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à Biomedicina
Material Teórico
Biofísica das Células aos Sistemas
Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Biofísica das Células aos Sistemas
• Bioeletricidade;
• Biofísica das Trocas de Calor Corporal;
• Ondas: Princípios da Audição e Visão;
• Biofísica do Sistema Cardiovascular: Noções de
Eletrocardiograma, Hemodinâmica e Pressão Arterial.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Estudar os aspectos físicos e químicos relacionados a diferentes fenômenos biológicos;
• Conhecer os conceitos de biofísica, o seu lado prático e a sua utilidade no dia a dia do
profissional da Saúde.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Biofísica das Células aos Sistemas
Bioeletricidade
Membrana Celular
A célula é a unidade estrutural e funcional fundamental dos seres vivos, sejam
eles mais simples como os organismos procariontes, desprovidos de núcleo, como
as bactérias, ou mais complexos como os organismos eucariontes, que têm seu ma-
terial genético separado por uma membrana nuclear, como as plantas, animais e
os seres humanos. Apesar desta diferença entre as células procariontes e eucarion-
tes, ambas têm em comum uma característica: a presença de membrana celular.
A membrana celular é composta por uma bicamada lipídica e proteínas ali ancora-
das (Figura 1). Esta é a estrutura que delimita a célula e garante a compartimentali-
zação dos fluidos intracelular e extracelular (DE ROBERTIS; HIB, 2000).
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Canal proteico Fluido extracelular Glícido Cabeças hidrofílicas
(Proteína de transporte)
Proteína globular Glicoproteína
Bicamada
fosfolipídica
Colesterol Fosfolípido
Proteína transmembranar
(Proteína globular) Proteína extrínseca
Glicolípido
Proteína em hélice alfa
Proteína extrínseca Filamentos de (Proteína transmembranar) Caudas hidrofóbicas
citoesqueleto
Citoplasma
Figura 1 – Composição da membrana celular
Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons
Transporte Transmembrana
Para nos mantermos vivos é necessário que as células troquem substâncias,
como nutrientes, metabólitos, íons, hormônios, água etc. Como é realizado o trans-
porte através da membrana, uma vez que sabemos que ela é seletivamente perme-
ável, ou seja, algumas moléculas podem atravessá-la e outras não, de acordo com
as suas propriedades químicas?
A composição de lipídeos e proteínas de uma membrana determinam quais
moléculas podem ser transportadas para dentro ou para fora da célula, o que varia
de acordo com o tipo celular. O tamanho da substância e a sua solubilidade em
lipídeos também influenciam seu transporte pela membrana. Moléculas muito pe-
quenas e aquelas solúveis em lipídeos podem se movimentar diretamente através
da bicamada de fosfolipídeos. Contudo, substâncias maiores ou menos solúveis não
são capazes de atravessar a membrana celular, e para isso necessitam de uma mo-
lécula facilitadora deste transporte, como uma proteína. O oxigênio, o dióxido de
carbono e os lipídeos ultrapassam facilmente a membrana celular, enquanto íons,
moléculas polares ou grandes, como as proteínas, têm dificuldade para atravessar
a membrana, logo utilizam transportadores específicos (SILVERTHORN, 2017).
O transporte de matéria através da membrana pode ser classificado em trans-
porte ativo e transporte passivo, de acordo com o movimento a favor ou não do
gradiente de concentração, respectivamente (Figura 2).
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UNIDADE Biofísica das Células aos Sistemas
ENERGIA
Transporte Passivo Transporte Ativo
Transporte Passivo
Transporte passivo é aquele em as moléculas se movimentam a favor do seu
gradiente de concentração, ou seja, do meio mais concentrado para o menos
concentrado, sem necessidade de gasto de energia. O transporte passivo ocorre
por difusão simples ou facilitada.
Difusão Simples
A difusão é o movimento aleatório de moléculas de um local para o outro, deslo-
cando-se a favor do seu gradiente de concentração, até atingir concentrações iguais
em ambos os locais. A Figura 3 ilustra esse tipo de transporte. Alguns materiais
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podem deslocar-se abaixo do seu gradiente de concentração por difusão simples
através da dupla camada lipídica. Moléculas pequenas, sem carga elétrica, como
O2, CO2, NH3, NO, H2O, esteroides e agentes lipofílicos, podem entrar ou sair
das células por difusão simples. O fluxo desses compostos através da membrana
celular depende do tamanho molecular, do gradiente de concentração e da solubili-
dade lipídica da substância a ser transportada, bem como da composição e espes-
sura da bicamada lipídica (LANDOWNE; COSTA RODRIGUES; VOEUX, 2000;
SGUAZZARDI, 2017; SILVERTHORN, 2017).
O meio extracelular (a) está separado do meio intracelular (b) pela bicamada
lipídica (2) que é permeável ao soluto (1), composto por pequenas moléculas
não carregadas eletricamente. A solução do meio extracelular (a) contém,
inicialmente, maior concentração de soluto 1, contudo, com o passar do
tempo (t), ocorre difusão do soluto 1 pela bicamada lipídica, a favor do seu
gradiente de concentração, até que ambas as soluções (a) e (b) tenham a
mesma quantidade de soluto.
Difusão Facilitada
É similar à difusão simples, uma vez que ocorre a favor do gradiente de con-
centração e, consequentemente, não necessita de gasto de energia metabólica,
contudo, necessita de uma proteína integral carreadora (Figura 4), pois transporta
moléculas lipofóbicas ou eletricamente carregadas, que não conseguem atraves-
sar a bicamada lipídica por difusão simples. A difusão facilitada ocorre através de
proteínas carreadoras que se ligam a uma molécula de um lado da membrana e a
transporta para o outro lado mediante uma mudança conformacional.
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UNIDADE Biofísica das Células aos Sistemas
Os canais, por sua vez são como poros que se estendem de um lado ao ou-
tro da membrana, e selecionam os solutos com base no tamanho da molécula
e na sua carga elétrica. Quando um canal está aberto, qualquer íon ou molécula
que seja suficientemente pequeno e carregue a carga apropriada pode atravessar.
Os canais possuem portões que bloqueiam a passagem de substâncias, quando
necessário. Os canais abertos (Figura 5) passam a maior parte do tempo com o
seu portão aberto, permitindo que as moléculas se movimentem de um lado a outro
da membrana, sem regulação. As aquaporinas (Figura 5), que transportam água,
são exemplos deste tipo de canal. Existem ainda canais com portão controlado
quimicamente (Figura 5), nos quais o portão é controlado por moléculas mensa-
geiras intracelulares ou por ligantes extracelulares que se ligam ao canal proteico.
Os canais com portão dependente de voltagem (Figura 5) abrem e fecham quan-
do o estado elétrico da célula muda. Por fim, os canais com portão controlado
mecanicamente respondem a forças físicas, como um aumento de temperatu-
ra ou pressão que aplica tensão na membrana e faz o portão do canal se abrir
(LANDOWNE; COSTA RODRIGUES; VOEUX, 2000; SGUAZZARDI, 2017;
SILVERTHORN, 2017).
Espaço Extracelular
Canal
Proteico
Membrana celular
Proteína
Transportadora
Espaço Intracelular
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Você Sabia? Importante!
Canal iônico
controlado
por voltagem Na+
Canal iônico
controlado Canal iônico
por ligante sempre aberto
Na+
K+
Neurotransmissor
Aquaporina
Symporter
Antiportas
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UNIDADE Biofísica das Células aos Sistemas
Transporte Ativo
Transporte ativo é aquele em que as moléculas se movimentam contra o seu
gradiente de concentração, ou seja, do meio menos concentrado para o mais con-
centrado. Para tanto, é necessário gasto de energia. Muitos processos fisiológicos
dependem do transporte ativo de substâncias, como a geração do impulso elétrico
nos neurônios, a regulação da contração muscular e a regulação do equilíbrio hídrico
pelos rins (COSTANZO; MOREIRA; ESBÉRARD, 2007; SGUAZZARDI, 2017).
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Utiliza a diferença de concentração de uma substância movimentada por transporte
ativo primário como, por exemplo, a bomba Na+/K+, que facilita o cotransporte de
Cl– para o líquido extracelular, juntamente com o Na+, nas alças de Henle, nos rins,
a fim de manter o equilíbrio entre íons e solutos no plasma sanguíneo.
Osmose
A osmose é o fluxo de água através de uma membrana semipermeável, a partir
de uma solução com baixa concentração de solutos impermeáveis para uma solu-
ção com alta concentração destes solutos. A diferença de concentração entre os
dois lados da membrana estabelece uma diferença de pressão osmótica, que faz
com que a água flua para o meio mais concentrado. Desta forma, o volume da
solução mais concentrada aumenta, enquanto que o volume da solução menos con-
centrada diminui, a fim de igualar as concentrações de solutos em ambos os lados
da membrana, como pode ser visto na Figura 7. O transporte de água através das
membranas tem um papel importante na fisiologia, uma vez que altera o volume
das células. A pressão osmótica é a medida indireta da concentração de um soluto
em uma solução e é a força impulsora para o fluxo osmótico de água. Logo, se
a pressão osmótica de uma solução aumenta, o fluxo de água aumentará a favor
do seu gradiente de concentração (COSTANZO; MOREIRA; ESBÉRARD, 2007;
RODRIGUES DE OLIVEIRA, 2002; SILVERTHORN, 2017; SGUAZZARDI, 2017).
Membrana
semipermeável
Osmose
Molécula de sal
Molécula de água
Figura 7 – Osmose
Fonte: Adaptado de Getty Images
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UNIDADE Biofísica das Células aos Sistemas
Mas como ocorre a corrente elétrica ao longo das células? A membrana separa
duas soluções com composições iônicas bem diferentes. A solução do meio extrace-
lular possui uma concentração relativamente alta de Na+ e Cl– e uma concentração
modesta de K+, enquanto a solução do meio intracelular possui alta concentração
de K e baixa de Na+ e Cl–, conforme pode ser visto na Tabela 1. O meio intracelular
possui também alta concentração de outros ânions (A−), em função dos grupos
fosfatos de proteínas e de ácidos nucleicos, além de aminoácidos negativamente
carregados nas proteínas. Desta forma, existe um gradiente de concentração in-
terno para Na+ e Cl–, bem como um gradiente de concentração externo para o K+.
Tabela 1 – Concentração de íons no meio intracelular e extracelular
Concentração Concentração
Íon Eíon
extracelular intracelular
Cátions
Na+ 145 mM 12 mM +65 mV
K+ 4,5 mM 155 mM -95 mV
Ca2+ 2,5 mM 100nM +132 mV
Ânions
Cl- 132 mM 4 mM -90 mV
HCO3- 22 mM 8 mM -26 mV
A- ~0 mM 155 mM -------
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• Repouso: o potencial de membrana se encontra inalterado, com valor de –90mV;
• Despolarização: após um estímulo local a membrana torna-se permeável a
cargas positivas presentes no LEC. Logo, o Na+ entra na célula através de
transporte passivo facilitado, invertendo a carga no LIC, despolarizando a cé-
lula e tornando seu potencial interno em +45 mV;
• Repolarização: os canais de Na+ começam a fechar e os canais de K+ se
abrem, expulsando uma grande quantidade de K+ para o LEC, o que faz com
que o potencial de membrana retorne ao seu valor de repouso –90 mV;
• Ação da bomba Na+/K+: a bomba de Na+ e K+ age para restaurar as concen-
trações iniciais destes íons nos meios intra e extracelular.
Explor
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Com o aumento da circulação de sangue aquecido na pele, aumenta a perda de
calor por irradiação e convecção, termos que veremos a seguir (COSTANZO;
MOREIRA; ESBÉRARD, 2007; SGUAZZARDI, 2017; SILVERTHORN, 2017).
O corpo pode trocar calor com o ambiente por meio de quatro mecanismos:
• Irradiação: é a emissão de calor a partir da pele – ou em direção à pele – na
forma de ondas eletromagnéticas. A direção do calor vai do corpo mais quente
para o mais frio. Por exemplo, quando sentamos ao sol ou em frente ao fogo,
absorvemos o calor radiante e nos aquecemos, bem como quando estamos
quentes e entramos em um ambiente frio, irradiamos calor para o ambiente;
• Convecção: é a transferência de calor através de um gás ou líquido em movi-
mento. Por exemplo, a sensação térmica é quando venta. Da mesma forma uti-
lizamos ventilador ou ar condicionado, a fim de circular o ar e dissipar o calor;
• Condução: é a forma de transferir calor quando há contato direto entre um
corpo quente e um corpo frio. Ocorre também na direção do corpo mais
quente para o mais frio, até que ambos atinjam a mesma temperatura.
Ao pegarmos uma pedra de gelo, transferimos nosso calor para ela, levando
ao seu derretimento;
• Evaporação: é a passagem de uma substância do estado líquido para o gaso-
so. No corpo humano, ocorre evaporação ao nível da pele – através do suor
liberado das glândulas sudoríparas – e dos pulmões, uma vez que é necessário
que o corpo ceda energia térmica para que a água possa evaporar.
A exaustão por calor e o choque por calor são as formas mais comuns de
hipertermia, causando desidratação, náuseas, cefaleia e cãibras musculares. A fe-
bre, que geralmente ocorre em processos infecciosos, é causada por pirogênios.
Um aumento da temperatura acima de 41°C pode levar à morte, uma vez que di-
versas funções enzimáticas e proteínas começam a desnaturar.
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UNIDADE Biofísica das Células aos Sistemas
Se a febre esquenta o corpo, por que sentimos frio? Veja a resposta para essa pergunta no
Explor
leis da termodinâmica:
• Primeira lei da termodinâmica: a quantidade de energia que entra em um sistema é
a mesma que sai deste sistema;
• Segunda lei da termodinâmica: o calor só flui espontaneamente de um corpo quente
para um corpo frio;
• Lei da conservação de energia: a energia total não se perde nem se cria, apenas
se transforma.
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Figura 8 – Características das ondas
Fonte: Wikimedia Commons
Figura 9 – Ondas de alta frequência, que produzirão sons agudos, como a voz
feminina, e ondas de baixa frequência, que produzirão sons graves, como a voz masculina
Fonte: Wikimedia Commons
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UNIDADE Biofísica das Células aos Sistemas
Imagine que você está caminhando na frente de uma igreja e começa a tocar o
sino. Conforme você segue se afastando da igreja, o som do sino fica cada vez me-
nos intenso, certo? Da mesma forma ocorre ao vermos um avião decolar, quando
ainda está em solo, o barulho das turbinas é intenso. Conforme vai se afastando
no céu, o barulho vai diminuindo até ser imperceptível. Isso ocorre pois ao se
propagar, a onda vai perdendo energia para o meio, consequentemente a amplitu-
de da onda vai diminuindo também. Logo, a intensidade do som percebida está re-
lacionada com a distância entre a fonte sonora e o indivíduo (MOURÃO JÚNIOR;
ABRAMOV, 2017).
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A terceira característica do som é o seu timbre, que é a qualidade que permite
distinguir dois sons com mesma frequência e intensidade produzidos por fontes
diferentes. A partir do timbre é possível distinguir uma mesma nota musical de
uma mesma intensidade, por exemplo a nota dó, emitida por um violino e por um
violoncelo (MOURÃO JÚNIOR; ABRAMOV, 2017).
Biofísica da Audição
A captação e processamento das ondas sonoras depende do aparelho auditivo e
córtex auditivo cerebral.
O aparelho auditivo é formado pelo ouvido externo, médio e interno, cada estrutu-
ra com funções diferentes. O ouvido externo, formado pela orelha e meato acústico
externo e preenchido por ar, é responsável por direcionar as ondas sonoras até a
membrana timpânica. O ouvido médio também preenchido por ar, é formado pela
membrana timpânica e pelos ossículos denominados martelo, bigorna e estribo.
As ondas sonoras induzem a vibração da membrana timpânica que, por sua vez, pro-
voca a vibração dos ossículos, amplificando o som. O ouvido interno é preenchido
por líquido e é composto pelos canais semicirculares, a cóclea – que contém as célu-
las receptoras auditivas – e o vestíbulo – auxilia na manutenção da postura corporal e
equilíbrio –, além do nervo vestibulococlear, que envia as informações auditivas e de
equilíbrio para o sistema nervoso central. A cóclea é composta ainda pela membra-
na basilar e o órgão de Corti, o qual possui células ciliadas. Essas células funcionam
como receptores que transformam a onda sonora em impulso nervoso, uma vez que
a vibração dos cílios faz com que o potencial de membrana se altere. O impulso ner-
voso é dirigido ao tálamo pelo nervo coclear e após segue para o córtex auditivo, que
processará a informação, mapeando a frequência do som (COSTANZO; MOREIRA;
ESBÉRARD, 2007; RODRIGUES DE OLIVEIRA, 2002; SGUAZZARDI, 2017).
Estribo
(ligado à Janela Oval)
Canais
Pavilhão Semicirculares
Bigorna
Martelo Nervo
Vestibular
Nervo
Acústico
Cóclea
Meato Auditivo Caixa do
Externo Tímpano
Janela Trompa de
Tímpano Redonda Eustáquio
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UNIDADE Biofísica das Células aos Sistemas
Para melhor compreender o funcionamento de nosso sistema auditivo, assista a este vídeo:
Explor
Tipos de surdez:
• De condução: ocorre quando há impedimento para a livre transmissão dos sons
através dos ouvidos externo e médio;
• Neurossensorial: deve-se ao aumento do limiar da excitabilidade para produzir os
potenciais de ação;
• Central: ocorre quando há lesões no córtex cerebral responsável pela audição ou
nas suas vias nervosas centrais, por exemplo, um tumor cerebral.
FM AM
Raios gama Raios X UV Infravermelho Micro-ondas Ondas de rádio longas
Ondas de rádio
Espectro visível
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• Reflexão: ao incidir sobre uma superfície, a luz volta a se propagar para o
meio de origem. O comprimento de onda incidente é idêntico ao comprimento
de onda refletido;
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UNIDADE Biofísica das Células aos Sistemas
Vasos
sanguíneos Retina
da retina
Mácula lútea
Fóvea central
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Você Sabia? Importante!
A ótica geométrica estuda a projeção dos raios de luz. Para tanto, estuda-se a incidência
da luz em lentes esféricas, frequentemente utilizadas em óculos, máquinas fotográficas,
telescópios e microscópios. As lentes são feitas de material transparente, que pode ser
vidro, ar e até a água. Existem dois tipos de lentes curvilíneas: convergentes – de bor-
das finas – e divergentes – de bordas grossas. Quando as ondas incidem no centro da
lente, elas atravessam sem sofrer refração. Porém, quando estas incidem nas superfícies
paralelas ao eixo central, a lente convexa (Figura 16a) faz as ondas de luz convergirem
em único ponto, conhecido como ponto focal (F), enquanto a lente côncava (Figura 16b)
faz os raios de luz divergirem, ou seja, afastarem-se uns dos outros. O prolongamento
dos seus raios faz com que o ponto focal se localize previamente à lente. A distância do
ponto focal até o centro da lente é denominada distância focal (f). A córnea apresenta a
superfície convexa, convergindo os raios de luz que incidem no olho (SGUAZZARDI, 2017).
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UNIDADE Biofísica das Células aos Sistemas
Para que a imagem seja bem focalizada, deve cair na retina (Figura 17). Quando
aproximamos um objeto do olho, a imagem tende a cair atrás da retina. O olho
tem poder de convergência, através da acomodação do cristalino, que corrige o
seu abaulamento. A acomodação visual é a capacidade que o cristalino tem de
modificar a distância focal, a fim de permitir a visão nítida de objetos colocados em
diferentes distâncias. Este mecanismo ocorre através dos músculos – ou corpos –
ciliares, que se contraem e relaxam de acordo com a necessidade (RODRIGUES
DE OLIVEIRA, 2002; SGUAZZARDI, 2017).
O olho normal é conhecido como emetrope, pois focaliza a luz na retina. Porém, existem
defeitos na visão decorrentes dos erros de refração: a hipermetropia é a dificuldade de
enxergar objetos próximos, ocorre quando a imagem é focalizada atrás da retina e é corri-
gida com uma lente convergente; a miopia é a dificuldade de enxergar objetos distantes,
decorrente da focalização da imagem à frente da retina e é corrigida com uma lente diver-
gente; o astigmatismo é a perda de focalização em algumas direções, ocorre em função
da curvatura irregular do cristalino e é corrigida com uma lente cilíndrica; já a presbiopia
é a dificuldade de enxergar objetos próximos, resulta da perda do poder de acomodação
do cristalino, que ocorre com o envelhecimento, e a imagem passa a cair atrás da retina,
corrigida com lentes convergentes (COSTANZO; MOREIRA; ESBÉRARD, 2007).
Explor
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Membrana
limitante interna Fotorreceptores
Fibra RPE
nervosa
Célula de bastão
Célula bipolar
ganglionária
Célula de cone
horizontal
amácrina
Célula
Célula
Célula
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UNIDADE Biofísica das Células aos Sistemas
Epitélio pigmentar
Haste Cone
Figura 19 – Bastonetes e cones (azul, verde e vermelho)
Fonte: Adaptado de Getty Images
Você sabia que daltonismo é uma dicromatopsia, ou seja, um distúrbio na percepção de uma
Explor
ou mais cores?
Isso pode ocorrer devido à ausência de um ou mais pigmentos na retina, ou à diminuição da
sensibilidade desses pigmentos. Faça o teste de daltonismo em: http://bit.ly/2XZPeRm
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Biofísica do Sistema Cardiovascular:
Noções de Eletrocardiograma,
Hemodinâmica e Pressão Arterial
O sistema cardiovascular, ou circulatório, tem como função principal levar o
sangue aos tecidos, fornecendo nutrientes e removendo dejetos do metabolismo.
É composto pelo coração, que age como uma bomba, os vasos sanguíneos, que
fazem a rede de vasos de comunicação com vários calibres, e o sangue, que é o
fluido (COSTANZO; MOREIRA; ESBÉRARD, 2007).
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UNIDADE Biofísica das Células aos Sistemas
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Figura 21 – Sístole e diástole
Fonte: Wikimedia Commons
Este ciclo depende de potenciais de ação que farão com que as células muscu-
lares cardíacas se contraiam. Tais potenciais são gerados pelo próprio coração, por
células do nó sinoatrial, conhecidas também como células marcapasso. O estímulo
elétrico do coração tem início no nó sino atrial com a despolarização das células car-
díacas atriais, representada pela onda P no eletrocardiograma (Figura 23).
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UNIDADE Biofísica das Células aos Sistemas
QRS
T
P ST
PR QT
Figura 22 – Ondas do eletrocardiograma
Fonte: Wikimedia Commons
A contração dos ventrículos é a força que cria o fluxo sanguíneo através do sis-
tema circulatório. O ventrículo esquerdo ejeta o sangue sob pressão, logo, a aorta
e as demais artérias se expandem para acomodar o líquido. O endotélio vascular
elástico das artérias retrai e impulsiona o sangue para frente em direção aos vasos
menores. Esta característica das artérias mantém o sangue fluindo continuamente
pelos vasos sanguíneos. Entretanto, conforme o sangue se move pelo sistema para
longe do vaso, a pressão hidrostática – ou hidráulica – diminui, em função do
atrito do sangue com as paredes dos vasos e da distância percorrida.
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A pressão arterial depende de dois fatores: o Débito Cardíaco (DC) e a Resis-
tência Periférica (RP):
• Débito cardíaco: é igual à frequência cardíaca – número de contrações por
minuto – vezes o débito sistólico – o volume de sangue ejetado pelo ventrículo
esquerdo a cada batimento. Por exemplo, se o coração de uma pessoa bate
72 vezes por minuto, e a cada batimento ejeta na circulação sistêmica 70 mL
de sangue, o DC será de 72 bpm × 70 mL, que é igual a 5.040 mL/minuto;
• Resistência periférica: é a resistência exercida pelas paredes dos vasos san-
guíneos contra o fluxo sanguíneo. Está relacionada à elasticidade do endotélio
vascular. Por exemplo, um vaso sanguíneo que sofre dilatação – vasodilatação
–, ou seja, aumenta o seu diâmetro, aumenta o fluxo sanguíneo, diminuindo a
resistência periférica e, consequentemente, diminuindo também a pressão ar-
terial. Se ocorre vasoconstrição, o lúmen do vaso diminui de tamanho, dimi-
nuindo o fluxo sanguíneo com aumento da resistência periférica e consequente
aumento da pressão arterial.
Entenda como é realizada esta medida na página 484 do livro Fisiologia humana – uma
abordagem integrada, de Dee Unglaub Silverthorn (2017).
Ademais, entenda melhor os conceitos e as leis que envolvem a pressão em Biofísica es-
sencial, capítulo 3, intitulado Força e pressão (MOURÃO JÚNIOR; ABRAMOV, 2017, p. 47-51).
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UNIDADE Biofísica das Células aos Sistemas
de um gradiente de pressão, ou seja, tende a sair de uma área de alta pressão para
outra com pressão normal (SGUAZZARDI, 2017).
tercostais, logo a caixa torácica expande, assim como o pulmão, e o ar é inalado. A expiração
ocorre pelo relaxamento do diafragma e dos músculos intercostais e do retorno à posição
inicial da caixa torácica e dos pulmões, exalando o ar: http://bit.ly/2OccM0L
Patm - Palv
Fluxo =
R
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Considerando que a pressão atmosférica é constante, o que determina o mo-
vimento do ar é a variação da pressão alveolar. A pressão intra-alveolar depende
da quantidade de ar dentro dos alvéolos e o volume destes (SGUAZZARDI, 2017).
Os pulmões têm alta complacência, ou seja, têm alta capacidade de suportar ten-
são sem se romper. Se distendem facilmente para aumentar o volume pulmonar para
a inspiração. Assim é necessária uma alteração pequena da pressão transpulmonar
para que ocorra a entrada de certo volume de ar, com menos trabalho e contração
muscular. A complacência pulmonar depende da elasticidade dos pulmões e da ten-
são superficial do líquido que reveste os alvéolos (SGUAZZARDI, 2017).
A resistência das vias respiratórias depende do raio dos túbulos das vias res-
piratórias inferiores, de forma que quando o raio diminui a resistência aumenta.
A resistência geralmente é baixa, logo, a pressão no alvéolo não precisa ser muito
diferente da pressão atmosférica para que ocorra o fluxo de ar. Contudo, quando a
resistência aumenta, é necessário um maior gradiente de pressão para que ocorra o
fluxo de ar. A resistência pode ser afetada por problemas na mecânica respiratória,
no sistema nervoso autônomo que regula a respiração, por fatores químicos ou por
estados patológicos (SGUAZZARDI, 2017).
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UNIDADE Biofísica das Células aos Sistemas
Equilíbrio Ácido-Básico
O Equilíbrio Ácido-Básico (EAB) faz a interface entre a Bioquímica e a Biofísica,
uma vez que a avaliação do estado ácido-básico do sangue fornece dados sobre a
função respiratória e as condições de perfusão tecidual (FURONI et al., 2010).
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é parcialmente neutralizado pelo sistema-tampão, deixando livres íons de hidrogê-
nio, que baixam o pH. Nestes casos o CO2 é eliminado através da hiperventilação.
Quando ocorre o contrário e o CO2 é eliminado em excesso, no oxigenador, por
exemplo, o bicarbonato se dissocia, o íon HCO3– reage com a água, formando
ácido carbônico e íons hidroxila (OH), estes se ligam a íons hidrogênio para formar
água e reduzir a quantidade de íons H+, elevando o pH. Neste caso, o CO2 é elimi-
nado através da hipoventilação. Esse mecanismo inicia minutos após a alteração
ácido-básica (FURONI et al., 2010; RODRIGUES DE OLIVEIRA, 2002).
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UNIDADE Biofísica das Células aos Sistemas
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Biofísica essencial – Capítulos 3 e 4
MOURÃO JÚNIOR, C. A.; ABRAMOV, D. M. Biofísica essencial. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2017.
Vídeos
Visão
Fenômeno da visão apresentado em animação multimídia pelos alunos do projeto
Polidesign da Escola Estadual Dom Pedro II em Ouro Preto Minas Gerais.
https://youtu.be/SSeEqeeh8rg
Visão – Biofísica
https://youtu.be/_97-inNJCjE
Olho Humano – Funcionamento Físico e problemas de Visão
https://youtu.be/IzHjSJsjhII
Leitura
Diagnóstico da Surdez
http://bit.ly/2Oe1WY9
Os 8 Tipos de Surdez
http://bit.ly/2Y3WjQI
Óptica Geométrica e Espelhos Planos: Saiba Tudo e Não Vacile na Prova
http://bit.ly/2Y1SLOR
Alguns aspectos da óptica do olho humano
HELENE, O; HELENE, A. F. Alguns aspectos da óptica do olho humano. Revista
Brasileira de Ensino de Física, v. 33, n. 3, p. 3312, 2011.
http://bit.ly/2Y2g4rL
Medida da pressão arterial
GELEILETE, T. J.; COELHO, E. B; NOBRE, F. Medida da pressão arterial. Rev Bras
Hipertens, vol, v. 16, n. 2, p. 118-122, 2009.
http://bit.ly/2Y7R4jf
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Referências
BERNE, R. M. et al. Fisiologia [de] Berne & Levy. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.
RAFF, H. et al. Fisiologia médica: uma abordagem integrada. [S.l.: s.n.], 2012.
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