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Câmaras Frigoríficas – aplicação, tipos, cálculo da carga térmica e boas práticas

de utilização visando a racionalização da energia elétrica

1- Introdução
Introdução
As câmaras frigoríficas são compartimentos refrigerados, fechados,
isolados termicamente, no interior dos quais são mantidas as
condições termohigrométricas, isto é, de temperatura e de
umidade, mais adequados para a conservação dos gêneros
alimentícios. A manutenção das condições termohigrométricas
requeridas é provida por uma unidade de refrigeração,
eventualmente integrada por sistemas de aquecimento e
umidificação. Cada câmara frigorífica deve ser projetada para um
determinado fim, cuja carga térmica a ser retirada pelo
equipamento frigorífico e o período de tempo necessário do
processo são calculados criteriosamente.

2 - Aplicação

As câmaras frigoríficas de temperatura ao redor de 0°C e umidade relativa elevada, são utilizadas para a conservação
de gêneros alimentícios frescos por breves períodos de tempo.

As câmaras de baixa temperatura, caracterizadas por um elevado isolamento térmico, mantêm no seu interior as
baixas temperaturas necessárias para a conservação a longo prazo dos produtos congelados.

As câmaras de atmosfera controlada, a temperatura média - alta, são caracterizadas pela absoluta estanqueidade e
têm equipamentos aptos a produzir no seu interior atmosferas artificiais tais para prolongar a duração da conservação
de alguns produtos hortifrutigranjeiros.

As câmaras para o controle do amadurecimento dos produtos hortifrutigranjeiros são câmaras de refrigeração a
temperatura alta – média, de estrutura parecida àquela das câmaras de atmosfera controlada, no interior das quais
tenham as condições termohigrométricas que variam na atmosfera em função de ciclos preestabelecidos.

3 – Tipos

3.1 Câmaras em alvenaria

As câmaras em alvenaria apóiam-se em fundações perimetrais convencionais, no interior das quais se realiza uma
camada de pedras com sucessivo lançamento de concreto para a formação de um primeiro lastro.
Nas câmaras de média e alta temperatura, as paredes perimetrais são construídas diretamente sobre a fundação e o
material isolante é colocado entre a primeira e a segunda laje em concreto feita para evitar as solicitações localizadas
produzidas por empilhadeiras.
Nas câmaras de baixa temperatura, paredes perimetrais e camada isolante que estão por baixo do piso apóiam sobre
um lastro suspenso, construídos sobre uma camada de pedras que tem a função de uma câmara de ar. Este lastro
minimiza o risco de resfriamento do solo que está por baixo da câmara, que pode provocar deformações e rupturas do
piso.
As paredes em alvenaria tradicional, após reboco, é aplicada a barreira de vapor, que consiste numa camada
impermeabilizadora realizada por espalhamento de material betuminoso, eventualmente armado com um véu de fibra
de vidro.
Na barreira de vapor, que se estende no teto, são colocadas duas ou três camadas de material isolante de forma que a
espessura total seja adequada à temperatura interna da câmara e à temperatura externa.
Para melhorar a qualidade de isolamento é bom que as junções da camada inferior sejam recobertas com placas de
camada sucessiva (construção de placas defasadas).

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Em geral, os isolantes certos são aqueles que garantem impermeabilidade ao vapor, baixo coeficiente de dilatação
térmica, ausência de odores desagradáveis, apodrecimento, autoextinguibilidade, resistente a compressão, baixo peso
específico.

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3.2 Câmaras pré-moldadas:

As câmaras pré-moldadas, feitas em qualquer dimensão com o uso


de painéis isolante modulares, permitem tempo breves de construção
e economia nas fundações, na ampliação e na remoção.
Os longos tempos de construção e o alto custo das obras em
alvenaria contribuíram para a difusão das câmaras pré-moldadas,
construídas por painéis isolantes pré-moldados, com característica de
rigidez estrutural obtida com acoplamento do isolante propriamente
dito e camadas de revestimentos. Estes painéis são conectados entre
eles por meio de junções metálicas. As vantagens desta solução
construtiva são a rapidez da colocação e a possibilidade de
sucessivas ampliações.
Com estes tipos de painéis é possível também construir câmaras
frigoríficas de grande porte. As características auto-portante dos
painéis isolantes mudam segundo o tipo da construção.
Ultrapassando determinadas dimensões de painéis nascem
problemas de envergadura do teto que são solucionados com
estruturas metálicas externas ou internas.
A ampla disponibilidade de materiais de revestimento do painel
(existem painéis revestidos nos dois lados com chapa de aço inox),
permite a construção de câmaras frigoríficas que resistem às
intempéries com ótimas características de isolamento e
impermeabilidade.

Exemplo de câmaras pré-modulares com painéis de poliuretano (cortesia Dânica)

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3.4 Isolante Térmico para a construção da câmara

Na escolha do material empregado como isolante térmico para a construção da câmara frigorífica, devem-se considerar vários fatores,
além do econômico, tais como sua resistência a insetos e microorganismos, riscos de propagar fogo, poeira ou vapores indesejáveis,
partículas que possam irritar a pele, retenção de odores, resistência à decomposição e resistência à absorção de água. Os isolamentos
mais empregados são os de fixação de placas de isolamento em alvenaria com posterior acabamento da superfície, ou a utilização de
painéis construídos de uma placa interna do isolante na espessura desejada e prensada entre placas metálicas tratadas contra corrosão,
como descrito em Neves Filho (1994).

A propriedade de um material em diminuir o fluxo de calor é indicada por sua condutividade térmica ou, de forma inversa, sua
resistência térmica. A tabela abaixo relaciona algumas dessas propriedades, entre as quais está a densidade, que quanto maior, maior
será a resistência mecânica à compressão e maior resistência térmica.

Isolante Cortiça Fibra de vidro Poliestireno expandido Poliuretano expandido


Densidade (Kg/m3) 100 - 150 20-80 10-30 40
Condutibilidade térmica 0,032 0,030 0,030 0,020
(Kcal/mh°C)
Resistência à passagem de água Regular Nenhuma Boa Boa
Resistência à difusão de vapor, em 20 1,5 70 100
relação ao ar parado
Segurança ao fogo Pobre Boa Pobre Pobre
Resistência à compressão (Kgf/m2) 5.000 Nenhuma 2.000 3.000
Custo Relativamente alto Baixo Relativamente alto Alto
Fonte: Neves Filho (1994)

A cortiça e a fibra de vidro constam apenas como referência histórica, visto que a aplicação destes isolantes está praticamente
abandonada na refrigeração. A tecnologia moderna oferece uma ampla escolha de materiais isolantes, o mais conhecido dos quais para
isolamento em obras de alvenaria, é o poliuretano. Sua condutividade térmica está entre as mais baixas, enquanto sua resistência à
compressão é elevada, mesmo com um peso específico reduzido. Sua impermeabilidade é ótima e a resistência à propagação de chama
é boa., além de ser inodor e inalterável.

3.5 Espessuas de poliuretano expandido recomendadas

Abaixo segue como sugestão a espessura de poliuretano expandido com densidade de 25 à 30 Kg/m3 aconselhado para isolamento de
câmaras frigoríficas em climas tropicais.

Temperatura da Câmaras (°C) Espessura do poliuretano expandido (mm)


8 a 20 60
3a8 80
-5 a 3 100 – 120
-15 a –5 150
-20 a –15 180
-30 a –20 200
-40 a -30 240

4 - Cálculo de carga térmica

Quando o produto é resfriado ou congelado resultar-se-á uma carga térmica formada, basicamente, pela retirada de
calor, de forma a reduzir sua temperatura até o nível desejado. Já na estocagem do produto, a carga térmica é função
do isolamento térmico, abertura de porta, iluminação, pessoas e motores. No caso de frutas e hortaliças frescas deve-
se também levar em consideração o calor de respiração. No entanto, a parcela de calor retirada durante o resfriamento
ou congelamento é bem maior quando comparada com a de estocagem, exigindo um estudo mais cuidadoso da solução
a adotar. Assim, o cálculo de sua capacidade ou carga térmica envolve basicamente quatro fontes de calor:

• Transmissão de calor através das paredes, piso e teto;


• Infiltração de calor do ar no interior da câmara pelas aberturas de portas;
• Carga representada pelo produto;
• Outras fontes de calor como motores, pessoas, iluminação, empilhadeiras, etc.

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Transmissão de Calor: Iluminação:
. Piso . Tempo de utilização
. Paredes . Potência (W)
. Teto
Tipos de Revestimento:
. Poliuretano
. Poliestireno (isopor)

Produto a ser Armazenado: Calor de Ocupação: Infiltração de Calor


. Tipo de Produto (Ex.:Carnes, . Nº Pessoas . Entrada de ar externo
Verduras, Peixes) . Tempo dentro da Câmara . Nº abertura de portas
. Quantidade Diária . Tamanho da Câmara (m3)
Fig. 1 – Principais fontes de calor que se deve levar em consideração no cálculo de carga térmica de uma câmara frigorífica.

4.1 - Dados iniciais para o Projeto de uma câmara frigorífica

O primeiro passo para o dimensionamento de uma instalação vem a ser o desenvolvimento do processamento com as respectivas
implicações técnicas. A carga potencial da câmara determina-se conhecendo seu volume total, expresso em m3 e as densidades em
Kg/m3 dos produtos. As densidades de estocagem bruta, fornecidas
pelas tabelas experimentais, são pré-calculadas de forma a deixar livres
os espaços para a movimentação do produto e aqueles necessários à
distribuição e circulação do ar. Para maiores informações consultar a
tabela 7. Para a câmara frigorífica ou respectivo equipamento
frigorífico são apresentados os itens abaixo, que deverão ser
preenchidos da forma mais correta possível:

• Dimensionamento da câmara (m)


• Tubulação (distância e desnível)
• Tipo de isolamento térmico
• Espessura do isolamento
• Temperatura interna da câmara
• Temperatura ambiente do local de instalação
• Fator de utilização (abertura de portas - normal, intenso)
• Número de pessoas (operação) - tempo de permanência (horas)
• Iluminação - tempo de utilização
• Motores (potência em cv) - tempo de utilização (horas)
• Dados sobre o produto:
–tipo de produto
–temperatura de entrada
–carga do produto (kg) rotatividade
–tempo de processo (horas)

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4.2- Calculando as fontes de calor

Transmissão de calor (Q1):

O calor atravessa as paredes, o teto e o piso dos ambientes refrigerados, ocasionando diferença entre a temperatura da câmara e o ar
externo mais quente. A quantidade de calor depende da diferença de temperatura, do tipo de isolamento, da superfície externa das
paredes e do efeito de irradiação solar.

O cálculo sempre deverá ser feito levando-se em


consideração todas as paredes, teto e piso, conforme
abaixo: Parede 2
• Paredes = 2x(AxB)
• Paredes = 2 x ( C x B)
• Piso + Teto = 2 x ( A x C ) B
Parede 1
Equação da Transmissão de Calor nas paredes, teto e
piso:
Q1 = A x Fator Tabela 1
Onde:
Q1 = Quantidade de calor transferido C
A = Área da superfície externa da parede (m²) A
Fator Tabela 1 = Coeficiente total de transmissão de calor (kcal/m²
24h)

Determinando o Fator Tabela 1


• D.T. = Diferença de temperatura através da parede
• Tipo de isolamento (Isopor, poliuretano...)
• Espessura do isolamento (mm)

Exemplo de cálculo:
parede (largura) x (altura) x fator tabela 1 (isopor 100mm/D.T. 35°C) =
8 x 3 x 251 = 6024 kcal/24h

É importante considerar a possível proteção do local onde será instalada a câmara frigorífica contra a incidência dos raios solares. Por
exemplo, se for instalada no interior de um estabelecimento, sem receber raios solares diretamente, a temperatura será a de bulbo seco
da região. Caso contrário, deverá ser adicionado um valor, indicado na tabela 6, para compensar o efeito. Tal valor depende do tipo, cor
e orientação da parede.

Infiltração de Calor (Q2):

Cada vez que a porta da câmara frigorífica é aberta, o ar externo mais quente se infiltra na câmara e deve ser resfriado nas condições
internas, aumentando por conseqüência a carga térmica total.

Equação da Carga de infiltração (abertura de portas)


Q2 = V x N(Fator Tabela 2) x Fator Tabela 3
Onde:
Q2 = Quantidade de calor infiltrado
V = Volume da câmara (m³)
N = número de abertura de portas (Fator Tabela 2)
Fator Tabela 3 = ganho de energia por m³ de câmara, em função de temperaturas e umidade relativa interna e externa (kcal/m³)

Exemplo de cálculo:
volume x Fator Tabela 2 x Fator Tabela 3
120 x 8 x 25,2 = 24192 kcal/24h

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Ver tab.2

Toda vez que a porta é aberta ocorre


infiltração de calor:
Entrada de ar “quente” por cima.

Saída de ar “frio” por baixo

É fundamental a importância de uma anti-câmara ou emprego de uma cortina de ar apropriada ou de portas tipo impacto que possam
reduzir a carga de infiltração. Essa proteção seria da ordem de 80% para o tipo impacto e de 60% a 80% para cortinas de ar verticais.
(Neves Filho – Resfriamento de frutas e Hortaliças - 2002)

Calor dos Produtos (Q3):

Produto submetido à temperatura maior do que aquela interna (temp. do mesmo), numa câmara frigorífica cede calor até sua
temperatura baixar ao calor de conservação. A carga térmica total, conforme o produto, é variável por uma ou mais das seguintes
causas:

Equação para Carga do produto


Q3 = m x c x D.T.
Onde:
Q3 = Quantidade de calor do produto
m = massa do produto (kg)
c = calor específico
D.T. = temperatura de entrada - temperatura interna

Quando o produto tiver que ser congelado a alguma temperatura abaixo do ponto de congelamento, a carga é calculada em três partes:

• calor cedido antes do congelamento (Calor Sensível)


• calor cedido pelo produto em congelamento (Calor Latente)
• calor cedido pelo produto após congelamento (Calor Sensível)

a) Calor sensível do produto: a carga térmica sensível é função


do peso do produto ao qual se submete o tratamento, da variação
de temperatura do produto e do seu calor específico (que é a
quantidade de calor relativa ao resfriamento de 1ºC de 1Kg do
produto), equação: Qs = m . C (T2 - T1)

b) Calor latente do produto: a carga térmica latente é a


quantidade de calor relativa ao congelamento do produto, e é
função do peso do produto a congelar e do seu calor latente de
congelamento, equação: QL = m . L

c) Calor de respiração do produto: alguns produtos, como a


fruta fresca e as verduras, permanecem vivos durante a

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conservação na câmara, e estão sujeitos a continuarem com reações químicas que produzem calor de respiração.

Exemplo de cálculo do calor de respiração


Resfriar a verdura a partir de sua temperatura natural
Produto = alface
Quantidade (q) = 1000 kg
Temperatura inicial (tO) = 25ºC
Temperatura final (tF)= 4ºC

Calor específico da alface antes do ponto de congelamento (cAC)=0,96 kcal/kg ºC


Calor de respiração da alface (cResp.)= 0,65 kcal/kg

Cálculo:
Redução da Temperatura de 25ºC para 4ºC (Calor Sensível)
Calor Sensível= q X (tO - tF) x cAC = 1000 x (25 – 4) x 0,96 = 20.160 kcal
Calor de Respiração
Calor Respiração= q X cResp = 1000 x 0,65= 650 kcal
Total real = 20.160 + 650 = 20.810 kcal

Outras Fontes de Calor que devem ser levadas em consideração no projeto da câmara frigorífica:

A energia dissipada no espaço refrigerado, como a proveniente das pessoas (ocupação), da iluminação, das embalagens, dos motores
dos ventiladores ou empilhadeiras deverá ser criteriosamente calculada. Tais valores exigem um cuidado especial em função da forma
de utilização ou avanços tecnológicos alcançados.

Carga de ocupação (Q4)

As pessoas, em especial os camaristas, também dissipam calor para o ambiente, dependendo do tipo de movimentação, temperatura,
roupa, etc. A tabela 5 apresenta alguns valores do calor equivalente por pessoa em função da temperatura da câmara.

Equação da carga de ocupação


Q4 = N° de pessoas x Fator Tabela 5 x Tempo de permanência

Exemplo de cálculo:
N° de pessoas x Fator Tabela 5 x Tempo de permanência
3 x 233 x 2 = 1398 kcal/24h

Carga de iluminação (Q5)


O tipo de lâmpada e o tipo de luz podem resultar em cargas térmicas apreciáveis. De acordo com o tipo a ser empregada, a carga
térmica no interior da câmara será menor para os de sódio, pouco menor quando se trata de vapor de mercúrio ou fluorescente, sendo
praticamente o dobro no caso de incandescente.

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Equação para a carga de Iluminação:
Q5 = P x 860 (kcal/h) x Tempo de utilização
Onde:
Q5 = Quantidade de calor devido a iluminação
P = Potência (KW)
860 kcal/h = Fator de conversão KW/kcal

Exemplo de cálculo:
P x 860 x Tempo de utilização
0,1 x 860 x 2 = 172 kcal/24h

Carga devido aos Motores (Q6)


Esta é a carga produzida pelos ventiladores dos evaporadores com convecção forçada, somente não é levada em consideração quando se
trata de um evaporador estático.

Equação para a carga devido aos motores:


Q6 = N x 632,41 (kcal/h) x Tempo de utilização
Onde:
N = potência dos motores (CV)
632,41 kcal/h = Fator de conversão CV/kcal

Carga de embalagem (Q7)


Pela experiência, esta carga é aplicada apenas quando a quantidade de material utilizado na embalagem representar um valor maior que
10% do peso bruto que entra na câmara. Abaixo temos os calores específicos de alguns materiais de embalagens:

Tipo de Embalagem Calor específico (Kcal / kg ºC)


Alumínio 0,2
Vidro 0,2
Ferro ou Aço 0,1
Madeira 0,6
Papel Cartão 0,35
Caixa de plástico 0,4 (peixe ou cerveja)

Equação para a carga de embalagem:


Q7 = m x c x D.T.
Onde;
m = massa do produto
c = calor específico da embalagem
D.T. = Temperatura de entrada - interna

Carga Térmica Total

Somando-se o calor calculado em cada item, será obtida a carga total requerida, ou seja, o calor que deverá ser removido
diariamente da câmara frigorífica para manter nela a temperatura de projeto.

• Qt = Q1 + Q2 + Q3 + Q4 + Q5 + Q6 + Q7

Exemplo:
Qt = 150.000 kcal/24h
Fator de Segurança (10%)
Qt = 150.000 kcal/24h x 1,10
Qt = 165.000 kcal/24h

Cálculo da carga térmica horária:

Tendo em vista o tempo usado pelas indispensáveis operações de degelo e para consentir ao compressor as oportunas pausas de
funcionamento, a unidade de refrigeração deverá ter condições de absorver o Qt num número de horas não superior às 20h.

Capacidade de equipamento requerido


(supondo 20 horas de funcionamento do sistema em função de paradas para degelo por exemplo...)

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Qr= Qt (Kcal/24) / 20 (h/24h) = (Kcal/h)

Então do exemplo acima termos:


•Qr = 165.000 kcal/20h
•Qr = 8.250 kcal/h

Lembrando sempre que a carga térmica para resfriamento e congelamento dos gêneros alimentícios é muito elevada quando comparada
à carga térmica para conservação de produtos “pré- resfriados ou pré-congelados”. Lamentavelmente em muitas instalações frigoríficas
de supermercados, muitos produtos são colocados ainda “quentes” em câmaras de conservação de produtos resfriados ou congelados,
neste caso o produto quente aumentará a temperatura da câmara, resultando-se, em dois efeitos indesejáveis: o produto já estocado será
afetado pela maior temperatura, sendo o resfriamento ou congelamento do produto que entra será muito lento.

4.3 - Exemplo de cálculo de carga térmica para uma câmara de conservação de produtos resfriados:

Dados Preliminares 3m
• Temperatura externa: 35ºC
• Temperatura interna: -1ºC
• Umidade relativa: 60%
• Dimensões internas: larg. 3m; comp. 2m; alt. 2m Transmissãode calor pelas
• Tensão disponível: 220V, 1 fase
paredes, Tetoe Piso:
• Material da câmara: painel pré-fabricado
• Isolamento: poliuretano painel 100mm 2m Delta T=(T. Ext. – T. Int.),
• Produto: carne bovina magra fresca ouseja:
• Embalagem: sim (papelão, plástico, etc) [35°C– (-1°C)]= 36°C
• Movimentação diária: 600 kg/24h
• Ocupação Total: 3.000 kg 2m
• Presença de motor ou fonte de calor: sim (motor do evaporador)
• Temperatura de entrada do produto: 10ºC
• Número de pessoas: 1 permanecendo 3 horas

Transmissão de Calor
Delta T = 36ºC
• Piso: (larg.) x (comp.) x (fator tabela 1)
3x2x150 = 900 kcal/24h
• Parede: (larg.) x (alt.) x (fator tabela 1) x 2
3x2x150x2 = 1.800 kcal/24h
• Parede: (comp.) x (alt.) x (fator tabela 1) x 2
2x2x150x2 = 1.200 kcal/24h
• Teto: (larg.) x (comp.) x (fator tabela 1)
3x2x150 = 900 kcal/24h

Infiltração de Calor
• Volume: (larg.) x (comp.) x (alt.) x (fator tabela 2b) x (fator tabela 3)
3x2x2x22x25,6 = 6758,4 kcal/24h

Carga térmica do produto (temperatura conservação = -1ºC)


• (Moviment. Diária) x (Redução de temp.) x (calor esp. AC–tab.4, col.3)
600 kg/24h x 4ºC x 0,77 kcal/kgºC = 1.848 kcal/24h

Pessoas (Calor de ocupação)


• (nº de pessoas) x (fator tabela 5) x (horas reais)

10
1 x 233 kcal x 3 = 699 kcal/24h

Iluminação ( 10 Watts por m²)


• (larg.) x (comp.) x (10) x (horas reais) x (fator de conversão)
3 x 2 x 10 x 3 x 0,86 = 154,8 kcal/24h

Dimensionamento

Total diário = carga térmica diária + carga térmica do produto + pessoas + iluminação
Total diário = 14.260 kcal/24h
Total diário : 20h = 713 kcal/h
Fator de segurança (10%) = 71 kcal/h

Total Final = 784 kcal/h

4.4- Exemplo de cálculo de carga térmica para uma câmara de conservação de produtos congelados:

Dados Preliminares
• Temperatura externa: 35ºC
• Temperatura interna: -18ºC
• Umidade relativa: 60%
• Dimensões internas: larg. 3m; comp. 4m; alt. 2,5m
• Tensão disponível: 220V, 3 fases
• Material da câmara: painel pré-fabricado
• Isolamento: painéis de EPS (isopor) 200mm
• Produto: peixe já congelado
• Embalagem: sim
• Movimentação Diária: 3.000 kg/24h
• Ocupação Total: 7.500 kg
• Presença de motor ou fonte de calor: sim
• Temperatura de entrada do produto: -8ºC
• Número de pessoas: 2 permanecendo 3 horas

Transmissão de Calor
Delta T = 53ºC
• Piso: (larg.) x (comp.) x (fator tabela 1)
4x3x190 = 2.280 kcal/24h
• Parede: (larg.) x (alt.) x (fator tabela 1) x 2
4x2,5x190x2 = 3.800 kcal/24h
• Parede: (comp.) x (alt.) x (fator tabela 1) x 2
3x2,5x190x2 = 2.850 kcal/24h
• Teto: (larg.) x (comp.) x (fator tabela 1)
4x3x190 = 2.280 kcal/24h

Infiltração de Calor
• Volume: (larg.) x (comp.) x (alt.) x (fator tabela 2b) x (fator tabela 3)
4x3x2,5x13x35,3 = 13.767 kcal/24h

Carga térmica do produto (temperatura conservação = -1ºC)


• (Moviment. Diária) x (Redução de temp.) x (calor esp. AB –tab.4, col.4)
3.000 kg/24h x 8ºC x 0,45 kcal/kgºC = 10.800 kcal/24h

Pessoas (Calor de ocupação)


• (nº de pessoas) x (fator tabela 5) x (horas reais)

11
2 x 338 kcal x 3 = 2.028 kcal/24h

Iluminação (10 Watts por m²)


• (larg.) x (comp.) x (10) x (horas reais) x (fator de conversão)
3 x 4 x 10 x 3 x 0,86 = 309,6 kcal/24h

Dimensionamento

Total diário = 38.114,6 kcal/24h


Total diário : 20h = 1.905 kcal/h
Fator de segurança (10%) = 190 kcal/h

Total Final = 2.095 kcal/h

5 - Boas práticas para utilização das câmaras frigoríficas visando a racionalização de energia elétrica

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Assim como nos balcões frigoríficos, deve-se evitar a entrada de produtos “quentes” nas câmaras
frigoríficas, a grande maioria dos projetos de câmaras frigoríficas para supermercados é para produtos “pré –
resfriados” e “pré – congelados”, sendo assim, as câmaras terão apenas que conservar os produtos que
necessariamente terão que entrar com a temperatura próxima àquela que deve ser mantida;
Evitar ultrapassar a capacidade máxima de armazenagem dos produtos ao qual a câmara foi dimensionada;
Evitar misturar os produtos a serem conservados no interior das câmaras; cada produto possui uma
temperatura de conservação diferente do outro;
Luzes internas deverão ser apagadas quando as câmaras não estivarem sendo utilizadas;
As portas das câmaras devem estar fechadas o máximo possível, uma prática errada é a de deixar a porta
de uma câmara frigorífica aberta por períodos longos. Esta prática não só cria problemas para o conteúdo da
câmara pela entrada de ar quente e úmido, mas também provoca o acumulo de gelo no evaporador. Por
outro lado, esse gelo excessivo impede o sistema de refrigeração de funcionar com 100% de eficiência até o
próximo período de degelo.
Em situações onde as portas das câmaras não podem ficar fechadas, uma boa saída é a instalação de
cortinas de PVC que excluirá a necessidade constante da reposição do frio, reduzindo o consumo de energia
já que a perda é mínima;
Evitar obstruir a circulação do ar na saída dos evaporadores, além de não garantir a uniformidade da
temperatura no interior da câmara, provocará também um maior acúmulo de gelo no evaporador;
Ajustar corretamente a duração e os intervalos de degelo;
Sempre observar se não há acúmulo de gelo no evaporador, havendo resistência elétrica queimada, a
mesma deverá ser substituída com urgência, caso contrário poderá haver retorno de líquido na sucção do
compressor;
Evitar que a água do degelo fique no interior da câmara, pois além de ocupar área útil no interior da câmara
com o acúmulo do gelo no piso, o mesmo fica escorregadio podendo provocar acidentes e também o
sucessivo bloqueio de gelo no evaporador ocorrerá facilmente, etc.

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5.1 Abaixo aparecem algumas situações de pouco caso na utilização das câmaras frigoríficas, situações adversas que vão desde a
falta de arrumação dos produtos, a falta de limpeza dos evaporadores, resistência de degelo queimada, dreno de bandeja
entupido, borracha da porta danificada, falta de ventilador no evaporador, :

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19
20
21
22
23
Tabela 7

Alessandro da Silva

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BITZER Compressores Ltda
- Application Engineering -
Tel. (5511) 4617- 9138
Fax. (5511) 4617 -9143
Mobile (5511) 9196-1806
alessandro.silva@bitzer.com.br
aplicacao@bitzer.com.br
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