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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI

Biologia Geral

GUARULHOS – SP

1
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 4

2 O QUE É A BIOLOGIA? ............................................................................................ 5

3 TEMAS UNIFICADORES DO ESTUDO DA VIDA ..................................................... 7

4 NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO BIOLÓGICA ............................................................... 12

5 UNIVERSO, SISTEMA SOLAR E PLANETA TERRA ............................................. 15

5.1 Origem do planeta terra ........................................................................................... 17

6 ORIGEM DA VIDA ................................................................................................... 19

6.1 Abiogênese versus biogênese ................................................................................. 24

6.2 Evolução das espécies ............................................................................................ 27

7 SELEÇÃO NATURAL E EVOLUÇÃO ...................................................................... 34

7.1 Tipos de Seleção ................................................................................................... 35

7.2 Adaptação ................................................................................................................ 36

8 ORIGEM E EVOLUÇÃO DAS CÉLULAS ................................................................ 37

9 ECOLOGIA .............................................................................................................. 39

9.1 Histórico da Ecologia Humana ................................................................................. 42

9.2 Abordagens da Ecologia Humana ........................................................................... 44

10 RELAÇÕES ENTRE A BIOLOGIA, SOCIOLOGIA E ECOLOGIA ........................... 46

11 ECOLOGIA APLICADA AO CONTROLE DE PRAGAS ........................................... 48

12 ECOLOGIA APLICADA A CONSERVAÇÃO DAS ESPÉCIES ................................ 49

12.1 Interações ecológicas ............................................................................................ 51

13 NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO BIOLÓGICA ............................................................... 53

14 DIFERENTES ECOSSISTEMAS DENTRO DA BIOSFERA .................................... 57

15 NÍVEIS TRÓFICOS NOS ECOSSISTEMAS ............................................................ 64


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16 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ........................................................................... 66

16.1 Bibliografia Básica ................................................................................................. 66

16.2 Bibliografia Complementar ..................................................................................... 66

3
1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!

O grupo educacional Faveni, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala


de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se
levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para
que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno
faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço
virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser
direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os
cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina
é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações
propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe
convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência
a ser seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

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2 O QUE É A BIOLOGIA?

Para começar a refletir sobre o tema deste capítulo, você deve se questionar o que
é a biologia.
A palavra biologia deriva de bio, que significa “vida”, e logos, que significa “estudo”;
portanto, a biologia é o ramo da ciência que estuda os seres vivos. Os seres vivos são
definidos como organismos descendentes de um ancestral comum, que surgiu há cerca
de 3,5 milhões de anos devido à sua ancestralidade comum, os organismos vivos
compartilham muitas características, apesar de serem incrivelmente variados.
Mas, afinal, o que é vida? Essa questão, quando voltada à biologia, é traduzida
para “Quais são as características dos seres vivos? Pois os biólogos reconhecem a vida
em função das propriedades e dos processos dos organismos vivos.
Veja, a seguir, algumas propriedades e processos que estão associados à vida.

Célula: são todos os organismos vivos constituídos por uma ou mais células,
alguns organismos vivos são unicelulares, constituídos por uma única célula, que realiza
todas as funções da vida, ao passo que outros são multicelulares, formados por um
conjunto de células especializadas, que realizam funções diferenciadas (SADAVA et al.,
2009).

Adaptação evolutiva: os organismos vivos são geneticamente relacionados, ou


seja, possuem um ancestral comum essa é a Teoria da Evolução, proposta por Charles
Darwin, segundo a qual os organismos têm a capacidade de evoluir, ou seja, qualquer
população de organismos apresenta variações genéticas, por meio da seleção natural,
essas variações aumentam a probabilidade de um organismo se adaptar e sobreviver a
determinadas condições ambientais.

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Regulação: os organismos vivos podem regular o seu ambiente interno, ou seja,
milhares de reações bioquímicas ocorrem dentro e entre as células, as quais devem ser
precisamente controladas para que essas células realizem de maneira eficiente suas
funções.

Processamento de energia: os organismos vivos adquirem nutrientes a partir do


ambiente para fornecer energia e construir novas estruturas, ou seja, alimentar-se
fornece energia e nutrientes ao organismo, o que o mantém organizado e funcionando.
Tendo diferentes organismos, obtêm energia de diferentes fontes, e são classificados
como produtores e consumidores.
Os produtores adquirem energia a partir do ambiente, produzindo seu próprio
alimento. Por exemplo, as plantas são exemplos de produtores, uma vez que, a partir
da energia solar, realizam a fotossíntese para produzir açúcares, que é a fonte de
energia (alimento) da planta. Os consumidores obtêm energia e nutrientes ao
alimentarem-se de outros organismos; um exemplo são os gafanhotos, que se
alimentam de folhas (SADAVA et al., 2009; EVERS et al., 2011).

Resposta ao ambiente: capacidade de reagir de acordo com as condições do


meio em que o organismo vivo está inserido os organismos interagem continuamente e
de muitas formas diferentes. Há interações com os fatores ambientais (solo,
temperatura, umidade, entre outros) e interações entre organismos da mesma espécie
(iguais) ou entre organismos de diferentes espécies (SADAVA et al., 2009).

Crescimento, desenvolvimento e reprodução: os organismos vivos contêm


informações genéticas para se reproduzir e perpetuar a própria espécie, e a informação
genética herdada controla o padrão de crescimento de desenvolvimento de cada
organismo vivo. Assim, o DNA é considerado a molécula característica da vida, pois é
a base do crescimento, da sobrevivência e da reprodução de todos os organismos vivos.
A reprodução refere-se aos mecanismos pelos quais os pais transmitem DNA aos

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descendentes, o qual contém as informações que guiam o crescimento e o
desenvolvimento do organismo.
Para a biologia, essas são as características comuns a todos os organismos vivos
assim, a cada novo organismo descoberto, essas características são avaliadas, a fim
de compreender acerca da vida desse organismo. No entanto, algumas formas de vida
podem não dispor de todas essas propriedades e processos ao mesmo tempo. Por
exemplo, os vírus, embora não possuam células, provavelmente evoluíram de
organismos celulares, e muitos biólogos os consideram organismos vivos (SADAVA et
al., 2009).

Fonte:www.pinterest.com/biologiag.com.br

3 TEMAS UNIFICADORES DO ESTUDO DA VIDA

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A biologia é um tema extremamente amplo, de modo que, diariamente, novas
descobertas biológicas são realizadas, assim, as informações relacionadas ao estudo
da vida devem ser ordenadas e concentradas de forma acessível em poucos e
importantes tópicos. A partir disso, cinco temas unificadores foram definidos (REECE et
al., 2015):

 Organização;
 Informação;
 Energia e matéria;
 Interações
 Evolução.

O tema organização consiste em uma organização hierárquica em níveis, e em


cada nível é possível estudar a vida a partir de uma escala ampla (biosfera,
ecossistema, comunidade, população, organismo, órgãos/sistema de órgãos) ou em
uma escala micro (tecidos, células, organelas e átomos), observando a relação e a
interação entre cada nível (REECE et al., 2015):
A informação demonstra que os processos da vida envolvem a expressão e a
transmissão de informação genética. A informação genética é codificada nas
sequências de nucleotídeos do DNA, o qual transmite a informação hereditária dos pais
para a prole. Sequências de DNA, denominadas gene, programam a produção proteica
de uma célula, que, então, é traduzida em proteínas específicas, em um processo
denominado expressão gênica (Figura 1).

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Figura 1. O código genético é o protótipo da vida. As instruções para a vida estão contidas na
sequência de nucleotídeos nas moléculas de DNA. Sequências de DNA específicas constituem os
genes, e a informação em cada gene fornece à célula as informações de que ela necessita para
produzir uma proteína específica. Fonte: Sadava et al. (2009, p. 7).

Energia e matéria, como tema, demonstram que a vida requer a transferência e a


transformação de energia e matéria. Todos os organismos devem desempenhar
funções, o que requer energia. Por exemplo, os produtores convertem energia solar em
energia química, parte da qual é passada aos consumidores. (REECE et al., 2015):
Compostos químicos são ciclados entre os organismos e o ambiente, o que faz a
energia fluir pelo ecossistema (Figura 2).

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Figura 2. O fluxo de energia e a ciclagem química. O fluxo de energia segue uma direção única dentro
de um ecossistema — por meio dos produtores e, depois, por meio dos consumidores. Fonte: Reece
et al. (2015, p. 7).

As interações, como tema unificador, são fundamentais para os sistemas


biológicos, pois os organismos interagem continuamente com fatores físicos. Por
exemplo, as plantas captam nutrientes do solo e compostos químicos do ar e utilizam a
energia solar, ao passo que os organismos interagem uns com os outros, interação esta
que pode ser tanto entre membros da mesma espécie como entre membros de espécies
distintas (Figura 3) (REECE et al., 2015).

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Figura 3. Interações de uma árvore de acácia africana com outros organismos e o ambiente físico.
Fonte: Reece et al. (2015, p. 8).

A evolução é o tema central da biologia, a qual consiste nos processos de


mudanças que têm transformado a vida na Terra (REECE et al., 2015).
É responsável pela uniformidade e a diversidade da vida, além de explicar as
adaptações evolutivas e o ajuste de organismos aos seus ambientes (Figura 4).

Figura 4. Evolução: modelo atual da evolução dos tentilhões nas Ilhas Galápagos. Observe os
diferentes bicos, adaptados para as distintas fontes de alimento das diferentes ilhas. Fonte: Reece et
al. (2015, p. 15).

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As descobertas biológicas sobre os organismos vivos também podem ser
generalizadas, uma vez que toda a vida está relacionada a descendentes provenientes
de um ancestral comum, de modo que o conhecimento obtido a partir de investigações
de um tipo de organismo, às vezes, pode ser generalizado para outros organismos.
Dessa forma, os biólogos podem usar sistemas-modelo de pesquisa, devido à
possibilidade de estenderem seus achados a outros organismos (SADAVA et al., 2009).

4 NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO BIOLÓGICA

Dentro dos temas unificadores da biologia, a organização surge como o primeiro


item. Na Figura 1, foi observada a hierarquia da vida, que ocorre na seguinte ordem
(organização): biosfera → ecossistema → comunidade → população → organismo →
sistema de órgãos/órgão → tecido → célula → organela → molécula → átomo (Figura
5).

Fonte: www.biologianet.com

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Detalhando um pouco mais os níveis de organização biológica, a biosfera, como o
nível mais inclusivo, abrange todas as regiões continentais, oceânicas e a atmosfera,
sendo constituída pelos diversos ecossistemas do nosso planeta.
O ecossistema é constituído de uma comunidade, que interage com os ambientes
físico e químico. Uma comunidade consiste em todas as populações de todas as
espécies em uma área específica. Cada população consiste em um grupo de indivíduos
do mesmo tipo de organismo ou espécie, que vivem em uma área específica.
Um organismo é um indivíduo constituído por uma ou mais células. A célula é a
unidade fundamental de estrutura e função da vida e, de acordo com a sua função, pode
conter diferentes organelas. As organelas são componentes funcionais que compõem
uma célula, e são formadas por diferentes moléculas, as quais são formadas pela união
de átomos. Os átomos são estruturas fundamentais de todas as substâncias (vivas e
não vivas) (SADAVA et al., 2009; EVERS et al., 2011).
A partir dessa organização, os conceitos biológicos podem ser reduzidos em
componentes mais simples e mais fáceis de se estudar (reducionismo). No entanto, ao
observar a Figura 1, partido do átomo até a biosfera, pode-se verificar novas
propriedades que, antes, estavam ausentes no nível anterior. Essas propriedades
emergentes resultam das interações entre os componentes dos níveis anteriores. Por
exemplo, as moléculas não são vivas se consideradas separadamente, porém, em certa
quantidade e organização, as elas formam uma célula viva. Assim, a vida (uma
propriedade emergente) aparece no nível da célula, mas não nos níveis inferiores da
organização da natureza (REECE et al., 2015).
Assim, a fim de aprofundar os conhecimentos acerca das propriedades
emergentes, os biólogos complementam o reducionismo com a biologia de sistemas,
que consiste na exploração de um sistema biológico a partir da análise das interações
entre seus componentes (SADAVA et al., 2009; REECE et al., 2015).
Em cada nível da hierarquia, é possível identificar uma correlação entre estrutura
e função. O estudo de uma estrutura biológica apresenta evidências sobre o que ela faz
e como funciona, assim como o estudo da função de uma estrutura biológica possibilita
uma compreensão sobre sua estrutura e organização. Na hierarquia estrutural da vida,

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a célula constitui a menor unidade de organização que é capaz de desempenhar todas
as atividades necessárias para a vida. Todas as células compartilham certas
características, por exemplo, todas as células são envoltas por uma membrana
plasmática, que regula a passagem de substâncias entre a célula e o ambiente.
Contudo, existem dois principais tipos celulares: procarióticos e eucarióticos.
As organelas das células eucarióticas são envoltas por membrana, e algumas
organelas, como o núcleo, são encontradas em células de todos os eucariotos. No
entanto, algumas organelas são específicas de grupos celulares distintos (p. ex., o
cloroplasto é encontrado apenas em células com capacidade fotossintetizante). As
células procarióticas não possuem o núcleo ou outras organelas envoltas por
membrana. Outra diferença é com relação ao tamanho das células: células procarióticas
são geralmente menores do que as células eucarióticas (Figura 6) (SADAVA et al.,
2009; REECE et al., 2015).

Fonte: www.disciplinascom.br

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5 UNIVERSO, SISTEMA SOLAR E PLANETA TERRA

A teoria do Big Bang descreve os primeiros momentos do Universo. Presume que


o Universo iniciou a partir de um estado extremamente quente e extremamente denso,
em que toda a matéria e toda a radiação estavam contidas num espaço infinitamente
pequeno. A rápida expansão que então iniciou lembra muito uma explosão, mas na
verdade não é uma explosão que ocorre em um ponto do espaço, e sim a geração de
espaço em todos os pontos, que se expandem com o tempo e estima-se que tenha
ocorrido há aproximadamente 14 bilhões de anos (MENDONÇA 2016).
A matéria então existente concentrou-se em grupos, dando origem, ao longo do
tempo, a grandes concentrações de corpos celestes, denominadas galáxias. Uma
dessas galáxias, formada há cerca de 8 bilhões de anos, é a Via Láctea.

Fonte: www.revistagalileu.globo.com

Como todas as galáxias, a Via Láctea é formada por numerosas estrelas e por
outros corpos celestes. São conhecidas mais de 200 bilhões de estrelas na Via Láctea,
sendo uma delas o Sol, que se formou há mais de 5 bilhões de anos. Ao redor do Sol
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giram oito planetas conhecidos, sendo um deles a Terra. O conjunto formado pelo Sol,
planetas, satélites, asteroides e outros corpos celestes que orbitam essa estrela
constitui o Sistema Solar. Estima-se que os oito planetas do Sistema Solar, inclusive a
Terra, formaram-se há aproximadamente 4,6 bilhões de anos. Além dos planetas, outros
corpos celestes orbitam o Sol, como os asteroides, os satélites naturais (como a Lua) e
os planetas-anões (MENDONÇA 2016).
Seis bilhões de anos entre o Big Bang e a formação da Via Láctea, três bilhões
entre a origem da Via Láctea e a do Sol e meio bilhão entre a formação do Sol e a
origem da Terra. Assim, o nosso planeta formou-se, aproximadamente, nove bilhões e
meio de anos após o Big Bang.
O Sol e todos os demais corpos do nosso Sistema Solar devem ter sido formados
a partir da poeira cósmica e de gases, que se aglomeraram em um determinado ponto
da Via Láctea.
Inicialmente, ao longo de milhões de anos, essa poeira e esses gases foram se
agregando, formando uma enorme massa, cujo elemento mais abundante era o
hidrogênio, que deu origem ao Sol. A temperatura central dessa massa precursora do
Sol tornou-se muito alta, desencadeando contínuas reações de fusão nuclear, que
continuam até hoje, com formação de hélio a partir de hidrogênio. É em consequência
dessas reações que o Sol libera enorme quantidade de energia, sob a forma de calor e
de luz (MENDONÇA 2016).
As reações de fusão nuclear dependem da alta temperatura que ocorre no interior
do Sol, mas são também responsáveis por essa temperatura elevada, estimada em
torno de 15 000 000 °C no centro da estrela e em cerca de 6 000 °C na superfície.

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Representações artísticas da hipótese de formação do Sistema Solar. Fonte:www.observador.com.br

5.1 Origem do planeta Terra

Conforme MENDONÇA (2016), na evolução do Sistema Solar, o restante da poeira


cósmica e dos gases continuou a girar em torno do Sol, inicialmente como um disco.
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Aos poucos, esse disco foi-se fragmentando e esses fragmentos foram se fundindo em
massas maiores, que deram origem aos planetas e aos asteroides.
De maneira simplificada, podemos dizer ter sido assim que a Terra se formou.
Inicialmente muito quente, a Terra se resfriou a tal ponto que sua superfície se
solidificou. A vida foi-se tornando possível na Terra à medida que o planeta se resfriava,
sua superfície se solidificava, formava-se água líquida sobre a superfície e, aos poucos,
se constituía a atmosfera terrestre. A atmosfera primitiva era provavelmente composta
pelos gases hidrogênio (H2), metano (CH4), amônia (NH3) e vapor de água.
Desses componentes, o metano, a amônia e o hidrogênio não estão presentes na
parte baixa da atmosfera atual (troposfera), constituída principalmente pelos gases
nitrogênio (N2) e oxigênio (O2) e quantidades menores de gás carbônico (CO2), gases
raros e vapores de água (MENDONÇA 2016).
No início, a delgada e frágil crosta terrestre era muito quente e através de suas
múltiplas rachaduras era expelida água do interior da Terra. A excessiva temperatura
da crosta não permitia que a água se acumulasse e toda ela se evaporava, formando
numerosas e densas nuvens na atmosfera. Essas nuvens davam origem a chuvas, que
caíam sobre a litosfera.
Encontrando a superfície quente da litosfera, a água da chuva evaporava,
formando novas nuvens, que originavam novas chuvas. Esse ciclo durou muito tempo,
até que, à medida que a superfície se resfriava, a água ia se acumulando nas
depressões da litosfera, constituindo, aos poucos, mares, oceanos, rios, lagos e demais
depósitos de água líquida da Terra.
Na água que se depositava na crosta terrestre estavam presentes algumas das
substâncias existentes na atmosfera. Acredita-se que essas substâncias, nas condições
especiais das águas aquecidas dos oceanos primitivos, tenham fornecido a matéria-
prima para que começasse a se formar a vida na Terra.

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Representações artísticas do ambiente da Terra primitiva, antes (A) e depois da formação dos
primeiros mares (B). Fonte:www.observador.com.br

6 ORIGEM DA VIDA

O tema origem da vida, apesar de polêmico, é muito interessante e mostra o


quanto ainda necessitamos avançar em nossos conhecimentos, pois, até os dias atuais,
não encontramos uma resposta definitiva que seja universalmente aceita para o
assunto.
A polêmica em questão diz respeito à diversidade de apontamentos para a origem
da vida e também à influência das crenças sobre a origem da vida. Diante disso, vamos
conhecer as principais teorias de origem da vida aceitas atualmente: Teoria da Criação,
Teoria da Abiogênese e Biogênese, Teoria da Panspermia Cósmica e Teoria da
Evolução Química ou Molecular (BRODY; BRODY, 1999; DAMINELI; DAMINELI, 2007;
DORVILLÉ; SELLES, 2016; FERREIRA, 2008).
A Teoria da Criação ou criacionismo, aquela apoiada pelos religiosos, foi
sustentada por muito tempo até que se iniciasse uma vertente de pesquisas e
evidências. No criacionismo, os seres vivos surgiram de um ser superior, e, por esse
motivo, pode haver discordâncias entre seus crentes, pois podem existir variações na
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crença da figura desse ser superior. Dentro da linha do criacionismo, pode-se citar três
ramificações: a religiosa, a bíblica e a científica. O criacionismo religioso determina que
apenas a fé é suficiente para acreditar nos escritos de determinadas religiões, isto é,
não há uma necessidade de testar as afirmações dos escritos religiosos, apenas se
acredita neles.
Por exemplo, no hinduísmo, o homem foi criado por um ser supremo que também
criou todas as criaturas. Já no islamismo toda a história da criação está presente no
Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos. O criacionismo religioso também abrange os
mitos da criação, por exemplo, na mitologia grega, o início da vida surgiu com o caos
primordial, do qual veio Gaia (terra) e Eros (amor). Depois, Érebo (trevas) e Éter. Vieram
também o céu, as montanhas e o mar. Nesse ambiente, nasceram os titãs — deuses
do início da criação do mundo (HERNANDEZ 2018).
Os titãs Epimeteu e Prometeu foram uns dos criadores da raça humana, os quais
formaram o homem com água e argila e, posteriormente, ganharam vida e alma por
meio da deusa Atena (HERNANDEZ 2018).
O criacionismo bíblico defende a Bíblia como a palavra de Deus. Segundo essa
vertente, a vida é criada complexa e vai degenerando em consequência dos pecados
cometidos e já descritos na Bíblia. Por exemplo, para o cristianismo, Deus foi a figura
responsável pela criação da vida e seu habitat de uma só vez. Diante disso, segundo o
cristianismo, as espécies se adaptariam e, portanto, não haveria evolução das espécies,
pois Deus criou o Universo e as criaturas em semelhança a ele: perfeitos. Para os
cristãos e judeus, a origem da vida consta na Bíblia, no livro de Gênesis, no qual o
homem foi criado do barro e, para que viesse à vida, Deus soprou o espírito nele.
Já o criacionismo científico utiliza métodos da ciência para identificar e analisar
evidências de que o universo e a vida foram criados pautados em processos naturais,
leis da natureza e modelos matemáticos. Esse ramo do criacionismo se deve
principalmente sobre o advento do protestantismo a partir do século XX e já tendia a
questionar os princípios pautados nos criacionismos religioso e bíblico (HERNANDEZ
2018).

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De maneira geral, é importante frisar que o criacionismo tem como figura um
criador responsável pela origem da vida complexa, completa e funcional, com seres
vivos/espécies aptos para sofrer pouca ou nenhuma diversificação e evolução ao longo
do tempo. Essa crença na não evolução das espécies também pode ser chamada de
fixismo.

Fonte: www.educacao.globo.com/

No entanto, em meados do século XIV, a teoria da geração espontânea ganhava


popularidade. Nessa vertente, os seres vivos eram oriundos de cadáveres ou de matéria
orgânica. A teoria da geração espontânea também é conhecida como abiogênese.
Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.), René Descartes (1596-1650) e Isaac Newton (1643-
1727), cientistas e outros pensadores da época se apoiavam nessa teoria, pois,
segundo ela, o lodo dos rios originava as cobras e as rãs, e os vermes viriam das frutas
e da carne. (HERNANDEZ 2018).
Nessa época, e em contraste ao criacionismo, havia uma busca pela prova da
existência da vida. Assim surgiram os primeiros experimentos que buscaram explicar a
origem da vida por meio da matéria inanimada. Os principais pesquisadores dessa
corrente de pensamento são Jan Baptista van Helmont (1580-1644), John T. Needham
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(1713-1781) e Lazzaro Spallanzani (1729-1799), que buscaram provar em seus
experimentos que a vida era oriunda da matéria inanimada, com a utilização de grãos
de trigo em tecido e caldos preparados.
Mas foi somente entre os séculos XVII e XIX que os cientistas começaram a
discordar da teoria da abiogênese e foi por meio dos experimentos de Francesco Redi
(1626-1697) e Louis Pasteur (1822-1895) que surgiu a teoria da biogênese, na qual a
vida não teria mais sua origem na matéria inanimada, e sim a partir de organismos
preexistentes.
No entanto, ao mesmo tempo em que se acreditava em organismos preexistentes,
iniciavam-se outras indagações como: de onde veio a primeira vida ou organismo vivo?
Tais indagações deram origem e espaço a outras propostas, entre elas a panspermia
que, embora tenha sua origem na antiguidade clássica com o filósofo grego Anaxágoras
(510 a.C.), somente no século XIX ganhou força e novo entendimento do conceito que
afirmava que os seres vivos teriam surgido a partir de substâncias de outros planetas.
São os principais defensores dessa teoria: William Thomson (1824-1907) e Svante
August Arrhenius (1859-1927). Para eles, os seres vivos vieram até a Terra por meio de
meteoros e poeira cósmica (HERNANDEZ 2018).
Tal afirmação continuou a ser revogada por alguns cientistas e, por meio de
Hermann von Helmholtz (1821-1894) e outros cientistas, foram designadas outras
teorias modernas como a nova panspermia e a panspermia dirigida. Na nova
panspermia, acredita-se que a origem da vida veio a partir do núcleo dos cometas e
também que os vírus vieram do espaço. Foi criada por Fred Hoyle (1915-2001) e
Chandra Wickramasinghe (1939), na década de 1970, os quais se apoiaram na análise
de meteoritos. Já a teoria da panspermia dirigida acredita que a vida veio de outras
galáxias, ou que seres mais inteligentes trouxeram moléculas orgânicas e outros
elementos, tais como o molibdênio, importante para o metabolismo dos seres vivos, mas
raramente encontrado no planeta. Entre os principais defensores da panspermia dirigida
estão Francis Crick (1916-2004) e Leslie Orgel (1927-2007).
Na tentativa de explicar a origem da vida, também surgiram outras correntes
teóricas, como a teoria da evolução química ou molecular, segundo a qual a vida se

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originaria a partir da evolução química e da antimatéria. Nessa teoria, compostos como
hidrogênio, carbono, oxigênio, entre outros se combinaram e formaram as moléculas
orgânicas simples (aminoácidos, açúcares, etc.) e depois passaram a formar as
moléculas mais complexas, como carboidratos, proteínas etc., continuando a se
combinar até duplicarem e formarem os primeiros seres vivos (HERNANDEZ 2018).

Fonte: www.biologiageral.epizy.com

Já a antimatéria (significa inverso da matéria) é formada por antipartículas


semelhantes às partículas, ou seja, possuem também massa e rotação, porém têm
carga elétrica negativa. As antipartículas podem ser encontradas em raios cósmicos,
acelerador de partículas e em decaimento de substâncias radioativas. Paul A.M. Dirac
(1902-1984), ao revisar a equação de Einstein (E = mc2 ), constatou que a massa
também poderia ser negativa. Ele criou a fórmula E = ± mc 2 , e houve maior aceitação
da presença das antipartículas no universo. A teoria da antimatéria se fundamenta por
meio da explosão/colisão da matéria e da antimatéria resultando na origem dos corpos
celestes
Os experimentos de Aleksander I. Oparin (1894-1980) e John Burdon S. Haldane
(1892-1964) buscam fundamentar a origem da vida pautados na evolução química ou
molecular, para as quais os primeiros seres vivos surgiram a partir de moléculas
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orgânicas que teriam se formado na atmosfera primitiva e depois nos oceanos, a partir
de substâncias inorgânicas (HERNANDEZ 2018).
Esses conhecimentos ganharam notoriedade após os experimentos de Stanley L.
Miller (1930-2007) e Harold C. Urey (1893-1981), na década de 1950, cujas hipóteses
comprovaram os experimentos de Oparin e Haldane. Esses cientistas comprovaram a
formação de moléculas orgânicas a partir de nitrogênio, amônia, metano, dióxido de
carbono, água e hidrogênio. Por tal comprovação, a teoria da evolução química tem sido
amplamente aceita e difundida, embora ainda existam muitas controvérsias e novas
teorias sendo elaboradas (HERNANDEZ 2018).
Assim, uma das hipóteses mais aceitas é a de que os primeiros seres vivos eram
autótrofos, ou seja, organismos que produzem o próprio alimento. Conquanto a origem
da vida ainda não tenha sido contemplada de forma universal, é importante salientar que
todas as teorias ainda não foram superadas visto que até agora existem adeptos e
pesquisadores que as defendem. No entanto, as teorias mais amplamente estudas na
atualidade, as consideradas teorias modernas, são a teoria da panspermia cósmica e a
teoria da evolução química, as quais não entram em conflito, pois confirmam que houve
um processo de evolução molecular, além de condições ambientais favoráveis para o
surgimento da vida na Terra.
Conquanto a atualidade e a modernidade tragam aporte para discussões mais
aprofundadas e tecnológicas a respeito da origem da vida, as teorias da abiogênese e da
biogênese continuam sendo enfatizadas diante do constructo histórico em que se
colocaram. Ambas quebraram um paradigma por meio de experimentações e
formulações de hipóteses, fundamentos da ciência aplicados até os dias atuais. Assim, a
seguir será realizado um aprofundamento sobre essas teorias e suas importâncias para
o avanço do conhecimento e da ciência (HERNANDEZ 2018).

6.1 Abiogênese versus biogênese

24
Diante do tópico anterior, foi possível observar que, basicamente, a abiogênese se
caracteriza pela defesa da origem da vida por meio da matéria inanimada, enquanto a
biogênese defende que a vida só pode existir a partir de outra vida, ainda que a
abiogênese surja num contexto histórico em que se pensava em contestar o
criacionismo e, por sua vez, a biogênese em contestar a abiogênese (HERNANDEZ
2018).
A seguir, vamos entender como é que os pensadores e cientistas dessas correntes
defendem essas ideias (AMABIS; MARTHO, 1990). A abiogênese foi pautada por
alguns experimentos, como o de Jan Baptista van Helmont (1580-1644), que tentou
provar a origem de camundongos por meio de grãos de trigo e tecidos (em verdade, os
camundongos eram atraídos pelo trigo, e não criados por ele), e o experimento de John
T. Needham (1713- 1781), em 1745, que verificou a criação de microrganismos vivos
em um caldo preparado e posteriormente fervido.
No entanto, tempos depois, em 1770, o mesmo experimento de Needham foi
repetido por Lazzaro Spallanzani (1729-1799), mas, dessa vez, o caldo preparado foi
fervido por mais tempo, o que resultou em um ambiente não propício para a vida;
consequentemente, Spallanzani concluiu que Needham não havia fervido o caldo o
suficiente para matar os microrganismos presentes nele (o caldo não criou vida, mas já
continha microrganismos vivos nele). Esse experimento, contrário ao de Needham, foi
um importante marco para a criação de uma nova vertente da origem da criação da vida.
Os experimentos de Francesco Redi (1626-1697) e de Louis Pasteur (1822- 1895),
em 1860, buscavam quebrar o conceito da abiogênese.
Redi colocou pedaços de cadáver animal em dois fracos, sendo um deles fechado
e outro aberto. Após algum tempo, a carne que estava no vidro aberto apresentava
larvas, enquanto o vidro que estava fechado não. O pesquisador conclui que as larvas
não eram provenientes da carne, mas sim das moscas que deixavam ovos na carne.
Pasteur tinha convicção de que a vida não era gerada pela matéria inorgânica e,
para provar sua hipótese, realizou um experimento com um caldo nutritivo chamado
experimento do Pescoço de Cisne. Primeiro ele ferveu o caldo para refutar as hipóteses
levantadas por Needham e Spallanzani deixando o ambiente estéril, posteriormente

25
tampou o vidro que continha o caldo com uma tampa em formato de pescoço de cisne,
isto é, havia passagem de ar, mas não havia possibilidade da entrada de
microrganismos externos pelo formato da tampa (Pasteur já hipotetizava a existência
de microrganismos vivos não visíveis ao olho nu no ar) (HERNANDEZ 2018).
Os resultados de Pasteur evidenciaram nenhuma “vida” no pote com tampa em
formato de pescoço de cisne, provando que não havia vida proveniente da matéria
inanimada. Para comprovar sua hipótese de que microrganismos estavam presentes no
ar, quebrou a tampa do pote sem vida e, com o passar do tempo, sugiram ali as
manifestações da colônia de fungos e bactérias (HERNANDEZ 2018).
A Figura 1 apresenta o experimento de Jan Baptista Van Helmont pautado na
abiogênese. Já a Figura 2 evidencia os experimentos de Spallanzani e Needham,
respectivamente. Os experimentos de Redi e Pasteur pautados na biogênese podem ser
vistos na Figura 3, e, por fim, a Figura 4 apresenta o experimento de Pasteur.

Fonte: Bittencourt (2015). Fonte: Spontaneous (2011).

26
Fonte: Souza (2013). Fonte: Adaptada de Experimento (200).

Depois de todo esse momento de experimentação sobre a ótica da história da origem


da vida, muitos pesquisadores e cientistas começaram a se indagar a respeito de como
a vida evoluiu até a formação dos seres mais complexos e completos (HERNANDEZ
2018).
Uma nova onda de experimentações e hipóteses eram lançadas na ciência. Assim,
no próximo tópico serão abordadas as principais teorias sobre a evolução das espécies.

6.2 Evolução das espécies

Desde as primeiras proposições para o primeiro ser vivo da Terra, muito já se


avançou em conhecimento. Inicialmente, diante das proposições sobre a origem da vida
e tomando em consideração a teoria mais aceita entre os pesquisadores, cientistas e
estudiosos do assunto (evolução química), os primeiros seres vivos da Terra foram as
moléculas orgânicas, como os aminoácidos, que, ao se combinarem, formaram as
proteínas, moléculas mais complexas. Ao longo de milhões de anos, acredita-se que
essas proteínas tenham se acumulado nos mares primitivos formando os coacervados,
que, por sua vez, também se tornaram mais complexos com a junção de substâncias
dos oceanos primitivos (HERNANDEZ 2018).
27
A ciência atual admite que o aumento da complexidade dos coacervados
compreendeu reações que ao longo de milhões de anos resultaram em ácidos
nucleicos. Os ácidos nucleicos organizam o material genético de uma célula e
comandam suas atividades e, assim, perante a presença e a formação dos ácidos
nucleicos, os coacervados passaram a ser seres unicelulares no fundo do mar.
Portanto, os primeiros seres vivos da Terra eram unicelulares, heterótrofos (não
produziam o próprio alimento) e anaeróbios. Com o passar do tempo (milhões de anos),
esses seres primitivos sofreram modificações no material genético (o que se deu por
um número muito grande de seres para uma oferta/capacidade alimentícia cada vez
menor), e passaram a ser pluricelulares, o que resultou em seres capazes de produzir
clorofila e fazer fotossíntese. Esse importante marco na evolução das espécies garantiu
a capacidade de os organismos fabricarem o próprio alimento a partir do gás carbônico,
da água e da luz. As algas asseguram assim sua sobrevivência, bem como a de todas
as formas vivas que delas se alimentam.
A partir desses seres marinhos mais complexos, surgiram os primeiros
invertebrados aquáticos, os quais classificamos como filos inferiores de invertebrados:
protozoários, poríferos (esponjas), celenterados, moluscos, equinodermas e diversas
espécies de vermes.
Ao mesmo tempo, a dispersão de certas plantas aquáticas já alcançava o meio
terrestre, realizando a adaptação externa. Mediante essas constantes adaptações e
modificações, foram surgindo espécies cada vez mais complexas e organizadas.
Apareceram animais ainda mais complexos, com aparelho digestivo e sistema nervoso
bem desenvolvidos, frequentemente protegidos por um esqueleto rígido. A evolução dos
artrópodes prossegue com o surgimento da trilobita, antepassado distante dos
camarões e das lagostas (HERNANDEZ 2018).
Enquanto nas águas aparecem os primeiros vertebrados e peixes de esqueleto
interno cartilaginoso, fora das águas surgem as algas revestidas de uma carapaça que
lhes permite manter a umidade; em seguida, as primeiras plantas propriamente de terra
firme, os musgos. Os primeiros animais que saíram da água foram os escorpiões,
também protegidos por couraças.

28
Iniciam-se as primeiras florestas, e, junto delas, aranhas, centopeias e escorpiões;
surgem os primeiros insetos e proliferam várias espécies de peixes ainda fortemente
couraçados.
As adaptações e modificações continuam intensamente, desenvolvem-se as
formas mais rudimentares de pulmões em alguns peixes (tal característica propiciou
mais tempo fora d’água), surgem os primeiros anfíbios (seres que se adaptam tanto na
água quanto no ar seco).
Após essas conquistas, originam-se os primeiros vertebrados terrestres. As
florestas têm dimensões gigantes, com árvores de até 30 m, e, assim como os animais
que ali vivem, como centopeias de meio metro de comprimento, inúmeras espécies de
anfíbios continuam a proliferar-se nas regiões de lagos e pântanos (uma vez que seus
ovos necessitam de água). Em contrapartida, os primeiros répteis colocam ovos em
lugares secos (os ovos são envoltos por uma casca calcária), e esse marco perpetua
os vertebrados em terra firme.
Mudanças climáticas desfavorecem os anfíbios e permitem maior
desenvolvimento dos répteis, tornando algumas espécies gigantes. Uma era de
dinossauros inicia-se com as mais variadas formas e tamanhos que vivem em terra
firme, na água e no ar (HERNANDEZ 2018).
Posteriormente a essa era, dá-se início a vez dos mamíferos, mastodontes e tigres
já habitavam a terra, enquanto nos mares predominavam mamíferos gigantes como
as baleias e cachalotes; inicia-se um grupo de primatas, os driopitecos, que deram
origem a chimpanzés, gorilas, orangotangos e ramapitecos, sendo esses últimos
ligados à família do homem assim como os australopitecos e o Homo.
Novas mudanças climáticas extinguem várias espécies, enquanto outras como os
mamíferos demonstram grande capacidade adaptativa multiplicando-se em vários
ambientes.
As novas adaptações geraram grande quantidade de pelos pelo corpo, como em
rinocerontes, ursos, bois e elefantes lanudos.

29
Fonte: www.aventurasnahistoria.uol.com.br

Nesse período, o homem completa a sua evolução: surge o Homo habilis, em


seguida o Homo erectus e, finalmente, o Homo sapiens, espécie à qual pertence, com
outras subespécies já extintas, o homem atual. Cabe salientar que todo esse processo
ocorreu de forma gradual, contínua e num longo espaço de tempo marcado por bilhões
de anos, aproximadamente 2,7 bilhões de anos.
A respeito das teorias que fundamentam a evolução das espécies, isto é, tentam
explicar por que as espécies se modificariam e se adaptariam tanto ao longo do tempo,
podemos destacar dois grandes autores: Jean-Baptiste Lamarck (1744-1829) e Charles
Darwin (1809-1882) (AMABIS; MARTHO, 1990; WYHE, 2002)
Para Lamarck, a evolução das espécies estava relacionada a basicamente dois
fundamentos: lei de uso e desuso e lei de transmissão de caracteres adquiridos.
Segundo Lamarck, as partes do corpo de um organismo que não eram utilizadas
atrofiavam, enquanto as que eram amplamente usadas se desenvolviam (HERNANDEZ
2018).
Por exemplo, Lamarck acreditava que o pescoço das girafas era pequeno, mas,
para que pudessem comer as folhas das árvores, o pescoço acabou se desenvolvendo,

30
e tal característica já seria passada para as próximas gerações por meio da lei de
transmissão de caracteres adquiridos.
Já Darwin propôs uma teoria que impactou toda a ciência e o estudo dos seres vivos.
Sua teoria defendia duas proposições: a existência de um ancestral comum do qual os
seres vivos teriam evoluído e a teoria da seleção natural. De acordo com Darwin, os
indivíduos que se tornavam aptos tinham mais chances de sobreviver e deixar
descendentes.
Para ele, o exemplo da girafa era visto da seguinte maneira: existiam girafas com
pescoço grande e pequeno, mas somente aquelas com pescoço grande eram capazes
de se alimentar, pois chegavam até as árvores, assim, perpetuariam a espécie, pois
eram mais aptas; desse modo, deixariam descendentes.
Os princípios básicos de Darwin constituem:

1) auxílio da seleção natural (lei de adaptação);


2) os indivíduos que conseguem se adaptar ao ambiente têm mais chances de
sobreviver e gerar descendentes;
3) há uma luta pela vida, pois são poucos os seres que conseguem atingir a
maturidade;
4) o número de indivíduos de uma espécie é quase o mesmo de geração em
geração.
5) indivíduos da mesma espécie não são idênticos.

Em influência aos conceitos implementados por Darwin surgiram novas teorias:


evolucionismo teísta — que uniu o criacionismo com o evolucionismo, uma vez que
muitos evolucionistas acreditavam em Deus, e evolucionismo teísta — não acreditavam
em Deus, mas sim nos processos evolucionistas caracterizando os organismos
(HERNANDEZ 2018).
A ciência atual baseia-se na teoria do evolucionismo proposta por Darwin diante
dos seguintes argumentos:

31
 Evidências embriológicas: embriões de espécies diferentes podem ter o
desenvolvimento embrionário semelhante.
 Órgãos homólogos: são órgãos que surgiram de forma semelhante durante o
desenvolvimento embrionário, porém podem executar funções diferentes. Um
exemplo disso pode ser o membro superior de alguns vertebrados que ora
podem ser usados ou não, sendo que apresentam funções diferentes.
 Órgãos análogos: são órgãos com origem e estrutura diferentes durante o
desenvolvimento embrionário, mas com mesma função. Podem ser uma
evidência da adaptação de um ser a determinado ambiente.
 Órgãos vestigiais: órgãos que possuem estruturas que podem não ser
importantes para um indivíduo, mas utilizadas em outros. Um exemplo disso é
o apêndice, que no homem não é utilizado, mas nos herbívoros é importante
para a digestão da celulose. Esse critério pode ser uma evidência da
ancestralidade.
 Bioquímicos: o estudo das proteínas e dos ácidos nucleicos também
representa argumentos para as relações de parentesco entre os seres vivos.
Quanto mais parecidos em sua evolução, maior serão as proteinas idênticas.
No chimpanzé e no homem, os aminoácidos da hemoglobina são os mesmos.
 Paleontológicos: os fósseis, estudados pela paleontologia, são responsáveis
por manter petrificadas algumas características dos indivíduos. Seu estudo é
fundamental para entender as alterações que uma determinada espécie sofreu
ao longo do tempo.

Aliada a esses conhecimentos surge uma nova teoria sobre a evolução das espécies:
A teoria moderna da evolução ou neodarwinismo. Cientistas agregaram novas
concepções àquelas já propostas por Darwin baseados principalmente nos avanços no
conhecimento de genética, mutação gênica, recombinação genética e seleção natural.
São princípios do neodarwinismo (HERNANDEZ 2018).

 as mudanças dos indivíduos dependem das mutações;


32
 as mutações acontecem de modo aleatório;
 para sobreviver, os indivíduos precisam enfrentar os desafios do
próprio meio ambiente;
 os indivíduos mais adaptados e preparados são aqueles que
conseguem enfrentar a seleção natural.

Diante disso, é importante salientar que o neodarwinismo combina as causas da


variabilidade com a seleção natural. Estudos genéticos mostram que os fenótipos
(formas características) dos indivíduos resultam da ação do meio sobre os respectivos
genótipos (combinação gênica). Um genótipo é capaz de originar vários fenótipos,
porém esses fenótipos só vão se manifestar caso encontrem um ambiente adequado.
Assim, por exemplo, ocorre com as bactérias resistentes aos antibióticos, ou seja,
o uso inadequado desses remédios elimina as bactérias mais sensíveis, mas propicia e
reforça as bactérias mais resistentes, as quais se proliferam promovendo a sua
adaptação ao ambiente (ao antibiótico).
Outro conceito interessante é o da especiação, no qual mecanismos que ocorrem
com o tempo e isolamento geográfico impedem o processo evolutivo e resultam em
formação de uma nova espécie, ou seja, o distanciamento geográfico impede os
cruzamentos, assim, geram nas populações originais acúmulos de diferenças
adaptativas que, por sua vez, originam novas espécies (HERNANDEZ 2018).
O princípio da irradiação adaptativa consiste em basear a evolução dos
organismos a partir de um ancestral comum, cujos componentes, por meio do processo
de especiação, possibilitaram o surgimento de espécies relacionadas.
Por toda essa complexidade e razoabilidade, essa é a teoria mais difundida
atualmente pelos estudiosos e cientistas a respeito da explicação da evolução das
espécies.
Diante disso, é relevante refletir que, apesar dos enormes conhecimentos
adquiridos relacionados com a origem da vida, por meio de diferentes correntes teóricas,
bem como teorias que baseiam a evolução dos organismos, ainda há muito o que se
descobrir.
33
Sendo assim, ainda hoje são formuladas novas teorias e hipóteses testadas
mediante critérios científicos a fim de aprimorar as teorias propostas ou até mesmo
formular novas.

7 SELEÇÃO NATURAL E EVOLUÇÃO

Apesar da seleção natural não ser um conceito de difícil explicação, ele é


frequentemente confundido. Uma confusão comum é que a seleção natural é sinônimo
de evolução. A evolução se refere a mudanças temporais de qualquer tipo, não-
direcionais, enquanto a seleção natural especifica a direção particular em que estas
mudanças ocorrem.
A origem da variabilidade que permite o processo evolutivo é normalmente a
mutação ou a recombinação gênica, que são processos aleatórios (ao acaso), o que
reforça a ideia do não direcionamento do processo de evolução biológica. Existem ainda
outros mecanismos possíveis de evolução além da seleção natural, como o fluxo gênico,
a direção meiótica e à deriva genética.
Outra confusão frequente é que a seleção natural opera principalmente por meio
de diferenças nas taxas de mortalidade dos organismos, a chamada mortalidade
diferencial. Sabe-se que a seleção natural opera de formas muito mais sutis e
inconspícuas (KREBS, 1994).
Quando um organismo deixa, com mais sucesso, sua prole que outro organismo,
seus genes tornam-se dominantes no pool genético daquela população. Eventualmente,
o genótipo que deixou menor prole pode tornar-se extinto numa população estável, a
não ser que existam mudanças concomitantes que lhe conferem certa vantagem à
medida em que ele se torna mais raro.

34
Assim, a seleção natural opera somente por sucesso reprodutivo diferencial. A
mortalidade diferencial pode ser seletiva somente no nível em que cria diferenças entre
os indivíduos no número de descendentes que eles produzem.
Por muitas vezes a seleção natural pode ser vista em termos de taxas de
mortalidade diferenciais e os indivíduos mais fortes e rápidos são considerados como
tendo vantagens seletivas sobre os indivíduos mais fracos e mais lentos.
Mas, se este fosse o caso sempre, cada espécie iria, continuamente, ganhar em
força e velocidade. Como isto não está acontecendo continuamente, a seleção contra o
aumento crescente de força e velocidade (contraseleção) deve estar ocorrendo e
limitando o processo (CEZAR 2018)
Um animal, por exemplo, que é por natureza muito agressivo pode despender
muito tempo e energia agredindo outros animais, e desta forma despende, em média,
menos tempo e energia no acasalamento, deixando assim menos descendentes.
Da mesma forma, um indivíduo pode ser tão submisso que despende muita
energia e muito tempo fugindo de outros animais assim, sob condições estáveis, os
indivíduos intermediários em uma população deixam mais descendentes que os
fenótipos extremos.

7.1 Tipos de Seleção

Três tipos de seleção podem atuar nos caracteres fenotípicos de um organismo: a


seleção direcional, a estabilizadora e a disruptiva (CEZAR 2018)
A seleção direcional é a forma mais simples, na qual os fenótipos de um extremo
são eliminados a seleção direcional produz mudanças genotípicas mais rapidamente
que qualquer outra, de modo que a maioria das seleções artificiais operam desta forma.
A seleção direcional foi, provavelmente, a responsável pela maioria das
mudanças fenotípicas que ocorreram durante a evolução, em populações cultivadas, a
resistência de pragas a inseticidas ou herbicidas é produzida por seleção direcional.
A seleção estabilizadora é muito comum em populações atuais. Neste tipo, os
fenótipos mais próximos ao fenótipo médio da população são mais aptos que os

35
fenótipos em cada um dos extremos e, desta forma, os valores médios da população
não se modificam. Um exemplo pode ser visto no peso dos bebês no nascimento. A
mortalidade é menor em torno de 3,3Kg, um valor bem próximo ao peso médio
observado nos bebês ao nascimento (3,2Kg).
O processo de seleção natural é o resultado final de um processo ecológico em
ação. Os ambientes nos quais os organismos vivem moldam a forma em que a evolução
ocorre. A atual distribuição, abundância e diversidade de plantas e animais são
determinadas por processos evolutivos passados, mas que influenciam no ambiente
presente (KREBS, 1994).

7.2 Adaptação

As adaptações – aquelas características que, como disse Darwin, “com tanta


justiça promovem nossa admiração” – são centrais no estudo da ecologia. Desde a
teoria evolutiva, dois grandes temas permeiam a explicação para as características
observáveis de um dado organismo: a genealogia (pela qual a explicação é encontrada
na ancestralidade de um organismo) e a adaptação (pela qual ela é encontrada nas
condições de vida de um organismo).
Na fisiologia, a palavra adaptação é empregada com frequência para descrever o
ajuste fenotípico de um organismo ao seu ambiente. Na biologia evolutiva, uma
adaptação é uma característica que, devido ao aumento que confere no valor
adaptativo, foi moldada por forças específicas de seleção natural atuando sobre a
variação genética.
A chamada coloração críptica – ocorre quando o organismo possui coloração ou
forma bastante semelhante a do meio ou substrato onde ele se encontra – é
normalmente uma adaptação para diminuir as chances de predação (CEZAR 2018).

36
8 ORIGEM E EVOLUÇÃO DAS CÉLULAS

A invenção do microscópio possibilitou a descoberta das células, as unidades que


constituem os seres vivos (AMABIS e MARTHO, 2006).
Leeuwennhoek fabricou dezenas de microscópios, com isso ele observou diversos
tipos de material biológico, como embriões de plantas, glóbulos vermelhos e
espermatozoides de animais (AMABIS e MARTHO, 2006).
No século XIX generalizou-se a noção de que todos os organismos são
constituídos por uma ou mais células, a chamada Teoria Celular (CÉSAR e SEZAR,
2005).
A Teoria Celular admite que, apesar das diferenças quanto à forma e à função,
todos os seres vivos têm em comum o fato de serem constituídos por células (AMABIS
e MARTHO, 2006).

As três premissas da Teoria Celular são:

 Toda forma de vida é constituída por uma ou mais células e pelas estruturas
que por elas são produzidas.
 As células são unidades morfológicas e funcionais dos seres vivos.
 Toda célula origina-se de uma célula preexistente, ou seja, elas sofrem
divisão.

37
Fonte: www.estudopratico.com.br

Admite-se que as primeiras células que surgiram na terra foram os procariontes.


Isto deve ter ocorrido a cerca de 3 bilhões de anos. Naquela época a atmosfera
provavelmente continha vapor d‘água, amônia, metano, hidrogênio, sulfeto de
hidrogênio e gás carbônico, o oxigênio livre só apareceu muito depois.
O registro fóssil da primeira célula eucariótica data de 1,7 bilhão de anos, mas
supõem-se que os eucariontes tenham surgido um pouco antes. As primeiras células
eucarióticas teriam surgido a partir das células procarióticas que passaram a
desenvolver evaginações e invaginações da membrana plasmática.
Esses dobramentos teriam dado origem às várias estruturas citoplasmáticas
delimitadas por membrana e a carioteca ou envelope nuclear, que separa material
genético do citoplasma, formando o núcleo (AMABIS e MARTHO, 2006).

38
Fonte: www.todoestudo.com.br

A célula procariótica é muito mais simples do que a eucariótica e encontra-se


apenas nas bactérias. Dependendo do tipo de célula que apresentam, os organismos
são classificados em procariontes e eucariontes (CÉSAR e SEZAR, 2005).
Basicamente, a diferença entre procariontes e eucariontes é: as células
procarióticas têm seu material genético ― solto‖ no interior da célula, e as células
eucarióticas tem seu material genético envolvido por uma membrana chamada
carioteca, o que separa o DNA do citoplasma.

9 ECOLOGIA

A ecologia é a ciência que procura entender os organismos e suas relações com


o meio ambiente, as populações, as comunidades, os ecossistemas e a biosfera
(LOPES, 2006). As raízes da ecologia levam aos estudos ligados à história natural, algo
que, em essência, é tão antigo quanto o homem.

39
Os egípcios e os babilônios, por exemplo, já aplicavam métodos ecológicos para
combater as pragas que assolavam suas culturas de cereais no vale do rio Nilo e na
Mesopotâmia (PINTO-COELHO, 2007).
Mesmo sendo um campo da ciência distinto e reconhecido desde os anos 1900,
aproximadamente, foi somente nas últimas décadas que a ecologia se tornou parte do
vocabulário geral da população mundial.
Ela se popularizou muito devido à crescente preocupação com questões
relacionadas ao meio ambiente; após o homem ir ao espaço e tirar as primeiras
fotografias da Terra, ele teve a real noção do tamanho do nosso planeta e de quão
solitário e frágil ele é, pairando no espaço (Figura 1).
Principalmente após a década de 1970, houve uma maior preocupação com
questões como poluição, áreas naturais, crescimento populacional, consumo de
alimentos e energia e diversidade biótica (ODUM; BARRETT, 2015).

Fonte: www.best-backgroumds/Shuttertock.com

Atualmente, a ecologia é uma das ciências de maior interesse público e científico,


e seu estudo é fundamental para a preservação do meio ambiente e de todos os
organismos vivos.
40
Para a área da ecologia, o meio ambiente é o panorama animado ou inanimado
onde se desenvolve a vida de um organismo. No meio ambiente, existem vários fatores
externos que influenciam os organismos.
A ecologia tem como objeto de estudo as relações entre os organismos e o
ambiente envolvente. É importante não confundir os termos meio ambiente e ecologia.
O meio ambiente é um conjunto de unidades ecológicas que funcionam como um
sistema natural, e inclui toda a vegetação, animais, microrganismos, solo, rochas,
atmosfera e fenômenos naturais que podem ocorrer em seus limites (STEIN 2017).

Fonte: www.demonstre.com.br

Também compreende recursos e fenômenos físicos, como, por exemplo, ar, água
e clima, assim como energia, radiação, descarga elétrica e magnetismo. De acordo com
Pinto-Coelho (2007), os enfoques da ecologia moderna são dois:

 Enfoque descritivo (história natural): consiste em levantamentos da fauna e


da flora.
 Enfoque experimental: baseia-se em testes de hipóteses por meio de uma
abordagem experimental, que pode conter experimentos tanto de laboratório
quanto conduzidos no campo.

A questão central em ecologia é determinar as causas da distribuição e da


abundância de organismos. Isso pode ser avaliado em nível da comunidade e em nível

41
das populações, por isso, a ecologia pode também ser dividida segundo seu objeto
central de estudo (STEIN 2017).

 Autoecologia: ecologia de populações.


 Sinecologia: ecologia de comunidades.

Por razões históricas e metodológicas, bem como por limitação de conhecimentos,


o estudo ecológico esteve inicialmente restrito ao estudo de associações de plantas ou
de animais, como segue:

• Ecologia vegetal: apresenta o problema da restrição a apenas um


nível trófico.
• Ecologia animal: neste caso, os produtores autótrofos não são
considerados.

9.1 Histórico da Ecologia Humana

O termo “Ecologia Humana” foi usado pela primeira vez por sociólogos da Escola
de Chicago de Sociologia, em 1921. Durante o século XX, as interpretações e definições
de Ecologia Humana foram as mais diversas, não só entre as ciências sociais e os
naturais, como dentro de disciplinas sociais, como a Geografia, a Antropologia, a
Psicologia e a Sociologia (Amaro, 1981; Borden, 2008; Lawrence, 2003; entre outros).
O zoólogo alemão Ernest Haeckel (discípulo de Charles Darwin,1886) foi o
primeiro cientista a empregar palavra Ecologia nos finais do século XIX. Na análise
epistemológica da palavra Ecologia Humana, temos:

42
A Ecologia Humana é a ciência que estuda o ambiente, as relações dos seres
vivos no meio em que vivem e como ocorrem as interferências antrópicas neste
ambiente; a Ecologia Humana só começa a ganhar contornos mais específicos durante
a segunda metade do século XX, embora o termo tenha sido pela primeira vez usado
no início da década de 1920 ( WILSON 2018)
A Ecologia Humana tomou forma como ciência a aproximadamente 40 anos, com
o início das discussões em torno dos problemas ocasionados pelo crescimento
econômico sem limites, auxiliando num posicionamento frente a utilização de recursos
naturais ou ainda, de deixar a natureza intocada. Segundo sua definição, a Ecologia
Humana surge como uma área de conhecimentos que analisa as interações do homem
com o meio em que vivem.

Fonte: www.brasileducacao.com

Com a Ecologia Humana surge uma nova perspectiva sobre tudo o que nos rodeia
e pode ser usada, por exemplo, para aprendermos a lidar com os problemas ambientais
causados pelo próprio ser humano, fato que atualmente é de extrema importância, já
que o planeta atravessa uma grave crise ambiental.
Esta crise tem mobilizado gradualmente vários segmentos da sociedade em busca
da compreensão das suas causas profundas e das dimensões reais do problema, assim
como de alternativas para a redução da degradação ambiental e dos seus impactos na
qualidade de vida humana (WILSON 2018).

43
Nesse contexto, duas frentes de posicionamento se solidificam: a primeira com a
visão que defende a continuidade do modelo de crescimento como forma de
proporcionar aos países em desenvolvimento os mesmos benefícios alcançados pelos
desenvolvidos; e a segunda apresenta-se totalmente contrária a anterior, pregando o
famoso “vamos parar tudo” como forma de garantir a manutenção dos recursos do
planeta (WILSON 2018).
Para responder a estes questionamentos sugerimos que você analise o esquema
abaixo:

Fonte: Fonte: www.brasileducacao.com

9.2 Abordagens da Ecologia Humana

Terminamos a aula passada inserindo mais alguns conceitos importantes sobre o


papel do homem na complexidade do meio ambiente e do papel que a Ecologia Humana
44
desempenha nesta questão, porém quais as abordagens exploradas neste sentido? A
Ecologia Humana apresenta diferentes possibilidades de abordagens sobre o papel do
homem no meio em que vivem (WILSON 2018).
Abordagens voltadas para o estudo da adaptabilidade do Homem às variações
ambientais:

Fonte: Fonte: www.brasileducacao.com

Ecologia Humana Evolutiva


 Influenciados por um “determinismo ambiental”
Exemplos: Antropologia ecológica, sociobiologia, etnobiologia
Abordagens voltadas para o estudo dos impactos do Homem sobre o ambiente:

Ecologia Humana Aplicada


 Exemplos: Ecologia de ecossistemas, ecologia aplicada.

45
Neste curso de Ecologia Humana adotaremos a abordagem da Ecologia Humana
Aplicada, considerando que o Homem faz parte do sistema. Incluindo os impactos
sobre o Homem de uma escala de tempo não-evolutiva. (WILSON 2018)

A abordagem da ecologia aplicada se interessa mais pelo Homem "moderno" (não-


tradicional), Homo sapiens: espécie generalista, onívora de borda (transicional). É uma
espécie chave que determina a evolução do sistema e sofre as consequências de sua
deterioração (WILSON 2018).

10 RELAÇÕES ENTRE A BIOLOGIA, SOCIOLOGIA E ECOLOGIA

Quando analisamos as questões que permeiam a Ecologia Humana é possível


dimensionar realidade socioambiental e ampliar seu foco a outras áreas do saber,
criando maior poder de ação e de discussão das populações envolvidas nos processos
abordados neste contexto.
A evolução do ecologismo primitivo para a ecologia multidisciplinar tem
demonstrado uma grande influência sobre novos conhecimentos, que vão além do
antropocentrismo primitivo e possibilita a geração de novos questionamentos sobre
progresso, desenvolvimento, justiça, distribuição de valores e sobre o determinismo

46
ambiental. Assim surge a Ecologia Humana e associada a ela as ciências sociais como
a Sociologia (WILSON 2018).
A Sociologia estuda/compreende a realidade social, que é o nome dado ao
conjunto das diferentes relações entre os indivíduos no seu dia a dia, o que implica em
uma rede de informações que define e assegura a vida de um grupo de indivíduos em
um determinado tempo e espaço.

“O efeito determinante da natureza sobre a sociedade e sobre a


cultura humana, a adaptação humana à natureza, e a natureza
como um fator limitante para as possibilidades humanas”. Moran
(1994) p.47.

Neste contexto percebe-se uma conexão entre diferentes áreas do saber, como a
Biologia, que aborda o estudo da vida num contexto mais amplo e contundente, a
Sociologia que aborda conceitos relativos à sociedade Humana e a Ecologia que aborda
questões sobre o homem, os seres vivos e suas interpelações com eles próprios e com
o meio ambiente em que vivem.
De um lado a crise nos paradigmas das ciências, em particular das ciências
humanas, decorrente das mudanças profundas e rápidas na sociedade atual, movidas
pela era industrial-capitalista; de outro, a crise nas relações entre o homem e a natureza,
permitem uma maior integração entre a Sociologia e a Ecologia.
A necessidade de mudança de valores e quebra de paradigmas aproxima ainda
mais as diferentes ciências, que se unem para proporcionar a transferência de
conhecimentos de forma mais integrada e através de uma visão holística e não
puramente ecológica. A quebra de paradigmas é uma questão complexa e que deve ser
explorada de forma interdisciplinar e multidisciplinar para obter os resultados positivos
que se espera quanto a mudança de postura da espécie humana frente a complexidade
do meio ambiente (WILSON 2018).

47
11 ECOLOGIA APLICADA AO CONTROLE DE PRAGAS

No primeiro semestre conhecemos a ecologia, que é a área da Biologia que


estuda a relação entre os organismos e o ambiente, em conjunto com os fatores
ambientais. Na aula de hoje vamos observar algumas das aplicações da Ecologia.
É incontestável que nenhuma espécie vive isolada, de algum modo, essa se
relacionará com outras espécies pertencentes ou não à mesma comunidade
(FORATINI, 1992). Quando identificamos e interpretamos estas relações podemos
intervir de forma a melhorar a qualidade de vida humana.
Para compreender melhor a importância do conhecimento das interações entre
os organismos, através de exemplos do nosso cotidiano, vamos tomar como exemplo
os cupins, que são pragas que infestam nossas casas. No Brasil, são conhecidas cerca
de 290 espécies de cupins, que vivem em sociedades com diferentes morfotipos
adaptados ao trabalho que desempenham. Nas florestas estes insetos são importantes
no processo de ciclagem de nutrientes, mas, nas cidades, são pragas e destroem
objetos e construções.

Fonte: www.portalmacauba.com.br

48
O aumento dos problemas entre o homem e os cupins vem crescendo a cada ano,
provavelmente isso se deve a alta plasticidade biológica dos cupins e aos impactos
ambientais causados pelo homem. O controle de cupins é um grande desafio técnico
enfrentado pelos profissionais do ramo do mundo inteiro (WILSON 2018).
O sucesso no controle de qualquer praga está associado ao conhecimento sobre
a Biologia da espécie e a devida interpretação das alterações comportamentais sofridas
pela espécie em diferentes condições, ou seja, uma análise ecológica da população em
questão. Não existe uma receita para o combate deste tipo de praga, as interações das
populações e o local onde elas agem podem ser muito complexos. Isto exige um
profissional com experiência na área, conhecimento da biologia e do comportamento
das espécies de cupim e também da construção civil.
Uma outra praga urbana e agrícola que traz muitos prejuízos ao ser humano são
os ratos. Estes diminuem o rendimento e a qualidade dos produtos agrícolas, além de
danos a estruturas das instalações industriais e residenciais. Não podemos esquecer
que são importantes portadores de uma série de enfermidades como a peste negra,
peste bubônica, salmonelose, leptospirose, tifo, hantavirose, dentre outras.
O combate dessa praga é feito de forma semelhante aos cupins, é necessário em
primeiro lugar a identificação da espécie, o conhecimento dos seus hábitos de vida,
como os locais de formação de ninhos, alimentação etc, para posterior ação de combate
(WILSON 2018).
Como você pôde perceber o combate de pragas só é efetivamente realizado a
partir do momento que você conhece um pouco da ecologia da espécie em questão.

12 ECOLOGIA APLICADA A CONSERVAÇÃO DAS ESPÉCIES

49
O estudo das interações entre as espécies e destas com o meio ambiente é
fundamental para implementação de futuros planos de manejo e conservação de
espécies animais que estão sob ameaça de extinção ou não.
Atualmente, os meios de comunicação divulgam principalmente as pesquisas que
tem foco em espécies de apelo popular como tubarões, golfinhos, baleias e tartarugas,
ou aquelas que estudam espécies de importância econômica como ostras, crustáceos
e peixes (WILSON 2018).

Fonte: www.tudosobremaldivas.com

Muitos outros trabalhos de igual importância ecológica são desenvolvidos todos os


anos no território brasileiro e não chegam ao conhecimento da população.
Espécies de fungos ou bactérias e pequenos invertebrados como os insetos e
aranhas desempenham papel importantíssimo na manutenção do ecossistema de forma
geral. A conservação de espécies ameaçadas ou mesmo a recolocação de animais
apreendidos pela fiscalização pública necessita de dados sobre a ecologia das
espécies, para aumentar a chance de sobrevivência destas no ambiente ou mesmo
espécies que não estão ameaçadas podem ser vítimas de acidentes ambientais e os
dados ecológicos disponíveis podem auxiliar a resolver possíveis problemas.
Para exemplificar podemos citar espécies que não são conhecidas pela população
como os ermitões, que são caranguejos que protegem o seu corpo se escondendo
dentro de uma concha de caracol e utilizando essa para se locomover. Ermitões da

50
espécie Clibanarius vittatus (Bosc, 1802) são organismos marinhos que vivem na região
entre marés de praias estuarinas ou costões rochosos e dependem de conchas de
caracóis para sobreviver, quando desprotegidos pelas conchas estes animais ficam
totalmente vulneráveis no ambiente, sendo predados por peixes e outros caranguejos
facilmente (WILSON 2018).
Suponha que houve um derramamento de petróleo no mar que não atingiu a
região entre marés, ou seja, que os ermitões não foram afetados, e que o óleo
derramado atingiu muitas espécies animais, dentre estas, a população de caracóis que
foi totalmente dizimada.
Diretamente os ermitões não foram afetados e em curto prazo não se pode
diagnosticar nenhum efeito sobre estes animais, mas conhecendo um pouco da
ecologia e do comportamento e vida destes animais sabemos que a médio e longo prazo
estes animais serão afetados drasticamente, deixando de existir neste local por extinção
ou por migração para outras áreas onde existam recursos de conchas disponíveis.
Quando se trata de uma espécie que está sob forte ameaça de extinção, o
conhecimento ecológico é mais importante ainda, pois, medidas de manejo e proteção,
com demarcação de áreas de proteção ambiental podem ser subsidiadas por dados
referentes à ecologia trófica, distribuição e ocorrência das espécies.
Como pudemos observar na aula de hoje, o estudo da interação entre as espécies
e destas com o ambiente é fundamental, independente da importância econômica desta.
Em sua casa, observe as formigas carregando um pedaço de alimento quando estão
subindo a parede e perceba que na sua casa estes organismos podem ser considerados
como pragas, mas, na natureza elas estariam cumprindo um importante papel dentro
do ecossistema (WILSON 2018).

12.1 Interações ecológicas

A ecologia estuda os processos, as dinâmicas e as interações entre todos os seres


vivos de um ecossistema. As interações ecológicas são caracterizadas pelo benefício
de todos os seres vivos (harmônicas) ou pelo prejuízo de um deles (desarmônicas), e

51
podem ocorrer entre seres da mesma espécie (intraespecíficas) ou espécies diferentes
(interespecíficas).

 Relações intraespecíficas harmônicas: sociedade (organização de


indivíduos da mesma espécie) e colônia (agrupamento de indivíduos da mesma
espécie com graus de dependência entre si).

 Relações intraespecíficas desarmônicas: canibalismo e competições intra e


interespecíficas (seleção natural). São relações entre espécies iguais, porém
há um prejuízo para pelo menos um dos lados.

 Relações interespecíficas harmônicas: mutualismo (ou simbiose),


protocooperação, inquilinismo (ou epibiose) e comensalismo.

 Relações interespecíficas desarmônicas: amensalismo (ou antibiose),


herbivoríssimo, predatismo, parasitismo e esclavagismo intra e interespecífico.

Os elementos que compõem os ecossistemas estão intimamente relacionados


entre si, de modo que um interfere nas propriedades do outro e cada um é necessário
para a manutenção da vida na Terra. Os ecossistemas são, portanto, unidades
funcionais básicas em que os componentes bióticos e abióticos interagem e estão
inseparavelmente relacionados (LOPES, 2006).

Cada espécie pertence a um determinando ecossistema, fazendo parte de uma


biocenose ou de uma comunidade, e pode sofrer efeitos distintos, como:

 Fatores bióticos: de um ecossistema são os seres vivos, como as plantas,


animais e micro-organismos. Podemos dividir esses componentes em dois
grupos principais: os organismos autotróficos e os heterotróficos. Os primeiros

52
produzem seu próprio alimento através de processos de fotossíntese e
quimiossíntese, já os heterotróficos são os consumidores e os decompositores.

 Fatores abióticos: são aqueles fatores não vivos, como a luz, a temperatura,
os nutrientes, o solo e a água. Dentre esses componentes, podemos destacar
a radiação solar, que permite o processo de fotossíntese pelos seres
fotossintetizantes. Além disso, a água e a temperatura também exercem um
importante papel na sobrevivência de organismos.

Fonte:www.todamateria.com.br

13 NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO BIOLÓGICA

A ecologia busca compreender a importância de cada espécie na natureza e a


necessidade de preservar os vários ambientes naturais que a Terra abriga. Barsano e
Barbosa (2013) descrevem que não são apenas a fauna e a flora que merecem
53
cuidados: há outros fatores que também devem ser observados visando ao equilíbrio
da natureza, entre eles o espaço físico, a temperatura e a localização.
O termo biodiversidade (ou diversidade biológica) refere-se à riqueza e à
variedade de plantas e animais que são encontrados nos mais diferentes ambientes. As
plantas, os animais e os microrganismos fornecem alimentos, remédios e boa parte da
matéria-prima industrial consumida pelo ser humano (STEIN 2017).
Para melhor compreensão do mundo vivo, a biologia, a ecologia e muitas outras
áreas utilizam níveis de organização biológica em seus estudos. As estruturas
biológicas organizam-se hierarquicamente desde o nível de organização mais baixo até
ao nível de organização mais elevado, ou seja, da célula até a biosfera. Os níveis mais
elevados (acima do nível “população”) são frequentemente referidos como organização
ecológica. De acordo com Begon (2007), Townsend, Begon e Harper (2010), Cain,
Bowman e Hacker (2011) e Nicolau (2017), cada nível de organização biológica é
composto, principalmente, pelas unidades estruturais do nível organizacional
imediatamente inferior, somado a um aumento da complexidade organizacional (STEIN
2017).
Um conceito básico associado à organização biológica é o da emergência,
surgimento, de caraterísticas e funções novas nos níveis organizacionais
sucessivamente mais elevados, não presentes nos níveis de organização mais baixos.
Isso significa que, na hierarquia, os níveis sucessivamente mais elevados apresentam
caraterísticas e funções novas, que resultam do respectivo aumento de complexidade
(STEIN 2017).
Assim, teoricamente, uma alteração na organização da estrutura biológica de um
nível inferior acarreta alterações na organização das estruturas biológicas superiores
por exemplo, alterações na estrutura de um átomo conduzem, ou podem conduzir, a
alterações na organização biológica de níveis superiores, indo da célula para o
organismo até a biosfera. Os níveis de organização biológica são uma das melhores
formas de delimitar a ecologia moderna, segundo Odum e Barrett (2015). Veja uma
representação dos níveis de organização na Figura 2.

54
Fonte: Adaptada de Odum e Barrett (2015)

Os níveis de organização biológica iniciam pela célula, a qual é definida como a


unidade básica, estrutural e funcional da vida. Ela é a menor unidade dos níveis de
organização biológica que se classifica como ser vivo.
Alguns seres vivos são constituídos por uma única célula (seres unicelulares como
bactérias, fungos, algas, entre outros), e outros são constituídos por conjuntos de
células (seres multicelulares, como animais, plantas e o homem), conforme ressalta
Nicolau (2017).
Os tecidos são formados pela união de células especializadas. Eles estão
presentes em apenas alguns organismos multicelulares, como as plantas e os animais.
Quando organizados e juntos, os tecidos formam os órgãos, que são formados por
vários tipos de tecidos — por exemplo, o coração é formado por tecido muscular,
sanguíneo e tecido nervoso (nervos).
Já os sistemas, por sua vez, são formados pela união de vários órgãos que
trabalham em conjunto para desempenhar determinada função corporal — por exemplo,
o sistema digestivo, que é formado por vários órgãos como boca, estômago, intestinos,
entre outros.
55
O conjunto de órgãos que constituem um ser vivo é denominado organismo. As
características principais dos organismos são a capacidade de extrair energia a partir
de nutrientes, de se adaptar às mudanças ambientais e de se reproduzir.
A ecologia se preocupa de forma ampla, mas não total, com os níveis de sistema
além do organismo. O termo população, originalmente cunhado para um grupo de
pessoas, foi ampliado para incluir grupos de indivíduos de qualquer tipo de organismo.
A população corresponde ao conjunto de indivíduos de uma mesma espécie que
ocorrem juntos em uma mesma área geográfica no mesmo intervalo de tempo (LOPES,
2006; ODUM; BARRETT, 2015).
Já a comunidade (também denominada biocenose ou biota), inclui todas as
populações que ocupam uma certa área. Sobre a comunidade atuam vários fatores
físicos, químicos e geológicos do ambiente, como a luz, a umidade, a temperatura, os
nutrientes, o solo e a água. Esses são os componentes abióticos, enquanto que os seres
vivos são os componentes bióticos.
A comunidade e o ambiente não vivo (abiótico) funcionam juntos, que eles
correspondem ao ecossistema — também denominado biocenose ou biogeocenose em
algumas bibliografias. Em relação à paisagem, ela se refere à área heterogênea
composta de um agregado de ecossistemas em integração, que se repetem de maneira
similar por toda a sua extensão. Uma bacia hidrográfica é um bom exemplo de unidade
de paisagem, porque geralmente tem limites naturais identificáveis.
O bioma designa uma área geográfica onde são encontradas flora, fauna e
condições climáticas especificas. Em outras palavras, biomas são um conjunto de vida
vegetal e animal, constituído pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e que
podem ser identificados em nível regional, com condições de geologia e clima
semelhantes e que, historicamente, sofreram os mesmos processos de formação da
paisagem, resultando em uma diversidade de flora e fauna própria (STEIN 2017).
A biosfera se refere ao conjunto de todos os ecossistemas da Terra, ou seja, a
camada da Terra que contém seres vivos. Parcelas da biosfera de diferentes tamanhos
podem ser consideradas ecossistemas, desde que haja intercâmbio de matéria e de

56
energia entre os elementos abióticos e bióticos. Dessa forma, pode-se considerar
ecossistema uma pequena lagoa ou um oceano inteiro.
A biosfera toda pode ser vista como um grande ecossistema. Embora a
distribuição dos organismos no planeta não seja homogênea, pois depende de fatores
abióticos que variam de região para região, em linhas gerais, os limites da biosfera
podem ser definidos com base nos regimes extremos de ocorrência de seres vivos:
cerca de 7 mil metros de altitude, onde voam algumas aves migratórias, e por volta de
11 mil metros de profundidade nos oceanos, onde se encontram bactérias e alguns
animais (LOPES, 2006)

14 DIFERENTES ECOSSISTEMAS DENTRO DA BIOSFERA

Antes de começarmos a falar dos diferentes ecossistemas encontrados na


biosfera, é necessário entender e compreender o significado de biosfera. A biosfera é a
camada do planeta Terra onde existe vida. Ela varia de 5 km a 18 km de espessura.
Essa camada é comparativamente fina em relação ao diâmetro total do planeta, que
tem aproximadamente 13.000 km (STEIN 2017).
A biosfera refere-se ao conjunto de todos os ecossistemas da Terra, ou seja, a
camada da Terra que contém seres vivos. Parcelas da biosfera de diferentes tamanhos
podem ser considerados ecossistemas, desde que haja intercâmbio de matéria e de
energia entre os elementos abióticos e bióticos. Dessa forma, pode-se considerar
ecossistema uma pequena lagoa ou o oceano inteiro. A biosfera toda pode ser vista
como um grande ecossistema. Embora a distribuição dos organismos no planeta não
seja homogênea, pois depende de fatores abióticos que variam de região para região,
em linhas gerais, os limites da biosfera podem ser definidos com base nos regimes
extremos de ocorrência de seres vivos: cerca de 7 mil metros de altitude, onde voam
algumas aves migratórias, e por volta de 11 mil metros de profundidade no oceano,
onde se encontram bactérias e alguns animais (LOPES, 2006)
57
Os ecossistemas são classificados basicamente em dois tipos: ecossistemas
aquáticos e ecossistemas terrestres. Estes são muito semelhantes entre si, porém, a
diferença básica é a presença ou não de água, o que faz com que abriguem formas de
vidas diferentes, embora algumas espécies possam migrar de um ecossistema a outro.
O ecossistema aquático tem duas subdivisões:

 Ecossistema marinho: esse ecossistema abrange os mares e os oceanos e


todos os seres vivos que vivem em águas salgadas. É mais estável que o
ecossistema terrestre e de água doce, já que a salinidade não sofre muitas
alterações, ficando quase sempre em torno de 3,5% e as temperaturas das
correntes marinhas variam pouco. A luz solar penetra até 200 metros de
profundidade. Essa estabilidade favorece a vida nesse hábitat marinho (LOPES,
2006).

Fonte: www.escolaeducacao.com.br

 Ecossistema de água doce: é muito importante para a manutenção de muitos


seres vivos, já que muitos animais e plantas dependem do curso dos rios para
sobreviver. Nos rios vivem muitos anfíbios, peixes e uma grande variedade de
animais invertebrados aquáticos.

58
Fonte:www.estudopratico.com.br

Em relação aos ecossistemas terrestres, estes são divididos em diferentes biomas.


A distribuição dos biomas terrestres e seus tipos de vegetação e fauna estão
estreitamente ligados ao clima, uma vez que são as diferentes condições de
temperatura e incidência de luz solar nas várias regiões do planeta que facilitam ou
impedem a existência de qualquer tipo de vida. Desse modo, praticamente, a cada clima
corresponde um bioma, marcado por uma determinada composição faunística (STEIN
2017).
Em um mesmo bioma, pode-se encontrar vários ecossistemas. Alguns dos
principais biomas terrestres encontrados são:
 Montanhas: nas grandes altitudes (acima de 3.000 metros), as montanhas não
apresentam vegetação. A cobertura vegetal, que alcança de 2.500 a 3.000
metros, é composta de plantas orófilas (que apresentam uma vegetação
rasteira); os campos alpinos, com cerca de 200 espécies, se adaptaram às
baixas temperaturas e à seca. Esse bioma aparece nas grandes cadeias
montanhosas, como os Andes, as montanhas rochosas, os Alpes, entre outros.

59
Fonte: www.tripadvisor.com.br

 Florestas: podem ser divididas em quatros subgrupos: florestas tropicais,


florestas temperadas, florestas coníferas e savanas. Todos esses tipos
apresentam uma grande população de árvores e níveis médios a altos de
chuvas. Todas são habitadas por uma grande diversidade de animais e podem
ter um clima úmido ou seco. As florestas tropicais, por exemplo, têm um clima
quente e com muita chuva, enquanto as florestas temperadas têm as quatro
estações do ano bem definidas e a intensidade de chuvas é moderada (STEIN
2017).

60
Fonte: www.bioorbis.org

 Pradarias: caracterizado por apresentar uma vegetação herbácea (rasteira),


conforme indicado na Figura 5, recebendo o nome de pradaria na América do
Norte e de pampas na América do Sul (Brasil e Argentina), onde o clima é mais
úmido (STEIN 2017).

Fonte: www.knoow.net.com.br

 Estepe: esse bioma é seco, frio e com vegetação rasteira. Geralmente, as


estepes estão na faixa de transição entre o deserto e a floresta, longe da
61
influência marítima e perto de barreiras montanhosas. São encontradas
principalmente nos EUA, na Mongólia, na Sibéria, no Tibete e na China.

Fonte: www.resumoescolar.com.br

 Desertos: as temperaturas do deserto apresentam grandes amplitudes


térmicas, podendo atingir 50°C durante o dia e cair para -1°C à noite. São
ecossistemas que não têm muitos habitantes e recebem menos de 25 mm de
chuva durante todo ano, tornando-se o lar para plantas capazes de sobreviver
nesse tipo de ambiente. Cactos são bastante encontrados nos desertos, porque
são capazes de armazenar água. Os solos são sempre muito pobres,
pedregosos ou arenosos (STEIN 2017).

62
Fonte: www.infoescola.com

 Tundras: formada há cerca de 10 mil anos, a tundra é o bioma mais jovem da


Terra. Sua área de ocorrência é a região próxima ao oceano Glacial Ártico:
Alasca, norte do Canadá, Groelândia, norte da Rússia e norte da Escandinávia.
A tundra tem ecossistemas cuja composição botânica é influenciada pelas
condições dos solos e do clima. O solo fica congelado a maior parte do ano e a
estação mais quente dura mais ou menos 60 dias, sendo que a temperatura
mais alta não ultrapassa 10°C. Esse é o bioma mais frio do mundo, e é
basicamente um deserto gelado, pois apresenta pouca precipitação durante o
ano (STEIN 2017).

Fonte: www.nps.gov.com.br

 Savana: são formações típicas de regiões de clima tropical, com uma estação
chuvosa e outra seca. Localizam-se entre o bioma da floresta tropical e o dos
desertos. Existem vários tipos diferentes de savanas, sendo que as mais
conhecidas são as africanas. Esse tipo de bioma apresenta dois “andares” de

63
vegetação tropófila: um mais alto, formado por árvores, e outro mais baixo,
composto de gramíneas.

Fonte:www.brasilescola.uol.com.br

15 NÍVEIS TRÓFICOS NOS ECOSSISTEMAS

Os organismos que compõem um ecossistema (tanto aquático como terrestre)


podem ser agrupados de acordo com suas necessidades alimentares. Grupos de
organismos que apresentam tipo semelhante de nutrição constituem um nível trófico (do
grego trofos, que significa “alimento”). Os níveis tróficos, de acordo com Amabis e
Martho (1997), são:
Produtores: o primeiro nível trófico é sempre ocupado por seres fotossintetizantes,
ou seja, algas, plantas e alguns tipos de bactérias. Esses organismos são chamados de
produtores, pois são os responsáveis pela produção de todo alimento que mantém o
ecossistema. O segundo nível trófico é ocupado pelos herbívoros, animais que se

64
alimentam de plantas. Eles são chamados de consumidores primários, uma vez que se
alimentam diretamente dos produtores (STEIN 2017).
Os animais carnívoros que se alimentam de animais herbívoros são consumidores
secundários, sendo que estes constituem o terceiro nível trófico. O quarto nível trófico
é formado pelos consumidores terciários, ou seja, animais carnívoros que se alimentam
de animais carnívoros, assim sucessivamente.

Decompositores: são em geral micro-organismos (bactérias e fungos) que obtêm


alimento por meio da decomposição da matéria orgânica dos cadáveres de outros seres
vivos. Tanto os produtores como os consumidores, quando morrem, servem de alimento
aos decompositores. Os micro-organismos decompositores permitem a reciclagem dos
materiais presentes nos cadáveres, liberando-os para serem aproveitados por outros
seres vivos (STEIN 2017).

65
16 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

16.1 Bibliografia Básica

AMABIS, José Mariano. Biologia: 1: Biologia das células: origem da vida, citologia e
histologia, reprodução e desenvolvimento: exemplar do professor. 3. ed. São Paulo:
Moderna, 2009. 528p., il. (Algumas col.), 29cm. (Moderna plus). Bibliografia: p. 524-525.

ASHCROFT, Frances. A vida no limite: a ciência da sobrevivência. Rio de Janeiro:


Zahar, 2001. 315p., il., 24 cm.

RUMJANEK, Franklin David. Ab initio: Origem da vida e evolução. Rio de Janeiro: Vieira
e Lent, 2009. 178p., il., 23 cm. Bibliografia: [177]-178.

16.2 Bibliografia Complementar

ALISSON, E. Pigmento produzido por bactérias aquáticas combate câncer de


próstata. Agência FAPESP, 2019. Disponível em: http://agencia.fapesp.br/pigmento-
produzido- -por-bactérias-aquáticas-combate-câncer-de-próstata/30110/. Acesso em: 06
fev. 2021.

ALMEIDA, D. H. C. Mudanças climáticas: premissas e situação futura. São Paulo:


LCTE, 2007.

AMABIS, J. M.; MARTHO, G. R. Fundamentos da Biologia Moderna. São Paulo:


Moderna, 1990
66
AMABIS, J. M.; MARTHO, G. R. Fundamentos da biologia moderna. 2. ed. São Paulo:
Moderna, 1997.

AMABIS, José Mariano. Fundamentos da biologia moderna. Moderna: São Paulo, 4ª


ed., 2006. BRAS.

BARSANO, P. R.; BARBOSA, R. P. Meio Ambiente: guia prático e didático. 2. ed. São
Paulo: Érica, 2013.

BEGON, M.; TOWNSEND, C. R.; HARPER, J. L. Fundamentos em ecologia. 3. ed.


Porto Alegre: Artmed, 2011.

Biologia e ecologia: origem da vida e biologia celular embriologia e histologia:


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BITTENCOURT, J. Biogênese vs. Abiogênese. Beth Biologia, [2015? ]. Disponível em:


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CONHEÇA um acelerador de partículas e descubra para que ele serve. Produção:


Olhar Digital. [S. l.], 2011. 1 vídeo (4min16s). Disponível em: Acesso em: 06 fev. 2021.

DAMINELI, A.; DAMINELI, D. S. C. Origens da vida. Estudos Avançados, São Paulo,


v. 21, n. 59, p. 263-284, jan. /abr. 2007. Disponível em: Acesso em: 06 fev. 2021.

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