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Condições de sustentabilidade ambiental nos

projetos de arquitetura e engenharia:


A busca de soluções

Eloy Fassi Casagrande Jr., PhD

eloy.casagrande@gmail.com
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ (UTFPR)

www.escritorioverdeonline.com.br
Há somente 16% de terra biologicamente produtiva neste Planeta!
19 de agosto de 2014 - "Dia da Sobrecarga da Terra“
Dia em que os recursos naturais do planeta disponíveis para 2014 já foram
consumidos, o que faz com que os habitantes estejam em saldo negativo com
o meio ambiente em pleno mês de agosto.

Em 2000, o cálculo foi feito pela primeira vez para identificar o dia da "Sobrecarga
da Terra" (Overshoot Day) que, na época, foi em outubro e, 14 anos depois, este dia
chegou no oitavo mês do ano
Global Footprint Network (GFN)
IMPACTOS AMBIENTAIS E CONAMA
Critérios básicos e as diretrizes gerais para uso e
implementação da Avaliação de Impacto Ambiental

RESOLUÇÃO CONAMA Nº 001, de 23 de janeiro de 1986


Artigo 1º - Para efeito desta Resolução, considera-se impacto
ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e
biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria
ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou
indiretamente, afetam:
I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
II - as atividades sociais e econômicas;
III - a biota;
IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
V - a qualidade dos recursos ambientais.
EMISSÕES DE CO2 POR SETOR:
Edificações sustentáveis podem contribuir para
minimização dos efeitos das mudanças climáticas

CONSTRUÇÕES

TRANSPORTES

INDÚSTRIAS

1960 1980 2000


CONSTRUÇÕES ECO-INEFICIENTES

Consumo de energia durante o uso de edifícios


Os edifícios de escritórios, com fachadas de vidro e
climatizados artificialmente, chegam a consumir quase
23 vezes mais energia em sua vida útil, que a energia
necessária para sua produção.
Mascaró, 1982

Consumo de energia embutido em materiais


de construção
Aço: 30 MJ/Kg
Cimento portland: 4 a 5 MJ/Kg
Tijolos cerâmicos: 8,5 MJ/Kg
Madeira: 0,3 MJ/Kg
Agopyan, 1991

Materiais Intensidade convencionais


energética por m2 (kWh)
Cerâmica: 69,42
Cimento: 19,27
Aço: 151,30
RESÍDUOS: INEFICIÊNCIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Poluição
Desperdício
Ameaça a saúde
Impacto na fauna e flora
AMBIENTES CONSTRUÍDOS INSALUBRES

Estamos usando a tecnologia realmente


em prol do bem-estar de todos?
Síndrome dos Edifícios Doentes
(Sick Building Sindrome)
Emissões de COVs – Compostos
Orgânicos Voláteis associados a materiais a
base de petróleo (tintas, vernizes, solventes,
colas, etc)

CEMs – Campos Eletromagnéticos formados por fiação elétrica,


aparelhos eletro-eletrônicos, computadores, torres e redes de transmissão,
transformadores, antenas de celulares, etc Associados a leucemia infantil,
câncer, alzeimer, etc

Desconforto ambiental e qualidade do ar comprometida, pelo uso de


aquecimento artificial, falta de manutenção de aparelhos de ar condicionado.

“Sua Saúde e o Ambiente que Construímos - A Síndrome do Sapo Cozido”,


Thomas Sauders, Ed. Cultrix, 2002
INDÚSTRIA DO CIMENTO E EMISSÃO DE CO2
A indústria do cimento responde por cerca
de 7% da emissão anual de CO2 .
O Brasil produz 38 milhões de toneladas
de cimento Portland (comum) =
aproximadamente 22,8 milhões de
toneladas/ano de gás carbônico

“Casa carbono popular”


Uma casa de interesse social da Cohapar de 40 m2 representa em
média o lançamento de 9.824,06Kg de CO2 na atmosfera devido ao
material utilizado (Stachera e Casagrande, 2005)
A Construção Sustentável
As construções sustentáveis devem ser
concebidas e planejadas a partir de várias
premissas:
Projeto elaborado dentro dos princípios da
Arquitetura bioclimática;
Escolha de materiais ambientalmente corretos,
de origem certificada e com baixas emissões de CO2 ;
Baixa geração de resíduos durante a fase de obra;
Garantia de que interfira o menos possível em áreas
de vegetação e permita grande permeabilidade do solo;
Promoção da redução no uso de energia e água em
todas as fases – construção e uso; HOTEL INN OF THE ANASAZI
Construção em adobe
Cumprimento das normas técnicas - principalmente Santa Fé, New Mexico
as de desempenho e de segurança e da legislação trabalhista;
Facilidades para a “desconstrução” para que os materiais possam
ser amplamente reaproveitadas até o fim de seu ciclo de vida.
SISTEMA CONSTRUTIVOS MODULARES – Baixa emissão de carbono

Ferrari, 2012
Madeira e casas de interesse social

O bom...
O governo federal autorizou o uso de
madeira para a construção de imóveis no
programa Minha Casa, Minha Vida na
região Norte. De acordo com portaria
publicada em junho de 2014, no Diário
Oficial da União, as moradias serão
destinadas a agricultores familiares,
trabalhadores rurais, quilombolas,
extrativistas, pescadores artesanais,
ribeirinhos e indígenas que ganham
até R$ 1,6 mil mensais.

O ruim...
No entanto, segundo investigação realizada entre agosto de 2011 e julho de
2012 pelo Greenpeace, 78% das áreas com atividades madeireiras no
Pará, maior produtor e exportador de madeira da Amazônia, não tinham
autorização de exploração.
USAR MADEIRA É LEGAL!
Programme for the Endorsement of Forest Certification

Programa Brasileiro de Certificação Florestal (INMETRO / ABNT)

Forest Stewardhip CBCS – Conselho Brasileiro de Construção Sustentável


Council
TIJOLO SOLO CIMENTO
Mistura homogênea, compactada e curada de solo,
cimento (5% a 10%) e água em proporções adequadas

Praticamente qualquer tipo de solo pode ser


utilizado, entretanto os solos mais apropriados são
os que possuem teor de areia entre 45% e 50%

Redução de 20% a 30% no tempo de obra


Construção Sustentável na Universidade
Conjunto de edificações Eco-sustentáveis da COPPE / UFRJ de 500 m2 composto
por um galpão industrial, um edifício de serviços e uma casa ecológica , conseguiu
reduzir em cerca de 250% a emissão de carbono na atmosfera e em 90% o
consumo de energia ao substituir materiais convencionais por não-convencionais.

Bambu na estrutura,
tijolos de
solo-cimento e telhas
de fibra de coco

Utilizando tijolo-solo
cimento ao invés do
cerâmico se elimina o
O projeto ainda
CO2 resultante da
contempla
queima do mesmo,
iluminação e
madeiramento para
ventilação
colunas, massa de
naturais e o
assentamento e
telhado coberto
reboque,
com plantas, o
quebra de paredes e
conhecido
desperdícios!
“telhado verde”
ECO-TECNOLOGIAS
Baixo custo e na escala humana
Tratamento de esgoto doméstico através de
Sistema de Zona de Raízes – SZR, Paraná

• Filtros naturais plantados que


possuem areia, cascalho e
solo. As plantas usadas no
processo são endógenas da
região. Imitam os sistemas
naturais de drenagem,
autoregulação e filtragem do
solos.
• Requerem baixa tecnologia
de construção, operação e
manutenção.
• Removem de forma muito
eficiente bactérias e parasitas,
permitem a reciclagem e
reuso da água de esgoto para Tamara Van kaick
finalidades secundárias como Tese de Mestrado
UTFPR
sanitários, jardinagem, etc
ESCRITÓRIO VERDE – Universidade Tecnológica Federal do Paraná
A sede do Escritório Verde da UTFPR é uma edificação planejada dentro
dos princípios da arquitetura bio-climática, da construção de baixo
carbono e da acessibilidade.

“Laboratório Vivo”
Acompanhado
por estudos de
mestrandos e
doutorandos

Primeira edificação em processo de certificação em


uso e operação do AQUA – Alta Qualidade na Construção Civil
ESCRITÓRIO VERDE UTFPR  m2 construído X CO2 reduzido
Primeiro projeto arquitetônico da UTFPR
dentro dos princípios da construção sustentável

Empresa EcoStudio –Soluções


Sustentáveis em Arquitetura e
Design

Construção em
madeira fixa
carbono

Construção a seco (wood-frame) modular


de 150 m2 sem gerar resíduos
Planejamento do projeto: Integrando empresas e tecnologi as

Para sua construção foi


estabelecido parcerias com mais
de 60 empresas doadoras de
tecnologias sustentáveis e
materiais de baixo impacto
ambiental.
SISTEMA CONSTRUTIVO SUSTENTÁVEL DO ESCRITÓRIO VERDE

• uso da tecnologia construção a seco (wood-frame),


• telhado verde e sistema de uso e coleta da água da chuva,
• uso de lajes e projeto de paisagístico para permeabilidade da água,
• instalação de painéis fotovoltaicos para gerar energia e painéis de
energia termodinâmica para aquecimento da água e calefação,
• uso de equipamento para controle de umidade e resfriamento do ar,
• sistema de iluminação natural e uso de lâmpadas LED,
• janelas feitas em madeira certificada com vidro duplo,
• isolamento térmico acústico produzido a partir de PET e pneu reciclado,
• uso de piso elevado e carpete também em material reciclado,
• mobiliários seguindo os critérios de ecodesign ,
Fabricação das paredes

As paredes foram fabricadas


em apenas 12 dias com
painéis estruturas de OSB
(LP Brasil) e vigas de pinus
autoclavado (Berneck)
Montagem das paredes – obra limpa, sem resíduos

As paredes e a estrutura
do telhado foram montadas
em cinco dias, como apenas
cinco profissionais e um
guindaste
Estrutura estoca Lã de PET reciclado
usado para isolamento
carbono térmico

A estrutura do
telhado foi feita
com vigas I

O Escritório Verde, através de seus materiais


lenhosos, pode reter cerca de 10 toneladas de
carbono, resultantes de uma retirada de mais Manta
de 34 toneladas de dióxido de carbono da reciclada
atmosfera enquanto estes materiais estavam de pneu
na forma viva (Kobisbi, 2013) para
isolamento
acústico
Janelas madeira de
Acabamento externo -
reflorestamento
Siding Vinilico (PVC)
Lyptus com vidro
duplo

Deck em madeira Acabamento


plástica – compósito interno – placa
de serragem de madeira cimentícia fibra de
e plástico reciclado vidro e painel DecoWall
Colocação da telha
SHINGLE – exige
menos madeiramento

Forro modular térmico acústico


em painéis de madeira
mineralizada
TELHADO VERDE E HORTA : SISTEMA ECOTELHADO
Telhado Verde - Sistema Dal Canal Redução de temperatura
interna de
3 a 5 graus
Celsius

Substrato: adubo vegetal, areia e


argila expandida

Impermeabilização com manta de PVC

Módulos de isopor e manta bidim


para base

Jardim em formação
Colocação fez parte de
Curso aberto –
Telhado Verde EV Tony Backes e Marcelus
Oliveira
Vernacular
PAREDE VERDE
USO RACIONAL DA ÁGUA
Sistema coleta e uso
Uso nos
da água da chuva
sanitários
cisterna 1.500 L
e limpeza
externa
Bomba solar para
mandar a água p/
caixa d´ água
Vaso sanitário
com bacia
acoplada
3 e 6 litros

Mictório que não usa


água para descarga
ACESSIBILIDADE UNIVERSAL
Projeto contempla todas as normas de acessibilidade de
acordo com ABNT NBR 9050:2004

Rampa para cadeirantes


EFICIÊNCIA ENERGÉTICA: Iluminação natural e LEDs
Sistema Solar Conectado à Rede e Sistema Isolado
Integrados – Primeiro do gênero no Paraná
Potência instalada de 2,1kWp
e um inversor monofásico em
220V de 2kW de potência
nominal 2100 Watts ligado
diretamente na rede.
Parceria Solar Energy , Kyocera,
Blue Sol e Copel

PV POWERED Prof. Jair Urbanetz e Equipe


modelo PVP2000 Solar Energy
EXPORTANDO ENERGIA

Nos meses de verão


(maior incidência solar) a
geração com 15 m2 de
painéis atingiu 279kWh, o
que permitiu exportar
energia para as
instalações adjacentes,
nestes momentos, o EV
tornou-se uma edificação
de energia positiva.
EDIFICAÇÃO ENERGIA POSITIVA
Desde a sua entrada em operação em 14 de
dezembro de 2011 até 14 de junho de 2012
(seis meses de operação) o sistema havia
gerado 1,3 MWh, o que permitia projetar a
geração para cerca de 2,6 MWh/ano

Energia gerada em cada mês de operação do SFCR do EV (KWh/mês)

Dez / 11 Jan / 12 Fev / 12 Mar /12 Abr / 12 Mai / 12 Jun / 12


(17 dias) (31 dias) (29 dias) (31 dias) (30 dias) (31 dias) (14 dias)

149,8 273,1 238,5 271,8 189,6 139,0 37,5

Mês KWh/mês

Jul / 12 – 157,5
Ago /12 – 195,8
Set /12 – 211,5
Out /12 - 198,5

Entre 01/01/2012 e 31/10/2012 (dez meses de


operação) gerou 1,99MWh, o que permite projetar a
geração para cerca de 2,5MWh para o ano de 2012.
Energia solar do EV e emissão de CO2

Geração de Energia Fotovoltaica em 34 Meses de Operação = 6.7 MWh

A média mensal de geração elétrica foi de 210 kWh

Considerando que o sistema integrado de geração elétrica no Brasil gera


cerca de 56g CO2/KWh

O Escritório Verde evita a emissão de cerca de 12kg de CO2 / mês

Em 34 meses foram evitados a emissão de cerca de 400 kg de CO2


Sistema Fotovoltaico Isolado (SFI) - 850 W ligado a baterias
O SFI do EV é composto por um painel de 10 módulos KYOCERA de
tecnologia de silício policristalino, modelo KC85T, sendo divido em dois
subsistemas, oito módulos formam um sistema com barramento CC em 24V,
e os outros dois módulos formam um sistema com barramento CC em 12V.
28 baterias chumbo-ácido de 60Ah Parceria LACTEC
Formação para Energia Fotovoltaica

Prof. Dr,. Jair Urbanetz –


Duas edições em 2012

Outubro 2011 – Blue Sol

3 Edição: 29 e 30 de abril de 2013


ESCRITÓRIO VERDE premiado pela UNU / ONU - Sustentabilidade

O Escritório Verde abriga a sede do “Centro Regional Integrado de


Expertise de Educação para o Desenvolvimento Sustentável CRIE_Curitiba”.
O centro foi aprovado pela Universidade das Nações Unidas (UNU) / Instituto
de Estudos Avançados em 2007 e faz parte de uma rede de mais de 100
centros espalhados pelo mundo

.
PRÊMIO SANTANDER 2012 Educação Ambiental com escolas

ESCRITÓRIO VERDE
UTFPR

1º lugar na Categoria
Sustentabilidade -
Destaque do Ano
Santander / Guia do
Estudante Ed. Abril
2012

Visitas
Internacionais
Governador do
Estado alemão
de Baden-
Württemberg
O Escritório Verde tem um parceria com a Fundação Vanzolini
(USP) para capacitação e consultoria para o processo AQUA de
certificação para construções sustentáveis

14 Categorias do Referencial QAE


Qualidade Ambiental do Empreendimento

GERENCIAR OS IMPACTOS SOBRE O CRIAR UM ESPAÇO INTERIOR SADIO E


AMBIENTE EXTERIOR CONFORTÁVEL

ECO-CONSTRUÇÃO CONFORTO
1 RELAÇÃO DO EDIFÍCIO COM O SEU ENTORNO 8 CONFORTO HIGROTÉRMICO

ESCOLHA INTEGRADA DE PRODUTOS,


2 9 CONFORTO ACÚSTICO
SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS

3 CANTEIRO DE OBRAS COM BAIXO IMPACTO 10 CONFORTO VISUAL


AMBIENTAL
11 CONFORTO OLFATIVO

ECO-GESTÃO SAÚDE
4 GESTÃO DA ENERGIA 12 QUALIDADE SANITÁRIA DOS AMBIENTES

5 GESTÃO DA ÁGUA 13 QUALIDADE SANITÁRIA DO AR

6 GESTÃO DOS RESÍDUOS DE USO E OPERAÇÃO 14 QUALIDADE SANITÁRIA DA ÁGUA


DO EDIFÍCIO
7 MANUTENÇÃO – PERMANÊNCIA DO DESEMPENHO
AMBIENTAL
CRIAÇÃO DO “SELO VERDE” PARA PRODUTOS
UTFPR E PARCEIROS
PREMISSAS
 Grande maioria dos produtos “verdes” são auto-
declarantes;
 Atuais selos de produtos “ecológicos” no Brasil
tem um caráter comercial;
 Existe demanda, por parte dos empresários, por
um selo verde que possua maior confiabilidade ;
 Um programa de rotulagem que imprima a
chancela de uma instituição federal
“greenwashing”

Tese de doutorado PPGTE (Nivaldo Gomes)


“Estudo da viabilidade de implantação de um
programa de rotulagem ambiental de produtos,
tendo a UTFPR como agente certificador”
Centro de Educação Ambiental
Mananciais da Serra - SANEPAR

Primeira edificação sustentável do


Estado do Paraná

Projeto: Dr.a Libia Patricia Peralta Agudelo


Arq. Marina Rodrigues
www.escritorioverdeonline.com.br

Obrigado!
eloy.casagrande@gmail.com

Tel: 41 3324-2343 / 9982-9747

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