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ARQUITETURA HOTELEIRA RN 1

2 GUIA SUSTENTÁVEL

Ficha técnica
Projeto
Haroldo Maranhão e associados
arquiteto e urbanista

equiPe técnica
Alice Drummond
arquiteta e urbanista especialista em sustentabilidade

MARCELA GERMANO
arquiteta e urbanista especialista em sustentabilidade

PAOLO OLIVEIRA
arquiteto e urbanista especialista em sustentabilidade

colaboradores
Aldomar Pedrini
Rafael Oliveira
Ariane Borges
Micael Martins
Viviane Hazbun

design gráfico
Ana Luiza Freire
Lenilson Jonas Jr.

CApA E REVISãO GERAL


dois.a publicidade
ARQUITETURA HOTELEIRA RN 3

ApRESENTAçãO

Este guia é uma contribuição do SEBRAE/RN para


incentivar e disseminar práticas de baixo impacto
ambiental e eficiência energética em projetos de
arquitetura hoteleira no estado do Rio Grande do Norte.
O turismo, um dos maiores segmentos econômicos do
mundo, tem grande potencial de contribuição com o
desenvolvimento sustentável.
No contexto da vocação turística do RN e diante do
grande impacto ambiental dos hotéis, preservar o litoral,
recuperar áreas de fragilidade ambiental e minorar o
impacto das construções é imprescindível para continuar
o desenvolvimento e aprimoramento do potencial turístico
do estado.
As medidas consistem em arquitetura bioclimática (que
proporciona mais conforto ambiental com menos recursos
e consumo de energia), uso de materiais renováveis,
sistemas construtivos com baixo resíduo, equipamentos
e sistemas prediais eficientes, facilidades para reciclagem
e reúso, estímulos que levem a um comportamento mais
sustentável por parte dos usuários, projetistas e gestores.
Dessa forma, é possível contribuir para o aumento
da sustentabilidade ambiental no setor hoteleiro, por
meio de ações acessíveis que proporcionam projetos
arquitetônicos de melhor qualidade e menor custo
econômico e social.
4 GUIA SUSTENTÁVEL
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CONTEúdO

Introdução 06

Baixo Impacto no Terreno 10

Concepção da Arquitetura 12

Certificação Ambiental de Edifícios: Selos Verdes 14

Etiquetagem de Edifícios 16

Energia e o Edifício 18

Materiais e Sistemas Construtivos 20

O Edifício e a Água 22

O Edifício e seus Resíduos 24

Ecopaisagismo 26

Gestão Sustentável do Empreendimento 28


6 GUIA SUSTENTÁVEL

INTROdUçãO

Os hotéis geram grande impacto ambiental em todo o seu


ciclo de vida. Consomem significativa quantidade de água,
matéria-prima, energia e produzem muito resíduo. Isso pode
ser minimizado com uma arquitetura mais racional, apropriada
ao clima, incorporando aspectos de sustentabilidade.

AS EdIfICAçõES TEm GRANdE ImpACTO NO AmbIENTE.

elas consomem:

40% da energia do mundo


40% dos recursos naturais
extraídos
40% dos resíduos gerados
Há muita coisa que pode ser
A primeira e melhor
estratégia é fazer mais com feita. O potencial de redução
menos. do impacto das construções
é mais flexível que o do setor
da indústria, por exemplo. Nas
Quando um edifício é
edificações podemos reduzir
construído, estamos
até mais que a metade do
manipulando inúmeros
processos, energia,
consumo de energia, e minorar
materiais e efeitos à o impacto no meio ambiente.
nossa volta. Devemos nos
perguntar como estamos ...mas como?
fazendo isso e quais as
consequências ambientais, são estas as respostas que
sociais e financeiras. você vai encontrar ao longo
deste guia. Empreendedores,
a partir do momento arquitetos, usuários, todos
em que você sabe, a podem contribuir e há algo a
responsabilidade aumenta. ser feito.
ARQUITETURA HOTELEIRA RN 7

Já fomos muito ligados à natureza e os


edifícios também. E é justamente essa
relação que marca a chamada arquitetura
vernacular.
Antigamente, por limitações técnicas,
nós fazíamos uso dos ventos, do sol,
dos materiais locais e das árvores para
construir nossos abrigos o mais confortável
Para a possível.
sustentabilidade
na arquitetura Com as facilidades da luz artificial, o ar
devemos voltar
o olhar para a
condicionado e outras tecnologias, viramos
natureza. as costas para o clima e entorno, não
aproveitamos mais os recursos naturais
nos edifícios, e passamos a consumir
muita, muita energia. Este gasto excessivo
é o que podemos evitar, o que significa
muita economia de dinheiro e diminuição
da degradação ambiental.

Um HOTEL SUSTENTÁVEL é AQUELE


ONdE pROfISSIONAIS ESpECIALIzAdOS
ApLICAm AS ESTRATéGIAS:
Renováveis

solar, biomassa, eólica


Renováveis
Aproveitamento de energia, água, materiais
para outros usos
Reaproveitamento
Redução do consumo de energia

Sistemas de climatização eficientes


e apropriados para o uso
Eficiência energética
Sistema de iluminação eficiente (lâmpadas,
setores), uso de equipamentos, controle
Cargas Internas
forma: luz natural, climatização passiva
Envoltória: fachada, coberta, parede
Arquitetura bioclimática
Critérios de conforto (temperatura, nível
de iluminação, horas de funcionamento),
Trabalho multidisciplinar
metas socioambientais, diagnóstico da área
metas ambientais/ Critérios em conjunto com outros profissionais, etc.
8 GUIA SUSTENTÁVEL

INICIANdO O pROjETO

percepção do edifício pelo cliente

custo de operação
custo de manutenção
custo de adaptações
custo de reutilização
Estratégias passivas
Custo do impacto
no ambiente
Visão dos as consequências de um
bons profissionais projeto não eficiente são
grandes custos pagos
pelo CLIENTE e por toda
a SOCIEdAdE
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A ImpORTâNCIA dE Um bOm
ARQUITETO dESdE O INíCIO
As primeiras decisões projetuais
são as mais influentes no impacto
ambiental e no consumo de energia do
hotel ao longo da vida útil do edifício.
Por isso é importante estabelecer
metas e contratar profissionais
qualificados em equipe multidisciplinar Quando o empreendedor
para implementar as estratégias pensa nos critérios de
sustentabilidade desde o
sustentáveis. início do projeto o edifício
tem uma maior flexibilidade
para aplicar estratégias de
racionalização e reduzir o
impacto ambiental do edifício
Uso e Operação

Construção Adaptação
para reuso
Concepção
e projeto
Idealização

ENERGIA, ÁGUA...

R$ R$ R$ R$ R$
<2% 8% 14% 8% 5% Custo total
de um edifício
1 ano 3 anos
comercial em 50 anos
(vida útil do projeto)

1 ano 3 anos Possibilidade de interferência no custo


total do edifício em 50 anos (vida útil
100% 80% 15% 5% do projeto)

OS dAdOS mOSTRAm O QUANTO COmpENSA NO bOLSO INVESTIR NUm EdIfíCIO


RACIONAL E RESpONSÁVEL dESdE O INíCIO dA CONCEpçãO dO pROjETO.
10 GUIA SUSTENTÁVEL

bAIxO ImpACTO NO TERRENO


O projetista e o empreendedor devem considerar antes
de tudo o contexto do lugar.
Um hotel de baixo impacto ambiental surge da atitude
responsável frente ao terreno, ao habitat natural.

um hotel sustentável deve ser integrado à paisagem


natural, harmônico e respeitoso ao contexto existente

O CONTExTO dO LUGAR

- O que este terreno tem a me oferecer? Identificar e


aproveitar os recursos disponíveis gratuitamente pela
natureza traz benefícios ambientais e econômicos.
A observação do clima, microclima, topografia,
vegetação nativa devem influenciar diretamente as
decisões de projeto desde o início do processo.

AmbIENTE NATURAL AmbIENTE URbANO


Recomenda-se proteger e Convém considerar o impacto
recuperar áreas verdes, respeitar do edifício sobre o entorno,
a topografia natural e o curso dos recuperar a permeabilidade do
rios, modificar o mínimo possível solo, aumentar a vegetação, criar
o solo, a vegetação nativa e o permeabilidade ao vento entre os
ecossistema. edifícios e por meio deles.

INCENTIVA NOVOS OLHARES E


pERCURSOS AOS TURISTAS
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O CORRETO A fAzER NO SíTIO:


• Evitar ocupar áreas sensíveis • Proteger do sol
• Evitar mudanças no solo • Minimizar os ruídos
• Ocupar preferencialmente • Fazer diagnóstico da área:
áreas devastadas altura do lençol freático,
• Aumentar áreas permeáveis árvores nativas, fauna,
• Facilitar a ventilação natural fragilidades, etc.

Recuperar áreas Proteção solar no edifício Preservar


devastadas pela vegetação vegetação
nativa

Controle de erosão e Edifícios suspensos, em


sedimentação palafitas evitam cortes no
terreno, movimentações de
Preservar curso
natural das águas terra, impermeabilização do solo,
impactando menos o terreno

A água desce por


gravidade ao aproveitar
a topografia.

Sombrear áreas de
convivência e edifícios
pela topografia e
vegetação nativa.
12 GUIA SUSTENTÁVEL

CONCEpçãO dA ARQUITETURA
A arquitetura do hotel deve ser adaptada ao clima: proteger do
sol, aproveitar os ventos, o paisagismo e os sistemas construtivos
apropriados. Assim é a arquitetura bioclimática, que tira o melhor
proveito dos recursos disponíveis na natureza para proporcionar
maior conforto ambiental aos hóspedes com menos gastos de
recursos e energia.

é INdICAdO UTILIzAR NO LITORAL dO RN


Elementos que permitam ventilação abundante
e protejam do sol intenso:

- Elementos vazados
- Cobogó
- Tabicão
- Venezianas móveis
- Peitoril ventilado
- Ático ventilado

ALGUmAS ESTRATéGIAS dA ARQUITETURA


bIOCLImÁTICA pARA O RN

Equinócio

Saber a posição do sol na


edificação e posicionar para não
ganhar muito calor
1 Solstício de
Verão Solstício de
Inverno
Fazer grandes aberturas, na
direção dos ventos, aproveitando
a iluminação natural
2
Fazer o edifício alongado para
permitir maior ventilação cruzada 3
Inserir proteções do tamanho ideal para
não entrar sol diretamente nas aberturas 4
Ventos Predominantes
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CObERTURA VERdE

O telhado
verde traz
substrato benefícios
manta permeável
termo-
argila expandida
lona preta de alta tração acústicos aos
laje ambientes

ARQUITETURA E O CLImA
Para cada clima existe uma arquitetura mais apropriada
e eficiente, seguindo as estratégias bioclimáticas.
Então, um edifício no sertão é diferente do litoral.

NO LITORAL, CLImA QUENTE-úmIdO


a arquitetura eficiente é vazada permitindo
a ventilação natural e os grandes beirais
protegem do sol e da chuva

no sertão, clima quente e seco


a arquitetura eficiente tem paredes grossas,
poucas aberturas para não entrar o vento
quente diurno e proteger do frio à noite

nas serras, clima frio de altitude


a arquitetura eficiente possui meios para
captar calor do sol e proteger dos ventos
frios e da perda de calor

Fachadas envidraçadas sem proteção servem para captar calor


(efeito estufa) e não são adequadas para o Nordeste. O ar-
condicionado consome muita energia para remover o calor que
passa pelo vidro.
14 GUIA SUSTENTÁVEL

CERTIfICAçãO AmbIENTAL dE EdIfíCIOS


As certificações ambientais
buscam reconhecer formalmente o quão verde
os edifícios que implementam é o seu edifício
práticas sustentáveis. Esclarecem
os critérios de sustentabilidade,
orientando o mercado, profissionais,
Os Selos agregam valor
empreendedores e usuários para
ao empreendimento de
reduzir o impacto dos edifícios no
hotel (valor imobiliário e
meio ambiente.
dos serviços prestados)
pois melhoram a
qualidade ambiental dos
hóspedes, atingindo
um público-alvo mais
certificações no mercado
exigente. Acarreta em
Existem diversos métodos de
economia de energia
avaliação ambiental, com diferentes
mensal e inovação de
critérios e abrangências, nacionais
marketing.
e internacionais, voluntários e
obrigatórios.

nacionais
No Brasil as certificações nacionais
são aqua (Alta Qualidade
Ambiental), ence (Etiqueta
Nacional de Conservação de
Energia) do Procel/Inmetro, e o selo
casa azul da Caixa Econômica para
residências.

internacionais
Os selos LEED americano e o BREEAM britânico
são bem difundidos no mundo. A procura pelo
LEED no Brasil é crescente apesar de ainda
não possuir versão adaptada ao Brasil (em
elaboração).
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incentivos fiscais Para Hotéis com ence


Hotéis com a Etiqueta Nacional de Conservação
de Energia (ENCE) nível “A” podem obter
condições diferenciadas de financiamento para
construção, ampliação, reforma ou modernização
de hotel no contexto da Copa do Mundo de 2014
pelo programa BNDES ProCopa Turismo - Hotel
Eficiência Energética, Banco do Nordeste, etc.

o que é avaliado nos selos?


Apesar da diversidade de selos, todos eles abrangem em maior
ou menor nível os critérios de sustentabilidade de um edifício
ecologicamente correto, socialmente justo e economicamente
viável:

“Os selos buscam


ARQUITETURA incentivar e reconhecer
SUSTENTÁVEL
o uso racional de
recursos naturais e
energéticos”

{
Os critérios de sustentabilidade variam de lugar para lugar, de
país para país, principalmente entre países desenvolvidos e em
desenvolvimento. Por isso existem tantos selos verdes e convém
cuidado com a importação de selos verdes internacionais.
16 GUIA SUSTENTÁVEL

ETIQUETAGEm dE EdIfíCIOS
A etiquetagem de edifícios no Brasil se dá através Hoje a
da ENCE (Etiqueta Nacional de Conservação de etiquetagem é
Energia) para Edifícios. voluntária, mas
A ENCE é uma certificação 100% brasileira do será obrigatória
nos edifícios do
Inmetro com o Governo Federal sobre eficiência Brasil, assim
energética, que objetiva promover mudanças como já acontece
efetivas no uso de energia dos edifícios no Brasil. em vários países.

{
COmO fUNCIONA A ENCE dE EdIfíCIOS?
A ENCE, etiqueta do Procel/Inmetro para edificações, classifica
de “A” a ”E” o nível de eficiência energética dos edifícios, similar
à etiqueta de lâmpadas e geladeiras eficientes. Ambos fazem
parte do PBE, Programa Brasileiro de Etiquetagem.

A ENCE avalia o quanto um edifício é eficiente


energeticamente. Existem duas etiquetas,
uma para edifícios residenciais e outra para
fins comerciais, de serviços e públicos.

As ENCES,
residencial e
comercial avaliam
o desempenho
térmico da
envoltória
do edifício
(arquitetura), além
dos sistemas de
maior consumo
energético.

EncE comErcial EncE rEsidEncial


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benefícios da ence

para quem projeta e constrói As ENCES são um


Agrega valor ao seu produto sem desdobramento da lei federal
necessariamente aumentar o custo. de eficiência energética nº
Aumento da competitividade 10.295, criada em 2001 depois
no mercado: o selo Procel de do apagão, quando viu-se a
necessidade de racionalizar.
eletrodomésticos já influencia
a compra do eletrodoméstico
e será assim com os edifícios,
eliminando os produtos ineficientes
e promovendo os melhores. Um dos quatro Organismos de
Inspeção que estão sendo criados
Há a obrigatoriedade da
no Brasil para emitir a ENCE está
etiquetagem a partir de 2014 para
localizado em Natal/RN
edifícios públicos e, futuramente,
para todos os tipos de edifícios,
seguindo a tendência internacional
de normalização do setor.
para quem usa ou adquire
Melhoria do conforto ambiental na
edificação e da qualidade de vida
de seus usuários.
Redução de gastos com energia
durante a vida útil da edificação (até
30% para reformas e mais de 50%
para edificações novas) e redução A ENCE pretende
orientar a compra de
da necessidade de sistemas de
imóveis mais eficientes
condicionador de ar.
para a sociedade
Redução do impacto ambiental da
edificação e incentivo às práticas
de sustentabilidade ambiental.
Redução da necessidade de
investimentos do setor público
em geração e transmissão de
energia.
Para obter a ENCE
da sua residência
ou empreendimento
procure informações
com os profissionais
da sua região, com
o Procel Edifica,
Labeee, OI3E.
18 GUIA SUSTENTÁVEL

ENERGIA E O EdIfíCIO
Um hotel sustentável deve diminuir e controlar os “No Brasil as
gastos com energia elétrica e promover energias edificações são
limpas. Além de contribuir ambientalmente, investir responsáveis
em eficientização produz retornos econômicos por 45% do
expressivos a médio e longo prazo, pois estes gastos consumo da
representam fatia significativa dos investimentos ao energia do
longo das décadas de funcionamento do edifício. país”

COmO TER EfICIêNCIA ENERGéTICA NUm EdIfíCIO?

• Projeto eficiente, adotando tecnologias, materiais e soluções


adequadas ao clima;
• Utilizar equipamentos eficientes;
• Correto uso por parte dos usuários;
• Projetar envoltória com ENCE alta: implantação, volume,
aberturas e sistemas construtivos otimizados
20%
15% 30%
0%
Pesquisas apontam
que ENCE nível “A”
reduz em média 30%
da energia consumida,
“B” 20%

“Um edifício é mais eficiente energeticamente que outro quando proporciona


as mesmas condições ambientais com menor consumo de energia”

ENERGIAS RENOVÁVEIS

O uso de fontes de energia renováveis


e limpas contribui para a redução da
emissão de CO2 e, consequentemente,
da agressão à natureza. A energia solar,
dos ventos, da biomassa não prejudica
o meio ambiente, e não se esgota como
o petróleo ou o gás natural.
ARQUITETURA HOTELEIRA RN 19

AS VANTAGENS dA bOA ARQUITETURA


NA EfICIêNCIA ENERGéTICA.

Estudo em Hotéis de Natal/RN: potencial de economia:


arquitetura + equipamentos = 73%
arquitetura eficiente = 54%
HVAC eficiente = 37%
orientação = 14%
sombreamento = 30%

Em Hotéis de Natal/RN, estudo mostra que estratégia de


sombreamento tem potencial de reduzir 30% do consumo
de energia. Medidas eficientes combinadas na arquitetura
geram até 54% de economia.

O papel dos usuários. Utilizar


De nada adianta um projeto que desligamento
possui luz natural para não gastar automático
energia se os usuários não desligam nos quartos,
as lâmpadas durante o dia, ou não ventiladores de
sabem usar o ar-condicionado. O uso teto e sensores de
correto da edificação pelos usuários presença ajuda a
é importante na eficiência energética. economizar energia

Equipamentos eficientes
Utilize equipamentos efi-
cientes como lâmpadas
fluorescentes, LEDs e
condicionadores de ar com
selo Procel.
O aquecimento de água é um
dos grandes vilões no consumo
de energia. Substitua chuveiro
elétrico por aquecimento solar
ou a gás com selo Procel de
eficiência energética.
20 GUIA SUSTENTÁVEL

mATERIAIS E SISTEmAS CONSTRUTIVOS


A escolha de materiais e sistemas construtivos 40 a 75%
adequados é fundamental para a eficiência do dos recursos
naturais
edifício e para minimizar o impacto no ambiente. extraídos
Devemos priorizar sistemas construtivos racionais, são para
materiais locais, com menos energia incorporada* e construção
que produzam menos resíduos. civil

*Energia CRITéRIOS dE SELEçãO


incorporada: é
a soma de toda
a energia que é A escolha correta de materiais
consumida por e sistemas deve considerar:
um material desde
sua extração até
O impacto do material no ambiente desde
utilização. sua fabricação, transporte, construção,
manutenção, demolição e reciclagem

Seu desempenho na eficiência do edifício

Materiais de Construção

Priorizar técnicas tradicionais, O sistema convencional


materiais locais, abundantes, em tijolo e cimento tem
recicláveis, duráveis, com grandes desperdícios.
menos energia incorporada e O cimento gasta muito
emissão de poluentes. Fazer recurso da natureza para
utilização eficiente. ser fabricado.

SObRE ELES
Madeira: renovável, baixa energia incorporada
Cimento: Não renovável, alta energia incorporada
Terra: Abundante, barata, baixa energia incorporada
Metal: não renovável, reciclável, gases poluentes na produção
Tintas: existem tintas naturais extraídas da terra
Materiais frios: são eficientes pois refletem a radiação solar
Tijolo: preferir tijolo de solo e cimento, não queimado
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EfICIêNCIA dO SISTEmA
A Apesar de o Brasil não possuir selo
para materiais e componentes da
b
construção, a ENCE de edificações
C orienta escolhas eficientes de materiais
d para cada cidade do país, por meio
E das propriedades térmicas.

Em NATAL/RN, pOR ExEmpLO:

Telha sem forro e sem Paredes leves são


isolamento térmico não apropriadas para o litoral,
é eficiente; qUENTE E úMIDO;
Telha com forro e
isolamento é eficiente.
Paredes pesadas são
indicadas para o interior
do sertão.
a ENCE recomenda:
cores claras nas paredes e coberturas ajudam a refletir o
calor do sol no edifício e assim contribuem para reduzir o
consumo do condicionamento de ar, tornando o edifício
mais eficiente.

mAdEIRA CERTIfICAdA
a procedência da madeira é muito
importante para não contribuir
com a devastação das florestas.
opte pelas madeiras certificadas,
que possuem procedência
confiável em detrimento das
madeiras ilegais.

mOdULAçãO dO pROjETO

A modulação do projeto conforme


os materiais e sistemas empregados
evita desperdícios e garante uma obra
mais limpa e de qualidade. Contrate
um profissional que faça coordenação
modular do projeto.
22 GUIA SUSTENTÁVEL

O EdIfíCIO E A ÁGUA
“Menos de 1% da Minimizar e controlar o consumo de água
água do planeta é um ponto-chave em edifícios hoteleiros.
Terra é própria para
o consumo. O Brasil Respeitar metas de consumo, encorajar
dispõe de 14% campanhas dirigidas aos hóspedes para
desse total” economia de água, pensar no aquecimen-
to, reúso e captação pluvial são medidas
para racionalizar o recurso.

As estratégias de racionalização do Num hotel sustentável


uso de água devem ser adotadas a captação e
ainda nas fases de projeto. Isso consumo de água não
facilita a implantação dos sistemas, deve comprometer
e diminui os custos em comparação a comunidade local
a edifícios existentes. e o equilíbrio do
ecossistema.

fAzER REúSO dA ÁGUA


Uma estratégia racional é a reutilização da
água da chuva ou de pias e chuveiros que,
CONSUmO =
após tratamento, são utilizadas para descarga USO + dESpERdíCIOS
de sanitários e rega de jardins.
O reúso pode economizar até cerca de 40% da
água proveniente das fontes abastecedoras.

Economiza
água em
hotéis a troca
não diária
da roupa
de cama e
toalhas. deixe
a critério do
hóspede,
incentive o
uso racional.
ARQUITETURA HOTELEIRA RN 23

COmO pROmOVER A CONSERVAçãO dA ÁGUA:


• Reduzir a quantidade de água extraída das fontes
• Reduzir o consumo de água
• Reduzir os desperdícios
• Promover a reciclagem e reúso de água
• Aumentar a eficiência do uso de água

AQUECImENTO SOLAR dA ÁGUA


O aquecimento da água é um grande consumidor de ener-
gia em hotéis, principalmente quando se utiliza o chuveiro
elétrico, que é muito ineficiente. O Nordeste tem um grande
potencial solar, tornando-se uma alternativa o aquecimento
solar da água, ou a gás.
Caixa d’água

Água Quente Água fria

placa Coletora
Solar
Reservatório
de Água Quente

Telhado
Consumo
Água fria

dISpOSITIVOS ECONOmIzAdORES dE ÁGUA


O mercado disponibiliza sistemas e equipamentos que po-
dem racionalizar bastante o consumo de água. Destacam-
se as torneiras economizadoras, as bacias sanitárias com
fluxo duplo e os sanitários que reutilizam a água da torneira
integrada.

Torneira com sensor Torneira de pressão descarga de Sanitário com


automático ou leve toque fluxo duplo torneira integrada
24 GUIA SUSTENTÁVEL

O EdIfíCIO E SEUS RESídUOS


Na construção e operação de um hotel temos “A Construção Civil
como principais resíduos o entulho, o esgoto e produz cerca de 50%
dos resíduos sólidos
o lixo. É importante um destino ambientalmente diários em cidades
correto para estes resíduos, minorando o brasileiras com mais
problema e evitando poluir os ambientes naturais. de 500mil habitantes”

Os resíduos
orgânicos, geralmente
desprezados, tem um
grande potencial de
COLETA SELETIVA. O pRImEIRO pASSO. reciclagem.
O hotel deve fazer coleta seletiva, separar o
lixo orgânico e inorgânico. O lixo inorgânico
dividido em papel, metal, plástico e vidro deve
ser encaminhado para reaproveitamento.

O LIxO NO CONTExTO HOTELEIRO.


• Os colaboradores sabem o que acontece com o lixo do hotel?
• Os tipos e quantidades de lixos produzidos são monitorados?
• Existem sistemas para minimizar e reciclar sempre que possível?

COmpOSTAGEm pARA O LIxO ORGâNICO

A melhor alternativa para


os resíduos orgânicos
é a compostagem, que
nada mais é do que deixar
a natureza agir sobre
a matéria, gerando um
composto orgânico utilizado
como adubo.
ARQUITETURA HOTELEIRA RN 25

fOSSA ECOLóGICA pARA O ESGOTO


Trata-se de um sistema biodigestor que, além de não contaminar o
solo e a água, produz adubo orgânico líquido que pode ser utilizado
em hortas e pomares.
Utilize a fossa ecológica
no lugar da fossa
convencional. A fossa
séptica convencional
contamina os lençóis
freáticos, tornando a água
um veneno em potencial.

A fossa
Ecológica faz
o tratamento
dos resíduos
sólidos através
de zonas de
raízes de
plantas

OUTRAS ALTERNATIVAS ECOLóGICAS.


O hotel pode também utilizar produtos de limpeza biodegradáveis
e substituir o cloro por ozônio no tratamento da piscina (desinfecta/
reduz reações alérgicas).

dImINUIçãO dOS RESídUOS dA CONSTRUçãO


Os resíduos de construção e demolição
são um grande problema. 30% do que é
retirado da natureza é desperdiçado e se
transforma em lixo. Isso corresponde a 50%
dos resíduos sólidos urbanos. Com projetos
modulados, sistemas construtivos racionais,
pré-fabricados, reduzimos a perda de
materiais, desperdícios e o entulho.
26 GUIA SUSTENTÁVEL

ECOpAISAGISmO
Mitigar os impactos na paisagem natural, fauna e Devemos
flora é um item importante para reduzir os impactos aprimorar o
olhar, valorizar
ambientais de um hotel. Proteger a vegetação nativa e a vegetação
difundi-la utilizando o Ecopaisagismo nas áreas verdes nativa, a
do empreendimento é uma solução ambientalmente paisagem
correta e rentável, que economiza muita água e diminui natural do
lugar.
a manutenção do jardim.

O ecopaisagismo é uma modalidade


ecológica de paisagismo onde é priorizado
o uso de espécies nativas do lugar. Plantas,
solo, restos de poda, áreas alagadas, tudo é
aproveitado de forma eficiente num sistema
cíclico onde nada se perde, imitando os
processos naturais de um ecossistema.

{ O ecopaisagismo é uma atitude inteligente, racional: no


Nordeste, que é muito quente, utilizar plantas e gramas nativas
já adaptadas às condições de água, solo e clima do lugar
garantem economia de água e equilíbrio ecológico.

O paisagismo pode Para fazer um ecopaisagismo é necessário


ser um grande investigar o ambiente natural do lugar, as espécies
aliado à arquitetura,
integrando os espaços vegetais, os animais existentes, as mudanças da
internos e externos e paisagem e vegetação ao longo das estações do
provendo sombra às ano. O desenho do jardim se integra à paisagem
aberturas e fachadas, preservada, e muitas espécies que normalmente
por meio de árvores,
caramanchões,
são consideradas “mato” são aproveitadas em
pergolas, etc. seu potencial para integrar canteiros dos jardins.
ARQUITETURA HOTELEIRA RN 27

pAISAGISmO pROdUTIVO NO HOTEL.


HORTA, pOmAR, HERbÁRIO.

O paisagismo
produtivo provê
alimentos para o
restaurante e frutas
tiradas do pé pelos
hóspedes.

O hotel pode fazer uso do paisagismo


produtivo, com objetivo de produção
de alimentos, integrado ao desenho do
jardim ou separado em forma de hortas,
pomares e herbário.

A VEGETAçãO NATIVA VALORIzAdA.


No hotel, preservar a peculiaridade do lugar, pode ser uma
estratégia de marketing e diferencial turístico, valorizando junto
aos hóspedes estrangeiros os aromas peculiares, frutas e
plantas exóticas da região. É uma alternativa ecológica ao invés
de recriar paisagens de outros lugares.

OS bENEfíCIOS dA VEGETAçãO

Equilíbrio ecológico, conforto térmico, produção de alimentos,


preservação da fauna existente, sombreamento dos edifícios,
conforto acústico, acarretando economia de energia e conforto
ambiental, espaços abertos agradáveis, pássaros, melhora
microclima urbano, purifica o ar de ambientes internos, proporciona
privacidade, conforto lumínico
28 GUIA SUSTENTÁVEL

GESTãO SUSTENTÁVEL dO EmpREENdImENTO


Depois de observados os principais A elaboração de uma
componentes para uma arquitetura hoteleira agenda, um guia de
metas ambientais
mais sustentável, é preciso um sistema de do hotel, ajuda no
gestão para colocar tudo isso em prática. diagnóstico das ações,
Planejar, executar e verificar são as principais interação e ação entre
etapas e devem acontecer desde a fase inicial os agentes envolvidos.
do projeto, onde são previstas as metas
socioambientais, conforme os recursos
disponíveis. Elas devem ser refletidas
frente ao contexto do empreendimento e
devem influenciar a concepção do projeto
arquitetônico, os documentos de controle
do hotel, a postura dos funcionários e toda a
cadeia que atua no empreendimento.

Existe uma norma brasileira, a AbNT NbR


15401:2006, que trata especificamente de
sistemas de gestão de sustentabilidade para
meios de hospedagem. Ela visa orientar
a implementação da gestão e certificar
empreendimentos promovendo as práticas
sustentáveis, garantindo qualidade e
competitividade.
Uma outra norma é a ISO 14001 que abrange
a gestão ambiental de forma mais geral,
abrangendo empresas de diversos setores.
Uma não exclui a outra e são boas referências
para organizar o funcionamento de um hotel
sustentável.

Com o atendimento das


normas de gestão, o
empreendedor tem a
possibilidade de trabalhar
com uma política
de sustentabilidade
apropriada ao seu tipo,
escala e localização e
atender às expectativas
de qualidade do cliente.
ARQUITETURA HOTELEIRA RN 29

O planejamento e execução
do empreendimento
consiste em atividade
multidisciplinar de
inúmeros processos, onde
todos os agentes devem
estar sincronizados para
atingir os objetivos de
sustentabilidade traçados.

Um empreendimento sustentável é
aquele que planeja e faz escolhas
menos impactantes em cada etapa.

Em suma, um hotel sustentável procura O estabelecimento


planejar e operar suas atividades e hierarquia
conforme os requisitos para o turismo das atitudes
socioambientais no
sustentável, que, segundo a NBR empreendimento
15401, tem como princípios mínimos: dependem da
1- Respeitar a lesgislação vigente avaliação do
2- Garantir os direitos das populações contexto específico,
locais dos condicionantes
sociais. O
3- Conservar o meio ambiente natural comprometimento
e sua biodiversidade (atitudes de baixo com o sistema de
impacto na construção, no terreno, gestão ambiental é a
etc) chave que garantirá
o atendimento
4- Considerar o patrimônio cultural e dos princípios do
valores locais (valorizando tradições, turismo sustentável,
gastronomia, patrimonio histórico- objetivo de todo o
cultural, etc) processo.
5- Estimular o desenvolvimento social
e econômico dos destinos turísticos
6- Garantir a qualidade dos produtos,
processos e atitudes
7- Estabelecer o planejamento e a
gestão responsáveis
30 GUIA SUSTENTÁVEL

Silvio bezerra
Presidente do Conselho Deliberativo

diretoria Executiva do Sebrae Rio Grande do Norte

josé ferreira de melo Neto


Diretor Superintendente

joão Helio Costa da Cunha Cavalcanti junior


Diretor Técnico

Lázaro mangabeira de Góis dantas


Diretor de Operações

Entidades que Compõem o Conselho deliberativo do SEbRAE/RN

Agência do Fomento do Estado do Rio Grande do Norte – AGN


Associação Comercial e Industrial de Mossoró – ACIM
Associação Norteriograndense de Criadores – ANORC
Banco do Brasil S.A. – BB
Bando do Nordeste – BNB
Caixa Econômica Federal – CAIXA
Federação de Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Norte – FAERN
Federação das Associações Comerciais do Estado do Rio Grande do Norte – FACERN
Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Norte – FCDL
Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte – FIERN
Federação do Comércio, Bens, Serviços e Turismo do Rio Grande do Norte – FECOMÉRCIO
Fundação de Apoio à Pesquisa do Rio Grande do Norte – FAPERN
Governo do Estado do Rio Grande do Norte / Secretaria de Desenvolvimento Econômico
Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Rio Grande do Norte – SENAI/DR – RN

Equipe Técnica

Célio josé Vieira de moura


Gerência do Programa SEBRAE 2014

daniela bezerra Tinoco


Gestora do Projeto SEBRAE 2014 – Turismo

darlyne fontes Virgínio


Trainee do Setor de Turismo
ARQUITETURA HOTELEIRA RN 31
32 GUIA SUSTENTÁVEL

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