célula hospedeira, o ácido nucleico viral torna-se
ativo ocorrendo a multiplicação.
Capsídeo e envelope
O ácido nucleico dos vírus é envolvido por uma cobertura proteica chamada de
capsídeo, ou seja, estrutura que contém o genoma viral e constitui a maior parte
da massa do vírus. O capsídeo é formado por subunidades proteicas chamadas de
capsômeros que em alguns vírus é coberto por um envelope formado por uma
combinação de lipídios, proteínas e carboidratos. Alguns vírus animais saem do
hospedeiro por um processo de extrusão, no qual a partícula é envolvida por uma
camada de membrana plasmática celular que constituirá o envelope viral. Os vírus
cujos capsídeos não estão cobertos por um envelope são conhecidos como vírus
não-envelopados.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Coloração de Gram
https://youtu.be/mF3jAU6Dy4I
Como fazer Fermento Natural
https://youtu.be/8U5S6_bslnA
Microbiology: Bacteria Structure and Function
https://youtu.be/ei6Z7orCpPk
Growth and Reproduction in Bacteria
https://youtu.be/R5WrU72Ja4A
Leitura
Papel do farmacêutico no controle da infecção hospitalar
BARBOSA, E. M. O papel do farmacêutico no controle da infecçäo hospitalar. HFA
publ. téc. cient, p. 239-41, 1986.
http://bit.ly/2Ha9UuO
Farmácia e controle das infecções hospitalares
DANTAS, S. C. C. Farmácia e controle das infecções hospitalares. Pharmacia
Brasileira, v. 1, n. 80, p. 1-20, 2011.
http://bit.ly/31I3sol
Controle microbiológico do ambiente interno de farmácias de manipulação
WEBER, L. Z.; FRASSON, A. P. Z. Controle microbiológico do ambiente interno de
farmácias de manipulação. Revista contexto & Saúde, v. 9, n. 17, p. 39-44, 2009.
http://bit.ly/37bvIRD
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Referências
BROOKS, G. F. et. al. Microbiologia Médica. 25. ed. Porto Alegre: AMGH,
2012. [e-book]
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