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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI

BOTÂNICA ESTRUTURAL

GUARULHOS – SP
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3

2 SOBRE A BOTÂNICA ............................................................................................. 4

2.1 Características das Plantas ............................................................................ 5

2.2 Histologia Vegetal ........................................................................................... 6

3 A BOTÂNICA COMO CIÊNCIA ............................................................................... 7

4 O REINO PLANTAE ................................................................................................ 9

4.1 As plantas: importância ecológica ................................................................ 11

4.2 Características e classificação das plantas .................................................. 12

4.3 Criptógamas e Fanerógamas ....................................................................... 14

5 MORFOLOGIA DOS ORGÃOS VEGETAIS.......................................................... 23

5.1 Raiz .............................................................................................................. 23

5.2 Caule ............................................................................................................ 31

5.3 Folha............................................................................................................. 41

5.4 Flor ............................................................................................................... 46

5.5 Fruto ............................................................................................................. 51

5.6 Origem e estrutura da semente .................................................................... 55

6 BIOLOGIA DA REPRODUÇÃO DAS MAGNOLIOPHYTAS.................................. 56

6.1 Monocotiledôneas e dicotiledôneas: algumas diferenças ............................. 56

6.2 Polinização ................................................................................................... 59

6.3 Germinação .................................................................................................. 61

6.4 Dispersão ..................................................................................................... 63

7 BIBLIOGRAFIA BÁSICA ....................................................................................... 65

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1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável -
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum
é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora
que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

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2 SOBRE A BOTÂNICA

Fonte: biologianet.uol.com.br

Botânica é o estudo da fisiologia, morfologia, ecologia, evolução, anatomia,


classificação, doenças, distribuição, dentre outros aspectos das plantas. Essa ciência
foi reconhecida como tal em 1979, juntamente com os cursos de Biologia.
A história dessa área das ciências naturais nos remete a um passado bem
longínquo: sabe-se, por exemplo, que no ano 370 A.C, um filósofo grego chamado
Teofrastus - discípulo de Aristóteles (este que havia classificado as plantas em “com
flores” e “sem flores”) - escreveu dois tratados: "Sobre a História das Plantas" (História
Plantarum) e "Sobre as Causas das Plantas".
O alemão Otto Brunfels, no século 16, publicou uma obra denominada
Herbarium, com informações precisas sobre algumas espécies de plantas e, dois
séculos depois, o botânico sueco Lineu propôs a nomenclatura binomial para
identificação, também, deste reino vivo. Seu sistema de classificação era baseado na
posição e número de estames na flor. Ambos são considerados como os pais da
botânica científica. (JUDD et al., 2009).
Hicher, mais tarde, propôs a submissão do Reino Plantae em criptógamas e
fanerógamas: plantas sem e com flores, respectivamente. Outro cientista, Engler,

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propôs a classificação entre talófitas e cormófitas, sendo essas últimas as que
possuem raiz, caule e folhas. Atualmente, com o advento da filogenia e avanço da
Biologia Molecular, outras formas de classificação vêm sendo propostas.
Em nosso país, o estudo dos vegetais foi impulsionado pela chegada da corte
portuguesa, tendo como consequência a criação do Jardim Botânico do Rio de
Janeiro, em 1808, por D. João VI. (JUDD et al., 2009).

2.1 Características das Plantas

As principais características das plantas são:

• Células eucariontes: núcleo delimitado por membrana nuclear;


• Seres autotróficos: produzem o seu próprio alimento;
• Fotossintetizantes: realizam fotossíntese, o processo para obtenção de
alimento e energia.

Fonte: todamateria.com.br

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As plantas são constituídas pelas células vegetais. Elas diferenciam-se das
células animais por possuírem vacúolos, cloroplastos e parede celular.
Segundo Evert e Eichhorn (2016), os vacúolos são organelas que ocupam a
maior parte do citoplasma. Eles são responsáveis por armazenar substâncias e
regular a entrada de água na célula, controlando a sua turgidez.
Os cloroplastos são organelas exclusivas de células vegetais. É o local onde é
encontrada a clorofila, o pigmento necessário para a realização da fotossíntese.
A parede celular dos vegetais é constituída pelo polissacarídeo celulose. Ela é
responsável pela sustentação, resistência e proteção contra patógenos.

2.2 Histologia Vegetal

As células vegetais formam os tecidos das plantas, eles são o objeto de estudo
da Histologia Vegetal.

Os tecidos vegetais são divididos em:

• Tecidos meristemáticos: são responsáveis pelo crescimento do vegetal e


formação dos tecidos permanentes.
• Tecidos permanentes: são diferenciados e classificam-se conforme a
função que desempenham.

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Fonte: todamateria.com.br

As partes da planta são: raízes, folhas, caule, flores e frutos. Cada uma delas
desempenha uma função que garante a sobrevivência do vegetal.

• Raiz: Absorção e condução de substâncias. Em alguns casos, podem


armazenar substâncias energéticas.
• Folhas: Responsável pela fotossíntese, respiração e transpiração.
• Caule: Sustentação e transporte de substâncias.
• Flores: Responsáveis pela reprodução.
• Frutos: Dispersão de sementes, garantindo a sobrevivência da espécie.
Algumas plantas não apresentam flores e frutos, como veremos a seguir nos
grupos das plantas (EVERT; EICHHORN, 2016).

3 A BOTÂNICA COMO CIÊNCIA

E fundamental ensinar racionalmente a Botânica para que as pessoas não só


a percebam bem, como também não a odeiem por decorarem conceitos e termos sem
os entenderem. Muitas pessoas, particularmente os alunos, não gostam de Botânica
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por lhes terem fornecido uma imensidade de termos, alguns até de difícil pronúncia.
A grande maioria desses termos são desnecessários para se entenderem as plantas,
respectivas características, funcionalidade, ecologia e ciclo biológico (não ciclo de
vida, pois a vida não é cíclica; todos os seres nascem, vivem e morrem).
Portanto, o objetivo aqui é explicar que as árvores são seres vivos
extremamente semelhantes a nós, pois o corpo de uma árvore é semelhante ao corpo
humano. As árvores apenas não precisam de boca para ingerirem as substâncias
nutritivas (glucídios, lipídios e protídeos) essenciais para as funções vitais, pois basta-
lhes estarem ao sol para as produzirem.
Os animais, como não conseguem produzi-las, têm de comer plantas
(herbívoros) ou comerem o chamados animais carnívoros. Os onívoros comem
plantas e animais. Isto é, sem as plantas os animais não sobreviveriam. É por isso
que o volume da biomassa vegetal é o maior (89% da biomassa global) e é
extremamente relevante nos ecossistemas terrestres.
Assim, por exemplo, como as florestas tropicais são as de maior biomassa,
essas florestas têm uma elevada Biodiversidade. Vamos, então, observar uma planta
vascular com vasos, isto é, com líber (transporta a seiva elaborada) e lenho (transporta
a seiva bruta). O corpo destas plantas é constituído por raiz (usualmente com
geotropismo positivo (movimento em direção ao solo), o caule (geralmente com
geotropismo negativo) e a folhagem. Dentre os órgãos das plantas vasculares, o mais
primitivo é o caule, pois conhecem-se fósseis de plantas só com caule (ex.: Rhinia
major) e, claro, esporângios, pois reproduziam-se por esporos. Possuíam dois caules:
um aéreo (verde, pois não havendo folhas é o caule que tem de ser fotossintético),
em cujas extremidades se inseriam os esporângios) e um subterrâneo (rizoma), mais
ou menos paralelo à superfície do solo, com rizoides (pelos para absorverem água do
solo). Atualmente, há um representante destas plantas vasculares primitivas, o
PsHotum nudum, um pouco mais evoluído do que as Rhinia, pois os esporângios já
não são terminais, mas inseridos no eixo caulinar.
Portanto, a raiz resultou do caule, por geotropismo positivo, e as folhas
resultaram do achatamento de ramificações caulinares. As raízes constituem o
prolongamento do caule (raízes aprumadas) ou estão inseridas em fascículos na base
dos caules (raízes fasciculadas). As folhas normalmente são clorofilinas (nomofilos),
ou servem para proteger outros órgãos das plantas (brácteas), sendo geralmente de

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tamanho reduzido e não clorofilinas, ou são portadoras de esporângios com esporos
(esporófilos). Os esporos são todos do mesmo tamanho (isosporia) ou há uns de
menor tamanho (micrósporos) do que outros (macrósporos), havendo, neste caso,
heterosporia. Raramente existem micrósporos e macrósporos no mesmo esporângio.
Geralmente, há esporângios apenas com micrósporos (microsporângios) ou apenas
com macrósporos (macrosporângios).

Fonte: cienciaviva.pt

4 O REINO PLANTAE

Todos os seres incluídos no Reino Plantae são:

• EUCARIONTES
• PLURICELULARES
• AUTÓTROFOS

A clorofila encontra-se dentro dos plastos, conforme se pode ver na imagem


abaixo:

9
Fonte: colegiofaat.files.wordpress.com

Cloroplastos

Fonte: colegiofaat.files.wordpress.com

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Representação simplificada do Processo de Nutrição Vegetal

Fonte: colegiofaat.files.wordpress.com

4.1 As plantas: importância ecológica

As plantas podem ser definidas como sendo organismos fotossintetizantes e


multicelulares. No corpo das mesmas as células estão organizadas em conjuntos com
funções específicas, chamados tecidos. As algas e os fungos multicelulares, por sua
vez, não são formados por tecidos.
E por serem organismos fotossintetizantes, elas são autótrofas, assumindo o
papel de produtores nos ecossistemas, como as cianobactérias e as algas.
As plantas possuem células que contêm o pigmento verde clorofila. Em
algumas espécies podem existir outros pigmentos, de cores diferentes, que podem
dar outra coloração a elas que não a verde. Assim, a cor predominante da planta pode
não ser a verde, mas a clorofila está presente. O mesmo ocorre com diversas espécies
de algas.
A clorofila nos eucariontes fotossintetizantes se localiza no interior de organelas
chamadas cloroplastos. Nas cianobactérias, que são fotossintetizantes, mas

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procariontes, não existe cloroplastos. Os cloroplastos se fazem presentes em células
eucarióticas de algas e plantas.
Segundo Evert e Eichhorn (2016), as células das plantas apresentam, além dos
cloroplastos, uma parede celular externa à membrana plasmática, feita de celulose,
que proporciona resistência à célula. Existe também os vacúolos de suco celular, que
são organelas nas quais a água é armazenada. Dependendo da espécie de planta e
do tecido vegetal, podem até existir pigmentos no vacúolo, como o pigmento
avermelhado que dá cor às folhas da planta “coração-de-maria”.
Para o ser humano, além da importância ecológica, as plantas possuem grande
valor econômico. Diversas espécies são utilizadas em nossa alimentação e, em
função disso, cada vez mais são desenvolvidas técnicas agrícolas que visam melhorar
a qualidade e aumentar a produção. O nosso país, por exemplo, tornou-se grande
exportador de café, açúcar, milho, soja, laranja e várias outras plantas e seus
derivados, contribuindo com a economia de muitas regiões e estados brasileiros.
Além do mais, existem inúmeras espécies de plantas utilizadas como matéria-
prima na produção de remédios, cosméticos, e outras, ainda, que fornecem madeira,
utilizada na fabricação de móveis, e na construção civil.
Uma observação interessante sobre as plantas é que elas têm capacidade de
movimento. Dentre eles podemos destacar o tropismo, tactismo e nastismo. Esses
movimentos são fundamentais para as plantas (EVERT; EICHHORN, 2016).

4.2 Características e classificação das plantas

As plantas podem ser classificadas, ainda que resumidamente, da seguinte


maneira:

• Filo Hepatophyta – são as hepáticas


• Filo Bryophyta – os musgos
• Filo Anthocerophyta – antóceros
• Filo Pterophyta – avencas e samambaias
• Filo Sphenophyta – cavalinha
• Filo Lycophyta – os licopódios e selaginelas

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• Filo Psilotophyta – psilotáceas
• Filo Coniferophyta – coníferas, pinheiros e ciprestes
• Filo Gnetophyta – gnetáceas
• Filo Cycadophyta – cicas
• Filo Ginkgophyta – gincobilobas
• Filo Magnoliophyta ou Anthophyta – árvores, gramíneas, etc.).

A classificação visa expressar como as plantas foram se evoluindo. Assim, o


cladograma mais abaixo representa as relações evolutivas entre os filos que formam
o reino das plantas: briófitas, hepatófitas, antocerófitas, pteridófitas, licófitas,
shenófitas, psilotófitas, gimnospermas e angiospermas (BRAVO; CALOR, 2016).
É preciso observar aqui que o grupo das plantas, tão diversificado, é
descendente de um grupo ancestral relacionado com as algas verdes.

Fonte: planetabiologia.com

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4.3 Criptógamas e Fanerógamas

Para uma melhor compreensão do conteúdo, vamos dividir as plantas em dois


grandes grupos: as Criptógamas e Fanerógamas, observando as principais diferenças
entre eles.

Criptógamas

Estas não possuem flores. Nesse grupo temos as briófitas e pteridóftas. São os
vegetais mais simples e também os mais dependentes de água. (BRAVO; CALOR,
2016).

Fanerógamas

Estas realizam a sua reprodução sexuada através de flores. Flores nada mais
são que os órgãos sexuais das plantas. No caso, das gimnospermas e angiospermas.

Fonte: mamdala-etec.com

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Briófitas

Fonte: colegiofaat.files.wordpress.com

Devemos dizer que as briófitas é o grupo do Reino vegetal que não possui
órgãos bem definidos, como, por exemplo: folhas, caule e/ou raiz. É certamente o
grupo mais simples do reino vegetal, não possuindo flores nem frutos, e sua vitalidade
é extremamente dependente da água. Quanto a sua reprodução, pode ser tanto
assexuada como sexuada.
Os musgos são considerados as briófitas (do grego bryon = musgo; phyton
= planta) mais comuns. Além destes, há ainda as hepáticas (do grego hepatos
= fígado – pela sua aparência com o formato de um fígado) e os antóceros.
Trata-se de uma planta de porte pequeno, nunca ultrapassam poucos
centímetros. Além disso, costumam ser encontradas em locais úmidos e, de
preferência, sombreados. Comumente, são plantas que vivem sobre troncos, rochas
e no solo. Poucas espécies vivem em água doce ou em locais banhados pela água
do mar (BRAVO; CALOR, 2016).
São constituídas por rizoides, caulídios e filídios. Pode haver ainda
a cápsula, que surge apenas em uma das fases do desenvolvimento das briófitas. Os
caulídios, filídios e rizoides não são iguais aos caules, das folhas e das raízes que
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existem em outras plantas. Caules, folhas e raízes se diferenciam porque apresentam
vasos condutores de seiva.
Os rizoides (do grego rhiza = raiz; eidos = semelhante) são responsáveis por
fixar as briófitas no substrato, que pode ser desde um tronco de árvore a uma rocha
qualquer.
Os caulídios e filídios, além de absorverem água diretamente do ambiente,
realizam fotossíntese. Essas plantas não possuem vasos condutores, por isso são
chamadas de plantas avasculares (o prefixo “a”, na frente da palavra, significa
negação, sem). Nelas, o transporte da água é feito de uma célula para outra, sendo,
por isso, mais lento do que nas plantas com vasos condutores. Essa é a razão de as
briófitas serem baixas, pequenas e viverem em locais úmidos e sombreados, onde
perdem pouca água para o ambiente (BRAVO; CALOR, 2016).

Reprodução das briófitas

A ilustração abaixo representa o ciclo de vida dos musgos. Para entendê-la


melhor, analise cada etapa com a descrição apresentada.

Fonte: planetabiologia.com

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As briófitas vivem em locais úmidos e precisam da água para a reprodução.
Elas apresentam plantas masculinas e plantas femininas, que produzem,
respectivamente, os gametas (células reprodutivas) masculinos e femininos.
De tempos em tempos novas briófitas são catalogadas, isto é, há um grande
número de espécies ainda a serem descobertas. (BRAVO; CALOR, 2016).

Pteridófitas

As pteridófitas são plantas geralmente maiores do que as briófitas. Esse fato


está relacionado diretamente a duas novas características que não estão presentes
nas briófitas: a presença de vasos condutores que fazem com que a água e os sais
minerais sejam distribuídos eficientemente por toda a planta; e a capacidade de
produzir uma substância chamada lignina, que torna as células e as estruturas de
sustentação da planta mais firmes, protegendo melhor todas as partes do vegetal.
Sobre a epiderme das pteridófitas, possuem a cutícula, que é uma estrutura
constituída por certa camada fina de substâncias impermeabilizantes, que dificultam
a perda de água por transpiração.

Reprodução das pteridófitas

O ciclo de vida das pteridófitas é semelhante ao das briófitas: para que ocorra
a fecundação, é necessário que o gameta masculino seja transportado pela água até

o gameta feminino. (PINTO-COELHO, 2007).

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Fonte: planetabiologia.com

De onde vem o xaxim?

Fonte: planetabiologia.com

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Pinto-Coelho (2007), comentado sobre o xaxim, diz que o mesmo é formado
pelo conjunto de raízes que se entrelaçam e partem do caule de samambaias
arborescentes, como a samambaiaçu (uma planta nativa da Mata Atlântica).
Num passado recente, o xaxim era muito utilizado para fazer vasos ou placas
para uso ornamental. Sua exploração irracional, contudo, fez com que ele fosse
colocado na lista oficial do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama) de espécies ameaçadas de extinção. Por isso,
atualmente, a exploração e a comercialização do xaxim estão proibidas.
Em razão de o crescimento da samambaiaçu ser muito lento, estima-se que,
para confeccionar um vaso com aproximadamente 50 cm de diâmetro, as
samambaiaçus devem ter idade mínima de 50 anos! Atualmente, como alternativa
para os vasos de xaxim, existem vasos feitos com fibras extraídas da casca de coco,
que, além de serem produtos naturais, são renováveis, biodegradáveis e recicláveis,
e substituem os vasos feitos de xaxim sem prejudicar o ambiente.

Gimnospermas

Estas são plantas vasculares e de grande porte. Diferentemente das briófitas e


das pteridófitas, não dependem da água para se reproduzir. Por esse motivo as
gimnospermas são amplamente distribuídas no ambiente terrestre. São encontradas,
principalmente, em regiões temperadas, onde formam vegetações como as das
florestas boreais (taiga) no Hemisfério Norte, nas quais predominam os pinheiros, e a
Mata de Araucárias na Região Sul do Brasil. Outros exemplos de gimnospermas são
as cicas e as sequoias, entre outras.
Nessas plantas as estruturas relacionadas com a reprodução sexuada
encontram-se reunidas em estróbilos. Nos estróbilos masculinos são formados os
grãos de pólen que dão origem aos gametas masculinos. Estes não são flagelados.
Nos estróbilos femininos são formados os gametas femininos.
O gameta feminino está localizado dentro do óvulo. Após a fecundação, ocorre
o desenvolvimento do embrião e o óvulo transforma-se em semente, cuja função é
proteger o embrião e fornecer-lhe alimento.
A denominação gimnosperma se deve ao fato de as sementes serem nuas, ou
seja, não abrigadas no interior de frutos (gymnos = nu; spermae = semente).

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No pinheiro-do-paraná (a gimnosperma mais conhecida do Brasil), as sementes
são os pinhões e o estróbilo feminino, que contém as sementes, é chamado pinha.
O grão de pólen dessas plantas é transportado pelo vento. Após a polinização,
o grão de pólen desenvolve uma estrutura chamada tubo polínico, que transporta o
gameta masculino até o feminino.
O tubo polínico é indispensável para a reprodução das fanerógamas, ou seja,
das angiospermas e das gimnospermas, pois transporta o gameta masculino (que não
é flagelado) até o feminino, sem depender de meio líquido. O surgimento dessa
estrutura foi importante para que as plantas evoluíssem, permitindo a conquista de
ambientes terrestres mesmo sem umidade elevada. Ocorrendo a fecundação, forma-
se o embrião, e o óvulo transforma-se em semente.
A figura abaixo apresenta uma representação esquemática mostrando o ciclo
vital dessa planta.

Fonte: planetabiologia.com

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Angiospermas

Nas angiospermas, as estruturas relacionadas com a reprodução sexuada


encontram-se reunidas nas flores. (PINTO-COELHO, 2007).
As flores completas são formadas pelo pedúnculo e pelo receptáculo, local da
inserção dos verticilos, que são:

• cálice: conjunto de sépalas, geralmente verdes;

• corola: conjunto de pétalas, que podem apresentar várias cores;

• androceu: formado pelos estames;

• gineceu: formado por um ou mais pistilos.

Fonte: planetabiologia.com

O estame é formado pelo filete e pela antera, dentro da qual se formam os


grãos de pólen.
O pistilo é formado pelo ovário e pelo estilete, cujo ápice é o estigma. No interior
do ovário encontra-se o óvulo.

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Algumas flores apresentam apenas o androceu ou o gineceu, sendo, assim,
flores masculinas ou flores femininas, respectivamente. A maioria delas, contudo,
possui androceu e gineceu na mesma flor.
Em grande parte das angiospermas, a polinização acontece através de
animais, principalmente, insetos e aves.
Após a fecundação, com o desenvolvimento do embrião, os tecidos do óvulo
tornam-se desidratados e impermeáveis, e a estrutura toda passa a ser denominada
semente.
Quando a semente se forma, a parede do ovário também se desenvolve,
originando o fruto, através do desenvolvimento do ovário. As sementes ficam, assim,
abrigadas no interior de frutos. Daí a origem da denominação angiospermas (angio =
urna; spermae = semente) (PINTO-COELHO, 2007).

Fonte: planetabiologia.com

Ao germinar, a semente dá origem à planta jovem (plântula), que se


desenvolve, tornando-se uma planta adulta. Caso, as flores geralmente possuem
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características que atraem esses animais: podem ser vistosas, coloridas, exalar odor
característico, produzir substâncias nutritivas. Essas substâncias nutritivas constituem
o néctar, que é produzido nos nectários, quase sempre localizados no interior da flor.
(ALMEIDA, 2017).

5 MORFOLOGIA DOS ORGÃOS VEGETAIS

As plantas possuem formas muito variadas. Percebemos ao observar, por


exemplo, uma vitória-régia e um coqueiro.
Raízes, caules, folhas, frutos e flores são estruturas que comumente
chamamos órgãos vegetais. Cada órgão possui sua função definida e várias formas
possíveis. Vimos que as flores são órgãos reprodutivos, e os frutos se originam
dessas. Como foi assunto de aulas passadas, ao caracterizarmos as angiospermas,
aqui trataremos das raízes, caules e folhas.

5.1 Raiz

Fonte: biologianet.uol.com.br

23
A raiz é fundamental à planta, pois, além de fixá-la, absorve do solo os
nutrientes necessários à sobrevivência do vegetal. Há, contudo, outra função tão
importante quanto, que é fazer reserva de nutrientes, como no caso dos tubérculos.
Nos vegetais sem sementes, as raízes se desenvolvem ainda nos primeiros
estágios do crescimento do esporófito. Nos vegetais com sementes
(as espermatófitas), por sua vez, as raízes originam-se ainda no embrião. Neste último
caso, a radícula é o primeiro órgão a se desenvolver por ocasião da germinação da
semente. Entretanto, esta radícula segue caminhos diferentes quando trata-se
de Monocotiledôneas e Dicotiledôneas (ALMEIDA, 2017).
É preciso enfatizar aqui que, o grupo dos vegetais que apresentam flores, pode
ter um ou mais cotilédones no embrião (semente). Possuindo um cotilédone,
denomina-se Monocotiledônea; mas, se possui mais de um, denomina-se
“Dicotiledônea”. A radícula se degenera e todas as raízes brotam a partir da base
do caule, como é o caso das Monocotiledôneas; nas Dicotiledôneas, porém, a radícula
se torna a raiz principal, da qual o sistema radicular se deriva.
A classificação pode ser feita, basicamente, quanto ao
habitat: Subterrâneas, Aéreas e Aquáticas (ALMEIDA, 2017).

➢ Raízes Subterrâneas

São raízes que ficam abaixo do solo e contém diversas formas, permitindo
assim uma subclassificação: axial ou pivotante, ramificada, fasciculada e tuberosa.

Raiz Axial ou Pivotante

Nessas raízes, típicas das dicotiledôneas, é possível detectar com clareza uma
raiz principal distinta das raízes secundárias, como na ilustração a seguir:

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Fonte: infoescola.com

Raiz Ramificada

Nas raízes ramificadas não é possível distinguir, com tanta facilidade, a raiz
principal das outras raízes. Pois, de acordo com o próprio nome, há uma ramificação
secundária, terciária e assim sucessivamente, sempre a partir da raiz primária.
Observe a figura abaixo para compreender melhor.

Fonte: infoescola.com

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Raiz Fasciculada

Neste caso aqui, conforme se pode ver na imagem abaixo, é impossível


distinguir a raiz principal das demais raízes.

Fonte: infoescola.com

Raiz Tuberosa

Este tipo de raiz é caracterizado, principalmente, pelo acúmulo de reservas de


nutrientes, servindo, assim, para a alimentação humana. Um exemplo clássico é
a cenoura (ALMEIDA, 2017).

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Fonte: infoescola.com

➢ Raízes Aéreas

São raízes visíveis por ficarem sempre acima do solo. Há subgrupos dessas
raízes, são eles: estranguladoras, grampiformes ou aderentes, respiratórias ou
pneumatóforos, suporte, sugadoras e tabulares ou sapopemas (ALMEIDA, 2017).

Raiz Estranguladora

Podemos dizer que são raízes que “abraçam” outro vegetal. Geralmente, nos
casos onde isto ocorre há a morte do hospedeiro.

27
Fonte: infoescola.com

Raiz Grampiforme ou Aderente

São raízes responsáveis por fixar a planta trepadora à um suporte. Veja o


exemplo abaixo:

Fonte: infoescola.com

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Raiz Respiratória ou Pneumatóforo

Esta raiz é responsável por auxiliar a respiração do vegetal, como seu nome
deixa a entender (ALMEIDA, 2017).

Fonte: infoescola.com

Raiz Suporte

Esta raiz auxilia no suporte do vegetal. É comum encontrarmos este tipo de raiz
nos manguezais. (ALMEIDA, 2017).

Fonte: infoescola.com
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Raiz Sugadora

Este tipo de raiz adentra o corpo da planta hospedeira, de maneira a absorver


todo ou parte do alimento do vegetal. (ALMEIDA, 2017).

Raiz Tubular ou Sapopema

São raízes grandes, bem desenvolvidas, que conferem estabilidade para


planta.

Fonte: infoescola.com

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➢ Raízes Aquáticas

Como o próprio nome já traduz, esta raiz se desenvolve em plantas aquáticas.


Diferindo das raízes subterrâneas, a função deste tipo de raiz não é fixar, mas apenas
absorver os nutrientes flutuantes presentes na água.

Fonte: infoescola.com

5.2 Caule

Fonte: todamateria.com.br
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Quem é responsável pela integração de raízes e folhas, é o caule, tanto âmbito
estrutural como funcional. Ou seja, o caule constitui a estrutura física onde se inserem
raízes e folhas, mas, também, desempenha as funções de condução de água e sais
minerais das raízes para as folhas, e de condução de matéria orgânica das folhas para
as raízes.
Os caules mais novos possuem células clorofiladas e são revestidos por uma
epiderme uniestratificada, constituída por uma única camada (estrato) de células.
Plantas que são de pequeno porte, como as gramíneas, por exemplo, também
apresentam caules revestidos pela epiderme e a mesma pode apresentar ainda sobre
si, externamente, uma cutícula protetora. (ALMEIDA, 2017).

Fonte: sobiologia.com.br

Quanto as plantas de maior porte, transformando-se em arbustos ou árvores, a


epiderme dá lugar a um revestimento complexo, formado por vários tecidos. O tecido
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externo é constituído por células mortas, que provocam o aspecto áspero e opaco aos
troncos das árvores. Esse revestimento multitecidual, chamado de periderme, segue
o crescimento em espessura dos troncos.
Geralmente, os caules são estruturas aéreas, que crescem verticalmente em
relação ao solo. Entretanto, há caules que se desenvolvem horizontalmente, não
poucas vezes, subterraneamente (ALMEIDA, 2017).
Aqueles caules que crescem debaixo da terra podem ser distinguidos de raízes
por apresentarem gemas ou botões vegetativos, através dos quais podem se
desenvolver ramos e folhas.

Gemas

Estas são constituídas por grupos de células meristemáticas, capazes de se


multiplicar ativamente por mitose. Um meristema é formado por um conjunto de
células meristemáticas, sendo esta a razão de as gemas caulinares também serem
chamadas meristemas caulinares.

Fonte: sobiologia.com.br

Há uma gema apical na extremidade do caule (e de cada ramo), que permite o


crescimento em extensão graças à multiplicação das células meristemáticas. Ao

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crescer o caule diferencia-se lateralmente, locais onde surgem folhas e gemas
axilares (ou laterais). As regiões onde se inserem as folhas e as gemas são
denominadas nós e os espaços entre os nós, são chamados entrenós. (ALMEIDA,
2017).

Fonte: sobiologia.com.br

Conforme a ilustração acima, as gemas axilares são meristemas localizados no


caule, no ângulo formado entre a folha e o ramo, denominada “axila” foliar, pelos
botânicos. Essas gemas ficam inativas por certo período, chamado de dormência após
o qual podem entrar em atividade, originando ramos laterais.

Troncos

Os troncos (caules robustos), são desenvolvidos na parte inferior e ramificados


no ápice. Os mesmos existem em grande parte das árvores e arbustos do grupo das
dicotiledôneas.

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Fonte: sobiologia.com.br

Os estipes, em geral, são caules não ramificados, conforme a ilustração


abaixo, e possuem em seu topo um tufo de folhas, como é o caso das palmeiras.

Fonte: sobiologia.com.br

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Colmos são caules não-ramificados diferentes dos estipes por conterem, em
toda a sua extensão, gomos nítidos. Estes podem ser ocos, como no caso do bambu,
por exemplo, ou preenchidos, como é o caso da cana-de-açúcar e do milho.

Fonte: sobiologia.com.br

Caules trepadores são comuns em plantas trepadeiras e crescem enrolados


sobre muitos tipos de suporte. Esse tipo de caule representa uma adaptação à
obtenção de locais mais iluminados, em que há mais luz para a fotossíntese
(ALMEIDA, 2017).

Fonte: sobiologia.com.br

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Estolão

Este, também conhecido como estolho, é um tipo de caule que cresce junto ao
chão, produzindo gemas de espaço em espaço.
Essas gemas formam raízes e folhas, dando origem a novas plantas.

Fonte: sobiologia.com.br

Rizomas

Estes são caules que se desenvolvem debaixo da terra e que acumulam


substâncias nutritivas. Em algumas espécies ocorre acúmulo de material nutritivo em
certas regiões, formando tubérculos. Rizomas são diferentes de raízes por
apresentarem gemas laterais. O gengibre, por exemplo, usado como tempero na
cozinha oriental, é um caule tipo rizoma (ALMEIDA, 2017).
O caule da bananeira, por exemplo, é um rizoma e a parte aérea é constituída
exclusivamente por folhas. Uma única vez na vida de uma bananeira um ramo caulinar

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cresce para fora do solo, dentro do conjunto de folhas, e forma em seu ápice uma
inflorescência que se transforma em um cacho com várias pencas de bananas.
No caso da batata-inglesa, há um caule subterrâneo formando tubérculos.

Fonte: sobiologia.com.br

Bulbos

Bulbos são estruturas constituídas pelo caule e por folhas modificadas.


Geralmente, os bulbos são classificados em três tipos: tunicado, escamoso e cheio.
A cebola é um exemplo de bulbo tunicado, sua porção centra é chamada prato,
e é pouco desenvolvida. Da parte superior do prato surgem folhas modificadas, muito
nutritivas: são os catafilos, que formam a cabeça da cebola. Da porção inferior do
prato partem as raízes.
O bulbo escamoso é diferente do tunicado em razão dos catafilos se disporem
como escamas parcialmente sobrepostas. Esse tipo de bulbo é encontrado no lírio.
Quanto ao bulbo cheio, as escamas são menos numerosas e revestem o bulbo
como se fosse uma casca. Bulbos cheios estão presentes na palma. (ALMEIDA,
2017).

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Fonte: https://www.sobiologia.com.br/

Cladódios

Estes são caules modificados que foram adaptados à realização de


fotossíntese. As plantas que os possuem, perderam as folhas durante a evolução,
geralmente, para se adaptarem a regiões de clima seco. A ausência de folhas permite
à planta economizar parte da água que será perdida por evaporação.

Fonte: sobiologia.com.br

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Gavinhas

Gavinhas são ramos modificados úteis para a fixação de plantas trepadeiras.


Quando encontram um substrato adequado, elas crescem enrolando-se sobre ele
(ALMEIDA, 2017).
Espinhos são ramos curtos, resistentes e com ponta afiada, cuja função é
proteger a planta, afastando dela animais que poderiam danificá-la. Os espinhos tanto
podem surgir por modificações de folhas, como nas cactáceas, como se originar do
caule. Nesse caso forma-se nas axilas das folhas, a partir de uma gema axilar, como
ocorre nos limoeiros e laranjeiras.
Nas roseiras não há espinhos verdadeiros e sim acúleos, estruturas afiadas
originadas da epiderme, o que explica serem facilmente destacáveis da planta, ao
contrário dos espinhos.

Fonte: sobiologia.com.br

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5.3 Folha

Fonte: biologianet.uol.com.br

De formato extremamente variável, uma folha completa é formada por um


“cabinho”, o pecíolo, e uma superfície achatada dotada de duas faces,
o limbo percorrido pelas nervuras.
A principal função da folha é servir como local em que é realizada a
fotossíntese. Em algumas plantas, existem folhas modificadas e que exercem funções
especializadas, como as folhas aprisionadoras de insetos das plantas insetívoras, e
os espinhos dos cactos.
Uma folha é sempre originada a partir de uma gema lateral do caule. Existem
dois tipos básicos de folhas quanto ao tipo de nervura que apresentam:
as paralelinérveas, típicas das monocotiledôneas, e as reticulinérveas, comuns em
eudicotiledôneas. (FONSECA; VIEIRA, 2015).

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Fonte: sobiologia.com.br

Eudicotiledôneas são uma das duas principais classes de angiospermas;


inicialmente contidas dentro do grupo das dicotiledôneas, que foi desmembrado por
não ser monofilético.
O prefixo “eu” significa verdadeiro, portanto este termo designaria as plantas
que realmente apresentam dois cotilédones. Esse grupo difere-se da antiga
dicotiledônea por apresentar somente plantas que apresentem grão de pólen
triaperturado, característica derivada de um ancestral comum, que torna o grupo
monofilético.
Em algumas plantas, principalmente monocotiledôneas, não há um tecido
propriamente dito, mas uma estrutura conhecida pelo nome de bainha, que serve de
elemento de ligação da folha à planta. É o caso, por exemplo, da folha de milho. Já
em eudicotiledôneas, próximas aos pecíolos existem estruturas de formatos diversos
que podem ser pontiagudas, laminares ou com a forma de espinhos conhecidas
por estípulas. (FONSECA; VIEIRA, 2015).

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Fonte: sobiologia.com.br

O formato e a cor das folhas são muito variáveis e algumas delas chamam a
atenção por sua estrutura peculiar. É o caso por exemplo, das folhas modificadas
presentes em plantas carnívoras, cuja adaptação auxilia na captura de insetos.
Também é especialmente interessante a coloração de certas brácteas, pequenas
folhas modificadas na base das flores, apresentam: de tão coloridas, elas atuam como
importante elemento para atração dos insetos.

Fonte: sobiologia.com.br

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Em muitas espécies de angiospermas, principalmente nas adaptadas a regiões
temperadas, as folhas caem no outono e renascem na primavera.
Plantas que perdem as folhas em determinada estação do ano são
chamadas decíduas ou caducifólias. Plantas que não perdem as folhas são
chamadas de perenes. (FONSECA; VIEIRA, 2015).
A queda das folhas no outono é interpretada como uma adaptação ao frio
intenso e à neve. Em vez de ter as folhas lesadas pelo frio do inverno, a planta as
derruba “deliberadamente” no outono, em um processo por ela controlado.

Fonte: sobiologia.com.br

A queda das folhas ocorre por meio de um processo chamado abscisão foliar.
Inicialmente forma-se um tecido cicatricial na região do pecíolo que une a folha ao
caule, o tecido de abscisão, que interrompe gradativamente a passagem de água e
nutrientes minerais do caule para a folha. A planta, assim, perde as folhas com o
mínimo de prejuízo e reduz a atividade metabólica durante todo o inverno. Na
primavera, surgem novos primórdios foliares junto às gemas dormentes, que logo se
desenvolvem em folhas. (FONSECA; VIEIRA, 2015).

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➢ Classificação das folhas

As folhas podem ser classificadas de diversas maneiras: de acordo com a sua


disposição no caule, a forma do limbo, a forma da borda etc.

Filotaxia

Filotaxia é o modo como as folhas estão arranjadas no caule. Existem três tipos
básicos de filotaxia: oposta, verticilada e alternada.
A filotaxia é oposta quando existem duas folhas por nó, inseridas em regiões
opostas. Quando três ou mais folhas inserem-se no mesmo nó, a filotaxia é chamada
verticilada. Quando as folhas se inserem em regiões ligeiramente deslocadas entre si,
em nós sucessivos, descrevendo uma hélice, a filotaxia é chamada alternada.

Folha oposta

Folha verticilada

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Tipos de limbo

O limbo pode ser simples (não-dividido) ou composto, dividido em dois, três ou


mais folíolos. Caso os folíolos de um limbo composto partam todos de um mesmo
ponto do pecíolo, dispondo-se como os dedos de uma mão, a folha é chamada
de palmada.

Fonte: sobiologia.com.br

Quando os folíolos de dispõem ao longo do pecíolo, a folha é chamada


de penada. As folhas penadas podem terminar em um único folíolo, sendo
chamadas imparipenadas, ou em dois folíolos, sendo chamadas paripenadas.
A forma e o tipo de borda do limbo são outras características utilizadas na
classificação de folhas. (FONSECA; VIEIRA, 2015).

5.4 Flor

Fonte: holandesando.com

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A flor é o órgão reprodutivo das plantas angiospermas. Flores que apresentam
órgãos reprodutores de ambos os sexos, masculino e feminino, são chamadas de
hermafroditas (ou monóica).
Já as flores que apresentam órgãos reprodutores de apenas um dos sexos
(masculino ou feminino) são chamadas de dióica.
Uma flor hermafrodita é geralmente constituída por quatro conjuntos de folhas
modificadas, os verticilos florais. Os verticilos se inserem em um ramo especializado,
denominado receptáculo floral. Os quatro verticilos florais são o cálice, constituído
pelas sépalas, a corola, constituída pelas pétalas, o androceu, constituído pelos
estames, e o gineceu, constituído pelos carpelos. (JUDD et al., 2009).

Fonte: sobiologia.com.br

Flores completas e incompletas

Uma flor que apresenta os quatro verticilos florais, ou


seja, cálice, corola, androceu e gineceu, é uma flor completa. Quando falta um ou
mais desses componentes, a flor é chamada incompleta.

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Cálice, corola e perianto

As sépalas são geralmente verdes e lembram folhas. São as partes mais


externas da flor e a sua função é cobrir e proteger o botão floral antes dele se abrir. O
conjunto de sépalas forma o cálice floral.
Pétalas são estruturas geralmente coloridas e delicadas e se localizam
internamente às sépalas. O conjunto de pétalas forma a corola.

Fonte: sobiologia.com.br

O conjunto formado pelos dois verticilos florais mais externos, o cálice e a


corola, é denominado perianto (do grego Peri, em torno, e anthos, flor).

Estames

São folhas modificadas, onde se formam os gametas masculinos da flor. O


conjunto de estames forma o androceu (do grego andros, homem, masculino). Um
estame geralmente apresenta uma parte alongada, o filete, e uma parte terminal
dilatada, a antera.

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O interior da antera é geralmente dividido em quatro cavidades, dentro das
quais se formam os grãos de pólen. No interior de cada grão de pólen forma-se dois
gametas masculinos, denominados núcleos espermáticos. Quando a flor está
madura, as anteras se abrem e libertam os grãos de pólen. (JUDD et al., 2009).

Fonte: sobiologia.com.br

Carpelos

Carpelos são folhas modificadas, em que se formam os gametas femininos da


flor. Um ou mais carpelos formam uma estrutura em forma de vaso, o pistilo. Este
apresenta uma região basal dilatada, o ovário, do qual parte um tubo, o estilete, que
termina em uma região dilatada, o estigma. O conjunto de pistilos de uma flor constitui
o gineceu (do grego gyncos, mulher, feminino). (JUDD et al., 2009).

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Fonte: sobiologia.com.br

O pistilo pode ser constituído por um, dois ou mais carpelos, dependendo do
tipo de flor. Em geral, o número de câmaras internas que o ovário apresenta
corresponde ao número de carpelos que se fundiram para formá-lo. No interior do
ovário formam-se um ou mais óvulos.
Os óvulos vegetais são estruturas complexas, constituídas por muitas células.
Nisso os óvulos vegetais diferem dos óvulos animais, que são estruturas unicelulares.
No interior de cada óvulo vegetal se encontra uma célula especializada, a oosfera,
que é o gameta feminino propriamente dito.

Diagramas florais

O número dos tipos de peças florais estudadas é variável de flor para flor e
pode ser representado esquematicamente por um diagrama. Cada tipo pode ser
representado por 3, 4 ou 5 peças ou múltiplos desses números. Na flor do hibisco, por
exemplo, uma planta comum em jardins, há 5 sépalas, 5 pétalas, um número múltiplo
de 5 estames e um pistilo cujo ovário é dividido em 5 lojas.

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Inflorescências

Em algumas plantas, muitas flores se agrupam em um mesmo ramo, formando


conjuntos denominados inflorescências. (JUDD et al., 2009).

Flor do brócolis

Fonte: sobiologia.com.br

5.5 Fruto

Fonte: pt.depositphotos.com

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Os frutos surgem do desenvolvimento dos ovários, geralmente após a
fecundação dos óvulos.
Em geral, a transformação do ovário em fruta é induzida por hormônios
liberados pelos embriões em desenvolvimento. Existem casos, porém, em que ocorre
a formação de frutos sem que tenha havido polinização.

Partes do fruto

Um fruto é constituído por duas partes principais: o pericarpo, resultante do


desenvolvimento das paredes do ovário, e as sementes, resultantes do
desenvolvimento dos óvulos fecundados.
O pericarpo compõe-se de três camadas: epicarpo (camada mais
externa), mesocarpo (camada intermediária) e endocarpo (camada mais interna). Em
geral o mesocarpo é a parte do fruto que mais se desenvolve, sintetizando e
acumulando substâncias nutritivas, principalmente açucares.

Fonte: sobiologia.com.br

Classificação dos frutos

Diversas características são utilizadas para se classificar os frutos, entre elas o


tipo de pericarpo, se o fruto se abre ou não espontaneamente para liberar as
sementes, etc.

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Frutos que apresentam pericarpo suculento são denominados carnosos e
podem ser do tipo baga, quando se originam de ovários uni ou multicarpelares com
sementes livres (ex.: tomate, abóbora, lima e laranja), ou do tipo drupa, quando se
originam de ovários unicarpelares, com sementes aderidas ao endocarpo duro (ex.:
azeitona, pêssego, ameixa e amêndoa). (JUDD et al., 2009).
Frutos que apresentam endocarpo não suculento são chamados de secos e
podem ser deiscentes, quando se abrem ao amadurecer, liberando suas sementes,
ou indeiscentes, quando não se abrem ao se tornar maduros.

Fonte: sobiologia.com.br

A diferença de fruta e fruto

O que se conhece popularmente por “frutas” não tem significado botânico.


Fruta é aquilo que tem sabor agradável, às vezes azedo, às vezes doce. É o caso da
laranja, pêssego, caju, banana, pêra, maçã, morango, amora. Note que nem toda fruta
é fruto verdadeiro.
Já o tomate, a berinjela, o jiló e a abobrinha, entre outros, são frutos
verdadeiros, mas não são frutas. (JUDD et al., 2009).

53
Pseudofrutos e frutos partenocárpicos

Nos pseudofrutos, a porção comestível não corresponde ao ovário


desenvolvido.
No caju, ocorre hipertrofia do pedúnculo floral. Na maça, na pêra e no morango,
é o receptáculo floral que se desenvolve.
Assim, ao comer a polpa de um abacate ou de uma manga, você está se
alimentando do fruto verdadeiro. No entanto, ao saborear um caju ou uma maça, você
está mastigando o pseudofruto.

Fonte: sobiologia.com.br

No caso da banana e da laranja de umbigo (baiana), o fruto


é partenocárpico, corresponde ao ovário desenvolvido sem fecundação, logo, sem
sementes. (JUDD et al., 2009).

54
5.6 Origem e estrutura da semente

Fonte: sementessantafe.com.br

A semente é o óvulo modificado e desenvolvido. Toda a semente possui um


envoltório, mais ou menos rígido, um embrião inativo da futura planta e um material
de reserva alimentar chamado endosperma ou albúmen.
Em condições ambientais favoráveis, principalmente de umidade, ocorre a
hidratação da semente e pode ser iniciada a germinação.

Os cotilédones

Todo o embrião contido em uma semente de angiosperma é um eixo formado


por duas extremidades:
• A radícula, que é a primeira estrutura a emergir, quando o embrião
germina;
• O caulículo, responsável pela formação das primeiras folhas
embrionárias.
Uma “folha” embrionária merece especial atenção. É o cotilédone. Algumas
angiospermas possuem dois cotilédones, outras possuem apenas um. Plantas que
possuem dois cotilédones, são chamadas de eudicotiledôneas e plantas que possuem
um cotilédone sã chamadas de monocotiledôneas. Os cotilédones inserem-se
no caulículo, que dará origem ao caule. (JUDD et al., 2009).

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Fonte: sobiologia.com.br

6 BIOLOGIA DA REPRODUÇÃO DAS MAGNOLIOPHYTAS

As angiospermas foram subdivididas em duas classes:


as monocotiledôneas e as dicotiledôneas.
São exemplos de angiospermas monocotiledôneas: capim, cana-de-açúcar,
milho, arroz, trigo, aveias, cevada, bambu, centeio, lírio, alho, cebola, banana,
bromélias e orquídeas.
São exemplos de angiospermas dicotiledôneas: feijão, amendoim, soja, ervilha,
lentilha, grão-de-bico, pau-brasil, ipê, peroba, mogno, cerejeira, abacateiro, acerola,
roseira, morango, pereira, macieira, algodoeiro, café, jenipapo, girassol e margarida.
(JUDD et al., 2009).

6.1 Monocotiledôneas e dicotiledôneas: algumas diferenças

Entre as angiospermas, verificam-se dois tipos básicos de


raízes: fasciculadas e pivotantes.

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Raízes fasciculadas - Também chamadas raízes em cabeleira, elas formam
numa planta um conjunto de raízes finas que têm origem num único ponto. Não se
percebe nesse conjunto de raízes uma raiz nitidamente mais desenvolvida que as
demais: todas elas têm mais ou menos o mesmo grau de desenvolvimento. As raízes
fasciculadas ocorrem nas monocotiledôneas.
Raízes pivotantes - Também chamadas raízes axiais, elas formam na planta
uma raiz principal, geralmente maior que as demais e que penetra verticalmente no
solo; da raiz principal partem raízes laterais, que também se ramificam. As raízes
pivotantes ocorrem nas dicotiledôneas.
Em geral, nas angiospermas verificam-se dois tipos básicos de
folhas: paralelinérvea e reticulada.

Raiz fasciculada e pivotante, respectivamente


Fonte: sobiologia.com.br

O embrião da semente de angiosperma contém uma estrutura


chamada cotilédone. O cotilédone é uma folha modificada, associada a nutrição das
células embrionárias que poderão gerar uma nova planta.

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Fonte: www.sobiologia.com.br

Sementes de monocotiledôneas. Nesse tipo de semente, como a do milho,


existe um único cotilédone; daí o nome desse grupo de plantas ser monocotiledôneas
(do grego mónos: 'um', 'único'). As substâncias que nutrem o embrião ficam
armazenadas numa região denominada endosperma. O cotilédone transfere
nutrientes para as células embrionárias em desenvolvimento.

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Sementes de dicotiledôneas. Nesse tipo de semente, como o feijão, existem
dois cotilédones - o que justifica o nome do grupo, dicotiledôneas (do grego dís: 'dois').
O endosperma geralmente não se desenvolve nas sementes de dicotiledôneas; os
dois cotilédones, então armazenam as substâncias necessárias para o
desenvolvimento do embrião (JUDD et al., 2009).

6.2 Polinização

Fonte: sobiologia.com.br

A polinização nada mais é do que o modo de transferência dos grãos


de pólen da antera ao estigma das flores. A polinização dentro da mesma flor, como
observada no trigo, cevada e feijão, é conhecida como autogâmica ou
autopolinização. A polinização cruzada (alogamia) é nome dado a polinização entre
flores diferentes. Quando essas duas flores pertençam a mesma planta, é chamada
de geitonogamia, e se as flores estiverem em planta distintas recebem o nome
de xenogamia.
Existem alguns mecanismos na natureza que reduzem ou impedem a
autopolinização nas plantas. Como exemplo, destacamos a separação dos sexos em
plantas diferentes, considerado um dos mecanismos mais seguros. O
amadurecimento em épocas distintas do androceu e do gineceu também é uma tática
importante por impedir que o pólen caia e germine no estigma da mesma flor. Há

59
plantas ainda que apresentam diferenças morfológicas no estilete, sendo que em
algumas ocorrem estiletes longos e em outros estiletes curtos.
Agentes abióticos, como é o caso do vento e da água, realizam a polinização;
assim como os agentes bióticos, como é o caso dos insetos, pássaros, morcego e o
próprio homem. A anemofolia é a polinização executada pelo vento, ocorrendo
tipicamente em gramíneas. Já a hidrofilia é a polinização promovida pela água, na
qual os grãos de pólen flutuam e se encaminham para o estigma exposto. A ornitofilia
é a polinização feita por pássaros, que buscam as flores por causa do néctar.
Ainda que com menor frequência, os morcegos também se alimentam de
néctar, sendo este tipo de polinização designado quiropterofilia. A polinização
efetuada por insetos é denominada entomofilia. Segundo Bravo e Calor (2016),
os insetos são atraídos pelas cores, formas e odores das flores, por isso acredita-se
que exista uma coevolução entre eles.
A entomofilia revela subcategorias, conforme o tipo de inseto: cantarofilia, é a
polinização por besouros; miofilia, por moscas; melitofilia, por abelhas; psicofilia, por
borboletas; e falenofilia, por mariposas.

Fonte: infoescola.com

Depois da polinização, tem início o processo de fecundação. Assim que é


depositado no estigma, inicia-se a fase do acoplamento, a qual consiste na
germinação do grão de pólen e na formação do tubo polínico, que germina no interior
do estilete até alcançar o ovário. Os dois gametas masculinos migram e penetram no

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óvulo, sendo que um deles fecunda a oosfera, originando o zigoto, e o outro se une
aos núcleos polares, formando o endosperma. O endosperma é um tecido que retém
substâncias para a nutrição do embrião. Tal fenômeno é conhecido como “dupla
fecundação”, e é considerado exclusivo das angiospermas.
O embrião começa a se desenvolver com a divisão mitótica do zigoto, que
estabelece uma polaridade no embrião, originando uma raiz embrionária chamada de
radícula em uma das extremidades, e o meristema apical do caule, conhecido como
caulículo, na outra. Assim que a formação do embrião acontece, o tegumento ovular
diferencia-se em uma casca resistente, e o conjunto passa a se denominar semente.
As sementes transmitem hormônios que estimulam o desenvolvimento da parede do
ovário, dando origem ao fruto. Devido a seu papel na disseminação das sementes, os
frutos apresentam uma grande importância na evolução das plantas, contribuindo
para o sucesso no estabelecimento desse grupo. (BRAVO; CALOR, 2016).

6.3 Germinação

Fonte: brasilescola.uol.com.br

Uma das etapas mais difíceis e importantes para a vida de uma planta se refere
exatamente ao período em que há a quebra da dormência da semente e esta inicia

61
seu desenvolvimento. Seria algo semelhante para nós ao período gestacional, uma
vez que se necessita de cuidados e condições especiais. Assim, plantas como
angiospermas e gimnospermas, desenvolveram evolutivamente um complexo sistema
que as permitem ter um grande potencial de sucesso no processo germinativo de suas
sementes. (BRAVO; CALOR, 2016).
Para que haja a formação das sementes, várias estruturas e, às vezes, até
mesmo animais têm que estar presentes contribuindo de alguma forma e permitindo
a formação dessa estrutura. A semente é fundamental para a continuidade de uma
espécie, mesmo que esta planta consiga se reproduzir de forma assexuada, uma vez
que a mistura gênica formada durante a reprodução sexuada é essencial para o
processo de adaptação e, consequentemente, de evolução desta espécie.
As angiospermas são as plantas que apresentam adaptações mais evidentes.
Para isso, desenvolveram flores como estruturas para promover a polinização
utilizando (graças às suas propriedades físicas, como a cor das pétalas, e químicas,
como a fragrância e as substâncias nutritivas) mecanismos que permitem a relação
com animais diversos, promovendo sua fertilização.
Dentro de cada flor fêmea ou hermafrodita, existem os óvulos que, após serem
fecundados, originarão as sementes. Entretanto, é necessário que estas sementes
não germinem próximo à planta que a formou, caso contrário haverá entre esta e a
nova planta que germinará, uma competição que será prejudicial para ambas. Desta
forma, através de outra estrutura (o fruto) as plantas angiospermas permitem que a
dispersão das sementes seja feita. Este processo conta novamente com a
participação de animais que, ao se alimentarem de seus frutos, engolem as sementes,
e ao se deslocarem para outros lugares, as liberam através de suas fezes, permitindo
que estas germinem em áreas distantes.
Quando neste novo lugar, por exemplo, as sementes necessitam de condições
propícias para quebrar seu estágio de repouso e iniciar sua germinação. A maioria
das plantas necessita basicamente de água para iniciar este processo, entretanto,
além da água existem outros fatores que influenciam no início da germinação, como
a quantidade de luz e oxigênio e a temperatura local.
Com a absorção de água, processo fisiológico conhecido como embebição, a
semente passa a realizar sua atividade metabólica, o que permitirá seu
desenvolvimento. A primeira etapa após a embebição é a ruptura da casca que a

62
protege, permitindo a passagem do oxigênio, necessário para a respiração do
embrião. (BRAVO; CALOR, 2016).
A primeira estrutura a despontar da semente é a radícula (raiz primária), que
permitirá a fixação da planta e iniciará a absorção dos nutrientes presentes no solo.
Posteriormente, surgem o caulículo e as folhas embrionárias. Com a raiz primária
absorvendo nutrientes do solo e as folhas realizando fotossíntese, a nova planta
encontra as primeiras condições que permitirão a continuação deste processo.

6.4 Dispersão

Fonte: biologianet.uol.com.br

Os animais geralmente são os grandes responsáveis pelo transporte das


sementes (zoocoria). Diversas espécies de animais, como o mico-leão-dourado e o
lobo-guará, alimentam-se de frutos e eliminam as sementes junto às suas fezes em
áreas distintas daquela que eles as encontraram (endozoocoria). Estima-se que o
mico-leão-dourado, por exemplo, alimente-se de aproximadamente 88 espécies
63
diferentes, sendo responsáveis por uma grande dispersão na Mata Atlântica. Além de
eliminar pelas fezes, alguns animais regurgitam as sementes dos frutos que digeriram.
Esse comportamento é muito comum em algumas aves.
De acordo com o animal que realiza o transporte do fruto ou semente, podemos
classificar o modo de dispersão das sementes em:

• Mirmecocoria é o nome dado à dispersão feita por formigas;


• Ictiocoria é a dispersão realizada por peixes;
• Saurocoria é aquela realizada por répteis;
• Ornitocoria é o nome dado à dispersão efetuada pelos pássaros;
• Mamaliocoria é a dispersão feita por mamíferos;
• Quiropterocoria é a dispersão por morcegos.

Não é somente por servirem de alimento que os frutos são dispersos por
espécies de animais. Algumas plantas apresentam frutos e sementes com adaptações
que permitem que eles se prendam ao pelo de alguns mamíferos (epizoocoria). Entre
as estruturas encontradas, podemos destacar os ganchos, farpas, espinhos e cascas
adesivas. Quem nunca ficou com um pequeno carrapicho preso em sua roupa?
Outra forma de dispersão é através do vento (anemocoria). Muitos frutos e
sementes são tão leves que conseguem ser levados suavemente pelo ar. Alguns não
são tão leves, mas possuem estruturas, como alas, que permitem que eles sejam
soprados de um local para o outro.
A água também é considerada um agente dispersor (hidrocoria). Alguns frutos
e sementes são capazes de flutuar, permitindo, assim, que sejam levados a longas
distâncias. O principal exemplo de planta que tem seu fruto levado pela água é o
coqueiro, sendo que muitas ilhas recém-formadas recebem o coco através das
correntes marítimas. (BRAVO; CALOR, 2016).
Existem, ainda, aqueles frutos que liberam suas sementes de forma explosiva
(autocoria). Como exemplo desse tipo de dispersão, podemos citar o fruto da
mamona, que libera suas sementes a longas distâncias após a abertura de seu fruto.
Podemos perceber que assim como ocorreu com flores e insetos, as sementes
e frutos coevoluíram com seus agentes dispersores. Esse evento foi, sem dúvida,
fundamental para o sucesso na disseminação e perpetuação das espécies vegetais.
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7 BIBLIOGRAFIA BÁSICA

FERRI, Mario Guimarães. Botânica: morfologia interna das plantas. 9. ed. São Paulo.
1984.

FERRI, Mario Guimarães. Botânica: morfologia externa das plantas. 9. ed. São
Paulo. 1984.

MODESTO, Zulmira Maria Motta. Botânica: manual do professor. 2a reimpr. São


Paulo: E.P.U., c1981. 36p., 22cm. (Currículo de estudos de biologia). Bibliografia: p.
35-36.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

APEZZATO da Glória, B; CARMELLO-Guerreiro, S.M. Anatomia vegetal. 2. ed. rev.


e atual. Viçosa, MG: Ed. UFV, 2006.

CUTTER, Elizabeth Graham. Anatomia vegetal: parte I – células e tecidos. São


Paulo: Roca, 1986.

ESAU, Katherine, -. Anatomia das plantas com sementes. São Paulo, E. Blucher,
Ed. USP., 1976.

JOLY, Aylthon Brandão. Botânica: introdução à taxonomia vegetal. 13. ed. São
Paulo: Nacional, 2003. 777p., il., 22cm. (Biblioteca universitária. Série 3º, Ciências
puras, v.4). Bibliografia: p. 741-743.

RAVEN, Peter H. Biologia vegetal. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. 6ed.

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