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EDIFICAÇÕES

SUSTENTÁVEIS
Tecnologias, e tendências para o futuro.

Autor: Frank Caramelo

QUAIS SÃO AS DIFERENÇAS DE ESTRUTURA E CUSTO DE


UMA EDIFICAÇÃO NORMAL E UMA SUSTENTÁVEL?
Começar um projeto sustentável pensando somente em custo, é começar errando. Um projeto
sustentável deve-se começar pensando primeiro em ganhos “ imediatos, permanentes e futuros” e
depois em investimento são invés de custos.

A quantia que será despendida para se investir num projeto sustentável, é equivalentemente
proporcional aos ganhos aspirados pelo investidor, uma vez que as técnicas e tecnologias evoluíram
significativamente nos últimos anos, trazendo possibilidades da aplicação de técnicas simples com
investimento zero e focado na redução de custos, até a aplicação de tecnologias que possibilitem a
geração de novas fontes de renda para o investidor, chegando em alguns casos a auto-suficiência.

Para que os investimentos em uma edificação sustentável sejam melhor compreendidos, faz-se
necessário entender as suas classificações, pois por muitas vezes tende-se a confundir os seus
significados e conceitos, e conseqüentemente criam dificuldades e a errônea idéia de que, se elevar
os custos de construção, os possíveis benefícios advindos do enquadramento do empreendimento
no conceito de sustentabilidade não serão suficientes para proporcionar uma recuperação rápida do
capital investido ou mesmo, gerar um prejuízo final.

ecológicos na obra pode-se economizar de


Edificações ecológicas 30% até 60% no custo total de construção.
Se utilizam de matérias de baixo impacto
ambiental e técnicas bioclimáticas com Edificações verdes (ecoeficientes)
pretensão de reduzir o consumo dos recursos Este tipo de edificação se utiliza de técnicas
naturais. Estas edificações resgatam bioclimáticas e de tecnologias e materiais
tecnologias construtivas tradicionais e ecologicamente corretos ou “eco friendly” e
materiais de produção regional, extraindo, reciclados, com pretensão de reduzir o
beneficiando e fabricando os mais variados número excessivo de rejeitos da indústria,
tipos de elementos construtivos como além de reduzir o consumo, gerar e
estruturas, vedações, pisos, coberturas e reaproveitar recursos como água e energia.
revestimentos.
Um exemplo de material eco eficiente é a
Um exemplo de material comumente utilizado cerâmica, que podem ser produzidas de
nas edificações ecológicas é o adobe, tijolo resíduos da própria indústria, além deterem
de terra crua moldada em fôrma de madeira e incorporado novas tecnologias que permitem
seca naturalmente ao vento, sem necessidade que se tornem auto-limplantes e geradoras de
de queima, reduzindo o desperdício e a oxigênio.
manutenção. Com o uso de materiais
Edificações desse gênero tendem a custar de
1% a 7% a mais do que um empreendimento Custo adicional da obra residencial
convencional, porém podem aumentar o valor sustentável em relação a convencional
de revenda de 10% até 20%. 20,0% 17,6%
10,5% 8,6%
Edificações Inteligentes 10,0%
1,6% 3,5%
5,1%
As edificações inteligentes possuem uma
0,0%
rede conectada e automatizada, que liga mínimo média máximo
todas as tecnologias prediais em um sistema
Incorporadora com experiência sem experiência
de segurança único e integrado à proteção
contra incêndios, segurança eletrônica e
sistemas de instalação elétrica, hidráulicas e
de climatização, medindo os consumos Edificações Net-Zero
coletivos e individualizados em tempo real, Esta é a mais nova aposta no viés
oferecendo proteção, conforto e sustentável, como o próprio nome diz, trata-se
confiabilidade aos usuários e reduzindo o de uma edificação independente, sem
consumo de energia em indústrias, escritórios ligações com nenhuma rede de distribuição,
e residências. ou seja, auto-suficiente. Incorporando
técnicas bioclimáticas e tecnologias
Edificações inteligentes tendem a custar de inteligentes, pré-fabricadas e materiais eco
7% a 17% a mais devido à grande parte das eficientes. Está sim é uma edificação 100%
tecnologias aplicadas serem importadas. sustentável.

Esta edificação independente pode se tornar


Edificações pré-fabricadas um bom negócio como geradora de energia e
São edificações que tem a pretensão de fornecedora de água para a rede pública ou
reduzir o consumo e a quantidade de resíduos edificações ao redor, tornando-se assim
produzidos pela indústria da construção civil, realmente auto-suficiente, pois as
utilizando materiais reciclados ou recicláveis, manutenções dos equipamentos serão
pré-fabricados e pré-montados pela fábrica e custeadas pela venda do excedente gerado
separados em partes que já contenham toda ou tratado pela edificação.
a infraestrutura hidráulica, hidro sanitária,
elétrica, telecomunicações, acabamentos
internos, etc.

Este tipo de edificação tende a custar mais Com o uso de materiais


ecológicos a obra pode
barato desde que sejam produzidas em série,
pois reduz a mão de obra, o impacto na
vizinhança, o tempo de execução, a
60… economizar de 30% até 60%
no custo total de construção.
quantidade de resíduos e desperdícios de
materiais e conseqüentemente o tempo de
liberação de empréstimos bancários e os
juros incidentes, reduzindo assim o custo final Com técnicas de arquitetura
bio-climáticas bem aplicadas,
para o incorporador e o cliente.
50… as reduções com energia,
água e gás chegam à 50%.
Redução de até 80% na

80… emissão de resíduos sólidos


(lixo, papel, madeira, carcaça)
39…
Até 30% de redução do valor
do condomínio e diminuição
de 9% no custo de operação
durante toda a vida útil.

QUAIS SÃO OS PRÉ-REQUISITOS PARA A CONSTRUÇÃO DE


UMA EDIFICAÇÃO SUSTENTÁVEL?

Os conceitos que integram e definem a construção sustentável ainda são controversos, pois a
caracterização da sustentabilidade de uma construção ou edificação vem de diversos processos, os
quais são inerentes ao seu projeto, sua execução e também do somatório das técnicas empregadas
para integrá-lo ao entorno.

Segundo o Conselho Internacional para a Pesquisa e Inovação em Construção (CIB), define a


construção sustentável como “o processo holístico para restabelecer e manter a harmonia entre os
ambientes natural e construído e criar estabelecimentos que confirmem a dignidade humana e
estimulem a igualdade econômica” (CIB, 2002, p.8)e apresentam diversos princípios básicos da
construção sustentável, dentre os quais destacam-se:

Conforto ambiental Redução de resíduos


Subdividido em térmico, visual, acústico e Aplica-se através de políticas de compra,
olfativo, consiste em não provocar ou reduzir descarte, reciclagem e reutilização de água e
os impactos no entorno e paisagem, materiais para redução da emissão de
melhorando a sensação de bem-estar, resíduos sólidos e efluentes.
amenizando as temperaturas e
concentrações de calor e aproveitando ao Redução das
máximo as condições naturais locais,
equilibrando assim a qualidade ambiental obsolescências
interna e externa da edificação. Através da operação, vistorias, auditorias e
manutenção preventiva, tende a prolongar a
Eficiência energética vida útil de materiais e equipamentos.
Utiliza materiais que contribuam com a eco-
eficiência da edificação, proporcionando a Automatização
redução do consumo energético através do Com auxílio da automação e da domótica, faz-
aproveitamento das condições naturais se a mensuração e gestão de todos os outros
locais, podendo também proporcionar a pilares reduzindo assim ainda mais o
geração de energias renováveis. consumo, pois é feita em tempo real,
oferecendo proteção, conforto, confiabilidade
e segurança aos usuários, além da
conscientização dos mesmos durante o
processo.
É importante notar que o Conselho fala de “restabelecimento da harmonia”, isso porque muitos
processos que privilegiavam o aproveitamento passivo de fatores naturais como luz, calor,
ventilação, entre outros, foram abandonados com o advento da energia elétrica e tecnologias de
aquecimento e resfriamento artificiais. Porém sempre haverá espaço para as técnicas
bioclimáticas, que visam a estruturação do projeto arquitetônico de acordo com as características
de cada local nos mínimos detalhes,aumentando a eficiência energética das construções e
reduzindo os impactos ambientais através de pequenas mudanças, que trazem grandes benefícios
sem grandes impactos no custo final do empreendimento.

QUAIS AS PRINCIPAIS TENDÊNCIAS E TECNOLOGIAS


UTILIZADAS NO SETOR?

A tendência apresentada neste cenário atual de crise não declarada, recessão, e prenúncios de
colapsos nos setores geradores e fornecedores de água e energia, afligidos pela seca mais rigorosa
dos últimos 80 anos,é a economicidade e a ecoeficiência, que provocam e desafiam a busca por
soluções que nos permitam utilizar os recursos naturais de forma mais sensata e que atenda as
nossas necessidades presentes sem comprometer o bem-estar das gerações futuras.

Dentre as novas tecnologias ecoeficientes, se destacam as com propriedades:

Autolimpantes (Hidrofugantes, Óleofugantes, Hidrofílicas e Purificadores de ar)


A qualidade autolimpante através da nanotecnologia permite que os revestimentos como cerâmicas
vidros e metais, atuem aproveitando a luz natural e a água da chuva para eliminar a sujeira da
superfície do revestimento, mantendo por si só, o aspecto de limpeza por mais tempo e evitando o
uso excessivo de água e outros produtos e agentes químicos,devido à sua capacidade hidro e
óleofugante, antimicrobiana, antimofo e antiodor.

Esta nanotecnologia ajuda a manter casas, escritórios e hospitais mais saudáveis e ainda ajudam
quando presentes na superfície externa dos edifícios,removendo os óxidos de nitrogênio
produzidos pelos gases de escapamento de veículos e pela fumaça, purificando o ar numa espécie
de fotossíntese, agindo da mesma maneira que as plantas.

De autocontenção (Poliuréias)
Com intenção de combater a obsolescência e prolongar a vida útil de equipamentos e materiais, a
nanotecnologia presente nas poliuréias, permitem uma união segura e permanente em uma variada
gama de superfícies quando aplicado por injeção ou projeção, impermeabilizando, selando e
protegendo as superfícies contra desgaste, corrosão, infiltração e rachaduras através de uma
membrana monolítica100% sólida, porém flexível e com memória(caso se expandam sobre tenção,
voltam ao estado original quando em repouso). Possuem também resistência térmica, acústica, a
raios UV, abrasão, desgaste, atrito e tração de ruptura, além de serem antiderrapantes,
antimicrobianas, bactericidas e fungicidas.

A autocontenção das poliuréias é espantosa, podendo ser utilizada em produtos e em diversos


setores da indústria como: armazéns industriais e comerciais, fábricas, shoppings e lojas de varejo,
setores como petróleo e gás, saneamento e água potável, infraestrutura, pontes, rodovias e
túneis,além do setor hospitalar, alimentar, residencial e comercia, entre outros.
Auto-suficientes (Estações de Tratamento de Esgoto, Geradoras de Energia Alternativa)
Com a nova regulação da ANEEL, que permite a injeção de energia na rede em troca de créditos em
kWh na conta de luz, a geração descentralizada de energia tornou-se viável economicamente para
consumidores residências de alto padrão, pequenos condomínios, pousadas, hotéis,
estabelecimentos comerciais e industriais de quase todo o Brasil.

Uma vez que o custo da eletricidade tem aumentado ao longo do tempo, enquanto o valor da
instalação de sistemas auto-suficientes e de co-geração de pequeno porte fazem o caminho
inverso, contribuindo para o meio-ambiente e valorizando as edificações na revenda de 10 a 20% ao
utilizarem soluções de alta tecnologia, que cooperam ou eliminam a dependência das redes de
abastecimento e saneamento, com um baixíssimo custo operacional e alto índice de automação.

Dentre elas estão:

As ETE's (estações de tratamento de esgoto) que possuem sistemas que contemplam volumes
entre 4 e 20 mil litros diários, garantindo índices de eficiência acima de 90% na remoção de carga
orgânica. Podendo ser instalados sob ou sobre o solo,estes equipamentos ocupam áreas entre 23 e
38 m² em módulos que podem ser ampliados a qualquer momento.

As vantagens econômicas das ETE’s começam com a possibilidade de reuso da água tratada até a
geração e consumo de energia através do biogás (um tipo de mistura gasosa de dióxido de carbono
e metano obtido naturalmente em meio anaeróbico). Este combustível gasoso possui um conteúdo
energético elevado, semelhante ao gás natural, podendo ser utilizado para a co-geração de energia
elétrica, térmica e mecânica ou na substituição do GLP,contribuindo para a redução dos custos.

As GEA’s (geradoras de energia alternativa) possuem inúmeras tecnologias, porém já que o assunto
é sustentabilidade, o foco então será em geradores alternativos de energias limpas e renováveis
(fontes inesgotáveis de energia obtidas da natureza) comercializadas no Brasil, cujas principais são
as energias:

Eólica, obtida através dos ventos por micro e minigeradores com produção que varia entre 40 kWh
até 1 MWh mês, suficientes para suprir o abastecimento de casas, comércios ou até mesmo
indústrias, através de rotores compostos de duas, três ou mais pás, responsáveis por capturar e
transmitir a força mecânica dos ventos para o gerador propriamente dito.

A quantidade de energia produzida pelos aerogeradores varia de acordo com o tamanho das suas
hélices e, claro, do regime de ventos na região em que está instalada. Mesmo assim, esse tem se
tornado um investimento cada vez mais atrativo, na ordem de R$7 mil para a produção de até
40kWh/mês gerando uma economia na conta de luz ao longo de 20 anos de vida útil do
equipamento.

Solar, obtida através da radiação solar, pode ser aproveitada para a produção tanto de eletricidade
quanto de calor, através de coletores:

fotovoltaicos (para geração de energia)


A energia fotovoltaica é a energia elétrica obtida a partir de radiação da luz solar e pode ser
produzida mesmo em dias nublados. Todavia, quanto maior a intensidade de insolação,
maior será a eletricidade produzida. O que no Brasil é uma enorme vantagem, pois
possuímos altos índices de radiação solar capazes de gerar por m² de superfície exposta a
quantia entre 1.600 e 2.000 kWh/ano, o que daria entre 134 e 167 kWh/mês por m².
Em uma residência típica brasileira com 4 a 5 pessoas que consomem em média a variação
de 270 a460KWh/mês, a ordem de investir nesta tecnologia seria aproximadamente a
quantia de R$7 a19 mil, um valor relativamente alto, porém a economia gerada ao longo de
25 anos é extremamente atrativa e viável.

fototérmicos (para o aquecimento de água)


O sistema coletor solar térmico, o qual utiliza a radiação para gerar calor, é subdividido em
três tipos: os caseiros, inteligentes e a vácuo, porém os sistemas mantém a mesma
propriedade de aquecer a água através de placas coletoras e um reservatório térmico que
mantém a água quente em até 60ºC, dependendo do clima, instalação e consumo.

O investimento é relativamente baixo, em torno de R$2 mil para atender a uma família de
quatro a cinco pessoas, gerando uma economia na ordem de R$11 mil considerando a tarifa
atual e vida útil do equipamento, que gira em torno de 20 anos. Se esta mesma família
consumir em média 270 kWh/mês de energia, com a implantação do sistema ela deixaria de
consumir 70 kwh/mês, 840 kwh/ano, o que corresponde em média, pelas tarifas atuais, a
R$924 por ano. Ou seja, o retorno é a curto prazo.

No final das contas, se colocarmos na ponta do lápis os custos de implantação de materiais e


equipamentos tradicionais na construção de uma edificação, eles certamente serão de 1 a 17%
menores que os custos de implantação de um material ou equipamento com tecnologia
ecoeficiente.

Mas a economicidade gerada através da manutenção e operação é praticamente nula, aliada a


baixa quantidade de agentes químicos e água necessários para limpeza, de materiais e
revestimentos, somados as economicidades promovidas pelos equipamentos co-geradores e auto-
suficientes de energias e reuso de água, ao longo de 20 a 25 anos. Os materiais ecoeficientes
ganham significativamente pela durabilidade e economia gerada para os usuários (em valores
monetários), para o meio ambiente (na emissão de gases poluentes, ativa ou passivamente) e para
o país (reduzindo o consumo e aumentando a oferta de água e energia), o que, conseqüentemente,
reduz o repasse de custos para produtos produzidos no Brasil.

COMO A ARQUITETURA E MAIS ESPECIFICAMENTE, O


ESCRITÓRIO CARAMELO, TEM SE POSICIONADO
DIANTE DESSA TENDÊNCIA INOVADORA?

Investimento em inovação, tecnologia, uso de materiais "eco friendly" e a criação de projetos mais
sustentáveis são premissas para desenvolver uma estratégia competitiva de sucesso e é uma das
maiores preocupações do nosso escritório. Acreditamos que investindo em sustentabilidade
estamos traçando uma estratégia de crescimento orgânico à medida que oferecemos aos nossos
clientes um produto diferenciado, que agrega economia à preocupação com a preservação
ambiental. A criação de uma cultura da sustentabilidade deve ser a prioridade de todo segmento da
construção e os escritórios de arquitetura são peça chave para que soluções assim sejam
difundidas e implementadas. Ser sustentável não é uma opção, mas uma necessidade e a Caramelo
Arquitetos Associados tem sido pioneira neste quesito, por enxergar que este não é o futuro, mas
um presente em rápida e permanente consolidação.

QUAIS AS SUAS EXPECTATIVAS PARA O CONGRESSO

Acredito que o congresso será de grande relevância para que a sustentabilidade, um tema de suma
importância, possa ser melhor compreendido fora do âmbito ambiental. Minhas expectativas são de
levar maiores informações aos participantes e instigá-los sobre a importância e o impacto da
sustentabilidade na vida das pessoas e do país.

O QUE A SUA PALESTRA TRARÁ PARA O PÚBLICO


PRESENTE NO EVENTO

Esta palestra o convida a visualizar a sustentabilidade sobre uma nova ótica holística, permeando
temas como a crise hídrica e energética, bio e nanotecnologias, edificações vivas, e os impactos
promovidos por elas na economia brasileira e na qualidade e custo de vida dos usuários.

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