Você está na página 1de 143

Projecto de Engenharia Química e de

Bioprocessos

Estimativa do Investimento e
Avaliação Económico-Financeira do
Projecto de uma Nova Fábrica

João Miranda Reis

Novembro de 2022

PEQB 1
NOTA 1

Este documento contém os slides de apoio às aulas teóricas sobre Estimativa do Investimento e
Avaliação Económica, da disciplina de Projecto de Engenharia Química e de Bioprocessos.

Não está completo sem os comentários e explicações dados nas aulas em que foram usados,
pelo que não devem ser utilizados como elemento exclusivo de estudo e orientação por parte
dos alunos, que devem recorrer às referências bibliográficas indicadas e a outras fontes de
informação, conforme a especificidade da matéria ou aos esclarecimentos do docente que
acompanha a realização do seu trabalho.

PEQB 2
NOTA 2

Este capítulo da matéria abrange um conjunto de conceitos de Avaliação Económico-Financeira


de Projectos, aplicados à avaliação do investimento numa nova fábrica da Indústria Química.
Não pretende ser um curso sobre Avaliação Económico-Financeira de Projectos de Investimento
nem um Manual de Finanças Empresariais ou de Contabilidade, embora recorra a vários
conceitos comummente utilizados nestas áreas.

Neste contexto, os conceitos apresentados são apenas os necessários para os alunos da


disciplina realizarem a Avaliação Económico-Financeira dos Projectos de Investimento nas
unidades industriais objecto do seu trabalho. Em alguns casos os conceitos foram simplificados
(ex.: detalhe das Demonstrações de Resultados ou cálculo do WACC), de modo a facilitar a sua
aplicação. Estas simplificações são aceitáveis para o nível de conhecimentos e entendimento
que se pretende que os alunos atinjam, no final da disciplina, sobre essas matérias.

PEQB 3
Índice Página
1. Enquadramento e principais aspectos a abordar na Avaliação Económico- 5
Financeira
2. Estimativa do Investimento
1. Estimativa do custo do Equipamento Base 9
2. Métodos para a estimativa do investimento numa nova fábrica 26
3. Conta de exploração previsional
1. Estimativa do custo de produção 51
2. Demonstração de Resultados 63
4. Cash flow previsional 88
5. Plano de Financiamento 108
6. Análise de viabilidade económico-financeira e análise de sensibilidade 115
7. Bibliografia 140

PEQB 4
1. Enquadramento e principais aspectos a abordar na
Avaliação Económica

PEQB 5
Enquadramento de Projecto I e PEQB no projecto de uma nova fábrica

ESTUDOS DE ENGENHARIA

PROJECTO I
Selecção da Construção
Projecto de Testes e
Tecnologia de
Engenharia Fornecimento Arranque
Fabrico
e montagem

Análise de PEQB
Exploração
Mercado

Análise de
Contas de
Estimativa do Plano de Viabilidade
Exploração
investimento Financiamento Económico-
Previsionais
Financeira

ESTUDOS ECONÓMICO-FINANCEIROS

PEQB 6
Principais questões a abordar na Avaliação Económica
1. Qual o investimento necessário para construir a Plano de investimento inicial
fábrica?

2. Qual o capital necessário para operar a fábrica? Capital Circulante

3. Qual a origem do financiamento? Estrutura de Capitais

4. Qual o custo a que o produto será fabricado? Custo de Produção

5. Qual o preço de venda (novos produtos)? Preço de Venda

6. Quais os fluxos financeiros e os resultados que a Conta de Exploração e Cash


exploração da fábrica irá originar? flows Previsionais

7. Qual a viabilidade e rentabilidade esperadas do Análise de rentabilidade


investimento?

8. Quais as variáveis críticas para a rentabilidade do Análise de sensibilidade


investimento e os riscos associados?

PEQB 7
A Estimativa do Investimento, o Plano de Financiamento e a Conta de Exploração
Previsional servirão de base à Análise da Rentabilidade esperada do investimento

Estimativa de Plano de
Plano de Financiamento
Investimento Exploração
• Estimativa do investimento • Origem dos capitais • Demonstrações Financeiras
em terrenos, construção, necessários ao investimento Previsionais (Demonstração
equipamento base, - Capitais Próprios de Resultados previsional,
ferramentas, activos não sendo necessários os
intangíveis (ex.: projecto, - Capitais Alheios Balanços previsionais).
licenças), capital circulante e • Corresponde à previsão de
juros intercalares durante a receitas e custos anuais, ao
fase de construção. longo da vida útil do Projecto
• Calendarização do (10 anos).
investimento, em função do • Permite estimar o cash-flow
Projecto de Engenharia. de operação.

Análise de Rentabilidade

PEQB 8
2. Estimativa do Investimento

1. Estimativa do custo do Equipamento Base

PEQB 9
ESTUDOS DE ENGENHARIA

Selecção da Construção
Projecto de Testes e
Tecnologia de
Engenharia Fornecimento Arranque
Fabrico
e montagem

• Equipamento Base
Análise de • Capital Fixo Exploração
Mercado
• Capital Circulante
• Juros intercalares

Análise de
Contas de
Estimativa do Plano de Viabilidade
Exploração
investimento Financiamento Económico-
Previsionais
Financeira

ESTUDOS ECONÓMICO-FINANCEIROS

PEQB 10
Dados necessários para estimar o Capital Fixo

• Para se estimar o investimento fixo de uma nova fábrica da indústria, com algum grau de
aproximação, é necessário conhecer os custos do Equipamento Base da fábrica.
• O Equipamento Base é todo o equipamento que faz parte do processo de fabrico, desde os
tanques de matérias-primas até à armazenagem do produto final.
• Para estimar o custo do Equipamento Base é necessário dispor de:
– Flowsheet
– Balanços mássicos e de energia aos equipamentos;
– Dimensionamento dos equipamentos;
– Materiais de construção.
• A forma mais precisa de estimar o custo de um equipamento é a consulta aos fornecedores.
– Contudo, tal não é prático nem razoável no âmbito de um trabalho académico.

PEQB 11
Fontes de informação para estimativa do custo do Equipamento Base (1/2)

1. Propostas dos fornecedores


– Mais precisas
- Baseadas em informação específica
- Requerem um progresso significativo no projecto de engenharia (projecto de detalhe
e folhas de especificação)

2. Utilizar preços anteriores de equipamentos semelhantes e ajustar em função do tempo


decorrido e da capacidade do equipamento
– Razoavelmente precisas
- Cuidado com extrapolações “exageradas”
- Ter em atenção as taxas de câmbio, se for o caso

3. ASPEN
– Consultar o módulo do ASPEN que proporciona estimativas de investimento - Aspen
Capital Cost Estimator (ACCE)

PEQB 12
Fontes de informação para estimativa do custo do Equipamento Base (2/2)

4. Usar gráficos com estimativas de custos em função da capacidade e material de


construção e ajustar para o tempo decorrido
– Menos precisas
– Convenientes – disponíveis em livros de referência e em artigos de revistas
especializadas

5. Sites na internet
– Grau de precisão variável, mas tipicamente estimativas de ordens de grandeza
– Em alguns casos baseados nos gráficos em função da capacidade e do material
– www.matche.com
– http://www.mhhe.com/engcs/chemical/peters/data/ - site da McGraw com um simulador
em Excel baseado no Peters e Timmerhaus
– Venda de equipamento/ fábricas em 2ª mão
- http://www.lcecplants.com
- http://www.ippe.com

PEQB 13
Encontram-se várias fontes com os preços por tipo de equipamento, em função
de uma dimensão característica desse equipamento
Exemplo para permutadores de calor
Verificar sempre a data a que
se refere o gráfico

Preço do permutador =
Valor do gráfico x Factor de Pressão x
Factor do Tipo de Permutador

PEQB 14
Ajustamento do efeito da escala (capacidade) no custo do equipamento

Expoente
de custo • n tipicamente entre 0,4 e 0,8
• Frequentemente n=0,6, razão pela
n Parâmetro da
CA ! A A $ qual se designa esta regra pela regra
= ## && capacidade do dos 6 décimos
CB " AB % equipamento
• Na ausência de um expoente
específico para o tipo de equipamento,
Custo
pode ser usado por defeito o valor 0,6
• É importante que o tipo e material de
Cb construção do equipamento sejam os
Ca=kAan em que k= mesmos e que as condições de
Anb operação sejam semelhantes

PEQB 15
Exemplo – estimativa do custo de um permutador de calor

• Uma nova fábrica encomendou


0.44
um permutador de cabeça Ca ! 50 $
flutuante, com uma área de =# & = 67.816
transferência de calor de 100 m2.
92.000 " 100 %

• O custo foi de 92.000 USD.


0.60
Ca ! 50 $
• Qual seria o custo de um =# & = 60.697
permutador para um serviço 92.000 " 100 %
semelhante, se a área de
transferência fosse 50 m2 e
n=0,44? • O erro relativo teria sido 11,7%, o
que se encontra dentro da
• Qual o erro da estimativa se se margem de erro admissível no
usasse n=0,6? tipo de estimativas em PEQB.

PEQB 16
A economia de escala reflectida na regra de Williams

• Qual o aumento no custo de um equipamento que se verifica quando a sua capacidade


duplica?

0.60
CA ! 2 $
=# & = 1,52 O custo aumenta 52%
CB " 1 %

QUANTO MAIOR O EQUIPAMENTO,

MENOR O CUSTO POR UNIDADE DE CAPACIDADE

PEQB 17
Expoentes de custo para alguns equipamentos de processo

Fonte: Analysis, Synthesis, and Design of Chemical Processes, 4th ed, by R. Turton et. al., 2012 Pearson Education
PEQB 18
Efeito do tempo sobre o custo dos equipamentos e instalações

• À medida que o tempo passa, o custo aumenta (inflação)


• O efeito da inflação é medido através de índices de custo • Estes índices são calculados
para o mercado americano.
• Os índices de custo mais comuns e universalmente utilizados, Idealmente deveriam ser
publicados na contra-capa de cada numero da revista usados índices que
Chemical Engineering são: reflectissem a inflação local
– Chemical Engineering Plant Cost Index (CEPCI) – para dos diversos factores de custo.
actualizar os preços de instalações completas
• Na ausência de índices locais,
– Marshall and Swift Process Industry Index – para são uma aproximação
actualizar os preços de equipamentos razoável.
• O CEPCI é baseado num pacote de produtos e serviços típico • Não devem ser usados para
para a construção de fábricas da indústria química actualizações a mais de 10
• Outros índices especializados são: anos, pois não têm em conta a
evolução tecnológica e as
– Nelson-Farrar Refinery Construction Index condições locais.
– Engineering News Record Construction Index

PEQB 19
Composição do índice CEPCI

Componentes do índice Peso (%)


Equipamento, maquinaria e estruturas de apoio
(a) Equipamento fabricado (metalomecânica) 37
(b) Equipamento de processo 14
(c) Tubagem, válvulas e acessórios 20
(d) Instrumentação e controlo 7
(e) Bombas e compressores 7
(f) Equipamento e material eléctrico 5
(g) Estruturas de suporte, isolamentos e pintura 10
100 (61% do total)
Montagem e mão-de-obra de montagem 22
Edifícios, materiais e mão-de-obra 7
Engenharia e supervisão 10
TOTAL 100
Fonte: Analysis, Synthesis, and Design of Chemical Processes, 4th ed, by R. Turton et. al., 2012 Pearson Education
PEQB 20
Evolução dos índices de custo habitualmente usados para actualizar custos de
equipamentos

Fonte: Analysis, Synthesis, and Design of Chemical Processes, 4th ed, by R. Turton et. al., 2012 Pearson Education
PEQB 21
Exemplo de actualização da estimativa de preço para o mesmo tipo de
equipamento

O custo de um reservatório em 1998 foi 25.000 USD.


Qual seria o custo do mesmo equipamento em Outubro de 2010 (CEPCI =
582)?

C2010 ! I2010 $ ! 583 $


= ## && C2010 = # & × 25.000 = 37.372
C1998 " I1998 % " 390 %

PEQB 22
Exemplo de aplicação dos índices para ajustamento do tempo decorrido e da
capacidade (1/2)

• 2 permutadores de calor, 1 comprado em 1990 e outro em1995 para o mesmo


serviço, com as seguintes áreas de transferência e custos
A B
Área 70 m2 130 m2
Data 1990 1995
Custo 17 K 24 K
Índice 358 381

• Qual o custo estimado de um permutador idêntico com 80 m2 em 2010 (I =


582)

PEQB 23
Exemplo de aplicação dos índices para ajustamento do tempo decorrido e da
capacidade (2/2)

1 Actualização do custo de A para 1995 3 Actualização do custo de B para 2010

C1995 ! I1995 $ " 381 % C2010 ! I2010 $ " 582 %


= ## && C1995 =17 × $ ' = 18,1 = ## && C2010 =24 × $ ' = 36,7
C1990 " I1990 % # 358 & C1995 " I1995 % # 381 &

Ajustamento para a capacidade (com


2 Cálculo do expoente n 4
base em A ou B)
n 0,46
!
CA A A $ !C $ !A $ C80 ! 80 $
=#
# & ⇔ log # A & =n × log # A& =# &
CB " AB &% #C &
" B%
#A &
" B% C130 " 130 %
! 80 $0,46
! 24 $ ! 130 $ C80 =C130 # & =36,7 x 0,799=29,3
log# & = n × log# & ⇔ n = 0,46 " 130 %
" 18,1% " 70 %
! 582 $ ! 80 $0,46
C80 = C70 x # &x # & = 17x1,63 x 1,063 = 29,5
" 358 % " 70 %

PEQB 24
Em alguns casos, pode ser necessário fazer o ajustamento do preço para a pressão
de operação do equipamento

• Os factores para ajustamento do custo de um equipamento em função da pressão foram


propostos pela 1ª vez por Guthrie1.
• O método proposto incluía vários factores de correcção (tipo de equipamento, material e
pressão).
• Nos casos em que for necessário, sugere-se a utilização dos factores para a corecção da
pressão, para ajustar estimativas feitas para a pressão atmosférica.

Factores para correcção da pressão para Reservatórios2

Pressão até
50 100 200 300 400 500 900 1000
(psig)
Fp
1,00 1,05 1,15 1,20 1,35 1,45 2,30 2,50

1 – K. M. Guthrie, "Capital Cost Estimating," Chem Eng., 76(6): 114 (March 24, 1969)
K. M. Guthrie, Process Plant Estimating Evaluation and Control, Craftsman Book Co., Solana Beach, Calif., 1974
2 – Ou vessels, em inglês, designação que abrange equipamentos como balões de refluxo, balões de flash, decantadores, reservatórios sob
pressão ou reactores.
PEQB 25
2. Estimativa do Investimento

2. Métodos para a estimativa do investimento numa


nova fábrica

PEQB 26
ESTUDOS DE ENGENHARIA

Selecção da Construção
Projecto de Testes e
Tecnologia de
Engenharia Fornecimento Arranque
Fabrico
e montagem

• Equipamento Base
Análise de • Capital Fixo Exploração
Mercado
• Capital Circulante
• Juros Intercalares

Análise de
Contas de
Estimativa do Plano de Viabilidade
Exploração
investimento Financiamento Económico-
Previsionais
Financeira

ESTUDOS ECONÓMICO-FINANCEIROS

PEQB 27
O investimento numa nova fábrica divide-se em 3 parcelas

• Capital Fixo • Capital Circulante


É o capital necessário para o É o capital necessário para fazer
projecto de engenharia da funcionar a instalação e assegurar
instalação, para a compra de todos o desenvolvimento normal das
os equipamentos de processo e e operações da empresa.
respectiva montagem, bem como
para a instalação das centrais de
utilidades necessárias.

• Juros Intercalares
Dado que o investimento será financiado, em parte, por capitais alheios
(empréstimo bancário), é necessário acrescentar ao investimento os juros do
empréstimo durante a fase de investimento.

PEQB 28
Podem ser efectuados diferentes tipos de estimativas do investimento, com
diferentes graus de precisão

1. Order-of-Magnitude Estimate 4. Definitive (Project Control) Estimate


(Feasibility) - + 15%, - 7%
– + 40%, - 20%
- PFD, P&ID, all vessel sketches,
– BFD, Process Modification equip. diagrams, preliminary
2. Study Estimate/ Major Equipment isometrics
– + 30%, - 20% 5. Detailed Estimate (Firm or
– PFD, Cost Chart Contractors)
3. Preliminary Design Estimate (Scope) - + 6%, - 4%
– + 25%, - 15% - Everything included – ready to go to
– PFD, vessel sketches, equipment construction phase
drawings

Fonte: Analysis, Synthesis, and Design of Chemical Processes, 4th ed, by R. Turton et. al., 2012 Pearson Education
PEQB 29
Classificação das estimativas de custos nas indústrias de processo

PEQB 30
A Gestão do Projecto é crítica, sobretudo em projectos de grande
dimensão
Exemplos de Projectos da Bechtel Investimento total (USD)
u Building and running a rail line between London and the u $4.6 billion
Channel Tunnel
u Expanding the Miami Airport in Florida u $2 billion
u Building 26 massive distribution centers in just two years u $1 billion
for the internet company Webvan Group
u Constructing 30 high-security data centers worldwide for u $1.2 billion
Equinix, Inc.
u Developing an oil pipeline from the Caspian Sea region u $850 million
to Russia
u Expanding the Dubai Airport in the UAE u $600 million
u Building liquid natural gas plants in Yemen and Trinidad u $2 billion
u Building a new subway for Athens u $2 billion
u Constructing a natural gas pipeline in Thailand u $700 million
u Building a highway to link the north and south of Croatia u $300 million

© 2011 Pearson Education, Inc. publishing as Prentice Hall PEQB


O Investimento Fixo engloba duas parcelas – os Custos Directos e os Custos
Indirectos

CUSTOS DIRECTOS
• Equipamento Base
Investimento
• Montagem
Fixo
• Tubagem
• Utilidades e serviços
• Instrumentação e Controlo
Capital • Terreno e preparação do terreno
Investimento • Edifícios
Circulante
• Instalações eléctricas
• Isolamentos térmicos

Juros CUSTOS INDIRECTOS


intercalares
• Projecto e fiscalização
• Despesas de empreitada
• Provisão para imprevistos
PEQB 32
Detalhe dos Custos Directos do Investimento Fixo (1/2)

Parcela do Investimento Descrição

1. Equipamento Base • Inclui todo o equipamento que se encontra nos P&I e


respectivos acessórios; o custo do transporte até ao local de
montagem, seguros, provisões para alterações eventualmente
necessárias durante a montagem e arranque.
2. Montagem do Equipamento Base • Inclui o custo com fundações, estruturas de suporte,
plataformas e mão-de-obra de montagem.
3. Tubagens • Inclui todas as tubagens e respectivos acessórios, dispositivos
de fixação, válvulas e respectiva montagem.
4. Utilidades e Serviços • Inclui o custo com as centrais e redes de distribuição de
utilidades, tais como central de vapor, água de arrefecimento,
água gelada, azoto, fluidos térmicos, tratamento de água, ar
comprimido e de instrumentos, tratamento de efluentes, central
eléctrica e rede de energia de emergência.
5. Instrumentação e Aparelhagem de • Engloba os custos de todos os elementos das cadeias de
Controlo controlo que figuram nos P&I (primário, transmissores,
controladores, alarmes, registadores, consolas dos
operadores), respectiva montagem e calibragem.

PEQB 33
Detalhe dos Custos Directos do Investimento Fixo (2/2)

Parcela do Investimento Descrição

6. Terreno e Preparação do Terreno • Inclui o custo do terreno, terraplenagens, escavações, muros,


rede viária e pavimentações.
7. Edifícios • Custo dos edifícios fabris em que se encontram os
equipamentos de processo; edifícios auxiliares como laboratório
de controlo de qualidade, armazéns, oficinas, edifícios
administrativos, cantina posto médico, etc..
Inclui os sistemas de distribuição de águas, AVAC
(aquecimento, ventilação e ar condicionado), iluminação,
comunicações, elevadores, equipamentos de protecção contra
incêndios, etc.
8. Instalações Eléctricas • Inclui os custos dos motores eléctricos, transformadores,
aparelhagem eléctrica de comando e protecção, cabos e
acessórios para a montagem de cabos, quadros eléctricos.
(Nota: a iluminação é considerada parte dos edifícios).
9. Isolamentos Térmicos • Inclui o custo dos materiais de isolamento, acessórios de
fixação, revestimentos de protecção e montagem.

PEQB 34
Detalhe dos Custos Indirectos do Investimento Fixo

Parcela do Investimento Descrição

1. Projecto e Fiscalização do • Inclui todos os custos relacionados com o projecto da fábrica –


Projecto cálculos de engenharia, desenhos, cadernos de encargos,
estimativas de custos, consultas aos fornecedores, análise de
propostas, encomenda de equipamentos, estudos de
implantação em 3D, despesas com empresas de engenharia,
viagens e estadas, gestão e controlo do projecto e fiscalização
da montagem.
2. Despesas de empreitada • Inclui as construções provisórias no estaleiro de montagem, tais
como edifícios administrativos para pessoal, oficinas, armazéns,
instalações eléctricas, estradas, linhas férreas, tubagens, etc.;
equipamento e ferramentas de construção e montagem,
ensaios de recepção de equipamentos, autorizações, impostos,
seguros.
3. Provisão para Imprevistos • “Reserva” para custos não previstos, tais como atrasos devido a
condições climatéricas adversas, greves, pequenas alterações
no projecto, alterações necessárias na fase de montagem,
subidas de preços não previstas e outros.

PEQB 35
O Investimento Fixo necessário a uma nova fábrica pode ser estimado através de
vários métodos, com diferentes graus de precisão (1/5)
1
Consiste na estimativa detalhada de todas as parcelas de custo e é usado para
estimativas definitivas (precisão na ordem de 5%).
•Equipamentos – propostas firmes de fornecedores.
Estimativa •Mão-de-obra – com base em estimativas das horas.Homem necessárias e no
detalhada custo/h.H.
•Terreno – com base na natureza das áreas necessárias, resultantes dos
projectos de detalhe.
•Edifícios – com base nos projectos de arquitectura e construção.

2
Também é usado em estimativas definitivas, embora menos rigoroso que o
anterior. Necessita dos P&I e folhas de especificação, sendo aplicado em fases
adiantadas do projecto.
•Equipamentos – estimados com base em propostas de fornecedores,
propostas antigas ou preços em gráficos de custo, actualizados.
Método 2
•Montagem – calculada como uma % do custo do equipamento.
•Outras parcelas dos custos directos (condutas, terrenos, edifícios,
equipamento eléctrico …) são calculadas com base em preços unitários. (Ex:
custo/m de tubagem instalada, €/m de isolamento).
•Custos Indirectos - calculados como uma percentagem dos custos directos.
PEQB 36
O Investimento Fixo necessário a uma nova fábrica pode ser estimado através de
vários métodos (2/5)

3
Utiliza-se em estimativas preliminares e estima as várias parcelas do
investimento fixo como percentagens do custo do Equipamento Base.

𝑰𝑭 = 𝑪𝑬𝑩 𝟏 + 𝒇𝟐 + ⋯ + 𝒇𝟗 + 𝑪𝑫 𝒇´𝟏 + 𝒇´𝟐 𝟏 + 𝒇´´

CDirectos CIndirectos
Método dos
Factores
f2,...f9 - Percentagens sobre o custo do Equipamento Base (EB), para calcular
as restantes parcelas dos Custos Directos do Investimento Fixo

f1' - Percentagem para o custo do projecto e respectiva fiscalização

f2' - Percentagem para o custo da empreitada

f '' - Percentagem sobre os custos directos e indirectos para calcular a


provisão para imprevistos

PEQB 37
Percentagens sobre o custo do Equipamento Base para estimar os Custos
Directos no Método dos Factores
Custos Directos Percentagem sobre o EB
Montagem do equipamento base 35% a 45%
Tubagens
• Instalação que apenas processa sólidos 10%
• Sólidos e fluidos 30%
• Só fluidos 65%
Utilidades e serviços • 30% a 80% (margem de erro é elevada)
• É aconselhável fazer estimativas mais aproximadas,
com base nas redes de utilidades efectivamente
existentes (ver slide seguinte)
Controlo 5% a 30%
Edifícios 5% a 70%
Terrenos e sua preparação Estimar com base em preços unitários
Instalações Eléctricas 10% a 15%
Isolamentos Térmicos 8% a 10%

PEQB 38
Percentagens recomendadas no Peters & Timmerhaus para as centrais de
produção de Utilidades e respectivas redes de distribuição

PEQB 39
Percentagens sobre o custo do Equipamento Base para estimar os Custos
Indirectos no Método dos Factores

Custos Indirectos Percentagem sobre o EB


Custo do Projecto e sua Fiscalização • 15% dos Custos Directos ou
• 30% do Custo do EB
Despesas de empreitada • 15% dos Custos Directos ou
• 30% do Custo do EB
Provisão para imprevistos • 10% a 20% da soma dos custos directos e
indirectos

PEQB 40
O Investimento Fixo necessário a uma nova fábrica pode ser estimado através de
vários métodos (3/5)

4
Neste método estima-se o investimento fixo multiplicando o custo do
equipamento base por um factor que é função da natureza física do processo:
• Instalações que apenas processam fluidos – 4.74
Método de
• Instalações que processam sólidos e fluidos – 3,63
Lang(6, 7, 8)
• Instalações que apenas processam sólidos – 3,10
Este método não tem em conta diferentes materiais de construção nem o efeito
da pressão no custo (por exemplo, nas tubagens)

5
Consiste no método de Lang, com um factor específico por tipo de equipamento

Método de
Lang
∑kiCi
If = ki - Factor de Lang por tipo de equipamento;
encontram-se tabelas com estes factores na
i literatura
“melhorado”
Ci - Custo do equipamento i
CEB = ∑ Ci
i
PEQB 41
O Investimento Fixo necessário a uma nova fábrica pode ser estimado através de
vários métodos (4/5)

6
• Baseia-se na relação, verificada empiricamente e que reflecte o efeito das
economias de escala, entre a razão entre o investimento fixo de 2 instalações
do mesmo produto e a razão entre as respectivas capacidade:

𝐈𝐅𝟏 = 𝐤𝑸𝟏 𝐧 𝑰𝑭𝟏 𝑸𝟏 𝒏


=
𝐈𝐅𝟐 = 𝐤𝑸𝟐 𝐧 𝑰𝑭𝟐 𝑸𝟐
Regra de • O expoente n pode der calculado se se dispuser de valores do investimento
Williams(16) fixo para 3 ou mais fábricas.
• Verificou-se estatisticamente que n≅0,7 para a média da indústria química,
valor que pode ser usado na ausência de dados específicos para um dado
produto.
• Este método não deve ser aplicado quando a razão entre as capacidades for
superior a 10 (soluções técnicas podem diferir).
• Se se utilizarem dados de investimento antigos, os mesmos deverão ser
actualizados pelo índice CEPCI.

PEQB 42
Expoentes da Regra de Williams para vários produtos químicos(17)

Produto Expoente Produto Expoente

Acrilonitrilo 0.60 Polimerização 0.58


Butadieno 0.68 Polipropileno 0.70
Cloro 0.45 Policloreto de vinilo 0.60
Etanol 0.73 Ácido Sulfúrico 0.65
Óxido de etileno 0.78 Estireno 0.60
Ácido clorídrico 0.68 Thermal Cracking 0.70
Peróxido de Hidrogénio 0.75 Ureia 0.70
Metanol 0.60 Acetato de Vinilo 0.65
Ácido Nítrico 0.60 Cloreto de vinilo 0,80
Fenol 0.75

PEQB 43
O Investimento Fixo necessário a uma nova fábrica pode ser estimado através de
vários métodos (5/5)

7
• Neste método considera valores de custos unitários de investimento (por
ton de capacidade instalada.
Método dos
custos 𝐈𝐅 = 𝒊𝑭 ×𝑸 em que if é o investimento unitário
unitários(18)
• Trata-se de uma simplificação, dado que o investimento unitário diminui à
medida que a escala da instalação aumenta.
8
𝑽𝒐𝒍𝒖𝒎𝒆 𝒂𝒏𝒖𝒂𝒍 𝒅𝒆 𝒗𝒆𝒏𝒅𝒂𝒔 𝒑×𝑸
𝐂𝐑 = ⇔ 𝑰𝑭 =
𝑰𝒏𝒗𝒆𝒔𝒕𝒊𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 𝑭𝒊𝒙𝒐 𝑪𝑹
Método do
Coeficiente de 𝐂𝐑 - Coeficiente de rotação de capital
Rotação de
Capital p - Preço de venda do produto Q - Capacidade da instalação
• CR = 1 na média da indústria química; <1 para a indústria química pesada
(pode ser 0,5) e > 1 para a indústria química ligeira (pode chegar a 10)

PEQB 44
O Capital Circulante engloba 6 parcelas

Investimento
Fixo CAPITAL CIRCULANTE
• Reserva de matérias-primas
• Produtos em vias de fabrico
Capital
Investimento • Reserva de produtos acabados
Circulante
• Condições de crédito oferecidas
• Condições de crédito obtidas
• Fundo de Maneio
Juros
intercalares

PEQB 45
Métodos de estimativa do Capital Circulante

Método Descrição

Percentagem sobre o volume anual • Todas as parcelas do CC estão relacionadas com as


de vendas vendas.
• Entre 10% e 30% para instalações novas.
Percentagem sobre o Investimento • Menos rigoroso
Fixo • Entre 10% a 20% para instalações novas.
• Entre 1% e 10% para alterações a instalações
existentes
Estimativa detalhada por parcela • Reserva de matérias-primas
(método mais preciso) • Produtos em vias de fabrico
• Reserva de produtos acabados
• Condições de crédito oferecidas
• Condições de crédito obtidas
• Fundo de Maneio

PEQB 46
Estimativa do Capital Circulante por parcela (1/2)

Parcela Descrição

1. Reserva de matérias-primas • Depende do consumo de matérias-primas e da respectiva forma de


abastecimento.
• Se o fornecedor não estiver na mesma zona, considera-se
habitualmente 1 mês de consumo ao preço de compra.
• Se o fornecedor estiver no mesmo complexo industrial, basta 2 a 3
dias de stock.

2. Produtos em vias de fabrico • É normalmente uma parcela pequena.


• Pode-se estimar multiplicando o ciclo de fabrico (tempo que as MP
levam a “atravessar” fábrica, geralmente algumas horas) pelo caudal
de entrada e valorizar a quantidade obtida a metade do custo de
fabrico.

3. Reserva de produtos fabricados • A quantidade desta parcela deve ser analisada caso a caso.
• Como média, pode-se considerar 1 mês de vendas ao preço de
venda e uma lógica semelhante à do stock de MP. Se houver um
cliente no mesmo complexo industrial, bastarão 2 a 3 dias de stock.
PEQB 47
Estimativa do Capital Circulante por parcela (2/2)

Parcela Descrição

4. Condições de crédito oferecidas • Serve para financiar o intervalo de tempo entre a entrega do produto
e o recebimento da respectiva factura. Depende do tipo de produto,
dos hábitos do mercado e da concorrência.
• Na falta de outra indicação, pode-se considerar 1 mês de produção
ao preço de venda.

5. Condições de crédito obtidas • Envolvem os valores relativos a matérias-primas (parcela mais


relevante), pessoal, serviços recebidos de terceiros, materiais
comprados, etc..
• Sem indicações específicas, pode-se considerar 1 mês de compras
ao preço de compra.

6. Fundo de maneio • Esta parcela destina-se essencialmente a fazer face a atrasos nos
recebimentos dos clientes ou a quedas nas vendas.
• Em geral considera-se 1 mês de produção ao custo de fabrico.

PEQB 48
Estimativa dos Juros Intercalares

• Conforme se verá adiante, um investimento da ordem de grandeza do investimento numa nova


fábrica (centenas de milhões de Euros) é geralmente efectuado com recurso, em parte, a
empréstimos bancários.
• É também habitual as instituições de crédito concederem um período de carência, no início do
investimento e enquanto o mesmo ainda não começou a gerar meios para pagar o empréstimo,
durante o qual a empresa beneficiária do crédito apenas paga juros e não faz reembolsos de
capital emprestado. Estes juros são os Juros Intercalares.
• Os Juros Intercalares são uma parte do designado serviço da dívida, que inclui:
– Os juros pagos anualmente sobre o capital em dívida;
– O capital reembolsado;
– O Imposto de Selo sobre os juros
• O período de carência corresponde, geralmente, ao prazo de realização do investimento. No
âmbito de PEQB considera-se que será de 3 anos.
• No slide seguinte encontra-se um exemplo da forma de cálculo do serviço da dívida.

PEQB 49
Os juros intercalares correspondem ao serviço da dívida durante os anos de
investimento, em que geralmente não se amortiza o capital

Metodologia de cálculo do serviço da dívida


Empréstimo*bancário 1*000*000
Nº*de*anos*de*reembolso 10
Taxa*de*juro*associada 4%
Nº*de*anos*de*carência 2

2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028
Capital'em'dívida'(início'período) 1'000'000 1'000'000 1'000'000 900'000 800'000 700'000 600'000 500'000 400'000 300'000 200'000 100'000
Taxa'de'Juro 4% 4% 4% 4% 4% 4% 4% 4% 4% 4% 4% 4%
Juro'Anual 40000 40000 40000 36000 32000 28000 24000 20000 16000 12000 8000 4000
Reembolso'Anual 0 0 100'000 100'000 100'000 100'000 100'000 100'000 100'000 100'000 100'000 100'000
Imposto'Selo'(4%) 1'600 1'600 1'600 1'440 1'280 1'120 960 800 640 480 320 160
Serviço'da'dívida 41'600 41'600 141'600 137'440 133'280 129'120 124'960 120'800 116'640 112'480 108'320 104'160
Valor'em'dívida'(final'do'período) 1'000'000 1'000'000 900'000 800'000 700'000 600'000 500'000 400'000 300'000 200'000 100'000 0

2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023


Capital'em'dívida'(início'período) =B2 =B14 =C14 =D14 =E14 =F14 =G14
Taxa'de'Juro =$B$4 =$B$4 =$B$4 =$B$4 =$B$4 =$B$4 =$B$4
Juro'Anual =B8*B9 =C8*C9 =D8*D9 =E8*E9 =F8*F9 =G8*G9 =H8*H9
Reembolso'Anual =SE($B5>0;0;B2/B3) =SE($B5>1;0;(SE(C8=0;0;+$B$2/$B$3)))
=SE($B5>2;0;(SE(C14<=0;0;+$B$2/$B$3)))
=SE($B5>3;0;(SE(D14<=0;0;+$B$2/$B$3)))
=SE($B5>4;0;(SE(E14<=0;0;+$B$2/$B$3)))
=SE($B5>5;0;(SE(F14<=0;0;+$B$2/$B$3)))
=SE($B5>6;0;(SE(G14<=0;0;+$B$2
Imposto'Selo'(4%) =B10*0,04 =C10*0,04 =D10*0,04 =E10*0,04 =F10*0,04 =G10*0,04 =H10*0,04
Serviço'da'dívida =B10+B11+B12 =C10+C11+C12 =D10+D11+D12 =E10+E11+E12 =F10+F11+F12 =G10+G11+G12 =H10+H11+H12
Valor'em'dívida'(final'do'período) =B8YB11 =C8YC11 =D8YD11 =E8YE11 =F8YF11 =G8YG11 =H8YH11

PEQB 50
3. Contas de Exploração Previsionais

1. Estimativa do custo de produção

PEQB 51
ESTUDOS DE ENGENHARIA

Selecção da Construção
Projecto de Testes e
Tecnologia de
Engenharia Fornecimento Arranque
Fabrico
e montagem

• Custo de Produção
Análise de • Demonstração de Resultados Exploração
Mercado
• Cash flows

Análise de
Contas de
Estimativa do Plano de Viabilidade
Exploração
investimento Financiamento Económico-
Previsionais
Financeira

ESTUDOS ECONÓMICO-FINANCEIROS

PEQB 52
O Custo de Produção engloba duas parcelas – o custo de fabrico e as despesas
gerais

CPr odução = CFabrico + Despesas Gerais

• Custo de Fabrico – somatório de todos os encargos directamente exigidos pela actividade de


produção

• Despesas Gerais – soma dos encargos necessários às actividades da empresa de apoio à


actividade de produção

PEQB 53
Os Custos de Fabrico englobam três parcelas – os Custos Directos, Indirectos e
Fixos
• Matérias-primas
• Mão-de-obra de fabrico
• Mão-de-obra de controlo
• Utilidades e serviços
Directos
• Manutenção
• Patentes e royalties
• Catalisadores e solventes • Laboratório de controlo
• Fornecimentos diversos • Embalagem
• Despesas de expedição
• Serviços técnicos
Custo de
Indirectos • Serviços de manutenção geral
Fabrico
• Serviços de armazenagem
• Serviços de compras
• Serviços de segurança
• Encargos sociais
• Depreciações/ Amortizações
• Seguros
Fixos
• Impostos locais
• Rendas
PEQB 54
Parcelas dos Custos Directos do Custo de Fabrico (1/4)

Parcela Descrição
Matérias-primas • Deve ser calculada com base em preços de mercado e nas quantidades que
resultam dos balanços mássicos.
• Na indústria química é a maior parcela dos custos, situando-se frequentemente
acima de 50% do custo de fabrico.
• Não se deve estimar como % do Custo de fabrico, pois pode variar muito.
• O preço depende da pureza, da forma de fornecimento e da quantidade
(descontos de quantidade). Se o produto pode ser fornecido a granel, em geral
será mais barato do que embalado. Deve-se também ter em conta o tipo de
preço (FOB, CIF, ...)

Mão-de-obra de fabrico • Refere-se ao custo com os operadores da fábrica.


• O peso desta parcela depende da natureza do produto, da natureza e tipo de
processo e da filosofia de controlo. Em processos contínuos e muito
automatizados o peso é menor.
• O valor desta parcela é calculado com base nos diagramas de fabrico e nos
desenhos de implantação, tendo em atenção os requisitos operacionais próprios
de cada peça de equipamento.

PEQB 55
Parcelas dos Custos Directos do Custo de Fabrico (2/4)

Parcela Descrição
Mão-de-obra de fabrico • Pode ser calculada através de rácios de horas.Homem necessárias para
(cont.) produzir uma tonelada de produto. Para se ter em conta a diferença de
capacidades, pode-se usar uma correlação do tipo regra de Williams, com um
coeficiente entre 0,20 e 0,25.
• A média da indústria química situa-se em 15% do custo de fabrico. Para
instalações contínuas que processem fluidos situa-se entre 5 e 15% e pode ir
até 25% se se tratar do processamento de sólidos.

Mão-de-obra de controlo • Inclui os chefes de turno, encarregados e outros elementos de supervisão.


• Em processos simples será cerca de 10% do custo de fabrico e pode atingir
25% em processos mais complexos.

Utilidades e serviços • Os consumos de utilidades e serviços resultam dos balanços mássicos e


energéticos (vapor, água de arrefecimento, água gelada, azoto, ...). Inclui ainda
o tratamento de efluentes.
• Os encargos correspondentes dependem da localização da instalação e da
ordem de grandeza do consumo.
• Devem ser procurados custos unitários por tipo de utilidade.
PEQB 56
Parcelas dos Custos Directos do Custo de Fabrico (3/4)

Parcela Descrição
Utilidades e serviços (cont.) • Se se dispuser de valores de consumo específico (por tonelada de produto)
para uma instalação semelhante, pode-se usar a regra de Williams com um
expoente 0,9.
• A experiência revela que pode variar entre 5% e 20% do custo de fabrico.

Manutenção • Corresponde aos custos com mão-de-obra e materiais necessários para manter
os equipamentos em bom estado de funcionamento.
• Está muito relacionada com o investimento fixo.
• Depende do tipo de equipamento (estático versus dinâmico), da complexidade
do equipamento e da agressividade das condições de trabalho.
• Em geral situa-se entre 3% e 10% do investimento fixo, sendo menor no início
da vida da instalação e aumentando à medida que passa o tempo.

Patentes e royalties • A maioria dos processos comercialmente utilizados na indústria química são
patenteados, pelo que têm que ser pagos os direitos de utilização da tecnologia
• Normalmente paga-se uma royalty – valor anual em função do volume de
produção, em vez de se comprar a patente.
• As royalties variam entre 2% e 6% do custo de fabrico.
PEQB 57
Parcelas dos Custos Directos do Custo de Fabrico (4/4)

Parcela Descrição
Catalisadores e solventes • Os catalisadores e solventes podem ser considerados como um investimento
que vai sendo necessário repor ao longo da sua vida útil. Nestes casos, o seu
valor pode ser amortizado durante o período de vida útil, incluindo as perdas.
• Caso seja um consumo “contínuo” (como sucede na catálise homogénea), então
pode ser considerado como um custo e deve ser estimado com base nos
consumos calculados nos balanços e no respectivo custo unitário.
• Podem ser encontradas informações úteis para a estimativa do custo dos
catalisadores nas seguintes fontes online:
• https://catalysts.evonik.com/product/catalysts/resources/CCCT.html
• https://apps.catalysts.basf.com/apps/eibprices/mp/

Fornecimentos diversos • É uma parcela directamente relacionada com a manutenção, que inclui
lubrificantes, empanques mecânicos, vedantes, juntas, etc.
• Estima-se como sendo 15% do custo anual de manutenção.

PEQB 58
Parcelas dos Custos Indirectos e Fixos do Custo de Fabrico (1/2)

Parcela Descrição
Custos Indirectos • Estes custos estão muito relacionados com a mão-de-obra e com a
manutenção.
• São normalmente estimados entre 50% e 70% dos custos totais de mão-de-
obra e de manutenção.

Custos Fixos

Depreciações e • As depreciações e amortizações correspondem à perda de de valor do


Amortizações investimento pelo uso, degradação e até pelo progresso tecnológico.
• Em geral consideram-se amortizações lineares, com 25 anos para os
edifícios, 10 para os equipamentos e 3 para o projecto.
• As normas oficiais de contabilidade têm tabelas de prazos de amortizações a
considerar consoante o tipo de equipamento.

Seguros • O custo dos seguros depende dos riscos abrangidos


• Em geral pode-se considerar 1%/ano do investimento fixo.

PEQB 59
Parcelas dos Custos Indirectos e Fixos do Custo de Fabrico (2/2)

Parcela Descrição

Custos Fixos (cont.)

Impostos locais • Dependentes do local onde a fábrica se situa.


• Podem ser estimados entre 1% e 2% do investimento fixo.

Rendas • Se na estimativa do investimento se considerou a aquisição do terreno, esta


parcela será nula.
• Caso se trate de terrenos alugados, então deverão obter-se preços/m2 de
rendas para a zona onde a fábrica se vai localizar ou, em alternativa, preços
em zonas industriais semelhantes.
• Caso não estejam valores disponíveis, pode-se estimar esta parcela como
12% a 15% dos Custos Fixos de Fabrico.

PEQB 60
Parcelas dos Despesas Gerais do Custo de Produção (1/2)

Parcela Descrição
Administração • Corresponde ao conjunto de despesas da Administração. Engloba os salários
do administradores, secretariado, despesas com equipamento e consumíveis
de escritório, comunicações, despesas de representação, etc..
• Corresponde a cerca de 40% e 60% dos custos da mão-de-obra de fabrico.

Serviços de Marketing, • Salários da força de vendas, despesas com equipamentos e consumíveis,


Vendas e Distribuição comissões de vendas, despesas de representação, despesas de embalagem,
expedição e transporte, serviço técnico-comercial, assistência pós-venda,
promoções, etc..
• Situa-se entre 2% a 20% dos custos de produção. Contudo, importa verificar
a razoabilidade do valor estimado, tendo em conta que estas funções pesam
relativamente pouco em negócios B2B, como é o caso da indústria química
• Para novos produtos estes custos são normalmente mais elevados, assim
como para produtos vendidos em pequenas quantidades.

PEQB 61
Parcelas dos Despesas Gerais do Custo de Produção (2/2)

Parcela Descrição
Investigação e • Inclui os salários de todo o pessoal ligado à IDT, equipamentos dedicados à
Desenvolvimento IDT, custos de reagentes e outros consumíveis, despesas com bibliografia e
documentação técnica, etc..
• Estima-se entre 2 a 5% do valor das vendas.
• Tal como no caso da parcela de Marketing e Vendas, deve-se verificar a
razoabilidade da estimativa obtida com o intervalo indicado, na medida em
que um projecto deste tipo seria normalmente feito com a tecnologia
licenciada por um licenciador de tecnologia.
• Ao abrigo destes acordos, o licenciador faculta ao licenciado os novos
desenvolvimentos que fizer na sua tecnologia durante um período de tempo,
como10 anos. Isto significa que a empresa não terá actividade de I&D
propriamente dita, recorrendo ao licenciador.
Encargos financeiros • Englobam os juros do empréstimo bancário, resultante de se financiar o
investimento não apenas com capitais próprios, mas também com capitais
alheios.
• São calculados com base no valor do empréstimo e da respectiva taxa de
juro.

62
PEQB
3. Contas de Exploração Previsionais

2. Demonstração de Resultados

PEQB 63
ESTUDOS DE ENGENHARIA

Selecção da Construção
Projecto de Testes e
Tecnologia de
Engenharia Fornecimento Arranque
Fabrico
e montagem

• Custo de Produção
Análise de • Demonstração de Resultados Exploração
Mercado
• Cash flows

Análise de
Contas de
Estimativa do Plano de Viabilidade
Exploração
investimento Financiamento Económico-
Previsionais
Financeira

ESTUDOS ECONÓMICO-FINANCEIROS

PEQB 64
O que são as Demonstrações Financeiras de uma empresa?

• As Demonstrações Financeiras são uma apresentação da situação financeira de uma organização,


seguindo um formato normalizado oficial (ver slides de apoio no final desta secção).

• O seu objectivo é proporcionar informação acerca da posição financeira, desempenho e alterações na


posição financeira de uma empresa, útil a um leque vasto de interessados (stakeholders) de uma empresa,
como sejam, desde logo, os gestores, mas também investidores, autoridades fiscais, colaboradores,
fornecedores, credores, na tomada de decisões relacionadas com a empresa.

• As empresas são obrigadas a prestar contas anualmente através das demonstrações financeiras. Existem 3
tipos principais de demonstrações financeiras:

- A Demonstração de Resultados – traduz o desempenho atingido pela empresa durante um


determinado período de tempo, normalmente 1 ano;

- O Balanço - representa o património da empresa num dado momento, normalmente o último dia do
ano;

- A Demonstração dos Fluxos de Caixa (ou Mapa de Origem e Aplicações de Fundos) – que evidencia
todas as entradas e saídas de dinheiro na empresa durante um determinado período de tempo.

• Para o capítulo de Avaliação Económica do trabalho de PEQB e de forma a simplificar o trabalho, apenas é
necessário preparar as Demonstrações de Resultados (ou Contas de Exploração) Previsionais e a
Demonstração dos Fluxos de Caixa de forma agregada.

PEQB 65
A Portaria 220/2015 (DR, 1ª série, n.º 143, de 24 de julho de 2015) definiu
os modelos a usar nas Demonstrações Financeiras a partir de 2016
Artigo 1.º Decreto -Lei n.º 98/2015, de 2 de junho, são os
1 — São aprovados os modelos de demonstrações seguintes:
financeiras para as diferentes entidades que aplicam a) Anexo 1: Balanço;
o SNC, que se publicam em anexo à presente b) Anexo 2: Demonstração dos resultados por
portaria, dela fazendo parte integrante. naturezas;
2 — Os modelos de demonstrações financeiras c) Anexo 3: Demonstração dos resultados por
referidos no número anterior constituem um funções;
referencial que contempla a informação a apresentar
pelas entidades que aplicam o SNC, podendo ser d) Anexo 4: Demonstração das alterações no capital
adicionadas linhas de itens se tal for relevante para próprio;
uma melhor compreensão da sua posição e e) Anexo 5: Demonstração dos fluxos de caixa;
desempenho financeiros, devendo ser removidas
f) Anexo 6: Anexo.
linhas de itens sempre que, em simultâneo para todas
as datas de relato, não existam quantias a apresentar.
Artigo 6.º
Artigo 2.º A Comissão de Normalização Contabilística divulga
no respetivo sítio eletrónico1, notas explicativas ou de
Os modelos das demonstrações financeiras referidas aclaramento sobre os modelos aprovados pela
nos n.os 1 e 2 do artigo 11.º do Decreto -Lei n.º presente portaria.
158/2009, de 13 de julho, com a redação dada pelo
1 - www.cnc.min-financas.pt/Instrumentos_snc_geral.html
PEQB 66
A Demonstração de Resultados de uma nova empresa, como é o caso em PEQB,
tem carácter previsional, dado que não existe histórico

• A Demonstração de Resultados (DR) tem como objectivo evidenciar os resultados (lucros ou prejuízos)
obtidos (ou que se esperam obter, no caso de ser previsional) com a actividade desenvolvida pela empresa
num determinado período (mês, trimestre, semestre ou ano).

• A informação constante da DR pode ser apresentada sob 2 formas principais:

– por naturezas – quadros demonstrativos dos resultados apurados pela empresa evidenciando os
proveitos e custos segundo a sua natureza (CMVMC, custos com pessoal, FSE’s…);

– por funções – os resultados são apurados de acordo com as funções empresariais (produção,
comercial, administrativa, financeira, etc.).

• É um elemento fundamental para a gestão das empresas avaliar o desempenho da sua empresa no período
de tempo a que se refere, bem como para comparar com o desempenho em períodos anteriores (ex.: ano
corrente versus ano anterior).

• No caso de uma nova empresa, ou projecto de investimento que se vai constituir em nova empresa,
obviamente que não existe histórico de proveitos e custos, pelo que as Projecções Financeiras são, por
natureza, Previsionais, assentando num conjunto de pressupostos sobre Investimento, Proveitos e Custos.

• A utilidade da Avaliação Económica, como elemento de decisão, depende da qualidade e razoabilidade dos
pressupostos assumidos na elaboração das Demonstrações de Resultados Previsionais.

PEQB 67
Estrutura oficial da Demonstração de Resultados
-3 -2 -1 1 ... 10 Cálculo
Vendas e serviços prestados +
Subsídios à Exploração +
Ganhos/perdas imputados de subsidiárias, associadas e empreendimentos
+
conjuntos
Variação nos inventários da produção +
Trabalhos para a própria entidade +
CMVMC -
Margem Bruta =
Fornecimento e serviços externos -
Gastos com o pessoal -
Imparidade de inventários (perdas/reversões) -
Imparidade de dívidas a receber (perdas/reversões) -
Provisões (aumentos/reduções) -
Imparidade de investimentos não depreciáveis/amortizáveis (perdas/reversões) -
Aumentos/reduções de justo valor -
Outros rendimentos e ganhos -
Outros gastos e perdas -
EBITDA (Resultado antes depreciações, gastos financiamento e impostos) =
Gastos/reversões de depreciação e amortização -
Imparidade de activos depreciáveis/amortizáveis (perdas/reversões) -
EBIT (Resultado Operacional) =
Juros e rendimentos similares obtidos -
Juros e gastos similares suportados -
RESULTADO ANTES DE IMPOSTOS =
Imposto sobre o rendimento do período -
RESULTADO LÍQUIDO DO PERÍODO =

PEQB 68
Variáveis que não é necessário calcular na avaliação em PEQB
-3 -2 -1 1 ... 10 Cálculo
Vendas e serviços prestados +
Subsídios à Exploração +
Ganhos/perdas imputados de subsidiárias, associadas e empreendimentos
+
conjuntos
Variação nos inventários da produção +
Trabalhos para a própria entidade +
CMVMC -
Margem Bruta =
Fornecimento e serviços externos -
Gastos com o pessoal -
Imparidade de inventários (perdas/reversões) -
Imparidade de dívidas a receber (perdas/reversões) -
Provisões (aumentos/reduções) -
Imparidade de investimentos não depreciáveis/amortizáveis (perdas/reversões) -
Aumentos/reduções de justo valor -
Outros rendimentos e ganhos -
Outros gastos e perdas -
EBITDA (Resultado antes depreciações, gastos financiamento e impostos) =
Gastos/reversões de depreciação e amortização -
Imparidade de activos depreciáveis/amortizáveis (perdas/reversões) -
EBIT (Resultado Operacional) =
Juros e rendimentos similares obtidos -
Juros e gastos similares suportados -
RESULTADO ANTES DE IMPOSTOS =
Imposto sobre o rendimento do período -
RESULTADO LÍQUIDO DO PERÍODO =

PEQB 69
Versão simplificada da DR sugerida para utilização em PEQB
Investimento Exploração
-3 -2 -1 1 ... 10 Cálculo

Vendas e serviços prestados +


CMVMC -
Margem Bruta =
Fornecimento e serviços externos -
Gastos com o pessoal -
Outros rendimentos e ganhos -
Outros gastos e perdas -
EBITDA (Resultado antes depreciações, gastos
financiamento e impostos) =
Gastos/ reversões de depreciação e amortização -
EBIT (Resultado Operacional) =
Juros e gastos similares suportados -
RESULTADO ANTES DE IMPOSTOS =
Imposto sobre o rendimento do período -
RESULTADO LÍQUIDO DO PERÍODO =
PEQB 70
A partir das Demonstrações de Resultados são calculados vários indicadores
correntemente usados na avaliação do desempenho de um negócio
Vendas e serviços prestados
𝑴𝒂𝒓𝒈𝒆𝒎 𝑩𝒓𝒖𝒕𝒂
CMVMC 𝑴𝒂𝒓𝒈𝒆𝒎 𝑩𝒓𝒖𝒕𝒂 % =
𝑽𝒆𝒏𝒅𝒂𝒔
Margem Bruta
Fornecimento e serviços externos
𝑬𝑩𝑰𝑻𝑫𝑨
Gastos com o pessoal 𝑴𝒂𝒓𝒈𝒆𝒎 𝑬𝑩𝑰𝑻𝑫𝑨 % =
𝑽𝒆𝒏𝒅𝒂𝒔
Outros rendimentos e ganhos
Outros gastos e perdas
EBITDA (Resultado antes depreciações, gastos 𝑬𝑩𝑰𝑻
financiamento e impostos)
𝑴𝒂𝒓𝒈𝒆𝒎 𝑶𝒑𝒆𝒓𝒂𝒄𝒊𝒐𝒏𝒂𝒍 % =
𝑽𝒆𝒏𝒅𝒂𝒔
Gastos/ reversões de depreciação e amortização

EBIT (Resultado Operacional) 𝑹𝑨𝑰𝟏


𝑴𝒂𝒓𝒈𝒆𝒎 𝒂𝒏𝒕𝒆𝒔 𝒅𝒆 𝒊𝒎𝒑𝒐𝒔𝒕𝒐𝒔 % =
Juros e gastos similares suportados 𝑽𝒆𝒏𝒅𝒂𝒔
RESULTADO ANTES DE IMPOSTOS
Imposto sobre o rendimento do período 𝑹𝒆𝒔𝒖𝒍𝒕𝒂𝒅𝒐 𝑳í𝒒𝒖𝒊𝒅𝒐
𝑴𝒂𝒓𝒈𝒆𝒎 𝒍í𝒒𝒖𝒊𝒅𝒂 % =
RESULTADO LÍQUIDO DO PERÍODO 𝑽𝒆𝒏𝒅𝒂𝒔
1 – RAI – Resultado Antes de Impostos PEQB 71
A razoabilidade dos indicadores apurados nas DR previsionais poderá ser aferida
pela comparação com valores típicos da indústria química (site CSIMarket)

Dados disponíveis
desde 2012

Fonte: https://csimarket.com/Industry/industry_Profitability_Ratios.php?ind=101
PEQB 72
Alguns pressupostos a definir para a elaboração da DR

Correspondência entre as parcelas do


Custo de Produção e as rubricas da DR

Critérios para o cálculo das Avaliação a preços


5 2
depreciações e amortizações constantes ou correntes

Utilização de taxa de juro real


Preço de venda do produto 4 3
ou nominal

PEQB 73
Correspondência entre as parcelas do
1
Custo de Produção e as rubricas da DR

A estrutura usada para estimar o Custo de Produção segue uma lógica diferente
da da Demonstração de Resultados

Matérias primas Deprecia. e Amortizações


Mão-de-obra de fabrico Custos de Custos Seguros
Mão-de-obra de controlo fabrico (cont.) Fixos Impostos locais
Custos Manutenção Rendas
Directos Utilidades e serviços Custos com Administração
Patentes e royalties Custos comerciais
Despesas Gerais
Catalisadores e solventes Despesas de I&D
Fornecimentos diversos Encargos financeiros
Custos de Laboratório de controlo Somatório das parcelas
CUSTO DE PRODUÇÃO anteriores
fabrico Despesas de embalagem
Despesas de expedição
Serviços técnicos (engenharia)
Custos Serviços de manutenção geral • Importa calcular, para cada ano, o Custo de
Indirectos Serviços de armazenagem Produção/ton.
Serviço de compras
• A comparação do Custo de Produção/ton com
Serviços de segurança
o Preço de Venda do produto dá uma 1ª
Serviços Sociais
indicação da razoabilidade das estimativas.
Serviços médicos
PEQB 74
Correspondência entre as parcelas do
1
Custo de Produção e as rubricas da DR

Importa assim relacionar as várias parcelas do Custo de Produção com a


estrutura da Demonstração de Resultados

Matérias(primas
Vendas'e'serviços'prestados Mão-de-obra(de(fabrico(e
supervisão
CMVMC Custos& Manutenção
Directos& Utilidades(e(serviços
Margem'Bruta Patentes(e(royalties
Catalisadores(e(solventes
Fornecimento'e'serviços'externos Fornecimentos(diversos
Laboratório(de(controlo
Gastos'com'o'pessoal Despesas(de(embalagem
Despesas(de(expedição
Custos&de&
Outros'rendimentos'e'ganhos Serviços(técnicos(
fabrico&
(engenharia)
Custos&
Outros'gastos'e'perdas
? Indirectos&
Serviços(de(
armazenagem
EBITDA (Resultado'antes'depreciações,'gastos'financiamento' e'impostos) Serviço(de(compras
Serviços(de(segurança
Gastos/'reversões'de'depreciação'e'amortização Serviços(Sociais
Serviços(médicos
EBIT (Resultado'Operacional) Amortizações
Seguros
Custos&Fixos&
Juros'e'gastos'similares'suportados Impostos(locais
Rendas
Custos(administrativos
RESULTADO'ANTES'DE'IMPOSTOS
Custos(Comerciais
Despesas&Gerais&
Despesas(de(I&D
Imposto'sobre'o'rendimento'do'período
Encargos(financeiros
Somatório(das(parcelas(
RESULTADO'LÍQUIDO'DO'PERÍODO Custo&de&Produção
anteriores

PEQB 75
Correspondência entre as parcelas do
1
Custo de Produção e as rubricas da DR

Correspondência aproximada entre as parcelas do Custo de Produção e as linhas


da Demonstração de Resultados (1/2)
Parcela do Custo de Produção Linha da Demonstração de Resultados

Matérias primas CMVMC


Mão-de-obra de fabrico Gastos com Pessoal
Mão-de-obra de controlo Gastos com Pessoal
Custos Manutenção Parte em Pessoal e parte em FSE
Directos Utilidades e serviços FSE
Patentes e royalties Outros gastos e perdas
Catalisadores e solventes FSE
Fornecimentos diversos FSE
Custos de Laboratório de controlo Parte em Pessoal e parte em FSE
fabrico Despesas de embalagem Parte em Pessoal e parte em FSE
Despesas de expedição Parte em Pessoal e parte em FSE
Serviços técnicos (engenharia) Gastos com Pessoal
Custos Serviços de manutenção geral Parte em Pessoal e parte em FSE
Indirectos Serviços de armazenagem Parte em Pessoal e parte em FSE
Serviço de compras Gastos com Pessoal
Serviços de segurança Parte em Pessoal e parte em FSE
Serviços Sociais Parte em Pessoal e parte em FSE
Serviços médicos Parte em Pessoal e parte em FSE
PEQB 76
Correspondência entre as parcelas do
1
Custo de Produção e as rubricas da DR

Correspondência aproximada entre as parcelas do Custo de Produção e as linhas


da Demonstração de Resultados (2/2)

Parcela do Custo de Produção Linha da Demonstração de Resultados


Depreciações e Amortizações Gastos/ reversões de depreciação e amortização
Custos de Seguros Outros gastos e perdas
fabrico Custos Fixos
(cont.) Impostos locais Outros gastos e perdas
Rendas Outros gastos e perdas
Custos com Administração Gastos com o Pessoal
Custos comerciais Parte em Pessoal e parte em FSE
Despesas Gerais
Despesas de I&D Parte em Pessoal e parte em FSE
Encargos financeiros Juros e gastos similares suportados
CUSTO DE PRODUÇÃO Somatório das parcelas anteriores Não aplicável

PEQB 77
Avaliação a preços correntes ou
2
constantes

A avaliação de um projecto de investimento pode ser feita a preços correntes ou a


preços constantes

Avaliação a preços constantes


- Assume-se que os preços dos bens e serviços vendidos e comprados se mantêm constantes ao longo da
vida do projecto, normalmente com base nos preços do ano 0.
Avaliação a preços correntes
- incorporam a inflação prevista para o horizonte temporal do projecto.
- Requer que se estime a inflação prevista para os diversos períodos do horizonte temporal da análise,
eventualmente com diferentes taxas de inflação para os diferentes tipos de custos (mão-de-obra, matérias-
primas, energia, etc.), fazendo reflectir o seu impacto nas projecções efectuadas bem como na taxa de
actualização considerada.
- Esta previsão de preços é mais difícil e, para um horizonte de análise de 13 anos, como é o caso do
projecto de uma unidade da indústria química, pouco fiável.
Em qualquer caso, deve ser observado o seguinte princípio:
- Cash-flows calculados a preços correntes devem ser actualizados com a taxa de juro nominal;
- Cash-flows calculados a preços constantes devem ser actualizados com a taxa de juro real.

Recomendação A avaliação em PEQB deve ser feita a preços constantes

PEQB 78
3 Utilização de taxa de juro nominal ou real

Taxa de juro real e taxa de juro nominal

• As taxas de juro do mercado são expressas em termos nominais, ou seja, incluem o efeito da
inflação.
• Quando um banco propõe um juro calculado a uma taxa de 4% ao ano para os depósitos a
prazo, não promete uma remuneração real, dado que o seu valor real será função da inflação
que se verificar no mesmo período. Naturalmente, este juro será tanto mais interessante do
ponto de vista do depositante, quanto mais baixa for a taxa de inflação.
• A taxa de juro nominal, ou contratual, é a taxa que consta explicitamente nos contratos de
crédito ou aplicações, enquanto referência para cálculo dos pagamentos e recebimentos.
• A taxa de juro real é calculada a partir da seguinte fórmula:
('()! )
i% = -1
('(+)

Sendo: Exemplo:
𝑖" - taxa de juro nominal 𝑖" = 3,5%
𝜋 - taxa de inflação 𝜋 = 2%
𝑖# - taxa de juro real 𝑖# = 1,5%

PEQB 79
4 Preço de venda do produto

No caso dos produtos químicos, o preço de venda do produto será o respectivo


preço de mercado

• Em geral, o preço de venda de um produto depende de se tratar de um produto novo ou


existente.
• No caso de produtos existentes o preço será o preço de mercado, que resulta do balanço
entre a oferta e a procura.
• Para muitos produtos químicos existem cotações fixadas diariamente em função das
transações entre compradores e vendedores (ex.: Platts, para o petróleo e seus derivados,
London Metal Exchange, para os metais como o cobre, alumínio, etc..)
• Para produtos que não existem, mas dos quais há sucedâneos, o preço dependerá da
comparação com o preço e características desses produtos.
• Para produtos novos, ainda não comercializados, calcula-se o custo de produção e em
seguida aplica-se a margem de lucro pretendida.
• Dada a razoável volatilidade dos preços dos produtos químicos, que se reflecte quer no preço
das matérias-primas, quer dos produtos acabados, deve-se considerar na DR o preço
médio do produto nos últimos anos e uma relação de preços entre as matérias-primas
e o produto final que corresponda à Margem Bruta Média verificada nos últimos 10
anos.

PEQB 80
Critérios para o cálculo das depreciações
5
e amortizações

Cálculo das Depreciações e Amortizações (1/3)

• Como poucos activos duram para sempre, um princípio importante da contabilidade


estabelece que o valor de um activo deve ser considerado como custo, distribuído ao
longo do período em que o activo é utilizado, designado de vida útil.
• Importa, por isso, que se definam os tempos de vida útil dos vários tipo de activos.
• A vida útil de um elemento do activo depreciável ou amortizável é, para efeitos fiscais, o
período durante o qual se deprecia ou amortiza totalmente o seu valor, excluído, quando for
caso disso, o respectivo valor residual.
• As depreciações e amortizações não são um “gasto” semelhante aos restantes gastos (não
são um cash-out cost), mas são fiscalmente aceites como gastos pelas Autoridades
Tributárias, de modo a permitir às empresas criarem reservas para reinvestirem na
substituição dos seus activos.
• São as Autoridades Tributárias, em cada país, que definem os tempos de vida útil para os
diferentes tipos de activos. As respectivas taxas anuais de depreciação/ amortização
dependerão do critério adoptado.

PEQB 81
Critérios para o cálculo das depreciações
5
e amortizações

Cálculo das Depreciações e Amortizações (2/3)

• Depreciação - refere-se à redução de valor dos activos tangíveis da empresa (geralmente o


imobilizado), em resultado de desgaste ou perda de utilidade pelo uso, acção da natureza ou
de obsolescência. O custo do activo é distribuído pro-rata pela respectiva vida útil.
• Amortização - refere-se à redução do valor dos activos intangíveis ao longo do respectivo
tempo de vida útil. A amortização tem lugar quando o factor limitante da vida útil for o tempo,
enquanto que na depreciação o factor limitante é o uso, o tempo ou a obsolescência.
• A amortização é quase sempre realizada pelo método da linha recta, de modo que o valor da
amortização é o mesmo ao longo do tempo de vida do activo. Inversamente, a depreciação é
muitas vezes realizada pelo método das quotas decrescentes, de modo que os valores das
depreciações são maiores nos primeiros anos de vida dos activos e vão decrescendo ao longo
da sua vida.
• Outra diferença entre amortização e depreciação é que o cálculo da amortização geralmente
não incorpora qualquer valor residual, uma vez que um activo intangível não tem tipicamente
qualquer valor de venda no final da sua vida útil. Por outro lado, um ativo tangível pode ter
algum valor residual, pelo que esse valor tem que ser considerado nos cálculos das
depreciações.

PEQB 82
Critérios para o cálculo das depreciações
5
e amortizações

Cálculo das Depreciações e Amortizações (3/3)

• Em Portugal, o regime das depreciações e amortizações encontra-se no Decreto Regulamentar


n.º 25/2009, de 14 de setembro, actualizado pelo Decreto Regulamentar n.º 4/2015, de 22 de
Abril1.
• Estes Decretos incluem na Tabela II – Taxas Específicas, as taxas a utilizar na depreciação e
amortização em todos os sectores de Actividade Económica.
• Para simplificar o cálculo desta parcela na Demonstração de Resultados, deverão ser utilizados
as seguintes vidas úteis/ taxas de depreciação/ amortização:
- Projecto - 3 anos/ 33,33%
- Equipamentos - 10 anos/ 10%
- Edifícios - 25 anos/ 4%
• Para efeitos de simplificação, deverá ainda considerar-se que as depreciações e amortizações
serão lineares ao longo do respectivo período.

PEQB 83
Conceitos de Capex e Opex
• As despesas de capital (Capital Expenditures) são os fundos que uma empresa utiliza para
adquirir equipamentos ou activos fixos necessários para a continuação ou desenvolvimento do
seu negócio. Podem incluir impressoras, mobiliário, veículos para o transporte de mercadorias, a
construção de um novo edifício ou de uma nova central de produção de energia.
• O activo adquirido pode ser novo ou algo que melhora a vida produtiva de um activo previamente
Capex adquirido.
• Se a vida útil do activo se estender por mais de um ano, então a empresa deve capitalizar a
despesa, usando a depreciação para distribuir o custo do novo activo ao longo da sua vida útil,
conforme determinado pela regulamentação tributária.
• As despesas de capital são frequentemente depreciadas ao longo de períodos de 5 a 10 anos,
mas podem ser depreciadas ao longo de mais de duas décadas (imóveis, por exemplo).

• As despesas operacionais (Operational Expenditures) são os custos que uma empresa tem de
suportar para desenvolver a sua actividade principal.
• Correspondem ao Custo de Produção, cujo cálculo foi descrito na secção 3.1.

Opex • Em contraste com as despesas de capital, as despesas operacionais são totalmente


consideradas como custo no ano em que são feitas.
• Como as despesas operacionais constituem a maior parte dos custos de uma empresa, as
empresas procuram continuamente formas de as reduzir sem impacto na qualidade dos seus
produtos/ serviços nem na capacidade de produção.
PEQB 84
No site do IAPMEI encontra-se um exemplo de um Modelo Financeiro detalhado
para a análise de um projecto de investimento

• Ferramenta em Excel desenvolvida pelo IAPMEI para


apoio aos investidores na avaliação de Projectos de
Investimento (com 2 versões, para horizontes de 5 e 10
anos).
• Pode ser aplicada para simular a criação de uma nova
empresa ou para simular a realização de um novo
investimento numa empresa existente, sem ter em conta
o histórico financeiro.
• Ilustra o tipo de informação que, em geral, deve ser
estimada para elaborar o Plano de Negócios e a
correspondente Demonstrações de Resultados
Previsional, elemento essencial para a avaliação da
rentabilidade esperada do investimento.
• Recomenda-se a análise da estrutura deste modelo aos
alunos que pretendam compreender mais em detalhe
como se deve organizar um Plano de Negócios e avaliar
um Projecto de Investimento.

Fonte: https://www.iapmei.pt/PRODUTOS-E-SERVICOS/Assistencia-Tecnica-e-Formacao/Ferramentas/Ferramenta-de-Avaliacao-de-Projetos-de-Investiment.aspx
PEQB 85
Demonstração de Resultados por naturezas1
Apoio

EBITDA – Earnings Before


Interest, Taxes, Depreciations
and Amortizations (ou Cash
flow operacional)
EBIT – Earnings Before Interest
and Taxes (ou Resultado
Operacional)

1 – Portaria 220/2015, Diário da República, 1.ª série — N.º 143 — 24 de julho de 2015
PEQB 86
Demonstração de Resultados por funções1
Apoio

1 – Portaria 220/2015, Diário da República, 1.ª série — N.º 143 — 24 de julho de 2015
PEQB 87
4. Cash flow previsional

PEQB 88
ESTUDOS DE ENGENHARIA

Selecção da Construção
Projecto de Testes e
Tecnologia de
Engenharia Fornecimento Arranque
Fabrico
e montagem

• Custo de Produção
Análise de • Demonstração de Resultados Exploração
Mercado
• Cash flows

Análise de
Contas de
Estimativa do Plano de Viabilidade
Exploração
investimento Financiamento Económico-
Previsionais
Financeira

ESTUDOS ECONÓMICO-FINANCEIROS

PEQB 89
Medidas para avaliar a rentabilidade de um projecto de investimento

É a capacidade de um negócio ou projecto


O que é a
gerar um excedente líquido positivo, ou
rentabilidade?
seja, de gerar lucros

Duas variáveis principais:


Como é que se mede a
• Resultados do exercício/ projecto
rentabilidade?
• Cash flow

PEQB 90
Conceito de cash flow

• O termo cash flow (fluxo monetário ou, mais frequentemente, fluxo de caixa, em Português) é
usado para designar o saldo entre as entradas (cash in-flows) e saídas (cash out-flows) de
capital de uma empresa durante um determinado período de tempo, por vezes associado a um
projecto específico.

• Representa o excedente financeiro líquido da actividade da empresa/ projecto num dado período
de tempo, geralmente 1 ano no caso das empresas, ou o tempo de vida no caso de um projecto.

• É calculado através de um mapa designado por Mapa de Fluxos de Tesouraria. Este mapa é
uma demonstração financeira que apresenta as origens e as aplicações de capital de uma
empresa ao longo de um determinado período de tempo.

PEQB 91
É consensual a aplicação de critérios de avaliação de projectos com base no cash
flow, em lugar de critérios baseados nos Resultados

Resultados Cash flow

• Dependem: • Refere-se aos fluxos líquidos gerados pelo


- Dos critérios contabilísticos adoptados; projecto.

- Dos métodos de valorização das existências; • Regista os pagamentos associados ao


investimento no projecto, líquido dos
- Dos critérios de cálculo das depreciações e recebimentos associados à extinção do projecto
amortizações. (cash flow de investimento).
• Se os projectos de investimento fossem • Regista os recebimentos, líquidos dos
avaliados com base nos Resultados Líquidos, as pagamentos, associados à exploração do
respectivas conclusões dependeriam também, projecto (cash flow de exploração).
até certo ponto, dos critérios contabilísticos
utilizados nas DR. • Os cash flows futuros podem ser actualizados
para o presente.

• É um conceito objectivo, claramente definido


Vantagens do cash • É calculado de forma inequívoca
flow como medida da • Tem em conta o valor temporal do dinheiro
rentabilidade
• Torna a avaliação de projectos de investimento independente das
políticas contabilísticas adoptadas pelas empresas
PEQB 92
O cash flow pode ser classificado quanto à sua natureza e quanto à óptica de
avaliação

• Cash flow de exploração (ou operacional) - Dinheiro recebido ou gasto como


resultado das actividades principais da empresa. Representa os meios libertos pela
atividade normal da empresa. É designado em inglês por EBITDA, ou ”Earnings Before
Interest, Taxes, Depreciation and Amortization”.

NATUREZA • Cash flow de investimento - Dinheiro recebido ou gasto através de gastos em bens de
capital (vulgarmente designado de capex, do inglês capital expenditures), investimentos
ou aquisições;

• Cash flow de financiamento - Dinheiro recebido ou gasto em resultado de actividades


de financiamento, como receber ou pagar empréstimos, emitir ou recomprar acções,
pagar dividendos, etc..

• Óptica do Projecto (avaliação económica) – visa determinar a valia económica do


projecto e, por isso, não é influenciada pela decisão de financiamento.
ÓPTICA DE
AVALIAÇÃO • Óptica do investidor (avaliação financeira) – visa determinar a valia financeira do
projecto, sendo influenciada pelo montante de capitais alheios que será utilizado, ou grau
de endividamento.

PEQB 93
Cálculo do cash flow, cruzando a sua natureza com a óptica de avaliação
Óptica do Investidor (ou do
Óptica do Projecto
Capital Próprio, ou Equity)

- Investimento (fixo e circulante 1) - Entradas dos sócios


Cash flow de Investimento + Valor Residual + Valor Residual
+ Cap. circulante final 1 + Cap. circulante final 1

+ Resultados Líquidos + Resultados Líquidos


+ Depreciações e Amortizações + Depreciações e Amortizações
Cash flow de Exploração
+ Provisões + Provisões
+ Encargos Financeiros x (1-T) 2 - Amortização da Dívida

Cash flow líquido Cash flow de Investimento + Cash flow de Exploração

Avaliação Económica Avaliação Financeira

1 – Assume-se que o capital circulante final é igual ao inicial. 2 – T é a taxa de IRC. Esta parcela corresponde aos encargos financeiros
efectivamente pagos, depois de impostos. Como os juros são um custo, os resultados líquidos são reduzidos nesse montante, havendo uma
diminuição do imposto a pagar de EF x T. Ou seja, os EF a considerar para o cash flow, na óptica do projecto, são EF - (EF x T) = EF (1-T).
PEQB 94
Comentários sobre o cálculo do cash flow, cruzando a sua natureza com a óptica
de avaliação (1/3)

Cash flow de exploração na Óptica do Projecto


• Corresponde ao fluxo financeiro gerado pela exploração do projecto. Com base na conta de
exploração, aos Resultados Líquidos adicionam-se as Amortizações e Depreciações do
exercício, pelo facto de constituírem um custo, mas não um pagamento (out-flow). Pelas
mesmas razões são adicionadas as provisões do exercício.
• A forma de cálculo destas parcelas (Resultados Líquidos e Amortizações e Depreciações) é
idêntica em ambas as ópticas.
• Já o mesmo não sucede com os Encargos Financeiros.
• Os encargos financeiros do financiamento (EF), corrigidos do efeito fiscal (ver parágrafo a
seguir) são adicionados no cálculo do cash flow de exploração na óptica do projecto, porque,
nesta óptica se assume que o projecto é integralmente financiado por capitais dos
sócios.
• Como na Conta de Exploração os encargos financeiros (EF) são um custo, os Resultados
Líquidos são reduzidos nesse preciso montante (EF). Em consequência, há uma diminuição do
imposto a pagar de EF x T (sendo T a taxa de IRC). Assim, os EF a considerar para o cálculo do
cash flow, na óptica do projecto, são EF - (EF x T) = EF (1-T).

PEQB 95
Comentários sobre o cálculo do cash flow, cruzando a sua natureza com a óptica
de avaliação (2/3)

Cash flow de exploração na Óptica do Investidor


• Corresponde ao fluxo financeiro gerado pela exploração do projecto para os accionistas ou
promotores do projecto.
• Neste caso, e porque considera o endividamento, o fluxo gerado para os promotores do projecto
corresponde aos RL, acrescidos das Depreciações e Amortizações e das Provisões (pelas
mesmas razões já referidas na Óptica do Projecto), subtraído da amortização da dívida, que
apesar de não ser um custo, não constando das Contas de Exploração, é, no entanto, um
pagamento (aos bancos, ou a quem tiver financiado o projecto).
Cash flow de investimento na Óptica do Projecto
• Corresponde ao investimento total, o que inclui o investimento fixo total, o capital circulante e os
respectivos valores residuais.
• O valor residual do investimento fixo refere-se ao valor desse investimento no último ano de vida
útil do projecto. Na ausência de melhor estimativa, pode-se usar o valor líquido contabilístico
nessa altura (em geral o valor não depreciado/ amortizado).
• O valor residual do capital circulante pode considerar-se, de forma simplificada, igual ao seu
valor inicial.
PEQB 96
Comentários sobre o cálculo do cash flow, cruzando a sua natureza com a óptica
de avaliação (3/3)

Cash flow de investimento na Óptica do Investidor


• Corresponde às entradas de capital dos accionistas ou promotores do projecto, assim como a
todo o capital gerado pelo projecto, retido para fazer face a necessidades adicionais de
investimento (por exemplo, aumento das necessidades de Capital Circulante). Esta última
parcela não é estimada em PEQB.
• Tal como na Óptica do Projecto, o valor residual do investimento fixo corresponde ao valor
desse investimento no último ano de vida útil do projecto. Na ausência de melhor estimativa,
pode-se usar o valor líquido contabilístico nessa altura (em gral o valor não depreciado/
amortizado).
• O valor residual do capital circulante pode considerar-se, de forma simplificada, igual ao seu
valor inicial, tal como na Óptica do Projecto.

Cash flow líquido


• É a soma do Cash Flow de Investimento e do Cash Flow de Exploração.
• É calculado desta forma, tanto na óptica do projecto, como na óptica do investidor.

PEQB 97
Conceitos de Fluxo de Caixa Líquido da Firma e de Fluxo de Caixa Líquido do
Accionista

• O Fluxo de Caixa Líquido da Firma (Free cash flow to firm, FCFF) é o cash flow disponível
para todos os fornecedores de capital da firma, depois desta ter pago todas as suas despesas
operacionais (incluindo impostos) e gastos de capital necessários para manter a sua capacidade
produtiva.
• Os fornecedores de capital da firma incluem os accionistas, accionistas preferenciais,
obrigacionistas, credores bancários e outros.
• O Free Cash Flow mede a facilidade com que um negócio gera capital que pode ser usado para
fazer crescer o negócio ou remunerar as suas fontes de financiamento. É a forma de cash flow
que melhor traduz a capacidade de um negócio gerar dinheiro que lhe aumente o valor.
• O Fluxo de Caixa Líquido do Accionista (Free cash flow to equity, FCFE) é o cash flow
disponível apenas para os accionistas da firma.
• Se a firma for financiada apenas por capitais próprios, o FCFF é igual ao FCFE.
• O desconto dos cash flows líquidos da firma (FCFF), utilizando a WACC (Weighted
Average Cost of Capital) como taxa de actualização, é um método frequentemente usado
para calcular o valor de uma empresa.
PEQB 98
O Cash Flow Líquido do Projecto é calculado com elementos do Plano de
Investimento e da Demonstração de Resultados Previsional

Plano de Cash Flow de


Investimento Investimento

Cash Flow
Líquido

Demonstração Cash Flow de


de Resultados Exploração
previsional previsional

PEQB 99
Cálculo do Cash Flow Líquido a partir da Demonstração de Resultados Previsional
e do Plano de Investimento
Investimento Exploração

-3 -2 -1 1 ... 10 Cálculo

RESULTADO LÍQUIDO DO PERÍODO +


Depreciações e Amortizações +
Da DR
Previsional Provisões +
Encargos financeiros +
CASH FLOW DE EXPLORAÇÃO (1) =

Investimento/ desinvestimento em capital fixo +/-


Do Plano de Investimento/ desinvestimento em capital
Investimento +/-
circulante
CASH FLOW DE INVESTIMENTO (2) =

CASH FLOW LÍQUIDO (1)+ (2)

• O valor residual, no caso do Investimento Fixo


• A totalidade, no caso do Capital Circulante
Legenda: células a preencher
PEQB 100
Evolução típica do cash flow líquido gerado pelo investimento numa nova fábrica
(sem actualização)
Ilustrativo
A-B - Projecto da fábrica
Cash flow I
Terreno, Valor Residual e B-C – Compra do terreno (se for a
acumulado
Capital Circulante opção)
C-D – Construção e montagem
H
G D-E – Investimento em Capital
Circulante
Pay-Back Time ou Período de E-F – Com o arranque da fábrica e o
Recuperação do investimento início das vendas a curva do cash flow
inverte-se
E – Momento em que o cash flow
F líquido começa a ser positivo, ainda que
A o acumulado seja negativo
-2 -1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
B A-F – Período em que o cash flow
Linha de depreciação acumulado é negativo
C constante do activo
F – Momento em que o cash flow
Investimento acumulado é nulo.
Terreno, Valor Residual e
Fixo F-H – Período em que o cash flow
Capital Circulante
acumulado é positivo. O projecto está a
D Cash flow líquido dar retorno ao capital investido.
Capital Resultado Líquido acumulado ao longo de
G-H – Período de redução do cash flow
Circulante toda a vida do projecto devido a maiores custos, queda das
E Valor anual das depreciações
e amortizações vendas, etc..
PEQB H-I – Desinvestimento 101
Valor actual - a necessidade de actualizar os cash flows

• Receber 1 Euro hoje não é o mesmo que receber 1 Euro amanhã, dado que tal implicar a
privação temporária de 1 Euro. Da mesma forma, para se poderem comparar, ou somar,
fluxos financeiros gerados em períodos diferentes, é necessário reportá-los a um mesmo
momento no tempo, ou actualizá-los.
• Actualizar significa descontar um fluxo futuro a uma determinada taxa de actualização,
que reflicta o custo de oportunidade, ou o rendimento exigido pelo investidor pelo facto de ter
que aguardar pelo momento em que no futuro receberá o montante em causa.
• Como qualquer investimento só gera fluxos financeiros no futuro, é necessário actualizar
esses fluxos e, entre outras análises, compará-los com o valor do investimento.
• Por valor actual entende-se o valor no presente de um determinado montante a receber
no futuro, depois de actualizado.
• O cash flow actualizado do período k, para uma taxa de actualização i, é calculado da
seguinte forma:
𝑪𝑭𝒌
𝑪𝒂𝒔𝒉 𝒇𝒍𝒐𝒘 𝒂𝒄𝒕𝒖𝒂𝒍𝒊𝒛𝒂𝒅𝒐 = 𝒌
𝟏+𝒊

PEQB 102
Taxa de actualização

• A taxa de actualização representa o custo do capital do investidor.


• Neste sentido, constitui uma medida de risco, dado que engloba um prémio determinado pelo
risco assumido. Assim, a projectos com diferente perfil de risco deverão corresponder
diferentes taxas de actualização, que serão tanto maiores quanto mais elevado for o risco do
projecto.
• Assim, a taxa de actualização integra as seguintes componentes:
TA = 1 + T) × 1 + T)) + (1 + T))) ) − 1
Em que,
Ti - Rendimento de um activo sem risco (ex.: Obrigações do Tesouro).
Tii - Prémio de Risco. Compensação inerente à incerteza da evolução económica, financeira,
global e sectorial do projecto, do país onde o investimento é realizado, ponderando também a
dimensão do investimento afecto ao projecto. É a remuneração do risco associado ao
projecto.
Tiii - Taxa de inflação. Necessária apenas quando a análise dos cash flows for efectuada a
preços correntes (o que não será geralmente o caso em PEQB).
PEQB 103
A análise de projectos pós-decisão de financiamento

A análise de projectos pós-decisão de financiamento pode ser efectuada de duas forma distintas:
• Pelo ajustamento do valor actual - VALA
Adiciona-se ao VAL anteriormente obtido, considerando o projecto como sendo financiado a
100% por capital próprio, os efeitos decorrentes do recurso ao financiamento externo.
• Pelo ajustamento da taxa de actualização
É a abordagem mais comum.
Normalmente, o ajustamento é feito para baixo, de forma a considerar o valor dos benefícios
fiscais dos juros pagos.
Implementa-se normalmente através do custo médio ponderado de capital após impostos –
CMPC ou WACC – Weighted Average Cost of Capital). Mantêm-se os cash flows
considerados na óptica do projecto, sem considerar quaisquer efeitos do financiamento, mas
modifica-se a taxa de actualização dos cash flows, em função da estrutura de financiamento
definida.
Esta metodologia só conduzirá aos mesmos resultados que a anterior se a estrutura de
financiamento permanecer inalterada ao longo de todo o projecto, sendo esta a sua primeira
limitação.
Apresenta-se em seguida o detalhe do ajustamento à taxa de actualização, que deverá ser
o método seguido em PEQB.
PEQB 104
Taxa de actualização a utilizar

• A forma mais comum de proceder ao ajustamento da taxa de actualização é a utilização do


Custo Médio Ponderado do Capital (CMPC).
• Este método corresponde à definição de uma taxa que seja a média ponderada das taxas de
remuneração das diferentes fontes de financiamento. O seu cálculo é bastante intuitivo.
• A ponderação do custo de cada fonte de financiamento corresponde ao peso (percentagem
relativa) de cada uma dessas fontes. Deve ter-se em conta que, sempre que houver lugar ao
pagamento de encargos financeiros, se deve verificar se os mesmos poderão originar benefícios
fiscais, o que, a ser verdade, irá implicar o ajustamento do custo dessa fonte de financiamento
pelo factor de correcção fiscal (1- T).
• Havendo impostos sobre os resultados do exercício (caso mais habitual), o CMPC é dado por:
𝑟$ - Custo do capital global
𝑟% - Custo do capital próprio
𝐸 𝐷 𝑟& - Custo do capital alheio
𝑟- = 𝑟. . + 𝑟/ . 1 − 𝑇 .
𝐸+𝐷 𝐸+𝐷 E - Capital próprio (equity)
D - Capital alheio (debt)
T – Taxa de imposto sobre os resultados (IRC)

PEQB 105
Taxa de actualização a utilizar (cont.)

• O Custo Médio Ponderado do Capital representa a taxa de custo do investimento, ou taxa de


rentabilidade mínima necessária para que o valor da empresa no mercado permaneça sem alteração
face à implementação de novos investimentos.
• O custo médio ponderado do capital mostra:
– Como o custo do capital sobe com o nível de endividamento;
– Que as empresas que adoptam projectos com taxas de rentabilidade superiores ao custo do
capital aumentam o valor da empresa (riqueza dos accionistas);
– Que todo o aumento de valor é apropriado pelos accionistas (também correm os riscos...); os
obrigacionistas e outros credores recebem apenas o montante cedido acrescido dos juros
contratados.
• O valor da WACC para uma amostra significativa de empresas de diversos sectores de actividade,
pode ser visto na página do Professor Aswath Damodaran, professor de Finanças da Stern School of
Business, na Universidade de New York, onde ensina Finanças Corporativas e avaliação de ações:
– http://pages.stern.nyu.edu/~adamodar/New_Home_Page/datafile/wacc.htm
• Nesta página, actualizada em Janeiro de 2020, o WACC das empresas da indústria química era:
– 6,65% para as químicas de base
– 7,55% para as químicas diversificadas
– 6,70% para as químicas de especialidades
PEQB 106
Custo do capital próprio

• O capital próprio não possui um • Perante o endividamento e o


custo explícito ou contratual, risco que assumem com o
possuindo apenas um custo encargo de o pagarem, os
implícito. accionistas exigem um aumento
da taxa de rentabilidade do
• Corresponde ao rendimento capital próprio, de modo a
mínimo exigido pelos compensar o aumento do risco
investidores/ accionistas, financeiro.
idêntico ao que podem obter
em aplicações alternativas.

Custo de
Oportunidade + Prémio de risco
= Custo do
Capital Próprio

PEQB 107
5. Plano de Financiamento

PEQB 108
ESTUDOS DE ENGENHARIA

Selecção da Construção
Projecto de Testes e
Tecnologia de
Engenharia Fornecimento Arranque
Fabrico
e montagem

Análise de
• Capitais Próprios Exploração
Mercado
• Capitais Alheios

Análise de
Contas de
Estimativa do Plano de Viabilidade
Exploração
investimento Financiamento Económico-
Previsionais
Financeira

ESTUDOS ECONÓMICO-FINANCEIROS

PEQB 109
Separação entre a decisão de investimento e a de financiamento

Uma das maiores contribuições para as finanças empresariais e a decisão de investimento, que originou
o Prémio Nobel da economia aos seus autores, Modigliani e Miller, em 1985, assenta no conceito de
que, em condições favoráveis dos mercados de capitais, é irrelevante a estrutura de capitais que as
empresas utilizam para financiar as suas operações (ou novos projectos de investimento), pelo que a
estrutura de capitais não tem impacto no valor das empresas ou dos projectos de investimento.
Este conceito baseou-se num conjunto de premissas que não se verificam totalmente - designadamente
a ausência de impostos. Estudos posteriores mostraram que, quando se considera o efeito dos
impostos, o benefício fiscal que as empresas têm por terem custos com encargos financeiros (deixando
de pagar o imposto sobre esses encargos), leva a que seja vantajoso para as empresas serem
financiadas, pelo menos parcialmente, por dívida (capital alheio) e não apenas por capital próprio (ver
ilustração no slide seguinte).
Estes conceitos influenciaram a forma como se avaliam os projectos de investimento, de modo que é
hoje aceite no mundo das finanças empresariais que é a decisão de investimento que cria ou destrói
valor e não a decisão de financiamento.
Assim, é útil avaliar a viabilidade de um novo projecto numa óptica pré-financiamento e pós-
financiamento, para além da óptica do investidor (ou dos capitais próprios).

PEQB 110
O recurso a capitais alheios permite, até certo ponto1, aumentar a rentabilidade
dos capitais próprios, devido ao efeito de “alavancagem”
Ilustração do efeito de alavancagem
PROJECTO A B C D E Fórmulas

1 Investimento+total 1+000+000 1+000+000 1+000+000 1+000+000 1+000+000 Dado

2 Rendibilidade+esperada 10% 10% 10% 10% 10% Dado

3 Proporção+de+capitais+alheios 0% 20% 40% 60% 80% Dado

4 Montante+de+capitais+alheios 0 200+000 400+000 600+000 800+000 (1)+x+(3)

5 Taxa+de+juro 0% 5% 9% 13% 17% Dado

6 Taxa+de+imposto 25% 25% 25% 25% 25% Dado

7 Taxa+de+juro+após+imposto 0,0% 3,8% 6,8% 9,8% 12,8% (5)+x+[100%+M+(6)]

8 Retorno+do+investimento 100+000 100+000 100+000 100+000 100+000 (1)+x+(2)

9 Custo+de+financiamento 0 7+500 27+000 58+500 102+000 (4)+x+(7)

10 Retorno+dos+capitais+próprios 100+000 92+500 73+000 41+500 M2+000 (8)+M+(9)

11 Rendibilidade+dos+capitais+próprios 10,0% 11,6% 12,2% 10,4% M1,0% (10)/[(1)+M+((4)]

1 - Desde que o nível de capitais alheios não seja de tal forma elevado que coloque em risco a viabilidade do projecto.
PEQB 111
Um novo investimento é normalmente financiado por capitais próprios e capitais
alheios, para beneficiar do efeito de alavancagem

• Os capitais próprios são os capitais dos investidores e não implicam


qualquer contrapartida fixa de remuneração, ou seja, podem ou não
ser remunerados, em função dos resultados gerados pela empresa.
Capitais Próprios
• Para efeitos de avaliação económica, contudo, deve ser considerada
uma taxa de remuneração deste capital ao nível do esperado pelo
investidor/ accionista.

• Os capitais alheios são capitais de fontes que não os investidores.


• Para investimentos de longo prazo, como é o investimento numa
fábrica da indústria química, as fontes mais habituais de capital alheio
são os empréstimos bancários ou empréstimos obrigacionistas.
Capitais Alheios • O financiamento por capitais alheios é um aspecto importante da
estrutura de capitais dos projectos, pois normalmente os capitais
próprios não são suficientes, e o recurso a capitais alheios permite o
chamado efeito de "alavancagem" dos capitais próprios, isto é,
aumenta o seu retorno potencial (embora também aumente o risco).
PEQB 112
A estrutura de financiamento dos projectos de investimento deve ter em conta
vários factores

Ciclo de vida do negócio


• Numa fase inicial da sua vida, as empresas tendem a ser financiadas quase exclusivamente por
capitais próprios, pois ainda não têm histórico de negócio suficiente para oferecerem suficiente
segurança a quem lhes empresta dinheiro quanto ao pagamento dos juros e reembolso dos capitais
emprestados.
• À medida que o negócio de desenvolve e consolida, e em função dos meios gerados, as empresas
diminuem o risco que lhe é associado e o acesso a capital alheio torna-se mais fácil.

Risco do negócio
• Quanto mais incerto for o retorno esperado (de um projecto de investimento, em particular, mas
também de um negócio, em geral) – o que aumenta a percepção de risco por parte de quem
empresta dinheiro - maiores dificuldades existirão no acesso a capitais alheios, que terá um custo
superior ao que se verifica em negócios que libertam meios financeiros de forma mais estável.

Peso dos custos fixos


• Quanto maior for o peso dos custos fixos na estrutura de custos do negócio, mais difícil tenderá a
ser o acesso a capitais alheios, uma vez que a margem gerada para suportar os encargos
decorrentes do financiamento é menor.
PEQB 113
Na avaliação económico-financeira do investimento, deverá considerar-se uma
estrutura de capitais com 30% a 40% de capitais próprios

30% a 40%
Capitais Próprios
do Investimento Total

60% a 70%
Capitais Alheios
do Investimento Total

PEQB 114
6. Análise de viabilidade económico-financeira e análise de
sensibilidade

PEQB 115
ESTUDOS DE ENGENHARIA

Selecção da Construção
Projecto de Testes e
Tecnologia de
Engenharia Fornecimento Arranque
Fabrico
e montagem

Análise de
• Indicadores de rentabilidade Exploração
Mercado
• Análise de sensibilidade

Análise de
Contas de
Estimativa do Plano de Viabilidade
Exploração
investimento Financiamento Económico-
Previsionais
Financeira

ESTUDOS ECONÓMICO-FINANCEIROS

PEQB 116
Enquadramento

• A análise de projectos é o elemento decisivo do plano de negócios que permite analisar a


viabilidade do projecto, na óptica do promotor, e motivar os financiadores para o seu apoio.
• A decisão de avançar com um projecto de investimento deve ser tomada com base em critérios
objectivos de avaliação da rentabilidade esperada.
• A metodologia de avaliação é idêntica quer se trate de um projecto promovido por uma
empresa existente ou de um projecto de raiz promovido por um empreendedor.
• A avaliação de um projecto de investimento assenta em projecções dos cash flows
esperados ao longo do tempo de vida útil do projecto, elaboradas a partir do Plano de
Negócios. Neste plano são estimadas as despesas e receitas (também designados por “custos”
e “benefícios”) que se espera que ocorram ao longo da vida útil do projecto, através das Contas
de Exploração Previsionais. É através dessas estimativas que se obtêm os cash flows
previsionais do projecto, que são a base do processo de avaliação.
• Nas secções 3.2 e 4 descreveu-se a forma de elaborar, respectivamente, as Contas de
Exploração Previsionais e de calcular os Cash Flows Previsionais.
• Nesta secção são apresentados os critérios a utilizar na análise da viabilidade e da
rentabilidade do projecto.

PEQB 117
A avaliação do projecto deve ser feita sob 3 perspectivas1

1) Na Óptica do Projecto pré-financiamento, assumindo 100% de capitais próprios e uma taxa


de actualização r
r = Taxa de juro sem risco + Prémio de risco do mercado

2) Na Óptica do Projecto pós-financiamento, assumindo uma proporção de capitais próprios


que se deverá situar entre 30% e 40% e uma taxa de actualização r
r = CMPC

3) Na Óptica do Investidor, em que será usada a mesma taxa de actualização da avaliação na


óptica do Projecto pré-financiamento (1), ou seja,

r = Taxa de juro sem risco + Prémio de risco do mercado


Ópticas a usar em PEQB

Para cada uma das perspectivas acima indicadas devem ser calculados os cash flows líquidos, que
servirão de base para o cálculo dos indicadores de viabilidade económico-financeira com base no
cash flow que a seguir se descrevem.
1 – Ver a Folha “Avaliação” do Modelo Financeiro referido no slide 83.
PEQB 118
Critérios de avaliação de um projecto

• Um indicador de desempenho de um projecto de investimento é um índice calculado a partir do


fluxos financeiros do projecto, que tenta medir uma determinada dimensão da qualidade do
investimento.
• Os indicadores mais utilizados são:
1. Valor Actual Líquido (VAL)
2. Taxa Interna de Rentabilidade (TIR)
3. Prazo de recuperação do capital ou Pay-Back (PB)
1. Pay-Back simples (sem actualização dos cash-flows)
2. Pay-Back económico (com actualização dos cash flows)
4. Índice de Rendibilidade (IR) ou Relação Benefício-Custo (B/C)

PEQB 119
1 - Valor Actual Líquido (VAL, ou NPV, Net Present Value) (1/2)

• O VAL é o somatório actualizado dos cash flows1 que se prevê que serão gerados pelo
Projecto, actualizados a uma taxa r, que deve reflectir um custo de oportunidade, como se verá
mais à frente.
• É calculado da seguinte forma:
0
𝑐𝑎𝑠ℎ 𝑓𝑙𝑜𝑤.
𝑉𝐴𝐿 = O
(1 + 𝑖).
'

Sendo:
– Cash flow k – valor do cash flow no fim do período k
– r - taxa de actualização
– k - índice do período (de 1 a n)
– n - períodos do horizonte de previsão

1 – Na actualização de cash flows futuros considera-se normalmente, por uma questão de simplificação dos cálculos, que os cash flows ocorrem
num único momento, no final de cada período.
PEQB 120
1 - Valor Actual Líquido (2/2)

VAL > 0
• Sendo o VAL superior a 0, o projecto cobrirá tanto o investimento inicial, bem como a
remuneração mínima exigida pelo investidor, gerando ainda um excedente financeiro.
• É, portanto, gerador de mais recursos do que a melhor alternativa ao investimento, para um
nível risco equivalente, uma vez que a taxa de actualização reflecte o custo de oportunidade de
capital. É um projecto economicamente viável.
• Decisão favorável à sua realização.

VAL < 0
• É um projecto economicamente inviável.
• Não deve ser aprovado.

PEQB 121
2 - Taxa Interna de Rentabilidade (1/3)

• A TIR é outro método usualmente utilizado na avaliação de projectos, traduzindo a rendibilidade


intrínseca de um projecto. Representa a taxa máxima de rendibilidade do projecto.
• A TIR é a taxa de actualização "i’" que, no final de "n" períodos, iguala o valor actualizado líquido
do projecto a zero.
• É, portanto, a taxa de actualização para a qual o VAL se anula:

0
𝑐𝑎𝑠ℎ 𝑓𝑙𝑜𝑤.
𝑇𝐼𝑅 = O =0
(1 + 𝑖).
.1'

• Da formulação acima resulta o cálculo das raízes de um polinómio de grau “n”, dado que se teria
que resolver a expressão em ordem a "i", para obter a TIR.
• O Excel tem uma função que calcula automaticamente a TIR para uma série de cash flows
futuros.

PEQB 122
2 - Taxa Interna de Rentabilidade (2/3)

Uma vez obtida a TIR, compara-se com a taxa de actualização (TA ou i). Um projecto só é elegível
quando se verifica TIR > TA (taxa de actualização).
TIR > TA
• Implica que o VAL > 0
• O projecto consegue gerar uma taxa de rentabilidade superior ao custo de oportunidade do
capital, pelo que é economicamente viável.

TIR < TA
• Implica que o VAL < 0
• O projecto não consegue gerar uma taxa de rentabilidade superior ao custo de oportunidade do
capital, pelo que não é economicamente viável.

PEQB 123
2 - Taxa Interna de Rentabilidade (3/3)

Limitações da TIR
• A TIR pressupõe o reinvestimento dos capitais recuperados por período à taxa de actualização,
pelo que se esta variar entre os diferentes períodos não nos poderemos fiar esta forma de
cálculo da TIR.
• Em face de dois ou mais projectos, e sobretudo, entre dois projectos mutuamente exclusivos, a
avaliação deverá guiar- se pelo VAL, uma vez que a TIR, sendo superior à taxa de
actualização, garante que o VAL é positivo, mas não permite identificar qual dos projectos seria
preferível.
• Num projecto de investimento em que se verifique alternância entre os cash flows, positivos e
negativos, poderá levar à obtenção de várias TIR, ou de nenhuma.
• Se existirem apenas cash flows positivos, decorrentes do facto da exploração se iniciar no
próprio período em que o investimento é realizado e cobrir todos os resultados e despesas
deste, verificar-se-á a mesma dificuldade referida no ponto anterior;
Vantagens da TIR
• Não obstante as dificuldades acima indicadas, a TIR é bastante utilizada, devido ao facto de se
exprimir em termos relativos, numa taxa, permitindo a sua fácil comparação com as taxas de
juro disponíveis no mercado e o prémio de risco pretendido pelo investidor.

PEQB 124
3 - Período de Recuperação do Investimento ou Payback Period (1/3)

Este critério mede o período de tempo que o somatório dos cash-flows leva a igualar (recuperar)
o investimento inicial.
Pode ser determinado de duas formas distintas:
• Não atendendo à dimensão temporal do dinheiro
Ø Adicionam-se os sucessivos cash flows até que o valor acumulado seja nulo.
• Atendendo à dimensão temporal do dinheiro (com actualização)
Ø Cálculo idêntico ao anterior, mas com os cash flows actualizados. A taxa de
actualização deve ser a mesma utilizada no cálculo do VAL.
O PRI tem uma utilização bastante generalizada, devido à sua simplicidade, mas pode levar a
conclusões erradas porque:
• Não atende à distribuição dos cash-flows durante o período de recuperação;
• Não tem em consideração os cash-flows libertos depois do período de recuperação do
investimento.
Não se trata de um critério de rentabilidade como muitas vezes é assumido, tratando-se antes
de uma medida de risco do projecto. É possível encontrar projectos com menores períodos de
recuperação que outros, o que não significa que tenham maior rentabilidade.

PEQB 125
3 - Período de Recuperação do Investimento ou Payback Period (2/3)

• O PB adquire maior importância quanto maior for a incerteza associada ao projecto, seja esta
derivada da instabilidade económica ou política da zona ou país onde se pretende efectuar o
investimento, ou de qualquer outro factor, como o facto de se tratar de uma start-up, sector de
actividade, etc..
• O PB é calculado da seguinte forma:
1. PB simples Em que:
𝑷𝑩
CFi - cash flow do período i
𝑷𝑩 = O 𝑪𝑭𝒊 = 𝟎
PB - número de períodos (anos) do pay-
𝒊1𝟏
back

2. PB actualizado i - número de anos do projecto de


investimento
𝑷𝑩
𝑪𝑭𝒊 r - taxa de actualização
𝑷𝑩 = O =𝟎
(𝟏 + 𝒓)𝟏
𝒊1𝟏

PEQB 126
3 - Período de Recuperação do Investimento ou Payback Period (3/3)

Desvantagens do PB
• O método do PB apresenta o inconveniente de não ter em conta os cash flows gerados depois
do ano de recuperação, tornando-se assim desaconselhável na avaliação de projectos de
longa duração.
Vantagens do PB
• Forma de cálculo bastante simples
• Adequado à avaliação de projectos em contexto de risco elevado
• Adequado à avaliação de projectos com uma duração limitada.
Conclusão
• O PB é, sobretudo, um critério de avaliação de risco, sendo, nesta perspectiva, mais
interessantes os projectos que permitam uma recuperação do capital investido em menor
tempo.
• Outra forma de utilizar o PB passa por estabelecer um período limite, relativamente ao qual o
PB deve ser inferior ou igual.

PEQB 127
4 - Índice de Rentabilidade ou Rácio Custo-Benefício

O Índice de Rendibilidade relaciona os cash flows de exploração com os cash flows de


investimento, através da seguinte expressão:
Em que:

𝐧 𝐂𝐅𝐞 CFe – cash flows de exploração


(𝟏 + 𝐢)𝐧
𝐈𝐑 = V CFi – cash flows de investimento
𝑪𝑭𝒊
𝟏
(𝟏 + 𝒊)𝒏 i – taxa de actualização

O indicador IR é muito utilizado e de interpretação relativamente fácil em comparação a outros


indicadores, no entanto, apresenta diversas limitações, dentre as quais se destaca a
insensibilidade à escala e à duração projecto.
A interpretação deste critério deve ser feita da seguinte forma:
IR > 1 – O projecto deve ser aceite. Garante que o VAL > 0 e que a TIR > TA.

PEQB 128
Comparação dos critérios de avaliação - exemplo

• Para ilustrar as vantagens e limitações associadas a cada indicador de rentabilidade de um


projecto, será utilizado o conjunto de projectos de investimento descritos no quadro seguinte.
• Os projectos estão identificados com as letras de A a F, estando as componentes dos
respectivos cash flows representadas por Ri - receitas e Di – despesas, para cada período i.

Projecto

A B C D E F

Período Ri Di Ri Di Ri Di Ri Di Ri Di Ri Di

0 0 10 0 1000 0 100 0 100 0 100 0 100

1 5 3 500 300 100 0 55 0 120 0 0 0

2 10 3 1000 300 0 0 60,5 0 0 0 134 0

3 10 3 1000 30 0 0 0 0 0 0 0 0

PEQB 129
Comparação dos critérios de rentabilidade – exemplo (cont.) – ver comentários nos
slides seguintes

Indicador Tx actual. A B C D E F
Valor Actual Líquido
10% 2,86 286,25 0,00 0,00 9,09 10,74
(VAL)
Valor Actual Líquido
12% 2,35 234,85 -1,79 -2,66 7,14 6,82
(VAL)
Taxa Interna de
23,08 23,08 10,00 10,00 20,00 15,76
Rentabilidade
Índice de
10% 1,16 1,16 1,00 1,00 1,09 1,11
Rendibilidade (IR)
Índice de
12% 1,14 1,14 0,98 0,97 1,07 1,07
Rendibilidade (IR)
Pay-back Económico
10% 3,00 3,00 1,00 2,00 1,00 2,00
(PBE)
Pay-back Económico
12% 3,00 3,00 0,00 0,00 1,00 2,00
(PBE)
Pay-back Simples
3,00 3,00 1,00 2,00 1,00 2,00
(PBS)

PEQB 130
Comparação dos critérios de rentabilidade - comentários sobre o VAL

O VAL é, do ponto de vista teórico, em condições estritamente deterministas, o mais consistente


dos indicadores disponíveis. Contudo, também apresenta algumas limitações, que se referem em
seguida.
Escala do projecto
- O VAL é sensível à escala do projecto, ao contrário da TIR do IR e o PB. Tal pode ser
verificado no quadro de resultados dos projectos, comparando-se o VAL dos projectos A e B.
Duração do projecto
- O VAL é insensível à duração do projecto. Comparando os projectos C e D, verifica-se que,
para ambos, o VAL é nulo, indiciando a sua equivalência.
Taxa de actualização
- O VAL depende da taxa de actualização.
- Nos projectos E e F, à taxa de 10% o projecto F, de VAL igual a 10,74, seria preferível ao
projecto E, que apresenta um VAL de valor 9,09. Com uma taxa de axtualização de 12%, a
decisão inverte-se. Neste caso, seria seleccionado o projecto E, que tem um VAL de 7,14,
superior ao do projecto F, com um VAL de 6,82.

PEQB 131
Comparação dos critérios de rentabilidade - comentários sobre a TIR
A TIR aparenta ser, dos indicadores referidos, aquele que apresenta menos limitações, dado que
é independente de determinados aspectos arbitrários, designadamente, da definição do custo de
oportunidade do projecto, necessário para a determinação dos restantes indicadores.
No entanto, essa vantagem é apenas aparente, pois a TIR revela-se inconsistente em várias
situações na comparação entre projectos.
Comparação do VAL com a TIR
O VAL e a TIR conduzem a conflitos na escolha de projectos, favorecendo diferentes projectos.
Ambas as técnicas consideram todos os cash flows e ambas utilizam o conceito de valor do
dinheiro no tempo, com vista a actualizar os cash flows. Contudo, quando se tem que escolher de
entre projectos mutuamente exclusivos, o critério do VAL é o único consistente com a
maximização do valor criado para os accionistas.
Pressuposto da taxa de reinvestimento
A taxa de reinvestimento é equivalente ao custo de oportunidade do capital, devendo reflectir o
perfil de risco do projecto. O critério da TIR não actualiza os cash flows ao custo de oportunidade
do capital. Em vez disso, pressupõe implicitamente que o valor do dinheiro no tempo é a própria
TIR, actualizando todos os cash flows a esta taxa, ignorando o perfil de risco de cada projecto.
Já o VAL admite que os accionistas podem reinvestir o seu dinheiro ao custo de oportunidade do
capital. Sendo o custo de oportunidade dos fundos determinado pelo mercado, o VAL utiliza
correctamente o pressuposto da taxa de reinvestimento.
PEQB 132
Comparação dos critérios de rentabilidade - comentários sobre o Payback

O Payback é o tempo necessário para que um projecto recupere o capital investido.


É aplicável, sem restrições, a projectos convencionais de investimento. Em projectos não
convencionais, onde ocorrem múltiplas mudanças de sinal nos cash flows, a análise do PB deve
ser efectuada de forma cautelosa, tal como a sua interpretação.
Apesar das suas limitações, o PB pode ser particularmente útil, como indicador auxiliar no
processo de análise.
Isto pode ser ilustrado comparando os projectos C e D. Enquanto os indicadores IR e VAL dão os
dois projectos como sendo equivalentes para um custo de oportunidade de 10% o PBE apresenta
valores diferentes para ambos os projectos. Indica que o capital investido no projecto C será
recuperado num período, enquanto que o capital investido no projecto D só será recuperado ao
fim de dois períodos. Assim, o projecto C será preferível ao D, apesar de ambos possibilitarem a
recuperação do capital dentro da vida útil do projecto.

PEQB 133
Comparação dos critérios de rentabilidade - comentários sobre o Índice de
Rentabilidade

Dimensão dos projectos


Os projectos A e B, embora de diferentes dimensões, têm um IR de 1,16, para uma taxa de actualização
de 10%. Logo, de acordo com o IR é indiferente investir num ou noutro projecto.
O facto do IR ser insensível à dimensão dos projectos torna-o desaconselhável na análise de projectos
mutuamente exclusivos. Como o projecto B é o projecto A multiplicado por 100, apresenta um VAL
bastante superior.
Duração dos projectos

Comparando-se os projectos C e D, constata-se que o IR é insensível à duração do projecto. Ambos


possuem o mesmo IR, apesar de o projecto C assegurar um retorno mais rápido do investimento,
sendo, portanto, de risco menor.
Taxa de actualização
A dependência do IR face à taxa de actualização está patente na comparação dos projectos E e F.
Considerando a taxa de actualização de 10%, o projecto F, com um IR de 1,107, seria considerado mais
atractivo do que o projecto E, que tem um IR inferior. Porém, se o custo de oportunidade do capital for
de 12%, ambos os projectos apresentam o mesmo IR.

PEQB 134
Critérios de Rentabilidade sem actualização

Para além dos critérios que tomam por base a actualização dos cash flows, podem ser usados
outros critérios, complementares dos anteriores.
Alguns dos rácios financeiros importantes são:
- Rentabilidade dos Capitais Próprios = Resultado Líquido/ Capital Próprio
- Rentabilidade das Vendas = Resultado Operacional/ Vendas Líquidas
- Rotação do Capital Próprio = Vendas Líquidas/ Capital Próprio
- São indicadores habitualmente construídos a partir de dados históricos contabilísticos,
bastante úteis quando se fazem previsões. Por exemplo, a rentabilidade das vendas permite
comparar a sua evolução com o histórico da empresa, outras áreas de negócio da mesma
ou relativamente a investimentos similares.
O ponto crítico (breakeven point), ou o volume de receitas que iguala os custos totais, é um
indicador bastante útil, quando expresso em % da capacidade instalada, pois dá indicação da
taxa de ocupação acima da qual a instalação gerar lucros (sendo que taxas de ocupação abaixo
do ponto crítico geram prejuízos).

PEQB 135
Análise do ponto crítico (break-even analysis)


Receitas
900 –

800 – Pressupostos
Ponto crítico s Total de custos
cro
700 – Custos totais = Receitas Lu • Os custos e as receitas
variam linearmente com
600 –
o volume de produção (o
Custo

500 – que geralmente não é o


Custos variáveis caso)
400 –

300 – • Os custos são


s conhecidos
200 – ízo
e ju
Pr • A desvalorização do
100 – Custos Fixos dinheiro ao longo do
|– | | | | | | | | | | | tempo não é considerada
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100
Volume de produção

PEQB 136
Expressões para o cálculo do Ponto Crítico

BEPx = break-even em R = receitas = Px


quantidade F = custos fixos
BEP$ = break-even em valor V = custos variáveis unitários
P = preço de venda C = custos totais = F + Vx
x = volume de produção

O Ponto Crítico verifica-se quando as Receitas igualam os custos

Ponto Crítico F
em quantidade R = C ⇔ Px = F + Vx ⇔ BEPx =
P−V

F F
Ponto Crítico BEP = BEP × P ⇔ BEP = ×P BEP =
em valor $ x $ P−V $ V
1−
P
PEQB 137
A análise de sensibilidade permite identificar as variáveis mais críticas para a
viabilidade do projecto
Ao se elaborar um estudo de viabilidade económica de um projecto de investimento, utilizam-se
valores previsionais. Estas previsões dizem respeito a valores esperados cuja estimativa tem
associado um determinado risco.
O risco decorre precisamente da incerteza, isto é, da possibilidade ou probabilidade dos valores
que venham a ocorrer sejam significativamente diferentes dos estimados.
A análise de sensibilidade permite determinar o impacto no valor de um critério de avaliação do
projecto, normalmente o VAL, de uma alteração numa variável do projecto.
Começa-se por identificar os parâmetros de carácter incerto que podem ser determinantes para a
realização do projecto (por exemplo, os que tenham peso na Demonstração de Resultados) tais
como:
• Margem Bruta, que engloba o preço de venda e o custo das matérias-primas;
• Quantidades vendidas;
• Valor do investimento em capital fixo;
• Custo da energia;
• Outras

PEQB 138
A análise de sensibilidade permite identificar as variáveis mais críticas para a
viabilidade do projecto (cont.)

Em seguida, simula-se o impacto nos indicadores de rentabilidade principais (VAL e TIR) de


variações percentuais, sobre o caso base, de cada um dos parâmetros, calculando-se a variação
percentual do VAL e da TIR .
A comparação entre variações percentuais indica a “elasticidade” do VAL e TIR ao parâmetro em
análise e é uma forma muito prática de se identificarem as variáveis mais críticas para viabilidade
e rentabilidade do projecto.
Por exemplo:
- Se uma variação da Margem Bruta de 10% produz uma variação do VAL de 30%, é óbvio
que se trata de um parâmetro crítico para a rentabilidade
- Se uma variação de 50% no preço da energia elétrica resulta numa variação da TIR de 2%
(não de 2 pontos percentuais) é claro que o preço da electricidade não é uma variável crítica.
Para os parâmetros mais críticos, deverão ser preparados gráficos com a variação percentual
do parâmetro em abcissas e a variação percentual dos indicadores de rentabilidade em
ordenadas (preferencialmente um gráfico misto, de linhas e colunas, com 2 escalas no eixo das
ordenadas, uma de cada lado).

PEQB 139
7. Bibliografia

PEQB 140
Bibliografia

1. Pikulik, A. and H. E. Diaz, Cost Estimating for Major Process Equipment, Chem. Eng. 84 no.
21 (1977): 106.
2. Peters, M. S. and K. D. Timmerhaus, Plant Design and Economics for Chemical Engineers, 4th
ed. (New York: McGraw-Hill, 1991).
3. Perry, R. H., D. W. Green, and J. O. Maloney, eds., Chemical Engineers Handbook, 7th ed.
(New York: McGraw-Hill, 1997).
4. Cost Estimate Classification System, AACE International Recommended Practice No. 17R-97,
1997.
5. Ulrich, G. D., A Guide to Chemical Engineering Process Design and Economics, New York:
John Wiley and Sons, 1984.
6. Lang, H. J., Engineering Approach to Preliminary Cost Estimates, Chem. Eng. 54 no. 9 (1947):
130.
7. Lang, H. J., Cost Relationships in Preliminary Cost Estimates, Chem. Eng. 54 no. 10 (1947):
117.
8. Lang, H. J., Simplified Approach to Preliminary Cost Estimates, Chem. Eng. 55 no. 6 (1948):
112.
9. Guthrie, K. M., Capital Cost Estimating, Chem. Eng. 76 no. 3 (1969): 114.

PEQB 141
Bibliografia

10. Guthrie, K. M., Process Plant Estimating, Evaluation and Control (Solana Beach, CA: Solana,
1974).
11. Navarrete, P. F., Planning, Estimating, and Control of Chemical Construction Projects (New
York: Marcel Dekker, Inc., 1995).
12. R-Books Software, Richardson Engineering Services, Inc., 2001.
13. Section VIII, ASME Boiler and Pressure Vessel Code, ASME Boiler and Pressure Vessel
Committee (New York: ASME, 2000).
14. Sandler, H. J. and E. T. Luckiewicz, Practical Process Engineering, a Working Approach to
Plant Design (Philadelphia: XIMIX, Inc., 1987).
15. lncoloy Alloys 800 and 800HT, Table 22, Inco Alloys International Publication, I AI-20 4M
US/lM UK (1986).
16. Williams, R. Jr., Six Tenths Factor Aids in Approximating Costs , Chemical Engineering ,
December 1947.
17. Guthrie, K.M., Capital and Operating Costs for 54 Chemical Processes, Chem. Eng., June
1970
18. William D. Baasel, Preliminary Chemical Engineering Plant Design (Elsevier, 1974)

PEQB 142
Bibliografia

10. Correia, Paulo Simões, Técnico de Projectos de Investimento, Companhia Própria – Formação
& Consultoria, Lda, 2004, 1ª edição
11. Fernandes, Artur, Março, André, Marques, João e Soares, João, Avaliação de Projectos na
Óptica Empresarial, Edições Sílabo, Lisboa, 1999
12. Cebola, António, Elaboração e Análise de Projectos de Investimento, Edições Sílabo, Lisboa,
2000
13. Azevedo, Adriano, Elementos de Matemática Financeira e Análise de Projectos de
Investimento, USP, São Paulo, 1996
14. Mota, António Gomes, Nunes, João Pedro, Ferreira, Miguel Almeida, Finanças Empresariais –
Teoria e Prática, Publisher Team, Lisboa, 2004
15. Amibússola - Consultores, Avaliação de Projectos de Investimento
16. Bastardo, Carlos e Gomes, António Rosa, O Financiamento e as Aplicações Financeiras das
Empresas, Texto Editora, 6ª edição, 1995

PEQB 143

Você também pode gostar