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PROJECTO DE SISTEMA SOLAR TÉRMICO

EDIFÍCIO MULTIFAMILIAR

PORTO

PROJECTISTA DE SISTEMAS SOLARES TÉRMICOS – INÍCIO A 16 DE JUNHO DE 2008


CELINA BRANDÃO SILVA CABETE
ENTREGA: JULHO DE 2008
Projecto de Sistema Solar Térmico
Edifício Multifamiliar

INDÍCE GERAL

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................................3
2 CARACTERIZAÇÃO ....................................................................................................................3
2.1 Princípio de funcionamento...............................................................................................3
2.2 Pressupostos para Dimensionamento................................................................................5
2.2.1 Dados relativos ao edifício ...............................................................................................5
2.2.2 Necessidades de Água Quente Sanitária...........................................................................5
2.2.1 Perfil de consumo e Taxa de ocupação.............................................................................5
2.3 Cálculo das Necessidades Energéticas para AQS...............................................................6
3 SELECÇÃO E DIMENSIONAMENTO.............................................................................................7
3.1 Cálculo da superfície colectora..........................................................................................7
3.1.1 Instalação dos colectores..................................................................................................7
3.1.2 Caracterização dos colectores..........................................................................................8
3.1.3 Cálculo da área de colectores necessária.........................................................................9
3.2 Circuito primário..............................................................................................................10
3.3 Bombas de circulação......................................................................................................12
3.4 Acumulação.....................................................................................................................13
3.5 Vasos de expansão..........................................................................................................13
3.6 Sistema de Apoio ............................................................................................................14
3.7 Controlo...........................................................................................................................14
3.8 Acessórios.......................................................................................................................14
4 ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÓMICA....................................................................................15
5 ENSAIOS E EXPRIÊNCIAS.........................................................................................................16
6 PLANO DE MANUTENÇÃO........................................................................................................17
7 CONCLUSÂO............................................................................................................................19
8 PROJECTISTA...........................................................................................................................19

ANEXO I – Esquema de princípio;


ANEXO II – Plantas e cortes do edifício;
ANEXO III – Folhas de cálculo de Excel;
ANEXO IV – Relatório energético (SOLTERM);
ANEXO V – Ábaco de perdas por atrito em tubagem de cobre em função do caudal;
ANEXO VI – Medições e Estimativa Orçamental.

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1 INTRODUÇÃO

A presente memória descritiva de que faz parte este projecto, refere-se às instalações de
Aproveitamento de Energia Solar para a Produção de Água Quente Sanitária de modo a dotar um
Edifício Multifamiliar situado no Porto, com um sistema, que para além de privilegiar uma menor
dependência dos combustíveis fosseis, traduz-se igualmente numa aposta real de uma melhor
qualidade de vida.
Segundo o RCCTE é obrigatória a instalação de colectores solares térmicos em todos os edifícios
residenciais novos com uma exposição solar adequada. O Sol revela-se assim uma como uma
fonte de energia cuja utilização de justifica pela poupança energética associada, pela
rentabilidade a médio, longo prazo para o utilizador, para a melhoria da qualidade do ar das
cidades, e a redução da dependência energética externa.

2 CARACTERIZAÇÃO

O Edifício Colectivo a que se refere este projecto localiza-se no Porto, é constituído por um piso
térreo destinado ao hall de entrada e a um espaço de aparcamento automóvel exterior, três
andares destinados à habitação com tipologias T1 e T3, e uma cobertura plana.

A elaboração deste projecto e respectivos cálculos, foram baseados nos regulamentos em vigor,
tendo-se para o efeito utilizado o programa Solterm licenciado para esse fim e ainda uma folha de
cálculo de Excel.

O sistema solar irá captar colectivamente a energia solar na cobertura do edifício, com a devida
orientação, a qual será posteriormente distribuída a cada fracção e acumulada de forma
individual. Após a análise das plantas decidiu-se optar por esta solução, uma vez que o edifício
não apresenta um espaço comum adequado para a colocação de um depósito colectivo.
Sempre que a radiação solar não seja suficiente, as necessidades energéticas em falta serão
satisfeitas recorrendo ao apoio de uma caldeira a gás. Para obter o máximo rendimento da
instalação de água quente sanitária deverá ser instalada uma central electrónica solar, a qual
garante o fornecimento de água quente a 45ºC através da mistura de água fria.

2.1 Princípio de funcionamento

O princípio de funcionamento, do sistema de solar é o seguinte:

• Campo de Colectores Solares: Captação de energia solar através de uma bateria de


colectores solares planos, de alto rendimento e superfície altamente selectiva, colocada na
cobertura do edifício orientada a Sul.

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Cada fila de colectores deverá incorporar: purgador de ar, válvula de segurança, e regulador de
caudal, próprios para aplicações em energia solar, garantindo um equilíbrio hidráulico entre filas.
• Grupo Hidráulico: Transporte de energia até aos depósitos de acumulação processa-se
através de um circuito hidráulico, com auxílio de um grupo de circulação próprio para o efeito.
Este deverá integrar todos os componentes destinados ao correcto funcionamento hidráulico da
instalação, incluindo os dispositivos de segurança seguintes:
- Válvula de segurança de 6 bar; Vaso de expansão; Válvulas anti retorno;
- Circulador solar;
- Termómetro na ida e no retorno;
- Manómetro integrado;
- Caudalímetro.
• Depósito de Acumulação: Acumulação de energia solar, sob a forma de água quente, é
separada da energia proveniente do sistema apoio convencional, i.e., separação entre energia
solar e energia de apoio. Esta solução permite maximizar o aproveitamento da energia solar,
impedindo a interacção prejudicial entre energia de auxiliar (não renovável) e energia solar
(renovável).
Em cada fracção, entre o depósito de acumulação de energia, e a caldeira deverá existir uma
central electrónica solar, a qual irá permitir simultaneamente rentabilizar a energia solar
acumulada, permitindo a utilização racional de água acumulada acima da temperatura de
consumo, ao mesmo tempo garantir, por questões de segurança, uma temperatura de consumo a
45ºC.
O volume de acumulação depende de dois factores principais: Volume de AQS consumido por
tipologia e área de captação de energia solar. Assim, para cada fracção foi dimensionado o
volume de acumulação que permite obter o melhor compromisso entre rendimento do sistema e
espaço ocupado na habitação.
• Central Electrónica Solar: O controlo de todo o circuito primário será efectuado
recorrendo a dois tipos de central electrónica solar, uma que regula a temperatura dos colectores
e do grupo hidráulico e uma em cada habitação que controla e regula a temperatura dos
depósito, e circuitos de ida e retorno. Estas centrais têm também a função de protecção contra
sobre-temperatura, ao mesmo tempo que fornece ao utilizador, através do display gráfico,
informação instantânea do estado dos componentes da instalação.

No esquema hidráulico de princípio (Anexo I), pode-se observar a aplicação dos diversos
componentes dimensionados, esquema de ligações hidráulicas, bem como o posicionamento e
ligação dos dispositivos de controlo do sistema.
O sistema de apoio energético convencional (não renovável), é essencial para garantir o
fornecimento de AQS nos períodos de baixa intensidade de radiação solar e/ou consumo acima do
previsto.

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2.2 Pressupostos para Dimensionamento

De acordo com os dados recolhidos, resume-se nos pontos seguintes os principias elementos
considerados no dimensionamento e definição das necessidades de AQS.

2.2.1 Dados relativos ao edifício

O edifício em estudo é um bloco habitacional e constituído por:

Distribuição de tipologias
1º andar T1 T1
2º andar T1 T1
3º andar T3

2.2.2 Necessidades de Água Quente Sanitária

A determinação das necessidades de AQS constitui o factor com maior influência nos resultados
da análise energética de um sistema solar térmico.
Segundo o RCCTE, de 4 de Abril de 2006, alínea c) do Artigo nº. 14, o consumo de referência de
água quente sanitária para utilização em edifícios de habitação é de 40l de água quente a 60ºC
por pessoa e por dia.
Os consumos reais AQS podem diferir consideravelmente, mesmo em edifícios com utilizações
semelhantes, no entanto neste estudo foram considerados os seguintes consumos tipo.

Quant.
Apartamentos
T1 ( 2 ocup) 4
T3 (4 ocup) 1
Total Ocup. Unid. 12
Consumo diário AQS l/dia 480

2.2.1 Perfil de consumo e Taxa de ocupação

Tratando-se de um edifício residencial considerou-se que as horas de maior consumo distribuem-


se pela manhã, hora do almoço e jantar. Relativamente à taxa de ocupação anual considerada, a
qual influência de forma significativa a fracção anual obtida, não foram considerados períodos de
maior ou menor afluência. Este dado é particularmente relevante para o dimensionamento do
sistema, visto que, os consumos nos meses de verão são a referência para a determinação da
superfície de captação, com base nas necessidades de AQS a ser satisfeitas pelo sistema solar
térmico.

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De salientar que períodos de estagnação longos e frequentes, decorrentes do


sobredimensionamento do sistema solar, põem em causa a vida útil de uma instalação solar,
além de aumentar as necessidades e custos de manutenção. Donde, é recomendável prever a
existência de sistemas de dissipação de energia.

2.3 Cálculo das Necessidades Energéticas para AQS

A energia necessária para aquecer uma determinada quantidade de água é dada por:

Q = m . Cp . ∆ T

Onde,
Q – Quantidade de calor
M – Massa em gramas (1 cal eleva 1ºC uma grama de água)
Cp – Calor específico da água (4,186 KJ/KgºC)

∆ T – Temperatura final – temperatura inicial

A seguir é apresentado o cálculo efectuado para o edifício em estudo das necessidades de


energia mensal para AQS:

Q. Energia Q. Energia
Cons. T Água T Água
∆Τ  diária mensal
Meses Nº dias Diário pretendi rede
(ºC) necessária necessária
(l) da (ºC) (ºC)
(MJ) (MJ)
Janeiro 31 480 60 10,8 49,2 98,9 3064,6
Fevereiro 28 480 60 10,8 49,2 98,9 2768,0
Março 31 480 60 11,8 48,2 96,8 3002,3
Abril 30 480 60 12,8 47,2 94,8 2845,1
Maio 31 480 60 13,7 46,3 93,0 2883,9
Junho 30 480 60 15,2 44,8 90,0 2700,5
Julho 31 480 60 16,2 43,8 88,0 2728,2
Agosto 31 480 60 16,1 43,9 88,2 2734,4
Setembro 30 480 60 15,6 44,4 89,2 2676,4
Outubro 31 480 60 14,1 45,9 92,2 2859,0
Novembr
30 480 60 11,6 48,4 97,2 2917,5
o
Dezembr
31 480 60 10,6 49,4 99,3 3077,0
o
ANUAL TOTAL 34 256,8

Resulta do quadro anterior uma necessidade energética anual para AQS de 34 256,8 MJ. É de
notar que as necessidades obtidas pelo programa SOLTERM são um pouco mais baixas, que se

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deve ao facto de neste programa para o Porto os dados de origem são um pouco diferentes, mas
que em nada altera o dimensionamento dos painéis solares, por ser uma diferença insignificativa.
O quadro de seguida permite perceber que os meses de Verão apresentam valores de
necessidades energéticas menores. O sistema solar foi dimensionado de modo a cobrir as
necessidades de consumo de AQS no mês de Julho.

Perfil das Necessidades Energéticas para AQS

3200,0

3000,0
Necessidade Energética (MJ )

2800,0

2600,0

2400,0

2200,0

2000,0
J an Fev Mar Abr Mai J un J ul Ago Set Out Nov Dez
3 SELECÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Com base na análise e optimização energética, foram dimensionados os diversos componentes do


sistema solar, cujas disposições técnicas especiais se detalham nos pontos seguintes.

3.1 Cálculo da superfície colectora

Para a determinação do número de colectores solares, e correspondente área, necessários para


satisfazer as necessidades térmicas para as AQS, utilizou-se como já foi dito anteriormente uma
folha de cálculo Excel com Método F-CHART e o software SOLTERM 5.0
A folha de cálculo consiste no cálculo da Fracção Solar através da introdução de dados entrada
como a irradiação global horizontal mensal e o factor de inclinação para a Latitude de 41º, Porto,
a temperatura ambiente e a temperatura da água da rede, o volume de AQS, o número de
colectores solares, a inclinação e as suas características, as necessidades térmicas.

3.1.1 Instalação dos colectores

Os colectores solares deverão ser instalados na cobertura plana do edifício, e embora o edifício se
encontre com uma orientação SE-NW, os painéis solares serão montados com uma orientação a
sul (azimute 0º), conforme representado nas partes desenhadas.

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A inclinação óptima dos painéis, tendo como objectivo a produção de AQS durante todo o ano, é
dada por: Latitude do Lugar – 5º, assim como se trata de um edifício localizado no Porto (41,1º
de latitude), os colectores deverão ter uma inclinação de 36º, relativamente ao plano horizontal.
Serão instalados em paralelo de canais, com a vantagem de necessitar um menor comprimento
de tubagens, sendo o número de colectores por fila limitado a um máximo de 4.
Os colectores serão instalados na cobertura do edifício de 3 pisos, não havendo obstáculos que
induzam sombras sobre estes. Deverão ficar a uma distância de pelo menos 0,50 m do muretos
da cobertura para que estes não lhe induzam qualquer sombreamento. Esta distância resulta da
fórmula:
ho = (90º-latitude do lugar) – 23,5º,
onde o valor ho é a altura solar do sol às12horas solares do dia mais desfavorável que é o solstício
de Inverno, dia 21 de Dezembro.

3.1.2 Caracterização dos colectores

Os colectores seleccionados são da ROCA, do tipo plano com cobertura selectiva, apresentando as
seguintes características:

Colector solar plano PS 2.4


Área de abertura 2,33 m2
Capacidade 1,75 L
F’η 0 0,789
F’UL 3,606

A curva característica do colector solar é dada pela seguinte equação

η = F’ η 0 – F’UL ((Tf – Ta)/ I)

Onde:
η − Rendimento
F’η 0 – rendimento óptico
F’UL – coeficiente global de perdas
Tf – Temperatura média do fluído

Ta – Temperatura ambiente

I – Radiação solar incidente sobre o colector por unidade de área

Foram ainda considerados os seguintes factores de correcção para o cálculo do rendimento


corrigido (final):
Factotres de Perdas Solares – 3 % Penalização

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Factor de sujidade e envelhecimento – 3 % Penalização


Factor de Perdas Globais da instalação – 5 % Penalização

3.1.3 Cálculo da área de colectores necessária

Tendo em conta os perfis de consumos de AQS apresentados anteriormente, foi possível calcular
a área de colectores a instalar. Em baixo encontra-se o quadro resumo do dimensionamento
efectuado a partir da folha de cálculo Excel.

Superfície
Energia Energia Energia %
colectora Nº de Desperdício
Meses Captada captada aproveitável Fracção
Necessária colectores (se +)
(MJ/m2)/mês (MJ) (MJ) Solar
(m2)
Janeiro 48,80 62,80 27,0 454,79 0,00 454,79 14,84%
Fevereiro 87,37 31,68 14,0 814,28 0,00 814,28 29,42%
Março 162,01 18,53 8,0 1509,93 0,00 1509,93 50,29%
Abril 234,11 12,15 6,0 2181,86 0,00 2181,86 76,69%
Maio 278,72 10,35 5,0 2597,63 0,00 2597,63 90,07%
Junho 304,31 8,87 4,0 2836,17 135,69 2700,47 100,00%
Julho 369,58 7,38 4,0 3444,49 716,29 2728,20 100,00%
Agosto 362,83 7,54 4,0 3381,57 647,14 2734,43 100,00%
Setembro 268,04 9,98 5,0 2498,15 0,00 2498,15 93,34%
Outubro 193,49 14,78 7,0 1803,30 0,00 1803,30 63,07%
Novembro 105,36 27,69 12,0 982,00 0,00 982,00 33,66%
Dezembro 56,58 54,38 24,0 527,33 0,00 527,33 17,14%
4,0 21532,37 64,04%

Simultaneamente, foi efectuado o mesmo cálculo no software SOLTERM, onde se chegaram


relativamente aos mesmos resultados, embora o software seja mais preciso uma vez que leva em
lista de conta mais factores. O gráfico em baixo apresenta a comparação da Fracção Solar obtida
a partir dos dois métodos de cálculo.

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SOLTERM vs EXCEL

100,00%

90,00%

80,00%

70,00%
Fracção Solar (% )

60,00%

Solterm
50,00%
Excell

40,00%

30,00%

20,00%

10,00%

No Anexo III e IV encontram-se


0,00% as folhas de cálculo de dimensionamento usando a folha Excel e o
J an Fev
software SOLTERM respectivamente,Mar Abr emMai
tendo J un os
ambos J ulmétodos
Ago Setse tenha
Out Nov Dez
chegado ao mesmo
número de painéis a instalar.

Os colectores serão dispostos numa única fila de 4, e a sua ligação respeitará as regras indicadas
nas instruções de Instalação dos aparelhos.
Será providenciada a colocação de válvulas de corte, à entrada e saída da fila de colectores, de
forma a permitir operações de manutenção sem retirar a totalidade do fluido solar. E deverá
ainda dispor de um purgador próprio para sistemas solares, de modo a garantir o correcto
enchimento da instalação.

3.2 Circuito primário

O fluído de transferência térmica circula no circuito primário do sistema solar térmico e é


responsável pela captação da energia proveniente do sol e sua posterior transferência ao circuito
secundário (AQS). Neste projecto utilizou-se como fluído térmico uma mistura de água com
anticongelante, cuja concentração se calcula tendo em conta a temperatura que este deverá
suportar sem congelar. Admitiu-se que a temperatura de congelação do Porto é de -8ºC, pelo que
o fluído térmico deverá ter uma concentração aproximada de 20%.
O anticongelante considerado foi o etilenglicol, que devido às suas propriedades irá alterar a
viscosidade do fluído e o seu calor específico :

Viscosidade corrigida
1,10
(Tágua = 45ºC)

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Calor específico
4072 J/(KgºC)
corrigido

A tubagem será em cobre soldado e devidamente isolado, tendo sido calculada em função do
caudal a transportar, que é dado por:
C = 10 F’UL / Cp

E o diâmetro obtido por:


D=JC 0,35

Onde:
D – diâmetro de tubagem em cm;
J – 2,2 para tubagens metálicas;
C – caudal em m3/h

Limitando as perdas de carga linear máxima a 40 mm.c.a. e a velocidade de circulação a 1,5 m/s
e consultando o ábaco do anexo II, chegou-se ao diâmetro da tubagem:

Caudal Caudal
Diâmetro
Fluído Fluído Diâmetro int. Diâmetro int.
comercial
Térmico Térmico (cm) (mm)
(mm)
(Kg/s m2col) (l/h)
0,0089 297,12 1,44 16,00 18

D=JC 0,35

Onde:
D – diâmetro de tubagem em cm;
J – 2,2 para tubagens metálicas;
C – caudal em m3/h

O isolamento da tubagem do circuito hidráulico deverá ser no mínimo de 20mm de espessura,


resistente aos raios UV e estanque. No caso de tubagem colocada no exterior deverá ser
considerada a colocação de protecção mecânica externa.
Tendo em conta as elevadas temperaturas no interior do circuito, as quais podem ascender a
mais de 150ºC nos períodos de estagnação, recomenda-se que a tubagem do circuito primário
solar seja executada em cobre. É fortemente desaconselhada a utilização de qualquer tipo de
polímeros.

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3.3 Bombas de circulação

Para definir a bomba de circulação calculou-se previamente as perdas de carga no circuito,


nomeadamente nas tubagens, acessórios, campo de colectores e permutador.

Consultando o ábaco, do anexo V, de perdas nas tubagens de cobre em função do caudal,


verifica-se que para um caudal de 0,30 m3/h e um diâmetro interior de tubagem de 16mm, a
perda de carga por metro de tubo é de aproximadamente 17mm.c.a, bastante inferior ao limite
estabelecido. Esta perda de carga é especificada para a água, pelo que se deve recalcular as
perdas, utilizando o factor f =4 √ (visc.sol /visc. água).

∆ p linear 17 mm.c.a./m
Factor
1,10
viscosidade
∆ p linear
18,70 mm.c.a./m
corrigido

No circuito primário o comprimento das tubagens é de aproximadamente 110m.

Para perdas relativas aos acessórios ou singularidades considerou-se 40% das perdas de carga
lineares da tubagem.

Nos colectores as perdas estimaram-se segundo a fórmula:


∆ pt = (∆ p N (N+1))/4
Onde:
∆ p – perda de carga num colector para o caudal dado;
N – número de colectores em paralelo

No permutador foi considerada uma perda de carga de 200

∆ P ∆ P ∆ P
linear ∆ P painéis ∆ P totais ∆ P
localizadas permutador Bomba
(mm.c.a. mm.c.a. mm.c.a. m.c.a.
(mm.c.a.) (mm.c.a.)
)
2057,00 822,80 200 75 3154,80 3,155 SXM 25

Com base na perda de carga e caudal do circuito primário solar, foi dimensionado o seguinte
grupo de bombagem: SXM 25
Este grupo poderá vir integrado num grupo hidráulico, que deverá incluir termómetros de ida e
retorno, válvula de segurança, manómetro e caudalímetro.

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3.4 Acumulação

A acumulação de energia solar realiza-se de forma individual por meio de depósitos de


acumulação dimensionados de acordo com a tipologia.
No circuito aberto de AQS, entre o depósito de acumulação e o sistema de apoio, deverá existir
um dispositivo que garanta a mistura de água fria de modo a garantir uma temperatura de
consumo a 45ºC. Esta função será desempenhada por um kit solar, próprio para o efeito, o qual
permite controlar a descarga de energia acumulada rentabilizando desta forma o volume de cada
depósito. De salientar que este ponto foi tido em conta no dimensionamento realizado.
O depósito de acumulação considerado funciona exclusivamente para acumulação da energia
solar, visto que o apoio energético será realizado de forma instantânea através da caldeira de
apoio.
No quadro resumo seguinte é apresentado o volume de acumulação considerado tendo em conta
a tipologia:

Volume de acumulação
Tipologia T1 T3
Vol. Do Depósito (l) 90 200
Modelo ROCA AS 90-1 E 200-1 E

No anexo III, encontra-se a respectiva folha de cálculo.

3.5 Vasos de expansão

O vaso de expansão do circuito solar deverá ser dimensionado para as dilatações do líquido solar
no circuito primário, por segurança o dimensionamento é feito mesmo nas situações em que
hipoteticamente se atinjam temperaturas de estagnação nos painéis, as quais podem ascender a
mais de 150ºC.

VE = ((0,09∗t -2,5)/100∗VT) Vcol

Onde:
VE – Volume útil do vaso de expansão
t – Temperatura máxima possível
VT – Capacidade total do circuito primário, incluindo colectores
Vcol – Capacidade total dos colectores

Volume do vaso
Cálculo do vaso de Rendimen
Volume N de expansão
expansão to
comercial
Pserviço 1,5 bar 0,64 19,35 25 lts

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Tebu 158,8 ºC

Vpermut. 17 L
Vcol 1,75 L
Vcol total 7 L

Vtubagem 22,12 L

Vt = 46,12 L

Ve = 12,44 L

Liq. Pode vaporizar? sim

Pmáx= 6 bar

Será instalado o vaso de expansão Vasoflex solar N 25 /2,5l.


Além do circuito primário solar também o circuito aberto de AQS deverá possuir um vaso de
expansão em virtude do aumento de volume causado pelo aquecimento de água no depósito.
Assim, para os depósitos de acumulação de 90L e 200L serão colocados vasos de expansão de 8L
e 12 L de capacidade respectivamente.

3.6 Sistema de Apoio

O apoio energético convencional para o sistema de AQS será efectuado por intermédio de uma
caldeira mural a gás estanque, Modelo SARA 24/24 F, de aguas directas, separando desta forma a
energia solar do sistema de apoio, garantindo que o apoio energético apenas se processa caso
exista necessidade.

3.7 Controlo

O circuito primário solar colectivo será controlado recorrendo à CENTRAL ELECTRÓNICA SOLAR
CS- 10, o qual permite a regulação de todo o circuito. Devem ser consideradas duas sondas de
temperatura, uma colocada no topo do campo de colectores (na bainha própria para o efeito), a
segunda colocada na tubagem de retorno do sistema colectivo, e ligado ao grupo hidráulico
Em cada fracção o controlo da acumulação de energia será efectuado recorrendo à CENTRAL
ELECTRÓNICA SOLAR CS- 1. Devem ser condideradas as seugintes sondas de temperatura no
depósito acumulador, na tubagem de ida e controlo das duas válvulas de 3 vias motorizadas, o
qual por diferencial de temperaturas, será responsável definir os períodos de aproveitamento.
Como segurança do sistema, no caso de sobre aquecimento, deverá ser prevista a inclusão de
uma forma de dissipação de energia.

3.8 Acessórios

Os acessórios a utilizar na presente instalação serão de 1ª qualidade obedecendo às


especificações a seguir indicadas:
• Válvulas de passagem – corpo, sede e obturador em bronze.

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• Válvulas de retenção – corpo, sede e obturador em bronze.


• Válvulas de segurança – de ferro fundido.
• Válvulas motorizadas – corpo em aço e obturadores em aço inoxidável.
• Termómetros de grande sensibilidade com escala até 120 ºC, espelho de 100 mm Ø com
bainha.
• Termostatos de grande sensibilidade e fácil regulação, para funcionamento a baixa
voltagem (24 volts).
• Válvulas de retenção

4 ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÓMICA

Um dos motivos que conduzem à opção de instalação de uma sistema de energia solar, consiste
em conseguir um benefício económico aproveitando a energia solar que chega gratuitamente ao
lugar de consumo. Assim, é necessário ter em conta a durabilidade e o funcionamento eficaz dos
sistemas por muito anos.
Vai ser efectuada uma análise da viabilidade económica da instalação projectada quando
comparada com a instalação de vulgares esquentadores das águas quente sanitárias.

O custo estimado da instalação solar é de 19 432, 45 €, a fracção solar obtida pelo software
SOLTERM é de 70%, e a energia necessária para aquecimento de AQS anual é de 9367 KWh/ ano
= 33 721, 20 MJ/ano.
Admitindo que o rendimento do equipamento é de 70%, temos:

η =E útil /E forn

Logo a energia a fornecer para AQS pelos esquentadores é de 13 381,4KWh/ ano. Sabendo que:

Equivalência Preço (kg ou


Combustível
Energética m3)
Gás natural 10,53 kWh/m3 0,75 € /m3

Gasto anual em euros de gás natural por ano será de (13 381,4/10,53)∗0,75 = 953 €. Admitindo
que o gasto estimado para uma instalação de esquentadores ronda os 7500€.
E o gasto anual em gás com sistema solar é de 147 €. Logo há uma poupança de 806 € em gás
por ano.

No gráfico de baixo é possível constatar a diferença de gasto de gás ao longo do ano. Como era
de esperar nos meses mais quentes o consumo de gás é quase nulo.

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Projecto de Sistema Solar Térmico
Edifício Multifamiliar

Consumo de gás com Sistema solar


Consumo de gás com esquentador
90,0 €

80,0 €

70,0 €

60,0 €
Custo (€)

50,0 €

40,0 €

30,0 €

20,0 €

10,0 €

0,0 €
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

5 ENSAIOS E EXPRIÊNCIAS

Será fornecida toda a mão-de-obra e aparelhagem necessária à execução, antes da recepção


provisória dos ensaios seguidamente discriminados:

• Ensaios hidráulicos
Antes ou depois de instalados, conforma os casos, deverão os diversos equipamentos e tubagens
ser submetidos a ensaios hidráulicos comprovativos da sua resistência às pressões a que possam
estar sujeitos.
A pressão de ensaio não poderá ser inferior a 1,5 vezes a máxima pressão a que possam estar
submetidos os equipamentos ou as tubagens, no mínimo de 13 Kg/cm².

• Ensaios de estanquecidade e primeiro ensaio de circulação


As instalações serão submetidas durante 12 horas, pelo menos a um ensaio de pressão hidráulica
igual a uma vez e meia a máxima pressão a que possam estar submetidas, no mínimo de 13
Kg/cm² sem que se note qualquer defeito de resistência ou fuga.

• Segundo ensaio de circulação e lançamento da instalação


Concluídos todos os trabalhos de montagem e em data a definir pela Fiscalização, por-se-à em
funcionamento, durante seis dias todas as instalações.
Durante esse período, cujos ensaios decorrem sob exclusiva responsabilidade do adjudicatário,
iniciar-se-á, se possível, a instrução do pessoal técnico.

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Projecto de Sistema Solar Térmico
Edifício Multifamiliar

6 PLANO DE MANUTENÇÃO

A correcta manutenção de uma instalação solar é a única garantia que os utilizadores do sistema
têm de que este terá sempre o rendimento projectado e que terão o retorno do seu investimento
no prazo esperado.
A manutenção de todo o sistema deverá ser efectuado por pessoal especializado, contudo caso
algum dos utilizadores verifique alguma anomalia ou perda de rendimento da sua instalação
deverá de imediato contactar a empresa responsável pela manutenção.
O técnico responsável pela manutenção da instalação deverá efectuar periodicamente as
seguintes funções:
• Comprovar periodicamente a pressão do circuito, de preferência com o sistema frio
• Manobrar a válvula de segurança para evitar que fique colada, pelo menos
trimestralmente
• Verificar se o sistema tem ar, assegurando o seu enchimento e a pressurização com fluido
com a mesma percentagem de etilenglicol do referenciado no projecto
• Comprovar se as válvulas da instalação funcionam correctamente
• Comprovar se as sondas de temperatura funcionam e que o controlo diferencial arranca e
o _T de arranque e de paragem são os pretendidos
• Inspeccionar visualmente
- Os revestimentos dos isolamentos situados à intempérie
- Estado do campo de colectores (estanquidade à chuva, vidros partidos, deformação das
caixas de colectores, corrosão, fugas de fluído, etc.)
A manutenção rotineira deste tipo de instalações é ditada pelo tipo de manutenção de cada um
dos componentes. A manutenção é imposta também pela qualidade da água, nomeadamente no
que toca a incrustações de calcário e pela localização da instalação no que toca a poeiras em
suspensão, humidade, contaminantes, etc.).
Devido à variação destes parâmetros não se pode traçar um plano de manutenção genérico,
contudo pode-se de uma forma geral apresentar alguns procedimentos gerais a vários tipos de
instalações.

Component Frequênci
Intervenção Observações
e a (meses)
Com água e detergente. Realizar esta operação
Campo de
Limpeza 12 em horas de baixa insolação, ao amanhecer e ao
colectores
escurecer.
Recuperar partes da estrutura que apresentam
Estrutura 12 indícios de corrosão, lixar e pintar. Verificar o
aperto de estruturas

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Projecto de Sistema Solar Térmico
Edifício Multifamiliar

Inspecção visual. Substituir em caso de rotura.


Colectores Cobertura 6 Em caso de condensações acentuadas, verificar
o aperto dos parafusos.
Inspecção visual (aderência, deformações e
Juntas 6
degradação)
Inspecção para detectar escamação de pintura,
Placa focos de corrosão, deposição de corpos
6
absorsora estranhos e deformações. Substituir em caso de
fugas.
Tubagem 6 Inspecção visual para detecção de fugas
Inspecção visual para a detecção de
Caixa 6
deformações e oscilações
Comprovar uma vez por ano a sua densidade e
Circuito Fluído de
12 pH (indicando o seu estado de degradação -
primário circulação
pH<5 poderá implicar substituição )
60 Substituição de fluído de circulação
Efectuar provas de pressão a partir do segundo
24 (máx)
ano
Estanquidade 12 Inspecção visual
Isolamento 12 Limpar e confirmar correcto funcionamento
Purgadores
(automáticos 0,5 Esvaziar o ar acumulado
e manuai)
Bomba 12 Estanquidade e lubrificação
Limpeza, controlo de funcionamento e
Termostato 12
regulação. Utilizar sondas de temperatura
Vaso de
12 Comprovação de pressão
expansão
Permutador 60 Limpeza e inspecção
Serpentina 60 Limpeza e desincrustação
Circuito Válvula de
12
secundário corte Lubrificar e apertar
Válvula de Movimenta-las para evitar incrustação ou
12
segurança calcificação
Acumulação
24 (máx)
(depósitos) Verificar sistema de protecção corrosiva
Componente
Interruptores 12
s eléctricas Limpeza e aperto de bombas
Contadores 12
Controlo de funcionamento, Verificação da
Diferenciais 12
ligação à terra
Armário
12
eléctrico Limpeza

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Projecto de Sistema Solar Térmico
Edifício Multifamiliar

7 CONCLUSÂO

As vantagens de um sistema de aproveitamento solar para aquecimento de águas sanitárias,


permite poupança de combustíveis, menores valores a pagar pelos mesmos, um muito menor
ataque ao meio ambiente.
Existem muitos fabricantes de equipamentos e a cada ano que passa a tecnologia que envolve os
mesmos evolui, pelo que maiores rendimentos com equipamentos mais pequenos e baratos,
podem surgir a qualquer momento, tornando assim a energia solar térmica acessível a toda a
população.

8 PROJECTISTA

Porto, 07 de Julho 2008

______________________
Eng.ª Celina Cabete

ANEXO I

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ANEXO II

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ANEXO III

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ANEXO IV

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ANEXO V

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ANEXO VI

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