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TRABALHO 1 – CONFORTO TÉRMICO DAS EDIFICAÇÕES EM PORTUGAL

RITA AZEVEDO (1110561)

FRANCISCO FELIX (1190080)

Conforto Térmico e Acústico das Edificações

Mestrado em Engenharia Civil - Construção

Docente: José Carlos Rodrigues Campeão (JCC)

NOVEMBRO DE 2021
ISEP – Mestrado em Engenharia Civil iii
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - aspeto exterior de uma parede Trombe em Porto Santo, Portugal (MONTEIRO, 2011) ............. 8

Figura 2 - fachada do edifício do INEGI (FREITAS, 2008) .............................................................................. 9

Figura 3 – aspeto das fachadas Oeste/Este e Norte/Sul do edifício Burgo (FREITAS, 2008) ..................... 10

Figura 4 - casa Solar (MARTINS, 2015) ....................................................................................................... 10

Figura 5 - corte e ventilação do edifício Solar XXI (MARTINS, 2015).......................................................... 11

Figura 6 - projeto Chaminé Solar (BONNACORSO, 2019) ........................................................................... 12

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ÍNDICE DE TEXTO

Índice de Figuras............................................................................................................................................ v

Índice de Texto ............................................................................................................................................ vii

1 Introdução ............................................................................................................................................. 1

2 Estratégias – sistemas passivos............................................................................................................. 3

2.1.1 Ganho solar directo ................................................................................................................ 3

2.1.2 Ganho indirecto ...................................................................................................................... 3

2.1.3 Ganho isolado ......................................................................................................................... 3

2.1.4 Arrefecimento passivo ............................................................................................................ 4

2.1.5 Arrefecimento directo ............................................................................................................ 5

2.1.6 Arrefecimento evaporativo .................................................................................................... 6

2.1.7 Arrefecimento indirecto ......................................................................................................... 7

2.1.8 Arrefecimento isolado ............................................................................................................ 7

3 Exemplos em Portugal .......................................................................................................................... 7

3.1 Casa em Porto Santo – paredes trombe ........................................................................................ 7

3.2 Torre do edifício do INEGI (Porto) ................................................................................................. 9

3.3 Edifício Burgo (Porto) ..................................................................................................................... 9

3.4 Casa-laboratório termicamente otimizada – Casa Solar (Porto) ................................................. 10

3.5 Edifício solar XXI (Lisboa) ............................................................................................................. 11

3.6 Projeto chaminé solar (Lisboa) .................................................................................................... 12

4 Considerações Finais ........................................................................................................................... 15

5. Referências Bibliográficas ................................................................................................................... 17

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1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho está inserido na unidade curricular de Conforto Térmico e Acústica das
Edificações do Mestrado de Engenharia Civil. O objetivo é apresentar um resumo geral das definições e
aplicações da arquitectura bioclimática em Portugal. Para a sua realização é necessário um extensa
revisão bibliográfica.

Em Portugal, o consumo da energia consumida nos edifícios carece de melhor gestão. Apesar disso,
Portugal tem todas as condições para realizar uma prática construtiva sustentável, pois detém os
conhecimentos arquitectónicos e técnicos para tal, assim como um clima privilegiado, temperado e
ameno, com níveis óptimos de radiação solar.

A comparação dos balanços energéticos de diferentes países europeus permite avaliar o nível de
racionalidade na utilização da energia. A concepção bioclimática deve ser o objectivo e o alicerce de
qualquer projecto. Tal premissa deve ser um dos pontos de partida para a aplicação de uma estratégia de
conservação e independência energética.
Arquitectura bioclimática consiste em projectar um edifício de acordo com as especificdades do
clima e as características ambientais do local onde se insere, de forma a atingir a eficiência energética e
em especial o conforto ambiental interno, utilizando a energia que pode ser directamente obtida do
ambiente.Aborda portanto o clima como uma variável importante no processo projectual.

O conforto térmico não apresenta um conceito exacto: é importante distinguir entre sensação e
conforto térmico: a sensação térmica corresponde à percepção objectiva do complexo térmico, através
de termorreceptores; já o conforto térmico é definido como o estado mental que expressa a satisfação
do indivíduo com o ambiente térmico envolvente.

Assim sendo, este trabalho visa dotar os alunos de competências de conceção e de projetos
segundo as diretrizes do conforto térmico e da arquitectura bioclimática, no âmbito da práctica
profissional da engenharia civil.

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2 ESTRATÉGIAS – SISTEMAS PASSIVOS

Os sistemas passivos de aquecimento dividem-se em ganho directo, no qual a captação e


utilização da energia acontecem no mesmo espaço, indirecto, quando a captação e utilização de energia
ocorrem em espaços distintos mas relacionados e fisicamente contíguos, através duma massa de
armazenamento térmico, e ainda isolado, em que a captação e utilização de energia ocorre em espaços
diferentes, termicamente isolados um do outro. Contrariamente ao ganho indirecto, não estão em ligação
directa e podem estar ou não em espaços adjacentes.

A aplicação de um desenho passivo permite diminuir o consumo de energia para aquecimento em


cerca de 50%, quando comparado com um sistema convencional, o que se reflecte directamente num
menor impacto ambiental.

2.1.1 Ganho solar directo

Baseia-se numa correcta orientação solar das superfícies envidraçadas, e no armazenamento de


calor nos paramentos interiores, nomeadamente, nas paredes, lajes de tecto e de piso. A distribuição do
calor armazenado efectua-se por radiação (em comprimento de onda infravermelha) e convecção natural,
regulada sobretudo pela posição da massa térmica relativamente aos espaços habitáveis. Assim, as
massas térmicas da construção funcionam como acumuladores de calor durante o dia, libertando-o
durante o período nocturno, atenuando, desta forma, a amplitude térmica.

2.1.2 Ganho indirecto

Nestes sistemas a massa térmica é interposta entre a superfície de ganho e o espaço a aquecer.
A radiação absorvida pela massa térmica transforma-se em energia calorífica, sendo transferida,
posteriormente, para o interior do edifício. Esta transferência pode ser imediata ou defasada, conforme
a estratégia de circulação de ar adoptada. Os tipos de sistemas mais utilizados são as paredes
termoacumuladoras e as paredes e coberturas de água.

2.1.3 Ganho isolado

 Estufas

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CAPÍTULO 2

A grande superfície de captação solar gera temperaturas elevadas durante o dia, baixando
drasticamente durante a noite, motivado pelo elevado índice de condutância térmica dos envidraçados,
o que produz grandes amplitudes térmicas. Assim, as estufas não podem ser destinadas a espaços
habitáveis, pois o nível de desconforto interno seria bastante alto.

As estufas actuam como espaço tampão, reduzindo assim as perdas de calor do edifício. Apesar
da amplitude térmica ser muito grande nas estufas sem massa térmica, nos espaços habitáveis adjacentes
é muito reduzida, mostrando-se como um benefício na manutenção do conforto térmico interno.

 Colectores de ar

Constitui-se por um circuito aberto onde o ar se move por convecção natural mediante às
diferenças de massa volúmica motivadas por alterações de temperatura ao longo do cirtuito. Permite
aquecer o ar exterior, que será posteriormente transmitido para o interior durante a época fria.
Paralelamente, possibilita a extracção de ar quente do interior dos espaços para o exterior, promovendo
a ventilação e arrefecimento do ar. Compõem-se por uma superfície de vidro e por uma outra com
capacidade de absorção, sem características de armazenamento térmico. O sistema funciona por
termossifão, permitindo ventilar os espaços contíguos ao longo do ano.

 Sistema Barra-Costantini

Neste sistema a fachada com orientação a sul é isolada e funciona como coletor de ar. O ar
aquecido flui pelas placas ocas de betão, sendo estes o principal elemento coletor de calor do sistema,
fluindo depois de volta para as entradas inferiores da parede acumuladora. Durante o dia, existe uma boa
circulação natural auto-reguladora.

2.1.4 Arrefecimento passivo

Permitem criar situações de conforto térmico interior durante o Verão, sem recorrer a sistemas
mecânicos convencionais. No entanto, a refrigeração nos períodos quentes é mais difícil de produzir do
que o aquecimento nos períodos frios, pois não existe nenhuma fonte natural de arrefecimento à altura
da energia solar.

Qualquer elemento construtivo tem um efeito directo no sobreaquecimento (transformação,


num espaço fechado, da energia radiante em energia térmica), e por isso, deve ser prevenido. Assim,
devem ser consideradas questões como a orientação das aberturas, a selecção de vidros, protecção solar
dos envidraçados e a ventilação.

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ESTRATÉGIAS

2.1.5 Arrefecimento directo

 Protecção solar

A concepção de um dispositivo de sombreamento tem de considerar a altura e azimute do sol


durante ano, de forma a responder mais eficazmente à sua solicitação. Este sombreamento pode ser feito
de diversas formas: através do uso de vegetação de folha caduca, de forma a proteger dos raios solares
no Verão, todavia permitir a sua penetração no Inverno; a posição dos elementos construtivos e a relação
entre a fachada e outros factores de obstrução; a orientação das aberturas; a volumetria ou forma do
edifício; ou ainda o uso de dispositivos externos, tais como palas, toldos ou estores reguláveis.

Destacam-se os dispositivos móveis, vantajosos tanto no Verão como no Inverno, pois, no


primeiro caso evitam a penetração solar com maior eficácia, devido à sua regulação em função do
movimento do Sol, enquanto no segundo caso evitam as perdas térmicas por transmissão.

 Ventilação natural

Baseia-se nas diferenças de pressões motivadas pela dinâmica do vento – ventilação natural
dinâmica – ou pelas diferentes temperaturas entre interior e exterior – ventilação natural térmica.
Quando o vento incide perpendicularmente (barlavento) a um edifício geram-se pressões negativas na
maioria dos seus planos (sotavento). Desta forma, para obter uma ventilação natural eficaz, a projecção
de aberturas deverá considerar as diferenças de pressão geradas pelo vento, situando-se,
preferencialmente, em planos opostos. A forma do edifício pode igualmente regular os fluxos de ar para
o interior ou exterior da edificação.

 Ventilação cruzada

Este sistema consiste em favorecer o movimento de ar de um espaço, ou de uma sucessão de


espaços associados, mediante a colocação de aberturas em fachadas opostas.

 Efeito chaminé

A ventilação induzida ou efeito chaminé é baseada no efeito de estratificação do ar nos edifícios,


que pode incitar ventilação quando não existe deslocação de ar exterior. Assim, através da colocação de
aberturas a dois níveis, uma superior e outra inferior, produz-se um circuito no qual o ar mais quente sai
pela abertura superior e o ar mais fresco exterior é introduzido pelas aberturas situadas no nível mais
baixo.

 Ventilação induzida (por estratificação)

O efeito da estratificação do ar nos edifícios pode produzir ventilação quando não existe
deslocação do ar exterior. Assim, colocando uma abertura na parte superior do espaço, o ar quente

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CAPÍTULO 2

tenderá a sair e será substituído por ar fresco exterior introduzido no edifício por aberturas localizadas a
um nível mais baixo.

o Chaminé solar

A câmara solar ou chaminé solar tem a mesma função do que uma chaminé comum, no entanto,
esta elimina ar quente interior. O procedimento consiste na aplicação de uma câmara-de-ar, com um
captador de radiação solar de cor escura, protegido por um invólucro de vidro, na cobertura do espaço a
climatizar. Desta forma, o ar presente dentro da câmara é aquecido, diminuindo a sua densidade e
provocando a extracção do ar no interior do edifício, devido ao fenómeno de estratificação do ar.

o Aspirador estático

O aspirador estático é outro sistema para gerar movimento do interior para o exterior, sendo
formado por um circuito que se inicia com a entrada de ar renovado pela abertura inferior do mesmo,
seguido pela extracção do ar pela cobertura. Estes elementos produzem uma depressão do ar interior
causada pela sucção produzida por um dispositivo estático aplicado na cobertura.

o Torre de vento

A torre de vento é uma técnica que funciona de maneira inversa aqueles anteriormente citados.
Aqui, a introdução de ar exterior no ambiente interior é realizada através de uma torre, que se encontra
a maior altura do que a cobertura, de forma a recolher o vento onde este é mais intenso. O ar captado é
transferido para a parte mais baixa do edifício através do uso de condutas. Quando o vento apresenta
uma direcção dominante, a torre possui apenas uma abertura orientada no sentido do vento, contudo,
quando são observadas várias direcções, a torre possui mais do que uma abertura, para melhor recolher
os ventos.

2.1.6 Arrefecimento evaporativo

O arrefecimento evaporativo obtém-se através da evaporação de massas de água. Esta absorve o


calor do meio e aumenta a humidade, sem, no entanto, aumentar a temperatura do ar. Para fomentar a
evaporação devem ser considerados a incidência do vento sobre a água e a turbulência desta, pelo que,
quanto maior a intensidade de vento e maior a agitação das águas, mais acelerado é o processo de
evaporação e arrefecimento dos espaços. Assim, soluções como fontes e correntes de água fomentam a
agitação das águas e favorecem a evaporação. Coberturas de água ou mecanismos em que a água escorre
pela fachada são também favoráveis à evaporação e refrigeração dos espaços.

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ESTRATÉGIAS

2.1.7 Arrefecimento indirecto

 Radiação nocturna

Mediante a colocação na cobertura de um elemento de armazenamento térmico (pesado ou


água), obtém-se um sistema de dupla função. No período quente e durante o dia, a estrutura é coberta
com um isolante, que impede a captação dos raios solares, absorvendo, ao invés, a energia calorífica do
ambiente interior. Durante a noite, a camada protectora é retirada, e o calor armazenado durante o dia
é irradiado para o exterior.

O efeito de arrefecimento por radiação nocturna pode ser intensificado através da construção de
pátios fechados. O arrefecimento por ventilação nocturna consiste, sobretudo, em fazer circular o ar
fresco da noite e das primeiras horas da manhã, de forma a refrescar, não só os compartimentos
interiores, mas também os elementos de armazenamento térmico.

2.1.8 Arrefecimento isolado

Consiste na climatização do interior através de uma área isolada. O ar exterior atravessa um


circuito de tubagens enterradas numa fonte fria, tais como o solo, um leito de pedras ou água, de modo
achar-se transformado em ar fresco quando chegar ao edifício. Quanto maior for o percurso do circuito,
maior o arrefecimento do ar. Este sistema pode ser aberto, recebendo ar do exterior, ou fechado,
arrefecendo apenas o ar recolhido no interior do edifício.

3 EXEMPLOS EM PORTUGAL

3.1 CASA EM PORTO SANTO – PAREDES TROMBE

Vistas pelo lado exterior, aparentam ser janelas e, pelo interior, assemelha-se a uma parede comum: as
Paredes Trombe são colocadas nos alçados orientados a Sul (fachada que no hemisfério norte recebe mais

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CAPÍTULO 3

luz solar), nos espaços em que se pretenda receber ganhos solares indirectos durante os meses frios do
ano, aproveitando, durante a noite, o calor que acumularam durante o dia.

Figura 1 - aspeto exterior de uma parede Trombe em Porto Santo, Portugal (MONTEIRO, 2011)

As Paredes Trombe são sempre orientadas a Sul, porque apenas nesta posição é possível captar a
maior intensidade da radiação solar (período entre o final da manhã e o início da tarde). Esta orientação
favorece a baixa altitude solar (Inverno), sem prejudicar o conforto com ganhos indirectos excessivos
durante o verão. Durante o verão, estas paredes, que são exclusivamente orientadas a Sul, não têm
capacidade significativa para acumular os raios solares, dado que o sol incide num ângulo muito íngreme
sobre o vão envidraçado que as protege, resultando na reflexão da maior parte da radiação.

A transferência de calor por uma Parede Trombe é de cerca de 18min por cada 10mm de
espessura. Numa parede de 200mm de betão, a parede retarda em 6 horas (1820=360min=6h) a
irradiação do calor armazenado. Com o início da absorção da radiação solar no Inverno por volta das 12h
(11h solares), a parede começará a irradiar calor para o espaço interior por volta as 18h (fim de tarde,
início de noite) (Freitas, 2008).

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EXEMPLOS EM PORTUGAL

3.2 TORRE DO EDIFÍCIO DO INEGI (PORTO)

A torre é o edifício destinado à administração do INEGI e do IDMEC e às zonas de trabalho em


gabinete e “open space”. Um amplo átrio funcionará como piso técnico dos equipamentos de ar
condicionado, elevadores) é amplamente envidraçado em duas frentes protegidas por um” brise soleil”
fixo. As caixilharias são em alumínio anodizado.

Figura 2 - fachada do edifício do INEGI (FREITAS, 2008)

Adotaram-se fachadas ventiladas como solução para as necessidades térmicas da torre. O facto do
isolamento térmico ser contínuo torna-o mais eficiente, pois ao eliminar ou prevenir as pontes térmicas
torna esta solução muito eficaz na reabilitação de fachadas com problemas de isolamentos deste tipo. A
aplicação do isolamento sobre o paramento exterior faz com que a capacidade térmica da parede esteja
totalmente disponível para elevar a inércia térmica interior do edifício; contribui-se também para redução
das amplitudes térmicas, prevenção de eventuais infiltrações e dissipação de condensações internas.

3.3 EDIFÍCIO BURGO (PORTO)

A torre do edifício Burgo apresenta uma dualidade nas fachadas, sendo estas envidraçadas a
Norte e Sul e opacas, em pedra granítica, nas outras duas orientações. Tal pedra apresenta-se como um
material dotado de elevada inércia térmica; além disso, há inclusão de isolamento térmico, alcança um
contributo positivo do armazenamento das temperaturas médias do clima.

Em contrapartida, nas fachadas Norte e Sul a envolvente é indubitavelmente diferente tendo a


escolha recaído sobre um vidro de controlo solar, que possui uma transmissão luminosa limitada, apenas
deixando passar uma determinada fracção da radiação solar, e limitando o aquecimento.

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CAPÍTULO 3

Figura 3 – aspeto das fachadas Oeste/Este e Norte/Sul do edifício Burgo (FREITAS, 2008)

A utilização de vidros duplos reflectivos como é o caso do presente edifício, é uma das forma
efectiva de poder diminuir até 10% os gastos operacionais com equipamentos de ar condicionado. A
capacidade isoladora deste vidro fará com que não haja arrefecimento excessivo durante o Inverno; já no
Verão este problema não se porá, dado que a fachada Norte recebe pouca energia solar.

3.4 CASA-LABORATÓRIO TERMICAMENTE OTIMIZADA – CASA SOLAR (PORTO)

Figura 4 - casa Solar (MARTINS, 2015)

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EXEMPLOS EM PORTUGAL

A fachada com maior dimensão encontra-se exposta a sul, à qual estão associados todos os
compartimentos com utilização mais permanente. No lado norte do edifício o terreno exterior é mais
elevado e a fachada possui uma diminuta área de vãos envidraçados. Também nas fachadas este e oeste
as aberturas foram reduzidas por forma a controlar a incidência solar.

Em relação ao isolamento térmico, foi aplicado pelo exterior e de forma contínua. As fachadas e
a cobertura possuem uma espessura de 5 cm de poliestireno expandido. Os vãos envidraçados são
compostos por vidro duplo e são complementados com estores exteriores. Na fachada sul, a existência
de palas assegura um sombreamento efetivo durante o regime de verão, enquanto permite o acesso aos
ganhos solares no regime de inverno.

O projeto teve também em consideração o contributo da inércia térmica, sendo que o pavimento
do rés-do-chão (exposto à maior área envidraçada do edifício) é composto por uma laje maciça revestida
por ladrilho cerâmico e coberta parcialmente com tapetes. Também foram projetadas seis colunas de
água pintadas de cor escura, disposta estrategicamente de forma a aquecerem devido à radiação solar.
No primeiro andar, no qual o pavimento é de madeira e os vãos envidraçados têm menores dimensões,
projetaram-se paredes de trombe. Para além destes contributos para a inércia térmica, soma-se o facto
de as paredes divisórias serem mais espessas do que é normal, constituindo assim um núcleo de inércia
térmica no centro do edifício. Em relação à ventilação, o edifício beneficia da ventilação transversal
noturna, garantida através da adequada colocação das aberturas e respetiva forma de abrir (bandeiras).

3.5 EDIFÍCIO SOLAR XXI (LISBOA)

Figura 5 - corte e ventilação do edifício Solar XXI (MARTINS, 2015)

O edifício apresenta a fachada de maior dimensão exposta a sul e com a maior área de vãos
envidraçados. As fachadas exteriores têm 22 cm de espessura, com isolamento pelo exterior, sendo que

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CAPÍTULO 3

a cobertura é também isolada pelo exterior. Os vãos envidraçados são constituídos por vidro duplo
incolor, protegidos por estores exteriores de lâminas reguláveis.

As salas de ocupação permanente localizam-se na parte do edifício orientada a sul, de forma a


aproveitar a insolação direta, promovendo os ganhos de calor no inverno. Na zona do edifício orientada
a norte, encontram-se espaços laboratoriais e outras salas cuja ocupação não é tão permanente. Por fim,
na zona central do edifício encontramse as zonas de circulação iluminadas através de uma claraboia que
ilumina os três pisos, tendo também a funcionalidade de ventilação por efeito de chaminé.

Há também um sistema de arrefecimento pelo solo, permitindo o arrefecimento do ar a ser


injetado no edifício durante o regime de verão, associando-se assim ao esquema de ventilação natural.

Este edifício dispõe ainda de um sistema baseado no funcionamento das paredes de trombe, mas, neste
caso, recorre a um sistema fotovoltaico colocado da fachada sul do edifício. Ao integrar os painéis nesta
fachada, é possível aproveitar termicamente o calor produzido durante o regime de inverno.

3.6 PROJETO CHAMINÉ SOLAR (LISBOA)

Figura 6 - projeto Chaminé Solar (BONNACORSO, 2019)

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EXEMPLOS EM PORTUGAL

Instalado na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, o laboratório de ensaio de sistemas


de isolamento térmico para habitação de baixo custo consiste numa câmara de teste exterior localizada
no campus solar de Ciências. Esta câmara possui paredes em alvenaria simples e pode ser configurada
com várias soluções de cobertura e isolamento térmico interior.

Trata-se de um experimento em curso, no qual comparam-se várias soluções; assim, a utilização


de proteção contra a radiação solar e da chaminé térmica teve um impacto positivo, resultando em
reduções da temperatura do ar interno do edifício modelo. A instalação do isolamento térmico reduziu
bastante a taxa de infiltração do ar externo. Ao longo das 24 horas de um dia, no entanto, essa redução
não é benéfica, pois também reduz o resfriamento natural durante as horas mais amenas do dia e da
noite. A adição da chaminé solar contribuiu para diminuir tal problema, melhorando o conforto interno.

A chaminé solar atinge seu potencial ótimo quando da combinação de alta radiação solar e
temperatura externa menor. Isso permite o desenvolvimento de um fluxo natural de ventilação que
introduz ar resfriado na zona ocupada, o que permite um decréscimo de até 3°C.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As principais dificuldades neste trabalho passaram por haver demasiada bibliografia sobre o tema,
e por outro, por ser esta uma área em intenso desenvolvimento, portanto com conceitos a serem revistos
e aplicados de forma localizada. O facto de haver em Portugal suficiente quantidade de edifícios
construídos de acordo com premissas bioclimáticas levou à sempre difícil tarefa de escolher quais incluir
e quais excluir neste estudo, ficando a decisão motivada pela maior ou menor profundidade de dados
encontrados em cada caso.

Restou como evidente a importância do tema no mercado de construção corrente, no qual tais
premissas já são aplicadas.

Para o grupo, a realização deste trabalho permitiu uma boa compreensão dos aspetos necessários
para o projecto bioclimático de um edifício, apesar da falta de experiência de trabalho resultar, por vezes,
em dificuldades.

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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Boston: Cengage Learning, Inc.

BALTAZAR, S. C. P. (2010). Mapas Bioclimáticos de Lisboa.

(Dissertação de Mestrado) Lisboa: Universidade de Lisboa.

BONACCORSO, N. (2019). Validated Simulation of Low-Cost Thermal Envelope Upgrades for Slum
Housing. Roma: 16th IBPSA International Conference and Exhibition.

FREITAS, A. F. M. C. S. (2008). Arquitectura Bioclimática e Sustentabilidade Ambiental no Revestimento


de Fachadas. (Dissertação de Mestrado). Porto: FEUP.

GONÇALVES, H. (2004). Conceitos Bioclimáticos para os Edifícios em Portugal.

Lisboa: Companhia das Cores.

GRILO, J. M. G. S.. (2012). Avaliação do Potencial de Poupança de Energia na Habitação em Portugal.


Lisboa: FCT-UNLisboa.

HENRIQUES, N. M. M. (2017). Utilização dos Princípios da Arquitectura Bioclimática no Projeto de


Habitação Modular. Covilhã: Universidade da Beira Interior.

MARTINS, A. F. S. (2015). Contributo do Projeto Bioclimático para a Sustentabilidade do Edifício.


(Dissertação de mestrado). Lisboa: Universidade Nova de Lisboa.

MONTEIRO, A. C. O. (2011) A arquitectura Bioclimática - Experiência e aplicação em Portugal.

(Dissertação de mestrado) Coimbra: FCTUC.

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SOUSA, V. F. C. L. (2018) Sistemas Passivos na Construção em Portugal: Análise de um caso de estudo.

Lisboa: FCT-UNLisboa.

VALENÇA, M. G. (2020) Um Guia de Arborização Bioclimática para a cidade do Porto. Porto: UPORTO.

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