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FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO

SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM


LADRILHOS CERÂMICOS

Ana Isabel Barbosa Morais

Licenciada em Engenharia Civil pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Dissertação submetida para satisfação parcial dos requisitos de grau de

Mestre em Reabilitação do Património Edificado

Dissertação realizada sob a supervisão do

Professor Doutor Vasco Peixoto Freitas

da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Porto, Novembro de 2007


RESUMO
Portugal tem grande tradição na utilização de ladrilhos cerâmicos colados no revestimento de
fachadas, sistema de elevada durabilidade quando correctamente concebido e aplicado.

No entanto, foram construídos nas últimas décadas edifícios que não apresentam esse desempenho
esperado, tendo-se registando inúmeros casos de patologias, como empolamento e descolamento
precoce em edifícios recentes. É, por isso, fundamental que nos próximos anos se faça um esforço
no sentido da reabilitação destes casos.

Por outro lado, assiste-se em Portugal a uma evolução crescente do consumo da energia eléctrica
em edifícios, com uma grande percentagem em climatização.

Verifica-se também que a maioria da construção não cumpre os requisitos mínimos para que se
atinja uma maior racionalização do consumo de energia, torna-se por isso inevitável avançar nesse
sentido.

A reabilitação destas fachadas pode então passar tanto pela reposição da solução original do
revestimento cerâmico colado ou pela adopção de outras novas soluções que aumentem a sua
resistência térmica e melhorem o conforto no interior dos edifícios, como é o caso de sistemas com
revestimento térmico pelo exterior.

É certo que estas soluções podem requerer, em alguns casos, um investimento inicial mais elevado
mas, a longo prazo, podem fazer com que esse investimento seja mais rapidamente amortizado,
uma vez que vão reduzir as necessidades energéticas do edifício, baixando o seu consumo, cujo
custo tende a aumentar.

Palavras-chave: revestimento cerâmico, patologias, reabilitação, eficiência energética, isolamento


pelo exterior.

I
ABSTRACT
Portugal has a great tradition in the usage of glued ceramic tiles on facade covering, which is a
system of high durability when correctly conceived and applied.

However, there are buildings constructed in the last decades that do not exhibit the expected
performance, as many pathologies, such as “blistering” and precocious detachments in recent
buildings, have been reported. It is therefore fundamental that, in the next years, there is an effort
in the rehabilitation of such cases.

On the other hand, Portugal has been facing a growing evolution of electrical energy consumption in
buildings, with a big percentage in climatization.

It is also evident that most of construction does not meet the minimum requirements for a greater
rationalization of energy consumption, hence being unavoidable to make progress in that direction.

The rehabilitation of these facades can thus be achieved both by the original method of glued
ceramic covering or by the adoption of novel solutions designed to increase its thermal resistance
and improve the buildings’ interior comfort, such as systems comprising external thermal covering.

Although these solutions may require, in some cases, a higher initial investment, in the long term
they should fasten its amortization, as they will reduce the energetic needs by lowering energy
consumption, whose cost tends to rise.

Keywords: ceramic covering, pathologies, rehabilitation, energetic efficiency, exterior insulation.

III
AGRADECIMENTOS

Ao Professor Vasco Freitas, pelos conhecimentos partilhados, disponibilidade e incentivo.

Ao Professor Vítor Abrantes, com amizade e admiração.

Aos familiares e amigos, que muitas vezes privei da minha companhia e atenção.

Ao Eng.º J. Dinis Silvestre que amavelmente disponibilizou a sua dissertação para consulta.

À Maria de Lurdes, pela assistência em todo o processo.

À Joana Delgado, pelo imprescindível apoio na entrega.

Aos meus pais e ao meu irmão, por tudo.

V
ÍNDICE

ÍNDICE

RESUMO.................................................................................................................. I

ABSTRACT............................................................................................................. III

AGRADECIMENTOS.................................................................................................... V

ÍNDICE................................................................................................................. VII

ÍNDICE DE FIGURAS.................................................................................................. XI

ÍNDICE DE TABELAS ................................................................................................ XV

CAPÍTULO 1 ............................................................................................................ 1

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................ 1

1.2 INTERESSE E OBJECTIVOS DO TRABALHO ............................................................. 1

1.3 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO......................................................... 2

CAPÍTULO 2 ............................................................................................................ 3

2 CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE REVESTIMENTO CERÂMICO EM FACHADAS .................... 3

2.1 A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO REVESTIMENTO CERÂMICO EM FACHADAS ......................... 3

2.2 SISTEMA DE REVESTIMENTO CERÂMICO ADERENTE ................................................11


2.2.1 Introdução ..........................................................................................11
2.2.2 Componentes do sistema .........................................................................12
2.2.2.1 Suporte ........................................................................................12
2.2.2.2 Elementos de fixação .......................................................................15
2.2.2.3 Ladrilhos cerâmicos .........................................................................21
2.2.2.4 Juntas..........................................................................................25
2.2.3 Zonas singulares....................................................................................29
2.2.4 Durabilidade ........................................................................................33
2.2.4.1 O conceito de Durabilidade ................................................................33
2.2.4.2 Requisitos e Exigências .....................................................................34
2.2.4.3 Aspectos fundamentais da durabilidade.................................................38

2.3 PATOLOGIAS EM FACHADAS COM REVESTIMENTO CERÂMICO ADERENTE ......................42


2.3.1 Origem das patologias ............................................................................42
VII
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

2.3.2 Causas das patologias ............................................................................. 42


2.3.3 Patologias mais frequentes ...................................................................... 46

CAPÍTULO 3...........................................................................................................51

3 SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO ...............................................................................51

3.1 GENERALIDADES .......................................................................................... 51

3.2 REABILITAÇÃO MANTENDO A SOLUÇÃO ORIGINAL ................................................. 53


3.2.1 Substituição do revestimento cerâmico (SOLUÇÃO A) ...................................... 54
3.2.1.1 Remoção dos ladrilhos degradados ....................................................... 54
3.2.1.2 Picagem da camada de assentamento ................................................... 54
3.2.1.3 Estabilização do suporte ................................................................... 55
3.2.1.4 Tratamento de fissuras ..................................................................... 56
3.2.1.5 Preparação do suporte e tarefas preliminares ......................................... 58
3.2.1.6 Aplicação do material de assentamento ................................................ 59
3.2.1.7 Assentamento dos ladrilhos................................................................ 62
3.2.1.8 Execução das juntas entre ladrilhos ..................................................... 64
3.2.1.9 Limpeza final ................................................................................. 65
3.2.1.10 Cura ............................................................................................ 66

3.3 REABILITAÇÃO COM MELHORIA DA RESISTÊNCIA TÉRMICA DA FACHADA....................... 67


3.3.1 Reposição dos ladrilhos cerâmicos de fachada e aplicação de isolamento térmico pelo
interior (SOLUÇÃO A1) ........................................................................................ 70
3.3.1.1 Sistema de Isolamento Térmico pelo Interior .......................................... 70
3.3.2 Reabilitação da fachada através de soluções com aplicação de isolamento térmico
pelo exterior .................................................................................................... 73
3.3.2.1 Reboco armado sobre isolamento térmico (ETICS) (SOLUÇÃO B) ................... 74
3.3.2.2 Fachada Ventilada (SOLUÇÃO C).......................................................... 85

CAPÍTULO 4......................................................................................................... 115

4 ANÁLISE TÉCNICO-ECONÓMICA ........................................................................... 115

4.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 115


4.1.1 Eficiência Energética nos Edifícios ........................................................... 115

4.2 DEFINIÇÕES ............................................................................................. 119


4.2.1 Custos.............................................................................................. 119
4.2.1.1 Custo Global ................................................................................ 120

4.2.1.2 Custo Inicial ( C 0 ) ......................................................................... 121

VIII
ÍNDICE

4.2.1.3 Custo de Manutenção ( C man )............................................................ 121

4.2.1.4 Custo de Exploração ( C exp ).............................................................. 122

4.2.2 Actualização ...................................................................................... 126

4.3 CASO DE ESTUDO....................................................................................... 127


4.3.1 Princípio ........................................................................................... 127
4.3.1.1 Custo Inicial ................................................................................ 127
4.3.1.2 Custo de Manutenção ..................................................................... 128
4.3.1.3 Custo de Exploração ...................................................................... 129
4.3.2 Folha de Cálculo ................................................................................. 132
4.3.3 Resultados ........................................................................................ 132
4.3.3.1 Situação 1 ................................................................................... 133
4.3.3.2 Situação 2 ................................................................................... 134
4.3.3.3 Situação 3 ................................................................................... 135
4.3.3.4 Situação 4 ................................................................................... 136
4.3.3.5 Situação 5 ................................................................................... 137
4.3.3.6 Situação 6 ................................................................................... 138
4.3.3.7 Período de retorno ........................................................................ 139
4.3.4 Análise dos resultados .......................................................................... 140

CAPÍTULO 5 ......................................................................................................... 141

5 CONCLUSÕES ................................................................................................. 141

5.1 CONCLUSÕES FINAIS ................................................................................... 141

5.2 DESENVOLVIMENTOS FUTUROS ...................................................................... 142

BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................... 143

IX
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

X
ÍNDICE DE FIGURAS

ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 2.1 - Porta de Istar (Original em Berlim, Museu Pergamon). [2] ..................................... 3

Figura 2.2 – Galeria dos Reis no jardim do Palácio dos Marqueses da Fronteira, em Lisboa. [3] ....... 4

Figura 2.3 – Painel de Francisco de Matos, Igreja de S. Roque, Lisboa. [4] ................................ 4

Figura 2.4 – Típico conjunto de casas portuenses do séc. XIX na rua Álvares Cabral. [3]................ 6

Figura 2.5 – Fachadas de casa do século XIX na rua Alexandre Braga, Porto............................... 6

Figura 2.6 – Azulejos lisos de estampilha. [3].................................................................... 7

Figura 2.7 – Azulejos de alto-relevo. [3] .......................................................................... 7

Figura 2.8 – Azulejo de meio relevo. [3] .......................................................................... 7

Figura 2.9 – Azulejos biselados. [3] ................................................................................ 7

Figura 2.10 - Edifício na esquina da rua das Flores com o Largo São Domingos revestido com azulejos
de meio-relevo. [3] ................................................................................................... 8

Figura 2.11 - Edifício na rua D. João IV revestido de azulejos biselados. [3] .............................. 8

Figura 2.12 – Painel na Estação de S. Bento, Porto. ............................................................ 9

Figura 2.13 – Igreja do Carmo, Porto. ............................................................................. 9

Figura 2.14 - Edifício com padronagem de azulejo, José Carlos Loureiro, Porto, 1958. [4]............. 9

Figura 2.15 – Edifício na Rua Gonçalo Cristóvão, Porto. ....................................................... 9

Figura 2.16 – Edifício na Rua Antero de Quental, Porto.......................................................10

Figura 2.17 - Edifício anos 90, Porto .............................................................................10

Figura 2.18 – Composição do sistema de revestimento cerâmico aderente. [1] ..........................11

Figura 2.19 e Figura 2.20 – Diferentes tipos de juntas [43] ..................................................27

Figura 2.21 – Ponte térmica. [61] .................................................................................29

Figura 2.22 – Descolamento em fachada curva. [44] ..........................................................30

Figura 2.23 – Decolamento no topo de uma pala de uma varanda. ......................................... 30

Figura 2.24 – Fachada de edifício onde se verifica descolamento em altura, podendo apresentar
perigo para os transeuntes. ........................................................................................31

Figura 2.25 – Descolamento em zona de descontinuidade estrutural.......................................32

Figura 2.26 – Percentagem de ocorrência dos grupos de causas de anomalias em fachadas. [44] ....45

XI
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

Figura 3.1 – Exemplo de colagem dupla. [57]................................................................... 61

Figura 3.2 – Espalhamento do adesivo no suporte com o lado denteado da talocha. [57].............. 61

Figura 3.3 – Representação esquemática de denteados de alguns tipos de talochas. [55] ............. 61

Figura 3.4 – Assentamento de ladrilhos com ajuste do posicionamento dos ladrilhos. [57] ............ 63

Figura 3.5 – Utilização do martelo de borracha. [57] ......................................................... 63

Figura 3.6 – Pressão exercida sobre as placas no assentamento. [58]...................................... 64

Figura 3.7 – Esquema de colocação de ladrilhos com cruzetas. [59] ....................................... 64

Figura 3.8 – Aplicação do material de preenchimento de juntas. [57] ..................................... 65

Figura 3.9 –Limpeza do material de preenchimento das juntas com uma esponja.[57] ................ 66

Figura 3.10 – Classificação dos sistemas de isolamento térmico pelo interior. [62] ..................... 71

Figura 3.11 – Sistema ETICS. [63] ................................................................................. 74

Figura 3.12 – Colagem por pontos. [63] .......................................................................... 80

Figura 3.13 – Colagem por bandas.[63] .......................................................................... 80

Figura 3.14 – Colagem completa com talocha. [63] ........................................................... 80

Figura 3.15 – Figura esquemática do sistema de revestimento em fachada ventilada. [66] ........... 85

Figura 3.16 – Dimensão mínima da caixa-de-ar [79] ........................................................... 92

Figura 3.17 – Sistema de colocação por fixação mecânica. [77] ............................................ 94

Figura 3.18 - Grampo mecânico, colocado na junta horizontal dos elementos de revestimento e
regulação do grampo no sentido paralelo ao suporte. [79] .................................................. 95

Figura 3.19 – Grampos de retenção e de sustentação. [71] .................................................. 95

Figura 3.20 – Distribuição do peso do revestimento pelos grampos. [71].................................. 96

Figura 3.21 – Fixação dupla com corte simples de ambas as placas e com bucha plástica. [71] ...... 96

Figura 3.22 – Fixação dupla com recorte no topo da placa (superior se o grampo for aplicado na
junta horizontal) para ocultação do grampo e sem camis plástica. [71] .................................. 97

Figura 3.23 – Fixação simples. [71] ............................................................................... 97

Figura 3.24 – Afastamento mínimo do furo ao limite da placa. [71]........................................ 98

Figura 3.25 – Afastamento ao limite da placa quando o mesmo canto é perfurado em dois topos. [71]
.......................................................................................................................... 98

XII
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 3.26 – Grampo mecânico com dois pinos. [79] .........................................................99

Figura 3.27 – Exemplo de grampo mecânico reforçado. [71].................................................99

Figura 3.28 – Exemplo de fixação de um grampo com bucha química. [71] ............................. 100

Figura 3.29 – Exemplo de fixação de um grampo com rasgo no tardoz. [71]............................ 100

Figura 3.30 – Exemplo de um grampo de chumbar. [79] .................................................... 101

Figura 3.31 – Fixação de um grampo de chumbar ao suporte. [71] ....................................... 101

Figura 3.32 – Exemplo de um grampo simples com dois pinos. [79] ...................................... 102

Figura 3.33 – Pormenor 1 e 1 bis: suporte de fixação de chumbar de sustentação ou de retenção.


Colocação na junta vertical ou horizontal..................................................................... 102

Figura 3.34 - Pormenor 2: suporte de fixação de chumbar de sustentação ou de retenção. Colocação


na junta vertical. .................................................................................................. 102

Figura 3.35 - Vista de frente e corte e pormenores do sistema de colocação por fixação de chumbar.
[79] ................................................................................................................... 102

Figura 3.36 – Sistema de fixação contínua [77] ............................................................... 104

Figura 3.37 – Estrutura simples com perfis suspensos. [79] ................................................ 105

Figura 3.38 – Estrutura dupla com perfis verticais e horizontais. [79] ................................... 105

Figura 3.39 – Estrutura vertical fixada e suporte com alvenaria de preenchimento. [79] ............ 105

Figura 3.40 – Estrutura vertical para colocação na junta horizontal para um afastamento elevado.
[79] ................................................................................................................... 106

Figura 3.41 - Estrutura vertical para colocação na junta vertical para um afastamento reduzido. [79]
........................................................................................................................ 106

Figura 3.42 – Implantes para fixação de placas de pedra. [71] ............................................ 106

Figura 3.43 – Dimensão máxima de placas de pedra [79] ................................................... 107

Figura 3.44 e Figura 3.45 - Junta de dilatação e Junta entre a parte superior da pedra e a parte
achatada do varão. [79] .......................................................................................... 108

Figura 3.46 – Junta horizontal de seccionamento do espaço de ar. [82]................................. 110

Figura 3.47 – Esquema da fixação da estrutura vertical e exemplo de buchas químicas para fixação
ao suporte. [82] .................................................................................................... 111

Figura 3.48 – Painel horizontal. [83]............................................................................ 112

XIII
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

Figura 3.49 – Painel vertical. [83]............................................................................... 112

Figura 3.50 – Painel ondulado. [83]............................................................................. 112

Figura 3.51 – Painel trapezoidal. [83] .......................................................................... 112

Figura 3.52 – Telecom Giubiasco, Giubiasco, Suíça. [83] ................................................... 113

Figura 3.53 – Centre Cogéneration, Luxemburgo. [83] ...................................................... 113

Figura 4.1 - Consumo de energia por utilização final, no sector doméstico, na União Europeia. [84]
........................................................................................................................ 116

Figura 4.2 – Distribuição do consumo da energia final e energia eléctrica por sector. [85].......... 116

Figura 4.3 – Variação do custo global associado ao isolamento térmico de um elemento construtivo
em função do respectivo coeficiente de transmissão térmica. [88] ...................................... 120

Figura 4.4 – Variação da taxa de inflação em Portugal, nos últimos anos. [87] ........................ 121

Figura 4.5 – Evolução do preço de aquisição de energia eléctrica por consumidores doméstico médio,
baixa tensão. ....................................................................................................... 125

Figura 4.6 – Custos das 4 soluções ao longo de 30 anos para Lisboa, para um nível de qualidade N1.
........................................................................................................................ 133

Figura 4.7 - Custos das 4 soluções ao longo de 30 anos para Lisboa, para um nível de qualidade N3.
........................................................................................................................ 134

Figura 4.8 - Custos das 4 soluções ao longo de 30 anos para o Porto, para um nível de qualidade N1.
........................................................................................................................ 135

Figura 4.9 - Custos das 4 soluções ao longo de 30 anos para o Porto, para um nível de qualidade N3.
........................................................................................................................ 136

Figura 4.10 - Custos das 4 soluções ao longo de 30 anos para Bragança, para um nível de qualidade
N1. .................................................................................................................... 137

Figura 4.11 - Custos das 4 soluções ao longo de 30 anos para Bragança, para um nível de qualidade
N3. .................................................................................................................... 138

XIV
ÍNDICE DE TABELAS

ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 2.1 – Classificação dos suportes de revestimento cerâmico em paredes exteriores. [46] .....13

Tabela 2.2 – Classificação do suporte em função do desvio de planeza. [13].............................14

Tabela 2.3 – Enquadramento normativo dos Cimentos-cola. [46] ...........................................17

Tabela 2.4 – Métodos de ensaio para avaliar as características fundamentais dos cimentos-cola. [46]
..........................................................................................................................20

Tabela 2.5 - Classificação dos azulejos e ladrilhos cerâmicos em função do processo de conformação
e da absorção de água, de acordo com a Norma EN 14411 [23]. ............................................22

Tabela 2.6 - Normas de ensaio da série EN ISO 10545 para a determinação das características
dimensionais e das propriedades físicas e químicas dos ladrilhos cerâmicos. [46] ......................24

Tabela 2.7 – Espessura mínima de juntas de assentamento, em função do tipo de ladrilhos (s =


superfície do ladrilho) [13] .........................................................................................27

Tabela 2.8 – Durabilidade (em anos) dos produtos em função da durabilidade das construções [46] 34

Tabela 2.9 – Exigências funcionais para revestimentos de paredes aplicáveis ao sistema de


revestimento cerâmico colado. (adaptado de [46]) ...........................................................35

Tabela 2.10 - Exigências funcionais para revestimentos de paredes aplicáveis ao sistema de


revestimento cerâmico colado. (adaptado de [46]) (Continuação) .........................................36

Tabela 2.11 - Exigências funcionais para revestimentos de paredes aplicáveis ao sistema de


revestimento cerâmico colado. (adaptado de [46]) (Continuação) .........................................37

Tabela 2.12 – Classificação das causas das anomalias em revestimentos cerâmicos aderentes. [44] 43

Tabela 2.13 – Patologias mais frequentes em revestimentos cerâmicos de fachadas. [51] ............46

Tabela 2.14 – Imagens de patologias mas frequentes e revestimentos de fachadas com ladrilhos
cerâmicos..............................................................................................................47

Tabela 3.1 – Coeficientes de transmissão térmica (U-W/m2ºC) (RCCTE-90) [52], (RCCTE-2006 [89]. 52

Tabela 3.2 – Técnicas de Estabilização de paredes [53] ......................................................55

Tabela 3.3 – Estratégias de reabilitação em situações de variações de temperatura e humidade nas


alvenarias [53] ........................................................................................................56

Tabela 3.4 – Estratégias de reabilitação da fissuração, técnicas e as suas condicionantes. [53]......57

Tabela 3.5 – Condições a satisfazer pelo suporte no momento da colagem. [55] ........................58

XV
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

Tabela 3.6 – Classes de cimentos-cola recomendados para o assentamento de ladrilhos em fachadas.


[13] ..................................................................................................................... 60

Tabela 3.7 – Alturas mínimas dos dentes da talocha a utilizar no assentamento de ladrilhos de
grande formato [44] ................................................................................................. 62

Tabela 3.8 – Principais vantagens do isolamento térmico pelo interior em fachadas. [62] ............ 68

Tabela 3.9 - Principais desvantagens do isolamento térmico pelo interior em fachadas. [62] ........ 68

Tabela 3.10 - Principais vantagens do isolamento térmico pelo exterior em fachadas. [62] .......... 69

Tabela 3.11 - Principais desvantagens do isolamento térmico pelo exterior em fachadas. [62] ...... 69

Tabela 3.12 – Quadro-síntese para selecção de um sistema de isolamento térmico pelo interior [62]
.......................................................................................................................... 72

Tabela 3.13 - Principais diferenças entre o sistema ETICS e a Fachada Ventilada. [64] ................ 73

Tabela 3.14 – Vantagens da utilização do sistema de Fachada de Ventilada. [68][69][70]............. 86

Tabela 3.15 – Compatibilidade entre suportes e os diferentes tipos de fixação de revestimento. [71]
.......................................................................................................................... 88

Tabela 3.16 – Classificação ACERMI, massa volúmica aparente e condutibilidade térmica dos
isolantes térmicos correntemente utilizados. [71][74] ....................................................... 90

Tabela 3.17 – Coeficientes de transmissão térmica (U –W/m2ºC) de paredes simples com


revestimento exterior descontínuo e independente - exemplos. [74] ..................................... 91

Tabela 3.18 – Sistemas de fixação ................................................................................ 93

Tabela 3.19 – Dimensões a respeitar nos três casos. [71] .................................................... 97

Tabela 3.20 – Compatibilidade entre suportes e a fixação do revestimento. [71] ..................... 109

Tabela 3.21 – Dimensões da caixa-de-ar em função da altura da fachada. [83] ....................... 110

Tabela 3.22 – Variação da massa superficial com a espessura de placa de zinco. [83] ............... 113

Tabela 4.1 – Coeficientes de transmissão térmica máximos para a envolvente opaca vertical
exterior, Umax W/(m2.ºC).......................................................................................... 123

Tabela 4.2 - Coeficientes de transmissão térmica de referência para a envolvente opaca vertical
exterior, Umax W/(m2.ºC).......................................................................................... 124

Tabela 4.3 – Níveis de qualidade definidos na NIT 001 do LFC. ........................................... 124

Tabela 4.4 – Coeficiente de transmissão térmica, U W/(m2.ºC) e espessura do isolamento, em função


do nível de qualidade térmica................................................................................... 124
XVI
ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 4.5 – Custo inicial das diferentes soluções analisadas, para os diferentes níveis de qualidade
........................................................................................................................ 128

Tabela 4.6 – Valores da manutenção das diferentes soluções e sua periodicidade. ................... 128

Tabela 4.7 – Concelhos escolhidos para a análise técnico-económica.................................... 129

Tabela 4.8 – Valores adoptados para Lisboa. ................................................................. 130

Tabela 4.9 - Valores adoptados para o Porto. ................................................................ 131

Tabela 4.10 - Valores adoptados para Bragança.............................................................. 131

Tabela 4.11 – Retorno do investimento das soluções B, C1 e C2, relativamente à solução A. ....... 139

XVII
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

CAPÍTULO 1

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O revestimento de fachadas cumpre um papel importante no desempenho dos edifícios, não só no


que diz respeito ao aspecto visual e embelezamento proporcionados, como também à durabilidade,
valorização do imóvel e eficiência destes.

Portugal tem uma grande tradição na utilização de revestimentos cerâmicos no revestimento de


fachadas. É reconhecida a influência que a azulejaria exerceu na concepção arquitectónica das
fachadas dos edifícios portugueses, que aliás dificilmente encontra paralelo em qualquer outro País.

Actualmente, a Indústria portuguesa produtora de ladrilhos cerâmicos consegue compatibilizar


perfeitamente a perpetuação das características da azulejaria tradicional com meios de produção
tecnologicamente actualizados, a nível Mundial. No entanto, apesar do desenvolvimento da
indústria cerâmica, muitas vezes o desempenho deste revestimento fica muito aquém do esperado.
Aliás, são cada vez mais frequentes os casos que obrigam a intervenções precoces de reabilitação,
para enfrentar os problemas de descolamentos em fachadas com este revestimento.

1.2 INTERESSE E OBJECTIVOS DO TRABALHO

Como foi referido, muitos têm sido os casos de patologias identificados em fachadas revestidas com
ladrilhos cerâmicos. O descolamento é o problema mais grave que este tipo de revestimento pode
apresentar, pelas questões de segurança que levanta, por ser inevitável a sua reparação e por serem
elevados os custos que essa reparação acarreta.

Um revestimento afectado por descolamento deixa de cumprir as funções que lhe estavam
destinadas e passa a afectar também o suporte onde se encontra aplicado, pois possibilita a
penetração de água.

É preocupante o facto de o descolamento ocorrer, muito frequentemente, nos primeiros anos de


utilização. Muitos estudos têm sido feitos para perceber quais as principais causas que levam a essa
situação, para que em trabalhos futuros não se voltem a repetir. No entanto, enquanto se

1
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

desenvolvem esforços nesse sentido, há que reabilitar os já existentes.

Por outro lado, com a crescente preocupação com o ambiente e a eficiência energética e com a
consequente entrada em vigor do novo RCCTE (Regulamento das Características do Comportamento
Térmico dos Edifícios) que impõe um aumento das exigências de conforto, não só para edifícios
novos como também para grandes intervenções, surge a necessidade de se pensar em soluções que,
para além de reabilitarem a fachada, melhorem as suas características energéticas.

É com esse objectivo que se desenvolve este trabalho, pretende-se estudar soluções de reabilitação
de fachadas com revestimento em ladrilhos cerâmicos que melhorem, não só as características
estéticas e a estanqueidade, como também as características térmicas da fachada, contribuindo
assim para um menor consumo de energia em aquecimento e arrefecimento.

Na presente dissertação são abordadas soluções de reabilitação de revestimentos cerâmicos


exteriores para edifícios unicamente a partir de 1960, já com estrutura porticada de betão armado.

1.3 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO

Este trabalho está estruturado em cinco capítulos.

No presente capítulo, são feitas considerações iniciais acerca do tema em estudo e apresentados os
objectivos e o interesse do trabalho.

No capítulo 2, descreve-se, de uma forma genérica o sistema de revestimento cerâmico aderente e


os seus constituintes – ladrilhos, colas, produtos de preenchimento de juntas. Apresenta-se a
documentação normativa aplicável. É feita, também neste capítulo, uma pequena abordagem ao
conceito de durabilidade e são identificados alguns casos particulares de situações mais susceptíveis
a patologias. Apresentam-se as principais patologias que geralmente afectam o revestimento
cerâmico de fachadas.

No capítulo 3, são apresentadas as diferentes soluções propostas para a reabilitação de fachadas


com ladrilhos cerâmicos, que passam por manter a solução inicial ou por soluções de reabilitação
energética da fachada.

No capítulo 4, é feita uma análise técnico-económica comparativa das várias soluções para
diferentes condições e exigências de qualidade, atendendo aos vários custos.

Por fim, no capítulo 5, apresentam-se as conclusões gerais resultantes deste estudo e os trabalhos
futuros a desenvolver nesta mesma área.

2
CAPÍTULO 2 - CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE REVESTIMENTO CERÂMICO EM FACHADAS

CAPÍTULO 2

2 CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE REVESTIMENTO CERÂMICO


EM FACHADAS

2.1 A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO REVESTIMENTO CERÂMICO EM FACHADAS

O uso do material cerâmico como revestimento remonta há, pelo menos, três mil anos atrás,
devendo ter ocorrido provavelmente no Médio Oriente. [1]

Já a civilização cretense fez uso das suas potencialidades, mas será na


Mesopotâmia e na Asíria onde o revestimento cerâmico alcançará maior
expressão. Com o fabrico do vidro pelos egípcios, os ladrilhos passam a
ser vidrados e com uma policromia mais intensa e rica. São testemunhas
alguns fragmentos de Ekal Masharti de Salmanasae en Kalkhu (século IX
a.C.) ou os azulejos mais recentes (século V a.C.) situados na capital da
Babilónia, como é exemplo a recorrentemente citada Porta de Istar
(604-652 a.C.) (Figura 2.1).

Na época da Grécia antiga ainda encontramos o uso da cerâmica na Figura 2.1 - Porta de

arquitectura mas esta seria rapidamente substituída por pedra Istar (Original em
Berlim, Museu
policromada. A Pérsia e Fenícia divulgaram o uso da cerâmica com
Pergamon). [2]
utilidade funcional na arquitectura, nomeadamente em telhas e
cornijas. A civilização romana não utilizou a cerâmica decorativa.

O regresso da cerâmica ao Médio Oriente vinda da Ásia, onde se registava uma forte tradição e onde
a tecnologia era muito desenvolvida, ocorreu no século IX. O império árabe alastrou-se até às
fronteiras da China, estendendo-se por três continentes: África, Ásia e Europa. São exemplos as
mesquitas de Chah-Sindeh ou de Gour Emir, construídas ao longo do século XIV durante o reinado de
Tumarlan, que permitem perceber que a cerâmica da arquitectura árabe adquiriu um elevado grau
de desenvolvimento técnico e um belo efeito decorativo.

Já na Península Ibérica a permanência das comunidades árabes em Espanha terão deixado uma
marca fecunda para as épocas e séculos seguintes, permitindo que fosse neste país que esta

3
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

tradição criasse raízes mais fortes, sendo o país europeu que registava maior desenvolvimento
tecnológico nas artes cerâmicas durante o século XV e inícios do século XVI. [2]

Portugal é agora, possivelmente, o país do mundo onde o azulejo está mais intrinsecamente
relacionado com a cultura nacional. Embora os tenha importado nos primeiros séculos de utilização,
teve uma produção importante e contribuiu para a sua propagação por outros continentes, através
das suas colónias ultramarinas.

A sua utilização em Portugal começou por volta do século XIII, descendendo directamente de uma
tradição islâmica que se expandiu pela orla mediterrânica. Mas ao contrário dos povos muçulmanos,
em Portugal, o azulejo teve durante cinco séculos (séc. XIII-XVII) uma vocação para revestimentos
de ambientes interiores, sendo poucos os exemplos da sua utilização no revestimento de fachadas.
Os casos conhecidos, como os exemplos no jardim do Palácio dos Marqueses de Fronteira (Figura
2.2), em Lisboa, são excepções que confirmam a regra.

Figura 2.2 – Galeria dos Reis no jardim do Palácio dos Figura 2.3 – Painel de Francisco de Matos, Igreja de S.
Marqueses da Fronteira, em Lisboa. [3] Roque, Lisboa. [4]

A produção de azulejos decorativos em Portugal começou no mesmo período da expansão marítima,


por volta do século XVI, com a utilização da técnica Majólica, sendo inequivocamente lusitano o
exemplar da igreja de S. Roque em Lisboa, terminado em 1575 e assinado por Francisco de Matos
(Figura 2.3).

As fábricas portuguesas souberam tirar proveito do momento histórico para ganhar mercados e
escoar a sua produção. Entre os séculos XVII e XVIII, os navios que partiam vazios das terras
lusitanas, para voltarem carregados de produtos locais, costumavam levar grandes quantidades
destes azulejos para servir de lastro. Mas eram levados não só azulejos decorados como também
peças brancas, sem decoração, mais fáceis de negociar.

4
CAPÍTULO 2 - CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE REVESTIMENTO CERÂMICO EM FACHADAS

Se no princípio do século XVI, Portugal ainda estava mais interessado nas colónias de África e Ásia,
logo a seguir o Brasil se torna o alvo principal das atenções políticas e da cobiça dos mercadores.
Assim, começa a existir uma grande disponibilidade de azulejos na colónia, o que poderia justificar
a utilização deste material pelos construtores brasileiros como revestimento exterior, contrariando
o modelo português. A sua utilização como revestimento exterior no Brasil deu-se também graças às
suas qualidades mecânicas de protecção contra as intempéries somadas à carência de matérias de
acabamento disponíveis.

No século XVIII, o Marquês de Pombal, Primeiro-ministro de D. João VI, implanta em Portugal um


projecto de industrialização manufactureira no País. Cria-se, então, a Fábrica de Loiça do Rato, que
simplificava os padrões dos azulejos existentes (de rococós com predominância de concheados nos
emolduramentos, policrômios, passam a perder a volumetria, as suas cores tornam-se mais
flamejantes e começam a ser permeados de motivos neoclássicos) com o intuito de aumentar a
produção. Posto isto, o custo do produto diminui significantemente, tornando-se acessível a um
público maior. Já era possível ver-se, então, o revestimento cerâmico estender-se a espaços
intermediários entre interior e exterior, como no revestimento de alpendres, pátios, claustros e
também enfeitando os jardins com seus bancos ou chafarizes revestidos. [5]

A produção na cidade do Porto iniciou-se provavelmente no século XVII, contribuindo para parte da
exportação para o Brasil a partir de 1688. Durante dois séculos, as suas técnicas de fabricação
consistiam em cópias ou fortemente inspirados nos outros grandes centros produtores, como Lisboa.

Foi no século XIX que os azulejos portuenses conhecem uma fase de glória quando os brasileiros,
como eram conhecidos os emigrantes portugueses que retornam ao país natal depois de um período
no Brasil, não só aplicam azulejos em suas novas casas, como adquirem algumas fábricas
reactivando as que estavam já desactivadas, trazendo novas técnicas de fabrico e aumentando a
produção.

5
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

Figura 2.4 – Típico conjunto de casas portuenses do Figura 2.5 – Fachadas de casa do século XIX na rua
séc. XIX na rua Álvares Cabral. [3] Alexandre Braga, Porto.

Se a princípio as casas dos brasileiros foram referidas em tom pejorativo pelos portuenses, como
“casas penico”, “casas de brasileiros” ou “casas de azulejo”, aos poucos, passadas as primeiras
impressões, foram caindo no gosto dos portugueses.

Rapidamente, não apenas as casas dos brasileiros, mas quase toda a cidade do Porto estava coberta
de azulejos, e a sombria cidade do granito e do clima chuvoso ganhava cores e brilhos próprios.
(Figura 2.4 e Figura 2.5).

A produção oitocentista portuense apresenta três tipos básicos de azulejos: lisos (de estampilha e
de estampagem), de relevo (alto-relevo e meio relevo) e biselados (de aresta). Esses azulejos são
hoje conhecidos por semi-industriais porque embora a sua produção contasse com máquinas, ainda
dependiam da acção da mão humana no processo de fabrico.

Os azulejos lisos, geralmente, apresentavam padrões baseados em quatro azulejos iguais,


compostos de forma a criar um padrão seguindo a fórmula 2x2/1. (Figura 2.6)

Os azulejos de alto-relevo eram caracterizados por um grande rosetão central e quatro ramagens
nas diagonais ou nos cantos do quadrado. Eram peças absolutas que não compunham combinações.
(Figura 2.7)

6
CAPÍTULO 2 - CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE REVESTIMENTO CERÂMICO EM FACHADAS

Figura 2.6 – Azulejos lisos de estampilha. [3] Figura 2.7 – Azulejos de alto-relevo. [3]

Com o avanço da industrialização, os azulejos de alto-relevo são substituídos pelos de meio-relevo


(Figura 2.8 e Figura 2.10). Em ambos os tipos a superfície recebia uma pintura externa esmaltada
ligeiramente branca e, posteriormente, recebia uma pintura opaca que cobria ora o fundo ora as
figuras relevadas.

Os azulejos biselados ou de arestas são rectangulares, na proporção de 1:2, e chanfrado nas


extremidades. (Figura 2.11) Mais espesso que os outros tipos de azulejos, são monocromáticos, mas
a incidência da luz produz variações de cores e sombras entre as partes planas e os chanfros (Figura
2.9). [3]

Figura 2.8 – Azulejo de meio relevo. [3] Figura 2.9 – Azulejos biselados. [3]

7
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

Figura 2.10 - Edifício na esquina da rua das Flores Figura 2.11 - Edifício na rua D. João IV revestido de
com o Largo São Domingos revestido com azulejos de azulejos biselados. [3]
meio-relevo. [3]

A harmoniosa partilha da cidade entre granito e o azulejo fez com que o aspecto desta sofresse
grandes alterações criando a imagem que hoje temos do Porto. [6]

Na passagem do século XIX para o século XX os tipos mantiveram-se, porém adaptaram-se às novas
tendências artísticas e técnicas. A valorização do azulejo como revestimento exterior no século XIX
permitiu que o século XX já se iniciasse aberto a eles. [3] O material surge com motivos
historicistas, tardo-românticos, art-nouveau e art-decô.

As soluções historicistas e de revivalismo afirmam também a produção de azulejo de desenho


completo, características da produção holandesa dos séculos XVII e XVIII, que foram produzidos pela
Fábrica de Massarelos (no Porto), entre outras, durante o século XX. Podemos incluir ainda neste
imaginário os diversos painéis de reminiscências do revivalismo historicista civil no Porto, tão
virtuosamente ilustrado pelos painéis de Jorge Colaço para a Estação Ferroviária de S. Bento (Figura
2.12) ou também os painéis de carácter religioso como os da Capela das Almas ou os desenhados por
Silvestre Silvestri para a Igreja do Carmo (Figura 2.13).

8
CAPÍTULO 2 - CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE REVESTIMENTO CERÂMICO EM FACHADAS

Figura 2.12 – Painel na Estação de S. Bento, Porto. Figura 2.13 – Igreja do Carmo, Porto.

A par desta azulejaria de características eruditas, o azulejo português continuou, nesta segunda
metade do século XX, a manifestar-se através de exemplares menos elaborados ou de carácter
popular, como os revestimentos das fachadas das casas dos emigrantes e os registos, cartelas e
painéis naturalistas, desenhados pelos artífices que trabalham nas fábricas. Mas, através de todas
estas formas, continuou a revelar a sua vitalidade e a reafirmar-se como uma das manifestações
mais originais das artes decorativas europeias. [7]

Figura 2.14 - Edifício com padronagem de azulejo, Figura 2.15 – Edifício na Rua Gonçalo Cristóvão,
José Carlos Loureiro, Porto, 1958. [4] Porto.

A partir da década de 50, este material ganha um novo impulso e será experimentado por artistas
plásticos contemporâneos que exploram nele novas linguagens do século, como por exemplo Almada
Negreiros, Maria Keil, Sá Nogueira, Júlio Resende entre outros.

Nas décadas de 1960-1980 assiste-se, igualmente, à recuperação desta forma decorativa pelas

9
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

classes mais populares, em especial por parte de emigrantes deslocados, fundamentalmente no


espaço europeu, que nas suas construções nas terras de origem, irão adoptando o azulejo como
revestimento de exterior, fenómeno que não deixará de marcar posição na história do edificado (e
também do azulejo) e com similitudes descritivas em relação ao que havia passado com os
emigrantes portugueses que regressaram do Brasil. A par deste desenvolvimento, assiste-se ao
regresso do recurso a estas soluções decorativas por parte dos arquitectos mas neste caso com
azulejos expressamente desenhados por arquitectos. (Figura 2.14 e Figura 2.15)

Vários edifícios dos anos 70, 80 e 90 vão encontrando no azulejo virtualidades não tanto decorativas
(azulejos lisos de tons sombrios) mas sem dúvida mais relacionadas com as vantagens de
durabilidade e de menor manutenção que este material apresenta (Figura 2.16 e Figura 2.17). [2]

Figura 2.16 – Edifício na Rua Antero de Quental, Figura 2.17 - Edifício anos 90, Porto
Porto.

10
CAPÍTULO 2 - CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE REVESTIMENTO CERÂMICO EM FACHADAS

2.2 SISTEMA DE REVESTIMENTO CERÂMICO ADERENTE

2.2.1 Introdução

Os sistemas de revestimento cerâmico aderente em paredes podem ser:

- sistemas “aderentes tradicionais”, em que os ladrilhos são assentes directamente nos suportes
com argamassas tradicionais;

- sistemas “aderentes colados”, em que os ladrilhos são colados directamente aos suportes com
argamassas-cola delgadas (não tradicionais), obtidas a partir de produtos preparados e pré-
doseados em fábrica.

Um sistema de revestimento cerâmico aderente é constituído pelas seguintes camadas apresentadas


na Figura 2.18:

Figura 2.18 – Composição do sistema de revestimento cerâmico aderente. [1]

- Suporte – é o componente de sustentação dos revestimentos, habitualmente formado por


elementos de alvenaria/estrutura.

- Chapisco – é a camada de revestimento aplicada directamente sobre a base, com a finalidade de


uniformizar a absorção da superfície e melhorar a aderência da camada subsequente. É,
normalmente, constituída por uma argamassa de cimento e areia, podendo conter ou não adesivos.

- Emboço - é a camada de revestimento executada para cobrir e regularizar a superfície de suporte


ou chapisco, com a função de definir o plano vertical e dar sustentação à camada seguinte, o
revestimento propriamente dito. É uma argamassa de cimento, areia e/ou agregado fino, com

11
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

adição ou não de cal e aditivos químicos.

- Produto de colagem

- argamassa tradicional convencional - argamassa de cimento e/ou cal, preparada em obra


apresentando dosagem variável de ligante/areia.

- argamassa colante (cimento-cola) - “Mistura constituída de aglomerados hidráulicos, agregados


minerais e aditivos, que possibilita, quando preparada em obra com a adição exclusiva de
água, a formação de uma pasta plástica e aderente”. (definição da Norma NBR 13.755/1996 –
item 3.2). [8]

- Junta – entre os azulejos ou ladrilhos são definidas juntas que irão ser posteriormente preenchidas
com argamassa de cimento ou outros produtos de substituição, e cuja largura depende dos
elementos cerâmicos e da situação do paramento revestido. Estas juntas servem para dissipar as
tensões que se instalem nos ladrilhos, absorver as irregularidades dimensionais com que estes sejam
produzidos, estabelecer uma ligação suplementar entre os ladrilhos e a argamassa de assentamento
e dotar o revestimento da necessária permeabilidade ao vapor de água. [9]

- Ladrilhos cerâmicos - É o revestimento em si. Placas de material composto de argila e outras


matérias-primas inorgânicas que são conformadas por extrusão ou por prensagem, podendo também
ser conformadas por outros processos. [10]

A seguir, descrevem-se com mais detalhes as principais características destes componentes.

2.2.2 Componentes do sistema

2.2.2.1 Suporte

Na execução de um revestimento cerâmico aderente deve ter-se em conta as propriedades do


suporte no qual este vai ser aplicado.

Os suportes são classificados em função da sua natureza, o que constitui também um elemento a
considerar na escolha, desde a execução dos substratos intermédios até à aplicação dos materiais
cerâmicos de revestimento.

Os suportes onde é admissível que seja aplicado um revestimento cerâmico colado, no caso de
fachadas, são apenas os das classes S1, S2 e S3 e são os apresentados na Tabela 2.1.

12
CAPÍTULO 2 - CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE REVESTIMENTO CERÂMICO EM FACHADAS

Tabela 2.1 – Classificação dos suportes de revestimento cerâmico em paredes exteriores. [46]

Natureza dos suportes Classe Documentos de referência

Paredes de betão ou painéis prefabricados em


betão:

- acabamento corrente; S1 NF P 18-210-1 [11]

- acabamento cuidado. S2 NF P 10-210-1 [12]

Rebocos à base de cimento sobre paredes de


betão ou paredes de alvenaria:

- argamassa de cimento;
S3 NF P 15-210-1
- argamassa bastarda;

- impermeabilização.

Os suportes também se classificam em função da sensibilidade à humidade, distinguindo-se três


classes de sensibilidade S:

- Classe SA- correspondente aos suportes que apresentam uma grande sensibilidade à água do
ponto de vista da sua durabilidade intrínseca, por exemplo: painéis com colagem sensível à
humidade, rebocos em gesso natural cuja coesão em função dos ciclos de humidade/secagem
pode variar de maneira continuamente decrescente;

- Classe SB – correspondente a suportes que não apresentam gesso natural com uma sensibilidade
moderada à água do ponto de vista da sua durabilidade intrínseca, por exemplo: certos rebocos
à base de gesso natural modificados cuja coesão, em função dos ciclos de
humidificação/secagem, apresentam-se estabilizados a um nível aceitável; certos painéis de
partículas com colagem melhorada (ureia, melanina, fenólica) tratadas contra fungos, e mais a
protecção da penetração normal da água pela cola ou por uma preparação adequada.

- Classe SC – correspondente aos suportes que não apresentam sensibilidade à água do ponto de
vista da sua durabilidade intrínseca; por exemplo: betão ou rebocos de argamassas de cimento.

Os suportes adequados à colagem de ladrilhos, dos tipos S1, S2 e S3, não apresentam sensibilidade à
água, inserindo-se, portanto, na classe de sensibilidade SC. [46]

A escolha do processo de aplicação do revestimento deve considerar o comportamento provável do


suporte para garantir a adequação dos materiais.

13
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

A determinação do método de aplicação depende, por isso, das seguintes características do suporte:

- Resistência mecânica (por exemplo, resistência à ruptura ou a cargas de trabalho);

- Regularidade superficial (nivelamento e irregularidades da superfície);

- Propriedades químicas e físicas (resistência à água; compatibilidade do suporte e camadas dos


substratos a aplicar). [13]

A compatibilidade mecânica entre o revestimento e o suporte é fundamental, por isso, para a


aplicação de revestimentos cerâmicos apenas se consideram os suportes de betão ou alvenaria com
reboco de elevada rigidez que pode ser apenas dos seguintes tipos: [14]

- Emboço sobre chapisco, aplicados manualmente, ou reboco projectado em duas camadas, com
uma dosagem em ligantes não inferior a 350 kg por m3 de areia seca, sendo a dosagem em
cimento de, pelo menos, 250 kg/ m3;

- Monomassas (rebocos de impermeabilização pré-doseados) com módulo de elasticidade


pertencentes à classe E4 (módulo de elasticidade, aos 28 dias, compreendido entre 7500 e 1400
Mpa) ou superior e resistência à tracção pertencente, pelo menos, à classe R4 (resistência à
tracção por flexão, aos 28 dias, compreendida entre 2,0 e 3,5 Mpa).

A compatibilidade mecânica está relacionada com o módulo de elasticidade e a resistência à


tracção do suporte e do revestimento. Se o suporte tiver uma baixa resistência mecânica, são
elevados os riscos de fissuração sob o efeito das tensões geradas pelas deformações de natureza
higrotérmica do revestimento. [13]

A compatibilidade geométrica entre um sistema de revestimento com ladrilhos cerâmicos e o


respectivo suporte assume também grande importância. Esta traduz-se na necessidade do suporte
apresentar planeza e regularidade superficial adequadas à espessura e técnica de aplicação do
revestimento. Os suportes classificam-se em função dos desvios de planeza, de acordo com a Tabela
2.2.

Tabela 2.2 – Classificação do suporte em função do desvio de planeza. [13]

Tipo de Suporte Desvio de Planeza (mm)

I <6

II ≥ 6 e <10

III ≥ 10

14
CAPÍTULO 2 - CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE REVESTIMENTO CERÂMICO EM FACHADAS

No caso de existirem zonas curvas na fachada, é fundamental utilizar a dimensão de ladrilhos mais
adequados para que seja possível a sua total aderência.

Apesar de não ser preocupante em situações correntes, a incompatibilidade química entre o sistema
de revestimento e o suporte tem que ser evitada pois pode provocar a degradação do elemento
construtivo, traduzindo-se por deformações, destacamento do revestimento, etc.

2.2.2.2 Elementos de fixação

Num sistema de revestimento directamente aderente ao suporte, o produto de colagem tem como
função principal garantir a aderência, adequada às solicitações previstas, entre os elementos de
revestimento e o suporte, para um tempo de vida útil suficientemente longo. Esse tempo de vida
útil deve ser igual ao previsto para o suporte, tendo em conta as acções de manutenção periódicas.
[15]

Os ladrilhos cerâmicos podem ser assentes directamente sobre o suporte ou sobre a camada de
regularização deste. Para tal, existem diferentes soluções, como as argamassas tradicionais e os
cimentos-cola.

2.2.2.2.1 Argamassas tradicionais

As argamassas tradicionais são compostas por constituintes primários (ligante, agregado e água),
misturados em obra.

Este produto, devido à sua constituição e forma, é aplicado em camada espessa de 5 a 20 mm (a


composição e o modo de execução das argamassas tradicionais para assentamento de ladrilhos
cerâmicos estão descritos na NP 56 [16] – “Assentamento de azulejos e ladrilhos” de 1963) e serve
também de camada de regularização permitindo compensar as irregularidades do suporte, sendo
esta a sua principal vantagem.

O produto ganha presa, resultado da hidratação que tem lugar na união a água com os aglomerados
que fazem parte da composição da argamassa (cimento, e em alguns casos, cal hidráulica), com um
período de tempo de 12 a 24 horas para garantir, no final, uma total solidificação do conjunto.

Até ao aparecimento dos produtos pré-fabricados, as argamassas eram muito utilizadas.

Como desvantagens, apresentam a menor tensão de adesão ao ladrilho, em relação a outros


produtos, uma vez que a colagem é por acção física, a maior sobrecarga da estrutura que acarreta,
o tempo de aplicação mais longo; o traço aleatório e não sujeito a controlo de Qualidade e a

15
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

adequação apenas a suportes e materiais cerâmicos de elevada porosidade.

Em exteriores, deve-se incorporar na sua constituição um aditivo hidrófugo, de forma a aumentar a


sua resistência à penetração de água da chuva. [44]

2.2.2.2.2 Cimentos-cola

Os cimentos-cola são definidos na Norma Europeia EN 12004:00 / A1:2002 - Adhesives for tiles–
Definitions and specifications, [17] como uma “mistura de ligantes hidráulicos, inertes e aditivos
orgânicos, a qual é misturada com água ou outro líquido imediatamente antes da aplicação”.

Nesta Norma, estes produtos são classificados, em função da sua composição química, em 3 grupos:

- Tipo C – cimentos-cola

- Tipo D – colas em dispersão aquosa

- Tipo R – colas de resina de reacção.

As argamassas do Tipo C, mais clássicas, são constituídas por cimento, areia siliciosa e adjuvantes
orgânicos, baseados numa resina de acetato de polivinilo e num éster celulósico. [18]

As “colas em dispersão aquosa” (Tipo D) são uma mistura orgânica de agentes de fixação, composta
por um polímero aquoso em dispersão, aditivos orgânicos e cargas minerais. A mistura está pronta a
usar.

As “colas de resina de reacção” (Tipo R) são misturas sintéticas, cargas minerais e aditivos orgânicos
na qual a presa é obtido por reacção química. Estão disponíveis em várias formas. [17]

Segundo a norma EN 12004:2001, cada um destes grupos está ainda dividido em classes, de acordo
com as características de desempenho fundamentais e opcionais, da seguinte forma:

- Classes de Características Fundamentais:

1- adesivo normal

2- adesivo melhorado (em termos de aderência e resistência ao corte)

- Classes de Características Opcionais:

E – adesivo de tempo de abertura alargado;

16
CAPÍTULO 2 - CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE REVESTIMENTO CERÂMICO EM FACHADAS

F – adesivo de presa rápida;

T – adesivo com resistência ao deslizamento vertical.

Dos três tipos de produtos de colagem apresentados, apenas os cimentos-cola se apresentam como
adequados para a utilização em revestimentos de paredes exteriores, como é o caso, pelo que se
precederá apenas à classificação a eles relativa

As classes fundamentais podem-se combinar com todas as outras classes, podendo os cimentos-cola
apresentar as seguintes designações: C1, C1F, C1T, C1FT, C2, C2E, C2F, C2T, C2TE, C2FT.

Existem outras classificações normalizadas deste tipo de materiais de assentamento de ladrilhos,


como as UEAtc (Union Européen pour l’Agrément Technique dans la Construction), do CSTB (Centre
Scientifique et Technique du Bâtiment – França), da BSI (British Standards Institution – Reino Unido),
da normalização DIN (Deutsches Institut fur Normung – Alemanha) e da ANSI (Amerian National
Standards Specifications – E.U.A.).

Na Tabela 2.3 apresenta-se o resumo da classificação dos cimentos-cola segundo o panorama


normativo correspondente ao país ou comunidade económica de origem do produto. [46]

Tabela 2.3 – Enquadramento normativo dos Cimentos-cola. [46]

Descrição das características


Norma Tipo Classe
principais
União C – Argamassas à
EN 12004 1 Cimento-cola normal
Europeia base de cimento

1F Cimento-cola de presa rápida

Cimento-cola resistente ao
1T
deslizamento

Cimento-cola de presa rápida e


1FT
resistente ao deslizamento

Cimento-cola com propriedades


2
específicas melhoradas

Cimento-cola com propriedades


2E específicas melhoradas e com
tempo aberto alargado
Cimento-cola de presa rápida com
2F propriedades específicas
melhoradas
Cimento-cola com propriedades
2T específicas melhoradas resistente
ao deslizamento

17
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

Cimento-cola com propriedades


específicas melhoradas resistente
2TE
ao deslizamento e com o tempo de
abertura alargado.
Cimento-cola de presa rápida com
propriedades específicas
2FT
melhoradas, resistente ao
deslizamento

Endurecimento Uso interno e externo em paredes e


Hidráulico pisos

Modificado com Uso interno e externo,


C – baixa polímeros características melhoradas
Europa UEAtc sensibilidade à acção
da água Melhorada para uso em camada
Especial para pisos
espessa em pisos

Desenvolvimento rápido de
Presa rápida
resistência

Classificação semelhante à da norma EN 12004. Considera mais uma classe


França CSTB
fundamental, a classe 2S, e mais uma característica opcional, a fluidez – G.

Desenvolvimento rápido de
1) Comum AA
resistência à água

Desenvolvimento lento de
Reino Unido BS 5980 A
resistência à água

B Não requer resistência à água

Endurecimento
Alemanha DIN 18.156-2 Não especifica Uso geral
Hidráulico

Normal Retenção de água

Desenvolvimento rápido de
A118.1 Comum Presa rápida
resistência

Estados Anti-deslizante Deslizamento 0


Unidos

Maior resistência de aderência ao


Normal
corte
Modificado com
A118.4
polímero Desenvolvimento rápido de
Presa rápida
resistência

Anti-deslizante Deslizamento 0

Como é possível verificar na Tabela 2.3 existem algumas diferenças em relação à norma EN
12004:2001.

18
CAPÍTULO 2 - CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE REVESTIMENTO CERÂMICO EM FACHADAS

Por exemplo, a UEAtc classifica os cimentos-cola de acordo com a sensibilidade à acção da água,
sendo estabelecidos diferentes tipos de argamassas para cada grau de sensibilidade à água.

O documento do CSTB (2000a), apresenta classificação semelhante à da norma EN 12004 mas


considera mais uma classe fundamental, a classe 2S, e mais uma característica opcional, a fluidez –
G.

No caso da normalização BSI (1980), a classificação dos adesivos em três classes é efectuada com
base na respectiva resistência à acção da água.

2.2.2.2.2.1 Propriedades

Das propriedades que permitem avaliar as características dos produtos de colagem, pela sua
importância, destacam-se as seguintes:

- Tempo de vida útil – Tempo em armazém durante o qual uma argamassa mantém as suas
propriedades.

- Tempo de repouso – Intervalo de tempo necessário desde a preparação até ao uso. (EN 12004 [17])

- Tempo de vida – Máximo intervalo de tempo até ao uso. (EN 1015-9 [19])

- Tempo aberto – Máximo intervalo de tempo para acabamento desde a aplicação. (EN 1346 [20] e
EN 12189 [21])

- Tempo de presa – Intervalo de tempo a partir do fabrico das argamassa até começar a endurecer.
(EN 1015-4 [22])

- Tempo de endurecimento – Tempo necessário para que a argamassa desenvolva a sua resistência.

Os cimentos-cola apresentam um conjunto de características estáveis que podem ser avaliadas de


acordo com normas e especificações adequadas.

Na tabela 2.4, apresentada a seguir, apresentam-se os métodos de ensaio para avaliar as essas
características.

19
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

Tabela 2.4 – Métodos de ensaio para avaliar as características fundamentais dos cimentos-cola. [46]

Características fundamentais Método de Ensaio

Determinação do tempo de ajustabilidade EN 1015-9

Determinação do tempo de armazenamento EN 12004

Aderência (ensaio de resistência à tracção) EN 1015-2; NP EN 1346 e 1348

Determinação do tempo aberto EN 1346

Determinação do deslizamento EN 1308

Determinação do poder molhante EN 1347

Determinação da resistência química de cimentos-cola de


EN 12808-1
reacção (R)

Determinação de resistência ao corte de cimentos-cola em


EN 1324
dispersão (D)

Determinação de resistência ao corte de cimentos-cola de


EN 12003
reacção (R)

Determinação de resistência ao corte de argamassa


EN 1322; EN 12615
cimentícias (C)

Determinação da deformabilidade de argamassas


ISO 5271 +2
endurecidas

Determinação da resistência à flexão e da resistência à


EN 1015-11; EN 13888
compressão

2.2.2.2.2.2 Aplicação

São usados em camada fina (2 a 5 mm), nos seguintes 3 tipos de aplicação:

- colagem simples – espalhamento da cola apenas no tardoz de cada peça a aplicar ou apenas no
suporte;

- colagem dupla – espalhamento da cola no tardoz e cada peça e no suporte.

2.2.2.2.2.3 Vantagens

Os cimentos-cola apresentam uma maior rapidez de execução possibilitando maiores rendimentos


da mão-de-obra relativamente ao que era conseguido com os métodos tradicionais de
assentamento, com argamassas de cimento ou bastardas e respondem melhor aos movimentos
diferenciais entre suporte e revestimento. Destacam-se das argamassas tradicionais pela sua
capacidade de retenção de água, dado que é esta propriedade que permite que o material seja
aplicado em camada fina sem perder, para o suporte ou para o ar, a quantidade de água necessária
à hidratação do cimento portland. Apresentam maior elasticidade, proporcionando a obtenção de

20
CAPÍTULO 2 - CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE REVESTIMENTO CERÂMICO EM FACHADAS

maior resistência ao descolamento, por arrancamento ou por corte e tornando-as mais aptas para
suportarem os movimentos de suportes dimensionalmente instáveis.

As grandes potencialidades de aderência, características destas colas, nem sempre são aproveitadas
em virtude do rendimento pretendido impor velocidades de revestimento incompatíveis com o
cumprimento rigoroso das regras de preparação e aplicação das colas. Mesmo assim, a aderência
instalada é superior à que se obtinha com as argamassas tradicionais. [44]

2.2.2.3 Ladrilhos cerâmicos

Os ladrilhos cerâmicos são placas finas de argilas e/ou outras matérias primas inorgânicas e são
geralmente utilizadas como revestimentos de pavimentos e paredes, usualmente conformadas por
extrusão ou prensagem à temperatura ambiente (podendo ser moldadas por outros processos) em
seguida secas e subsequentemente cozidas a temperaturas suficientes para se obterem as
propriedades requeridas. Os ladrilhos podem ser vidrados (com a aplicação de um revestimento
superficial) – GL ou não vidrados – UGL, são incombustíveis e não são afectados pela luz. [13]

De acordo com a Norma Europeia EN 14411 [23], os ladrilhos cerâmicos são classificados pelo
processo de conformação e pela porosidade medida através da percentagem de absorção de água
(E), medida segundo a EN ISO 10545-3.

Podem ser extrudidos (Tipo A), prensados a seco (Tipo B) ou fabricados por outros processos (Tipo
C).

O tipo A corresponde aos ladrilhos cuja pasta é conformada no estado plástico numa extrusora,
sendo a barra obtida cortada em ladrilhos com dimensões pré-determinadas, diferindo dos
prensados a seco (Tipo B) que são formados a partir de uma mistura em pó finamente moída,
conformada em moldes a altas pressões.

O tipo C corresponde aos ladrilhos moldados de forma manual, normalmente por processos
artesanais, ao contrário dos dois primeiros tipos que resultam sempre de unidades industriais. No
tipo C, incluem-se os pavimentos rústicos de barro vermelho (com E < 6%) ou os azulejos artesanais
decorativos (normalmente com alta porosidade – E > 10% - e com acabamento superficial vidrado).
[13 e 44]

Quanto à classificação em função do seu coeficiente de absorção de água (E), os ladrilhos cerâmicos
dividem-se nos seguintes grupos:

21
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

- ladrilhos de fraca absorção de água (Grupo I) – E ≤ 3%

- ladrilhos de absorção de água média (Grupo II) – 3% < E ≤ 10%

Este grupo é dividido em dois sub-grupos:

- grupo IIa – 3% < E ≤ 6%

- grupo IIb – 6% < E ≤ 10%

- ladrilhos de elevada absorção (Grupo III) – E > 10%.[24]

Na Tabela 2.5 é apresentada a classificação dos azulejos e ladrilhos cerâmicos em função do


processo de conformação e da absorção de água, de acordo com a Norma EN 14411 [23].

Tabela 2.5 - Classificação dos azulejos e ladrilhos cerâmicos em função do processo de conformação e da
absorção de água, de acordo com a Norma EN 14411 [23].

Absorção de água
Processo de (E, % ponderal)
conformação E ≤ 3% 3% < E ≤ 6% 6% < E ≤ 10% E > 10%
Grupo I Grupo II a Grupo II b Grupo III
A
Grupo AI Grupo AIIa** Grupo AIIb** Grupo AIII
Extrusão*
Grupo BI

B (E ≤ 0,5%)
Grupo BIIa Grupo B IIb Grupo BIII***
Prensagem a seco Grupo BIb

(0,5% < E ≤ 3%)

C
Grupo CI Grupo CIIa Grupo CIIb Grupo CIII
Outros processos
* - Os ladrilhos extrudidos podem ser produzidos individualmente (ladrilhos extrudidos separados) ou aos pares,
unidos pelo tardoz, sendo neste caso separados após cozedura (ladrilhos extrudidos separáveis).
** - Os Grupos A IIa e A IIb são subdivididos em dois subgrupos, sujeitos a exigências distintas.
*** - O Grupo BIII engloba apenas ladrilhos vidrados. Os ladrilhos não vidrados produzidos por prensagem a seco
e que apresentem absorção de água superior a 10% não pertencem a esse grupo.

Os ladrilhos cerâmicos são produzidos numa gama muito variada de características, em função das
matérias-primas utilizadas e dos métodos e procedimento de fabrico. Estes parâmetros condicionam
o grau de vitrificação (e, portanto, a porosidade) da massa cerâmica, que por sua vez determina o
nível de desempenho técnico das peças produzidas – absorção de água; resistência ao desgaste, à
flexão, aos choques, à formação de gelo a ao enodoamento; regularidade dimensional; etc.

22
CAPÍTULO 2 - CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE REVESTIMENTO CERÂMICO EM FACHADAS

Dum modo geral, pode dizer-se que o nível desempenho técnico cresce com a vitrificação, com a
excepção da resistência aos choques mecânicos de corpos duros que evolui em sentido inverso em
virtude de à vitrificação corresponder uma maior fragilidade.

Uma maior vitrificação da massa cerâmica é conseguida através da moagem mais fina dos grãos da
argila utilizada no fabrico dos ladrilhos. [44]

2.2.2.3.1 Ensaios

Consoante a utilização, existem características específicas que deverão ser determinadas nos
ladrilhos a aplicar. No caso particular de aplicações no exterior, é fundamental conhecer as
seguintes características dos ladrilhos:

- Características específicas para aplicações exteriores:

- Resistência ao gelo;

- Resistência ao impacto;

- Dilatação térmica linear.

- Características especificas para ladrilhos vidrados:

- Resistência a fendilhagem.

- Características específicas para ladrilhos de cor uniforme:

- Pequenas diferença de cor.

A norma EN 14411 [25] remete para as normas de ensaio da série EN ISO 10545 a determinação das
características dimensionais e das propriedades físicas e químicas dos ladrilhos cerâmicos, que se
apresenta na Tabela 2.6.

23
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

Tabela 2.6 - Normas de ensaio da série EN ISO 10545 para a determinação das características dimensionais e
das propriedades físicas e químicas dos ladrilhos cerâmicos. [46]

Propriedade Norma de ensaio

Comprimento e largura

Espessura

Rectilinearidade das arestas


Dimensões e qualidade superficial ISO 10545-2 [26]
Determinação da ortogonalidade

Planaridade (curvatura e empeno)

Qualidade superficial

Absorção de água, E (%) ISO 10545-3 [27]

Resistência à flexão ISO 10545-4 [28]

Módulo de rotura ISO 10545-4 [28]

Resistência ao impacto ISO 10545-5 [29]

Resistência à abrasão profunda ISO 10545-6 [30]

Resistência à abrasão superficial ISO 10545-7 [31]


Propriedades físicas Dilatação térmica linear ISO 10545-8 [32]

Resistência ao choque térmico ISO 10545-9 [33]

Expansão por humidade ISO 10545-10 [34]

Resistência à fendilhagem ISO 10545-11 [35]

Resistência ao gelo ISO 10545-12 [36]

Pequenas diferenças de cor ISO 10545-16 [37]

Resistência ao deslizamento ISO 10545-17 [38]

Resistência química ISO 10545-13 [39]

Propriedades químicas Resistência às manchas ISO 10545-14 [40]

Libertação de chumbo e cádmio ISO 10545-15 [*]

[*] International Organization for Standardization (ISO). EN ISO 10545-15 – Ladrilhos cerâmicos – Parte 15:
Determinação da libertação do chumbo e cádmio d ladrilhos vidrados, 1997.

24
CAPÍTULO 2 - CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE REVESTIMENTO CERÂMICO EM FACHADAS

2.2.2.4 Juntas

Designam-se por juntas todos os sistemas que interrompem a continuidade da estrutura. [13]

É fundamental que se utilizem juntas em todo o processo construtivo, para que a estrutura possa
efectuar os seus movimentos habituais sem problemas como, por exemplo, a fissuração ou o
descolamento de ladrilhos. Estes movimentos podem ter várias origens: variação térmica (expansão
e contracção), variação de humidade, acção de cargas concentradas e distribuídas e outras.

As juntas impedem em permanência a entrada de água e a infiltração de ar no revestimento


cerâmico e no suporte, constituindo ainda a única zona de revestimento por onde pode ser libertado
qualquer tipo de humidade contido no suporte ou no revestimento cerâmico, na forma de vapor de
água. [44]

É possível, em alguns casos, tirar partido estético das juntas de revestimento, pois possibilitam
combinações com ladrilhos e revestimentos de qualquer escala, mas, dum modo geral, os utentes
consideram-nas indesejáveis porque constituem uma descontinuidade no aspecto do revestimento e
têm um comportamento em uso diferente do dos ladrilhos, sendo em regra mais susceptíveis ao
enodoamento.

Interessará então que as juntas sejam o mais estreitas possível ou, pelo menos, que os produtos
utilizados no seu preenchimento sejam agradáveis à vista e resistentes ao enodoamento. [41]

2.2.2.4.1 Tipos de juntas

Existem dois tipos de juntas, as juntas de construção, cuja finalidade é limitar o risco de
levantamento e rupturas provocadas por movimentos estruturais (contracção/expansão, flexão), e
as juntas de assentamento, que são dimensionadas pelo fabricante e utilizadas para compensar as
expansões sofridas pelos ladrilhos.

2.2.2.4.1.1 Juntas de Construção

As juntas de construção podem ser estruturais, periféricas e intermédias.

a) Juntas estruturais

São juntas já existentes na estrutura de betão e que têm obrigatoriamente que ser reflectidas no
revestimento, sendo feitas em obra ou pré-fabricadas reforçadas com perfis metálicos ou plásticos,
ou de mástiques sobre fundo da junta, para o seu preenchimento e tem a finalidade de absorver os
movimentos estruturais previsíveis. Estas juntas devem ter uma largura igual ou superior às

25
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

existentes no suporte e uma profundidade adequada para garantir o prolongamento das mesmas,
podendo estar também localizadas nas zonas e transição entre diferentes materiais de suporte. [13
e 44]

b) Juntas periféricas

Este tipo de juntas executa-se nos limites de superfícies revestidas (remates de vãos em
revestimentos de paredes, por exemplo). Devem apresentar uma largura mínima de 5 mm e uma
profundidade adequada para penetrar a totalidade da espessura do reboco do suporte. São feitas
em obra ou pré-fabricadas, podendo em algumas situações (como juntas de esquina) utilizar-se
apenas perfis metálicos ou plásticos para o seu tratamento. [44]

c) Juntas intermédias

As juntas intermédias têm como principal função evitar a fissuração e o descolamento dos ladrilhos
devidos a tensões originadas por deformações de natureza higrotérmica do suporte, do material de
assentamento e dos ladrilhos, devendo ter uma largura mínima de 5 mm (normalmente 12 mm) e
uma profundidade que permita a penetração na totalidade da espessura da camada de regularização
e assentamento. O seu preenchimento é efectuado inicialmente com um material de enchimento
(fundo da junta compressível), devendo ser em seguida reforçada com um perfil pré-fabricado
metálico ou plástico. A zona superficial da junta deve ser preenchida com o mesmo material
utilizado no preenchimento das juntas de movimento do revestimento ou com mástique,
dependendo da sua largura. [44]

A definição deste tipo de juntas permite dividir o revestimento, quando extenso, em áreas menores
e aproximadamente quadradas. Estas áreas deverão ser especificadas e dependem da espessura e
flexibilidade da camada de assentamento e da agressividade do ambiente de exposição.

2.2.2.4.1.2 Juntas de assentamento

As juntas de assentamento são espaços entre as placas cerâmicas que compõe o revestimento,
preenchidas com material flexível. Estas juntas têm como funções, facilitar o alinhamento das
peças, de absorver as tensões geradas pelas dilatações termo-higroscópicas sofridas pelos ladrilhos
cerâmicos, a função estética de harmonizar o tamanho das peças, o tamanho do plano e do
parâmetro e a largura das juntas e também a função de facilitar caso seja necessário a remoção das
peças. [42]

A largura das juntas depende do tamanho das placas cerâmicas. As juntas de assentamento são
normalmente definidas pelo fabricante do ladrilho em função da aplicação e devem ser

26
CAPÍTULO 2 - CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE REVESTIMENTO CERÂMICO EM FACHADAS

dimensionadas de forma a, como foi referido, compensar as expansões sofridas pelos ladrilhos
cerâmicos.

Apresentam-se na Tabela 2.7 as larguras das juntas de movimento recomendadas para


revestimentos cerâmicos aderentes em paredes exteriores, em função do tipo de ladrilho.

Tabela 2.7 – Espessura mínima de juntas de assentamento, em função do tipo de ladrilhos (s = superfície do
ladrilho) [13]

Espessura
Tipo de Ladrilhos
[mm]

Prensados a seco:

S ≤ 500 cm2 2

S > 500 cm2 3

Ladrilhos e “plaquetas” de terracota e ladrilhos


6
extrudidos

Restantes materiais 4

Nas Figura 2.19 e 2.20, apresentam-se esquematizados os diferentes tipos de juntas:

Figura 2.19 e Figura 2.20 – Diferentes tipos de juntas [43]

2.2.2.4.2 Produtos para preenchimento de juntas entre ladrilhos

Os produtos de preenchimento das juntas devem ser seleccionados a partir das dimensões das juntas
a que se destinam, das características dos ladrilhos, do suporte e do produto de assentamento, e
das condições de utilização.

27
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

As juntas entre ladrilhos fixados por contacto devem ser preenchidas com um material que deve
apresentar:

- Boa trabalhabilidade;

- Reduzia retracção de secagem;

- Boa adesão à face lateral do ladrilho;

- Impermeabilidade;

- Resistência à água, ao calor, aos agentes de limpeza e aos ataques químicos;

- Resistência ao desenvolvimento de microorganismos;

- Resiliência e compressibilidade.

De referir que grande parte das anomalias verificadas em revestimentos cerâmicos exteriores se
deve à definição incorrecta ou omissa dos tipos, dimensões e materiais de preenchimento das
juntas, no respectivo projecto de execução. [13]

Assim, o preenchimento das juntas entre ladrilhos pode ser efectuado com produtos, como:

- calda de cimento tradicional, para juntas reduzidas, de 1 a 4 mm;

- argamassa tradicional para juntas (2 volumes de cimento para um de areia), em juntas com
mais de 4 mm de largura;

- produtos industriais especiais para juntas. [13]

Os produtos que tradicionalmente são utilizados no preenchimento das juntas entre ladrilhos são a
calda de cimento e a argamassa de cimento. No entanto, estes produtos têm vindo gradualmente a
sofrer alterações pela introdução de pigmentos ou adjuvantes orgânicos. Paralelamente, surgem os
produtos de resinas de reacção, direccionados para revestimentos com exigências especiais de
higiene, de resistência química, ou de estanqueidade, ou para revestimentos em que seja
necessária muito boa aderência do produto das juntas aos bordos dos ladrilhos. [41]

2.2.2.4.3 Utensílios e métodos de aplicação

Há três métodos para enchimento de juntas entre materiais cerâmicos:

- manualmente com talocha de borracha;

- com pistola de ar comprimido ou manualmente com cartuchos de resina;

- mecanicamente, com recurso a equipamentos adequados.

28
CAPÍTULO 2 - CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE REVESTIMENTO CERÂMICO EM FACHADAS

A limpeza do revestimento depois de rejuntado pode ser feita manual ou mecanicamente.

2.2.3 Zonas singulares

Quando um revestimento cerâmico é aplicado em fachadas com o suporte em alvenaria existem


determinadas situações que requerem tratamentos especiais, como por exemplo, um reforço da
camada de regularização do suporte, um aumento da largura das juntas de assentamento ou até
uma diminuição das dimensões dos painéis de esquartelamento. São exemplos disso as situações que
se seguem.

a) Pontes térmicas

Os revestimentos cerâmicos não têm uma influência directa no tratamento de pontes térmicas
(Figura 2.21), no entanto as anomalias que lhes estão associadas influenciam o seu desempenho.
Assim, deve garantir-se a existência de suportes de idêntica condutibilidade térmica em toda a
fachada, de forma a evitar a existência de zonas preferenciais de transmissão de calor e de vapor
de água (as quais afectam o revestimento exterior aí localizado). [13 e 44]

Figura 2.21 – Ponte térmica. [61]

b) Zonas curvas

Nas situações em que a fachada a revestir curva (Figura 2.22) a opção mais adequada é escolha de
ladrilhos rectangulares que deverão ser aplicados com o lado mais curto paralelo ao perímetro de
curvatura, ou de mosaicos porcelânicos, mais conhecido por “pastilha”, com as dimensões de 2,5 x
2,5 cm, dado que permitem um acompanhamento mais eficaz da curvatura da superfície. [44]

29
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

Figura 2.22 – Descolamento em fachada curva. [44]

c) Topo

Um dos pontos mais sensíveis à entrada de água da chuva corresponde ao topo do revestimento.
Podendo tratar-se de uma platibanda sem rufagem ou da base da cobertura do edifício é uma zona
delicada dado que qualquer entrada de água pode levar à ocorrência de eflorescências ou à
degradação do material de assentamento do revestimento, devendo por isso ser estudada e
detalhada em projecto no que diz respeito ao remate do revestimento, ao dimensionamento e
preenchimento da junta periférica e à solução de impermeabilização deste ponto.(Figura 2.23)

Em parapeitos de janelas e em coroamentos superiores do revestimento cerâmico de fachadas


devem existir pingadeiras na face inferior de modo a impedir que ocorram manchas de sujidade
(devido ao arrastamento de sujidade) ou mesmo o descolamento do revestimento, por infiltração da
água que escorre pelo revestimento. [44]

Figura 2.23 – Descolamento no topo de uma pala de uma


varanda.

30
CAPÍTULO 2 - CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE REVESTIMENTO CERÂMICO EM FACHADAS

d) Altura

Os revestimentos cerâmicos aplicados em fachadas com mais de dois pisos requerem particular
atenção pelo facto de, na hipótese do seu destacamento, colocarem em risco utentes e
transeuntes.(Figura 2.24) Para estas fachadas é conveniente prever uma manutenção periódica do
revestimento. Para tal, têm de ser previstos pontos de ancoragem, ou equipamentos de sustentação
ao nível da cobertura, para plataformas de trabalho suspensas (bailéus eléctricos ou de manivela),
permitindo a execução segura das necessárias operações de reparação pontuais, sem que seja
necessário recorrer à utilização de andaimes, minimizando o custo de todas as operações, na
situação onde estas poderiam ser mais onerosas e dificultadas. [44]

Figura 2.24 – Fachada de edifício onde se verifica descolamento em altura, podendo


apresentar perigo para os transeuntes.

e) Situação de descontinuidade estrutural

Sempre que a construção apresenta interrupção de elementos de alvenaria ou estruturais (Figura


2.25) (variação do módulo de elasticidade dos materiais) é recomendável o uso de uma malha de
fibra de vidro ou tecido metálico. Exemplos desta situação são a variação de alvenaria para betão,
juntas de placa de gesso, pequenos troços, buracos e fissuras existentes no suporte.

A fixação da malha é feita com o recurso a pernos próprios em plástico ou metálicos ou por redes
auto adesivas.

A vantagem do uso de uma rede de fibra é fundamentalmente garantir, na projecção do reboco (via
manual ou mecânica), uma cura em condições adequadas, tendo como consequência um ganho de
resistência no material aplicado.

A finalidade última desta aplicação é prevenir a fissuração e descolamento dos materiais aplicados.
[13]

31
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

Figura 2.25 – Descolamento em zona de descontinuidade estrutural.

32
CAPÍTULO 2 - CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE REVESTIMENTO CERÂMICO EM FACHADAS

2.2.4 Durabilidade

2.2.4.1 O conceito de Durabilidade

A norma internacional ISO 15686 [45] define durabilidade (durability) como:

A capacidade do edifício ou seus elementos de desempenhar as funções requeridas durante um


determinado período de tempo sobre a influência dos agentes actuantes em serviço.

E vida útil (service life) como:

O período de tempo, após a construção, em que o edifício ou os seus elementos igualam ou


excedem os requisitos mínimos de desempenho.

A durabilidade pode então ser definida como a capacidade que um sistema possui de manter o seu

desempenho acima dos níveis mínimos especificados, de maneira a atender às exigências dos
usuários, nas diferentes situações de utilização, por um período de tempo pré estabelecido.

Este conceito prende-se com a estimativa do envelhecimento natural dos materiais e o processo
como se dá este envelhecimento; é um dos condicionantes dos materiais para os diversos usos, em
especial na construção de edifícios.

A durabilidade, por exemplo, de um componente como o ladrilho cerâmico não deve ser confundida
com a durabilidade do sistema Revestimento cerâmico de fachadas, uma vez que este último deve
ser entendido como sendo uma sucessão de camadas que integram entre si, condicionando a
durabilidade do subsistema às diferentes durabilidades de cada uma das camadas (alvenaria,
chapisco, emboço, argamassa de assentamento e ladrilho cerâmico). A sua durabilidade resulta da
correlação das durabilidades de cada constituinte. A vida útil do sistema será correspondente à
menor longevidade dos seus constituintes. [46]

Exige-se, por isso, um conhecimento aprofundado das propriedades dos materiais e componentes e
das características dos ambientes a que estão sujeitos, bem como dos respectivos níveis de
exigência requeridos.


Desempenho é definido pelo Conseil International du Bâtiment como sendo o comportamento de um elemento durante a
sua utilização. O que pode ser entendido como sendo o resultado do equilíbrio dinâmico que se estabelece entre o subsistem
e o meio.

33
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

Tabela 2.8 – Durabilidade (em anos) dos produtos em função da durabilidade das construções [46]

Durabilidade das construções Durabilidade dos produtos de construção

Categoria

Reparáveis ou
Categoria Anos Reparáveis ou de
Substituíveis com Para toda a vida da
Fácil
mais algum construção
Substituição
esforço

Pequena 10 10 10 10

Média 25 10 25 25

Normal 50 10 25 50

Longa 100 10 25 100

2.2.4.2 Requisitos e Exigências

Os revestimentos cerâmicos para poderem circular no mercado devem apresentar um comprovativo


de que respeitam determinadas exigências para quando aplicados em obra garantirem o
cumprimento dos Requisitos Essenciais.

Os Requisitos Essenciais exigidos pela Directiva Europeia 89/106/CE “Produtos de Construção” [47]
para produtos de construção aplicados em obra são:

- Resistência mecânica e estabilidade;

- Segurança contra incêndios;

- Higiene, saúde e ambiente;

- Segurança na utilização;

- Protecção contra o ruído;

- Economia de energia e retenção de calor.

Para além dos Requisitos Essenciais, outras exigências devem ser respeitadas na concepção de
revestimentos exteriores de paredes.

O estabelecimento destas exigências decorre do facto dos edifícios serem indispensáveis à vida e à
actividade do homem e por isso devem possuir características que correspondam e satisfaçam as
necessidades humanas.

34
CAPÍTULO 2 - CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE REVESTIMENTO CERÂMICO EM FACHADAS

Os diversos elementos e componentes dos edifícios, cada um com as suas funções, contribuem para
a satisfação global das necessidades dos utentes. Aos revestimentos de paredes, exigir-se-lhes-á a
sua quota-parte de participação na satisfação das necessidades humanas.

Na Tabela 2.9, na Tabela 2.10 e na Tabela 2.11 apresentam-se as exigências funcionais para
revestimentos de paredes aplicáveis ao sistema de revestimento cerâmico colado.

Tabela 2.9 – Exigências funcionais para revestimentos de paredes aplicáveis ao sistema de revestimento
cerâmico colado. (adaptado de [46])

Tipos Principais de
Exigência Tipos Discriminados de Exigências
Exigências

Peso Próprio
Estabilidade perante
Solicitações Climáticas
solicitações normais de uso
Exigências de Choques Normais
estabilidade
Estabilidade perante
solicitações de ocorrência Choques acidentais
Exigências de acidental
Segurança Exigências contra riscos
Reacção ao fogo
de incêndio

Rugosidade dos
paramentos
Exigências de
Segurança no contacto
segurança no uso
Temperatura dos
paramentos

Exigências de compatibilidade geométrica


Exigências de
Compatibilidade com Exigências de compatibilidade mecânica
o Suporte
Exigências de compatibilidade química

Permeabilidade ao vapor
de água
Exigências de Exigências de Estanqueidade à água da
Estanqueidade estanqueidade à água chuva Permeabilidade à água

Absorção de água

Exigências Termo-
Exigências de isolamento térmico
Higrométricas

35
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

Tabela 2.10 - Exigências funcionais para revestimentos de paredes aplicáveis ao sistema de revestimento
cerâmico colado. (adaptado de [46]) (Continuação)

Tipos Principais de
Exigência Tipos Discriminados de Exigências
Exigências

Planeza geral
Exigências de planeza
Planeza localizada

Exigências de verticalidade

Exigências de rectidão das arestas

Exigências de Defeitos de superfície


regularidade e de
Exigências de
perfeição da superfície Largura das fissuras
conforto visual
Exigências de
homogeneidade de
Homogeneidade da temperatura superficial interior
enodoamento pela
poeira

Exigências de Diferença de cor


homogeneidade de cor
e de brilho Diferença da reflectância difusa

Classes de resistência à
riscagem
Exigências de Resistência aos choques
Classes de resistência à
resistência a acções de
riscagem
choque e de atrito
Classes de resistência à
Resistência à riscagem
riscagem

Resistência à água da chuva


Exigências de Resistência às projecções acidentais de água
Exigências de resistência à acção da
Adaptação à água Resistência à lavagem por via húmida
Utilização Normal
Resistência aos vapores húmidos

Exigências de aderência Resistência ao arrancamento por tracção


ao suporte Resistência à peladura

Exigências de Resistência à formação de nódoas


resistência ao
enodoamento pela Lavabilidade
poeira

Exigências de resistência à suspensão de cargas

36
CAPÍTULO 2 - CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE REVESTIMENTO CERÂMICO EM FACHADAS

Tabela 2.11 - Exigências funcionais para revestimentos de paredes aplicáveis ao sistema de revestimento
cerâmico colado. (adaptado de [46]) (Continuação)

Tipos Principais de
Exigência Tipos Discriminados de Exigências
Exigências

Resistência ao calor

Resistência ao frio
Exigências de
resistência aos agentes Resistência à água
climáticos
Resistência à luz

Resistência aos choques térmicos

Exigências de Resistência ao ozono


Durabilidade
Exigências de Resistência ao dióxido de azoto
resistência aos
produtos químicos do ar Resistência ao dióxido de enxofre

Resistência a soluções amoniacais

Exigências de resistência à erosão provocada pelas partículas sólidas em suspensão


no ar

Exigências de resistência à fixação e ao desenvolvimento de bolores

As exigências funcionais dos revestimentos estão estreitamente ligadas às exigências funcionais das
paredes (ou mais propriamente das partes opacas das paredes). As funções atribuíveis ao conjunto
tosco de parede-revestimento podem ser exercidas com maior ou menor contributo de cada um
desses componentes. Há, no entanto, funções que competem em exclusivo, ou quase, a apenas um
desses componentes.

Por exemplo, a satisfação das exigências de estabilidade, de resistência estrutural, de segurança


contra o risco de intrusões humanas ou animais, de ocultação, de conforto higrotérmico ou de
conforto acústico compete geralmente apenas ao tosco das paredes.

A satisfação das exigências de segurança no contacto, de aspecto, de regularidade superficial, de


conforto visual, de conforto táctil ou de higiene é praticamente só da responsabilidade dos
revestimentos das paredes.

Por outro lado, a satisfação das exigências de segurança contra riscos de incêndio, de
estanqueidade à água, de resistência os choques e atrito, de resistência à água, de durabilidade

37
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

compete ao conjunto tosco da parede-revestimento.

Em suma, espera-se, de um modo geral, do revestimento para paramentos exteriores de paredes


que protejam o tosco da parede das acções dos diversos agentes agressivos – água, choques,
produtos químicos presentes no ar, poeiras etc – resistindo a esses agentes, que contribuam para a
estanqueidade à água da parede, que confiram à parede características aceitáveis de planeza,
verticalidade e regularidade superficial, que proporcionem à parede o efeito decorativo pretendido
e que se mantenham limpos ou que, pelo menos, tornem fácil a sua limpeza. [48]

2.2.4.3 Aspectos fundamentais da durabilidade

A durabilidade deve ser estudada tendo-se presente a influência de cinco aspectos principais:

- os materiais utilizados, os quais são classificados de acordo com o grau de deterioração


apresentados durante o uso;

- o projecto, e a sua qualidade;

- as condições de usos e os factores de degradação,

- o rigor da execução;

- a manutenção, a qual deve ser avaliada numa escala indo de frequente a inexistente, de
acordo com o previsto em projecto.

2.2.4.3.1 Materiais

No estudo da durabilidade de um sistema como o revestimento cerâmico colado não tem grande
interesse classificar os materiais individualmente segundo um grau de deterioração. O revestimento
cerâmico colado pode utilizar materiais duráveis mas que podem não evitar que o sistema como um
todo se degrade, pois existem causas de perda de durabilidade que ultrapassam essas
características dos materiais, tais como:

- a inadequação ao uso causado por falhas de projecto ou especificações;

- tensões excessivas ou resistências insuficientes que provocam rupturas;

- procedimentos de execução falhados ou inadequados;

- a ausência de manutenção.

A qualidade dos materiais de fachada reflecte-se na qualidade do subsistema e na sua capacidade


de proteger o edifício.

38
CAPÍTULO 2 - CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE REVESTIMENTO CERÂMICO EM FACHADAS

2.2.4.3.2 Influência do projecto

A qualidade de um projecto de fachada deve ter em consideração vários aspectos: estruturais,


construtivos, funcionais, como, por exemplo, a facilidade de limpeza, a possibilidade de troca e
facilidade de manutenção, e factores de uso como a durabilidade e o isolamento termo-acústico.

A qualidade de um projecto de revestimentos cerâmicos aderentes, principalmente para fachadas


de edifícios, garante, quase por si só, a durabilidade deste revestimento. Por este motivo, quando
se pretende elaborar um projecto para um revestimento cerâmico colado durável é fundamental:

- avaliar das condições de exposição da fachada;

- proceder à análise da estrutura da fachada e as condicionantes construtivas da aplicação, de


modo a permitir uma adequada manutenção do revestimento;

- analisar a tipologia da placa cerâmica, a sua durabilidade e a protecção que esta confere à
edificação;

- avaliar a deformabilidade da estrutura de suporte do revestimento ao longo do tempo;

- avaliar as características das alvenarias externas. [49]

Apesar da sua grande importância, não é comum em Portugal a realização de projectos de


revestimento.

No nosso país, a informação relativa ao revestimento está incluída no projecto de arquitectura. É o


arquitecto que define as características dos materiais e técnicas de aplicação, bem como a
estereotomia do revestimento incluindo dimensões e localizações de juntas.

2.2.4.3.3 Condições de uso

Sendo o sistema de revestimento cerâmico colado formado por componentes de materiais distintos
com diferentes características e reacções às variadas situações e agressões, é de esperar que a
degradação do subsistema esteja associada aos diversos tipos de deterioração a que cada
componente está sujeito, assunto este que será abordado no ponto 2.3.3..

De uma forma genérica, destacam-se como principais mecanismos de degradação:

- o peso próprio e as sobrecargas decorrentes da sua utilização normal;

- os choques normais ou excepcionais;

39
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

- as acções climáticas externas, nomeadamente as solicitações higrométricas, a acção da neve e


as acções de pressão e depressão, vibração e abrasão provocadas pelo vento;

- as deformações impostas, de carácter estrutural ou de outra índole;

- a acção da água e dos produtos quimicamente agressivos, inerentes, por exemplo, às


operações normais de limpeza e conservação;

- os agentes que provocam a degradação do aspecto dos revestimentos, em particular as


poeiras, os microorganismos e a poluição atmosférica.

2.2.4.3.4 Influência da execução

A execução é um aspecto fundamental para a obtenção da qualidade do produto final e da


durabilidade pretendida; se não for devidamente considerada pode afectar todos os demais
aspectos.

Os erros mais comuns ligados à execução e que têm muita influência na durabilidade dos
revestimentos cerâmicos de fachada são:

- o assentamento em superfícies quentes;

- o uso de argamassas de fixação erradas;

- o assentamento sobre superfícies contaminadas (material pulverulento);

- o espalhamento de argamassas de fixação simultaneamente em grandes áreas;

- a diluição da argamassa de fixação para fazer render mais;

- o assentamento sobre juntas de construção;

- o assentamento sobre materiais distintos sem o uso de juntas;

- o assentamento de argamassas de fixação seca (ou com o tempo em aberto vencido);

- o assentamento sobre superfície húmida;

- a execução acelerada do assentamento;

- o assentamento sobre bases inadequadas;

40
CAPÍTULO 2 - CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE REVESTIMENTO CERÂMICO EM FACHADAS

- o espalhamento da argamassa erróneo (sem ou com cordões mal formados)

- a limpeza inadequada de juntas;

- a escolha de argamassas de fixação inadequada para o clima do local;

- a omissão de etapas de assentamento para ganhar tempo;

- a falta de supervisão dos trabalhos. [49]

2.2.4.3.5 Influência da manutenção

A durabilidade do revestimento cerâmico colado não depende apenas de um bom projecto e de uma
correcta execução, mas também da forma como é usado e da manutenção que lhe é aplicada. O
facto do material cerâmico ser considerado altamente durável, leva muitas vezes ao desleixo da sua
limpeza e conservação e à utilização de materiais inadequados para a limpeza, como ácidos e bases
fortes. Quando isto acontece, dá-se uma diminuição da durabilidade do revestimento já que um
plano de manutenção correctamente concebido pode prevenir muitos problemas e o
desenvolvimento de várias anomalias, como por exemplo, a degradação do revestimento pela
penetração de agentes agressivos nas juntas quando estas começam a apresentar defeitos
localizados em consequência de retracções na secagem da base ou do substrato devido a alterações
climáticas bruscas.

As fachadas devem ser concebidas de modo a que seja fácil o seu acesso e que os detalhes
arquitectónicos permitam a fixação de equipamentos de manutenção e limpeza, ou mesmo
plataformas de trabalho suspensas, para que as acções de limpeza, manutenção e inspecção
detalhada dos ladrilhos e selantes de juntas sejam feitas com total segurança e facilidade. [49]

41
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

2.3 PATOLOGIAS EM FACHADAS COM REVESTIMENTO CERÂMICO


ADERENTE

Um problema patológico pode ser entendido como uma situação em que, neste caso, um sistema de
revestimento, num determinado instante da sua vida útil, não apresenta o desempenho previsto.

2.3.1 Origem das patologias

A origem das patologias podem ser classificadas em:

- Congénitas – são aquelas originárias da fase de projecto, em função da não observância das
Normas Técnicas, ou de erros e omissões dos profissionais, que resultam em falhas no detalhe
e concepção inadequada do revestimentos. São responsáveis por grande parte das avarias
registadas em edificações.

- Construtivas – quando a sua origem está relacionada com a fase de execução da obra,
resultante do emprego de mão-de-obra desqualificada, produtos não certificados ausência de
metodologia para assentamento das peças, o que, segundo pesquisas mundiais, também são
responsáveis por grande parte das anomalias em edificações.

- Adquiridas – quando ocorrem durante a vida útil dos revestimentos, sendo resultado da
exposição ao meio em que se inserem, podendo ser naturais, decorrentes da agressividade do
meio, ou decorrentes da acção humana, em função de manutenção inadequada ou realização
de interferência incorrecta nos revestimentos, danificando as camadas e desencadeando um
processo patológico.

- Acidentais – caracterizadas pela ocorrência de algum fenómeno atípico, resultado de uma


solicitação invulgar, como a acção da chuva com ventos de intensidade superior ao normal,
recalques e até mesmo incêndio. A sua acção provoca esforços de natureza imprevisível,
especialmente na camada de base e sobre as juntas, quando não atinge até mesmo as peças,
provocando movimentações que irão desencadear processos patológicos em cadeia. [50]

2.3.2 Causas das patologias

José Dinis Silvestre [44], no seu estudo, apresenta um sistema classificativo das causas de
ocorrência das anomalias em revestimentos cerâmicos aderentes em grupos, referindo que estas

42
CAPÍTULO 2 - CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE REVESTIMENTO CERÂMICO EM FACHADAS

estão sempre dependentes das características dos revestimentos cerâmicos, da edificação onde
estão aplicados, do uso a que foram sujeitos e do seu comportamento em serviço.

Na Tabela 2.12 apresentam-se as principais causas das patologias em revestimentos cerâmicos


aderentes de fachada, organizadas em grupos.

Tabela 2.12 – Classificação das causas das anomalias em revestimentos cerâmicos aderentes. [44]

Grupos Causas

Escolha de materiais incompatível, omissa, ou não


adequada à utilização

Estereotomia não conforme com as características do


suporte

Prescrição de colagem simples em vez de dupla

Dimensionamento incorrecto das juntas do


revestimento cerâmico

Inexistência de juntas periféricas, de


Erros de projecto esquartelamento ou construtivas

Existência de zonas do revestimento cerâmico


inacessíveis para limpeza

Deficiente cuidado na pormenorização das zonas


singulares do revestimento cerâmico.

Inexistência ou anomalia dos elementos periféricos do


revestimento cerâmico

Deformações excessivas do suporte

Humidade ascensional do terreno

43
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

Utilização de materiais não prescritos e/ou


incompatíveis entre si

Aplicação em condições ambientais extremas

Desrespeito pelos tempos de espera entre as várias


fases de execução

Aplicação em suportes sujos, pulverulentos ou não


regulares

Desrespeito pelo tempo aberto do adesivo

Espessura inadequada do material de assentamento

Contacto incompleto do ladrilho – material de


assentamento

Assentamento de ladrilhos nas juntas de dilatação do


suporte
Erros de execução Colagem simples em vez de dupla

Utilização de material de assentamento ou de


preenchimento de juntas de retracção elevada

Preenchimento de juntas sujas

Execução de juntas com largura ou profundidade


inadequada/não execução

Preenchimento incompleto das juntas de


assentamento

Desrespeito pela estereotomia do revestimento


cerâmico

Inexistência ou insuficiência de pendentes em


pavimentos exteriores

Encastramento de acessórios metálicos não


protegidos nas juntas

Choques contra o revestimento cerâmico

Vandalismo/grafitti
Acções de origem mecânica exterior do revestimento
Concentração de tensões no suporte
cerâmico
Deformação do suporte

Vento

Radiação solar

Exposição solar reduzida


Acções ambientais
Choque térmico

Lixiviação dos materiais do revestimento que contêm


cimento

44
CAPÍTULO 2 - CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE REVESTIMENTO CERÂMICO EM FACHADAS

Humidificação do revestimento

Acção biológica

Poluição atmosférica

Criptoflorescências

Envelhecimento natural

Falta de limpeza do revestimento cerâmico ou de


Falhas de manutenção zonas adjacentes

Limpeza incorrecta do revestimento cerâmico

Aplicação de cargas verticais excessivas em


Alteração das condições inicialmente previstas
revestimentos de paredes

No seu estudo, Silvestre [44] inspeccionou e analisou 64 casos de patologias em revestimentos


cerâmicos aderentes em paredes exteriores e chegou aos seguintes valores que se apresentam na
Figura 2.26.

Percentagem de ocorrência dos grupos de causas de


anomalias em fachadas

5% 1%

37%
37%

9% 11%

Erros de projecto Erros de execução


Acções de origem mecânica exterior Acções ambientais
Falhas de manutenção Alteração das condições

Figura 2.26 – Percentagem de ocorrência dos grupos de causas de anomalias em fachadas. [44]

As fachadas estão sempre expostas às acções ambientais o que justifica a grande percentagem de
ocorrência desta causa verificada no estudo. Também os erros de projectos apresentam um lugar de
destaque, e reflectem a carência de pormenorização, da escolha de materiais e de métodos de
aplicação adequados o que prejudica a durabilidade de revestimento.

Relativamente aos erros de execução, seria de esperar uma maior incidência, no entanto, a
dificuldade em se obter informações acerca de intervenções construtivas que se realizaram um ano

45
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

ou mais antes da inspecção reduziu a sua percentagem.

É possível perceber que as causas correspondentes a acções mecânicas como seria expectável é
pequena devido à inacessibilidade das fachadas aos transeuntes.

As alterações das condições praticamente não afectam as fachadas, pois não há aplicação de cargas
excessivas.

2.3.3 Patologias mais frequentes

As patologias registadas em revestimentos apresentam-se de diversas formas, todas elas resultando


da impossibilidade de cumprimento das finalidades para as quais foram concebidos, nomeadamente
no que se refere aos aspectos estético, de protecção e de isolamento. [42]

Na Tabela 2.13, apresentam-se os principais tipos de patologias dos sistemas de revestimento


cerâmico aderente e as suas formas de manifestação.

Tabela 2.13 – Patologias mais frequentes em revestimentos cerâmicos de fachadas. [51]

Tipo de patologia Formas de manifestação

Perda de aderência, relativamente ao suporte, com ou sem


empolamento. Na maior parte dos casos não é possível
Descolamento
recolocar os ladrilhos por estes não caberem no espaço que
anteriormente ocupavam.

Fissuras que atravessam toda a espessura dos ladrilhos.


Fissuração Fissuras no seio do produto, afectando toda a profundidade da
junta.

Esmagamento ou lascagem dos bordos


dos ladrilhos

Manchas de produtos enodoantes na face útil dos ladrilhos, com


Enodoamento prematuro
origem, muitas vezes, em actos de vandalismo

Riscagem ou desgaste prematuro dos Zonas evidenciando riscagem ou desgaste profundo ou


ladrilhos desaparecimento do vidrado dos ladrilhos.

Alteração de cor Alteração da cor inicial dos ladrilhos.

Desprendimento do vidrado Crateras rodeadas por fissuras concêntricas.

Eflorescência Manchas esbranquiçadas à superfície dos ladrilhos.

Na Tabela 2.14, apresentam-se figuras com exemplos de algumas das patologias mais frequentes.

46
CAPÍTULO 2 - CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE REVESTIMENTO CERÂMICO EM FACHADAS

Tabela 2.14 – Imagens de patologias mas frequentes e revestimentos de fachadas com ladrilhos cerâmicos.

- DESCOLAMENTO

- FISSURAÇÃO

47
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

- ESMAGAMENTO OU LASCAGEM DOS BORDOS DOS LADRILHOS

- ENODOAMENTO PREMATURO

48
CAPÍTULO 2 - CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE REVESTIMENTO CERÂMICO EM FACHADAS

- EFLORESCÊNCIA

49
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

50
CAPÍTULO 3 - SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO

CAPÍTULO 3

3 SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO

3.1 GENERALIDADES

Depois de determinadas as causas para as patologias encontradas na fachada, parte-se para a


definição dos trabalhos de reabilitação a realizar.

O resultado do processo de investigação, nomeadamente através da análise do grau da estabilização


do suporte, permitirá concluir sobre a necessidade de se adoptar um revestimento do mesmo tipo
ou se se poderá substituir o revestimento aderente por um de outro tipo, como por exemplo, um
sistema independente do suporte.

Em intervenções de reabilitação de edifícios deve estar presente a preocupação de melhorar a


qualidade térmica economizando energia, quer numa perspectiva colectiva e social, contribuindo,
com a poupança de energia, para um desenvolvimento sustentável com a diminuição da procura de
recursos não renováveis e a redução da emissões para o ambiente, quer numa perspectiva individual
e específica de melhoria da qualidade higrotérmica dos edifícios, garantindo aumento do conforto e
melhoria da habitabilidade e até valorização do imóvel.

No passado a construção de edifícios não tinha em conta a sua optimização energética nem a
minimização dos seus efeitos ambientais. Considerando que o ciclo de vida dos edifícios e dos seus
componentes é longo, uma grande parte dos edifícios encontra-se nessa situação. No entanto os
ocupantes desses edifícios desejam níveis de conforto similares aos das habitações mais recentes,
consumindo, para isso, muito mais energia.

Este é, portanto, o momento certo para levar em consideração factores como a energia, conforto e
ambiente e integrá-los no processo de reabilitação. O potencial de conservação de energia é
bastante significativo e o processo de reabilitação pode contribuir para a melhoria do conforto
térmico desses edifícios.

Com a entrada em vigor do Decreto-Lei n.º 80/2006 de 4 de Abril que aprova o novo Regulamento
das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE), esta preocupação passa a ser
uma obrigação em todas (…) as intervenções na envolvente ou nas instalações cujo custo seja
superior a 25% do valor do edifício calculado com base num valor de referência CRef por metro

51
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

quadrado e por tipologia de edifício definido anualmente em portaria(…) (Decreto-Lei n.º 80/2006
de 4 de Abril).

Pretende-se, com o novo Regulamento, aumentar o grau de exigência e melhorar o desempenho


energético de referência para os edifícios a construir, bem como para os a renovar.

Para esse efeito, foram feitas alterações ao RCCTE anterior, destacando-se, neste contexto, as
seguintes:

- passagem para cerca de metade dos valores de U (coeficiente de transmissão térmica) de


paredes, coberturas e pavimentos exteriores; (ver

Tabela 3.1)

- reforço das propriedades dos envidraçados, em termos de isolamento térmico, estanqueidade


ao ar e controlo solar;

- factor de forma do edifício, de modo a que tenham envolventes demasiado recortadas sejam
forçados a adoptar um maior grau de isolamento para não excederem o nível regulamentar
das necessidades de energia de climatização;

- recurso a tecnologias solares, passivas e activas;

- melhoria de eficiência de equipamentos.

Na Tabela 3.1 apresentam-se os Coeficientes de transmissão térmica para paredes exteriores


preconizados pelo anterior RCCTE, de 1990, e pelo mais recente de 2006. De notar, como já foi
referido, a diferença de 50 % entre valores do dois regulamentos para uma mesma zona climática.

Tabela 3.1 – Coeficientes de transmissão térmica (U-W/m2ºC) (RCCTE-90) [52], (RCCTE-2006 [89].

Zona climática
Elemento da
RCCTE-90 RCCTE-2006 RCCTE-90 RCCTE-2006 RCCTE-90 RCCTE-2006
envolvente

I1 I1 I2 I2 I3 I3

Paredes 1,4 0,70 1,2 0,60 0,95 0,50

52
CAPÍTULO 3 - SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO

Surgem assim duas abordagens distintas para a reabilitação da fachada com revestimento em
ladrilhos cerâmicos:

- Reabilitar a fachada mantendo a solução inicial de revestimento exterior;

- Reabilitar a fachada alterando a solução de revestimento exterior, adoptando uma solução que
melhore as características térmicas da envolvente.

3.2 REABILITAÇÃO MANTENDO A SOLUÇÃO ORIGINAL

Se se tratar de uma reabilitação parcial dos revestimentos cerâmicos, existem algumas regras que
devem estar sempre presentes nos trabalhos de reabilitação parcial dos revestimentos cerâmicos:
[13]

- Só se deve iniciar a reposição dos ladrilhos depois de tratados o suporte e a camada de


assentamento e, se possível, eliminar as causas de patologia a que lhes forem atribuídas. Se isso não
acontecer, devem ser tomadas as necessárias precauções para que o sistema de revestimento não
venha a ser atingido por esses defeitos ou tenha capacidade para lhes resistir;

- A reposição de ladrilhos deve ser feita por zona bem definidas, em princípio em formato
rectangular;

- As zonas reabilitadas devem ser delimitadas por juntas de esquartelamento com preenchimento
impermeável e pouco rígido;

- A reutilização de ladrilhos pressupõe a sua limpeza prévia e integral, removendo todos os vestígios
de produtos de colagem ou refechamento de juntas;

- O suporte ou camada de assentamento devem estar isentos de quaisquer produtos de colagem


poeiras ou outro tipo de resíduos resultantes do descolamento dos ladrilhos ou da sua exposição às
condições climatéricas antes da reabilitação;

- O aspecto final da zona reabilitada deve ser o mais semelhante possível ao das zonas confinantes,
o que constitui um objectivo sempre difícil de atingir, quer pela coloração dos ladrilhos, quer pelo
aspecto da junta; deve ser dada especial atenção à planeza do novo revestimento e ao seu
alinhamento com a face da parede, uma vez que os novos ladrilhos ficam frequentemente mais
salientes, devido às irregularidades do suporte e à dificuldade de colocação.

53
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

3.2.1 Substituição do revestimento cerâmico (SOLUÇÃO A)

A substituição de ladrilhos ou assentamento de ladrilhos recuperados deve obedecer aos mais


rigorosos preceitos de execução, aproximando-se, tanto quanto possível, da técnica usada na
construção em causa, com eliminação das não-conformidades que estiveram na origem da patologia.
[13]

Quando se pretende aproveitar os ladrilhos, a remoção tem de ser manual e cuidada, com
ferramentas ligeiras. Esta intervenção deverá ser efectuada na Primavera ou no Verão, para que a
secagem do suporte (na fase em que não se encontrar revestido) seja maximizada.

A substituição do revestimento cerâmico desenvolve-se assim ao longo das seguintes tarefas:

- Remoção dos ladrilhos degradados;

- Picagem da camada de assentamento;

- Estabilização do suporte;

- Tratamento de fissuras;

- Preparação do suporte e tarfefas preliminares;

- Aplicação do material de assentamento;

- Assentamento dos ladrilhos;

- Execução das juntas entre ladrilhos;

- Limpeza final;

- Cura.

3.2.1.1 Remoção dos ladrilhos degradados

A remoção dos ladrilhos fissurados, empolados, manchados ou com algumas zonas já descoladas,
deve ser feita através de corte por rebarbadora (dois cortes diagonais) e com a ajuda de martelo e
escopro.

3.2.1.2 Picagem da camada de assentamento

Se ficar camada de assentamento aderente, deve efectuar-se a sua picagem.

54
CAPÍTULO 3 - SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO

3.2.1.3 Estabilização do suporte

Muitas vezes a causa das anomalias observadas no revestimento cerâmico prende-se com a
instabilidade da parede exterior; nesses casos, é fundamental repor a estabilidade.

Esta instabilidade pode ser provocada por um apoio insuficiente do pano ou falta de confinamento e
quando isto acontece é fundamental reforçar o apoio e as ligações exteriores da parede. Também a
variação da temperatura e da humidade que provocam variações dimensionais dos tijolos podem
agravar esta instabilidade, recorrendo-se nestes casos, a outras técnicas como a protecção dessa
zona contra estes agentes, promovendo o reforço das características mecânicas ou alterando as
características funcionais do suporte. [53]

Para minorar os problemas pode ser necessário proceder ao travamento do pano exterior da parede,
através da realização de “pilaretes” e cintas em betão armado, de forma a garantir a estabilidade
da fachada e diminuir a fissuração.

Na Tabela 3.2 e Tabela 3.3 apresentam-se técnicas de estabilização de paredes.

Tabela 3.2 – Técnicas de Estabilização de paredes [53]

Técnicas Comentários

Reforço localizado dos apoios com peças metálicas fixas Nas situações de semi-apoio dos panos é
mecanicamente inevitável a utilização de um apoio adicional.
Podem existir problemas na fixação desse apoio
aos elementos estruturais.

Escoramento oblíquo, no plano perpendicular à parede Pode não ser possível de realizar em reabilitação
por impossibilidade de alteração dos elementos da
arquitectura da fachada. É uma técnica de alguma
complexidade na sua execução.

Grampeamento das paredes a outros panos e/ou aos É imprescindível quando são adoptadas juntas de
elementos estruturais dessolidarização e com a introdução de apoios
suplementares.

Reabertura de juntas para colocação de armaduras A colocação de armaduras é mais aconselhável


como acção preventiva.

Confinamento com cintas e montantes de betão armado Requer uma reabilitação profunda e onerosa e
altera o aspecto da fachada.

Demolição parcial e reconstrução de cunhais, com


armaduras de canto ou criação de juntas de
dessolidarização.

55
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

Tabela 3.3 – Estratégias de reabilitação em situações de variações de temperatura e humidade nas alvenarias
[53]

Estratégias Técnicas Comentários

Diminuição da variação de - Aplicação de isolamento térmico pelo Implica a modificação total ou


temperaturas pela protecção exterior em fachadas e em coberturas parcial da arquitectura de
das zonas das acções térmicas fachada ou de revestimentos.
- Aplicação de pinturas claras
Em paredes de tijolo de face
- Criação e sombreamentos à vista não é interessante.

Redução os teores de humidade - Aplicação de revestimentos


na construção independentes e descontínuos

Aumentar o grau de liberdade - Criação de juntas flexíveis de Pode haver problemas de


dos elementos construtivos dessolidarização nas ligações entre estanqueidade e de
reduzindo as tensões por alvenaria e estrutura durabilidade das soluções
restrição das deformações
- Criação de juntas flexíveis entre Exige a introdução de
alvenaria e laje de cobertura acessórios de reforço da
estabilidade dos panos de
- Criar juntas de dilatação/contracção
parede às acções horizontais

Aumentar a resistência - Introdução de ligadores entre alvenaria Necessitam de demolição de


mecânica dos materiais e e estrutura parte da alvenaria e
ligações para que suportem as reconstrução posterior
- Introdução de grampos entre o pano
tensões instaladas
exterior e interior

- Colocação de armaduras nas juntas


horizontais da alvenaria

- Aplicar revestimentos armados com


reforço nas ligações entre alvenarias e
estrutura e zona de vãos.

A limpeza da caixa-de-ar, a impermeabilização, a ventilação e a aplicação de dispositivos de


drenagem na base das paredes podem ser também fundamentais.

A superfície exterior da fachada deve ser impermeabilizada com um reboco com argamassa à base
de polímeros, armado, após tratamento das fissuras significativas.

3.2.1.4 Tratamento de fissuras

Após ser garantida a estabilidade do suporte, procede-se à correcção das restantes patologias, como
a reparação de fissuras.

No caso de haver fissuração do suporte, o que é bastante grave para o sucesso da reabilitação do
revestimento cerâmico, recomenda-se uma análise criteriosa do seu grau de estabilização e da
amplitude dos seus movimentos potenciais, de modo a garantir que estes sejam compatíveis com a

56
CAPÍTULO 3 - SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO

capacidade de deformação dos ladrilhos, conjugada com a elasticidade da camada de colagem e


com as juntas previstas.

Há variadas estratégias para a reabilitação de paredes com fissuração mas a sua escolha depende
das causas, da distribuição das fissuras, do seu grau de estabilização, das consequências da
fissuração e do tipo de parede. Na Tabela 3.4, apresentam-se algumas dessas estratégias.

Tabela 3.4 – Estratégias de reabilitação da fissuração, técnicas e as suas condicionantes. [53]

Estratégias Técnicas Comentários

Eliminação das - Criação de rebaixos sobre a fissura; Pode não ser eficaz para fissuras não
anomalias estáveis. É uma solução barata e de
- Reabilitação de fissuras em ponte;
execução pouco complexa.
- Colocação de revestimento armado.

Substituição de materiais - Demolição total ou parcial dos panos É necessário quando o estado da
e elementos de parede; fissuração é pronunciado e as fissuras
são muito abertas. Em paredes de
- Demolição de cunhais não travados;
tijolo à vista é frequentemente
- Remoço de peitoris e outros acessórios necessária.
fissurados;

- Reconstrução das zonas demolidas e


substituição de acessórios removidos.

Ocultação das anomalias - Aplicação de revestimentos não Pode ser uma solução eficaz se
aderentes a alvenaria; permanecer garantido o desempenho
funcional da parede.
- Aplicação de cobrejuntas ou
elementos decorativos de ocultação.

Protecção contra os - Colocação de isolante térmico; É uma estratégia que garante a


agentes agressivos protecção e simultaneamente pode ser
- Aplicação de revestimentos estanques;
a base para uma reabilitação térmica.
- Criação de juntas de dessolidarização.

Eliminação das causas As técnicas a utilizar dependem das No caso da fissuração esta acção pode
das anomalias causas da fissuração. ser complicada e economicamente
inviável, embora seja a mais
recomendável. É preciso analisar o
custo-benefício da solução.

Reforço das - Aplicação de armaduras na juntas J.Silva [54] considera que esta
características funcionais horizontais, nos casos de reconstrução estratégia é mais adequada na
de panos de parede; prevenção.

- Grampeamento dos panos construídos.

57
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

3.2.1.5 Preparação do suporte e tarefas preliminares

Antes de se iniciar o assentamento do revestimento cerâmico, são fundamentais as seguintes


operações:

- Verificar a esquadria e as dimensões do suporte a ser revestido, de modo a definir-se a largura das
juntas entre ladrilhos, procurando reduzir o número de cortes e obter o melhor posicionamento
destes. [56] A falta de planeza pode levar à execução de uma camada de regularização do suporte
ou ao assentamento através de uma argamassa tradicional pelo método da camada espessa. A
rugosidade, apesar de aumentar a aderência dos adesivos, pode também obrigar à utilização deste
método. Para a aplicação de revestimento cerâmico aderente, as irregularidades no suporte,
avaliadas com uma régua de 2 m de comprimento, não deverão ser superiores a 5 mm, enquanto
que os desvios da verticalidade (avaliados com um fio-de-prumo de 3 m) não deverão ser superiores
a 10 mm por andar, no caso dos revestimentos cerâmicos aderentes de fachada. [44]

O estado de limpeza do suporte também influencia a qualidade da colagem, dado que uma
superfície pulverulenta ou oleosa condiciona a aderência do material de assentamento Deve, por
isso, evitar-se a presença de resíduos de argamassas, manchas de óleo, graxa ou qualquer outra
substância gordurosa, manchas de bolor, fungos e outros microorganismos e quando necessário, ser
efectuada uma limpeza com jacto de água do suporte. [44] Na Tabela 3.5 apresentam-se quais as
principais condições que devem ser satisfeitas pelo suporte no momento da colagem.

Tabela 3.5 – Condições a satisfazer pelo suporte no momento da colagem. [55]

Característica Tipo de suporte Exigência Observações

Planeza geral: desvios ≤ 5 mm,


Alvenaria rebocada avaliados sobre uma régua de 2m;
ou betão com
Planeza localizada: desvios ≤ 2 mm, -
acabamento de
superfície cuidado avaliados sobre uma régua de 0,20
m.
Planeza
Planeza geral: desvios ≤ 7 mm, Desvios de planeza
Betão com avaliados sobre uma régua de 2m; compatíveis apenas
acabamento de Planeza localizada: desvios ≤ 2 mm, com colas espessas
superfície corrente avaliados sobre uma régua de 0,20 de endurecimento
m. hidráulico

Estado de limpeza A superfície dos suportes deve ser


(coesão, limpeza) Qualquer coesa e estar isenta de produtos que -
possam prejudicar a aderência

Um suporte muito poroso torna necessária a realização de uma operação prévia de tratamento com
primário ou de humedecimento, enquanto que um suporte de baixa absorção de água retarda o

58
CAPÍTULO 3 - SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO

humedecimento e apenas permite a aderência química do material de assentamento, pelo que este
último tem de ser escolhido tendo em conta esta condicionante.

- Localizar as juntas horizontais e verticais entre os ladrilhos cerâmicos. [56]

- Colocar cruzetas que marcam com exactidão a localização e a largura das juntas, e marcar os
alinhamentos verticais e horizontais das primeiras fiadas com linhas de nylon, servindo então de
referência para as demais fiadas.

- Arranjar as placas de forma que sejam feitos cortes iguais nos lados opostos à superfície a ser
revestida.

- Planear a colocação das placas atendendo à decoração das placas, ao encaixe preciso dos
desenhos e à colocação em diagonais e perpendiculares.

- Desenhar com giz as figuras a serem formadas, para o caso de desenhos com mosaicos, colocando
entre as linhas desenhadas o formato e a cor das placas que fazem parte do desenho. [56]

3.2.1.6 Aplicação do material de assentamento

Esta fase inicia-se com a preparação da argamassa de assentamento.

a) Preparação do material de assentamento

O material de assentamento pode ser preparado manualmente ou em misturador mecânico,


adicionando-se água potável (conforme indicações do fabricante, no caso de argamassas
industrializadas).

A quantidade a ser preparada deve ser suficiente para um período de trabalho no máximo de 2 a 3
horas, levando-se em consideração a habilidade do assentador e as condições climáticas. Após a
mistura, a argamassa deve ficar em repouso pelo período de tempo indicado na embalagem para
que ocorram as reacções dos aditivos, sendo a seguir reamassada. Para aumentar o ritmo de
colagem é frequente o trabalho em equipa de dois ladrilhadores: um deles aplica a cola no suporte
o outro aplica os ladrilhos. No caso da preparação manual, utilizar um recipiente plástico ou
metálico limpo, para fazer a mistura. Durante a aplicação do revestimento nunca se deve adicionar
água à argamassa já preparada.

No caso particular dos cimentos-cola, o processo de preparação depende da sua composição; a


alguns adiciona-se água de um modo idêntico ao de uma argamassa corrente, a outros, os bi-

59
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

componentes, não há necessidade de adição de água, pois misturam-se entre si.

O cimento-cola deve ser criteriosamente escolhido em função das características do revestimento e


o suporte (Tabela 3.6).

Tabela 3.6 – Classes de cimentos-cola recomendados para o assentamento de ladrilhos em fachadas. [13]

Revestimento Altura da fachada

Natureza Área (cm2) H≤6m 6 m ≤ H ≤ 28 m

Mosaico em pasta de vidro ou


S ≤ 50
porcelânico
C2
Plaquetas murais em terracota S ≤ 231
Ou C2S
Azulejos em terracota S ≤ 300 (15 x 15) C2S

Ladrilhos extrudidos ou S ≤ 2000 (40 x 40)


prensados, excepto os
plenamente vitrificados 2000 < S ≤ 3600 (60 x 60) -
C2S
Ladrilhos plenamente vitrificados S ≤ 2000 (40x40) C2S

b) Aplicação

O método de assentamento dos ladrilhos depende da área da peça cerâmica a ser assentada.

Há assim dois métodos, o método de colagem simples e o método de colagem dupla.

Na colagem simples, a aplicação da argamassa é somente no suporte, estando a peça cerâmica


limpa e seca para o assentamento. O posicionamento da peça deve ser tal que garanta contacto
pleno entre o seu tardoz e a argamassa.

Na colagem dupla o espalhamento é feito no suporte e no tardoz de cada peça cerâmica, como é
visível na Figura 3.1.

60
CAPÍTULO 3 - SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO

Figura 3.1 – Exemplo de colagem dupla. [57]

A argamassa deve ser espalhada com o lado liso da talocha, comprimindo-a contra a parede num
ângulo de 45º, formando uma camada uniforme. A seguir, deve-se utilizar o lado denteado da
talocha sobre a camada de argamassa, para formar cordões que facilitarão o nivelamento e a
fixação das placas cerâmicas (ver Figura 3.2). [56]

Figura 3.2 – Espalhamento do adesivo no suporte com o lado denteado da talocha. [57]

Na Figura 3.3, apresentam-se tipos de denteados de talochas frequentemente utilizados.

- Talocha de dentes quadrados de 6 x 6 x 6 mm.

- Talocha de dentes quadrados de 9 x 9 x 9 mm.

- Talocha de dentes triangulares de base e altura de 6


mm

Figura 3.3 – Representação esquemática de denteados de alguns tipos de talochas. [55]

61
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

Para ladrilhos com dimensões (20x20) cm ou maiores são indicadas na Tabela 3.7 a alturas mínimas
dos dentes da talocha que permitem garantir o máximo contacto entre o material de assentamento
e o ladrilho.

Tabela 3.7 – Alturas mínimas dos dentes da talocha a utilizar no assentamento de ladrilhos de grande formato
[44]

Dimensão dos ladrilhos Altura mínima dos dentes da talocha


(20x20) cm 8 mm

(25x25) cm 10 mm (e assentamento com colagem dupla)

(30x30) cm 12 mm (e assentamento com colagem dupla)

(40x40) cm ou superior ≥ 12 mm (e assentamento com colagem dupla)

Durante a colocação das placas os cordões de cola devem ser totalmente esmagados, formando uma
camada uniforme, e garantido o contacto pleno da argamassa com todo o verso da placa.

Na colagem dupla, os cordões formados pelas duas superfícies devem cruzar-se em ângulos de 90º, e
a cerâmica deve ser assentada de tal forma que os cordões estejam perpendiculares entre si.

A espessura da camada final de argamassa colante deve ser de 2 a 5 mm, podendo chegar a 10 mm
em pequenas áreas isoladas, onde existam irregularidades superficiais na base. As reentrâncias de
altura maior que 1 mm, eventualmente presentes no tardoz das placas cerâmicas, devem ser
preenchidas com argamassa colante no momento do assentamento.

3.2.1.7 Assentamento dos ladrilhos

O tardoz das peças cerâmicas a serem assentadas deve estar limpo, isento de pó, gorduras, ou
partículas secas e não deve ser molhado antes do assentamento.

As peças cerâmicas devem ser colocadas, ligeiramente fora de posição, sobre os cordões de
argamassa colante. O posicionamento da placa é então ajustado e o revestimento cerâmico é fixado
através de um ligeiro movimento de rotação, como indicado na Figura 3.4.

62
CAPÍTULO 3 - SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO

Figura 3.4 – Assentamento de ladrilhos com ajuste do posicionamento dos ladrilhos. [57]

Para a retirada do excesso de argamassa, devem ser dadas leves batidas com um martelo de
borracha sobre a face da cerâmica (Figura 3.5). A argamassa que escorrer deve ser limpa antes do
seu endurecimento, evitando que esta prejudique a junta de assentamento. [56]

Figura 3.5 – Utilização do martelo de borracha. [57]

No método da camada fina, a colocação dos ladrilhos deverá ser efectuada através de uma forte
pressa, que permita abater os cordões do adesivo e formar uma camada uniforme, garantindo o
contacto pleno com o tardoz do ladrilho, podendo ser auxiliada pela utilização de um maço de
borracha.

A largura das juntas de assentamento pode ser garantida pelo uso de acessórios (cruzetas) (Figura
3.6).

63
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

Figura 3.6 – Pressão exercida sobre as placas no Figura 3.7 – Esquema de colocação de ladrilhos com
assentamento. [58] cruzetas. [59]

A utilização de cruzetas leva a um assentamento de qualidade inferior pois o ladrilho é apenas


“colocado” no lugar, como está esquematizado na Figura 3.7, sendo difícil abater os cordões do
adesivo.

A colocação terá de respeitar sempre os tempos característicos do adesivo: tempo de vida útil,
tempo aberto e tempo de repouso. Quando o adesivo utilizado no método da camada fina atinge o
fim do tempo aberto, o que pode acontecer num tempo diferente do que é indicado pelo fabricante
devido às acções ambientais, forma-se uma película esbranquiçada sobre os respectivos cordões. A
partir desse momento, o assentamento dos ladrilhos deve ser interrompido e deve iniciar-se a
remoção do adesivo aplicado no suporte.

Nos casos em que os ladrilhos são muito porosos ou a humidade relativa ambiente é muito baixa,
será sempre preferível utilizar primários que melhorem a qualidade da colagem a humedecer os
ladrilhos, dado que este último método é prejudicial à colagem com as matérias que se utilizam
actualmente em revestimentos cerâmicos aderentes.

Periodicamente durante o assentamento, deve arrancar-se as placas aleatoriamente (1% das placas),
verificando se estão com o verso totalmente preenchido com argamassa. Este procedimento é
denominado de Teste de Arrancamento e destina-se a avaliar a qualidade do assentamento, e fazer
ajustes caso seja necessário. [56]

3.2.1.8 Execução das juntas entre ladrilhos

Devem ser criadas juntas de fraccionamento (> 6 mm) e juntas em correspondência com as juntas
de dilatação. [56]

64
CAPÍTULO 3 - SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO

Os ladrilhos devem ser aplicados com juntas rectas e regulares, cuja largura depende do tipo e
formato destes e das acções específicas de utilização. As juntas de assentamento costumam
realizar-se com a ajuda de cruzetas, ferramentas em forma de cruz, que permitem garantir a
largura constante das mesmas. Estas são normalmente plásticas e devem ser retiradas do
revestimento antes de se proceder ao preenchimento das juntas com um material de betumação
adequado (Figura 3.8).

Figura 3.8 – Aplicação do material de preenchimento de juntas. [57]

Antes de preencher as juntas é necessário proceder à sua limpeza e pode ser necessário pincelar os
bordos com um produto primário compatível com o produto de preenchimento para melhorar a sua
aderência.

As juntas devem ser preenchidas por um produto flexível (módulo de elasticidade < 8000 MPa).

O seu preenchimento deve ser feito em extensões e ritmos compatíveis com o tempo de abertura do
produto. Esta operação deve realizar-se pelo menos 24 horas após o assentamento dos ladrilhos,
para garantir a secagem do material de assentamento. O material de preenchimento das juntas
deve ser aplicado com uma espátula de borracha de forma cuidada para que todas as juntas sejam
uniformemente preenchidas. Depois de se iniciar o endurecimento do material de preenchimento
das juntas, este deve ser pressionado com uma ferramenta adequada de forma a garantir um
acabamento perfeito. [44]

3.2.1.9 Limpeza final

Esta é a operação final e tem a finalidade de eliminar resíduos de argamassas ou outros materiais
usados no processo de assentamento.

A limpeza deve ser feita com uma esponja ou pano seco ou humedecido, através de um movimento

65
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

na diagonal dos ladrilhos para não danificar as juntas preenchidas.

Esta operação só deve ocorrer após ter decorrido o tempo necessário à cura do material de
preenchimento das juntas indicado pelo fabricante. [44]

A limpeza dos revestimentos com ácido é contra-indicada, pois pode prejudicar a superfície da
placa cerâmica e o material de preenchimento das juntas. No entanto, se for mesmo necessária a
limpeza com ácido, deve-se usar uma parte de ácido diluído em água, na razão de 1 para 10. Neste
caso, deve-se proteger previamente com vaselina os componentes susceptíveis ao ataque pelo
ácido. No final da limpeza, que deve ser feita com água em abundância, emprega-se uma solução
neutralizante de amónia (uma parte de amónia para cinco partes de água) e enxagua-se com água
também em abundância. Por fim, enxuga-se com um pano removendo a água presente nas juntas
(ver Figura 3.9). [56]

Figura 3.9 –Limpeza do material de preenchimento das juntas com uma esponja.[57]

3.2.1.10 Cura

Após a limpeza, as operações para o revestimento da parede estão completas, no entanto, a


utilização do revestimento só poderá ocorrer depois de decorrido o período de cura do material de
assentamento que corresponde normalmente a duas semanas. Estas reacções físicas e químicas que
acontecem com as argamassas são fundamentais para a qualidade da aderência entre as diversas
camadas que compõe a parede revestida com ladrilhos cerâmicos. [56]

66
CAPÍTULO 3 - SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO

3.3 REABILITAÇÃO COM MELHORIA DA RESISTÊNCIA TÉRMICA DA FACHADA

Se há casos em que é importante manter o aspecto inicial da fachada, outros há, em que é
vantajoso optar por outra solução e melhorar o conforto térmico.

Muitos edifícios, por terem sido construídos antes da existência de regulamentação térmica de
edifícios, apresentam uma deficiente qualidade térmica e energética, devido a envolventes com
isolamento térmico insatisfatório.

Nestes casos a reabilitação térmica e energética de edifícios proporciona a melhoria da qualidade


térmica e das condições de conforto dos seus habitantes, permitindo reduzir o consumo de energia
para aquecimento, arrefecimento, e possibilitando, em muitas situações, a correcção de certas
patologias ligadas à presença de humidades e à degradação do aspecto nos edifícios, como é o caso
das condensações superficiais [60].

Quando se pretende melhorar a resistência térmica da fachada, mantendo a solução de


revestimento com ladrilhos cerâmicos, pode recorrer-se ao isolamento térmico pelo interior,
constituído por um material com características de isolamento térmico e por um elemento interior
destinado a conferir resistência mecânica e a permitir a aplicação de revestimentos superficiais
diversos (reboco, pintura, papel de parede, etc).

No entanto, os sistemas mais utilizados na reabilitação de fachadas, quando estas apresentam


insuficiente isolamento térmico, aspecto degradado ou problemas de estanqueidade, são os de
isolamento de fachadas pelo exterior.

Estes sistemas são constituídos por uma camada de isolamento directamente aplicada sobre o
suporte e um paramento exterior que o protege em particular das solicitações climatéricas e
mecânicas. [61]

Na Tabela 3.8, Tabela 3.9, Tabela 3.10 e Tabela 3.11 apresentam-se as vantagens e desvantagens
dos sistemas de isolamento térmico pelo interior e pelo exterior.

67
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

Tabela 3.8 – Principais vantagens do isolamento térmico pelo interior em fachadas. [62]

Factor Desempenho

Aplicação e Aplicação e desempenho futuro não afectados pelas condições climáticas exteriores.
durabilidade

Reabilitação Possibilidade da manutenção da identidade arquitectónica da fachada, bem como de uma


térmica intervenção individualizada num ou mais fogos de um edifício residencial colectivo.

Custo Solução construtiva pouco dispendiosa nas vertentes matéria-prima e execução (não
necessita de recorrer a andaimes para a sua aplicação) – em média cerca de metade do
custo da solução de isolamento térmico exterior.

Aquecimento Eventual menor dispêndio de energia no aquecimento interior em regimes do tipo


descontínuo (típicos no segmento residencial em Portugal).

Instalações Permite em alguns tipos de soluções a integração de tubagens sem deterioração do pano
de parede (o que acontece na generalidade das soluções tradicionais em alvenaria dupla
ou simples com isolamento térmico pelo exterior).

Isolamento Sonoro O isolamento sonoro entre compartimentos poderá ser melhorado (dependendo do tipo
de sistema) pela diminuição da transmissão sonora por via marginal, para além do
incremento do isolamento a ruídos aéreos provenientes do exterior garantido pela
fachada (sobretudo no caso de não existirem vãos envidraçados).

Comportamento ao Quando combinados com determinados elementos de revestimento (ex. gesso cartonado)
fogo permitem aumentar significativamente a resistência ao fogo, podendo ser por exemplo
utilizados para a protecção ao fogo de estruturas metálicas.

Tabela 3.9 - Principais desvantagens do isolamento térmico pelo interior em fachadas. [62]

Factor Desempenho

Pontes Térmicas Potenciador de situações de ponte térmica em diversas configurações construtivas,


requerendo disposições específicas de correcção.

Variações de Parede exterior mais susceptível a solicitações de natureza térmica decorrentes


Temperatura sobretudo da variação da radiação solar (incluindo o fenómeno de choque térmico).

Estanqueidade Parede exterior mais susceptível à acção da água de precipitação.

Inércia Térmica A inércia térmica (interior) é reduzida em consequência da inutilização da parede interior
como massa de armazenamento térmico.

Reabilitação Implica o abandono dos habitantes do interior do edifício.


Térmica Poderá não permitir a manutenção de ornamentos interiores em edifícios antigos.

Área Útil Em operações de reabilitação verifica-se uma perda da área útil interior que, embora
possa ser considerada reduzida, acarreta sempre uma diminuição do valor do imóvel.

Condensações Maior risco de ocorrências de condensações na interface entre o material isolante térmico
Internas e o pano exterior de parede face às demais soluções de isolamento, implicando a eventual
utilização de uma barreira pára-vapor na face (interior) do material isolante.

68
CAPÍTULO 3 - SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO

Tabela 3.10 - Principais vantagens do isolamento térmico pelo exterior em fachadas. [62]

Factor Desempenho

Pontes Térmicas A probabilidade de ocorrência de pontes térmicas fica praticamente limitada à


ligação fachada/vãos envidraçados e à existência de varandas.

Solicitações Maior protecção da envolvente exterior face às solicitações climáticas exteriores.


Parede Suporte

Inércia Térmica Incremento da inércia térmica (interior) com eventuais benefícios em termos de
conforto interior e eficiência energética, sobretudo por regimes de aquecimento
contínuo e com ganhos solares significativos.

Reabilitação Sem necessidade de abandono dos habitantes no interior do edifício.


Térmica

Reabilitação Conjugação da reabilitação do desempenho térmico da fachada com a melhoria


Estética estética, permitindo a correcção de possíveis patologias existentes.

Área Útil Em situações de reabilitação é garantida a manutenção de área útil interior.

Estanqueidade Contribui para a estanqueidade global da parede exterior à acção da água de


precipitação.

Tabela 3.11 - Principais desvantagens do isolamento térmico pelo exterior em fachadas. [62]

Factor Desempenho

Custo Custo unitário em média superior ao sistema de isolamento térmico pelo interior,
podendo aumentar substancialmente com a pormenorização adequada ao
sistema.

Aplicação Técnica de execução delicada, efectuada normalmente por equipas


especializadas e com condições climáticas apropriadas.

Sistemas de A durabilidade e desempenho dos sistemas de fixação (excluindo os ETICS


Fixação (External Thermal Insulation Composite Systems)) necessitam de ser
cuidadosamente avaliadas atendendo à gravidade da eventual queda de um
elemento de revestimento exterior.

Resistência ao A generalidade dos sistemas possui uma resistência ao choque reduzida


Choque (particularmente os ETICS) requerendo disposições construtivas específicas para a
sua utilização ao nível dos pisos inferiores, susceptíveis de actos de vandalismo.

Inércia Térmica Uma inércia térmica (interior) elevada pode revelar-se como um factor
prejudicial para edifícios com sistemas de aquecimento intermitente.

Condensações Risco de ocorrência de condensações internas na interface do material isolante


Internas térmico com a camada exterior, que poderão estar relacionadas com o
desenvolvimento de fungo e algas que originam manchas nos primeiros anos após
a aplicação do sistema.

69
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

3.3.1 Reposição dos ladrilhos cerâmicos de fachada e aplicação de isolamento


térmico pelo interior (SOLUÇÃO A1)

Para esta solução preconizam-se, pelo exterior, os trabalhos descritos no ponto 3.2.1 e, pelo
interior, a aplicação de um sistema de isolamento térmico.

De seguida, descreve-se o sistema de isolamento térmico pelo interior apenas de uma forma muito
breve, visto este não ser, por si só, uma solução de reabilitação da fachada, pelo que não requer
especial destaque ou pormenorização.

3.3.1.1 Sistema de Isolamento Térmico pelo Interior

Como já foi descrito, um sistema de isolamento térmico pelo interior é constituído pelos seguintes
elementos:

- elemento de base;
- isolamento térmico;
- elemento de revestimento.

Os sistemas de isolamento térmico pelo interior mais comuns podem ser classificados em função do
tipo de fixação do isolamento térmico ao suporte, de acordo com a Figura 3.10:

70
CAPÍTULO 3 - SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO

Figura 3.10 – Classificação dos sistemas de isolamento térmico pelo interior. [62]

Na Tabela 3.12, apresenta-se um quadro-síntese com um conjunto de informações que permitem, de


forma expedita, seleccionar o tipo de sistema que melhor se adequa a cada situação concreta. Esta
informação deve ser complementada com uma análise tecnológica mais aprofundada dos diferentes
sistemas.

71
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

Tabela 3.12 – Quadro-síntese para selecção de um sistema de isolamento térmico pelo interior [62]

72
CAPÍTULO 3 - SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO

3.3.2 Reabilitação da fachada através de soluções com aplicação de isolamento


térmico pelo exterior

Neste estudo, abordam-se os seguintes dois sistemas de isolamento pelo exterior:

- reboco armado directamente aplicado sobre o isolamento térmico – ETICS (External Thermal
Insulation Composite Systems with rendering). [63]

- revestimento descontínuo fixado ao suporte através de uma estrutura intermédia – fachada


ventilada (com placas de pedra natural ou placas de zinco).

As principais diferenças entre estes dois sistemas apresentam-se na Tabela 3.13:

Tabela 3.13 - Principais diferenças entre o sistema ETICS e a Fachada Ventilada. [64]

Tipo de sistema
Características
ETICS Fachada Ventilada

- Isolamento térmico

Funções do isolante - Suporte do revestimento - Isolamento térmico

- Impermeabilização à água

Processo de fixação do suporte - Colagem - Fixação por pontos

Elementos responsáveis pela - Revestimento - Revestimento


impermeabilização - Isolante - Lâmina de ar

- Necessidade de escolha de - Variações absorvidas pela


Resolução do problema das
revestimento e isolante geometria da ligação
variações dimensionais diferenciais
compatíveis revestimento-estrutura de fixação

- Deficiências de planeza ou de
- Fachadas com vãos numerosos
regularidade superficial do suporte
Dificuldades de aplicação - Paredes inadequadas à fixação
- Existência de revestimento
mecânica
antigo não aderente ao suporte

- Compatibilidade das
Possibilidade de eliminação dos
permeabilidades ao vapor de água - Ventilação da lâmina de ar
riscos de condensação no isolante
do revestimento e do isolante

De seguida, descrevem-se com mais pormenor ambos os sistemas e suas formas de execução.

73
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

3.3.2.1 Reboco armado sobre isolamento térmico (ETICS) (SOLUÇÃO B)

Um sistema de isolamento pelo exterior muito utilizado é o do reboco armado aplicado sobre o
isolamento térmico, o ETICS (External Thermal Insulation Composite Systems), que é constituído
por uma camada de poliestireno expandido revestidas com um reboco delgado aplicado em várias
camadas, armado com uma ou várias redes de fibra de vidro. Como acabamento é utilizado,
geralmente, um revestimento espesso.

Figura 3.11 – Sistema ETICS. [63]

Os ETICS destinam-se a ser aplicados em superfícies planas verticais exteriores de edifícios.

Os suportes podem ser constituídos por:

- paredes em blocos de betão leve com argila expandida;

- paredes em alvenaria de tijolo, blocos de betão, pedra ou betão celular;

- paredes de betão de inertes correntes ou leves;

- painéis pré-fabricados de betão.

A aplicação do sistema é também possível em suportes rebocados, pintados ou com revestimentos


orgânicos ou minerais, desde que convenientemente preparados.

74
CAPÍTULO 3 - SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO

3.3.2.1.1 Materiais

3.3.2.1.1.1 Produto de colagem

Produto utilizado para a preparação da cola que se destina a fixar, por aderência, o isolamento
térmico ao suporte. Trata-se, geralmente, de um produto pré-preparado fornecido:

- em pó ao qual se adiciona água;

- em pó para mistura com um determinado ligante (resina);

- adesivo em dispersão aquosa para misturar com cimento.

3.3.2.1.1.2 Isolamento térmico – poliestireno expandido (EPS)

O isolamento térmico destina-se a aumentar a resistência térmica da parede na qual é aplicado o


sistema.

Os componentes químicos do poliestireno expandido são o poliestireno, o agente expansor


(principalmente o pentano) e o ar. Pode ser fornecido em placas com contorno plano ou com
entalhe. A espessura de isolamento a utilizar deverá ser definida pelo cálculo térmico.

As placas de poliestireno expandido que se destinam a integrar um sistema ETICS deverão satisfazer
as especificações do documento “Polystyrène expansé moulé certifié ACERMI – Spécifications
particulières à l’emploi comme support d’enduit mince (PSE collé et fixe mécaniquement)”.

O nível mínimo de aptidão de utilização do isolamento deverá ser I2S4O3L4E2 (ACERMI). [76]

3.3.2.1.1.3 Armaduras

São utilizadas armaduras de fibra de vidro (tecidas ou termo-coladas), incorporadas na camada de


base, com tratamento de protecção anti-alcalino.

Distinguem-se dois tipos de armaduras:

- As “armaduras normais” que têm como função melhorar a resistência mecânica do reboco e
assegurar a sua continuidade;

- As “armaduras reforçadas” que são utilizadas como complemento das armaduras normais para
melhorar a resistência aos choques do reboco.

As características das armaduras são definidas no documento “Certification CSTBat dês treillis

75
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

textiles pour enduit de façade – Définition dês caractéristiques dês armatures utilisées dans les
systèmes d’isolation thermique extérieure par enduit sur isolants. [65]

As armaduras normais deverão dispor de um certificado CSTBat com a seguinte classificação TRAME:
T≥1; Ra≥1; M≥1; E≥1. [63]

3.3.2.1.1.4 Produto de base

Produto que se destina à preparação da argamassa de reboco a aplicar directamente sobre o


isolamento térmico (camada de base). Na maior parte dos casos, o produto utilizado é idêntico ao
produto de colagem.

A camada de base consiste num reboco (barramento) com alguns milímetros de espessura, realizada
em várias passagens sobre o isolamento, de forma a permitir o completo recobrimento da armadura.
O barramento deve ser efectuado apenas após a secagem completa da argamassa de colagem.

3.3.2.1.1.5 Primário

O primário consiste numa pintura opaca à base de resinas em solução aquosa, que é aplicada sobre
a camada de base. É necessário que o produto seja compatível com alcalinidade da camada base.

A função da camada de primário é regular a absorção e melhorar a aderência da camada de


acabamento. Alguns sistemas não incluem esta camada. O primário só deve ser aplicado depois da
camada base estar perfeitamente seca. [63]

3.3.2.1.1.6 Revestimento final

Como revestimento final é normalmente utilizado um revestimento plástico espesso (RPE). Podem,
no entanto, ser utilizados outros revestimentos desde que convenientemente testados e
especificados no documento de homologação do sistema.

A camada de acabamento possui para a protecção do sistema contra agentes climatéricos e assegura
o aspecto decorativo. É aplicada sobre a base ou sobre a camada de primário (caso exista).

3.3.2.1.2 Fixação mecânica do isolamento

Nos sistemas aderentes, apesar da sua estabilidade ser totalmente assegurada pela colagem, é
possível utilizar fixações mecânicas complementares. As fixações mecânicas destinam-se,
eventualmente, a fixar provisoriamente as placas de isolamento até à secagem ou cola ou, em caso
de descolagem do sistema, a evitar a sua queda.

76
CAPÍTULO 3 - SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO

São utilizadas fixações compostas por buchas em plástico de cabeça circular com, pelo menos, 50
mm de diâmetro e por um prego ou parafuso metálico no seu interior. [63]

3.3.2.1.3 Acessórios

Os ETICS incluem também outros produtos e componentes utilizados para reforço de pontos
singulares, ligação com elementos construtivos e para assegurar a continuidade do sistema.

Para reforço das arestas são utilizados perfis realizados em alumínio, aço inoxidável, fibra de vidro
ou ainda em PVC ou alumínio com armaduras de fibra de vidro.

Os perfis metálicos de ligação com elementos construtivos poderão ser em:

- Alumínio ou aço inoxidável (perfis de arranque, perfis laterais à vista ou não, peitoris, e
capeamentos);

- Alumínio pré-lacado ou anodizado (perfis à vista);

- Zinco (rufos e capeamentos).

Não deverão ser utilizados perfis em aço galvanizado.

As faces dos perfis sobre os quais seja aplicado reboco, deverão ter uma largura mínima de 30 mm e
apresentar, pelo menos, duas fiadas de orifícios que correspondam a 15% da superfície (diâmetro
dos orifícios deverá ter cerca de 6 mm).

Os produtos utilizados para preenchimento de juntas, de forma a garantir a estanqueidade à água


entre o sistema e os elementos construtivos, deverão ser quimicamente compatíveis com o
poliestireno expandido. São geralmente utilizados mástiques elastómeros ou plásticos de 1ª
categoria (silicone, poliuretano, acrílicos, etc.) e cordões de espuma impregnada pré-comprimida.

Nas juntas de dilatação estruturais deverão se aplicados perfis cobre-juntas. [63]

3.3.2.1.4 Preparação dos trabalhos

Antes de se proceder à aplicação do sistema deve fazer-se uma análise detalhada do edifício,
dedicando especial atenção aos pormenores construtivos e identificação dos pontos singulares,
como as janelas, varandas, juntas de dilatação, grelhas, todos os contornos dos vãos e da cobertura.

77
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

3.3.2.1.5 Equipamento

O equipamento necessário para a aplicação de ETICS é:

- Dispositivo mecânico de mistura;

- Colher de pedreiro e talocha dentada;

- Maço ou talocha em madeira;

- Esquadro, nível e réguas;

- Serra, plaina eléctrica e, eventualmente, talocha abrasiva;

- Tesoura;

- Espátula em inox;

- Espátula de plástico ou rolo;

- Equipamento de protecção.

A utilização de andaimes suspenso não é aconselhável, pois estes devem garantir a estabilidade e
segurança dos operários que aplicam o sistema. [63]

3.3.2.1.6 Preparação do suporte

O suporte para estar apto terá que apresentar uma superfície plana, sem irregularidades
significativas ou desníveis superiores a 1 cm sob uma régua de 2 m.

Na reabilitação de fachadas é necessário:

- garantir a estabilidade do suporte. Não é possível aplicar o sistema em suportes instáveis;

- tratar as fissuras;

- assegurar que os suportes de betão que apresentem corrosão de armaduras, sejam reparados
com produtos compatíveis com a cola;

- aplicar o sistema em suportes revestidos com elemento cerâmicos apenas se estes


apresentarem aderência. Os elementos soltos devem ser removidos e reparados com
argamassa cimentícia modificada com látex.

- realizar ensaios de aderência depois da preparação do suporte. [63]

78
CAPÍTULO 3 - SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO

3.3.2.1.7 Condições de Aplicação

A colagem das placas de isolamento térmico não deve ser feita:

- em período de chuva ou neve;

- a temperaturas inferiores a 5ºC;

- em superfícies expostas ao sol durante o meses de Verão ou sujeitas a vento forte.

Em tempo frio é necessário verificar o tempo de presa do adesivo.

Os tubos de queda existentes no exterior das fachadas terão que ser removidos, no entanto, há que
garantir que o escoamento das águas pluviais durante os trabalhos seja feito longe das fachadas.

3.3.2.1.8 Aplicação do sistema

3.3.2.1.8.1 Montagem dos perfis de arranque e laterais

Procede-se, em primeiro lugar, à montagem dos andaimes e protecções individuais, seguindo-se a


remoção de todos os elementos existentes na fachada que tenham de ser substituídos ou cuja
posição deva ser alterada.

De seguida inicia-se a montagem dos perfis de arranque do sistema no limite interior da zona a
revestir. Os perfis com espessura adaptada às placas de isolamento térmico a utilizar são colocados
horizontalmente. Para sua fixação serão utilizados parafusos adequados ao suporte, com
afastamento inferior a 30 cm. Deverá existir uma fixação a menos de 5 cm das extremidades.

Entre os perfis deverá existir um espaço de 2 a 3 mm, de modo a permitir a sua dilatação. Durante a
sua colocação é necessário verificar o seu alinhamento.

A fixação dos perfis laterais é idêntica à dos perfis de arranque.

3.3.2.1.8.2 Preparação da cola

Deve respeitar-se as dosagens recomendadas pelo fabricante para a preparação da cola.

A mistura deve ser realizada com meios mecânicos para que se obtenha um produto homogéneo e é
importante respeitar os tempos de repouso da mistura (5 a 10 minutos). Aplicar apenas produtos
preparados recentemente.

79
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

3.3.2.1.8.3 Aplicação da cola

A cola é aplicada sobre a placa de isolamento, excepto se se tiver feito uma decapagem parcial do
suporte.

A distribuição da cola sobre as placas, como se indica na Figura 3.12, Figura 3.13 e Figura 3.14,
pode ser:

- por pontos,

- por bandas,

- completa com talocha dentada.

Figura 3.12 – Colagem por pontos. Figura 3.13 – Colagem por Figura 3.14 – Colagem completa
[63] bandas.[63] com talocha. [63]

Nos métodos de colagem por pontos e por bandas, a cola deve ser aplicada, no mínimo em 20% da
superfície de isolamento.

Para suportes com uma superfície plana é aconselhada a colagem completa com talocha.

Para aplicações em grande altura, utilizando o método de colagem por pontos ou por bandas,
devem ser colocadas cantoneiras horizontais de 5 em 5 m, para assegurarem a estabilidade do
isolamento até à secagem da cola.

Para espessuras de isolamento não superiores a 30 mm, a fixação deverá ser feita pelo método de
colagem contínua.

3.3.2.1.8.4 Colocação do isolamento

As placas devem ser colocadas imediatamente após a aplicação da cola.

A regularidade da superfície deverá ser permanentemente verificada com uma régua de 2 m.

Os espaços existentes devido a placas degradadas e as juntas entre placas superiores a 2 mm


deverão ser preenchido com pedaços de poliestireno.

80
CAPÍTULO 3 - SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO

As placas devem ser colocadas de baixo para cima, colocando-as com o lado maior na posição
horizontal, dispondo-as assimetricamente nos cantos.

Para maximizar a superfície de contacto entre o suporte/argamassa de colagem/painel, será


conveniente, imediatamente após o assentamento, exercer uma ligeira pressão com uma talocha.

Adicionalmente à colagem pode-se adoptar também uma fixação mecânica dos painéis com cavilhas
de polipropileno. Normalmente colocam-se duas cavilhas por painel; é possível aumentar o número
de cavilhas até um máximo de 6-8 por metro quadrado.

Não devem existir desníveis entre placas contíguas, mas caso se verifique esta situação, é
necessário eliminar as irregularidades por alisamento e de seguida limpar a superfície de modo a
remover os resíduos resultantes.

O sistema deverá ser interrompido nas juntas de dilatação do edifício.

O recorte e ajuste das placas, como cantos e vãos, deve ser realizado após a colagem do
assentamento. [63]

3.3.2.1.8.5 Reforço de pontos singulares

Deve existir uma folga de 5 mm entre o sistema e as caixilharias, peitoris ou saliências da fachada.

As juntas entre cantoneiras não deverão coincidir com as juntas entre placas de isolamento.

Deve ser colocado de um perfil protector nos cantos, imediatamente a seguir ao assentamento dos
painéis.

Deve ser colocado de rede (30x30 cm) na direcção oblíqua do envidraçado para evitar a fissuração
devida à concentração de tensões. [63]

3.3.2.1.8.6 Aplicação da camada de base armada

A camada base deverá ser realizada logo após a secagem da cola para evitar a deterioração
superficial do isolamento térmico.

Trata-se de uma aplicação realizada em várias subcamadas aplicadas sempre após a secagem da
anterior.

Aplica-se a armadura sobre a primeira subcamada ainda fresca e a segunda subcamada de forma a
envolver totalmente a armadura, nunca aplicando a armadura directamente sobre o isolamento.

81
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

A constituição da camada base depende do grau de exposição da parede aos choques, podendo ser
utilizadas uma ou duas armaduras normais, ou uma armadura normal e uma armadura reforçada.

Nas emendas da armadura deverá existir uma sobreposição nunca inferior a 5 cm. A armadura
deverá envolver arestas onde existam cantoneiras de reforço.

Quando se utilizam duas armaduras normais, sobre a primeira armadura é colocada uma nova
camada de reboco e de seguida, coloca-se a segunda armadura.

No caso de se utilizar uma armadura reforçada, esta é aplicada sobre a camada ainda fresca de
reboco com uma talocha de inox. As emendas de armadura de reforço são realizadas sem
sobreposição. De seguida colocam-se as cantoneiras de reforço sobre a armadura reforçada. Após a
secagem do reboco, a superfície é revestida com uma nova camada de armadura normal. As juntas
da segunda armadura não deverão coincidir com as da armadura reforçada. [63]

3.3.2.1.8.7 Aplicação da camada de primário

A camada de primário só deve ser aplicada após a secagem da camada base (pelo menos 14 dias).
Esta camada, aplicada com rolo ou trincha, destina-se a favorecer a aderência da camada de
acabamento.

3.3.2.1.8.8 Aplicação da camada de acabamento

Na aplicação da camada de acabamento em grandes superfícies é conveniente dividir a fachada a


revestir em zonas delimitadas por juntas aparentes.

A flecha máxima admissível sob uma régua de 2 m para o revestimento final é de 7 mm.

3.3.2.1.9 Cuidados a ter na pormenorização da solução

Os principais cuidados a ter na pormenorização da solução são:

- Evitar a penetração de água nas ligações do sistema com outros elementos construtivos.

- Realizar goteiras nos limites inferiores do sistema.

- Prever uma largura suficiente de recobrimento dos perfis perfurados nos limites do
revestimento. [63]

82
CAPÍTULO 3 - SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO

3.3.2.1.10 Manutenção

Este sistema requer manutenção regular, preconizando os seguintes trabalhos:

- Limpeza por lavagem;

- Eliminação de microorganismos;

- Renovação por pintura;

- Reparação de danos localizados.

3.3.2.1.11 Vantagens

Esta solução de isolamento térmico pelo exterior apresenta inúmeras vantagens:

- redução das pontes térmicas, o que se traduz por uma espessura de isolamento térmico mais
reduzida para a obtenção de um mesmo coeficiente de transmissão térmica global da
envolvente;

- diminuição do risco de condensações;

- aumento da inércia térmica interior dos edifícios, dado que a maior parte da massa das
paredes se encontra pelo interior da camada de isolamento térmico; este facto traduz-se na
melhoria do conforto térmica de Inverno, por aumento dos ganhos solares úteis, e também de
Verão devido à capacidade de regulação da temperatura interior;

- economia de energia devido à redução das necessidades de aquecimento e de arrefecimento


do ambiente interior;

- diminuição da espessura das paredes exteriores com a consequente aumento da área


habitável;

- redução do peso das paredes e das cargas permanentes sobre a estrutura;

- aumento da protecção conferida ao tosco das paredes face às solicitações dos agentes
atmosféricos (choque térmico, água líquida, radiação solar, etc);

- diminuição do gradiente de temperaturas a que são sujeitas as camadas interiores das


paredes;

83
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

- melhoria de impermeabilidade das paredes;

- possibilidade de mutação do aspecto das fachadas e colocação em obra sem perturbar os


ocupantes dos edifícios, o que torna esta técnica de isolamento particularmente adequada na
reabilitação de fachadas degradadas;

- grande variedade de soluções de acabamento. [63]

3.3.2.1.12 Desvantagens

As principais desvantagens prendem-se com a baixa resistência mecânica a actos de vandalismo e


face à acção dos agentes climatéricos, vegetação e microorganismos.

84
CAPÍTULO 3 - SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO

3.3.2.2 Fachada Ventilada (SOLUÇÃO C)

O sistema de Fachada Ventilada é cada vez mais utilizado na construção moderna pois constitui uma
solução eficiente na resolução de problemas de isolamento térmico dos edifícios e simultaneamente
permite conceber projectos de elevada qualidade estética e funcional.

A Fachada Ventilada pode ser definida como um sistema de protecção e revestimento exterior de
edifícios, caracterizado pelo afastamento entre a parede do edifício e o revestimento, criando uma
câmara-de-ar em movimento.

O atributo “ventilada” advém da câmara-de-ar que permite a ventilação natural e contínua da


parede do edifício, através do efeito de chaminé (o ar entra frio pela parte inferior e saí quente
pela parte superior). Assim, com este “arejamento” da parede, evitam-se as comuns humidades e
condensações características das fachadas tradicionais e, consequentemente, consegue-se um maior
conforto térmico.

Na Figura 3.15, apresenta-se um do sistema de revestimento em fachada ventilada, com a indicação


dos diferentes elementos que o constituem.

1) revestimento exterior (porcelânico,


cerâmico, alumínio, pedra,
zincoetc.);

2) estrutura sobre a qual está fixado o


revestimento exterior;

3) câmara-de-ar entre o revestimento


exterior e o isolante térmico;

4) isolamento térmico aplicado


directamente no suporte;

Figura 3.15 – Figura esquemática do sistema de revestimento 5) suporte.


em fachada ventilada. [66]

O sistema de Fachada Ventilada pode ser utilizado em construções novas ou como solução de
reabilitação.

A Fachada Ventilada pode ser aplicada com fixações visíveis ou ocultas. Esta escolha deverá atender
a diversos aspectos, entre eles, o projecto da fachada em termos estéticos. [67]

85
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

3.3.2.2.1 Vantagens

Este sistema apresenta vantagens a vários níveis:

Tabela 3.14 – Vantagens da utilização do sistema de Fachada de Ventilada. [68][69][70]

Vantagens

- Optimização da inércia térmica e coeficientes de transmissão térmica;


- Eliminação de pontes térmicas devido à continuidade do isolamento;

Isolamento térmico - Poupança energética (menor absorção de calor nos meses quentes provocando
uma poupança nos gastos com ar condicionado e com aquecimento nos meses frios
com uma menor dispersão de calor);
- Diminuição dos riscos de ocorrência de condensação;
- Elevada resistência ao choque;
- Devido à lâmina de ar ventilado, o sistema apresenta um período de secagem
Durabilidade curto, reduzindo a degradação dos materiais e prolongando a vida útil do sistema;
- Eliminação das radiações directas e severidades meteorológicas sobre as
fachadas, protegendo-as das patologias que afectam os edifícios;
- Possibilidade de renovar a estética do edifício, atribuindo-lhe um volume e um
visual totalmente diferente do anterior;
Estética - Grande variedade de materiais de revestimento;
- Elevado rigor dimensional dos elementos, proporcionando um resultado final de
grande qualidade e um acabamento perfeito;
- Não necessita de suportes com características específicas, sendo apenas
necessário seleccionar uma solução de fixação compatível com o suporte
existente, com o revestimento e com o revestimento pretendido;
- Dispensa a remoção do revestimento existente;
- Não necessita da realização de quaisquer saliências no suporte com vista à
Execução/manutenção estabilidade mecânica do revestimento, o que simplifica a execução;
- Pode ser instalado sem interrupção das actividades normais do edifício;
- Fácil limpeza e remoção de grafitagem;
- Facilidade de inspecção e manutenção;
- Necessidade reduzida de manutenção e a baixo custo;
- Melhoria do isolamento acústico;
- Maior conforto ambiental no interior os edifícios;
- Protege o corpo do edifício contra as intempéries;
- Ventilação eficaz de todos os elementos;
Ambiente
- Elevado nível de estanqueidade à água da chuva;
- O uso das juntas abertas permite que, sob a actuação de rajadas intensas de
vento, as pressões internas e externas ao revestimento se equilibrem em fracções
de segundos, aliviando os esforços nos painéis em até 30%, possibilitando a
adopção de painéis de maiores dimensões.

86
CAPÍTULO 3 - SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO

3.3.2.2.2 Limitações

Apesar das numerosas vantagens, são ainda algumas as limitações na utilização deste sistema:

- Em Portugal, ainda há poucos sub-sistemas homologados e, por isso, muitas vezes a informação
técnica não se coaduna com o panorama nacional;

- O custo destes sistemas é superior ao de outras soluções de revestimento;

- Este tipo de sistema, apesar de facilitar a execução do suporte, a sua colocação em obra é
feita normalmente por empresas especializadas, pelo que implica uma sub-empreitada o que
nem sempre agrada ao coordenador de obra ou até mesmo ao dono de obra. [71]

3.3.2.2.3 Revestimento a pedra natural (SOLUÇÃO C1)

Em Portugal, a arquitectura contemporânea mostra um interesse cada vez maior nas fachadas
ventiladas com revestimentos de placas de pedra natural, uma aplicação de alto valor estético. [72]

A execução de revestimentos independentes em pedra natural (com juntas de topo) é objecto do


DTU 55.2 do CSTB [73]. Este documento apresenta de forma exaustiva as recomendações
tecnológicas para diversas soluções de fixação.

Com este tipo de revestimento, em quase todos os processos de fixação (excepto quando utilizando
agrafos com pontos de argamassa) existe a possibilidade de inserção de isolamento térmico entre o
revestimento e a parede, conferindo-lhe portanto características de sistema de isolamento térmico.

3.3.2.2.3.1 Suporte

É possível aplicar este tipo de revestimento à grande maioria de suportes, sendo necessário
seleccionar o sistema de fixação mais adequado e as dimensões das placas compatíveis com a
resistência mecânica do suporte.

Na Tabela 3.15, apresenta-se a compatibilidade entre suportes e os diferentes tipos de fixação do


revestimento.

87
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

Tabela 3.15 – Compatibilidade entre suportes e os diferentes tipos de fixação de revestimento. [71]

Fixação
Fixação pontual Fixação
Suporte pontual por
mecânica contínua
selagem

Pano contínuo de betão corrente X X X

Pano contínuo em betão de inertes leves (1) X X

Alvenaria de tijolos cerâmicos maciços (1) X X

Alvenaria de tijolos cerâmicos perfurados (2) X (4)

Alvenaria de blocos de betão corrente (2) X (4)

Alvenaria de pedra (1) X X

Estrutura de betão e alvenaria de tijolos cerâmicos


- (3) X
furados normais

Estrutura de betão e alvenaria de blocos de betão de


- X X
agregados leves

Estrutura de betão e alvenaria de blocos de betão com


- X X
agregados leves e geometria complexa
(1) Admissível se o suporte possuir uma resistência à compressão ≥ 15 MPa.
(2) Não recomendável.
(3) Admissível se a alvenaria possuir pelo menos 22 cm de espessura no tosco e estiver travada pela estrutura
de betão armado com afastamento superior a 4 m em altura e 5 m em comprimento.
(4) Admissível se existirem elementos resistentes, tais como topos de lajes, para assegurar a fixação principal.

3.3.2.2.3.2 Isolamento térmico

Consideram-se como isolantes térmicos os materiais e produtos que apresentam uma


condutibilidade térmica inferior a 0,065 W/(m.ºC) e uma resistência térmica superior a
0,03(m2.ºC)/W. [74] Consideram-se isolantes leves aqueles cuja massa volúmica é inferior a 300
kg/m3. [75]

A resistência térmica do isolante deverá ser definida de acordo com o nível de qualidade térmica
pretendido ou de modo a que o sistema cumpra o coeficiente de transmissão térmica máximo
admissível.

88
CAPÍTULO 3 - SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO

A Nota de Informação Técnica (NIT) 001 do LFC [75], que se baseia na classificação ACERMI [76],
define níveis mínimos de aptidão de utilização dos isolantes térmicos em paredes, atribuindo níveis
para as seguintes características dos isolantes:

- Compressibilidade – I

- Estabilidade dimensional – S

- Comportamento à água – O

- Comportamento mecânico – L

- Permeabilidade ao vapor de água – E

No caso concreto de uma parede simples com revestimento exterior descontínuo em pedra
independente do suporte, exige-se os níveis I1S1O2L2E1. O que significa:

I1 – uma variação relativa de espessura sob pressão de 100 Pa, em relação a uma pressão inicial de
50 Pa, de acordo com a norma NF B 20-101, não superior a 35%.

S1 – uma retracção ou dilatação relativa a partir da saída da fábrica, somadas às variações


dimensionais relativas em função da humidade relativa entre dois ambientes (20ºC, 15% HR e 20ºC,
90% HR) menor ou igual a 0,01m/m.


O2 – um isolante não hidrófilo , conforme a norma NF P 75-305.

L2 – D ≤ 0,12 m (D - deformação por acção do peso próprio para um balanço de 0,35 m).

E1 – P > 6,25x10-10 kg/(m2.s.Pa) (P – permeância ao vapor de água)

No caso do sistema de revestimento de fachadas ventiladas com revestimento de pedra, os


materiais para utilizados para isolamento térmico são os seguintes:

- Poliestireno expandido moldado;

- Lã de rocha;


Produto que quando colocado em contacto com água não é susceptível de absorve-la senão em quantidade
desprezável. [71]

89
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

- Espuma rígida de poliuretano;

- Poliuretano projectado;

- Poliestireno expandido extrudido.

Na Tabela 3.16 e na Tabela 3.17 apresentam-se as propriedades térmicas dos isolantes, bem como a
correspondente classificação ACERMI.

Tabela 3.16 – Classificação ACERMI, massa volúmica aparente e condutibilidade térmica dos isolantes térmicos
correntemente utilizados. [71][74]

Massa volúmica Condutibilidade


aparente térmica
I S O L E

(Kg/m3) (W/(m.ºC))

Poliestireno expandido
extrudido 4 1 3 4 3 25-40 0,037

Lã de rocha
1 4 2 2 1 35-100 0,040

Espuma rígida de poliuretano


3 1 2 2 3 20-50 0,040

Poliuretano projectado
§
* * * * 20-50 0,042

Poliestireno expandido
moldado 2 2 2 2 2 13-15 0,042

§
Por ser aplicado “in situ” não é possível a sua classificação segundo a ACERMI, no entanto segundo
pressupostos da ACERMI obterá características idênticas às da espuma rígida.

90
CAPÍTULO 3 - SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO

Tabela 3.17 – Coeficientes de transmissão térmica (U –W/m2ºC) de paredes simples com revestimento exterior
descontínuo e independente - exemplos. [74]

Isolante térmico Suporte


Tijolo
Blocos de Blocos de Betão
cerâmico Pedra
betão normal betão leve corrente
furado
Esp.
Produto Espessura da alvenaria
(mm)
(m)
0,20 a 0,24 0,20 a 0,30 0,20 a 0,30 0,40 a 0,60 0,10 a 0,20

30 0,67 0,76 0,67 0,86 0,92


Poliestireno 40 0,59 0,65 0,59 0,72 0,76
expandido
extrudido 60 0,47 0,51 0,47 0,57 0,55

80 0,40 0,42 0,40 0,46 0,44

30 0,70 0,80 0,70 0,90 0,96

40 0,61 0,68 0,61 0,76 0,80


Lã de rocha
60 0,49 0,53 0,49 0,58 0,60

80 0,41 0,44 0,41 0,47 0,48

Espuma 30 0,70 0,80 0,70 0,90 0,96


rígida de
40 0,61 0,68 0,61 0,76 0,80
poliuretano
60 0,49 0,53 0,49 0,58 0,60

80 0,41 0,44 0,41 0,47 0,48

Poliuretano 30 0,71 0,81 0,71 0,93 0,99


projectado
40 0,62 0,70 0,62 0,78 0,82

60 0,50 0,55 0,50 0,60 0,62

80 0,43 0,46 0,43 0,49 0,50

Poliestireno 30 0,71 0,81 0,71 0,93 0,99


expandido
40 0,62 0,70 0,62 0,78 0,82
moldado
60 0,50 0,55 0,50 0,60 0,62

80 0,43 0,46 0,43 0,49 0,50

Valores de U indicados no quadro anterior


Estrutura de suporte do revestimento acrescidos de
exterior
(W/m2ºC)

Perfis metálicos interrompendo o isolante térmico 0,08

91
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

3.3.2.2.3.3 Caixa-de-ar

A caixa-de-ar que se deixa entre o revestimento e o isolante terá que ter uma espessura entre 20
mm e 50 mm e será ventilada pelo exterior.

Figura 3.16 – Dimensão mínima da caixa-de-ar [79]

Nos pontos mais elevados e mais baixos do paramento revestido existirão orifícios com uma área não
inferior a 100 cm2 por metro de comprimento do revestimento medido na horizontal, que originarão
os diferenciais de pressão que vão provocar a circulação do ar. [67]

3.3.2.2.3.4 Elementos de fixação

No revestimento de fachada ventilada com pedra natural os sistemas de fixação mais utilizados são
os que se apresentam na Tabela 3.18.

92
CAPÍTULO 3 - SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO

Tabela 3.18 – Sistemas de fixação

Fixação mecânica

Sistema de fixação pontual

Fixação com selagem ao suporte

Estruturas sobre calhas com furações no topo ou implantes no tardoz do


revestimento

Sistema de fixação contínua

3.3.2.2.3.5 Sistemas de fixação pontual

Estes sistemas são conseguidos através de elementos de fixação directa entre o suporte e o
revestimento, não dependendo de estruturas intermédias, pelo que o local de fixação no
revestimento determina, excepto em peças especiais, o local de fixação no suporte.

Estes sistemas obrigam à existência de um suporte com resistência para a fixação dos mesmos em
quase toda a sua extensão.

A fixação deste tipo de dispositivos pode ser mecânica ou de chumbar.

93
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

3.3.2.2.3.5.1 Fixação mecânica

Este tipo de fixação ao suporte é conseguido através de parafusos e buchas e pode ser totalmente
regulável através de uma afinação tridimensional aquando da colocação do revestimento. A
vantagem da colocação não simultânea dos grampos do revestimento consiste na possibilidade de
aplicação de isolamento térmico após a colocação dos grampos no suporte, garantindo uma melhor
estanqueidade à água e isolamento térmico da fachada.

Legenda:
1, 6, 8- Suporte 7- Laje
2- Isolamento térmico 9- Grampo
3- Placa de pedra 10- Pino com batente
4- Caixa-de-ar 11- Varão roscado
5- Fixação do isolamento 12- Juntas horizontais e
térmico verticais

Figura 3.17 – Sistema de colocação por fixação mecânica. [77]

Este tipo de suportes de fixação, munido com uma contra-porca, permite uma afinação final
rigorosa, sem desmontar a pedra para um afastamento de desde o eixo da placa de revestimento à
face do suporte entre 33 mm e 271 mm. De acordo com a norma francesa NF P65-202, o varão
roscado e achatado é fornecido já montado na base do suporte de fixação, tratando-se de um
conjunto fixo, que não se pode desmontar. As dimensões do grampo e o afastamento do
revestimento ao suporte influenciam directamente o peso máximo a suportar por cada grampo.

94
CAPÍTULO 3 - SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO

Figura 3.18 - Grampo mecânico, colocado na junta horizontal dos elementos de revestimento e regulação do
grampo no sentido paralelo ao suporte. [79]

Geralmente são 4 grampos por pedra. Dois grampos são de sustentação e situam-se na parte inferior
da pedra, suportando as placas e dois grampos de retenção para evitar que a placa tombe, devido
às acções perpendiculares a esta.

Figura 3.19 – Grampos de retenção e de sustentação. [71]

Se os grampos forem aplicados na junta horizontal, considera-se o peso da pedra e divide-se por 2
(Figura 3.20).

95
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

Figura 3.20 – Distribuição do peso do revestimento pelos grampos. [71]

Se os grampos forem colocados na junta vertical e a junta horizontal inferior não estiver livre de
dilatação convém considerar que cada grampo suporta a totalidade do peso da pedra.

Estes grampos suportam um peso máximo de 50 kg cada, ou seja, placas elementos até 100 Kg.
Peças com mais de 80 kg requerem uma instalação com meios mecânicos mais complexos.

Os grampos de fixação dupla devem ser fixos à placa de acordo com a Figura 3.21 e com a

Figura 3.22.

O pino deve ficar fixo a uma das placas (sustentação) e livre na outra (retenção) de modo a permitir
a sua variação dimensional. De acordo com a norma NF P65-202 [78], as dimensões mínimas devem
ser as indicadas nas figuras abaixo apresentadas. É aconselhável a utilização de bucha plástica para
evitar a fricção directa entre o pino metálico e o elemento de revestimento (Figura 3.21). Quando o
pino é excêntrico está associado a apenas uma perfuração no topo do revestimento, sendo
geralmente utilizado e situações de remate e terá obrigatoriamente que ser solidário com o varão,
enquanto o duplo pode ser amovível (Figura 3.22). [71]

Figura 3.21 – Fixação dupla com corte simples de ambas as placas e com bucha plástica. [71]

96
CAPÍTULO 3 - SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO

Figura 3.22 – Fixação dupla com recorte no topo da placa (superior se o grampo for aplicado na junta
horizontal) para ocultação do grampo e sem camisa plástica. [71]

Os diâmetros dos pinos variam de acordo com a Tabela 3.19.

l ∅e

(em mm)
(em mm)

≤ 20 4

de 21 a 50 5

de 51 a 80 6

> 80 8

Figura 3.23 – Fixação simples. [71] Tabela 3.19 – Dimensões a respeitar nos três
casos. [71]

No caso de juntas entre placas superiores a 10 mm, terá que se verificar a possibilidade de utilizar
pinos com diâmetros superiores aos atrás mencionados. [78]

Os furos cilíndricos a realizar nos topos das placas de revestimento devem ir de encontro às
seguintes exigências:

- a profundidade será no mínimo de 30 mm e 5 mm (± 1 mm) superior á penetração do pino;

- o diâmetro (∅t) será superior ao diâmetro do pino (∅e) pelo menos 1 mm;

- a espessura restante (er) entre o furo e ambas as faces da placa não pode ser inferior a:

- 10 mm (± 1 mm) para placas com espessuras ≥ 30 mm;

97
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

- 6 mm (± 1 mm) para placas com espessura ≥ 20 mm e < 30 mm;

- a distância do eixo do furo ao limite da placa (d) deve estar compreendido entre os 10 e os 20 cm,
de acordo com a Figura 3.24 e a Figura 3.25.

Figura 3.24 – Afastamento mínimo do furo ao limite da placa. [71]

No caso de um mesmo canto de uma placa receber uma fixação na horizontal e outra na vertical,
estas devem ser realizadas a pelo menos 20 cm do limite da placa.

Figura 3.25 – Afastamento ao limite da placa quando o mesmo canto é perfurado em dois topos. [71]

Por razões de economia ou de falta de espaço, e em pedras com largura inferior a 25 cm, pode
utilizar-se um só suporte de fixação mecânico, munido de uma “hélice de avião” composta por um
varão roscado achatado e prolongado por uma parte plana, perfurada, destinada à passagem dos
pinos com batente.

Para equilibrar os esforços, o suporte de fixação deve estar colocado a prumo com centro o de
gravidade da placa. Também pode ser colocado na junta vertical da pedra.

98
CAPÍTULO 3 - SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO

Figura 3.26 – Grampo mecânico com dois pinos. [79]

Quando se trata de pedras mais pesadas de 100 a 240 kg, utilizam-se grampos reforçados. Estes
grampos são reguláveis na fixação ao revestimento e os afastamentos possíveis desde o eixo da
placa de revestimentos até à face do suporte estão compreendidos entre os 75 mm e os 170
mm.(Figura 3.27)

Por apoiarem pedras de peso elevado, transmitem maior esforço ao suporte, por isso só devem ser
utilizados sobre panos contínuos de betão.

Figura 3.27 – Exemplo de grampo mecânico reforçado. [71]

Geralmente a fixação destes grampos é feita através de buchas metálicas e parafusos mas, por
vezes, podem ser utilizadas buchas químicas, como se apresenta na Figura 3.28.

99
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

Figura 3.28 – Exemplo de fixação de um grampo com bucha química. [71]

Também é possível fixar as placas de pedra pelo sistema de fixação através de furação ou rasgo no
tardoz destas peças. Esta solução é utilizada quando não se tem acesso às arestas das pedras.
Devem ser seguidas as indicações apresentadas na Figura 3.29.

Figura 3.29 – Exemplo de fixação de um grampo com rasgo no tardoz. [71]

De acordo com a Figura 3.29, a penetração do varão deve ser igual ou superior a 25 mm para placas
com 30 mm de espessura, de modo a garantir 10 mm ao fundo do varão. Para placas com espessura
superior a perfuração deve corresponder a 2/3 dessa espessura. Para placas com espessura de 20
mm a penetração deve ser reduzida para 17 mm.

Se o componente utilizado na penetração tiver secção rectangular, trata-se de um rasgo na placa,


se for circular é uma perfuração. A espessura do rasgo ou o diâmetro da perfuração devem ser
superiores 1 a 3 mm ao do componente a introduzir.

A posição do rasgo relaciona-se com a altura da placa.

100
CAPÍTULO 3 - SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO

3.3.2.2.3.5.2 Fixação com selagem ao suporte

O grampo de chumbar é mais simples que o grampo mecânico pois é constituído apenas pelo corpo e
pelo pino (ver Figura 3.30). Pode suportar elementos de diferentes pesos, dependendo das
dimensões do grampo e do afastamento do revestimento ao suporte.

Figura 3.30 – Exemplo de um grampo de chumbar. [79]

O grampo existe em várias dimensões e permite um afastamento desde o eixo do revestimento à


face do suporte entre 20 mm e os 180 mm, valores que são inferiores aos atingidos pelos grampos
mecânicos. (Figura 3.31)

Figura 3.31 – Fixação de um grampo de chumbar ao suporte. [71]

Para pedras com menos do que 250 mm de largura, pode usar-se um único grampo com dois pinos,
como se apresenta na Figura 3.32, em alternativa a dois grampos próximos das extremidades da
placa.

101
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

Figura 3.32 – Exemplo de um grampo simples com dois pinos. [79]

Os grampos de chumbar são adequados para a colocação em betão e alvenaria, e podem ser
utilizados em juntas horizontais e verticais. De acordo com a aplicação dos diferentes pinos, as
funções dos grampos podem ser de sustentação, de retenção ou de ambas. Na Figura 3.35
apresentam-se a vista de frente, um corte e pormenores do sistema de colocação por fixação de
chumbar.

Figura 3.33 – Pormenor 1 e 1 bis: suporte de


fixação de chumbar de sustentação ou de
retenção. Colocação na junta vertical ou
horizontal.

Figura 3.34 - Pormenor 2: suporte de fixação de


chumbar de sustentação ou de retenção.
Colocação na junta vertical.

Figura 3.35 - Vista de frente e corte e pormenores do sistema de colocação por fixação de chumbar. [79]

102
CAPÍTULO 3 - SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO

Neste tipo de fixação, as pedras devem ser fixadas de acordo com o método que a seguir se
descreve. [79]

1º – Ajustar o escoramento na atura exacta


para a 1ª fiada de pedras.

2º – Cortar o isolamento térmico nas zonas


dos furos previstos.

3º – Fazer os furos. Não furar as barras de


armadura. Aspirar o pó do interior.

4º – Colocar a pedra natural na altura


adequada.

5º – Nivelar a aresta superior da pedra e


calçar.

6º – Encaixar os grampos de suporte de


retenção. Humedecer os furos, encher com
argamassa e apertar.

7º – Introduzir os grampos na argamassa à


pressão e nivelá-los. Introduzir o pino do
grampo.

8º – Apertar novamente a argamassa e alisar.


Colocar novamente o isolamento térmico na
zona do grampo.

9 – Encaixar a pedra seguinte de lado.

3.3.2.2.3.6 Sistemas de fixação contínua

3.3.2.2.3.6.1 Estruturas sobre calhas com furações no topo ou implantes no tardoz do revestimento

Os sistemas de fixação contínua (Figura 3.36) são constituídos por:

- uma estrutura intermédia entre o suporte e o revestimento;

- componentes que permitem a sua fixação da estrutura ao suporte;

- componentes que permitem a sua fixação do revestimento à estrutura.

103
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

Legenda: 8- Pino com batente


1- Suporte 9- Perfil da estrutura
2- Isolamento térmico intermédia
3- Placa de pedra 10- Elemento
4- Caixa-de-ar estrutural
5, 6 – Fixação da 11- Fixação do
estrutura ao suporte isolamento
7- Varão roscado 12- Junta horizontal e
vertical

Figura 3.36 – Sistema de fixação contínua [77]

Este sistema utiliza-se em situações de afastamentos mais elevados em que a solução de suportes
mecânicos se revela pouco económica.

No caso do revestimento com pedra natural, as estruturas são realizadas, geralmente, em alumínio
ou aço inoxidável e podem ser:

- estruturas intermédias simples (constituídas por elementos apenas na vertical ou na horizontal)


(Figura 3.37);

- estruturas duplas (com elementos em ambas as direcções)(Figura 3.38).

104
CAPÍTULO 3 - SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO

Figura 3.37 – Estrutura simples com perfis suspensos. Figura 3.38 – Estrutura dupla com perfis verticais e
[79] horizontais. [79]

A principal vantagem da utilização da fixação contínua em relação à fixação mecânica é a


compatibilidade entre o suporte e estas estruturas, uma vez que todos os suportes são admissíveis
desde que a estabilidade dos pontos de fixação principais da estrutura intermédia ao suporte seja
assegurada.

Esta solução é de grande interesse quando o suporte é constituído por uma estrutura reticulada
resistente e alvenaria de preenchimento. Isto porque como as estruturas intermédias têm pontos de
fixação ao suporte diferentes dos pontos de fixação ao revestimento, os primeiros podem ser
localizados nas zonas de maior resistência mecânica do suporte, como é o caso dos elementos
estruturais. (Figura 3.39)

Figura 3.39 – Estrutura vertical fixada e suporte com alvenaria de preenchimento. [79]

105
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

A fixação do revestimento à estrutura intermédia pode ser feita de várias formas: através de
soluções de furação no topo do revestimento (Figura 3.40 e Figura 3.41) ou soluções com implantes
no tardoz do revestimento (Figura 3.42).

Figura 3.40 – Estrutura vertical para colocação na Figura 3.41 - Estrutura vertical para colocação na
junta horizontal para um afastamento elevado. [79] junta vertical para um afastamento reduzido. [79]

Figura 3.42 – Implantes para fixação de placas de pedra. [71]

A forma de fixação do revestimento aos grampos no primeiro caso é semelhante à da fixação


pontual, no entanto, a fixação dos grampos ao suporte dá-se de uma forma indirecta, através da
estrutura intermédia. Esta solução é muito útil no caso de suportes que não apresentam resistência
mecânica para suportar a aplicação de grampos de chumbar.

Por outro lado, os implantes de fixação podem existir com diversas configurações e são introduzidos
no tardoz das pedras ficando ocultos. A fixação dos elementos de fixação à pedra pode ser feita
através de perfuração parcial da espessura do revestimento seguida de encaixe (Figura 3.42) ou
colagem, ou através da inserção aquando do fabrico dos elementos do revestimento. Estes métodos

106
CAPÍTULO 3 - SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO

variam consoante o peso a suportar. A ligação entre estes elementos e a estrutura intermédia pode
ser directa ou através de outros pequenos componentes.

3.3.2.2.4 Pedra

De acordo com a Norma NF P65.202 [78]:

- a maior dimensão da pedra não deve exceder os 1,4 m;

- a superfície máxima da placa não deve ultrapassar 1 m2;

- a altura do edifício deve ser inferior a 28 m.

Figura 3.43 – Dimensão máxima de placas de pedra [79]

A espessura mínima das placas de pedra varia consoante a natureza da rocha, as dimensões faciais
da placa, o modo de fixação e as solicitações a que irá ser submetida. Geralmente recomenda-se
pelo menos 30 mm de espessura. [71]

Por ser um produto natural, há uma grande variedade de tonalidades e padrões de pedras, este
facto merece atenção para não comprometer o aspecto estético da fachada. É importante utilizar
os métodos correctos, materiais mais indicados e atender à periodicidade adequada para executar a
limpeza dos revestimentos pétreos que podem manchar ou degradar-se. [80]

3.3.2.2.5 Juntas

Neste tipo de revestimentos, as juntas entre placas são quase sempre de topo e não tornadas
estanques. Estes painéis só poderão ser revestidos de estanqueidade se o dispositivos de fixação os
tornarem independentes da parede e se a caixa-de-ar assim constituída entre o revestimento e o
suporte for ventilada. Esta caixa-de-ar deve estar munida dos necessários dispositivos para

107
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

evacuação da água que se infiltre através do revestimento. [67]

Cada pedra do sistema tem que ser considerada como um elemento completamente independente,
podendo dilatar-se nas 3 dimensões, por isso, para o seu bom funcionamento, devem ser tomadas
algumas medidas, tais como:

- deixar as juntas desobstruídas ou enche-las com mástique maleável em elastómero ou plástico (é


fundamental certificar-se que o mástique e o seu primário não mancham a pedra)(Figura 3.44);

- deixar 2 mm de folga entre a parte achatada do suporte de fixação, a parte superior da pedra
inferior e o topo (Figura 3.45);

Figura 3.44 e Figura 3.45 - Junta de dilatação e Junta entre a parte superior da pedra e a parte achatada do
varão. [79]

- possibilidade de desbastar a pedra para esconder o varão roscado, respeitando ao mesmo tempo
(se a junta está livre) uma dilatação de 2 mm;

3.3.2.2.6 Revestimento metálico (Zinco) (SOLUÇÃO C2)

Uma outra solução de fachada ventilada é o revestimento com placas de zinco. Estas placas
apresentam elevada durabilidade, leveza, resistência e facilidade de conformação. [81]

Podem ser colocadas na horizontal ou na vertical e em superfícies curvas e têm um modo de fixação
oculta.

Trata-se de uma solução ainda pouco divulgada em Portugal mas já bastante utilizada em países da
Europa Central, como a Alemanha e a Suiça.

108
CAPÍTULO 3 - SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO

3.3.2.2.7 Suporte

Na Tabela 3.21, apresenta-se a compatibilidade entre os suportes e a fixação do revestimento do


zinco.

Tabela 3.20 – Compatibilidade entre suportes e a fixação do revestimento. [71]

Suporte Fixação

Pano contínuo de betão corrente X

Pano contínuo em betão de inertes leves X

Alvenaria de tijolos cerâmicos maciços X

Alvenaria de tijolos cerâmicos perfurados (1)

Alvenaria de blocos de betão corrente (1)

Alvenaria de pedra X

Estrutura de betão e alvenaria de tijolos cerâmicos furados normais X

Estrutura de betão e alvenaria de blocos de betão de agregados leves X

Estrutura de betão e alvenaria de blocos de betão com agregados leves e


X
geometria complexa
(1) Admissível, se existirem elementos resistentes, tais como topos de lajes, para assegurar a fixação
principal.

3.3.2.2.8 Isolamento térmico

O isolamento é aplicado de forma contínua, de forma a permitir também o tratamento das pontes
térmicas.

Tal como na solução anterior, o isolamento térmico apresenta diferentes soluções:

- o poliestireno expandido moldado;

- a lã de rocha;

- a espuma rígida de poliuretano;

109
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

- o poliuretano projectado;

- o poliestireno expandido extrudido.

Na Tabela 3.16, atrás, são apresentadas as propriedades térmicas destes materiais.

3.3.2.2.9 Caixa-de-ar

A caixa-de-ar deverá ter uma espessura mínima de 2 cm e a sua ventilação deverá ser assegurada
por aberturas na base, nas juntas e no topo da fachada, devendo apresentar uma secção mínima de
200 cm2 por metro linear da fachada.

Tabela 3.21 – Dimensões da caixa-de-ar em função da altura da fachada. [83]

Altura da fachada Espessura da caixa-de-ar Secção livre de ventilação

≤6m 20 mm 200 cm2/m

> 6 ≤ 22 m 30 mm 300 cm2/m

> 22 m 40 mm 400 cm2/m

A caixa-de-ar deverá se interrompida ao nível dos pisos com um rufo em aço inox, revestido com
zinco, afastado de 18 m (6 em 6 pisos), como se apresenta na Figura 3.46.

Figura 3.46 – Junta horizontal de seccionamento do espaço de ar. [82]

3.3.2.2.10 Estrutura de fixação

As placas são aplicadas sobre uma estrutura secundária de suporte.

110
CAPÍTULO 3 - SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO

É recomendável que estas estruturas sejam de materiais metálicos de dois ou mais componentes
inoxidáveis. Para além das vantagens relacionadas com a física das construções, estes sistemas
compensam as tolerâncias de obra sem nenhum problema.

Devido ao seu comportamento perante a humidade, não se recomendam bases de apoio de madeira
para superfícies de fachadas de grandes dimensões. Quando se instala madeira com um grau de
humidade demasiado alto, podem surgir deformações. Sob a acção do Sol, a madeira seca e contrai.
Este comportamento, ao contrário da estrutura metálica, pode provocar ondulações de tensão no
revestimento da fachada e deste modo, prejudicar a aparência do edifício. No entanto, para
aplicações de superfícies de pequenas dimensões, uma base de apoio em madeira pode ser
apropriada.

Geralmente a estrutura é constituída por prumos verticais fixados ao suporte através de cantoneiras
metálicas e fixadas ao suporte com buchas químicas (Figura 3.47), e por perfis horizontais (no caso
de os paneis serem colocados na vertical) fixados à estrutura vertical por parafusos.

Figura 3.47 – Esquema da fixação da estrutura vertical e exemplo de buchas químicas para fixação ao suporte.
[82]

Os painéis de zinco são fixados às madres horizontais por parafusos auto-roscantes.

111
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

3.3.2.2.11 Placas de Zinco

São variados os tipos de painéis de zinco que se podem aplicar.(ver Figura 3.48Figura 3.49Figura
3.50Figura 3.51

Figura 3.48 – Painel horizontal. [83] Figura 3.49 – Painel vertical. [83]

Figura 3.50 – Painel ondulado. [83] Figura 3.51 – Painel trapezoidal. [83]

Na Figura 3.52, apresenta-se um exemplo de aplicação do revestimento com placas de zinco


colocadas na vertical e na Figura 3.53, painéis aplicados na horizontal.

112
CAPÍTULO 3 - SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO

Figura 3.52 – Telecom Giubiasco, Giubiasco, Suíça. Figura 3.53 – Centre Cogéneration, Luxemburgo. [83]
[83]

As placas de zincos podem ter uma espessura entre 1,0 e 1,50 mm, como é visível na

Tabela 3.22.

Tabela 3.22 – Variação da massa superficial com a espessura de placa de zinco. [83]

Espessura Massa Superficial

(mm) (kg/m2)

1,00 7,2

1,20 8,6

1,50 10,8

113
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

114
CAPÍTULO 4- ANÁLISE TÉCNICO-ECONÓMICA

CAPÍTULO 4

4 ANÁLISE TÉCNICO-ECONÓMICA

4.1 INTRODUÇÃO

A escolha de uma solução de reabilitação para uma fachada com revestimento cerâmico pressupõe
cada vez mais a existência de uma análise económica prévia, de modo a permitir uma tomada de
decisão mais fundamentada por parte do investidor.

Definidas várias alternativas, cada uma deve ser analisada do ponto de vista económico.
Frequentemente a melhor alternativa pode não ser a mais económica, mas sim aquela que do ponto
de vista técnico melhor se adapta ao fim em causa.

O objectivo é maximizar a relação benefício/custo.

4.1.1 Eficiência Energética nos Edifícios

A Eficiência Energética nos Edifícios está relacionada directamente com a Utilização Racional da
Energia (URE).

O sector dos edifícios é responsável por cerca de 40% do consumo do total de energia da União
Europeia, sendo que cerca de 70% do consumo de energia do sector é nos edifícios residenciais.

Na União Europeia, o consumo de energia por utilização final, no sector doméstico distribui-se de
acordo com o apresentado na Figura 4.1. [84]

115
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

Figura 4.1 - Consumo de energia por utilização final, no sector doméstico, na União Europeia. [84]

Como é possível observar no gráfico acima, a climatização ambiente nos edifícios residenciais é
responsável por cerca de 57% do consumo global de energia do sector, cabendo ao aquecimento de
água cerca de 25% e aos aparelhos eléctricos e iluminação cerca de 11%.

Também em Portugal, segundo dados de 2005, disponibilizados pela Direcção-Geral de Geologia e


Energia (DGGE), os sectores domésticos e de serviços correspondem a 30% do consumo final de
energia e a 62% do consumo nacional de electricidade, como se constata nos gráficos representados
na Figura 4.2.

Figura 4.2 – Distribuição do consumo da energia final e energia eléctrica por sector. [85]

116
CAPÍTULO 4- ANÁLISE TÉCNICO-ECONÓMICA

Em Portugal, estima-se que os consumos de energia nos edifícios residenciais tenham a seguinte
distribuição aproximada:

- 50% cozinhas e aquecimentos das águas sanitárias (AQS);

- 25% iluminação e equipamentos;

- 25% climatização (aquecimento e arrefecimento).

Estes números evidenciam o peso significativo dos consumos no aquecimento das AQS, assim como
os consumos com base em energia eléctrica, traduzindo a necessidade de actuar nestas duas
vertentes. A climatização representa apenas 25%, mas com uma taxa de crescimento elevada,
devido a maior exigência no conforto térmico. O aquecimento e arrefecimento representam uma
terceira vertente de intervenção, a qual deverá ser acautelada através do RCCTE.

Na última década, o sector dos edifícios de serviços foi um dos que mais cresceu em consumos
energéticos, cerca de 7,1%.

Existe uma grande heterogeneidade no sector dos serviços, que vai desde pequena loja até um
grande hotel ou grande superfície, assim como, dentro da mesma categoria, existem unidades
eficientes e outras grandes consumidoras de energia. Tendo em conta esta diferenciação, é
necessário separar o sector em tipos de edifícios, dos quais os mais significativos (em termos de
consumes específicos), são os restaurantes, hotéis, hipermercados, supermercados, piscinas,
hospitais e escritórios. De acordo com um estudo da Agência para a Energia (ADENE) de 1999, os
consumos para climatização correspondem a 70% dos consumos finais de energia nos centros
comerciais, a 30% nos hipermercados e variam entre 30% e 35% nos hotéis de 4 ou 5 estrelas.

Por outro lado, a produção de energia a partir de recursos naturais não renováveis, tais como os
produtos petrolíferos, o gás natural e os combustíveis sólidos, é uma das principais fontes de
emissão de dióxido de carbono (CO2) e de outros gases responsáveis pelo aumento do efeito de
estufa (GEE). As emissões de CO2 per capita, resultantes de processos de combustão em Portugal
foram de 5,73 t CO2, em 2004. Portugal ocupou o 22º lugar a nível europeu, à frente da Hungria,
Lituânia e Letónia (DGEG 2005).

Assim, a necessidade de fazer face à escassez de alguns recursos e de cumprir os limites impostos
aos países signatários do Protocolo de Quioto, relativos às emissões de GEE para a atmosfera,
tornam imperativo que haja uma maior eficiência energética dos edifícios e consequentemente
contenção dos consumos energéticos.

117
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

Para que sejam atingidos estes objectivos, a Directiva 2002/91/CE do Parlamento Europeu e do
Conselho, de 16 de Dezembro de 2002, relativa ao desempenho energético dos edifícios, impõe aos
Estados-Membros da União Europeia, entre outras, a adopção das seguintes medidas:

- Adoptar uma metodologia de cálculo do desempenho energético dos edifícios;

- Estabelecer requisitos mínimos para o desempenho energético dos novos edifícios e dos grandes
edifícios existentes que sejam sujeitos a importantes intervenções de reabilitação, que deverão ser
revistos em intervalos regulares não superiores a cinco anos e, se necessário, actualizados a fim de
reflectir o progresso técnico no sector dos edifícios;

- Estudar a viabilidade técnica, ambiental e económica de sistemas energéticos alternativos em


edifícios novos com uma área útil total superior a 1000 m2.

- Assegurar que, aquando da construção, da venda ou o arrendamento de um edifício, seja fornecido


um certificado de desempenho energético ao proprietário ou por este ao potencial comprador ou
arrendatário, cuja validade não deve ser superior a 10 anos.

Neste sentido, foi apresentado em 2002 o Programa para a Eficiência Energética nos Edifícios (P3E),
promovido pela Direcção-Geral de Geologia e Energia (DGGE), que, tem como objectivo final a
melhoria da eficiência energética dos edifícios em Portugal. Este Programa definiu um conjunto de
actividades estratégicas a desenvolver no muito curto prazo, algumas delas de índole inovador, por
forma a moderar a actual tendência de crescimento dos consumos energéticos nos edifícios e,
consequentemente, o nível das emissões dos Gases de Efeito de Estufa (GEE) que lhes são inerentes.

Entre as medidas de intervenção previstas no P3E, incluía-se, nomeadamente, a aprovação do


Sistema de Certificação Energética e da Qualidade do Ar Interior de Edifícios (SCE), a revisão dos já
existentes regulamentos das Características do Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE)
aprovado pelo Decreto-Lei n.º 40/90, de 6 de Fevereiro, e dos Sistemas Energéticos de Climatização
de Edifícios (RSECE), aprovado pelo Decreto-Lei nº 118/98, de 7 de Maio, a definição de requisitos
de formação e competência técnica para os técnicos intervenientes no processo de aplicação da
regulamentação, a organização de acções de formação acreditadas obrigatórias para a qualificação
dos técnicos e a promoção da utilização de energias renováveis nos edifícios.

No âmbito deste programa foram publicados os seguintes diplomas:

- Decreto-Lei nº 78/2006, de 4 de Abril, que aprova o Sistema Nacional de Certificação Energética e


da Qualidade do Ar Interior nos Edifícios (SCE);

- Decreto-Lei nº 79/2006, de 4 de Abril, que aprova o Regulamento dos Sistemas Energéticos de


Climatização em Edifícios (RSECE);

118
CAPÍTULO 4- ANÁLISE TÉCNICO-ECONÓMICA

- Decreto-Lei nº 80/2006, de 4 de Abril, que aprova o Regulamento das Características de


Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE).

Foi, atendendo às alterações preconizadas por este último diploma, nomeadamente no que respeita
a coeficientes de transmissão térmica de fachadas, que se desenvolveu o estudo que se apresenta
nos pontos seguintes.

4.2 DEFINIÇÕES

4.2.1 Custos

Como já foi referido, para além dos benefícios ambientais, a eficiência energética dos edifícios
traduz-se em menores gastos por parte dos consumidores na factura energética anual.

A selecção de uma alternativa de reabilitação que melhore a qualidade térmica pode ser adoptada
por imposição regulamentar (no caso de grandes intervenções), ou numa perspectiva de
custo/benefício. Uma intervenção de reabilitação num edifício que reduz as necessidades
energéticas do edifício, baixando os custos do consumo acumulado de energia para aquecimento ou
arrefecimento do ambiente interior, pode não parecer económica devido ao investimento inicial.
Porém o custo crescente da energia pode fazer com que o investimento inicial seja mais
rapidamente amortizado e, numa perspectiva de custo global, mais económico. [86]

Na Figura 4.3, apresenta-se a variação dos diferentes custos de uma determinada solução em função
da variação do coeficiente de transmissão térmica do isolamento aplicado.

119
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

Figura 4.3 – Variação do custo global associado ao isolamento térmico de um elemento construtivo em função
do respectivo coeficiente de transmissão térmica. [88]

A redução do coeficiente de transmissão térmica, resultante do aumento da espessura de


isolamento térmico, corresponde a um crescente investimento inicial e a menores consumos
energéticos durante a exploração do edifício. A partir do valor mínimo da curva de custos globais é
possível identificar a espessura de isolamento economicamente mais vantajosa.

4.2.1.1 Custo Global

O Custo Global resulta da composição dos Custos Iniciais (aplicação da solução de reabilitação) com
os Custos de Manutenção da solução adoptada e de Exploração (consumo de energia), para um
horizonte de 30 anos (neste estudo).

Assim temos que:

C g = C 0 + C man + C exp [€/m2 de fachada]

com

Cg - Custo Global;

C 0 - Custo Inicial que corresponde aos custos de implementação da solução adoptada


(investimento no ano 0);

C man - Custo de Manutenção (periódico);

120
CAPÍTULO 4- ANÁLISE TÉCNICO-ECONÓMICA

C exp - Custo de Exploração que diz respeito ao custo de energia do edifício associado à solução
adoptada.

4.2.1.2 Custo Inicial ( C 0 )

O custo inicial, como já foi referido, é o custo que a implementação de cada solução acarreta.

O custo inicial varia de solução para solução de acordo com os materiais e técnicas de construção
empregues e, dentro da mesma solução, de acordo com o Nível de Qualidade (definido mais à
frente) exigido, que está por sua vez relacionado com a espessura do isolamento térmico a aplicar e
o seu respectivo valor comercial.

4.2.1.3 Custo de Manutenção ( C man )

O custo de manutenção contabiliza todos os trabalhos de limpeza e pequenas reparações que cada
solução exige periodicamente.

Visto que se pretende obter uma previsão para um horizonte de 30 anos, é necessário aplicar taxas
de inflação para prever as variações de preços no futuro.

Na Figura 4.4, apresenta-se um gráfico com a variação da taxa de inflação em Portugal nos últimos
40 anos.

Variação da Inflação

35,00%

30,00%

25,00%

20,00%
Inflação
15,00%

10,00%

5,00%

0,00%

1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005

Figura 4.4 – Variação da taxa de inflação em Portugal, nos últimos anos. [87]

121
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

Neste estudo, para as projecções, foi considerada a taxa de inflação média de 2007 de 2,5% para a
variação dos preços para os trabalhos de manutenção.

Então, no ano n, o valor do custo de manutenção será:

C man n = C man 0 × (1 + α ) n , com α=0,025

No entanto, interessa quantificar, não apenas os custos em cada ano mas o acumulado ao fim de n
anos.

Assim, ao fim de x anos, e considerando que no ano 0 não há despesas de manutenção nem custos
de exploração, tem-se que:

- o custo total de manutenção será:

∑C
x =1
man x × (1 + α ) x , com α=0,025

4.2.1.4 Custo de Exploração ( C exp )

Para o cálculo da parcela do custo de exploração, utilizou-se a seguinte fórmula:

C exp = U × GD × 0,024 × C e [€/m2]

Sendo,

U – coeficiente de transmissão térmico do elemento da envolvente [W/(m2.ºC)];

GD – nº de graus-dias de aquecimento especificados para cada concelho no Anexo III do RCCTE


[ºC.dias];

0,024 – factor de conversão de W.dia para kW.hora;

C e – custo do kWh [€].

4.2.1.4.1 Nº de Graus-dias (GD)

Graus-dias de aquecimento (base 20 ºC) é um número que caracteriza a severidade de um clima


durante a estação de aquecimento e que é igual ao somatório as diferenças positivas registadas

122
CAPÍTULO 4- ANÁLISE TÉCNICO-ECONÓMICA

entre uma dada temperatura de base (20 ºC) e a temperatura do ar exterior durante a estação de
aquecimento. As diferenças são calculadas com base nos valores horários da temperatura do ar
(termómetro seco). [89]

No RCCTE foi adoptado como temperatura de base o valor de 20 ºC, definindo-se a estação
convencional de aquecimento como o período do ano com início no primeiro decénio posterior a 1
de Outubro em que, para cada localidade, a temperatura média diária é inferior a 15 ºC e com
termo no último decénio anterior a 31 de Maio em que a referida temperatura ainda é inferior a 15
ºC. [88] O País é dividido em 3 zonas climáticas de Inverno e de Verão. O Quadro III.1 do RCCTE [89]
define estas zonas climáticas por concelho.

4.2.1.4.2 Coeficiente de transmissão térmica (U)

O coeficiente de transmissão térmica de um elemento da envolvente é a quantidade de calor por


unidade de tempo que atravessa uma superfície de área unitária desse elemento da envolvente por
unidade de diferença de temperatura entre os ambientes que ele separa. [89] Este coeficiente é
representado pela letra U e a unidade é o W/(m2.ºC).

O RCCTE (Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios [89] apresenta,
para o U, dois valores a ter em conta aquando da execução de projectos:

- Umax – valores máximos admissíveis;

- Uref – valores de referência.

Os valores máximos são importantes para ajudar no controlo das condensações superficiais. Os
valores de referência não são obrigatórios mas pretendem ser um indicativo sobre a qualidade
mínima do ponto de vista térmico a envolvente dos edifícios.

Tabela 4.1 – Coeficientes de transmissão térmica máximos para a envolvente opaca vertical
exterior, Umax W/(m2.ºC).

Zona Climática
Elemento da
I1 I2 I3
envolvente opaca
Umax W/(m2.ºC)

Vertical exterior 1,80 1,60 1,45

123
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

Tabela 4.2 - Coeficientes de transmissão térmica de referência para a envolvente opaca vertical exterior, Umax
W/(m2.ºC).

Zona Climática
Elemento da
I1 I2 I3 RA (I1)**
envolvente opaca
Uref W/(m2.ºC)

Vertical exterior 0,70 0,60 0,50 1,40

** Apenas para edifícios situados na zona I1 das regiões autónomas.

Neste estudo atendeu-se à Nota de Informação Técnica 001 do LFC [75] que define níveis de
qualidade térmica para o U dos elementos em função dos valores de referência preconizados no
RCCTE.

Tabela 4.3 – Níveis de qualidade definidos na NIT 001 do LFC.

Nível de Qualidade Térmica Limite de U

N1 U = Uref

N2 U = 0,75 . Uref

N3 U = 0,60 . Uref

N4 U = 0,50 . Uref

Apresentam-se na

Tabela 4.4 os valores mínimos da resistência térmica do isolamento para atingir diferentes níveis de
qualidade e a respectiva espessura.

Tabela 4.4 – Coeficiente de transmissão térmica, U W/(m2.ºC) e espessura do isolamento, em função do nível
de qualidade térmica.

Zona Climática
Nível de
I1 I2 I3
Qualidade
Térmica U U U
e (mm) e (mm) e (mm)
W/(m2.ºC) W/(m2.ºC) W/(m2.ºC)

N1 0,70 30 0,6 30 0,50 40

N2 0,53 30 0,45 50 0,38 60

N3 0,42 50 0,36 70 0,30 80

N4 0,35 70 0,30 80 0,25 110

124
CAPÍTULO 4- ANÁLISE TÉCNICO-ECONÓMICA

4.2.1.4.3 Custo do kWh

Considerou-se, para aquecimento interior, apenas o recurso a sistemas eléctricos com uma
eficiência nominal de 100%.

Com a crescente subida do preço do barril de petróleo, também se prevê uma subida no preço da
aquisição de energia eléctrica.

No gráfico que se segue é apresentada a evolução do preço médio de aquisição de energia eléctrica
para consumidores domésticos (baixa tensão), desde 1980 e as previsões para o futuro.

Preço de aquisição de energia eléctrica

0,70 €
0,65 €
0,60 €
0,55 €
Preço kWh

0,50 €
0,45 €
0,40 €
0,35 €
0,30 €
0,25 €
0,20 €
0,15 €
0,10 €
0,05 €
0,00 €

1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030

Ano

Consumidor doméstico médio, BT Previsões

Figura 4.5 – Evolução do preço de aquisição de energia eléctrica por consumidores doméstico médio, baixa
tensão.

Para as projecções a 30 anos considerou-se um crescimento anual (α’) da ordem dos 6% de acordo
com o que aconteceu no presente ano de 2007. (DL 539/2006)

Assim, a expressão dos custos de exploração para no ano 2007+n será:

( )n
C exp n = U × GD × 0,024 × C e 0 × 1 + α ' , com α’=0,06

No entanto, interessa quantificar, não apenas os custos em cada ano mas o acumulado ao fim de n
anos.

125
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

Ao fim de x anos, tem-se que:

- o custo total de exploração será:

n
(
C exp n = U × GD × 0,024 × ∑ C ex × 1 + α ' , com α’=0,06 )
x

x =1

4.2.2 Actualização

A Actualização é a operação através da qual se calcula o valor de uma determinada quantia num
momento anterior ao do seu vencimento. [90]

Para se poder comparar os custos nos diferentes anos é necessário actualiza-los a todos para o
mesmo ano, neste caso, o ano 0, que corresponde ao presente, aplicando-se uma taxa de
actualização.

- Taxa de interesse ou actualização – a taxa de actualização representa a taxa mínima de


rendibilidade, ou o custo de oportunidade de capital. Numa aplicação sem risco, pode
assumir-se que essa taxa corresponde à taxa de juro praticada pela banca. [90]

O valor actual de um capital vencível no ano x é:

VA = C x (1 + i ) − x

**
Para a taxa de actualização i considerou-se o valor da Euribor anual de 14/07/2006, que é 4,5 %.

No presente caso, o custo global dispendido ao fim de n anos será:

n C manx (1 + α ) x + U × GD × 0,024 × C ex × (1 + α ' ) x


C g x = C0 + ∑
x =1 (1 + i ) x

com α=0,025; α’=0,06 ; i=0,045

**
A Euribor é uma taxa interbancária (média das taxas de oferta de fundos praticada entre bancos), resultante de
um painel de 57 bancos de países da União Europeia e de países terceiros, escolhidos por serem
particularmente activos no mercado do euro.

126
CAPÍTULO 4- ANÁLISE TÉCNICO-ECONÓMICA

4.3 CASO DE ESTUDO

4.3.1 Princípio

Neste trabalho, foram estudadas 4 soluções diferentes para a reabilitação de fachadas revestidas
com ladrilhos cerâmicos:

- Solução A: Remoção e aplicação de novos ladrilhos cerâmicos;

- Solução B: Aplicação do ETICS sobre os ladrilhos;

- Solução C1: Aplicação de revestimento em pedra (fachada ventilada com isolamento térmico);

- Solução C2: Aplicação de revestimento em zinco (fachada ventilada com isolamento térmico).

Para cada solução é feita uma projecção dos respectivos custos globais num horizonte de 30 anos
para diferentes zonas climáticas e níveis de exigência.

Os custos são estimados por m2 de fachada em zona corrente, sem atender a pontos singulares,
como pontes térmicas, etc.

Com os Custos Globais obtidos para as diferentes situações é feita uma análise técnico económica
comparativa e tiradas conclusões.

4.3.1.1 Custo Inicial

Para cada uma das soluções apresentadas foram adoptados os custos iniciais que se apresentam na
Tabela 4.5.

Para atribuição desses valores foram consideradas as diferentes zonas climáticas e os níveis de
exgência N1 e N3.

Os valores iniciais, para cada solução, aumentam com o aumento da espessura de isolamento
necessária para satisfazer o nível de exigência pretendido.

127
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

Tabela 4.5 – Custo inicial das diferentes soluções analisadas, para os diferentes níveis de qualidade

Custo Inicial* Custo Inicial*

N1 N3
Solução Descrição
(€/m2) (€/m2)

I1 I2 I3 I1 I2 I3

Remoção dos ladrilhos existentes e


Solução A tratamento do suporte. Aplicação 75 75 75 75 75 75
de novos ladrilhos

Solução B Aplicação de ETICS sobre ladrilhos 40 40 41,95 43,9 47,8 49,74

Aplicação de revestimento em
Solução pedra (fachada ventilada com
125 125 126,95 128,9 132,8 134,74
C1 isolamento térmico e fixações
mecânicas/grampeamento)

Aplicação de revestimento em
Solução zinco (fachada ventilada com
125 125 126,95 128,9 132,8 134,74
C2 isolamento térmico e fixações
mecânicas/grampeamento)

* estes preços foram calculados com base em consultas, das quais se obteve um preço médio. São preços indicativos apenas
para validação deste modelo.

4.3.1.2 Custo de Manutenção

Para os custos de manutenção adoptaram-se os seguintes valores:

Tabela 4.6 – Valores da manutenção das diferentes soluções e sua periodicidade.

Custo de
Periodicidade manutenção*
Solução Descrição
(anos)
(€/m2)

Solução A Limpeza 15 10

Solução B Reparação e pintura 5 8,5

Solução C1 Limpeza da pedra com jactos de água 10 6,5

Solução C2 Não requer manutenção - -

* estes preços foram calculados com base em consultas, das quais se obteve um preço médio. São preços indicativos apenas
par validação deste modelo.

128
CAPÍTULO 4- ANÁLISE TÉCNICO-ECONÓMICA

4.3.1.3 Custo de Exploração

Para o cálculo da parcela do custo de exploração, utilizou-se a seguinte fórmula:

C exp = U × GD × 0,024 × C e [€/m2]

Sendo,

U – coeficiente de transmissão térmico do elemento da envolvente [W/(m2.ºC)];

GD – nº de graus-dias de aquecimento especificados para cada concelho no Anexo III do RCCTE


[ºC.dias];

0,024 – factor de conversão de W.dia para kW.hora;

C e – custo do kWh [€].

4.3.1.3.1 Nº de Graus-dias

Para esta análise consideraram-se 3 cidades, uma em cada zona climática de Inverno,
correspondendo a cada uma delas um determinado nº de Graus-dias, de acodo com a Tabela 4.7.

Tabela 4.7 – Concelhos escolhidos para a análise técnico-económica.

Número de graus-dias (GD)


Concelho Zona climática de Inverno
(ºC.dias)

Lisboa I1 1190

Porto I2 1610

Bragança I3 2850

4.3.1.3.2 Coeficiente de transmissão térmica

Para a Solução A considerou-se um U de 1,1 W/(m2.ºC) [74] correspondente a uma parede dupla de
11 + 15 sem isolamento no espaço de ar, solução muito utilizada nos anos 80, do qual datam muitos
dos edifícios revestidos a ladrilhos cerâmicos a necessitar de reabilitação.

Para as restantes soluções atendeu-se à Nota de Informação Técnica 001 do LFC [75] que define
níveis de qualidade para o U dos elementos em função dos valores de referência preconizados no
RCCTE.
129
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

Como as soluções B, C1 e C2 preconizam isolamento térmico por toda a totalidade do paramento


exterior do suporte, o isolante será o elemento determinante no coeficiente de transmissão
térmica, independentemente do suporte.

Para estas soluções B, C1 e C2, a análise técnico-económica incidiu sobre soluções que garantem o
nível de qualidade N1 e o nível N3.

Como foi referido, foram consideradas duas situações diferentes para cada zona climática: uma em
que se adoptaram nas soluções B, C1 e C2, valores de U que garantem um nível de qualidade N1 e
um segunda em que se adoptaram valores para um N3.

Para a solução A o valor de U mantêm-se constante no 1,1 W/(m2.ºC) pois esta solução não
preconiza a aplicação de isolamento térmico.

Os valores de U adoptados para as diferentes soluções foram os apresentados na Tabela 4.8, Tabela
4.9 e Tabela 4.10.

Tabela 4.8 – Valores adoptados para Lisboa.

I1 – LISBOA GD: 1190

Nível de Qualidade Solução U [W/(m2.ºC]

Solução A 1,10

Solução B 0,70
N1
Solução C1 0,70

Solução C2 0,70

Solução A 1,10

Solução B 0,42
N3
Solução C1 0,42

Solução C2 0,42

130
CAPÍTULO 4- ANÁLISE TÉCNICO-ECONÓMICA

Tabela 4.9 - Valores adoptados para o Porto.

I2 – Porto GD: 1610

Nível de Qualidade Solução U [W/(m2.ºC]

Solução A 1,10

Solução B 0,60
N1
Solução C1 0,60

Solução C2 0,60

Solução A 1,10

Solução B 0,36
N3
Solução C1 0,36

Solução C2 0,36

Tabela 4.10 - Valores adoptados para Bragança.

I3 – Bragança GD: 2850

Nível de Qualidade Solução U [W/(m2.ºC]

Solução A 1,10

Solução B 0,50
N1
Solução C1 0,50

Solução C2 0,50

Solução A 1,10

Solução B 0,30
N3
Solução C1 0,30

Solução C2 0,30

131
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

4.3.2 Folha de Cálculo

Com o objectivo de comparar os custos para as 4 soluções nas diferentes situações, foi criada uma
folha de cálculo com todas as variáveis já descritas e para a qual se adoptou para os Custos Globais,
ao fim de x anos, a fórmula já apresentada:

n C manx (1 + α ) x + U × GD × 0,024 × C ex × (1 + α ' ) x


C g x = C0 + ∑
x =1 (1 + i ) x

As situações consideradas foram:

Situação 1 – Para um edifício localizado em Lisboa, para um nível de qualidade N1.

Situação 2 - Para um edifício localizado em Lisboa, para um nível de qualidade N3.

Situação 3 - Para um edifício localizado no Porto, para um nível de qualidade N1.

Situação 4 - Para um edifício localizado no Porto, para um nível de qualidade N3.

Situação 5 - Para um edifício localizado em Bragança, para um nível de qualidade N1.

Situação 6 - Para um edifício localizado em Bragança, para um nível de qualidade N3.

4.3.3 Resultados

Apresentam-se nos seguintes pontos, sob a forma de gráficos, os resultados obtidos para os custos
globais num horizonte de 30 anos para as diferentes situações.

132
CAPÍTULO 4- ANÁLISE TÉCNICO-ECONÓMICA

4.3.3.1 Situação 1

- Zona Climática I1: Lisboa

- Nível de Qualidade: N1

Custos Globais

300

280

260

240

220

200

180
Custos (€/m2)

160

140

120

100

80

60

40

20

0
2007 2012 2017 2022 2027 2032 2037
Horizonte (Anos)

Solução A Solução B Solução C1 Solução C2

Figura 4.6 – Custos das 4 soluções ao longo de 30 anos para Lisboa, para um nível de qualidade N1.

Da análise do gráfico representado na Figura 4.6, conclui-se que a solução B se mantém sempre
mais vantajosa que a solução A, isto acontece porque apresenta um custo inicial mais baixo e,
apesar de ser uma solução que requer trabalhos de manutenção mais frequentes (5 em 5 anos), o
facto de proporcionar um acréscimo de isolamento térmico conduz a custos de exploração
inferiores, fazendo os custos globais aumentarem mais lentamente ao longo do tempo. A solução C1
apresenta um custo inicial bastante mais elevado que a solução A que é recuperado ao fim de 23
anos (em 2030), devido ao menor consumo de energia eléctrica para aquecimento que esta solução
requer. A solução C2 apresenta custos globais inferiores aos da solução A ao fim de 20 anos (em
2027), um pouco mais cedo que a solução C2, por não requerer trabalhos de manutenção.

133
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

4.3.3.2 Situação 2

- Zona Climática I1: Lisboa

- Nível de Qualidade: N3

Custos Globais

300

280

260

240

220

200

180
Custos (€/m2)

160

140

120

100

80

60

40

20

0
2007 2012 2017 2022 2027 2032 2037
Horizonte (Anos)

Solução A Solução B Solução C1 Solução C2

Figura 4.7 - Custos das 4 soluções ao longo de 30 anos para Lisboa, para um nível de qualidade N3.

Da análise do gráfico representado na Figura 4.7 conclui-se que a solução B se mantém sempre mais
vantajosa que a solução A, a solução C1 apresenta um custo inicial bastante mais elevado que a
solução A que é recuperado ao fim de 16 anos (em 2023) e a solução C2 apresenta custos globais
inferiores aos da solução A ao fim de 15 anos (em 2022). De notar que, nesta situação, as soluções
B, C1 e C2 atingem valores mais baixos que na situação anterior, por se tratar de um nível de
exigência o qual a resistência térmica aumenta relativamente ao nível N1, o que, para uma mesma
zona climática, vai originar consumos de energia eléctrica menores. Esta poupança em energia, cujo
preço tende a aumentar, supera largamente o investimento inicial do incremento de isolamento
térmico preconizado para o nível de exigência N3. É por este motivo também que as soluções C1 e
C2 se tornam vantajosas ao fim de menos tempo que na situação anterior.

134
CAPÍTULO 4- ANÁLISE TÉCNICO-ECONÓMICA

4.3.3.3 Situação 3

- Zona Climática I2: Porto

- Nível de Qualidade: N1

Custos Globais

340

320

300

280

260

240

220

200
Custos (€/m2)

180

160

140

120

100

80

60

40

20

0
2007 2012 2017 2022 2027 2032 2037
Horizonte (Anos)

Solução A Solução B Solução C1 Solução C2

Figura 4.8 - Custos das 4 soluções ao longo de 30 anos para o Porto, para um nível de qualidade N1.

Da análise do gráfico representado na Figura 4.8 conclui-se que a solução B se mantém sempre mais
vantajosa que a solução A, a solução C1 apresenta um custo inicial bastante mais elevado que a
solução A que é recuperado ao fim de 14 anos (em 2021) e a solução C2 apresenta custos globais
inferiores aos da solução A ao fim de 13 anos (em 2020).

Nesta situação, por se tratar de um concelho na zona climática I2, as necessidades de aquecimento
são maiores, fazendo sentir-se por isso, ao fim de menos tempo, o “peso” dos elevados consumos
que a solução A acarreta, comparativamente às outras soluções.

135
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

4.3.3.4 Situação 4

- Zona Climática I2: Porto

- Nível de Qualidade: N3

Custos Globais

340

320

300

280

260

240

220

200
Custos (€/m2)

180

160

140

120

100

80

60

40

20

0
2007 2012 2017 2022 2027 2032 2037
Horizonte (Anos)

Solução A Solução B Solução C1 Solução C2

Figura 4.9 - Custos das 4 soluções ao longo de 30 anos para o Porto, para um nível de qualidade N3.

Da análise do gráfico representado na Figura 4.9 conclui-se que a solução B se mantém sempre mais
vantajosa que a solução A, a solução C1 apresenta um custo inicial bastante mais elevado que a
solução A que é recuperado ao fim de 12 anos (em 2019) e a solução C2 apresenta custos globais
inferiores aos da solução A ao fim de 11 anos (em 2018).

Nesta situação, para além do consumo elevado por se tratar de um concelho em zona climática I2,
as diferenças de consumo de energia para aquecimento entre a solução A e as restantes é mais
acentuada por se tratarem, no caso destas últimas, de soluções com nível de exigência N3.

136
CAPÍTULO 4- ANÁLISE TÉCNICO-ECONÓMICA

4.3.3.5 Situação 5

- Zona Climática I3: Bragança

- Nível de Qualidade: N1

Custos Globais

500
475
450
425
400
375
350
325
300
Custos (€/m2)

275
250
225
200
175
150
125
100
75
50
25
0
2007 2012 2017 2022 2027 2032 2037
Horizonte (Anos)

Solução A Solução B Solução C1 Solução C2

Figura 4.10 - Custos das 4 soluções ao longo de 30 anos para Bragança, para um nível de qualidade N1.

Da análise do gráfico representado na Figura 4.10 conclui-se que a solução B se mantém sempre
mais vantajosa que a solução A, a solução C1 apresenta um custo inicial bastante mais elevado que
a solução A que é recuperado ao fim de 8 anos (em 2015) e a solução C2 apresenta custos globais
inferiores aos da solução A ao fim de 8 anos (em 2015).

Nesta situação, por se tratar de um concelho na zona climática I3, as necessidades de aquecimento
são ainda maiores que nos casos anteriores, fazendo sentir-se por isso, ao fim de menos tempo, o
“peso” dos elevados consumos que a solução A acarreta comparativamente às outras soluções.

137
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

4.3.3.6 Situação 6

- Zona Climática I3: Bragança

- Nível de Qualidade: N3

Custos Globais

500
480
460
440
420
400
380
360
340
320
300
Custos (€/m2)

280
260
240
220
200
180
160
140
120
100
80
60
40
20
0
2007 2012 2017 2022 2027 2032 2037
Horizonte (Anos)

Solução A Solução B Solução C1 Solução C2

Figura 4.11 - Custos das 4 soluções ao longo de 30 anos para Bragança, para um nível de qualidade N3.

Da análise do gráfico representado na Figura 4.11 conclui-se que a solução B se mantém sempre
mais vantajosa que a solução A, a solução C1 apresenta um custo inicial bastante mais elevado que
a solução A que é recuperado ao fim de 7 anos (em 2014) e a solução C2 apresenta custos globais
inferiores aos da solução A ao fim de 7 anos (em 2014).

Nesta situação, por se tratar, tal como na situação anterior de um concelho na zona climática I3, as
necessidades de aquecimento são elevadas, fazendo sentir-se, por isso, o “peso” dos elevados
consumos que a solução A acarreta comparativamente às outras soluções, que nesta situação são de
um nível e exigência N3.

138
CAPÍTULO 4- ANÁLISE TÉCNICO-ECONÓMICA

4.3.3.7 Período de retorno

Abaixo, apresenta-se uma tabela com o retorno de investimento das soluções B, C1 e C2


relativamente à solução A.

Tabela 4.11 – Retorno do investimento das soluções B, C1 e C2, relativamente à solução A.

Período de
retorno Poupança relativamente à Solução A
Nível de
Concelho Qualidade relativamente
Térmica à Solução A
(anos)
15 anos 20 anos 30 anos
2 2
(€/m ) (€/m ) (€/m2)
SOLUÇÃO B – ETICS
N1 0 54,00 59,30 90,77
Lisboa (I1)
N3 0 70,31 83,36 132,09
N1 0 73,95 86,91 135,42
Porto (I2)
N3 0 89,58 111,53 180,07
N1 0 126,88 160,89 256,30
Bragança (I3)
N3 0 153,65 200,93 325,88

SOLUÇÃO C1 – Fachada ventilada com revestimento em pedra


N1 23 -15,06 -8,23 29,59
Lisboa (I1)
N3 16 1,24 15,82 70,92
N1 14 4,89 19,37 74,25
Porto (I2)
N3 12 20,52 43,99 118,89

N1 8 57,81 93,36 195,13


Bragança (I3)
N3 7 84,58 133,39 264,70

SOLUÇÃO C2 – Fachada ventilada com revestimento em zinco

N1 20 -9,91 1,16 42,63


Lisboa (I1)
N3 15 6,39 25,22 83,96
N1 13 10,04 28,77 87,29
Porto (I2)
N3 11 25,67 53,39 131,93
N1 8 62,96 102,75 208,17
Bragança (I3)
N3 7 89,74 142,79 277,74

139
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

4.3.4 Análise dos resultados

Verifica-se que, num horizonte de 30 anos, em todas as soluções e para ambos os níveis de
qualidade estudados se pode obter um retorno do investimento, reduzindo consumos, contribuindo
para diminuir a emissão de gases efeito de estufa (taxa ambiental mais baixa).

A Solução B apresenta-se sempre como a solução mais económica pois, para além de permitir uma
poupança energética relativamente à solução A, o seu custo inicial é mais baixo.

Mesmo para Lisboa e para um Nível de Qualidade Térmica N1, adoptando-se a Solução B ao fim de
15 anos já se obtém uma poupança de 54 €/m2 de fachada. Consegue-se com esta solução para
Bragança e para um nível de Qualidade Térmica N3 um retorno de 325,88 €/m2.

A Solução C1 apresenta um período de retorno reduzido (7, 8 anos) para Bragança, atingindo um
retorno no valor de 84,58 €/m2 ao fim de 15 anos e 264,70 €/m2 aos 30 anos (para o nível N3).

Para Lisboa a Solução C1, para um Nível de Qualidade Térmica N1, apresenta-se vantajosa apenas
ao fim de 23 anos. No entanto, para o Porto, apresenta um período de retorno mais curto (14 e 12)
atingindo mesmo um retorno de investimento de 118,89€/ m2 ao fim de 30 anos.

A solução C2, apesar de ter um custo inicial idêntico ao da Solução C1, por não requerer
manutenção, apresenta períodos de retorno ligeiramente inferiores, conseguindo atingir um retorno
de investimento máximo para Bragança para o nível N3, ao fim de 30 anos, de 277,74 €/ m2.

Em suma, para as situações com maiores necessidades de aquecimento como é o caso de Porto (I2)
e Bragança (I3), o crescente custo da energia faz-se sentir mais, pois há um consumo mais elevado.
Por este motivo, o facto de se optar por uma solução que melhore as características térmicas das
paredes e baixe o consumo, apesar do investimento inicial, acaba por trazer vantagens a longo
prazo.

No caso de se estabelecer um nível de qualidade elevado, como o N3, em que são consideradas
soluções de paredes com coeficientes de transmissão térmica reduzidos, essa diferença vai ser mais
significativa, pois o investimento inicial é praticamente igual ao de uma solução para o nível N1 mas
a poupança energética conseguida com essa solução é muito superior.

Em Bragança e para o Porto todas as soluções têm um período de retorno inferior a 15 anos,
revelando-se a reabilitação energética com isolamento pelo exterior compensadora.

140
CAPÍTULO 5 - CONCLUSÕES

CAPÍTULO 5

5 CONCLUSÕES

5.1 CONCLUSÕES FINAIS

No caso de fachadas revestidas com ladrilhos cerâmicos a reabilitação pode passar por várias
soluções.

Quando se tratar de uma intervenção numa fachada revestida com ladrilhos cerâmicos, em que se
pretenda, para além de melhorar o aspecto da fachada, também melhorar as suas propriedades
térmicas, as soluções de isolamento pelo exterior apresentam-se como alternativas à solução
original.

Também o novo RCCTE impõe, para grandes intervenções, que este seja aplicado ao edifício em
reabilitação e que assim seja feita uma reabilitação energética. Neste caso particular da fachada,
estudaram-se soluções de isolamento pelo exterior e concluiu-se que, apesar do investimento
inicial, com o crescente aumento do custo da energia, estas são mais favoráveis, a longo prazo.

Das soluções estudadas, a solução B (ETICS) apresenta-se como a solução mais económica, mas em
contrapartida requer mais manutenção devido à sua baixa resistência mecânica e apresenta um
acabamento mais modesto.

No caso das soluções de fachada ventilada, apresentam um investimento inicial elevado, mas
requerem baixos custos de manutenção e proporcionam um acabamento muito superior. Devido ao
incremento de resistência térmica que impõe à fachada, em situações de grande consumo de
energia e de elevado nível de qualidade, o seu investimento inicial é amortizado em pouco mais de
5 anos.

Como os isolantes térmicos são os materiais que mais contribuem para a resistência térmica da
envolvente opaca exterior e, assim, para a redução das trocas de calor através destes elementos, é
fundamental avaliar a espessura de isolamento mais vantajosa do ponto de vista económico, dentro
de um prazo de tempo aceitável, sendo para tal necessário conhecer o custo global associado, que

141
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

resulta da composição do custos iniciais (Aplicação da solução de isolante térmico, a Exploração e


Manutenção).

A maioria dos edifícios existentes encontra-se muito afastada do cenário óptimo e são responsáveis
por consumos significativos de energia o que constitui uma boa oportunidade também para a
melhoria da eficiência energética através da implementação de medidas de reabilitação energética
adequadas, reduzindo assim os custos e tornando essas medidas mais viáveis do ponto de vista
económico.

5.2 DESENVOLVIMENTOS FUTUROS

A reabilitação de fachadas e a reabilitação energética são temas vastos. Nesse contexto e na linha
deste trabalho seria oportuno seguir as seguintes ideias:

- no âmbito da reabilitação energética de fachadas, fazer uma análise comparativa e técnico


económica relativamente também ao consumo de energia no fabrico dos próprios isolantes
térmicos. Os produtos mais usuais podem exigir grandes quantidades de outros materiais e de
energia durante a sua produção. Esta situação origina impactes negativos sobre o ambiente. A estes
efeitos junta-se a necessidade de transporte, quando muitos dos materiais não são locais. Assim, o
edifício deve poupar recursos, através da maximização da eficiência dos materiais e componentes.

- utilizar o mesmo modelo, fazendo variar o tipo de isolamento térmico, associando-lhe o custo
inicial, conseguindo-se assim análise comparativa de diferentes materiais de isolamento,
optimizando soluções.

- relativamente a soluções de reabilitação de fachada, criar um observatório onde pudessem ser


avaliados os principais trabalhos de reabilitação de fachadas, com a sua descrição e condições
técnicas, associando o custo inicial de cada intervenção e o respectivo custo de manutenção.

- toda a análise é feita em zona corrente, seria pertinente aprofundar este estudo com mais
detalhe, atendendo a pontos singulares, como o topo de elementos, contorno de vãos e cobertura,
tratamento de juntas de dilatação.

142
BIBLIOGRAFIA

BIBLIOGRAFIA

[1] Medeiros, Jonas Silvestre; Sabbatini, Fernando Henrique. Tecnologia e Projecto de revestimento
cerâmico de fachadas de edifícios. Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP, São Paulo, 1999.

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[3] http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/esp351.asp

[4] http://www.instituto-camoes.pt

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[6] http://www.portoxxi.com/cultura/ver_folha.php?id=14

[7] http://www.oazulejo.net/oazulejo.html

[8] Norma NBR 13.755/1996 – item 3.2 - Revestimentos de Paredes Externas com Placas Cerâmicas e
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[12] Centre Scientifique et Technique du Bâtiment (CSTB). DTU 22.1 - Murs en. panneaux
préfabriqués - Cahier des clauses techniques, CSTB, Maio, 2003.

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SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

[13] Freitas, Vasco Peixoto de; Sousa, Augusto Vaz Serra e; Silva, J. A. Raimundo Mendes da. Manual
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[14] Centre Scientifique et Technique du Bâtiment (CSTB). Revêtements de murs extérieures en


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[15] Silva, Hugo. Comportamento mecânico de sistemas de revestimento de paredes exteriores em


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Ciências da Construção, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, Outubro
de 2006.

[16] Lima, Marcus Antônio Motta. NP 56 – Assentamento de azulejos e ladrilhos. Repartição de


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[18] Olmo, C.; Gauna, A.R.; Duerto A.R.; Torroja, B.. Morteros cola. Características y condiciones
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[21] Deutsches Institut Fur Normung E.V. (DIN). DIN DIN EN 12189 - Products and systems for the
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[22] Deutsches Institut Fur Normung E.V. (DIN). DIN DIN EN 1015-4 - Methods of test for mortar for
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[27] International Organization for Standardization (ISO). EN ISO 10545-3 – Ladrilhos cerâmicos –
Parte 3: Determinação da absorção de água, porosidade aparente, densidade relativa aparente e
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[28 ] International Organization for Standardization (ISO). EN ISO 10545-4 – Ladrilhos cerâmicos –
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[29] International Organization for Standardization (ISO). EN ISO 10545-5 – Ladrilhos cerâmicos –
Parte 5: Determinação da resistência o impacto, medida pelo coeficiente de restituição, 1997.

[30] International Organization for Standardization (ISO). EN ISO 10545-6 – Ladrilhos cerâmicos –
Parte 6: Determinação da resistência à abrasão profunda de ladrilhos não vidrados, 1997.

[31] International Organization for Standardization (ISO). EN ISO 10545-7 – Ladrilhos cerâmicos –
Parte 7: Determinação da resistência à abrasão profunda de ladrilhos vidrados, 1997.

[32] International Organization for Standardization (ISO). EN ISO 10545-8 – Ladrilhos cerâmicos –
Parte 8: Determinação da dilatação térmica linear, 1996.

[33] International Organization for Standardization (ISO). EN ISO 10545-9 – Ladrilhos cerâmicos –
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[34] International Organization for Standardization (ISO). EN ISO 10545-10 – Ladrilhos cerâmicos –
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[35] International Organization for Standardization (ISO). EN ISO 10545-11 – Ladrilhos cerâmicos –
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145
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

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147
SOLUÇÕES DE REABILITAÇÃO DE FACHADAS COM REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS

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[59] Junginger, Max. Rejuntamento de revestimentos cerâmicos: influência das juntas de


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Porto, Outubro de 2005

[62] Ferreira, Tiago Miguel Duarte. Sobre a utilização do sistema de isolamento térmico pelo
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