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INTRODUÇÃO AO REINO
PLANTAE
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3 UNIDADE 1 – Introdução
5 UNIDADE 2 – O Reino dos Seres Vivos
7 2.1 Monera

7 2.1.1 Bactérias

8 2.1.2 Cianobactérias

9 2.2 Protista

11 2.3 Fungi

13 2.4 Reino Plantae

SUMÁRIO
13 2.5 Animalia

17 UNIDADE 3 – Evolução e Classificação das Plantas


21 UNIDADE 4 – A Célula Vegetal - Morfologia
21 4.1 Estrutura e organização celular

28 UNIDADE 5 – Histologia Vegetal


34 UNIDADE 6 – Germinação, Dormência
34 6.1 Germinação

36 6.2 Dormência

39 UNIDADE 7 – Senescência
41 UNIDADE 8 – Propagação Vegetativa
50 REFERÊNCIAS
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UNIDADE 1 – Introdução

Daqui cem anos não importará: sentar a filogenia ou filogênese – como


o tipo de carro que dirigi, querem alguns – dos seres vivos, portan-
o tipo de casa que morei, to, iniciamos nosso curso justamente pe-
o tipo de roupas que vesti e los filos ou phylum (cada filo representa o
nem quanto eu tinha depositado no agrupamento mais alargado geralmente
banco. aceite de seres vivos que partilham certas
Mas o mundo poderá estar um pouco características evolutivas comuns), pas-
melhor, isso porque: sando pela evolução e classificação das
fui importante na proteção da vida e na plantas (a ser estudado em maiores de-
formação de pessoas: talhes noutro momento do curso). Dando
fui BIÓLOGA, fui PROFESSORA sequência, trazemos a morfologia da cé-
Fernanda Aires Guedes Ferreira lula vegetal, noções básicas de histologia
vegetal, germinação, dormência, senes-
cência e propagação vegetativa.
Com esse pensamento, iniciamos nosso
curso de Biologia Vegetal, dando-lhes as Diante das premissas acima objetiva-
boas vindas e enaltecendo as duas profis- mos com este curso levar novos conhe-
sões em epígrafe, fazendo nossas as pala- cimentos e aprimorar os já adquiridos ao
vras da autora acima. longo da carreira do professor de biologia/
ciências para que possa ser um mediador
A biologia está presente no nosso dia-
positivo e esperançoso junto ao seu alu-
-a-dia e influencia nossas decisões, fas-
no. Destacamos que o curso é aberto tam-
cinando a todos que nela se aprofundam.
bém aos profissionais de outras áreas que
O reino vegetal com mais de 300.000 es-
queiram enriquecer seus conhecimentos
pécies conhecidas, é cientificamente cha-
nessa área tão importante para nossa so-
mado como Reino Plantae.
brevivência.
É um reino que contribui para que te-
Ressaltamos em primeiro lugar que em-
nhamos qualidade de vida, pois quando as
bora a escrita acadêmica tenha como pre-
plantas realizam a fotossíntese, retirando
missa ser científica, baseada em normas
o acúmulo de CO2 da atmosfera, contri-
e padrões da academia, fugiremos um
buem sobremaneira para nossa respira-
pouco às regras para nos aproximarmos
ção. Elas ainda retém o calor deixando o
de vocês e para que os temas abordados
ambiente menos quente, são os produto-
cheguem de maneira clara e objetiva, mas
res da cadeia alimentar, enfim, estas são
não menos científicos. Em segundo lugar,
apenas algumas da vantagens de termos
deixamos claro que este módulo é uma
plantas por todos os lados!
compilação das ideias de vários autores,
Embora o curso seja voltado para o es- incluindo aqueles que consideramos clás-
tudo do reino vegetal, justificamos que por sicos, não se tratando, portanto, de uma
uma questão didática, faz-se mister apre- redação original e tendo em vista o cará-
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ter didático da obra, não serão expressas


opiniões pessoais.

Ao final do módulo, além da lista de


referências básicas, encontram-se ou-
tras que foram ora utilizadas, ora somen-
te consultadas, mas que, de todo modo,
podem servir para sanar lacunas que por
ventura venham a surgir ao longo dos es-
tudos.
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UNIDADE 2 – O Reino dos Seres Vivos

Bilhões de anos se passaram desde que surgido por um processo de aperfeiçoa-


surgiram os primeiros organismos na face mento contínuo das células procariontes.
da Terra. Alguns se extinguiram ou fo-
Pois bem, devido a evolução e especia-
ram extintos, outros evoluíram, se espe-
lização das espécies, os seres vivos foram
cializaram e hoje temos em torno de 1,8
reunidos primeiramente em grandes gru-
milhões de espécies identificadas pelos
pos chamados de reino, ou seja, a catego-
cientistas.
ria superior de classificação científica dos
Os seres vivos são formados por cé- organismos, conforme mostra a árvore fi-
lulas, necessitam de se alimentar, respi- logenética abaixo.
rar, podem reproduzir-se e possuem uma
composição química específica formada
por substâncias orgânicas e inorgânicas.

Podem ser unicelulares (Bactérias, cia-


nofitas, protozoários, algas unicelulares
e leveduras) ou pluricelulares (os demais
seres vivos). Eucariontes ou procariontes,
de acordo com a organização estrutural.

A característica principal que diferen-


cia os eucariontes dos procariontes é a
ausência nestes últimos de carioteca indi-
vidualizando o núcleo celular, pela ausên-
cia de alguns organelas e pelo pequeno
tamanho que se acredita que se deve ao
fato de não possuírem compartimentos
membranosos originados por evagina-
ção ou invaginação. Também possuem
DNA na forma de um anel não-associado a
Fonte: http://www.sobiologia.com.br/conteudos/
proteínas (como acontece nas células eu-
Seresvivos/Ciencias/classifiseresvivos.php
carióticas, nas quais o DNA se dispõe em
filamentos espiralados e associados à his- Veremos que em oposição à antogenia
tonas). que em biologia significa o desenvolvi-
mento do indivíduo desde a fecundação
As células eucariontes são mais com-
até a maturidade para a reprodução, a fi-
plexas que as procariontes. Possuem
logenia estuda a evolução das unidades
membrana nuclear individualizada e vá-
taxonômicas, a história evolucionária das
rios tipos de organelas. A maioria dos ani-
espécies.
mais e plantas a que estamos habituados
são dotados deste tipo de células. É alta- A categoria de Reino foi introduzida
mente provável que estas células tenham por Linnaeus no século XVIII, que origi-
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nalmente considerou as coisas naturais Monera (que significa formas primitivas).


no mundo, divididas em três reinos: mine-
Robert Whittaker incluiu os fungos
ral, animália (com movimentos próprios) e
no reino Fungi, ficando a haver três
plantae (sem movimentos).
reinos para organismos multicelula-
Os reinos são subdivididos em filos res:
(para o reino animal) ou divisões (para as
Plantae – autotróficos – Reino das
plantas).
Plantas;
Quando se descobriram os organismos Fungi – saprófitos – Reino dos fun-
unicelulares, estes foram divididos entre gos (como cogumelos, bolores, etc.);
os dois reinos de organismos vivos. As for- Animalia – heterotróficos – Reino
mas com movimento foram colocadas no dos animais.
filo Protozoa e as formas com pigmentos
fotossintéticos na divisão Algae. As bac- E mais dois reinos para os organis-
térias foram classificadas em várias divi- mos unicelulares ou coloniais:
sões das plantas.
Protista – Reino das Algas Unicelula-
A dificuldade de comunicação daqueles res e dos Protozoários;
tempos levou a algumas, digamos, confu- Monera – Reino das Bactérias e Cia-
sões. A Euglena (alga unicelular) por ser nobactérias (ou algas azuis).
verde e móvel chegou a ser classificada
OBS.: O Reino Fungi atualmente com-
como planta e como animal. Por esse mo-
preende seres tanto multicelulares quan-
tivo, Ernst Haeckel sugeriu que fosse cria-
to unicelulares.
do um terceiro reino de organismos vivos,
o reino Protista para acomodar estas for- Este sistema dos cinco reinos ainda é
mas. bastante usado na literatura científica.
Herbert Copeland introduziu um quarto Um outro sistema foi proposto para
reino para as bactérias, que têm uma or- incluir os vírus, com seis reinos, divididos
ganização celular procariótica, enquanto por três super-reinos e o grupo supremo,
que os organismos dos restantes três rei- o Super-domínio Bio.
nos são formados por organismos eucari-
óticos. Ele chamou a este reino Mychota, Temos, no quadro abaixo, os critérios
nome que foi mais tarde substituído por adotados para classificar os cinco reinos.

Reino
Monera Protista Fungi Plantae Animalia
Critério
Tipo de
Procariótica Eucariótica Eucariótica Eucariótica Eucariótica
célula
Núcleo, mito- Núcleo, mito-
Núcleo, mi- Núcleo, mi-
côndria, pare- côndria, sem
Parede tocôndrias, tocôndria,
Organela de celular com cloroplastos
celular cloroplastos cloroplastos e
quitina, sem nem parede
(em alguns) parede celular
cloroplastos celular
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Unicelulares
(maioria) Pluricelulares
Unicelulares Pluricelulares
Organização Pluricelulares Pluricelulares (progressiva
(solitários e (reduzida dife-
celular (alguns) (com tecidos) diferenciação
colônias) renciação)
Solitários e tecidual)
colônias
Autotrofismo
(fotossíntese Autotrofismo
e quimiossín- (fotossíntese)
tese) Autotrofismo
Tipo de Heterotrofis- Heterotrofis-
Heterotrofis- (fotossíntese
nutrição mo (absorção) mo (ingestão)
Heterotrofis- mo (absorção na maioria)
mo e ingestão)
(absorção)

Protozoários, Cogumelos, Musgos, plan-


Exemplo Bactérias Esponja, cães
algas bolores tas com flor

2.1 Monera 1 mm (micrômetro), mas algumas podem


atingir 10 mm ou mais (o micrômetro é a
O reino Monera compreende bactérias
milésima parte do milímetro).
e cianobactérias que são seres unicelula-
res, embora como visto no quadro acima, De acordo com a forma que apresenta,
algumas espécies possam ser encontra- elas recebem uma denominação específi-
das em colônias, formadas por agrupa- ca: cocos (esféricas), bacilos (alongadas,
mentos celulares. em forma de bastonete), espirilos (em
Outra característica deste reino é se- forma de espiral) e vibriões (lembram uma
rem procariontes, ou seja, suas células vírgula).
não possuem membrana nuclear, a au- Os cocos podem se associar, for-
sência dessa membrana resulta na difu- mando diversos tipos de colônias:
são do material genético no citoplasma.
Diplococos – colônia de dois indiví-
duos;
2.1.1 Bactérias Tétrade – colônia de quatro indivídu-
Caracterizados por serem seres unice- os;
lulares, aclorofilados, microscópicos, com Estreptococos – colônia em forma de
cerca de 3000 espécies, as bactérias es- colar ou fila;
tão entre os menores e mais simples orga-
Estafilococos – colônia em forma de
nismos e são, provavelmente, os organis-
cacho;
mos mais abundantes do planeta, sendo
encontradas em praticamente todos os Sarcina – colônia em forma de cubo;
meios: na terra, na água e no ar, na super- Pneumococos – colônia de dois indi-
fície ou no interior de organismos, em ob- víduos, em forma de chama de vela;
jetos e nos materiais em decomposição. Gonococos – colônia de dois indiví-
duos, em forma de rim.
A maioria das bactérias não ultrapassa
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As bactérias em geral são heterótrofas, (AZEVEDO, 1998).


mas existem espécies autótrofas e para-
A origem das cianobactérias foi estima-
sitas de animais, inclusive do homem.
da em cerca de 3,5 bilhões de anos pela
A difteria, a lepra, meningite, tubercu- descoberta de fósseis do que foram certa-
lose, a febre tifóide, a disenteria bacilar, mente esses microrganismos, em rochas
o tétano, e o cólera são algumas das do- sedimentares encontradas no noroeste
enças de maior gravidade causadas pelas da Austrália. As cianobactérias estão, por-
bactérias, as quais, lembrando, tem na va- tanto, entre os organismos pioneiros na
cinação, um excelente modo de combate. Terra, sendo provavelmente os primeiros
produtores primários de matéria orgânica
Embora sempre associadas a doenças,
a liberarem oxigênio elementar na atmos-
as bactérias também podem ser benéfi-
fera primitiva.
cas à saúde, úteis ao homem e, ainda, fun-
damentais para o equilíbrio da natureza As cianobactérias também são organis-
ao participarem, por exemplo, do ciclo do mos unicelulares procariontes, podendo
nitrogênio, permitindo que as plantas uti- viver isoladas ou associadas em colônias
lizem este nutriente. Elas também são de- que atingem até um 1 metro de compri-
compositoras, ou seja, reciclam elemen- mento. Além da clorofila possuem ficocia-
tos através da decomposição de corpos nina (pigmento azul) e a ficoeritrina (pig-
mortos. mento vermelho).

Em relação ao homem, via alimentação, Estão distribuídas naturalmente na


elas fazem parte do ácido acético, são uti- água doce, no mar e na terra, sendo co-
lizadas na fabricação de vinagre e os lac- muns em fontes termais, suportando
tobacilos são empregados na preparação temperaturas acima de 80ºC. Em associa-
de coalhada, iogurte, queijos, etc. Quando ção com certas espécies de fungos, for-
vivem no trato digestivo produzem vita- mam os liquens.
minas essenciais à nossa saúde.
Uma vez que apresentam pequena
exigência de nutrientes, conseguem pro-
2.1.2 Cianobactérias liferar em qualquer ambiente onde haja
As cianobactérias ou cianofíceas (al- apenas gás carbônico, nitrogênio, água,
gas azuis), como preferem os botânicos, alguns minerais e luz.
são microrganismos aeróbicos fotoauto- Algumas têm a capacidade de fixar o ni-
tróficos. Seus processos vitais requerem trogênio do ar atmosférico, aproveitando
somente água, dióxido de carbono, subs- esse gás para construir suas proteínas.
tâncias inorgânicas e luz. A fotossínte-
se é seu principal modo de obtenção de As cianobactérias são microalgas. As
energia para o metabolismo. Entretanto, microalgas compreendem uma série de
sua organização celular demonstra que organismos distintos de natureza micro-
esses microrganismos são procariontes bial e com capacidade de produzir oxigênio
e, portanto, muito semelhantes bioquimi- através da fotossíntese. São organismos
camente e estruturalmente às bactérias unicelulares ou apresentando filamentos
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ou colônias multicelulares com quase ne- BENNEMAN, 1990 apud PINOTTI; SEGATO,
nhuma diferenciação. Dentro da definição 1991). Portanto, representam uma fonte
de microalgas incluem-se tanto organis- ainda pouco explorada para uso como pro-
mos procarióticos (algas azuis-verdes, teína unicelular, para a produção de agen-
agora chamadas de cianobactérias) como tes bioativos que possam ter aplicação
organismos eucarióticos (algas verdes, médica, compostos bioquímicos específi-
vermelhas, diatomáceas, dinoflagelados, cos, além de outros propósitos (PINOTTI;
etc) (PINOTTI; SEGATO, 1991). SEGATO, 1991).

Pertencentes à divisão Cianophyta,


têm papel muito importante entre os mi-
2.2 Protista
crorganismos presentes na água, princi- Os seres classificados no Reino Protista
palmente como produtores primários de são unicelulares, microscópicos e suas cé-
matéria orgânica e como fixadores de ni- lulas são eucarióticas, portanto com nú-
trogênio (WETZEL, 1983). Porém, quando cleo verdadeiro. Eles podem ser autótro-
em crescimento excessivo, prejudicam fos (grego autos = por si mesmo; trophé =
todo o sistema, chegando em certos ca- nutrição) ou heterótrofos. Podemos divi-
sos a tomar características tóxicas, de- dir o Reino Protista em dois grupos: o das
pendendo da linhagem da cianobactéria algas e o dos protozoários.
em questão (COOD & BELL, 1985; CARMI-
CHAEL et al., 1986; CALEFFI, 1994 apud Algas
PINOTTI; SEGATO, 1991). Os protistas autótrofos, organismos
O interesse pelo uso de microalgas em microscópicos, constituem a maior parte
geral, como uma fonte proteica não con- do plâncton marinho e dulcícula, vivendo
vencional (“Single Cell Protein”, SCP), para também no ambiente salobro e hipersali-
alimentação humana e ração animal, as- no.
sim como para outros objetivos, tem au- Nesses ecossistemas, são os mais im-
mentado, como resultado das necessida- portantes produtores, pois pela fotos-
des de um suprimento de alimento cada síntese, produzem os alimentos que dire-
vez maior, problemas crescentes de con- ta ou indiretamente garantem a vida de
trole de despejos e deficiências cada vez todos os demais seres. Eles também são
maiores de recursos energéticos. chamados de algas unicelulares.
Quando comparadas com outros mi- As algas unicelulares pertencentes ao
crorganismos como bactérias, leveduras Reino Protista distribuem-se por três divi-
e fungos, observa-se uma falta de infor- sões: Chrysophyta (diatomácias e crisofi-
mação detalhada sobre o cultivo de ciano- tas), Euglenophyta (euglenóides) e Pyrro-
bactérias, assim como de microalgas em phyta (dinoflagelados).
geral, principalmente em consequência
de seu cultivo não convencional. Só mui- Crisófitas (grego chrysos = ouro;
to recentemente foram incluídas em pro- grego phykia = alga): são as algas doura-
gramas de monitoramento, para cultivo das, representadas principalmente pelas
industrial em larga escala (BECKER, 1981, diatomáceas;
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Euglenófitas (grego eu = bem; grego Os protozoários (grego protos = primei-


glene = encaixe): são algas esverdeadas ro; grego zoon = animal) formam um gru-
que possuem um ou dois flagelos, vivem po numeroso, com uma grande variedade
principalmente em água doce. O principal de formas, adaptadas aos mais diferentes
representante é a Euglena; modos de vida. Eles ocorrem em pratica-
mente em todos os ambientes aquáticos e
Pirrófitas (grego pyrrhos = averme-
terrestres. Existem espécies de vida livre
lhado, cor de fogo): são as “algas de fogo”,
e parasitas.
assim chamadas por causa da cor aver-
melhada que possuem. Algumas vivem As células dos protozoários são chama-
em água doce, mas a maioria é marinha. das de “células-organismo”, pois são capa-
Um exemplo interessante de pirrófita é zes de executar todas as funções que os
a Noctiluca, que possui luminescência, seres pluricelulares são feitas por células
sendo responsável, em grande parte, pela ou órgãos especializados. Locomovem-se
luminosidade do mar e da areia molhada, por pseudópodos, cílios e flagelos, embo-
que se pode observar facilmente à noite. ra haja também espécies sem locomoção.

Os pseudópodos (grego pseudo = fal-


Protozoários so; grego podos = pé) são expansões de
Antigamente referia-se ao Filo dos Pro- citoplasma que permitem um lento desli-
tozoários. Atualmente o termo protozoá- zamento do organismo. Esses pseudópo-
rio tem sido empregado como uma desig- dos se alongam e alargam, e assim mudam
nação coletiva, sem valor taxonômico. Os constantemente a forma da célula duran-
antigos Subfilos passaram a ser os atuais te o deslocamento.
Filos.
Os cílios são filamentos curtos que
A classificação dos protozoários é fei- ocorrem em grande número por célula,
ta com base nas estruturas de locomoção enquanto os flagelos são longos e cada
que apresentam. Os principais Filos de célula apresenta apenas um ou alguns
protozoários são: poucos. Nos dois casos eles batem coor-
denadamente e possibilitam a natação do
Sarcodina (sarcodíneos) – locomo- organismo numa determinada direção.
vem-se através de pseudópodos. Ex.: as
amebas; Muitos protozoários são parasitas do
homem causando diversas doenças, con-
Mastigophora (mastigóforos) – loco- forme mostrado no quadro abaixo:
movem-se através de flagelos. Também
conhecidos como flagelados. Ex.: tripa-
nossomo;

Ciliophora (ciliados) – locomovem-se


através de cílios. Ex.: paramécio;

Sporozoa (esporozoários) – não pos-


suem estruturas de locomoção. Ex.: plas-
módio.
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Espécie Classe Doença Sintomas Transmissão


Ulcerações intes-
Ingestão de cistos
Entamœba tinais, diarréia,
Rizópodo Amebíase eliminados com as
histolytica enfraquecimen-
fezes humanas.
to
Problemas no
Fezes do inseto
Trypanosoma Doença de coração, inchaço
Flagelado barbeiro (Triato-
Cruzi Chagas do baço e fígado,
ma sp.)
mal estar
Ulcerações
(feridas que não Picada do mosqui-
Leishmania
Flagelado Úlcera de Bauru cicatrizam) no to palha (Phlebo-
brasiliensis
rosto, braços e tomus sp.)
pernas
Relação sexual ou
Trichomonas Vaginite, uretri- toalhas e objetos
Flagelo Tricomoníase
vaginalis te, corrimento úmidos contami-
nados
Ingestão de cistos
Dores abdomi-
Giardia lamblia Flagelado Giardíase eliminados com
nais, diarréia
fezes humanas
Febres, anemia, Picada de mos-
Plasmodium
Esporozoário Malária lesões no baço e quito-prego
vivax
no fígado (Anopheles sp.).
málculos” (PELCZAR; REID; CHAN, 1980).
Por volta da mesma época Robert Hooke
2.3 Fungi foi quem chamou de “células” às unidades
Rettori e Volpe (1999) descrevem que microscópicas que havia observado em
as primeiras observações de organismos amostras de cortiça.
unicelulares ao microscópio, relatadas Duzentos anos se passaram até que
com desenhos e descrições precisas, fo- os pesquisadores Theodor Schwann e
ram feitas pelo naturalista holandês An- Matthias Schleiden reconheceram que a
tonie van Leeuwenhoek. célula era a unidade básica da vida, uma
Numa carta dirigida à Sociedade Real unidade que podia se dividir, enfim, uma
de Londres, em 9 de outubro de 1676, ele unidade que possuía vida (DARNELL; LO-
escreveu: “No ano de 1675 descobri seres DISH; BALTIMORE, 1990).
vivos na água da chuva que havia ficado, Atualmente, a célula é definida como
por apenas alguns dias, num pote de barro a unidade básica estrutural e funcional
vitrificado por dentro.” de todos os organismos vivos, unidade
Ele chamou estes seres vivos de “ani- esta que pode se reproduzir exatamente
(MARTIN, 1990, 1994). As células podem
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ser classificadas em dois grupos: proca- rem similares às dos animais, com os quais
riontes ou eucariontes. A principal dife- o Reino está mais relacionado filogeneti-
rença entre ambos é a existência ou não camente, outras apresentam variações e
de uma organela que contém o DNA da cé- outras ainda, são exclusivas dos fungos.
lula. Quando esta estrutura está presen- Este trabalho se aterá à singularidade de
te, diz-se que a célula possui núcleo e que, suas organelas (MOORE; FRAZER, 2002;
portanto, é uma célula eucariótica. Caso BURNETT, 2003).
contrário, a célula é procariótica e o seu
Os fungos mais conhecidos são os bo-
DNA se encontra mais ou menos livre no
lores, fermentos, lêvedos, orelhas de pau,
citoplasma (BROCK et al., 1994).
mofos e cogumelos. São todos organis-
Microrganismos são organismos que mos eucariontes e heterotróficos. Podem
existem na forma de células livres ou viver livres na água ou no meio terrestre,
como “clusters” (agrupamentos) de célu- onde há predominância de matéria orgâ-
las que somente podem ser observados nica.
mediante o uso de um microscópio. As cé-
Para poderem absorver a matéria or-
lulas microbianas são distintas das células
gânica de que necessitam, os fungos
animais e vegetais porque estas últimas
mantêm três tipos de relacionamentos
são incapazes de sobreviver na natureza
com outros seres vivos: saprofitismo (nu-
a não ser como partes de um organismo
trem-se de restos de seres vivos que eles
multicelular. O reino Fungi é constituído
mesmos decompõem), mutualismo (as-
pelos microrganismos eucarióticos, não
sociação com outro ser onde os dois se
fotossintéticos, que possuem parede ce-
beneficiam) e parasitismo (nutre-se de
lular rígida. Por fim, as leveduras são or-
substâncias orgânicas do corpo de ani-
ganismos unicelulares pertencentes ao
mais ou plantas vivos).
reino Fungi (RETTORI; VOLPE, 1999).
A maioria dos fungos é constituída por
Os fungos, os vegetais e os animais –
filamentos microscópicos denominados
organismos eucariontes – divergiram de
hifas, que em conjunto formam um ema-
um ancestral comum há cerca de 1 x 109
ranhado denominado micélio.
anos. Entretanto, quando se compara
plantas e animais, grupos de indivíduos Os fungos desempenham importantís-
diplóides e de crescimento limitado, aos simo papel na Natureza: são eles que, jun-
fungos, constata-se, ao contrário, que tamente com as bactérias do solo, fazem
estes, em sua maioria, são haplóides e ca- a decomposição de cadáveres de animais
pazes, potencialmente, de crescimento e de plantas. Nesse papel de decomposi-
ilimitado (LOGUERCIO-LEITE ET AL, 2006). tores da cadeia alimentar, eles permitem
a reciclagem dos elementos químicos que
O Reino Fungi está delimitado atual-
constituem a matéria orgânica. Se não
mente com base em certas características
fosse assim, os elementos se esgotariam
peculiares, que incluem aspectos morfo-
para os seres vivos.
lógicos (macroscópico, microscópico e ul-
tramicroscópico), bem como fisiológicos. Os fungos são antigos aliados da huma-
Apesar de muitas estruturas fúngicas se- nidade, utilizados na fermentação do pão
13

e na produção de bebidas alcoólicas. Além 2.5 Animalia


disso, eles emprestam um sabor caracte-
Estimativas de alguns cientistas falam
rístico ao queijos tipo roquefort, camem-
em 7 a 8 milhões de espécies de animais,
bert, gorgonzola e muitos outros, sem fa-
mas, conhecidos e identificados, com
lar na utilização de fungos diretamente na
certeza podemos afirmar 1 milhão per-
alimentação, como é o caso dos famosos
tencentes ao Reino Animalia. Esses or-
champignons.
ganismos, chamados genericamente de
Os fungos têm importância médica, animais, possuem características comuns:
pois podem causar doenças no homem,
são peculiares, eucariontes e hetero-
nos vegetais e nos animais, as quais cha-
tróficos (grego hetero = outro, diferente;
mamos de micose, tendo como principais
grego trophé = nutrição). Suas células não
o sapinho, a frieira e as micoses de pele.
possuem parede celular;
Nos vegetais os fungos podem causar do-
enças como: as ferrugens, e os carvões. como são heterotróficos dependem,
Não podemos esquecer dos fungos do gê- para sua nutrição, de outros seres vivos;
nero Penicillium, que são empregados na a maioria dos animais é capaz de se
fabricação de antibióticos naturais. locomover. As espécies que não se loco-
movem são aquáticas e recebem os ali-
2.4 Reino Plantae mentos trazidos pela água;
O Reino Plantae compreende seres a maioria dos animais possui sistema
eucariontes, pluricelulares, autotróficos, nervoso e é capaz de reagir rapidamente
que realizam fotossíntese. a estímulos;
A exemplo dos animais, o organismo a reprodução geralmente é sexuada
vegetal é constituído por células. Contu- (com troca de gametas).
do, sua organização é bastante diferente.
Se seus órgãos têm funções paralelas as Abaixo, apresentamos duas tabelas,
dos sistemas animais, o mesmo não pode contendo os animais vertebrados e in-
se dizer da sua estrutura. Em relação aos vertebrados. É característica do Filo In-
animais, falamos em sistemas digestório, vertebrado não possuírem coluna verte-
respiratório, reprodutor, etc.; no que diz bral. Além desses filos, existe o filo dos
respeito às plantas, tratamos de órgãos: a Cordados. Os representantes desse filo
raiz, o caule, a folha, a flor, o fruto e a se- possuem, durante a vida embrionária,
mente. três características: notocorda (eixo es-
quelético), fendas branquias (perfura-
A classificação dos vegetais possui li- ções ao lado da faringe) e tubo nervoso
geiras diferenças em relação à classifica- dorsal (participa da formação do sistema
ção animal. Ao invés de usar o termo Filo, nervoso). O filo dos cordados divide-se em
usa-se o termo Divisão. 4 subfilos, dos quais a tabela apresenta
apenas o subfilo dos Vertebrados.
Dedicou-se, como não poderia deixar
de ser, um momento especial para falar-
mos do Reino Plantae.
14

OS INVERTEBRADOS

Filo Classes Representantes Características

Calcários Esponjas calcárias Aquáticos

Hexactinélidas Esponjas de vidro Apresentam pontos


1. Poríferos
na parede do corpo.
Esponjas de Embora pluricelulares,
Demospôngias não formam tecidos
banho

Aquáticos, formam
Hidrozoários Hidra e obélia tecidos, mas não for-
mam órgãos.
2. Celentera-
dos Cifozoários Águas-vivas
Possuem cnidoblastos
Corais e
Astozoários
anêmonas

Turbelários Planária
Vermes de corpo
3. Platelmin- achatado dorsoven-
Trematódeos Esquistossomo
tos tralmente. De vida
livre e parasitas
Cestóides Cestóideo

Vermes de corpo cilín-


Lombriga,
4. Nematoda Nematódeos drico. De vida livre e
ancilóstomo
parasitas

Oligoquetos Minhocas
Vermes anelados.
Vida livre em solos
5. Anelídeos Poliquetos Nereis
úmidos, água doce ou
salgada.
Hirudíneos Sanguessugas
15

Corpo com cabeça,


Moscas, barbei- tórax e abdômen. Um
Insetos
ros, borboletas par de antenas e três
pares de patas.

Corpo com cefalotó-


rax e abdômen. Dois
Camarões, siris,
Crustáceos pares de antenas e
caranguejos
vários pares de patas.
Maioria marinho.

6. Artrópodos Corpo com cefalotórax


Aranhas, escorpi- e abdômen. Não pos-
Aracnídeos
ões e carrapatos suem antenas. Quatro
pares de patas.

Anelados, um par de
Centopéias e
Quilópodos patas por anel e com
lacraias
um par de antenas.

Anelados, com dois


Diplópodos Piolho-de-cobra pares de patas por
anel.

Gastrópodos Caramujos Animais de corpo


mole, geralmente com
7. Moluscos Pelecípodos Ostras e mariscos concha calcária. Mari-
nhos, de água doce e
Cefalópodos Lulas e polvos terrestre.

Asteróides Estrelas-do-mar

Ofiuróides Ofiúro Exclusivamente ma-


rinhos. Espinhos na
8. Equinoder- superfície do corpo.
Equinóides Ouriço-do-mar
mos Esqueleto interno
formado por placas
Holoturóides Pepino-do-mar calcárias.

Crinóides Lírio-do-mar
16

OS VERTEBRADOS

Subfilo Classes Representantes Características

Esqueleto cartilaginoso.
Peixes Tubarão, cação,
Pecilotérmicos. Marinhos
cartilaginosos raia, quimera.
e dulcículas

Cavalo-marinho, Esqueleto ósseo. Peci-


Peixes ósseos bagre, dourado, lotérmicos. Marinhos e
cavalinha. dulcículas.

Na fase larval são aquá-


Sapos, rãs, ticos e, quando adultos,
Anfíbios
pererecas. terrestres. Pecilotérmi-
cos.
Vertebrados
Andar rastejante. Peci-
Cobra, jacaré, tar- lotérmicos. Escamas ou
Répteis
taruga. placas córneas, adaptados
ao ambiente terrestre.

Capazes de voar. Dípedes.


Ema, pinguim,
Aves Homeotermos. Possuem
tuiuiú, canário.
bicos e penas.

Baleia, golfinho, Tetrápodos. Possuem pe-


Mamíferos morcego, homem, los e glândulas mamárias.
cachorro, vaca. Homeotermos.
17
UNIDADE 3 – Evolução e Classificação das
Plantas
O estudo da diversidade biológica teve Quanto à origem e evolução das plantas,
início na Grécia Antiga com Aristóteles onde podemos dizer que as algas que vieram dos
todos os organismos eram agrupados em oceanos foram as primeiras formas de vida
um sistema de classificação. Nesse sistema, vegetal. Depois surgiram os musgos que se
os organismos eram agrupados de acordo fixavam nas pedras e evoluíram para sobre-
com características gerais que não indica- viver no ambiente terrestre.
vam nenhuma relação evolutiva entre os
As algas marinhas de 500 milhões de
organismos.
anos atrás, no período Ordoviciano, deram
Em 1735, Lineu propôs um novo sistema origem aos vegetais. A Terra passou por um
de classificação da diversidade biológica, período de seca e muitas modificações (pe-
mas essa proposta também não indicava ríodo Siluriano, há 435 milhões de anos) que
nenhuma relação de parentesco entre os pode ter sido um fator de seleção natural.
organismos (MAYR, 1998; RIDLEY, 2006).
Para conquistarem o novo ambiente, as
Com a publicação da Teoria da Evolu- plantas precisaram se adaptar às suas novas
ção através da Seleção Natural de Darwin condições de vida. Assim, desenvolveram
(1859), modificações tiveram de ser realiza- vasos condutores de seiva, que garantem
das nos sistemas de classificação dos seres a distribuição das seivas bruta e elaborada
vivos. A partir da compreensão dos proces- pela planta (SEIXAS, 2012).
sos da evolução, a classificação dos orga-
Esta característica está diretamente li-
nismos passou a ter um enfoque evolutivo.
gada ao porte da planta, pois as briófitas,
Alguns métodos surgiram para classificar os
como os musgos, por exemplo, não apre-
seres vivos dentro de uma perspectiva evo-
sentam esses vasos e chegam a ter no má-
lutiva, dentre os quais se destaca a constru-
ximo 10 cm, enquanto que as gimnosper-
ção de cladogramas proposta por Hennig
mas e angiospermas podem chegar a 100
(1950, 1966 apud FERREIRA et al., 2008), o
m.
qual estabeleceu princípios e métodos que
constituem a Sistemática Filogenética. Nos Outra adaptação ao ambiente terrestre
dias de hoje, o estudo sobre a classificação está relacionada às sementes e sua disper-
dos seres vivos é realizado através da Siste- são. O vegetal mais evoluído é aquele que
mática Filogenética (RIDLEY, 2006). apresenta sua semente protegida pelo fru-
to. Sua disseminação ocorre, normalmente,
Segundo Matioli (2001), a Sistemática
através de agentes polinizadores, tais como
Filogenética ou cladística, tem por objetivo
os insetos, pássaros e morcegos, entre ou-
organizar o conhecimento sobre a diversi-
tros.
dade biológica a partir das relações filoge-
néticas entre os grupos e do conhecimento Uma outra adaptação necessária foi con-
da evolução das características morfológi- trolar a perda excessiva de água. Isso passou
cas, ecológicas e moleculares dos grupos. a ocorrer através da abertura e fechamento
dos estômatos – estruturas microscópicas
18

por meio das quais ocorrem as trocas gaso- ques formados pelos ancestrais de musgos
sas entre a planta e a atmosfera. Da mesma e samambaias. As plantas com sementes
maneira, as plantas dispensaram a água du- desenvolveram-se neste período e se di-
rante o seu ciclo reprodutivo, uma vez que versificaram no Carbonífero (355 milhões).
seus gametas já não se encontravam num Encontram-se adaptadas ao meio terrestre
ambiente aquático. até os dias atuais (SEIXAS, 2012).

Acredita-se que no período Denoviano Quanto a sua estrutura, a ilustração abai-


(410 milhões de anos atrás) surgiram bos- xo apresenta a classificação das plantas.

Fonte: Oliveira (2012)

O passo seguinte da evolução foi o sur- fotossíntese, formada pelas folhas. Com o
gimento de plantas que possuíam elemen- passar do tempo, vieram plantas maiores,
tos para o transporte de água (pequenos com flores e frutos.
canais), como as samambaias. Estas plan-
Foram necessários milhões de anos
tas possuem três partes fundamentais: a
para as plantas conquistarem ambientes
raiz (que fixa a planta na terra e absorve
terrestres e tornarem-se maiores e mais
a água e os sais minerais), o caule (que
complexas. Os cientistas concluíram que
possui vasos para conduzir a água e os nu-
a evolução aconteceu desse modo depois
trientes até as folhas), e a parte que faz a
19

de estudarem os fósseis desses vege- permas. Existem vários cotilédones na-


tais, ou seja, os vestígios deixados pelas quelas, mas nestas últimas são apenas
plantas em diferentes épocas (OLIVEIRA, um ou dois, por isso as angiospermas se
2012). subdividem em duas classes: monocotile-
dônea e dicotiledônea.
Seguindo a evolução de plantas terres-
tres, temos as briófitas, sem vasos condu- As monocotiledôneas apresentam ner-
tores de seiva, como é o caso dos musgos vuras paralelas nas folhas, raiz cabeleira
e das hepáticas, por exemplo. As pteridó- (fascicular), e flores trímeras (três pétalas
fitas foram as primeiras a apresentarem e três sépalas). Pertencem a esta classe
vasos condutores de seiva. Entre elas, as plantas tão diferentes quanto as orquíde-
mais comuns são as samambaias e aven- as e o milho.
cas.
Já as dicotiledôneas apresentam ner-
As gimnospermas, representadas pe- vuras irregulares pelas folhas, raiz prin-
los pinheiros, apresentam sementes nuas cipal, flores tetrâmeras ou pentâmeras.
(um exemplo típico é o pinhão) e, por fim, São elas a maioria das árvores (exceto os
vêm as angiospermas. São as mais evoluí- pinheiros) e plantas herbáceas (SEIXAS,
das, pois apresentam flor, fruto e semen- 2012).
te protegida pelo fruto.
A ilustração que segue apresenta uma
Cotilédone é o nome que se dá à folha classificação do Reino Plantae, sendo um
ou folhas primordiais que se formam no Cladograma das plantas verdes baseado
embrião das gimnospermas e das angios- em Donoghue (1994).

Cladograma das plantas verdes


20

Obs: Sobre a classificação de Lineu vale


a pena ler na íntegra o artigo “As origens
da classificação de plantas de Carl von
Linné no ensino de biologia” redigido por
Maria Elice Brzezinski Prestes; Patrícia Oli-
veira e Gerda Maísa Jensen, publicado na
Revista Filosofia e História da Biologia, v.
4, p. 101-137, 2009. Está disponível em:
http://www.abfhib.org/FHB/FHB-04/
FHB-v04-04-Maria-Elice-Prestes-et-al.
pdf
21

UNIDADE 4 – A Célula Vegetal - Morfologia

4.1 Estrutura e organização rugoso (parte polipeptídica das glicoprotei-


nas) ou no complexo de Golgi (parte glicídica
celular e polissacarídeos) e, então, exportados para
Segundo Jordão e Andrade (2005) os ve- a parede por meio de vesículas de secreção.
getais superiores são constituídos por cé-
A biossíntese de novos componentes
lulas eucariontes, com a organização típica
também ocorre durante o alongamento ce-
consistindo em núcleo e citoplasma rico em
lular, que é um crescimento induzido pela
endomembranas, muito semelhantes às cé-
pressão de turgor celular, direcionado pela
lulas eucariontes dos animais. No entanto, as
disposição das fibrilas de celulose e regula-
células das plantas possuem certos compo-
do por hormônios. Os componentes do cito-
nentes exclusivos.
esqueleto participam de vários processos,
Além da membrana plasmática, essas cé- alguns dos quais específicos das células ve-
lulas apresentam paredes rígidas que lhes getais, como a ciclose e a deposição de pre-
conferem forma constante e proteção con- cursores da parede celular.
tra agressões mecânicas e contra a ruptura
Outra característica das células vegetais é
por desequilíbrio osmótico. Possuem tam-
a presença de plastos, classificados de acor-
bém grandes vacúolos citoplasmáticos que
do com o pigmento que neles predomina ou
podem ocupar até 95% do volume total da
com o material de reserva que armazenam.
célula e desempenhar importantes funções,
como a de manter a turgescência celular. Plastídeos e mitocôndrias são organelas
envolvidas por dupla membrana, semiautô-
A parede celular se forma, durante a ci-
nomas, que contêm seu próprio DNA, mas
tocinese, pela fusão de vesículas originadas
que importam a maioria de suas proteínas do
nos dictiossomos e pela posterior deposição
citossol.
de camadas dessa parede. Paredes que são
capazes de crescer são chamadas de pare- Os cloroplastos, que contêm clorofila,
des primárias. Quando o crescimento para, são responsáveis pela fotossíntese. Atra-
deposita-se a chamada parede secundária. vés desse processo, pigmentos associados
a proteínas integrais das membranas dos ti-
O citossol de células adjacentes permane-
lacóides dos cloroplastos absorvem luz solar;
ce contínuo por causa da presença de canais
cuja energia é capturada na forma de liga-
através das paredes celulares, chamados
ções químicas.
plasmodesmos, que são importantes na co-
municação célula-célula. A biogênese da pa- Nas plantas, existem dois tipos de com-
rede depende da biossíntese de seus com- plexos pigmentos-proteínas: fotossistema I
ponentes. A síntese da celulose tem lugar e fotossistema II, que, normalmente, funcio-
em um complexo enzimático integrante da nam em série. Ao realizarem um transporte
membrana plasmática chamado celulose sin- de elétrons não cíclico, eles oxidam água a
tetase. Todos os outros polímeros da parede oxigênio molecular; processo pelo qual é for-
são sintetizados no retículo endoplasmático necido quase todo o oxigênio da atmosfera,
22

e reduzem NADP+ NADPH. Nesse transpor- pam os peroxissomos. A perda pela fotorres-
te de elétrons, forma-se um gradiente de piração é evitada, em algumas plantas, por
prótons através da membrana do tilacóide, mecanismos que concentram CO2 nos locais
que é usado para a síntese do ATP no com- de carboxilação dos cloroplastos. Esses me-
plexo CF1. NADPH e ATP formados por essas canismos incluem o ciclo do carbono de plan-
reações fotodependentes fornecem a ener- tas C4 e o metabolismo MAC.
gia para a redução do dióxido de carbono nas
Muitas características vegetais de inte-
reações bioquímicas.
resse econômico são hoje facilmente sele-
Por essas reações, o CO2 atmosférico é cionadas, estudadas e reproduzidas através
fixado em compostos que são convertidos do uso de técnicas modernas. A engenharia
a carboidratos, via ciclo de Calvin. Esse ciclo genética, uma subárea da tecnologia do DNA
envolve uma série de reações que ocorrem recombinante, compreende a transferência
no estroma. Os carboidratos sintetizados de genes de um organismo a outro, originan-
são convertidos em formas armazenáveis de do organismos transgênicos. A inserção de
energia: sacarose e amido, sintetizados no DNA estranho em genomas de plantas pode
citossol e no cloroplasto, respectivamente. ocorrer via DNA de bactérias ou de vírus, via
manipulação mecânica ou por fusão de pro-
A principal enzima que catalisa a fixação
toplastos. O cultivo de células vegetais, cujo
do carbono, a RUBISCO, também age como
genoma contém genes transferidos, pode
oxigenase, desencadeando reações conhe-
regenerar plantas transgênicas (JORDÃO;
cidas como fotorrespiração, que reduzem a
ANDRADE, 2005).
eficiência da fotossíntese e das quais partici-

Desenho esquemático de uma célula vegetal

Fonte: Junqueira; Carneiro (2005, p. 240)


23

Desenho esquemático de uma célula


vegetal - tridimensional

São estruturas características da célu- a) Celulose (C6H10O5)n, constituída por


la vegetal: parede celular, vacúolo grande moléculas lineares de glicose.
na célula adulta (resultante da união de
Fórmula da celulose
pequenos vacúolos), plastos e substân-
cias esgásticas. Evidentemente, estão
presentes nas células vegetais muitas or-
ganelas também encontradas nas células
animais, como mitocôndrias, dictiossomos
(pilhas de membranas lisas, que consti-
tuem o Aparelho Golgiense), núcleo, mi-
crotúbulos, ribossomos etc.
A celulose é formada por microfibrilas,
1. PAREDE CELULAR: restringe a dis-
que se reúnem em feixes maiores (fibri-
tensão do protoplasto configurando, à
las). As microfibrilas são sintetizadas por
célula adulta, tamanho e formas fixos;
enzimas que se encontram na membra-
confere proteção aos componentes do
na plasmática. A celulose está associada
protoplasto. É composta por:
24

a outros polissacarídeos, principalmente minadas campos de pontoação primários,


hemiceluloses (xiloglicanos e xilanos) e originados por uma menor deposição de
compostos pécticos (galacturonanos). microfibrilas de celulose. Posteriormen-
te, durante a formação da parede secun-
b) Substâncias de origem orgânica po-
dária, não há deposição de material sobre
dem ser de natureza proteica (várias) e de
essas áreas, originando diversos tipos de
natureza lipídica
pontoações.
De natureza lipídica temos: cutina, su-
As pontoações mais comuns são:
berina, lignina – esta última confere maior
rigidez à parede e sua presença compro- pontoação simples – interrupção
va a existência de parede secundária; na parede primária, com formação de uma
sua formação pode ocorrer dentro dos cavidade de pontoação (espaço onde a
dictiossomos, um sistema de membranas parede primária não é recoberta pela se-
que forma o Complexo de Golgi. cundária). Quando as pontoações simples
de duas células contíguas se encontram,
As primeiras camadas de microfibrilas a
temos uma membrana de pontoação, for-
se formarem constituem a parede primá-
mada pelas paredes primárias de ambas
ria. Essas microfibrilas apresentam uma
as células, mais a lamela média entre elas;
disposição intercalar. Em muitas células,
camadas adicionais são depositadas in- pontoação areolada – saliência de
ternamente à parede primária, forman- contorno e abertura central circulares (em
do a parede secundária; essas camadas vista frontal, forma uma aréola). Trata-se
são denominadas S1, S2 e S3, respecti- de uma interrupção da parede secundária.
vamente, sendo que a última pode estar Quando a parede secundária e a primária
ausente. Na parede secundária, o arranjo estão bem separadas, delimita-se uma
das microfibrilas se dá de diversas manei- câmara de pontoação. Além disso, quando
ras diferentes. Lamela média é a linha de a parede secundária se espessa, percebe-
união entre as paredes primárias de duas -se a formação de um canal de pontoação,
células contíguas e possui natureza pécti- entre a abertura interna e a externa da
ca. pontoação areolada. Esse tipo de ponto-
ação é encontrado em células do xilema,
A formação da parede celular ocorre no
isto é, nos elementos de vaso e traqueí-
final da telófase, com o surgimento da pla-
des. Nas traqueídes das coníferas ocorre,
ca celular, que dará origem à lamela média
na pontoação areolada, um espessamen-
e parte da membrana plasmática das duas
to especial denominado toro, que pode
células-filhas, por ela separadas; durante
funcionar como uma válvula, fechando
a formação da parede primária e da lamela
quando a pressão num lado é superior à
média, elementos do retículo endoplas-
pressão no outro e impedir rompimento
mático ficam retidos entre as vesículas
da região, em caso de vergamento. Uma
em formação, originando os plasmodes-
mesma célula pode apresentar mais de
mos, continuidades protoplasmáticas en-
um tipo de pontoação. Por exemplo, um
tre uma célula e outra, que geralmente se
elemento de vaso que esteja contíguo a
localizam em pequenas depressões deno-
outro elemento de vaso, apresenta um
25

par de pontoações areoladas; no entanto, tamanho aumenta à medida que o tono-


se ele estiver contíguo a uma célula de pa- plasto incorpora vesículas derivadas do
rênquima, apresentará um par de pontoa- complexo de Golgi.
ções semiareoladas.
b) Plastos – organelas formadas por
2. Principais organelas do CONTEÚ- um envelope de duas membranas unitá-
DO CELULAR rias contendo internamente uma matriz
ou estroma, onde se situa um sistema
a) Vacúolo – delimitado por uma mem-
de membranas saculiformes achatadas,
brana denominada tonoplasto. Contém
os tilacóides. Originam-se dos plastídios
água, açúcares, proteínas; pode-se en-
e contêm DNA e ribossomos. São dividi-
contrar ainda compostos fenólicos, pig-
dos em três grandes grupos: cloroplas-
mentos como betalaínas, antocianinas
to, cromoplasto e leucoplasto; estes, por
cristais de oxalato de cálcio (drusas, esti-
sua vez, originam-se de estruturas muito
lóides, cristais prismáticos, rafídios etc.).
pequenas, os proplastídios (que normal-
Muitas das substâncias estão dissolvidas,
mente já ocorrem na oosfera, no saco em-
constituindo o suco celular, cujo pH é ge-
brionário e nos sistemas meristemáticos).
ralmente ácido, pela atividade de uma
Quando os proplastídios se desenvolvem
bomba de próton no tonoplasto. Em cé-
na ausência de luz, apresentam um sis-
lulas especializadas pode ocorrer um úni-
tema especial, derivado da membrana in-
co vacúolo, originado a partir da união de
terna, originando tubos que se fundem e
pequenos vacúolos de uma antiga célula
formam o corpo prolamelar. Esses plastos
meristemática (célula-tronco); em células
são chamados estioplastos.
parenquimáticas o vacúolo chega a ocu-
par 90% do espaço celular. Os cloroplastos – seu genoma codifi-
ca algumas proteínas específicas dessas
O vacúolo estará ativo em processos
organelas; contêm clorofila e estão asso-
metabólicos, como: armazenamento de
ciados à fase luminosa da fotossíntese,
substâncias (vacúolos pequenos - acú-
sendo mais diferenciados nas folhas. Seu
mulo de proteínas, íons e outros metabó-
sistema de tilacóides é formado por pilhas
litos). Um exemplo são os microvacúolos
de membranas em forma de discos, cha-
do endosperma da semente de mamona
mado de granos; é nesse sistema que se
(Ricinus communis), que contêm grãos de
encontra a clorofila. Na matriz ocorrem as
aleurona.
reações de fixação de gás carbônico para
Processo lisossômico (através de enzi- a produção de carbohidratos, além de
mas digestivas, existentes principalmen- aminoácidos, ácidos graxos e orgânicos.
te nos vacúolos centrais e bem desenvol- Pode haver formação de amido e lipídios,
vidos, cujo tonoplasto sofre invaginações estes últimos em forma de glóbulos (plas-
para englobar material citoplasmático toglóbulos).
contendo organelas (a autofagia ocorre
Cromoplastos – portam pigmentos ca-
em células jovens ou durante a senescên-
rotenóides (geralmente amarelos, alaran-
cia). Se originam a partir do sistema de
jados ou avermelhados); são encontrados
membranas do complexo golgiense. Seu
em estruturas coloridas como pétalas,
26

frutos e algumas raízes. Surgem a partir formar cadeias de proteínas.


dos cloroplastos.
Retículo Endoplasmático – constitu-
Leucoplastos – sem pigmentos; podem ído de um sistema de duplas membranas
armazenar várias substâncias: lipoproteícas. O retículo endoplasmático
liso é constituído por duas membranas
- amiloplastos: armazenam amido.
e o retículo endoplasmático rugoso pos-
Ex.: em tubérculos de batatinha inglesa
sui ribossomos aderidos do lado externo
(Solanum tuberosum) - proteinoplastos:
aderidos ao lado externo. O retículo liso
armazenam proteínas - elaioplastos: ar-
facilita reações enzimáticas, já que as en-
mazenam lipídios. Ex.: abacate (Persea
zimas se aderem à sua membrana, sinte-
americana).
tiza lipídios (triglicerídeos, fosfolipídeos
3. CONTEÚDO CELULAR - organelas e esteróides), regula a pressão osmótica
em comum com células animais (armazenando substâncias em sua cavi-
dade), atua no transporte de substâncias
Núcleo – importante organela existen-
(comunicando-se com a carioteca e com a
te nas células eucariontes, constitui-se
membrana celular). O retículo rugoso além
de duas membranas com um espaço entre
de desempenhar todas as funções do re-
si e contendo poros. Possui duas funções
tículo liso, ele ainda sintetiza proteínas,
básicas: regular as reações químicas que
devido a presença de ribossomos.
ocorrem dentro da célula; e, armazenar as
informações genéticas da célula. Em seu Mitocôndrias – organelas constituídas
interior distinguem-se o nucléolo e a cro- de duas membranas; a interna sofre inva-
matina. Durante a divisão celular, a croma- ginações, formando cristas mitocondriais
tina se condensa em estruturas com for- que aumentam a superfície de absorção
mas de bastão, os cromossomos. de substâncias existentes na matriz mito-
condrial. O papel da mitocôndria é a libera-
Sistema Golgiensi ou complexo de Golgi
ção de energia para o trabalho celular.
– é constituído de várias unidades meno-
res, os dictiossomos. Cada dictiossomo é Peroxisomos – estruturas com mem-
composto por uma pilha de cinco ou mais brana 2-lipídica - contêm enzimas que au-
sacos achatados, de dupla membrana li- xiliam no metabolismo lipídico; participa
poprotéica. Nas bordas dos sacos podem do processo de fotorespiração, efetuando
ser observadas vesículas em processo de a oxidação do glicerato em glicolato, que é
brotamento. Está relacionado aos proces- transaminado em glicina.
sos de secreção, incluindo a secreção da
4. SUBSTÂNCIAS ERGÁSTICAS
primeira parede que separa duas células
vegetais em divisão. São os produtos do metabolismo ce-
lular. Podem ser material de reserva ou
Ribossomos – estruturas constituídas
produtos descartados pelo metabolismo
de RNA e proteínas; podem estar livres
da célula. Encontradas na parede celular e
no hialoplasma ou presos entre si por uma
nos vacúolos, além de outros componen-
fita de RNA (polissomos) e, nesse caso,
tes protoplasmáticos. As mais conhecidas
juntam os aminoácidos do citoplasma para
são: amido, celulose, corpos de proteína,
27

lipídios, cristais de oxalato de cálcio (dru-


sas, ráfides, etc.), cristais de carbonato
de cálcio (cistólitos) e de sílica (estrutu-
ras retangulares, cônicas, etc.). Também
são esgásticas as substâncias fenólicas,
resinas, gomas, borracha e alcalóides.
Muitas vezes as células que contêm essas
substâncias são diferentes morfo e fisio-
logicamente das demais, sendo denomi-
nadas idioblastos. Disponível em: http://
www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/
sala_de_aula/biologia/biologia_vegetal/
celula_vegetal/celula_vegetal

Citoplasma – local onde tudo acontece!


Constituído pelo hialoplasma, um material
com moléculas proteicas; a porção exter-
na, mais viscosa, é conhecida como ecto-
plasma e a interna, fluida, é o citossol. No
citossol, é possível observar, muitas ve-
zes, o movimento citoplasmático (ciclose);
esse movimento sofre influência de luz e
temperatura. O citoesqueleto é compos-
to por fibras de proteínas finíssimas no
hialoplasma.
28

UNIDADE 5 – Histologia Vegetal

De acordo com o dicionário Aurélio, his- terrestres. Nessas plantas encontramos


tologia (do grego hystos = tecido + logos tecidos especializados para evitar a perda
= estudo) é o estudo da estrutura do ma- de água e para sustentar o corpo do vege-
terial biológico e das maneiras como os tal contra a gravidade.
seus componentes se inter-relacionam,
Os Meristemas: tecidos embrioná-
tanto estrutural quanto funcionalmente.
rios ou de formação
O estudo da histologia se iniciou com
À medida que as células do embrião da
o desenvolvimento de microscópios sim-
planta se especializam, elas perdem gra-
ples e de técnicas para preparo de mate-
dativamente a capacidade de se dividir.
rial biológico, tornando-o adequado para
Em algumas regiões da planta, porém,
exame.
persistem grupos de células de estrutura
Os primeiros histologistas descobriram simples, não diferenciadas, que conser-
muito sobre a estrutura do material bio- vam as características embrionárias. Es-
lógico, estabelecendo a teoria celular da ses grupos de células, chamados meriste-
estrutura dos organismos vivos, onde a mas, encontram-se em constante divisão,
célula é a unidade básica da arquitetura promovendo o crescimento da planta e
da maioria dos materiais biológicos. dando origem, por diferenciação, aos ou-
tros tecidos vegetais.
Na área em estudo, a histologia vege-
tal é o ramo da biologia que estuda a es- O tecido que constitui o embrião da
trutura microscópica normal de tecidos e planta e que é responsável por seu de-
órgãos, ou seja, é o estudo específico dos senvolvimento, chama-se meristema pri-
tecidos vegetais. mário, encontrado também nas gemas ou
brotos. Durante o desenvolvimento do
No caso das plantas, os tecidos vege-
embrião, a maior parte desse meristema
tais são grupos de células que geralmente
transforma-se em outros tipos de tecido,
realizam as mesmas funções. São dividi-
e uma parte menor fica restrita às extre-
dos em meristemas (tecidos meristemá-
midades da raiz e do caule, garantindo,
ticos ou embrionários) e tecidos adultos
assim, que o vegetal cresça no sentido do
(tecidos permanentes da planta).
comprimento (crescimento longitudinal).
Segundo Silva (2008), a organização O meristema dessa região apresenta três
do corpo dos vegetais é bem diferente da camadas que originam a epiderme, a cas-
organização do corpo dos animais. A maior ca e a medula da planta. Enquanto a plan-
parte dessas diferenças é uma adaptação ta cresce em comprimento, dizemos que
ao modo autotrófico de vida. Somente os ela possui estrutura primária.
vegetais possuem tecidos especializados
Nas plantas lenhosas (árvores e arbus-
para a fotossíntese e para a condução
tos) encontramos no interior do caule e da
da seiva retirada do ambiente. Essas di-
raiz outro meristema, o meristema secun-
ferenças são ainda maiores nos vegetais
29

dário, que é responsável pelo crescimen- vasculares ao corpo primário da planta. O


to da planta em espessura (crescimento câmbio e o felogênio são conhecidos como
transversal). Esse tipo de crescimento co- meristemas laterais, devido à posição que
meça a ocorrer cerca de um ou dois anos ocupam (paralela aos lados do caule e
após a germinação. O meristema secun- raiz). Portanto, o câmbio e o felogênio for-
dário é encontrado na casca ou córtex e mam o corpo secundário da planta.
no câmbio (cilindro central dos caules e
O câmbio vascular instala-se entre os
raízes).
tecidos vasculares primários, produzindo
As células meristemáticas não são es- os tecidos vasculares secundários. Quan-
pecializadas, mas contêm elementos para do em atividade, são células altamente
a edificação das células diferenciadas. Os vacuoladas, com núcleo pequeno. A por-
meristemas originam tecidos primários, ção diferenciada a partir do procâmbio
através de divisões anticlinais e pericli- formará os elementos de condução (xile-
nais de células denominadas iniciais. As ma e floema). Existe uma parte do câmbio
novas células são chamadas de derivadas. diferenciada a partir de um outro meris-
tema, chamado periciclo, que produzirá
Possuem somente parede primária,
raios parenquimáticos.
muitos vacúolos, plastídios não diferen-
ciados (proplastídios) tendo como função Felogênio é o meristema lateral que
o crescimento e cicatrização de injúrias. origina a periderme, um tecido secundá-
rio que substitui a epiderme em muitas
Nas extremidades dos caules e raízes e
dicotiledôneas e gimnospermas lenhosas.
de suas ramificações encontramos os me-
Pode ser observado em cortes transver-
ristemas apicais, que promovem o cresci-
sais, como uma faixa mais ou menos con-
mento vertical da planta. As células pos-
tínua e suas células iniciais são retangula-
suem citoplasma denso, núcleo grande e
res.
forma aproximadamente isodiamétrica.
Vale lembrar que o periciclo é o tecido
Dos meristemas apicais, originam primário que origina o felogênio e a par-
os seguintes tecidos primários: te do câmbio (câmbio interfascicular, em
protoderme – camada mais externa frente aos polos de protoxilema) que ori-
do conjunto que irá originar a epiderme; gina os raios parenquimáticos (presentes
entre o xilema).
procâmbio – origina os tecidos vas-
culares a parte do câmbio; O parênquima é um tecido com ligação
entre as células vizinhas através de plas-
meristema fundamental – origina modesmos se especializou a partir da evo-
parênquima, colênquima e esclerênqui- lução da necessidade da divisão do traba-
ma. lho.
Os meristemas laterais ocorrem em Nas Gimnospermas adultas as células
plantas com crescimento secundário, isto acumulam substâncias fenólicas e reali-
é, com crescimento em espessura. Esse zam secreção. Nas Angiospermas, ocor-
crescimento ocorre por adição de tecidos rem também células contendo mucilagem,
30

pigmentos, etc. O parênquima forma-se a liar, constituindo o parênquima paliçádico


partir da diferenciação de células do me- ou o lacunoso. Ocorre também em caules
ristema fundamental (ápice de caule e jovens e outros órgãos fotossintetizan-
raiz). Nos tecidos condutores (xilema e tes;
floema) pode se originar no corpo primá-
parênquima de reserva ou arma-
rio ou secundário da planta.
zenador – os plastos das células acumu-
Dentre suas características fundamen- lam amido (amiloplastos), proteínas (pro-
tais temos: paredes primárias, delgadas, teínoplastos) ou lípidios (elaioplastos).
constituídas por celulose, hemicelulose e Ex.: batata (Solanum tuberosum) – acú-
substâncias pécticas, nas quais se encon- mulo de amido. Aqui, costuma haver o de-
tram pontoações primárias com plasmo- saparecimento dos vacúolos e de muitas
desmos, mostrando que os protoplasmas organelas, para dar lugar às substâncias
de células contíguas se comunicam. Suas de reserva. As plantas suculentas, como
células frequentemente são arredonda- bromeliáceas e cactáceas geralmente
das e isodiamétricas e há espaços interce- acumulam água. Nesse caso, surge o pa-
lulares. As células são capazes de retomar rênquima aquífero onde as células são re-
a atividade meristemática, diferenciando- lativamente grandes, com um conspícuo
-se novamente em outros tipos de células vacúolo, envolvido por uma fina camada
e podendo originar, inclusive, uma planta de citoplasma;
inteira. É encontrado em todos os órgãos
aerênquima – parênquima com
da planta, formando um tecido contínuo
grandes espaços intercelulares, que têm a
(ex.: córtex e medula de caule, córtex de
função de facilitar a circulação de gases e
raiz, mesofilo da folha).
a flutuação. Ocorre principalmente no me-
Tipos de parênquima: sofilo, raízes, caules e pecíolos de plantas
aquáticas. Pode ter células isodiamétri-
parênquima de preenchimento – cas, retangulares ou braciformes;
células isodiamétricas, espaços intercelu-
lares (meatos) pequenos. Encontrado no parênquima de transporte – for-
córtex e medula do caule e no córtex da mado por células de transferência, que
raiz; apresentam protusões da parede, volta-
das para o interior; a membrana plasmá-
parênquima clorofiliano ou clorên- tica acompanha a parede, aumentando a
quima – sua função é converter energia área e facilitando o transporte de grande
luminosa em energia química. Possui célu-
quantidade de material a uma curta dis-
las cilíndricas, para favorecer a superfície
tância.
de contato; o vacúolo é grande e empurra
os numerosos cloroplastos que formam O colênquima origina-se do meriste-
uma camada uniforme junto à parede, ma fundamental. Possui plasticidade (o
facilitando a absorção de gás carbônico. que possibilita o crescimento do órgão ou
Em ambientes sem problemas de falta de tecido até atingir a maturidade) e espes-
água, os espaços celulares são grandes. samento das paredes primárias, além de
Esse tecido é encontrado no mesofilo fo- capacidade de divisão. Ocorre em órgãos
31

jovens, sendo usualmente periférico no las curtas, espessadas, com numerosas


caule. Nas folhas, ocorre no pecíolo, na pontoações. O tecido formado é muito
nervura central ou na borda do limbo. Nas rígido. A textura pétrea da pera é devida
raízes raramente são encontrados. à presença de inúmeros esclerócitos iso-
diamétricos na polpa;
Suas características são: células vivas
com formato variável e parede primária fibras – células longas, com extremi-
bem espessada, de maneira desigual e dades afiladas, lume reduzido e paredes
composta por celulose, substâncias pécti- secundárias espessas. Servem como ele-
cas e água. O espessamento das paredes mento de sustentação nas partes vege-
geralmente se inicia nos cantos da célula. tais que não mais se alongam. Podem se
Como o parênquima, o colênquima é capaz originar do pró-câmbio, sendo chamadas
de retomar a atividade meristemática. fibras do floema ou xilema primários ou
Suas células podem ainda conter cloro- do câmbio, sendo denominadas fibras do
plastos. xilema ou floema secundários; além disso,
células do parênquima cortical, mesofi-
O esclerênquima acontece na maturi-
lo e epiderme podem originar fibras. Em
dade da planta quando a elasticidade tor-
Linum, por exemplo, as fibras se originam
na-se mais importante que a plasticidade,
no floema e são a fonte do linho. As fibras
pois assim a parede pode ser deformada
do cânhamo (Cannabis sativa) se desen-
por tensão ou pressão, reassumindo sua
volvem entre células de floema e também
forma em condições normais. Assim, ven-
a partir do câmbio. Admite-se que, tanto
to, passagem de animais, etc., não cau-
nas fibras quanto nas esclereídes, após o
sam deformações definitivas nas plantas.
completo desenvolvimento de suas pare-
Além dessa característica, o esclerênqui-
des secundárias, o protoplasto, não mais
ma forma uma camada protetora ao re-
funcional, seja eliminado.
dor do caule, sementes e frutos imaturos,
evitando que animais e insetos se alimen- Epiderme e Súber são tecidos perma-
tem deles, pois a lignina não é facilmente nentes, de revestimento, proteção e ab-
digerida. Ocorrem em faixas ou calotas ao sorção.
redor dos tecidos vasculares e também
Todo o corpo dos vegetais superiores é
em tecidos parenquimáticos, como na me-
revestido por uma camada protetora sim-
dula, caule e pecíolo de algumas plantas.
ples de células, a epiderme. Nas plantas
Oferece sustentação e proteção.
terrestres, a epiderme das partes aére-
Possui células com protoplastos mortos as é coberta por um lipídio impermeável,
na maturidade, parede secundária lignifi- a cutina, que evita a perda excessiva de
cada (a lignina é uma substância amorfa, água pela planta; pode haver também uma
formada pela polimerização de vários ál- cera, impedindo a transpiração excessiva.
coois e confere maior rigidez à parede). A Essas substâncias, porém, dificultam a
forma das células é muito variável. passagem de CO2 e O2.

São tipos de esclerênquima: A entrada e a saída desses gases são


garantidas por aberturas que existem na
esclereídes ou esclerócitos – célu-
32

epiderme, os estômatos. Além de permi- ridófitas (samambaias) e gimnospermas


tir as trocas de gases, facilitando a fotos- (pinheiros), os vasos são formados por
síntese e a respiração, essas aberturas células mortas sem citoplasma e núcleo.
podem se fechar sempre que a perda de Essas células formam os vasos fechados
água ameaça a vida da planta. que apresentam regiões sem lignina, de-
nominadas pontuações, que permitem a
Aparecem com frequência na epider-
passagem da seiva de uma célula a outra
me, diversos tipos de pelos que são pro-
do vaso.
longamentos das células da epiderme. É o
caso dos pelos da raiz, importantes na ab- Nas angiospermas as células se unem
sorção da água do ambiente; e dos pelos mais intimamente o que resulta no desa-
da urtiga, que contêm um líquido urtican- parecimento completo da parede de celu-
te que funciona como defesa. O aspecto lose entre as duas células. Forma-se as-
aveludado de certas folhas e pétalas de sim um longo tubo chamado vaso aberto
flores é devido à presença de pequeninas ou traqueia, por onde a seiva circula mais
projeções da epiderme, as papilas, que facilmente. Esses vasos formam o tecido
também impedem a transpiração excessi- condutor da seiva bruta que é chamado
va. Os acúleos são projeções pontiagudas de xilema ou lenho.
da epiderme. São encontrados nos caules
As substâncias orgânicas fabricadas
das roseiras.
pelas folhas (seiva elaborada ou orgânica)
Nas regiões velhas de caules e raízes são levadas para toda a planta através dos
surge uma camada de tecido protetor, for- vasos liberianos, formados por células vi-
mado por células mortas e revestidas por vas sem núcleo, com membranas de celu-
uma substância impermeável, a suberina. lose mais espessas.
É com esse tecido, chamado súber, que se
Na parede de contato entre duas célu-
fabrica a cortiça. As lenticelas são abertu-
las há pequenos furos ou crivos atraves-
ras existentes no súber que permitem o
sados por pontes de citoplasma; daí a de-
arejamento da planta. Os tecidos condu-
nominação de vasos crivados.
tores da seiva são o Xilema e o Floema.
Esses vasos formam o tecido condutor
A água e os sais minerais absorvidos
da seiva elaborada que é chamado de flo-
pela raiz (seiva bruta, inorgânica ou mine-
ema ou líber.
ral) são conduzidos para as folhas onde,
pelo processo da fotossíntese, são trans- O câmbio produz novos elementos do
formados nas substâncias orgânicas que xilema e do floema à medida que a plan-
formam o corpo do vegetal (seiva elabo- ta cresce em espessura. Os vasos condu-
rada ou orgânica). tores de seiva formam um feixe contínuo
de canais que vão da raiz às folhas. A dis-
A condução da seiva bruta até as folhas
posição dos vasos na raiz é diferente da
é feita por um conjunto de células alon-
disposição dos vasos no caule. Nas raízes,
gadas que formam os vasos lenhosos da
o xilema e o floema estão dispostos al-
planta.
ternadamente em uma região central. No
Nos vegetais mais simples, como as pte- caule das dicotiledôneas, os vasos estão
33

ao redor da medula, o xilema situado mais hidatódios, que eliminam água na forma
internamente e o floema situado mais líquida. Esse fenômeno, chamado guta-
externamente. Nas monocotiledôneas o ção, pode ser considerado como excre-
xilema e o floema estão espalhados por ção, uma vez que o excesso de água não
todo o caule. desempenha qualquer função na planta
(MORAES, 2010).
Temos ainda os tecidos secretores, os
quais são diversos produtos finais do me-
tabolismo das plantas que ficam arma-
zenados em células ou agrupamentos de
células espalhados pelo vegetal e embora
esses produtos não atuem mais direta-
mente no metabolismo, eles ainda podem
ser úteis à planta.

O néctar, uma substância doce e per-


fumada produzida nas flores serve para
atrair os insetos e as aves responsáveis
pelo transporte do grão do pólen, reali-
zando a polinização e fecundação. Esta
substância é produzida pelos nectários.

Outras substâncias são produzidas por


pelos glandulares ou secretores, como os
da urtiga que fabricam um líquido cáusti-
co; e os das plantas insetívoras que fabri-
cam substâncias digestivas.

Alguns grupos de células formam bol-


sas oleíferas em cujo interior ficam acu-
muladas substâncias de natureza lipídica
(caules, folhas e frutos).

Às vezes não é fácil determinar se um


produto é ou não útil à planta, o que torna
difícil classificá-lo como excreção ou se-
creção. É o caso do látex, substância leito-
sa que circula dentro dos vasos lactíferos
(seringueira), e das resinas que circulam
dentro dos vasos resiníferos (pinheiros).

Nas plantas de clima úmido, em que a


saída de vapor de água pelos estômatos
é difícil ou insuficiente, encontramos nas
bordas das folhas pequenas aberturas, os
34

UNIDADE 6 – Germinação, Dormência

6.1 Germinação sem penetrar nunca nas células. As células


do tecido de condução atuam como carris
Germinação é o processo inicial do cres-
para o tubo polínico.
cimento de uma planta a partir de um corpo
em estado de vida latente, que pode ser uma Existem duas categorias de germinação:
semente ou um esporo ou de um animal, pro- numa, os cotilédones são levantados pelo
tista ou bactéria a partir de uma forma trans- crescimento do caule; noutra, estes ficam
formada. na terra. No final da germinação, o murchar
dos cotilédones indica que cumpriram o seu
A germinação consiste na retomada do
papel. As verdadeiras folhas se desenvolvem
processo de desenvolvimento do embrião e
sobre o caule e tomam o relevo no trabalho
consequente saída da plântula do interior da
de alimentar a planta graças à fotossíntese.
semente.
São características da germinação:
As sementes que são capazes de germi-
nar absorvem a água da chuva e se incham. A a) o alimento para a plântula crescer e
isto se chama a embebição. Depois de alguns desenvolver-se é, na primeira fase da ger-
dias, a nova raiz (posteriormente o novo cau- minação, retirado das reservas contidas na
le) perfura o envoltório da semente. Uma ou própria semente;
duas folhas embrionárias arredondadas e
espessas são visíveis quase desde o início.
b) esgotadas as reservas alimentares da
semente, a plântula, nesta segunda fase da
Aqui estamos falamos de cotilédones. Estes
germinação, já possui pelos radiculares e pa-
já existiam na semente; contêm todas as re-
rênquima clorofiliano nas folhas, de tal sorte,
servas de alimento necessárias para o cres-
que já pode retirar do solo água e princípios
cimento da planta.
minerais e transformá-los em matérias orgâ-
A germinação do pólen começa com um nicas.
alargamento deste pela absorção da água da
A germinação pode ser epígea ou hipó-
superfície do estigma. Os vacúolos turgen-
gea. No primeiro caso, os cotilédones saem
tes empurram o intine (membrana interna
da semente e se elevam acima do solo, ex.:
do grão de pólen, que é delgada, hialina e rica
feijão, mamona. No caso de ser hipógea os
em pectina) e o citoplasma até à abertura do
cotilédones permanecem sob a terra, ex.:
grão de pólen. Este é o princípio do cresci-
milho, ervilha.
mento do tubo polínico.
O feijão é um exemplo clássico de germina-
Quando o tubo polínico aumenta, o cito-
ção epígea. A semente começa a amolecer-
plasma e os 2 núcleos encontram-se confi-
-se e intumescer-se, em virtude da hidrata-
nados na sua extremidade, deixando o nú-
ção, o que provoca a ruptura do tegumento;
cleo gametogênico ligeiramente por detrás
a radícula exterioriza-se em direção geotró-
do núcleo vegetativo. Os fenômenos da
pica positiva; o caulículo expõe-se num geo-
elongação celular se encontram limitados à
tropismo negativo, elevando os cotilédones
extremidade do tubo. Este atravessa o estilo
acima do solo; aparecem, na raiz jovem, pe-
35

los absorventes e radicelas, permanecendo na base do caule; os cotilédones, após se-


a raiz principal axial, típica das Dicotyledone- rem consumidas as reservas, atrofiam-se e
ae; a gêmula desenvolve-se, dando as folhas caem; a gêmula dá origem ao epicótilo e ao
permanentes; a radícula transforma-se em caule propriamente dito com folhas.
raiz; o caulículo, em hipocotilédone, a seguir,

Na germinação hipógea, como é o caso definitivas raízes que irão formar as raízes
do milho, a semente começa a amolecer-se fasciculadas, típicas das Monocotyledone-
e intumescer-se, por causa da hidratação, ae; há o alongamento do epicótilo, acima da
o que provoca a ruptura do tegumento; a inserção do cotilédone, de modo que este
radícula perfura a coleorriza e, aprofundan- permanece soterrado; a coleóptila desen-
do-se no solo; cobre-se de pelos absorven- volve-se em direção à luz, para cima, dei-
tes; após um pequeno período funcional, xando, posteriormente, as primeiras folhas
atrofia-se, sendo substituída por novas e aparecerem.

Fonte: Vidal e Vidal (1992)


36

6.2 Dormência nio, temperaturas extremas, baixos poten-


ciais hídricos, teores elevados de CO2 ou luz
Quando uma semente, logo que se des-
rica em vermelho extremo. Assim, uma se-
prende da planta-mãe, está apta e não
mente quiescente pode se tornar dormen-
apresenta nenhuma restrição intrínseca
te, e vice-versa, dependendo, respectiva-
ou extrínseca à germinação é classificada
mente, de fatores ambientais de indução e
como sendo uma semente quiescente, mas
“quebra” de dormência.
quando encontra alguma barreira a esta
germinação, mesmo em condições favorá- Principais causas de dormência das
veis, são consideradas dormentes e podem sementes:
necessitar de algum tratamento especial
para germinar. tegumento impermeável – as se-
mentes com estas características, são cha-
Para Bewley e Black (1994), a dormência mados de sementes com casca dura, por
é um fenômeno intrínseco da semente, fun- não conseguirem absorver água e/ou oxi-
cionando como mecanismo natural de resis- gênio;
tência a fatores adversos do meio, podendo
manifestar-se de três formas: dormência embrião fisiologicamente imaturo
imposta pelo tegumento, dormência em- ou rudimentar – no processo de maturi-
brionária e dormência devido ao desequilí- dade da semente o embrião não está to-
brio entre substâncias promotoras e inibi- talmente formado, sendo necessário dar
doras da germinação. condições favoráveis para o seu desenvol-
vimento;
Na natureza é um recurso usado pelas
plantas produtoras de sementes para per- substâncias inibidoras – são subs-
petuação de suas espécies, já que o fenô- tâncias existentes nos sementes que po-
meno da dormência impede que todas as dem impedir a sua germinação;
sementes germinem na mesma época, au- embrião dormente – o próprio em-
mentando sua chance de sobrevivência e brião se encontra em estado de dormência,
diminuindo o risco de extinção da espécie geralmente, nesse caso a dormência é su-
(CARVALHO; NAKAGAWA, 1983). perada com choque térmico ou luz;
Segundo Kerbauy (2004), a dormên- combinação de causas – necessa-
cia é geralmente classificada como: riamente as sementes não apresentam
somente um tipo de dormência, podendo
primária ou inata – quando já se en-
haver na mesma espécie mais de uma causa
contra instalada na semente ao final da ma-
de dormência.
turação, ainda na planta-mãe;

secundária ou induzida – quando Para Kerbauy (2004), existem os se-


ocorre em sementes maduras, instalan- guintes tipos de dormência:
do-se após o desligamento da semente da a) embrionária ou endógena – quan-
planta-mãe. Surge quando a semente en- do os fatores de restrição da germinação
contra uma situação de estresse ambiental, estão associados ao próprio embrião, po-
como, por exemplo, baixos níveis de oxigê- dendo envolver desde o desenvolvimen-
37

to incompleto (dormência morfológica) ou tificação. É feito com alternância de tem-


a presença de inibidores, como o ABA e a peraturas variando em aproximadamente
cumarina (dormência fisiológica); 20ºC, em períodos de 8 a 12 horas;
b) extraembrionária ou exógena – 3) lixiviação – compreende o efeito físi-
quando associada aos tecidos adjacentes co da água como agente de lavagem (lixivia-
ao embrião ou à semente (endosperma, ção) de inibidores de crescimento presen-
tegumento, endocarpo, pericarpo, brácte- tes nas sementes, permitindo a remoção
as etc.), envolvendo diversos mecanismos, da dormência. É utilizado em sementes que
tais como impermeabilidade (dormência fí- apresentam impermeabilidade do tegu-
sica), inibidores (dormência química) ou res- mento e consiste em imersão das sementes
trição mecânica (dormência mecânica). em água na temperatura de 76 a 100ºC, com
um tempo de tratamento específico para
Para se quebrar a dormência, a semente
cada espécie (VIEIRA, FERNANDES, 1997);
deve sofrer a ação de um fator ambiental
e/ou metabólico (fatores externos e inter- 4) luz – alguns comprimentos de ondas
nos). da luz produzem efeitos na germinação de
algumas sementes. A luz é absorvida por
Souza (2009) apresenta alguns mé-
um pigmento denominado fitocromo, que,
todos de superação de dormência dependendo do comprimento de onda da
apresentados a seguir: luz que ele absorve converte-se em duas
1) agentes mecânicos – consiste da re- formas, fitocromo vermelho (Fv) sendo a
moção total ou parcial do revestimento pro- forma inativa, e fitocromo vermelho extre-
tetor, para facilitar a entrada de água (em- mo (Fve) a forma ativa que induz a germina-
bebição), trocas gasosas, entrada de luz, à ção na maior parte das sementes. Semen-
saída de inibidores endógenos ou, impedir o tes fotoblásticas positivas, na presença de
fornecimento de inibidores para o embrião. comprimento de onda de 660 nanômetros
Feito através da impactação, escarificação convertem Fv à Fve e a germinação ocorre
mecânica e escarificação química; na presença de luz. Quando da conversão
de Fve à Fv no comprimento de onda de 730
Escarificação química – é um nanômetros, a germinação ocorre no escu-
método químico, feito geralmente ro e a semente é denominada fotoblástica
com ácidos (sulfúrico, clorídrico, etc.), negativa;
que possibilita às sementes executar
trocas com o meio, água e/ou gases. 5) agentes químicos e reguladores de
crescimento – utilização de agentes quí-
Escarificação mecânica – é a micos como, ácidos para romper a testa ou
abrasão das sementes sobre uma su- tegumento duro da semente, ou ainda, hi-
perfície áspera (lixa, piso áspero, etc.). poclorito de sódio, ácido nítrico, nitrato de
É utilizado para facilitar a absorção de potássio, etanol e água oxigenada. E como
água pela semente. reguladores de crescimento as giberelinas,
2) temperatura – quebra da dormência citocininas e o etileno são os mais relaciona-
através da exposição a baixas e altas tem- dos à quebra de dormência.
peraturas, este efeito é chamado de estra-
38

Vale lembrar:
Cerca de dois terços das espécies arbóre-
as, possuem algum tipo de dormência, cujo
fenômeno é comum tanto em espécies de
clima temperado (regiões frias), quanto em
plantas de clima tropical e subtropical (re-
giões quentes). O fenômeno de dormência
em sementes advém de uma adaptação da
espécie às condições ambientais que ela
se reproduz, podendo ser de muita ou pou-
ca umidade, incidência direta de luz, baixa
temperatura, entre outros. É, portanto, um
recurso utilizado pelas plantas para germi-
narem na estação mais propícia ao seu de-
senvolvimento, buscando através disto a
perpetuação da espécie (garantia de que
alguns indivíduos se estabeleçam) ou co-
lonização de novas áreas. Portanto, quan-
do nos deparamos com este fenômeno há
necessidade de conhecermos como as es-
pécies superam o estado de dormência em
condições naturais, para que através dele
possamos buscar alternativas para uma
germinação rápida e homogênea.
39

UNIDADE 7 – Senescência

A senescência consiste no conjunto de cárpica);


mudanças que provocam a deterioração caules aéreos em plantas perenes
e a morte da célula vegetal. Em plantas herbáceas;
multicelulares, a senescência ocorre após foliar sazonal (árvores decíduas);
a juvenilidade (crescimento vegetativo) e
foliar sequencial (as folhas morrem
a maturidade (reprodução) e é rápida em
quando atingem certa idade);
plantas perenes, de acordo com o progra-
ma genético característico de cada tipo de amadurecimento de frutos carnosos
planta. A senescência é também sensível e frutos secos;
à influência de fatores do meio ambiente cotilédones de reserva e órgãos flo-
tais como dias curtos, baixa luminosidade, rais;
baixas e altas temperaturas, baixos níveis tipos celulares especializados (trico-
de nutrientes essenciais e sais tóxicos no mas, traqueídes e elementos de vaso).
solo.
Em plantas com senescência total, ela
A senescência e a morte podem ocorrer se dá logo depois da floração e da frutifi-
aproximadamente ao mesmo tempo em cação. A retirada de flores e de frutos adia
toda a planta, no caso de plantas anuais a senescência e provoca um retorno ao rá-
(milho, soja) e algumas plantas perenes pido crescimento vegetativo característi-
(agave, bambu), que florescem uma vez co da fase anterior à floração. Nos cereais
e morrem logo depois, ou podem ocorrer (milho, trigo) a senescência é facilmente
somente na parte aérea das plantas bia- observada, já que acontece quase simul-
nuais e herbáceas perenes, nas quais as taneamente em milhões de plantas.
partes subterrâneas se mantêm vivas e
A senescência não ocorre ao acaso e
servem como reservas para o crescimento
quando ela é total está mais relacionada
do ano seguinte e podem ocorrer somen-
a fatores internos da planta que a fatores
te nas folhas e frutos de plantas lenhosas
do meio ambiente. As mudanças que se
perenes. Estas plantas florescem todo
observam nessa fase são parte de um me-
ano e sua senescência total e a morte le-
canismo de transferência de nutrientes
vam muitos anos.
de partes da planta como a folha, para ou-
É um processo de desenvolvimento tras partes como os frutos, as sementes
normal, dependente de energia, contro- e o caule. Frequentemente, a senescência
lado pelo próprio programa genético da das folhas e dos frutos é acompanhada de
planta. sua abscisão.

Pode ser desencadeada por fatores Uma causa possível da senescência da


internos ou externos e podem acome- planta poderia ser a grande mobilização
ter: de nutrientes e citocininas na direção dos
frutos e das sementes. A morte da parte
a planta inteira (senescência mono-
vegetativa da planta seria a consequência
40

dessa mobilização dirigida pela ativida-


de das auxinas produzidas pelos frutos.
A retirada de flores e de frutos atrasa e
pode até evitar a senescência. Essa mobi-
lização poderia também ser considerada
como um efeito e não como uma causa da
senescência. A teoria da mobilização não
explica por que a presença de flores mas-
culinas em plantas masculinas provoca o
início da senescência enquanto a retirada
dessas flores a retarda.

A aplicação de retardadores do cres-


cimento tem como efeito a aceleração
da iniciação floral e da floração de certas
plantas. No abacaxizeiro, as aplicações de
etileno, de compostos que liberam etile-
no em contato com a planta (ethephon)
ou de auxinas que induzem a produção de
etileno pela planta, provocam a iniciação
floral e a floração. No repolho, entretan-
to, a floração está associada a um rápido
crescimento vegetativo. Isto mostra que
nem sempre a diminuição da taxa de cres-
cimento está intimamente associada à ini-
ciação floral, à floração e à frutificação. Na
realidade, além do fato de que ela faz par-
te do programa genético da planta e que
está sujeita, em certos casos, a fatores do
meio ambiente, pouco se conhece sobre
as causas profundas da senescência (SÓ-
BIOLOGIA, 2012).
41

UNIDADE 8 – Propagação Vegetativa

A propagação de plantas é realizada de de espécies consideradas raras, ou seja,


duas diferentes formas: sexual e assexual existe um único indivíduo em uma área re-
ou vegetativa. A propagação por sementes lativamente grande, onde a apomixia pode
é um processo sexual, pois envolve a união estar ocorrendo em proporções superiores
do gameta masculino, grão de pólen, com o ao que se imagina (PAIVA; GOMES, 2001).
gameta feminino, óvulo, para formar a se-
A propagação vegetativa ou assexual é
mente (PAIVA; GOMES, 2001).
de grande importância quando se deseja
A reprodução assexuada pode ocorrer multiplicar um genótipo que é altamente
através da folha ou do caule. Acontece por heterozigoto e que apresenta caracterís-
um processo natural ou provocado pelo ticas consideradas superiores, que se per-
homem. dem quando propagadas por sementes.
Cada planta, individualmente produzida
No caso de sementes, há uma exceção,
por meio vegetativo, na maioria das vezes,
que é a apomixia, na qual ocorre a produ-
é geneticamente idêntica à planta-mãe
ção de sementes por um processo asse-
constituindo, assim, o motivo de sua apli-
xual, sem ocorrer a fecundação; sendo, no
cação (PAIVA; GOMES. 2001).
entanto, considerada incomum em espé-
cies florestais. Atualmente, com o avanço A tabela abaixo apresenta vantagens e
da fitossociologia, tem se verificado que, desvantagens da propagação assexuada
em florestas tropicais, há grande número ou vegetativa:
Propagação vegetativa

Vantagens Desvantagens

Transmissão de doenças bacterianas,


A rapidez de produção da muda;
viróticas e vasculares;
A reprodução fiel da planta-mãe;
Necessidade de plantas matrizes ade-
Permite multiplicar indivíduos que não
quadas;
florescem por falta de adaptação, etc.;
Instalações adequadas;
Permite multiplicar indivíduos estéreis;
Volume de material a ser transportado,
Indivíduos obtidos são mais precoces.
armazenado, etc.

Fonte: Yamazoe e Vilas Boas (2003)

Em qualquer processo de propagação Os processos naturais são aqueles que se


vegetativa, o grupo de plantas-filhas for- utilizam de estruturas naturalmente pro-
necido é denominado clone. A propagação duzidas pelas plantas, com a finalidade de
vegetativa pode ser efetuada utilizando- propagação. Estas estruturas são todas
-se de processos naturais ou artificiais. vegetativas, isto é, não foram formadas
42

pela fusão de gametas e, consequente- dução assexuada das plantas, o Homem


mente, originam plantas idênticas à plan- começou a desenvolver técnicas de propa-
ta-mãe (YAMAZOE; VILAS BOAS, 2003). gação artificial de espécies com interesse
econômico, pelo que foram preservadas,
A clonagem é um processo de obtenção
ao longo do tempo (sucessivas gerações)
de indivíduos geneticamente iguais atra-
certas características genéticas das es-
vés de técnicas de manipulação de células
pécies que poderiam, portanto, fornecer
e de tecidos.
mais dinheiro.
Através da técnica de micropropagação
Os processos naturais de propagação
em cultura in vitro (ilustração abaixo), po-
vegetativa acontecem através dos bulbos
derão ser produzidos, em tempo reduzido,
(escamosos, tunicados, sólidos ou com-
milhares de novos indivíduos a partir de
postos); rizomas; tubérculos: raízes tu-
uma planta original.
berosas; estolões ou estolhos: bulbilhos
aéreos; rebentos e filhotes; folhas; e, es-
poros.

Nos processos artificiais são engloba-


dos aqueles que não ocorrem frequen-
temente na natureza. O homem, utili-
zando-se da capacidade regeneradora
dos tecidos vegetais, desenvolveu várias
técnicas para facilitar a plena realização
deste fenômeno, permitindo, assim, que
pedaços de caules, de folhas e de raízes
venham a regenerar plantas completas
(YAMAZOE; VILAS BOAS, 2003).

A reprodução vegetativa permite que


toda a informação genética da planta-mãe
seja transmitida à nova planta, graças à
replicação do DNA (HARTMANN; KERTER,
1975 apud GIACOMETT, 1979).

Os processos convencionais de multi-


plicação vegetativa, sobretudo por es-
taquia, alcançaram apreciável progresso
a partir de 1930, quando se descobriu a
ação das auxinas na ativação das células
As plantas poderão reproduzir-se na-
cambiais e na formação de raízes adventí-
turalmente por multiplicação vegetativa,
cias e, a partir de 1940, com o desenvolvi-
processo que poderá ser designado por
mento de técnicas para enraizamento de
Clonagem.
estacas com folhas sob nebulosidade ar-
Devido à elevada capacidade de repro- tificial (GARDNER, 1941 apud GIACOMETT,
43

1979). certificação de sementes e mudas. Entre-


tanto, esse sistema só poderá ser instala-
A micropropagação constitui um clí-
do em locais onde houver disponibilidade
max na técnica de reprodução vegetativa
de material básico, caracterizado por ade-
artificial, pois é utilizada na obtenção de
quada avaliação e condição fitossanitária
material básico e na multiplicação de es-
(GIACOMETT, 1979).
pécies de propagação vegetativa difícil,
lenta, ou semelhante àquelas que não se Pelo menos vinte espécies de culturas
propagam naturalmente, como o coco e o de valor comercial reproduzem-se vege-
dendê. tativamente através de estruturas espe-
cializadas, que têm a função primária de
Em dezembro de 1977, decretou-se no
garantir a sobrevivência da espécie, en-
Brasil a lei que estabeleceu a inspeção e
quanto que outras, através da apomixia,
a fiscalização da produção e do comércio
formam embriões assexuados. A Tabela
de sementes e mudas, a qual foi regula-
abaixo mostra as principais culturas que
mentada em junho de 1978. Essa lei e sua
se propagam naturalmente sem o envol-
regulamentação (BRASIL,1978) permitem
vimento do processo sexual, com os res-
instalar, em nível estadual, o sistema de
pectivos mecanismos de reprodução.

Culturas de propagação
vegetativa natural

Bulbo Rizoma Tubérculo Estolão Rebento Apomixia

Batata Citrus
Alho Batata doce Morango Algumas
Aspargo
Cebola Begônia Algumas Framboesa gramíneas
Banana
Lírio Cará gramíneas Jabuticaba
Dália Manga

A propagação vegetativa artificial con- comercial.


siste em estimular a multiplicação celular
As principais técnicas de reprodução
e a diferenciação dos tecidos por meios
vegetativa artificial são: estaquia, enxer-
controláveis, tais como temperatura, umi-
tia, alporquia e micropropagação em meio
dade do ar e do substrato, substâncias de
asséptico. A Tabela abaixo relaciona as
crescimento e nutrientes, resultando no
principais espécies de plantas cultivadas,
desenvolvimento de uma nova planta al-
agrupadas segundo o sistema usual de
tamente especializada, geralmente de ar-
propagação vegetativa artificial.
quitetura reduzida e precoce na produção
44

Culturas de propagação vegetativa artificial


herbácea lenhosa semilenhosa raiz
Ameixa
Caqui
Estacas Azaleia Figo Cacau
Goiaba
Cactus Cana Batata doce
Maçã
Cravo Pera Oliveira
Jabuticaba
Rosa
folha meristema tecidos microenxertia
Ameixa
Bromélia
Coco Citrus
Micropropagação Begônia Cravo Crisântemo
Dendê Maça
Violeta Africana Orquídea
Tâmara Pera
Pêssego
Pêssego

Tipos de propagação -enxerto ou cavalo. Na enxertia utiliza-se,


portanto, o porta-enxerto de uma espécie
vegetativa de planta com o enxerto de outra espécie.
Pensando em reproduzir as melhores O enxerto (órgão doado), denominado
plantas e obter, assim, uma quantidade epibioto ou também cavaleiro, por sua vez,
maior dos seus produtos, o homem desen- desempenhará as funções do caule, que
volveu algumas técnicas de reprodução são: condução, fotossíntese, florescimen-
vegetativa, como a enxertia, a estaquia, a to, etc. (MATTOS, 1976 apud PAIVA; GOMES,
mergulhia e a alporquia. 2001).
ENXERTIA A enxertia permite a obtenção de apa-
É a operação que consiste em inserir par- rato vegetal de máxima eficiência, apesar
tes de uma planta (gema ou garfo) em ou- de complicada, pois consiste de uma par-
tra que lhe sirva de suporte, de modo que, te superior, a copa, que é a cultivar de alto
soldados os seus tecidos, possam elas viver rendimento e qualidades definidas, e uma
em comum. O princípio fundamental da en- inferior, o porta-enxerto, que, além da afini-
xertia baseia-se na faculdade que possuem dade com a copa, deve apresentar resistên-
as plantas de unir suas partes, graças à ati- cia a doenças, pragas e condições adversas
vidade do câmbio (BORGES, 1978 apud PAI- do solo e do clima. A condição complexa da
VA; GOMES. 2001). muda enxertada evidencia a necessidade
do uso de matrizes sadias, pois a presença
Escolhe-se uma planta que forma raízes de doenças sistêmicas causa danos irrepa-
bem fortes e resistentes. Corta-se a planta ráveis, sobretudo quando o porta-enxerto
próximo ao solo, e ela é utilizada para rece- for suscetível.
ber o enxerto. Por receber o enxerto, esse
pedaço da planta ou planta receptora, ou O cavaleiro é sempre representado por
ainda, hipobioto, recebe o nome de porta- um fragmento ou por uma parte da planta
45

que se pretende multiplicar por enxertia, apud PAIVA; GOMES, 2001).


ao passo que o cavalo é, geralmente, repre-
Inúmeros são os processos de enxertia
sentado por uma planta jovem, proveniente
(ilustrados abaixo), os quais são agrupados
de semente ou de estaca, bem rústica e re-
em três categorias distintas: garfagem,
sistente às pragas e doenças (CÉSAR, 1968
borbulhia e encostia (PAIVA; GOMES, 2001).

Processos de enxertia
46

ESTAQUIA rapidez do enraizamento (GOMES, 1987


apud PAIVA; GOMES, 2001). O sucesso,
Dentre os métodos de propagação ve- no entanto, depende de fatores internos
getativa, a estaquia é, ainda, a técnica de (condição fisiológica da planta- mãe, ida-
maior viabilidade econômica para o esta- de da planta-mãe, época do ano, tipo de
belecimento de plantios clonais, pois per- estaca) e externos (umidade, temperatu-
mite, a um custo menor, a multiplicação de ra, luz, substrato) (PAIVA; GOMES, 2001).
genótipos selecionados, em curto período
de tempo. Além disso, a estaquia tem a A propagação por meio de estacas é
vantagem de não apresentar o problema utilizada principalmente para plantas do
de incompatibilidade que ocorre na en- grupo das dicotiledôneas e tem amplo
xertia (PAIVA; GOMES, 2001). emprego na agricultura. A introdução do
propagador com nebulosidade (THIMANN,
A propagação vegetativa por estacas 1935 apud GIACOMETT, 1979) adicionou
consiste em destacar da planta original considerável progresso na multiplicação
um ramo, uma folha ou raiz e colocá-los por estaca, pois possibilita o uso de estaca
em um meio adequado para que se forme semiherbácea, com folhas, o que aumenta
um sistema radicular e ou, desenvolva a a percentagem de enraizamento e resulta
parte aérea. As estacas podem ser retira- em plantas de melhor estrutura. É usada
das tanto da parte aérea quanto da parte para o cacau, azaléia, coníferas, guaraná,
subterrânea da planta original. Quando oliveira, etc.
retirada da parte aérea, ela pode ser her-
bácea ou lenhosa, ao passo que as esta- As estacas podem ser:
cas radiculares são lenhosas. estacas herbáceas – são compostas
A formação de mudas por estaquia é por dois tipos: foliáceas e estacas-pon-
recomendada em casos de dificuldade de teiro. A primeira é obtida de plantas cujas
obtenção de sementes ou com espécies folhas enraizam e dão origem às mudas.
de fácil enraizamento. As estacas devem As foliáceas são feitas com folhas ínte-
ser retiradas de indivíduos sadios, de ma- gras acompanhadas do pecíolo. As esta-
turação variável, de acordo com a espécie, cas-ponteiro são obtidas da porção de um
geralmente de dimensões de um lápis. De- ramo. O corte de cada segmento deve ter
vem ser enraizadas em substrato poroso de 12 a 15 cm de comprimento. As estacas
(vermiculita, areia grossa, etc.), mantidas herbáceas podem ser feitas em qualquer
sob sombreamento de 50%, sempre úmi- época do ano, exceto no inverno;
do, irrigando com gotículas finas (YAMA- estacas lenhosas – esse tipo de es-
ZOE; VILAS BOAS, 2003). taquia é para espécies que entram em re-
Dentre os vários fatores de que depen- pouso durante o inverno. As estacas são
de o enraizamento de estacas, destacam- obtidas de ramos sadios, geralmente após
-se os ambientais, o estado fisiológico, a o florescimento. Os segmentos devem ser
maturação, o tipo de propágulo, a sua ori- feitos em ramos com 1 cm a 1,5 cm de diâ-
gem na copa e a época de coleta, que in- metro, evitando as porções muito grossas
fluenciam, sobretudo, na capacidade e na ou finas da planta. O comprimento da es-
47

taca é um pouco maior do que as herbáce- enraízam por meio de ramos destacados
as: de 15 cm a 20 cm. (estaquia), mas sua aplicação comercial é
pouco restrita, pois o rendimento é muito
As estacas podem ser enraizadas em
baixo e necessita de muita mão de obra. É
canteiros ou caixas para posterior plantio.
de ampla aplicação em arboricultura, mas
As mudas devem estar protegidas sob um
não tão usado em silvicultura (GOMES,
telado ou em uma estufa, a fim de propor-
1987 apud PAIVA; GOMES, 2001).
cionar ambiente adequado de umidade.
Os principais tipos de mergulhia são:
Os telados devem ser usados para pro-
aérea (alporquia) e subterrânea. Na mer-
teger os canteiros. A cobertura de tela
gulhia subterrânea há as modalidades:
deve proporcionar entre 50% a 80% de
simples normal, simples invertida, contí-
sombra.
nua chinesa, contínua serpenteada e mer-
As estufas oferecem condições ideais gulhia de cepa (PAIVA; GOMES, 2001).
para plantas sensíveis. Como são estrutu-
Na prática enterra-se parte de um ramo
ras mais complexas (fechadas nas laterais,
no solo. Depois de algum tempo, dele nas-
com armação metálica ou de madeira, co-
cem raízes e os primeiros ramos. Separa-
bertas por vidros ou plástico branco-fosco
-se esse ramo e planta-se em outro local,
ou telhas de fibra de vidro), possibilitam
surgindo um novo individuo.
o controle da temperatura. Algumas são
dotadas de exaustores, ventiladores, sis- No processo de mergulhia (Figuras
tema automático de irrigação ou nebuli- abaixo), a muda a ser formada só é sepa-
zação para manter as espécies dentro de rada da planta-mãe após ter formado um
determinados limites de temperatura, ge- sistema radicular próprio. A mergulhia de
ralmente 24ºC. cepa é muito utilizada na cultura da ma-
cieira e pereira para obtenção de porta-
-enxertos clonais.
Mergulhia simples normal

MERGULHIA
A mergulhia é um método de propa-
gação vegetativa pelo qual um ramo da
planta é posto a enraizar quando ainda faz
parte dela, não sendo apartado antes de
se completar o seu enraizamento (MAT-
TOS, 1976 apud PAIVA; GOMES, 2001). É
um processo geralmente usado na ob-
tenção de plantas que dificilmente se
48

Mergulhia contínua chinesa A alporquia, consiste em induzir a for-


mação de raízes adventícias em ramos de
copa ou basais e que são, então, separa-
dos da planta-mãe, é utilizada para a mul-
tiplicação de espécies de difícil enxertia
e de propagação por estaca. A alporquia
tem amplo emprego na multiplicação de
porta-enxertos de maçã e framboesa. Fa-
z-se um pequeno corte em um ramo, en-
volvendo o local com terra úmida. Depois
que formar raízes, corta-se o ramo, plan-
tando-o na terra (SANTOS; FERNANDES,
2010).
Mergulhia chinesa serpenteada
Desta forma, o ramo que está se de-
senvolvendo, continua sendo alimentado
com seiva, sem sofrer com a desidrata-
ção e o enfraquecimento que geralmente
acontecem na estaquia. Em larga escala,
a alporquia é um método caro e de baixo
rendimento, se comparado à estaquia,
portanto é indicado apenas para plantas
que têm dificuldade de se propagar por
outros métodos.

Sendo uma maneira de rejuvenescer


plantas que se desenvolveram demais
ALPORQUIA em altura e apresentam caule compri-
dos e desfolhados, a alporquia com esta
A alporquia é um dos métodos de pro-
finalidade é comum em Fícus, Dracenas,
pagação vegetativa mais antigos. Indí-
Crótons, Comigo-ninguém-pode, Filoden-
cios históricos mostram que os chineses
dros, etc.
já a utilizavam há 4 mil anos com sucesso.
Devido ao fato de não ser tão agressivo O local da anelamento deve ser coberto
como a estaquia, a alporquia é um método com esfagno e protegido com plástico.
indicado para plantas que têm dificulda-
Há duas principais maneiras de se fa-
de de enraizar por estacas e para aquelas
zer a alporquia. Uma destina-se principal-
que queremos rejuvenescer. A alporquia é
mente a ramos herbáceos e semilenho-
muito semelhante à mergulhia, diferindo
sos, e consiste em se fazer um pequeno
desta por ser utilizada sem vergar os ra-
corte transversal no ramo, mantendo-se
mos até o solo, levando pelo contrário o
o corte aberto.
solo até o ramo. A alporquia também pode
ser chamada de mergulhia-aérea. A outra é mais indicada para ramos le-
nhosos e trata-se de se fazer dois cortes
49

circulares e paralelos e o descasque do até o completo enraizamento, antes do


local, permanecendo um anel, chamado plantio no local definitivo (PATRO, 2010).
de anel de Malpighi. A diferença principal
entre os métodos é que o primeiro não in- MICROPROPAGAÇÃO
terrompe a circulação de seiva elaborada,
Somente a partir de 1966 (HACKETT,
sendo mais suave, e o segundo permite
1966 apud GIACOMETT, 1979) é que se pas-
apenas a circulação de seiva bruta, in-
sou a aplicar as técnicas de cultura de teci-
terrompendo totalmente a passagem da
dos “in vitro”, desenvolvidas, desde 1932
seiva-elaborada. O anelamento também
(WHITE, 1932 apud GIACOMETT, 1979),
pode ser realizado através do amarrio de
para a micropropagação, embora, há pouco
um arame metálico, chamado de “forca”
mais de meio século, Knudson (1922 apud
ou “torniquete”. Pode-se fazer ainda um
GIACOMETT, 1979) tenha logrado a germi-
anel incompleto, com um pequeno seg-
nação de sementes de orquídeas em meio
mento permitindo a passagem de seiva
artificial de cultura.
elaborada.
Através da micropropagação em meio
Após o corte, em qualquer um dos mé-
asséptico, conseguem-se clones “limpos”,
todos, se procede à aproximação de mus-
rejuvenescidos e revigorados de cultivares
go, esfagno ou outro substrato úmido,
comerciais de espécies propagadas vege-
envolvendo bem o local, com a utilização
tativamente e sujeitas à senilidade, devido
ou não de hormônio enraizador no local
à infecção por microrganismos sistêmicos.
do corte. Cobre-se então o substrato com
O material obtido por esse processo é sub-
plástico (ilustração abaixo), preferencial-
metido à indexação a fim de se certificar
mente escuro, amarrando-se em ambas
de que o microrganismo infectante, princi-
as extremidades com barbante ou fita
palmente vírus e micoplasma, não passou
adesiva, sem apertar. Pode-se deixar um
através da pequena porção de tecido utili-
pequeno orifício na parte superior que
zado, geralmente meristemática. O mate-
permita regar o substrato.
rial básico obtido por esse processo é indis-
Com o passar de algumas semanas ou pensável à produção de muda, tubérculo,
meses, dependendo da espécie, as no- bulbo certificado destinado ao agricultor.
vas raízes já estarão bem formadas e o
A micropropagação é utilizada comer-
alporque poderá ser
cialmente para a multiplicação vegetati-
cortado, logo abaixo
va de coco, cravo, bromélias ornamentais,
das raízes e replantado
dendê, orquídeas, tâmara, etc. Existem di-
em um vaso. As raízes
versas companhias que produzem as mis-
nesta fase, são muito
turas comerciais cujas fórmulas utilizadas
finas e delicadas e ao
na preparação da solução nutritiva para
se retirar o plástico, o
a micropropagação, Murashige e Skoog
pequeno torrão deve
(1962 apud GIACOMETT, 1979) desenvol-
ser preservado. Após o
veram um meio básico, amplamente utili-
plantio em vasos, as mudas assim forma-
zado na formulação da pesquisa e também
das devem permanecer em estufa úmida
comercial.
50

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