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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO

SUL – UNIJUÍ

NÚCLEO DE TECNOLOGIAS

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

GISELI MENDES AGUIAR FIN

INFLUÊNCIA DOS TIPOS DE TELHADOS NO CONFORTO TÉRMICO DE UMA


EDIFICAÇÃO

Ijuí, RS
2023
GISELI MENDES AGUIAR FIN

INFLUÊNCIA DOS TIPOS DE TELHADOS NO CONFORTO TÉRMICO DE UMA


EDIFICAÇÃO

Projeto de pesquisa apresentado como requisito


para aprovação na disciplina de Trabalho de
Conclusão de curso de Engenharia Civil da
Universidade Regional do Noroeste do Estado
do Rio Grande do Sul.

Orientadora: Ma. Lia Geovana Sala

Ijuí, RS
2023
RESUMO

O projeto tem como objetivo analisar o desempenho térmico de três tipos de


coberturas residenciais e comparar suas vantagens e desvantagens. O embasamento
teórico aborda conceitos de clima, fatores arquitetônicos para o desempenho térmico
e normas brasileiras de conforto térmico. A pesquisa será realizada em Ijuí, RS, e as
coberturas serão avaliadas considerando as condições climáticas da região.

Palavras-chave: Desempenho térmico. Coberturas. Normas de conforto térmico.


Lista de figuras:

Figura 1: Zoneamento bioclimático brasileiro.......................................................8


Figura 2- Exemplos de paredes adequados às diferentes zonas bioclimáticas
brasileiras..............................................................................................................9
Figura 3 - Exemplos de coberturas adequados às diferentes zonas bioclimáticas
brasileiras............................................................................................................10
Figura 4 – Seção transversal – telha fibrocimento..............................................12
Figura 5 – modelos de telhas de PVC.................................................................15
SUMÁRIO

1 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO........................................... 3


2 TEMA E PROBLEMA ................................................................................ 3
3 OBJETIVOS .............................................................................................. 4
3.1 Objetivo Geral ............................................................................................ 4
3.2 Objetivos Específicos ................................................................................. 4
4 JUSTIFICATIVA ........................................................................................ 4
5 EMBASAMENTO TEÓRICO ..................................................................... 5
5.1 Clima e Tempo........................................................................................... 5
5.2 Fatores Arquitetônicos Para Desempenho Térmico .................................. 6
5.3 Normas Brasileiras De Conforto Térmico .................................................. 7
5.4 Análise Das Coberturas ........................................................................... 11
5.4.1 Telha De Fibrocimento .......................................................................... 12
5.4.2 Telha De Ploricloreto De Vinila (Pvc) ................................................... 14
5.4.3 Telha Cerâmica ...................................................................................... 15
6 METODOLOGIA ...................................................................................... 16
6.1 Etapas Da Pesquisa ................................................................................ 16
7 CONCLUSÃO .......................................................................................... 18
REFERÊNCIAS................................................................................................ 19
3

1 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO

O Projeto do Trabalho de Conclusão de Curso descrito a seguir, será


desenvolvido pela acadêmica do curso de graduação de Engenharia Civil, Giseli
Mendes Aguiar Fin, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande
do Sul - UNIJUÍ, sob a orientação da Professora Ma. Lia Geovana Sala, na área de
conforto térmico.

2 TEMA E PROBLEMA

Acompanha-se um aumento significativo no consumo elétrico nas residências,


esse aumento se justifica pela necessidade cada vez maior da utilização de
equipamentos de resfriamento e aquecimento, uma das razões para o aumento dessa
demanda do setor residencial é a deficiência do desempenho térmico das habitações
brasileiras. Quando se trata da forma da edificação, Romero (apud Nakamura, 2006),
apresenta as seguintes “regras” para a melhoria das condições ambientais internas:
a) a concepção alongada favorece o acesso de luz natural e propicia
ventilação natural cruzada;
b) utilizar cobertura dupla ou com maior isolamento térmico;
c) proteger as aberturas contra chuvas;
d) criar zonas climáticas: localização dos núcleos de serviços (banheiros,
escadas, elevadores) na orientação com maior incidência de radiação solar,
proporcionando proteção e isolamento às demais áreas;
e) quando a edificação possuir mais de um pavimento, projetar sombra
sobre os pisos inferiores;
f) evitar fachadas planas e “paredes” de vidros de pouca espessura;
g) aproveitar os ventos para ventilação natural.
O presente trabalho irá se ater no que condiz as coberturas, e como as
mesmas influenciam no conforto térmico das edificações. Pois sabemos que a melhor
razão para condicionar mecanicamente os edifícios é criar condições térmicas
4

adequadas para os ocupantes (AMERICAN SOCIETY OF HEATING,


REFRIGERATING AND AIR-CONDITIONING ENGINEERS, 2001).
Com objetivo de analisar o desempenho de três modelos de coberturas com
larga utilização nas edificações, serão confeccionados três protótipos de edificação
com os seguintes tipos de coberturas:
a) Telha de fibrocimento de 6mm;
b) Telhado de ploricloreto de vinila (PVC);
c) Telha cerâmica.

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

O objetivo geral deste trabalho é fazer uma análise comparativa entre o


desempenho térmico de coberturas residenciais projetados com telha de fibrocimento,
telha, telha de ploricloreto de vinila e telha cerâmica em três protótipos de mesmas
características construtivas.

3.2 Objetivos Específicos

a) Desenvolver uma análise técnica das características de cada tipo de


cobertura;
b) Realizar análise do desempenho térmico dos tipos de cobertura;
c) Pesquisar os conceitos e normativas quanto ao conforto térmico;
d) Analisar viabilidade da utilização de cada tipo de cobertura;
e) Comparar vantagens e desvantagens de cada tipo de cobertura;

4 JUSTIFICATIVA

Quando se fala em conforto térmico é necessário levar em consideração um


5

ambiente adequado ao usuário, pois o organismo humano é homeotérmico podendo


ser comparado a uma máquina térmica — onde sua energia é conseguida através de
fenômenos térmicos, sendo que aproximadamente apenas 20% dessa energia é
transformada em potencialidade de trabalho, e o restante se transforma em calor
paraque o organismo seja mantido em equilíbrio (FROTA, SCHIFFER, 2001).
Se faz necessário a análise das condições climáticas, sendo que as principais
variáveis de conforto são temperatura, umidade, velocidade do ar e radiação solar
incidente. (FROTA, SCHIFFER, 2001). No entanto, esses são fatores externos que
não podem ser controlados, nos levando à importância da melhor escolha dos
materiais construtivos. De acordo com ETERNIT (1981), a radiação solar, incidindo
sobre a cobertura, gera um fluxo térmico que se transmite para o interior da instalação,
fazendo com que a escolha do material utilizado seja de suma importância para um
melhor conforto térmico dos indivíduos.
Demonstrada a relevância do estudo se estabelecerá bases para que seja
possível no Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), apresentar os dados coletados
dos protótipos e comparação entre os três tipos de cobertura e as análises pertinentes.

5 EMBASAMENTO TEÓRICO

Neste capítulo encontra-se a teoria necessária para um bom entendimento do


assunto que será tratado.

5.1 Clima e Tempo

A compreensão do desempenho térmico depende da análise dos fatores


climáticos e atmosféricos (Scigliano e Hollo, 2001). O clima é definido como a análise
estatística dos dados meteorológicos de longo prazo em uma determinada região. Por
outro lado, o tempo é caracterizado pelos dados imediatos e variáveis, como
temperatura, precipitação, vento, umidade, nevoeiro e nebulosidade, que são
observados em um local específico em um momento específico (Scigliano e Hollo,
2001).
6

Considerando que o Brasil é um país com alta incidência de radiação solar


durante a maior parte do ano, é essencial projetar uma cobertura que atenda aos
requisitos de conforto térmico do edifício após a conclusão da construção.
A pesquisa se dará em Ijuí, cidade localizada na região noroeste do Rio
Grande do Sul, onde o clima é subtropical úmido. A região apresenta quatro estações
bem definidas: verão, outono, inverno e primavera. O verão é quente e úmido, com
temperaturas máximas que podem chegar a 35°C e mínimas de aproximadamente
20°C. O outono e a primavera são estações de transição, com temperaturas mais
amenas. O inverno é frio, com temperaturas mínimas que podem chegar a 0°C e
máximas em torno de 15°C. Raramente o clima local ultrapassa esses valores.
(SILVA, J. A., 2020)

5.2 Fatores Arquitetônicos Para Desempenho Térmico

Existem várias pesquisas em andamento com o objetivo de aprimorar a


eficiência térmica e energética de edifícios. Segundo uma pesquisa conduzida por
autores como Barbosa et al. (1997). No campo da arquitetura, o conforto térmico
desempenha um papel crucial na criação de ambientes saudáveis e agradáveis para
os ocupantes de edifícios. A escolha adequada das coberturas e a implementação de
estratégias arquitetônicas eficientes podem contribuir significativamente para alcançar
esse objetivo. (BATISTA e LAMBERTS, 2010).
Entre as estratégias utilizadas, podem ser citadas as seguintes:
a) O isolamento térmico é uma consideração fundamental ao projetar
coberturas. Materiais como lã de vidro, espuma rígida de poliuretano ou poliestireno
expandido são frequentemente utilizados para reduzir a transferência de calor entre o
ambiente interno e extern . O uso desses materiais contribui para minimizar a perda
de calor durante períodos frios e reduzir a entrada de calor no ambiente interno
durante períodos quentes.
b) A cor das coberturas pode influenciar significativamente o conforto
térmico dos edifícios. Superfícies mais escuras tendem a absorver mais calor solar,
enquanto cores claras refletem mais radiação solar (Autor 3, Ano; Autor 4, Ano).
Portanto, a escolha de cores claras para as coberturas pode ajudar a reduzir a
absorção de calor, mantendo temperaturas mais baixas no ambiente interno.
7

c) A ventilação adequada do espaço sob a cobertura desempenha um


papel crucial na redução do acúmulo de calor . A inclusão de aberturas, claraboias,
janelas ou dutos de ventilação no projeto da cobertura permite a circulação de ar,
facilitando a dissipação do calor acumulado.
d) A implementação de elementos de proteção solar, como beirais ou
brises, contribui para bloquear a entrada direta de radiação solar nas áreas internas.
Esses elementos de proteção solar podem ser projetados levando em consideração
as condições climáticas locais, a orientação solar e o design arquitetônico. Eles não
apenas auxiliam no controle térmico do edifício, reduzindo a carga de resfriamento
necessário, mas também contribuem para o conforto visual dos ocupantes, reduzindo
o ofuscamento causado pela luz solar direta.

5.3 Normas Brasileiras De Conforto Térmico

A NBR 15220-3 (ABNT, 2005) estabelece o Zoneamento Bioclimático


Brasileiro e as Diretrizes Construtivas para Habitações Unifamiliares de Interesse
Social. De acordo com essa norma, o Brasil foi dividido em oito zonas bioclimáticas,
conforme apresentado na Figura 1. Classificadas de acordo com as seguintes
variáveis climáticas: temperaturas médias máximas e mínimas e umidade relativa do
ar de cada cidade. (ABNT, 2003). Sendo que a cidade de Ijuí, pertence à zona
climática 8, que é classificada como "Clima Tropical de Altitude" (Cfb). Essa zona é
caracterizada por verões amenos e invernos frios, com ocorrência de geadas e
possibilidade de neve em alguns casos.
8

Figura 1 — Zoneamento bioclimático brasileiro

Fonte: NBR 15.220/2003

Para cada uma das zonas foram definidos parâmetros e diretrizes específicos.
Esses parâmetros e diretrizes incluem:
a) Tamanho das aberturas para ventilação, expressas como percentual da
área do piso;
b) Proteção das aberturas;
c) Tipos de vedação externa, parede externa e cobertura, indicando se são
leves ou pesadas, refletoras ou isoladas;
d) Estratégias de condicionamento térmico passivo.
O objetivo dessas recomendações técnicas e construtivas é otimizar o
desempenho térmico das edificações, garantindo uma melhor adequação ao clima
local (ABNT, 2005). As estratégias de condicionamento ambiental recomendadas pela
NBR 15220-3 são baseadas na carta bioclimática de Givoni (1992) e nas planilhas de
Mahoney (KOENIGSBERGER et al., 1970). A classificação de cada cidade em uma
determinada zona bioclimática depende das estratégias bioclimáticas predefinidas,
utilizando-se as planilhas de Mahoney para definir os limites das propriedades
térmicas dos elementos construtivos, como Fator Solar, Atraso Térmico e
Transmitância Térmica.
9

As tabelas presentes no Anexo C da NBR 15220-3 fornecem os percentuais


de área do piso para as aberturas de ventilação, classificadas como pequenas, médias
ou grandes. Além disso, são indicados os valores de transmitância térmica, atraso
térmico e fator de calor solar para paredes externas e coberturas
As Tabelas 1 e 2 mostram alguns exemplos de paredes e coberturas
apresentados no Anexo 3 (Anexos C e D da NBR 15220-3), juntamente com as
respectivas zonas bioclimáticas para as quais esses exemplos são indicados. É
importante ressaltar que o Fator Solar das superfícies também deve ser considerado
na seleção dos componentes construtivos para cada zona bioclimática.

Figura 2- Exemplos de paredes adequados às diferentes zonas bioclimáticas brasileiras.

Fonte: NBR 15220-3 (ABNT, 2005)


10

Figura 3 - Exemplos de coberturas adequados às diferentes zonas bioclimáticas brasileiras

Fonte: NBR 15220-3 (ABNT, 2005)

No Brasil a norma NBR 16401 Instalações de ar condicionado – Sistemas


centrais e unitários - Parte 2: Parâmetros de conforto térmico (2008) abrange diversos
aspectos relacionados à qualidade do ar, incluindo a limitação de concentração de
poluentes, a renovação de ar nos ambientes, a filtragem do ar e o monitoramento da
qualidade. Ela é aplicável a diferentes tipos de edificações, como residências,
escritórios, escolas, hospitais, entre outros.
Um dos principais aspectos abordados pela norma é a determinação dos
limites máximos permitidos para diferentes poluentes presentes no ar, como dióxido
de carbono, monóxido de carbono, partículas suspensas, compostos orgânicos
voláteis, entre outros. Esses limites são estabelecidos com base em critérios de saúde
e conforto, levando em consideração os efeitos adversos que esses poluentes podem
causar na saúde humana.
Além disso, a NBR 16401 define as taxas mínimas de renovação de ar que
devem ser adotadas nos ambientes internos, garantindo a circulação adequada do ar
e evitando a estagnação. Essas taxas são determinadas de acordo com a ocupação
11

e a finalidade do ambiente, levando em consideração fatores como o número de


ocupantes, a atividade desenvolvida e a presença de fontes de poluentes.
A norma também estabelece diretrizes para a filtragem do ar,
recomendando a utilização de filtros adequados para remover partículas e outros
contaminantes presentes no ar. Além disso, ela orienta sobre a manutenção dos
sistemas de climatização e ventilação, a fim de garantir seu bom funcionamento e a
preservação da qualidade do ar.
Para o monitoramento da qualidade do ar, a NBR 16401 sugere a
realização de medições periódicas dos parâmetros indicativos da qualidade, como
temperatura, umidade, concentração de poluentes, entre outros. Essas medições
podem ser feitas por meio de equipamentos específicos e devem seguir metodologias
estabelecidas pela norma.
Em relação às normas de telhas, as normas atualmente vigentes enfocam
questões necessárias, mas também deixam uma lacuna, porque não especificam
requisitos fundamentais, como as propriedades que interferem no desempenho
térmico.
As normas da ABNT tratam apenas de condições gerais (fabricação,
identificação, unidade de compra, aspecto visual, característica sonora,
características geométricas – forma, dimensões nominais e empenamento) e
condições específicas (massa, absorção de água, impermeabilidade, carga de ruptura
à flexão)13. Assim, estas normas não apresentam nenhuma informação que seria
necessária para uma especificação adequada em relação ao desempenho térmico.

5.4 Análise Das Coberturas

A configuração da cobertura de um edifício pode variar, e a proteção térmica


das edificações é um aspecto crucial a ser considerado, pois depende das
propriedades dos elementos da cobertura. As coberturas devem desempenhar
eficientemente sua função de proporcionar um ambiente confortável, considerando
fatores como desempenho estrutural, térmico, acústico, estanqueidade e proteção
contra incêndios, entre outros.
Em edificações térreas, a cobertura desempenha um papel significativo no
ganho de calor, uma vez que está exposta permanentemente à radiação solar. Dentre
12

os componentes da cobertura, a telha é de extrema importância em relação a esse


ganho de calor, especialmente em coberturas sem forro. A telha influencia diretamente
o conforto térmico e até mesmo o consumo de energia da edificação (Autor 2, Ano).
Em coberturas simples, onde não existem outras camadas de proteção, as
propriedades do material da telha são de importância fundamental. A telha atua como
a principal barreira para evitar a passagem excessiva de calor para o interior da
edificação
No presente trabalho serão analisados o desempenho térmico de três
materiais de cobertura distintos, sendo eles:
a) Telha de fibrocimento de 6mm;
b) Telhado de ploricloreto de vinila (PVC);
c) Telha cerâmica.

5.4.1 Telha De Fibrocimento

A telha de fibrocimento é um tipo de cobertura amplamente utilizado no Brasil,


especialmente em construções de baixa renda, devido ao seu custo mais acessível.
Ela é composta por uma mistura de cimento, fibras naturais (como amianto) e outros
materiais. De acordo com a NBR 15210-1:2005 as telhas de fibrocimento sem amianto
são compostas por cimento Portland, agregados e aditivos com o reforço de fibras,
sendo proibido o uso de fibras de amianto. Segundo a Eternit (2007) a face que entrará
em contato com chuva, vento, granizo, dentre outras intempéries tem de ser lisa. Para
ajudar no manuseio e aplicação as mesmas podem ser produzidas com furos em seus
cantos ou até mesmo já cortada.

Figura 4 – Seção transversal – telha fibrocimento

. Fonte: ETERNIT, 2007.


13

É importante ressaltar que o uso de telhas de fibrocimento que contêm


amianto foi proibido em vários países devido aos riscos à saúde associados à
exposição ao amianto. No Brasil, a Lei Federal nº 12.684/2012 proibiu a extração, a
industrialização e a comercialização de produtos que contenham amianto. Portanto,
atualmente, as telhas de fibrocimento disponíveis no mercado brasileiro são
fabricadas sem amianto.
Em relação ao desempenho térmico das telhas de fibrocimento, de acordo
com estudos realizados, essas telhas apresentam uma resistência térmica moderada,
o que significa que elas oferecem algum isolamento térmico, ajudando a reduzir a
transferência de calor entre o ambiente interno e externo.
No entanto, as telhas de fibrocimento têm uma capacidade de absorção de
água relativamente baixa em comparação a outros materiais de cobertura, como as
telhas cerâmicas. Isso significa que, em condições de alta umidade ou chuvas
intensas, essas telhas têm menos probabilidade de reter água e sofrer danos devido
à absorção excessiva de umidade.
Em noites frias e com céu limpo, as telhas liberam energia por radiação para
o céu, fazendo com que a temperatura da superfície da telha seja menor do que a
temperatura do ar. Dependendo das condições climáticas, pode ocorrer condensação
de água na superfície da telha, levando à absorção dessa água pela telha. Durante a
manhã, a radiação solar aquece a telha e aumenta sua temperatura, levando à
evaporação da umidade absorvida. Assim, parte da energia é utilizada no processo
de evaporação, resultando em uma temperatura superficial das telhas mais baixa do
que se não houvesse umidade presente (BUENO, 1994; BUENO A. D, PHILIPPI P.C,
LAMBERTS RO, 1996). Esse processo pode ocorrer mesmo sem condensação
noturna. Durante a noite, a umidade relativa é mais alta, e a telha, sendo um material
poroso, tende a entrar em equilíbrio com essa nova condição, absorvendo vapor de
água do ar ambiente. Em seu estudo, LAMBERTS (1988) constatou que mais de 20%
da energia solar incidente pode ser utilizada no processo de evaporação da água das
telhas, e durante o verão, o efeito da absorção da água da chuva é semelhante ao da
condensação.
Os materiais que compõem a cobertura estão expostos ao ambiente externo,
incluindo vento, radiação solar, umidade, chuva, granizo, neve, poluição atmosférica
e variações de temperatura, os quais contribuem para sua degradação ao longo do
14

tempo. Em um artigo de revisão publicado por BERDAHL et al. (2008), são


apresentados os efeitos desses parâmetros no envelhecimento das telhas. O estudo
enfatiza as alterações químicas e visíveis relacionadas à refletância solar. A
fotodegradação dos materiais orgânicos, plásticos, madeira, asfalto e pigmentos é
especialmente importante, uma vez que esse processo se inicia com a radiação
ultravioleta e envolve reações químicas com o oxigênio e o vapor d'água, resultando
em fragilidade mecânica.

5.4.2 Telha De Ploricloreto De Vinila (Pvc)


A telha de policloreto de vinila (PVC) é um tipo de cobertura amplamente
utilizado em diversas aplicações, incluindo residencial, comercial e industrial. Ela é
fabricada a partir de um plástico termoplástico conhecido como PVC, que é resistente,
durável e de baixo custo.
As telhas de PVC são conhecidas por suas propriedades isolantes, tanto
térmicas quanto acústicas. Devido à natureza do material plástico, essas telhas têm
uma baixa condutividade térmica, o que significa que elas têm uma capacidade
limitada de transferir calor entre o ambiente interno e externo. Isso ajuda a manter
uma temperatura estável dentro do edifício, reduzindo a necessidade de sistemas de
refrigeração ou aquecimento.
De acordo com Reis, Guimarães e Martins (2014), um estudo sobre a
influência da geometria das telhas de PVC no comportamento mecânico demonstrou
que a configuração geométrica das telhas pode afetar suas propriedades mecânicas.
Os resultados indicaram que determinadas geometrias podem proporcionar uma
resistência estrutural superior, contribuindo para a durabilidade e desempenho das
telhas de PVC. Além disso, as telhas de PVC são leves, o que facilita a instalação e
reduz a carga estrutural sobre a edificação. Elas também são resistentes à umidade
e não sofrem corrosão, o que as torna adequadas para áreas com alta umidade ou
exposição à chuva.
Em relação à durabilidade, as telhas de PVC são projetadas para resistir aos
efeitos do envelhecimento e às condições climáticas adversas. Elas são resistentes
aos raios ultravioleta, o que evita o desbotamento ou o amarelamento com o tempo.
Além disso, as telhas de PVC não requerem manutenção frequente e podem ter uma
vida útil relativamente longa.
15

Figura 5 – modelos de telhas de PVC

Fonte: Asis Engenharia (site oficial)

5.4.3 Telha Cerâmica

As telhas cerâmicas americanas são fabricadas a partir de argila de alta


qualidade, que passa por um processo de moldagem em formas retangulares. Após a
moldagem, as telhas são submetidas a uma secagem controlada para garantir a
estabilidade dimensional. Em seguida, são queimadas em fornos especiais para
conferir resistência e impermeabilidade. O acabamento final pode incluir esmaltação
ou aplicação de camadas protetoras, proporcionando uma variedade de opções
estéticas, como cores e texturas. (
As telhas cerâmicas americanas possuem características térmicas que
desempenham um papel importante no desempenho térmico das edificações. A
seguir, são apresentadas algumas dessas características:
a) Reflexão solar: A telha cerâmica americana é projetada para ter
propriedades de reflexão solar, o que significa que ela reflete uma porcentagem
16

significativa da radiação solar incidente. Essa capacidade de reflexão solar contribui


para reduzir a absorção de calor pela telha e, consequentemente, diminuir a
transferência de calor para o interior da edificação, reduzindo a carga térmica no
ambiente.
b) Capacidade de isolamento térmico: A telha cerâmica americana possui
propriedades de isolamento térmico, o que significa que ela tem a capacidade de
reduzir a transferência de calor através da cobertura. A sua composição e espessura
contribuem para limitar a entrada de calor no interior da edificação.
c) Inércia térmica: Devido à sua massa e densidade, possui uma boa
inércia térmica. Isso significa que ela tem a capacidade de absorver e armazenar calor
durante o dia e liberá-lo lentamente durante a noite, contribuindo para a estabilização
da temperatura interna da edificação. A inércia térmica das telhas cerâmicas
americanas podem ajudar a reduzir as flutuações de temperatura e melhorar o
conforto térmico nos ambientes internos.

6 METODOLOGIA

Esta seção descreve a metodologia adotada para analisar o desempenho


térmico de três protótipos com coberturas distintas de forma prática. A abordagem
escolhida para o estudo é a metodologia experimental, que permite a coleta de dados
empíricos por meio de observações e medidas direta
Segundo Antonio Severino (2014), a metodologia experimental é amplamente
empregada em estudos de engenharia civil, no caso será utilizada para coletar dados
empíricos e obter uma compreensão mais precisa do desempenho térmico de
estruturas e das coberturas comumente utilizadas nas edificações.

6.1 Etapas Da Pesquisa

Definição dos objetivos da pesquisa:


a) O primeiro passo consiste em estabelecer os objetivos específicos do
estudo. Nesse caso, o objetivo principal é avaliar o desempenho térmico dos três
protótipos, identificar possíveis diferenças entre eles e propor eventuais melhorias.
17

b) Seleção dos protótipos: Os três protótipos são selecionados com base


em critérios relevantes para a pesquisa, como características construtivas, materiais
utilizados e níveis de isolamento térmico. É importante que os protótipos possuam
características iguais, exceto pelas diferentes coberturas utilizadas.

c) Instrumentação dos protótipos: Cada um dos protótipos é equipado com


sensores de temperatura, permitindo a coleta precisa de dados durante a realização
dos experimentos.

d) Coleta de dados: Os experimentos são conduzidos em condições


controladas, onde são realizadas medições periódicas dos parâmetros de
desempenho térmico, como temperatura interna. Esses dados são registrados e
documentados de forma adequada para posterior análise.

e) Análise dos resultados: Os dados coletados são submetidos a análises


estatísticas para avaliar o desempenho térmico dos protótipos. Técnicas como análise
de variância (ANOVA) e testes de hipóteses são aplicadas para identificar possíveis
diferenças significativas entre os protótipos.

f) Discussão e conclusões: Com base nos resultados obtidos, são feitas


interpretações e discussões sobre o desempenho térmico dos protótipos. Conclusões
são tiradas, destacando os pontos fortes e limitações de cada protótipo em relação ao
desempenho térmico. Caso necessário, sugestões de melhorias são propostas com
base nos resultados obtidos.
18

7 CONCLUSÃO

Por meio da análise técnica das características de cada tipo de cobertura, da


avaliação do desempenho térmico, da pesquisa sobre conceitos e normativas
relacionados ao conforto térmico, da análise da viabilidade de utilização de cada tipo
de cobertura e da comparação das vantagens e desvantagens de cada uma delas,
pretende-se obter dados que contribuam para a melhor escolha dos materiais
construtivos e para a otimização do conforto térmico nas edificações. Além disso, o
embasamento teórico apresentado neste projeto abrange conceitos fundamentais
relacionados ao clima e tempo, fatores arquitetônicos para o desempenho térmico, e
normas brasileiras de conforto térmico, como a NBR 15220-3 e a NBR 16401. Essas
normas estabelecem diretrizes construtivas e parâmetros de conforto térmico,
considerando as características climáticas do país e visando otimizar o desempenho
térmico das edificações.
Ao concluir o presente trabalho, espera-se fornecer subsídios para a escolha
adequada das coberturas residenciais, levando em consideração as condições
climáticas da região, as características de cada tipo de cobertura e as diretrizes
normativas. Esses resultados serão relevantes tanto para profissionais da área da
construção civil, como arquitetos e engenheiros, quanto para os moradores das
edificações, proporcionando ambientes mais confortáveis e sustentáveis
termicamente.
19

REFERÊNCIAS

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de Fibrocimento. Anais do VIII Simpósio de Tecnologia em Edificações, 2016.
20

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