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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÀRIDO

SOCIOLOGIA
ESTUDO DE TEXTOS TEÓRICOS

Prof. Dr. Thadeu de Sousa Brandão

1. O QUE É UM TEXTO?

O texto é obra humana, produto humano, e se expressa através dos mais variados
meios simbólicos: peças de teatro, filmes, televisão, pinturas, esculturas, literatura, poesia,
livros científicos e filosóficos, artigos de revistas e jornais, etc., etc., etc. Os textos são a
memória do homem enquanto ser-no-mundo e se constituem na herança que possibilita dar
continuidade à obra humana na História.
O autor do texto é o homem historicamente situado, que vive a experiência no
mundo com os homens, que participa do existir num tempo e num espaço específicos a
partir de determinadas condições econômicas, políticas, ideológicas e culturais. Enquanto
produto das suas relações com o mundo, é ao mesmo tempo produtor, que transforma o
mundo colocando algo de si, mesmo quando não existe o desejo intencional de fazê-lo.
O texto, a obra, é a expressão do viver, experienciar, participar; é o produto
colocado no mundo, tem a marca humana. É a manifestação do que o homem produz nos
vários campos das artes, da literatura, do saber. É carregada de significações... O texto
ilumina e esconde, obscurece o mundo e, ao mesmo tempo que pretende dar respostas aos
questionamentos suscitados pelos homens, levanta outras questões, outras perguntas.
Esclarece, obscurece...
A obra é histórica, sempre guarda um sentido subjacente; portanto, não é um objeto,
não é algo pronto, acabado, definitivo, absoluto. É um eterno fazer-se, o resultado do
conjunto de experiências que o homem vivencia na História.

2. O TEXTO TEÓRICO

O texto teórico é expressão humana através da palavra articulada – linguagem. É


através dela que expressa a sua vida. “... E entre os mais variados meios simbólicos de
expressão usados pelo homem, nenhum ultrapassa a linguagem, quer na flexibilidade e
poder comunicativos, quer na importância geral que desempenha. A linguagem molda a
visão do homem e o seu pensamento – simultaneamente à concepção que ele tem de si
mesmo e do seu mundo (não sendo estes dois aspectos tão separados como parecem). A
própria visão que tem da realidade é moldada pela linguagem”.
s textos teóricos são as obras que expressão um conhecimento do mundo e que se
diferenciam de outras expressões simbólicas, e mesmo de outras expressões do
conhecimento, à medida que são sistematizados, organizados, metódicos. Expressam os
saberes produzidos pelos homens ao longo da História e refletem infinitas posições a
respeito das questões suscitadas no enfrentamento com a natureza, com os homens e com a
própria produção do saber. Como toda obra humana, são imprimidos pela marca da
historicidade, “carregam” os significados impressos pelo tempo e espaço em que são
produzidos. “Expressam o enfrentamento de seus autores com o mundo.” Traduzem as
angústias, os problemas, as questões que são suscitadas pelo mundo e que desafiam os
homens, autores dos textos, das obras.
A sistematização, organização e metodização dos saberes expressos nos textos
teóricos resultam de um processo de construção ao longo da História em que os pensadores,
cientistas, foram definindo caminhos, sempre na tentativa de encontrar o eixo possível de
“esgotamento” de explicação do real. Mas, não se pode esquecer: o que ilumina, também
“faz” sombras...

3. A RELAÇÃO AUTOR – TEXTO – LEITOR

A leitura não pode se reduzir a um conjunto de regras de explicação de um texto,


como se ele fosse um objeto pronto, acabado, a ser assimilado pelo leitor. O texto “é uma
voz humana, uma voz do passado à qual temos, de certo modo, que dar vida”. O abrir-se ao
texto pressupõe o diálogo com o seu autor, exige o “ouvir” a sua palavra, o seu mundo, a
compreensão dos significados nele implícitos.
A leitura de um texto pressupõe objetivos, intencionalidade... O leitor, ao se dirigir
ao texto, está preocupado em responder às questões suscitadas pelo seu mundo e, através do
enfrentamento das posições assumidas pelo autor, busca encontrar pistas que o auxiliem no
desvendamento de sua realidade. É somente neste encontro histórico, onde experiências
diferentes se defrontam, que é possível a compreensão e interpretação de textos. “Assim as
humanidades alcançam uma medida mais cheia de autoconhecimento e uma melhor
compreensão do caráter de sua tarefa”4. Neste sentido, compreender o texto é tomá-lo a
partir de um determinado horizonte, da perspectiva de quem se sente problematizado por
ele, e a partir daí deixar-se “possuir” por ele.

4. A LEITURA DE TEXTOS TEÓRICOS

Os textos teóricos se constituem em instrumentos privilegiados da vida de estudos


na Universidade, pois é através deles que os estudantes se relacionam com a produção
científica e filosófica, é através deles que se torna possível participar do universo de
conquistas nas diversas áreas do saber. É por isso que aprender a compreendê-los se coloca
como tarefa fundamental de todos aqueles que se dispõem a decifrar melhor o seu mundo.
Compreender, interpretar, significa ir além da simples dissecação a que se reduz o
formalismo das técnicas de leitura que normalmente afastam, distanciam o leitor da obra.
Para penetrar no conteúdo de um texto é necessário Ter em mente, em primeiro
lugar, o objetivo do estudo do mesmo, sem o qual há o risco da leitura esvaziar-se de
significado. É imprescindível Ter claro as questões, os problemas que podem ser
desvelados no enfrentamento com o texto, assim como partir do princípio de que ele tem
algo a dizer ao leitor.
Em seguida, é preciso localizá-lo no tempo e no espaço. Quem é o seu autor?
Quando o escreveu? Quais as condições da época em que produziu sua obra? Quais as
principais características de seu pensamento? Quais as influências que recebeu e também
exerceu?
De posse desses elementos é possível elaborar a primeira etapa da leitura, cujo
objetivo é preparar o texto para a compreensão, verificando as dificuldades no
entendimento da linguagem empregada, dos conceitos apresentados pelo autor. Sugere-se a
demarcação dos conceitos, das doutrinas desconhecidas, dos autores citados e, após a
leitura, a consulta aos dicionários, enciclopédias, manuais, para a explicitação, sem o que
torna difícil a compreensão da mensagem do autor.
É necessário reconstruir a experiência mental do autor, captando antes o todo, para
depois dedicar atenção às partes do texto. É por isso que um segundo momento da leitura
tem como objetivo adquirir uma visão de conjunto do que é tratado no texto, atentando para
os temas e subtemas desenvolvidos, o que possibilita a elaboração de um esquema das
idéias do autor, seguindo, para isso, a ordem lógica de exposição das mesmas.
Nesta etapa, em que o leitor fundamentalmente “ouve” a palavra do autor, é necessário
verificar se a compreensão das idéias está sendo atingida. Para isso o leitor pode se dirigir
ao texto perguntando:

1º) Qual o assunto tratado?


Para responder a esta pergunta é necessário apontar o tema abordado no texto entre a
infinidade desenvolvida pela cultura humana.

2º) Qual o problema central levantado pelo autor?


Considerando que o autor questiona, problematiza o seu mundo, trata-se de verificar a
pergunta central levantada pelo texto em estudo.

3º) Diante do problema levantado, qual a posição assumida pelo autor?


O autor, a partir do questionamento, apresenta uma resposta, que se constitui no seu modo
de encarar o problema levantado, o seu ponto de vista..

4º) Quais os argumentos apresentados que justificam a posição assumida pelo autor?
É necessário apontar todos os argumentos apresentados, as idéias que confirmam a tese, a
posição do autor diante do problema levantado.

5º) Quais os argumentos secundários apresentados pelo autor?

Além dos argumentos centrais, os autores podem desenvolver outros que se


constituem em reforço das justificativas apresentadas. A partir deste trabalho é possível
expressar, traduzir a compreensão das idéias do autor através da elaboração do Resumo ou
Fichamento, no qual o estudante elabora uma redação (com o seu próprio vocabulário)
apresentando os principais momentos do texto.
O estudo de textos, na perspectiva aqui desenvolvida, exige como condição prévia
este “ouvir” o autor, mas este trabalho só se realiza plenamente no processo de diálogo, na
interpretação, que possibilita o confronto (encontro histórico) entre autor-leitor,
mediatizados pela obra. É o momento mais importante do estudo, pois trata-se de “ir além”
do texto, de refletir sobre a perspectiva abordada pelo autor, de verificar a contribuição da
mesma para o aprofundamento do assunto e compreensão da realidade.
Partindo da concepção aqui apresentada sobre o significado do texto enquanto obra
humana, é o momento do leitor levantar as suas questões par ao texto, as suas angústias.
Trata-se de reconstruir o texto a partir de sua própria condição de ser-no-mundo, de
desenvolver a “sua leitura” do texto, a partir de “sua leitura”, do mundo, de suas
preocupações, de seus questionamentos a partir de suas experiências, que na maior parte
das vezes não coincidem com as do autor. É necessário trabalhar profundamente com os
argumentos apresentados, descobrindo os pressupostos (históricos, ideológicos,
epistemológicos) neles presentes, confrontando-os com outras posições. Daí a necessidade
da leitura de outros textos sobre o tema, de outras abordagens, de outros pontos de vista.
Nesta perspectiva, o estudo de textos teóricos exige disciplina, rigor, seriedade,
condições conquistadas no próprio processo de desenvolvimento teórico pessoal, na
atividade constante de busca que deve estar presente no cotidiano da
vida de todos aqueles que pretendem deixar a “sua marca” (por mínima que seja) na
História.

5. ALGUMAS SUGESTÕES PARA A REDAÇÃO DE TRABALHOS A PARTIR DO


ESTUDO DE TEXTOS TEÓRICOS

As orientações aqui apresentadas são sugestões destinadas à apresentação de


trabalhos a partir do estudo de textos teóricos. Não pretendem ser a única palavra possível
sobre o assunto, mas tão-somente um instrumental destinado principalmente àqueles
estudantes, iniciantes na vida acadêmica, que encontram dificuldades na elaboração deste
tipo de atividade acadêmica.

5.1. O esquema

A elaboração do esquema se faz necessária na primeira abordagem do texto teórico,


quando o leitor necessita adquirir a visão de conjunto dos temas e subtemas desenvolvidos
pelo autor.
Como atividade acadêmica, normalmente é exigido pelos professores como parte do
trabalho em torno do texto em seminários ou outras atividades acadêmicas que exigem uma
preparação prévia dos participantes.

Procedimentos:

1) Durante a fase inicial da leitura grifar (sublinhar) as “palavras-chave” dos parágrafos.


Cada parágrafo que compõe o texto se constitui num momento de desenvolvimento do
raciocínio, no desdobramento da argumentação, na apresentação de idéias ou conceitos que,
no seu conjunto, demonstram a posição assumida pelo autor. Para a compreensão do texto
em sua globalidade é necessário Ter clareza nas idéias apresentadas nos parágrafos. São as
“palavras-chave”.
Para o levantamento destas pode-se proceder da seguinte forma:
- Pergunta-se: De que fala o parágrafo?
- Deve-se grifar estas palavras.
Os textos, via de regra, apresentam vários parágrafos que tratam do mesmo conceito, sendo
assim, grifa-se apenas quando este aparece pela primeira vez.
Importante: não confundir as “palavras-chave” com as idéias que exercem maior atração,
maior interesse por parte do leitor. Estas devem ser destacadas na fase posterior da leitura,
no momento da interpretação do texto.
2) A partir do levantamento das “palavras-chave” nos parágrafos, elabora-se o Esquema
destas idéias.
Os textos teóricos normalmente apresentam a seguinte estrutura lógica:
a) Introdução (composta pelos primeiros parágrafos) – onde o autor apresenta o assunto, o
problema levantado em torno dele e a posição que defende a partir do problema.
b) Desenvolvimento – neste o autor apresenta os argumentos que justificam a posição
assumida.
c) Conclusão (últimos parágrafos) – nesta o autor “fecha” o texto apresentando o resultado
de sua pesquisa. Para elaborar o Esquema é necessário detectar os parágrafos onde o autor
introduz, desenvolve e conclui o texto. Em seguida apontar em cada uma destas partes as
“palavras-chave” grifadas, que, no seu conjunto, constituem o esquema do raciocínio lógico
do autor, possibilitando, assim, a “visão do todo” do texto.
O Esquema pode ser elaborado a partir do vocabulário utilizado pelo autor do texto.

OBS: Sublinhar e Resumir

→Cada texto, capítulo, subdivisão ou mesmo parágrafo têm uma idéia principal, um
conceito fundamental, uma palavra-chave, que se apresenta como fio condutor do
pensamento. Como geralmente não se destaca do restante, descobri-lo é à base de toda a
aprendizagem. Ao descobrir, concretizar e formular as idéias diretrizes dos parágrafos
encontra-se todo o fio condutor que dá unidade ao texto, que desenvolve o raciocínio, que
demonstra as proposições.
→ O bom leitor utiliza o recurso de sublinhar, de assinalar com traços verticais às margens,
de utilizar cores e marcas diferentes para cada parte importante do todo. Algumas noções
básicas da arte de sublinhar podem ser sintetizadas:

a) nunca assinalar nada na primeira leitura, cuja finalidade é apenas organizar o texto na
mente, de forma hierarquizada, para depois destacar o mais importante;

b) sublinhar apenas as idéias principais e os detalhes importantes, usando dois traços para
as palavras-chave e um para os pormenores mais significativos, a fim de destacar as
primeiras;

c) quando aparecem passagens que se configuram como um todo relevante para a idéia
desenvolvida no texto, elas devem ser inteiramente assinaladas com uma linha vertical, à
margem. Da mesma forma, passagens que despertam dúvidas, que colidem com o tema
exposto e as proposições que o apóiam devem ser assinaladas com um ponto de
interrogação, pois constituem material-base para a leitura explicativa, onde sua veracidade
será testada, interpretada e confrontada com outros textos. O que consideramos passível de
crítica, objeto de reparo ou insustentável dentro do raciocínio desenvolvido, deve ser
destacado mediante uma interrogação;

d cada parágrafo deve ser reconstituído a partir das palavras sublinhadas, e sua leitura tem
de apresentar a continuidade e a plenitude de um texto de telegrama, com sentido fluente e
concatenado;
e) cada palavra não compreendida deve ser entendida mediante consulta a dicionários e, se
necessário, seu sentido anotado no espaço intermediário, para facilitar a leitura. Também é
aconselhável que a leitura não seja interrompida diante da dúvida relativa a uma palavra,
pois o texto que se segue muitas vezes esclarece qual dos sentidos, apontados no dicionário,
mais convém no caso particular. Assim, durante a primeira leitura deve-se anotar os termos
e, antes da segunda, consultar a fonte que esclarecerá o sentido deles. Nunca é demais
repetir que a leitura é um dos meios para ampliar o vocabulário.
→Depois de assinalar,devemos proceder à elaboração de um esquema: a elaboração de um
esquema fundamenta-se na hierarquia das palavras, frase e parágrafos-chave que,
destacados após várias leituras, devem apresentar ligações entre as idéias sucessivas para
evidenciar o raciocínio desenvolvido.

→Dessa forma, um resumo consiste na capacidade de condensação de um texto, parágrafo,


frase, reduzindo-o a seus elementos de maior importância. Diferente do esquema, o resumo
forma parágrafos com sentido completo: não indica apenas os tópicos, mas condensa sua
apresentação. Por último, o resumo facilita o trabalho de captar, analisar, relacionar, fixar e
integrar aquilo que se está estudando, e serve para expor o assunto, inclusive em uma
prova.

5.2. O fichamento

O fichamento é um trabalho que consiste em apresentar por escritor a compreensão


do texto estudado. Deve-se elaborar uma redação resumida, a partir das questões levantadas
na fase de compreensão do texto (assunto, problema, posição do autor e argumentos), com
vocabulário próprio e estruturação lógica (Introdução, Desenvolvimento e Conclusão).
Daí que, o fichamento consiste em armazenar em fichas informações relevantes para a
pesquisa. Ao conjunto de fichas denominamos arquivo.
“FICHAMENTO” é uma forma de investigação que se caracteriza pelo ato de fichar
(registrar) todo o material necessário à compreensão de um texto ou tema. Para isso, é
preciso usar fichas que facilitam a documentação e preparam a execução do trabalho. Não
só, mas é também uma forma de estudar / assimilar criticamente os melhores texto / temas
de sua formação acadêmico-profissional.
Este trabalho pressupõe a anotação. Anotação é um procedimento de seleção de dados
para futura utilização. Uma das características marcantes de uma anotação adequada é
permitirem a redação. Deste modo, elas não podem ser sintéticas demais, a ponto de serem
incompreensíveis. Muitas vezes queremos reduzir a informação e usamos códigos que não
são lembrados posteriormente, inviabilizando a escritura a partir deles.

As notas podem ser:

 Corridas quando são registrados apenas as palavras-chave.


 Esquemáticas quando se reproduz a ordenação hierárquica das partes.
 Resumitivas quando se tentam a condensação do conteúdo.

As fichas compreendem:
 Cabeçalho, corpo da ficha e referências bibliográficas.
 O cabeçalho engloba título genérico ou específico e letra indicativa da seqüência
das fichas se for utilizada mais de uma.
 O corpo da ficha engloba as informações propriamente ditas.
 A referência equivale à indicação da fonte bibliográfica do material.
 Outro elemento de informação é a fonte, ou seja, a indicação da procedência do
material.

Para tornar o uso da biblioteca mais produtivo, apresenta-se um método para tomar notas:

 Antes de começar a tomar nota, folhear a fonte de referência. É básica uma visão do
conjunto antes de se poder decidir o material a ser recolhido e usado.
 Manter em cada ficha um tema ou título determinado. Colocar o tema na parte
superior da ficha e, na parte inferior fazer a citação bibliográfica completa.
 Incluir somente um tema am cada ficha e, se as notas são extensas, usar várias
fichas numeradas consecutivamente.
 Antes de guardá-las, ter a certeza de que as fichas estão completas e são
compreendidas com facilidade.
 Fazer distinção entre resumo, citação direta do autor, referência à fonte do autor e a
expressão avaliadora pessoal de quem faz a ficha.
 Copiar cuidadosamente as notas da primeira vez, sem fazer projeto de passar a
limpo e nem de tornar a copiar, pois isto é perda de tempo e dá a possibilidade a
erros e confusões.
 Para onde for, levar consigo alguma ficha: pode surgir alguma idéia de repente.

 Cuidado para não perder as fichas.


 Procurar guardar as fichas sempre em ordem.

As clássicas fichas de cartolina têm perdido espaço para programas de computador que
garantem economia de trabalho e tempo. A vantagem de se fichar o conteúdo em
computador é a facilidade de transposição delas para o texto. Basta digitar o dado a ser
anotado para um arquivo de documento e copiá-lo e colá-lo ao texto do pesquisador quando
for conveniente. Além disto, qualquer arquivo de documento pode ser impresso e
catalogado como se fosse uma ficha comum.

Um fichamento completo deve apresentar os seguintes dados:

1. Indicação bibliográfica – mostrando a fonte da leitura (cf. ABNT)


2. Resumo – sintetizando o conteúdo da obra. Trabalho que se baseia no esquema (na
introdução pode fazer uma pequena apresentação histórica ou ilustrativa).
3. Citações – apresentando as transcrições significativas da obra.
4. Comentários – expressando a compreensão crítica do texto, baseando-se ou não em
outros autores e outras obras.
5. Ideação – colocando em destaque as novas idéias que surgiram durante a leitura
reflexiva.
Fichamento de transcrição

A transcrição direta exige a colocação de aspas no início e no final do texto. Consiste na


reprodução fiel de textos do autor citado. Se já houver no texto transcrito expressão
aspeada, tais aspas devem ser transformadas em aspas simples.
Indica-se o número da página de onde foi transcrito o texto. Se houver erros de grafia
ou gramaticais, copia-se como está no original e escreve-se entre parênteses (sic).
A supressão de palavras é indicada com três pontos entre parênteses. Supressões iniciais
ou finais não precisam ser indicadas ; A supressão de um ou mais parágrafos intermediários
é indicada por uma linha pontilhada ; Ao transcrever um texto é preciso rigor, observando
aspas, itálicos, maiúsculas, pontuação, etc. Não se deve alterar o texto de nenhuma forma.

5.3. A síntese pessoal

A síntese pessoal é o momento culminante do estudo de textos, pois se desenvolve a


partir da interpretação do texto básico. Pressupõe desta forma as fases anteriores do estudo
(preparação e compreensão).
É uma reconstrução mais livre do tema abordado no texto básico o que pressupõe o
diálogo com o autor, o questionamento das posições assumidas e a relação destas com
outras abordagens. É um trabalho que consiste basicamente em apresentar a “palavra do
leitor”, a sua posição frente às questões desenvolvidas, o que exige estudos aprofundados e
fundamentalmente “olhos críticos” para o mundo.

5.4. A resenha de textos

A leitura, a compreensão e o fichamento de textos científicos são os primeiros


recursos metodológicos que utilizamos para a realização de trabalhos acadêmicos;
pressupondo um contacto mais rigoroso com o material didático normalmente utilizado na
Universidade, constituem os primeiros passos em direção a uma postura crítica em relação
aos temas abordados nas várias disciplinas.
Esta formação inicial pode ser completada com a elaboração de resenhas de textos.
O principal objetivo da resenha é elaborar comentários sobre um texto, para
publicação ou divulgação; como atividade acadêmica, é utilizada para que o educando se
familiarize com a análise dos argumentos utilizados para se demonstrar/provar/descrever
um determinado tema. Pressupõe uma leitura rigorosa do texto e deve conter:

1. informações gerais sobre o texto;


2. comentários sobre a idéia central do texto;
3. comentários sobre o plano de assunto do texto;
4. comentários pessoais e críticas.
Inicialmente, deve-se identificar autor, época em que o texto foi redigido, tecendo
um breve comentário para se compreender os objetivos do texto e sua idéia central. A
seguir, deve-se sintetizar cada parte do plano de assunto (no caso de livros, cada capítulo)
na mesma sequência lógica em que se apresenta, num esforço pessoal de reflexão sobre os
elementos fornecidos pela análise do texto.
Quanto aos comentários pessoais, analisar a importância do texto, comentar a sua
influência dentro da área a que pertence e as consequências mais significativas de sua
publicação.
Na crítica, deve-se levar em consideração os aspectos referentes à publicação do
texto, à revisão textual, atualização de gráficos e tabelas, atualização da bibliografia
utilizada pelo autor, bem como à sequência lógica e organização do texto.
É fundamental que o educando estabeleça um “diálogo” com o autor, identificando
os pressupostos teóricos que orientam o texto, assim como os argumentos que o autor
“teceu” em torno da idéia central.
Uma resenha deve ser sintética, aproximadamente de 3 a 5 folhas digitadas.

6. Referências Bibliográficas

BASTOS, Cleverson Leite; KELLER, Vicente. Aprendendo a Aprender – Introdução à


Metodologia Científica. Petrópolis: Editora Vozes, 10a ed, 1998.
CARVALHO, Maria Cecília M de. Construindo saber: técnicas de metodologia
científica. Campinas. Papirus, 2ª ed, 1989.
CERVO, Amando Luiz & BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia Científica. 4ª ed. São
Paulo: MAKRON, 1996.
DEMO, Pedro. Metodologia científica em ciências sociais. 2ed São Paulo: Editora Atlas,
1989.
GIL, Antônio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 5ª ed. São Paulo: Editora
Atlas, 1999.
GOHN, Maria da Glória Marcondes. A pesquisa das ciências sociais; considerações
metodológicas. In: Pesquisa participante em educação. Caderno CEDES. São Paulo:
Editora Cortez. 1987.
LAKATOS, Eva Maria & MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de Metodologia
Científica. São Paulo: Atlas, 3ª ed, 1991.
LUNGARZO, Carlos. O que é ciência? São Paulo: Editora Brasiliense, 1989.
SKEFF, Alvisto. O prazer de escrever. Fortaleza: Geração 2000, 1993.
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico.. São Paulo: Cortez,
20a Ed,1996.

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