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Pontifícia Universidade Católica do Paraná

Escola Politécnica
Engenharia Mecânica
Materiais Metálicos
TDE II

Nome: Paula Schafer Nogueira


Questões
1. Mostre as diferenças e semelhanças entre os tratamentos de cementação e
carbonitretação, em termos de processo, propriedades, microestruturas e
aplicações. (4 pontos)

A cementação e a carbonitretação visam o endurecimento da superfície. A


cementação consiste basicamente na introdução de carbono na superfície do aço, para
que depois de temperado apresente uma superfície mais fura. Para se produzir uma
superfície dura com núcleo tenaz, é preciso de um aço com baixo carbono e aquecê-lo,
normalmente entre 815 e 950 oC. Este processo é utilizado em aços carbono e aços baixa
liga. A cementação pode ser feita de cinco formas: Sólida, Gasosa, Liquida, Vácuo e
Plasma.
Na cementação solida as peças de aço são acondicionadas em caixas metálicas,
adiciona-se carvão de madeira ou coque, catalisador e um óleo ligante ou alcatrão. A
temperatura normalmente é de 815 a 955 oC, chegando às vezes a 1095 oC. A
profundidade da camada cementada varia de 0,6 a 6,9 mm, a profundidade é medida
por meio da dureza. Algumas vantagens de cementação solida são: possibilidade de
utilizar grandes variedades de fornos e é ideal para peças que precisam de resfriamento
lento após a cementação. Já as desvantagens deste processo são: é a mais lenta entre
os processos de cementação, não permite controle de potencial de carbono na
superfície da peça etc.
A cementação gasosa consiste em colocar a peça a ser cementada em um forno
com atmosfera de potencial de carbono controlado. A profundidade da camada
cementada pode variar de 0,5 a 2,0 mm, mas isto depende do tempo, temperatura e do
potencial de carbono do forno. Algumas vantagens deste processo são: mais limpo que
por via solida, processo rápido, possibilita a tempera dieta etc. Já suas desvantagens:
custo alto dos equipamentos se comparar com os da cementação solida e requer pessoal
habilitado.
A cementação liquida consiste em manter o aço em um banho de sal fundido em
uma temperatura acima de A1. A profundidade da camada cementada depende da
temperatura utilizada e da composição do banho. A camada endurecida contém
apreciável quantidade de nitrogênio, que pode formar nitreto e estes nitretos
aumentam a resistência ao desgaste e reduzem o amolecimento durante os tratamentos
térmicos. Para camadas mais finas é indicado banhos com baixas temperaturas já para
as maiores, banhos com altas temperaturas. Os tempos de cementação liquida variam
de 0,5 a 10 horas. As vantagens deste tratamento são: possibilidade de operação
continua, proteção efetiva contra descarbonetação etc. Produção de resíduos tóxicos
de cianeto e necessidade de limpeza posterior em alguns casos são as desvantagens
deste processo.
Na cementação a vácuo o aço é austenitizado em uma câmara a vácuo, com
posterior injeção de gás cementante em uma pressão parcial entre 10 e 200 torr e
mantido entre uma e três horas na temperatura de austenitização. Em seguida, a
acamara é evacuada e preenchida com gás nitrogênio. Este processo oferece uma
melhor uniformidade e um controle mais preciso da camada cementada em relação a
cementação gasosa e não requer limpeza posterior. No entanto o custo do equipamento
é maior.
Na cementação a plasma utiliza-se a tecnologia de descargas luminescentes para
fornecer íons de carbono para a superfície da peça. Este processo é muito mais rápido
que o de cementação a gás.
Já a carbonitretação é um processo para se introduzir carbono e nitrogênio no
aço a partir de uma mistura gasosa. É um processo misto de cementação a gás com
nitretação a gás, sendo realizado em temperaturas intermediárias entre estes dois
processos, 700 a 900 oC e durante um tempo geralmente menor que na cementação a
gás. O objetivo da carbonitretação é formar no aço uma camada dura e resistente ao
desgaste de 0,07 a 0,70 mm. Os aços normalmente utilizados possuem teores de
carbono na faixa de 0,25%, mas em alguns casos são utilizados aços com até 0,50% C.
Os equipamentos utilizados são praticamente os mesmos da cementação a gás, com
pequenas modificações. Os tempos de carbonitretação para os aços carbono e baixa liga
variam de 30 minutos até um máximo de seis horas.
Por conter nitrogênio, a resistência ao amolecimento pela temperatura é maior
em peças carbonitretadas que nas peças cementada a gás. Além disso as resistências a
fadiga e ao desgaste são maiores em peças carbonitretadas. No entanto a profundidade
de camada endurecida é menor que na cementação.
Ao final do processo de cementação e do revenimento na superfície da peça terá
martensita revenida e o centro ferritico e perlitico. Na carbonitretação e após o
revenimento a superfície da peça será formada por martensita rica em nitrogênio e o
centro ferritico e perlitico.

2. Quais as diferenças entre os processos de nitretação à plasma e a nitretação


a gás, em termos de processo, propriedades, microestruturas e aplicações. (4
pontos)

A nitretação a gás consiste em submeter a peça a uma atmosfera de amônia


entre 500 e 565 oC. Um exemplo de equipamento utilizada para a nitretação a gás é o
forno tipo campânula. Os aços utilizados contêm elementos formadores de nitretos
estáveis a temperatura de nitretação, como alumínio, cromo e vanádio. São classificados
em:

- Aços baixa liga, contendo alumínio.

- Aços médio carbono, ao cromo, das series 41xx, 43xx, 51xx, 61xx, 86xx, 87xx e 98xx.

-Aços ferramenta com 5% cromo, do tipo H11, H12 e H13.

-Aços de baixo carbono, ao cromo, das series 33xx,86xx e 93xx.

-Aços ferramenta endurecíveis ao ar como A2, A6, D2, D3 e S7.

-Aços rápidos tipo M2 e M4.

-Aços inoxidáveis ferriticos e martensíticos.

-Aços inoxidáveis austeniticos das series 200 e 300.

-Aços inoxidáveis endurecidos por precipitação.


Aços carbono geralmente não são utilizados na nitretação a gás, pois formam uma
camada nitretada extremamente fina e quebradiça. Aços contendo alumínio produzem uma
camada nitretada de altíssima dureza e excelente resistência ao desgaste, mas com baixa
ductilidade. Já os aços ao cromo produzem camadas mais dúcteis, mas com dureza menor que
a dos aços com alumínio.

Existe dois processos o de estágio único e o processo de Floe. No processo de estágio


único utiliza-se uma temperatura entre 500 e 525 oC, a taxa de dissociação da amônia entre 15
e 30%. Neste caso, a dissociação da amônia é controlada pela temperatura e pelo fluxo de
amônia. Este processo produz uma camada branca quebradiça na superfície da camada
nitretada.

Já o processo de Floe reduz ou elimina a camada branca. O primeiro estágio deste


processo é igual ao processo de estágio único, mas com um menor tempo de aplicação. No
segundo estágio, a temperatura é elevada para 550 a 565 oC e a taxa de dissociação de amônia
para 65 a 85%. O tempo total deste estágio é igual ao do estágio simples. A única vantagem de
utilizar o processo de Floe é o de reduzir a camada branca.

A nitretação a plasma utiliza a mesma tecnologia da cementação a plasma. Em um vaso


a vácuo, é criado plasma pela aplicação de um campo elétrico e os íons de nitrogênio são
acelerados em direção da peça. Isso provoca o aquecimento da peça e limpa sua superfície, além
de fornecer o nitrogênio ativo para ser absorvido pelo aço. A camada nitretada pode ser dividida
em duas regiões: branca e de difusão. A região branca é formada por nitretos de ferro e por isso
a sua dureza não é afetada pelos elementos de liga formadoras de carboneto. A região branca
também reduz o coeficiente de atrito e melhora a resistência a fadiga em ambientes corrosivos.

Na região de difusão, uma parte do nitrogênio fica dissolvido nos interstícios da ferrita
e a outra parte forma nitretos de ferro e elementos de liga. Ao nitretar aço carbono a região de
difusão terá dureza semelhante a região sem nitretação. Já a região branca terá boa resistência
ao desgaste a poderá ser utilizada em peças sujeitas a cargas leves.

Em relação a nitretação a gás a nitretação a plasma apresenta um melhor controle da


uniformidade e da composição química da camada, além de provocar menor distorção nas
peças. Após a nitretação a peça terá uma camada de martensita rica em nitrogênio e no meio
martensita revenida. Comparada com a nitretação a gás, a nitretação a plasma apresenta
algumas vantagens e desvantagens. Ela possui um melhor controle de camada nitretada,
melhores temperaturas, não poluente pois evita uso de amônia, menor consumo de energia,
reduz tempo de nitretação, maior facilidade para automação. Porém apresenta um alto custo
do equipamento, necessidade de fixar as peças com conectores para passagem de corrente
elétrica.

3. É necessário aumentar a resistência ao desgaste por endurecimento da


superfície (Ver exemplo no capítulo 5 do Callister). O aço a ser tratado é um
aço AISI/SAE 5115. Para cumprir sua função, é necessário um teor de carbono
de 0.75 %C, em uma posição a 0.65 mm. A concentração de carbono no meio
é de 1.2 %C. Calcule o tempo necessário para atingir estas características, se o
tratamento for realizado a 1000oC. (2 pontos)
Sabendo que:
Cx − C0 x
= 1 − erf ( )
Cs − C0 2√Dt

Cx = 0,75%C
Cs = 1,2%C
C0 = 0,15%C
x
z=2
√Dt

Substituindo:
0,75 − 0,15
= 1 − erf (z)
1,2 − 0,15
erf (z) = 0,428571

Interpolação para descobrir o valor de z:


z enf(z)

0,40 0,4284
X 0,428571
0,45 0,4755

z = 0,400182
Calculando o coeficiente de difusão:

D = D0·𝑒 −𝑄𝐷/𝑅𝑇
3 /8,31·(1000+273)
D = 2,3·10−5 ·𝑒 −148·10 = 1,93083·10−11 𝑚2 /𝑠
Substituindo:
x
z=2
√Dt
0,00065
0,400182 =
2√1,93083·10−11t
t = 34159,19152 segundos = 9,48866431 horas

Resposta: O tempo necessário para atingir as características é de


aproximadamente 9,49 horas.

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