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UNIVERSIDADE FEDERAL DO DELTA DO PARNAÍBA

LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS


TAXONOMIA DAS FANERÓGAMAS
PROFª DR.ª IVANILZA MOREIRA DE ANDRADE

CLASSIFICAÇÃO DAS
FANERÓGAMAS
Estagiária:
Gildeanni Iasmim Alves Vieira
CLASSIFICAÇÃO DAS FANERÓGAMAS

Espermatófitas ou Fanerógamas
independência, em relação ao ambiente aquático

São as plantas que possuem


sementes (um dos mais
importantes eventos evolutivos
na história das plantas);

O grande sucesso evolutivo das


espermatófitas é atribuído à
proteção que a semente
proporciona ao embrião.
CLASSIFICAÇÃO DAS FANERÓGAMAS

Taxonomia Vegetal
A Taxonomia tem por objetivo tratar da identificação (individualização),
classificação e nomenclatura das espécies.

Determina os nomes com que são conhecidas internacionalmente


milhares de espécies vegetais, estudando sua distribuição, indicando
suas propriedades, acertando as relações existentes entre os grupos
taxonômicos e os outros pontos de interesse, com influência em todos
os ramos da Botânica.
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Identificação
É a determinação de um táxon como idêntico ou
semelhante a outro já conhecido.
• auxílio da literatura;
• utilizando chaves de identificação;
• comparação de um táxon com outro de identidade conhecida e em qualquer hierarquia.

A identificação é dita biológica quando se chega ao


nível de espécie, subespécie etc.; enquanto na
identificação taxonômica chega-se somente até gênero.
Tratando-se de material novo para a Taxonomia, ainda não designado cientificamente, deve
receber denominação própria e ser objeto de descrição, publicação em órgão especializado,
observando-se o que preceitua o Código Internacional de Nomenclatura.
CLASSIFICAÇÃO DAS FANERÓGAMAS

Classificação
É a ordenação das plantas em
categorias hierárquicas, segundo
as afinidades naturais ou graus de
parentesco e de acordo com um
sistema de classificação.

Cada espécie é classificada como


membro de um gênero, cada
gênero pertence a uma família, as
famílias estão subordinadas a
uma ordem, cada ordem a uma
classe, cada classe a uma divisão
(ou filo).
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Sistemas de Classificação
A necessidade de nomear os organismos e então agrupá-los em categorias é um processo que o
homem naturalmente e indistintamente alcança-o, e tem sido usados para a identificação de
alimento, predadores, objetos e etc.;

Antes da invenção da escrita tentativas de agrupar sistematicamente os vegetais já eram feitas


para auxiliar a distinção de plantas úteis e não úteis de acordo com a necessidade.

Essa necessidade de reconhecer, identificar e dar nomes aos seres vivos, levou os mais antigos
estudiosos a elaborar sistemas de classificação para animais e vegetais.
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Sistemas de Classificação
Ao longo da História, diversos sistemas de classificação foram propostos e
servem como base para que possamos compreender as fases do
desenvolvimento da Taxonomia Vegetal, sempre associadas ao nível
tecnológico e às crenças de suas épocas.

Considerando as ideias dominantes e os métodos adotados, é possível


estabelecer dois grandes períodos da classificação vegetal: Período Descritivo e
Período de Sistematização.
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Período Descritivo
Baseado na aparência ou hábito das plantas, que foram divididas em árvores,
arbustos, subarbustos e ervas.

Pertenceram no início a este período: Theophrastus (384-284 a.C.),


Dioscórides, Luca Ghini (1490-1556), Plínio e Albertus Magnus (1193-1280).

Posteriormente, surgiu Otto Brunfels, Hieronymus Bock, Leonard Funchs, Car.


Clusius, Mathias de L’Obel e John Gerard.

A organização em grupos naturais resultou em classificações imprecisas do


ponto de vista evolutivo (FERNANDES, 1996).
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Theophrastus (384-284 a.C.)


Discípulo de Plutão e Aristóteles, foi o primeiro a
desenvolver uma classificação de forma lógica e
permanente.

Foi considerado, por muito tempo, o pai da botânica.

Classificou os vegetais com base no hábito (árvore,


arbustos, subarbustos e ervas), nos tipos de inflorescência
(centrípetas ou indefinidas e centrífugas ou definidas), e
observações de caracteres florais.

Alguns dos nomes que Theophrastus usou em seu trabalho


De Historia Plantarum foi depois adotado por Linaeus em
seu Genera Plantarum, e são ainda usados nos dias atuais.
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Dioscórides (primeiro século d.C)


Também grego¸ foi um físico interessado nas propriedades
médicas das plantas.

Em seu De Matéria Medica descreveu 600 táxons, com


observações e detalhes de sua aplicação.

Seu trabalho foi arranjado numa maneira menos ordenada que


de Theophrastus, mas, contudo foi considerado o trabalho de
referência modelo para o milênio e não foi completamente
substituído antes do século XVI.

Pode ser considerado o primeiro herbalista.


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Luca Ghini (1490-1556)


Professor de Botânica em Bolonha, Itália, iniciou o processo de
prensar plantas, secá-las e montá-las em papel.

Esse processo, apesar de simples, foi revolucionário, pois a


planta, assim tratada, mantinha-se indefinidamente, podendo
ser estudada quando e onde se desejasse.

Com o tempo, esse conjunto de plantas secas para estudo


recebeu o nome de Herbário.

Essa foi a época dos herbalistas, pois o processo de Lua Guiné


obteve grande aceitação e surgiram grandes coleções de
plantas.

Até hoje ainda existem algumas dessas coleções, em bom


estado de conservação.
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Período de Sistematização
Os sistemas deste período compreendem três tipos principais: artificiais, naturais
e filogenéticos.

Artificiais

São utilizados critérios arbitrários, geralmente de natureza morfológica e de fácil reconhecimento


(critérios vegetativos ou reprodutivos).

Apesar de simples, os sistemas artificiais apresentavam o inconveniente de reunir num mesmo


grupo plantas, táxons de parentesco genético muito diferente, ou ainda separar espécies muito
próximas.

Apesar da fundamentação morfológica, os sistemas artificiais ainda se ressentiam da influência


filosófica relativa ao princípio da imutabilidade das espécies.
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Período de Sistematização Morcego


Animal voador
Artificiais
Não refle as semelhanças fundamentais entre os seres vivos.

Borboleta
Onça-pintada Animal voador
Animal terrestre
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Período de Sistematização
Artificiais
Andrea Cesalpino (1519-1603)

Médico italiano, considerado primeiro taxonomista vegetal, aplicava na


botânica a filosofia aristotélica que sobrepunha a observação, a razão.

Considerava que as folhas tinham como finalidade proteger as gemas,


negou a existência de sexo nas flores, etc.

Seu sistema de classificação foi reproduzido no trabalho De Plantis (1583),


utilizava o hábito, caracteres do fruto, sementes e estruturas florais, tais
como, posição do ovário, número de lóculos, ausência ou presença de
bulbos, de sulcos, etc.
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Período de Sistematização
Artificiais
Gaspard Bauhin (1560-1624)

Publicou em 1623 o trabalho denominado Pinax (Registro) que trata


de uma classificação 6.000 espécies, com base na textura e forma
das folhas.

É notável pela criação de sistema binomial de denominar espécie de


plantas, ou seja, uma nomenclatura binária composta de nomes
genéricos seguidos de um epíteto específico para substituir os
nomes polinomiais designados anteriormente para as espécies.

Mais tarde esse sistema foi sistematizado e popularizado por


Linnaeus.
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Período de Sistematização
Artificiais
J. P. de Tournefort (1656-1708)

Inventou um sistema de classificação baseado em grande parte na


estrutura das flores.

Em 1700 classificou ca. De 900 Spp em 698 gêneros e 22 classes.

Seu sistema foi largamente adotado na Europa.

Ele é também considerado o pai do conceito de gênero.

Muitos dos nomes dos gêneros foram adotados por Linnaeus são
usados até hoje, p. e. Salix, Fagus, Verbena. Tournefort foi o primeiro
a conhecer o gênero como uma unidade taxonômica básica
representando uma similaridade fundamental entre as espécies
incluídas, as quais considerou como variantes do gênero.
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Período de Sistematização
Artificiais
John Ray (1628-1705)

Filósofo e naturalista inglês publicou em 1703 a obra Methodus


Plantarum Nova, onde propôs um sistema de classificação baseado
na forma externa das estruturas.

Descreveu 18.000 espécies.

Foi o primeiro botânico a reconhecer a importância do embrião na


Sistemática e a presença de um ou dois cotilédones na semente.
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Período de Sistematização
Artificiais
Carolus Linnaeus ou Carl Linné (1707-1778)
Foi o mais famoso e importante botânico de todos os tempos. É
considerado o pai da botânica e zoologia.

Nas mãos de Linnaeus, a botânica sistemática passou a ser mais


disciplinada e bem organizada, principalmente para metodologia
rigorosa, uniformidade e economia de estilo dos seus trabalhos
publicados.

Linnaeus inventou um sistema artificial – o “sistema sexual” - para


classificar as plantas, baseado no número de estames e de pistilos
da flor.

Pelo número ele estabeleceu 24 classe, cada uma dividida em


ordens baseado no número de pistilos.
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Período de Sistematização
Artificiais
Carolus Linnaeus ou Carl Linné (1707-1778)
Uma dessas classes era Criptogamia dividida em quatro ordens:
Filices, Musci (Musgos conhecidos e hepáticas com filídios); algae
(algas, liquens e hepáticas talosas) e Fungi.

Esta classificação permitiu pela primeira vez a identificação, por


qualquer pessoa interessada, de milhares de espécies de plantas
então conhecidas.

Embora Lineu tenha considerado o estabelecimento de um


sistema de classificação natural, como aspiração suprema da
botânica, de nenhum modo poderia alcançar os objetivos de um
sistema filogenético, pois acreditava no dogma da imutabilidade
da espécie.
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Período de Sistematização
Artificiais
Carolus Linnaeus ou Carl Linné (1707-1778)
Seus trabalhos foram: “Systema naturae” 1735; “Genera
plantarum” 1737; “Species plantarum” 1735.

“Species Plantarum” (1753) foi o ponto de partida para o sistema


de nomenclatura que hoje usamos na botânica e nesta obra, o
sistema binomial foi utilizado pela primeira vez de maneira
sistemática e a estrutura fundamental de apresentar informações
de nomes botânicos:
- Nome genérico
- Nome específico (trivial para Linnaeus)
- Frase diagnóstica da espécie (nome específico para Linnaeus)
-Referências abreviadas a publicações e sinônimos em literaturas
anteriores.
- Proveniência da espécie.
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Período de Sistematização
Sistemas naturais
Após a descoberta e ocupação de novos continentes, a partir do século XVIII, grande número de
excursionistas retornaram a Europa trazendo grandes coleções de plantas vivas, de sementes e plantas
herborizadas.

Foi-se, com isso, percebendo que havia muito mais afinidades naturais entre as plantas do que aquelas
indicadas pelo Sistema Sexual de Lineu que começaram a aparecer, assim, novos sistemas de
classificação, baseados em uma visão mais ampla, devido ao conhecimento mais abrangente sobre a
flora de grande parte do mundo.

Tais sistemas levam em conta a afinidade natural das plantas, e, utilizando dados morfológicos e
anatômicos, agrupam as plantas conforme suas características comuns.
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Período de Sistematização
Naturais
Baseado nas relações de parentesco evolutivo entre os seres vivos (considera aspecos morfológicos,
fisiológicos, reprodutivos, genéticos e ecológicos).

Onça-pintada Morcego
Animal mamífero Animal mamífero
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Período de Sistematização
Sistemas naturais
Michel Adanson (1727-1806)

Após várias viagens a África e extensas observações da flora, cedo


constatou as deficiências da taxonomia, pois esta baseava-se num
pequeno número de caracteres.

Foi dos primeiros botânicos a advogar que um sistema de classificação


deveria ser baseado no maior número possível de caracteres, a tentar
determinar qual o número mínimo de caracteres a serem usados numa
classificação e se os caracteres deveriam ser pesados.

Descreveu grupos semelhantes as atuais ordens e 58 famílias (nível


hierárquico sugerido por Ray) no seu “Families de Plantis” em 1763.
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Período de Sistematização
Sistemas naturais
Sistema de Jussieu (1748-1836) (Antoinie Laurent de Jussieu)

Foi o mais importante deste grupo. No seu Genera Plantarum


(1789) apresentou uma classificação que dividiu as plantas com
flores em 15 classes e 100 “ordens naturais”, baseado em
caracteres do aparelho reprodutor e vegetativo.

Essas ordens são em boa parte, equivalentes as nossas famílias


de hoje, e por isto A. L. Jussieu é considerado o pai das famílias
das angiospermas.

Jussieu dividiu o reino vegetal em: Acotyledoneae,


Monocotyledoneae e Dicotiledonae.
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Período de Sistematização
Sistemas naturais
B. P. Lamark. (1744-1829)
Biólogo Francês, em 1778, na sua obra Flore Française explicou uma série
de regras que devem ser consideradas ao criar classificações naturais, e
desenvolveu um método analítico de identificação muito semelhante ao
utilizado nas chaves modernas.

Sistema de George Bentham (1800-1884) e Joseph Dalton Hooker (1817-1911)


Estes autores dividiram as Dicotiledôneas em Polypetalae (pétalas livres), Gamopetalae
(pétalas fundidas) e Monochlamydae (apétalas), as quais se seguiam as Gimnospérmicas e
as Monocotilédones, totalizando 200 famílias e 7.569 gêneros.

O grande herbário dos Royal Botanic Gardens, Kew, Londres, é ainda organizado de acordo
com este sistema, em boa parte porque os dois trabalharam lá.
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Período de Sistematização
Sistemas filogenéticos
A publicação das teorias de Wallace e Darwin sobre a
origem e a evolução das espécies veio transformar
radicalmente a visão sobre a classificação dos
organismos.

O objetivo do sistemata é “descobrir todos os ramos da


árvore evolucionária da vida, documentar todas as
alterações que ocorreram durante a evolução dos
mesmos e descrever as espécies – que são as
extremidades desses ramos” (Judd et al., 1999).
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Período de Sistematização
Sistemas filogenéticos
Sistema de Engler (1844-1930) Heinrich Gustav Adolf Engler
Nesse sistema, o reino vegetal foi dividido em 14 Divisões que por
sua vez se compunham de subdivisões e estas de classes, ordens e
famílias supostamente relacionadas.

Por esse sistema as Angiospermas foram divididas em duas


classes (mono e dicotiledôneas) baseadas no embrião mono ou
dicotiledonar, na persistência da raiz principal, na nervação das
folhas, na presença ou ausência de bainha foliar e no número de
segmentos do cálice e da corola.

O sucesso do trabalho de Engler foi devido apresentar chaves de


determinação de gêneros, amplas diagnoses das famílias,
descrições das características mais importantes dos gêneros e boa
ilustração.
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Período de Sistematização
Sistemas filogenéticos
Arthur Cronquist (1916-1993)

O sistema de classificação de Cronquist (1988) foi o sistema mais


utilizado nos últimos anos.

Cronquist usou uma gama muito maior de caracteres que os


anteriores, e aproveitou dos rápidos avanços em novas áreas de
investigação, como palinologia, fitoquímica e citologia.

Atualmente, seu trabalho tem importância apenas como referência


nomenclatural para os grandes grupos de Angiospermas.
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Período de Sistematização

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