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Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

campus Poços de Caldas


Arquitetura e Urbanismo

PROJETO DE ALOJAMENTO ESTUDANTIL EM GOVERNADOR VALADARES -


MINAS GERAIS

Ana Lívia Santos (analivialfos@gmail.com)


Estela Silva Ramos (estela.ramos@sga.pucminas.br)
Leonardo Diniz (leonardodiniz1997.ldv@gmail.com)
Arquitetura Bioclimática

RESUMO: Neste documento abordaremos os obstáculos e soluções do alojamento estudantil projetado para a
cidade de Governador Valadares - MG e as estratégias bioclimáticas que foram utilizadas para que haja uso
eficiente de luz natural e dos ventos predominantes para a criação de melhor conforto térmico e bem-estar
do público alvo. A eficiência energética e conforto do usuário foram os principais fatores levados em
consideração.

Palavras-chave: bioclimática, temperatura, alojamento estudantil;

1. INTRODUÇÃO

Como foi definido em sala de aula com todos os alunos, ficamos responsáveis pela produção de
um projeto eficiente energeticamente, baseado no que aprendemos no início no semestre nas aulas
de Arquitetura Bioclimática. A proposta para todos foi de um alojamento estudantil em um terreno
genérico, ficando cada grupo com uma cidade e, consequentemente, contando com diferentes
estratégias bioclimáticas para cada uma. Nosso grupo foi encarregado de projetar para a cidade de
Governador Valadares.

1.1. Público alvo e Moradia

O público alvo para todos os grupos é o mesmo: cerca de 300 estudantes universitários. A
prioridade do nosso grupo foi criar apartamentos, divididos em que abrigam 2, 4, 5 e 6 moradores,
tendo uma junção das atividades fisiológicas humanas básicas em cada um e utilizando medidas
mínimas, visto que o público alvo não permaneceria tanto tempo durante o dia na habitação.

2. PARTIDO E REFERÊNCIAS ARQUITETÔNICAS


Tomando como partido a própria topografia e as situações bioclimáticas pelas quais ficamos
designados, buscamos referências que possuíssem cenário bioclimático e arquitetônico semelhante
ao do nosso projeto. Quatro propostas nos influenciaram muito na criação do nosso projeto:
Moradia Estudantil da Unifesp Osasco - Bacco Arquitetos Associados (Figura 1), Moradia Estudantil
da Unifesp São José dos Campos - Arquitetos Associados (Figura 2), Moradia Estudantil da Unifesp
São José dos Campos / Zanatta Figueiredo + Talita Broering (Figura 3) e Hotel Vila Amazônia em
Manaus - AMZ arquitetos (Figura 4).
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Figura 1

Figura 2

Figura 3 Figura 4
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3. ZONA E ESTRATÉGIAS BIOCLIMÁTICAS


Buscando melhores estratégias que se adequassem ao nosso projeto, utilizamos os
conhecimentos adquiridos durante as aulas, os softwares que nos foram apresentados e sites que
muito nos ajudaram para a escolha de metodologias para a implantação das estratégias que
realmente fossem eficientes.
Os dados do gráfico abaixo foram retirados do site projeteee.mma.gov.br e contêm informações
das condições de conforto da cidade de Governador Valadares e, à partir delas, trabalhamos para
buscar melhores soluções que fossem eficazes durante todas as estações do ano.

De acordo com a Parte 3 da NBR 15220, que diz respeito ao desempenho térmico de edificações,
Governador Valadares está inserida na Zona Bioclimática 5, e as melhores estratégias para essa zona
são as listadas nos itens a seguir:

3.1. Insolação e Sombreamento

Como a maior superfície dos edifícios projetados está orientada para o Norte e há janelas e
portas nesta face, houve a necessidade de sombrear essa região para que não haja iluminação
natural em excesso, de modo que não incomode os usuários e não superaqueça os ambientes.
Como solução, orientamos os corredores para esta face (Norte), deixando um espaço com 2
metros de largura, semi-aberto para que ainda haja ventilação e sombreie os cômodos, servindo
como um brise-soleil horizontal infinito (Figura 5). Essa barreira tem total eficiência, pois causa um
sombreamento nos horários de maior intensidade de luz solar, uma das maiores necessidades que
projetos na cidade de Governador Valadares devem ter.

Figura 5

3.2. Ventilação Natural


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Para melhor conforto térmico e eficiência energética, o uso de ventilação natural é a melhor
opção. Com a renovação do ar interno pelo ar externo através de ventilação cruzada, os ambientes
são desumidificados e há circulação constante do ar. Isso resulta no resfriamento dos ambientes,
amenizando o calor que ocorre externamente.

Exemplo de ventilação cruzada que utilizamos nos edifícios.


A diferença de pressão move o ar fresco no interior do ambiente.

Um cuidado que tivemos foi nos atentarmos ao vento predominante na região, e aquele que
ocorre com maior frequência é aquele vindo do Norte e, sua intensidade varia de 0 à 2 metros por
segundo.

Retirado de http://projeteee.mma.gov.br/dados-climaticos/

3.3. Vedações

Uma edificação que tenha elevada inércia térmica consequentemente tem uma diminuição de
amplitudes térmicas internas e um atraso térmico no curso do calor devido a sua capacidade de
armazenar o mesmo.
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O uso de paredes (externas e internas) e coberturas com maiores massas térmicas contribui para
conservar o interior dos edifícios mais aquecido, de forma que o calor obtido no interior da
edificação durante o dia seja devolvido para o exterior durante a noite, momento em que a
temperatura externa diminui. Esse fenômeno de retenção de calor pelo material é conhecido como
inércia térmica.

Quanto maior a inércia térmica maior calor será retido.

Ainda seguindo a NBR 15220, temos como melhor opção para vedação de parede uma que seja
leve refletora e, para cobertura, que seja leve isolada pois são as mais indicadas para a região que
nosso projeto foi planejado. Levando em consideração sua transmitância (o inverso da resistência
total do fechamento, ou seja, a parcela de luz que atravessa e/ou é absorvida pelo material),
optamos pelo seguinte componente para vedação de parede:
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3.4. Consumo e Geração de Energia

Pensando em um consumo eficiente e utilização de uma energia limpa, colocamos neste projeto
placas solares para a captação de raios UV para gerar energia solar, poderíamos utilizá-las no
aquecimento da água tanto do chuveiro quanto das torneiras dos alojamentos, também poderíamos
usar para a eletricidade e nos dias frios quando o consumo de energia se torna maior, iríamos
perceber um menor gasto financeiro comparado caso não houvesse este tipo de equipamento.

3.5. Microclima

Podemos perceber a grande influência que macroclima e o mesoclima tem no ambiente que a
edificação é inserida e, com isto, criamos um microclima utilizando vegetação e árvores para compor
o espaço do alojamento. As árvores para fazer o sombreamento, interceptando grande parte da
radiação solar na área, refrescando o local. A inserção das árvores, a orientação dos edifícios junto
com a topografia modificada, fazem com que o caminho do vento percorre por todo o complexo,
arejando todos os pontos do terreno.

4. MEMORIAL DESCRITIVO
Modelamos o terreno da implantação criando dois taludes para melhor aproveitamento das
massas de terra, um ao meio do terreno e outro no final.
Na parte baixa do terreno, antes do primeiro talude (de altura de 3 metros em relação ao nível
da rua), inserimos o primeiro edifício de apartamentos, que faz esquina com a rua lateral esquerda e
a inferior. Possui 3 pavimentos, encontrando 8 dormitórios em cada e abrigando no máximo 6
pessoas por dormitório, exceto aqueles que foram adaptados. Orientados para o sudoeste, estão os
quartos adaptados para deficientes e cadeirantes, um em cada pavimento, esses abrigam 5 pessoas.
Neste edifício, a maior quantidade de moradores, é de um total de 141 pessoas.
O segundo edifício, localizado acima do primeiro talude, possui 8 apartamentos e 3 pavimentos,
abrigando 4 pessoas por dormitório, está localizado perto da rua lateral esquerda. Aqui há espaço
para 96 estudantes residirem.
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Já o terceiro edifício que fica na parte superior do primeiro talude e no canto direito do terreno,
possui também 3 pavimentos, sendo os dois primeiros com 8 dormitórios para 4 pessoas cada, e o
terceiro pavimento com 8 dormitórios, porém cada um abrigando 2 pessoas. Ficando, ao total, com
80 moradores.
Cada um desses edifícios possui uma ampla sala de estudos no pavimento térreo e, acima desse
pavimento, uma lavanderia comunitária onde, na sua parede externa, encontra-se painés para a
aplicação de um jardim vertical. A circulação vertical é feita por escadas e elevadores. Todos os
dormitórios são equipados com banheiro e uma pequena cozinha que possui cooktop, armários para
armazenar alimentos, pia e frigobar.
Há também um refeitório destinado para todos os estudantes, implantado na parte inferior
direita do terreno e possui 2 pavimentos, este, porém, suporta ao máximo 124 pessoas sentadas.
Todos os edifícios são conectados por corredores e escadas cobertos, visando melhor comodidade
para aqueles que ali habitarem. Os espaços sem edificação foram pensados como amplas áreas
verdes destinadas para lazer e convívio social.

REFERÊNCIAS :

LAMBERTS, R; DUTRA, L; PEREIRA, F. Eficiência Energética na Arquitetura. São Paulo: PW Editores. 1997

https://www.archdaily.com.br/br/767877/5-degrees-lugar-no-concurso-para-moradia-estudantil-da-unifesp-
osasco-bacco-arquitetos-associados

https://www.archdaily.com.br/br/766476/primeiro-lugar-no-concurso-para-moradia-estudantil-da-unifesp-
sao-jose-dos-campos-arquitetos-associados

https://www.archdaily.com.br/br/768962/proposta-finalista-do-concurso-para-a-moradia-estudantil-da-
unifesp-sao-jose-dos-campos-zanatta-figueiredo-plus-talita-broering

https://amzarquitetos.com/projeto/58/hotel_em_manaus/

http://projeteee.mma.gov.br

http://www.labeee.ufsc.br/sites/default/files/projetos/normalizacao/Termica_parte3_SET2004.pdf

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