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ANÁLISE

DE

INVESTIMENTOS
(Orçamento de Capital)

Prof. Dr. José A. Moura Aranha


Objetivos

• Conceituar projeto de investimento

• Planejar e formular um projeto de investimento

• Avaliar a viabilidade de um projeto de


investimento
2
Conceitos gerais
• Projeto é uma atividade temporária a criar um
produto, serviço ou resultado único.

• Projeto para uma agência de fomento:


conjunto de informações que definem a
alocação e avaliação de recursos para uma
atividade ou empreendimento que permitam a
avaliação da conveniência da participação
financeira da agência nessas atividades
Conceitos gerais
• Projeto para uma empresa: iniciativa com
objetivo de alterar uma situação vigente ou
introduzir uma inovação

• Inovação tecnológica
Projeto
• Identificação
• Objetivo
• Justificativa
• Escopo
• Metodologia de P&D
• Atividades
• Identificação dos recursos necessários
• Cronograma físico
• Orçamento
• Cronograma físico-financeira de P&D
• Projeto de Investimento em inovação tecnológica
• Estudo de viabilidade
• Identificação de fontes de recursos financeiros 5
Identificação
1 A Empresa
1.1 denominação, CNPJ, forma jurídica, sede, objeto social
1.2 Capital social e controle
1.3 Administração
1.4 Histórico
1.5 Evolução das vendas
1.6 Capacidade de produção anual
1.7 Número de empregados
1.8 Organograma
1.9 Capacitação tecnológica
1.10 Programa de qualidade
6
2. O PROJETO
2.1 Objetivo
• Deve ser formulado de uma maneira sucinta e clara
• Deve dizer claramente o que se quer com o projeto
• Não entrar em detalhes sobre como se pretende obter os
resultados
– Exemplo: Produzir etanol com bagaço de cana-de-açúcar
2.2 Justificativas
• Arrazoado em que o idealizador/responsável defende sua idéia e
oferece elementos de convencimento quanto à conveniência de
a organização ou outro setor incorrer nos gastos necessários
para a sua execução
• Apresentar os benefícios que o projeto deverá acarretar
– Benefícios intrínsecos
– Externalidades positivas (benefícios extrínsecos)
Exemplo de justificativa:
Após uma experiência malograda nos anos 1990, especialmente como
consequência da instabilidade da oferta por parte dos produtores, o etanol tem tido
uma demanda crescente como combustível veicular. Essa demanda tende a crescer,
sobretudo depois do desenvolvimento e lançamento, no mercado, dos carros com
motor Flex, que opera tanto com gasolina como com etanol. Mais barato, menos
agressivo ao meio ambiente, o etanol parece mesmo ser uma tendência geral e vem
ganhando adeptos.

Enquanto no Brasil o etanol é produzido a partir do caldo da cana-de-açúcar,


gerando o álcool etílico, fora do Brasil, vêm sendo desenvolvidos processos de
fabricação a partir de resíduos agrícolas ou lenhosos, sendo chamado de etanol
celulósico. O bagaço de cana-de-açúcar resultante do processamento do caldo de
cana pode servir como matéria-prima adicional para produção de etanol.

Uma parte do bagaço, atualmente, é queimado para gerar energia. Entretanto,


outras formas de biomassa podem ser queimadas para esse fim. A empresa que
conseguir usar o bagaço para produzir etanol, além daquele que resulta do caldo de
cana, será mais competitiva e poderá aumentar seu faturamento. Nos EUA e em
outros países, há pesados investimentos no desenvolvimento dessa tecnologia. 8
Benefícios intrínsecos:
a) Projeto em harmonia com as estratégias da empresa
b) Ampliação da produção e, portanto, no faturamento
c) Redução de custos
d) Redução de descarte na inspeção final
e) Agregação de recursos no produto que representam aumento de valor
f) Incorporação de tecnologia pela empresa, tornando-a menos dependente de
fornecedores estranhos
g) Capacitação tecnológica da empresa

Externalidades:
a) Preservação e geração de empregos;
b) Atenuação de danos ambientais (por exemplo: reciclagem de rejeitos)
c) Melhoria da balança comercial
d) Aumento da arrecadação
e) Agregação de valor a commodities, no país;
f) Criação de postos de trabalho de maior qualificação
g) Satisfação do mercado interno, entre outros. 9
3 Escopo (Finalidade)
• indica o alcance do projeto
• de onde parte e até onde vai; o que esta contido nele
• É frequente separar o investimento em P&D, ou pré-investimento, do
posterior investimento industrial em que a tecnologia desenvolvida será
implantada industrialmente.

• Exemplos de escopo:
O projeto visa desenvolver um processo que permita obter etanol também
com o bagaço, em acréscimo àquele produzido com o caldo. Pretende-se
aperfeiçoar os processos enzimáticos hoje conhecidos em escala de
bancada, devendo o produto final ser o projeto de engenharia e o estudo de
viabilidade de uma unidade produtora de álcool etílico que tenha, como
matéria-prima, o bagaço da cana.
4 Metodologia de P&D
• Mostra a maneira pela qual se espera atingir os resultados almejados
• Indica como, partindo do estágio de conhecimento em que se encontra a
organização, ela planeja obter as soluções ou a superação de obstáculos
tecnológicos.
• Pode incluir:
• atividades técnicas de pesquisa bibliográfica,
• uso de ferramentas de busca de patentes,
• Tipos de ensaios laboratoriais
• Maneira como se dará o ganho de escala
• Prova de conceito, etc...
• Em P&D costuma ser uma primeira idéia da rota tecnológia a ser adotada:
5 Atividades do projeto
• Demonstrar as atividades que farão parte da execução do projeto.
•É a base para elaboração do cronograma físico, do cronograma físico-financeiro que
possibilitará projetar o fluxo de caixa.
•Exemplos de atividades:
•Levantamento bibliográfico
•Buscas no sistema internacional de patentes
•Desenvolvimento em laboratórios (escala de bancada)
•Contratação de assistência técnica
•Desenvolvimento em escala-piloto
•Produção de protótipos em escala industrial
•Projeto de engenharia
•Estudo de viabilidade
•Produção piloto, comercialização pioneira, e outros
6 Identificação dos Recursos Necessários
• Identificar o que será necessário para executar o projeto

•Prevenção de perdas por falta de recursos (ociosidade)


•Exemplo:
•Mão-de-obra para P&D
•Matéria-prima consumida em P&D
•Contratação de serviços:
•Aluguéis e leasing
•Análise laboratoriais
•Consultoria
•Manutenção de aparelhos
•Viagens
•Tecnologia adquirida no exterior
•Proteção de PI no exterior
•Novos pesquisadores (M.sc e Ph.D)
•Investimento para atividade de P&D: compra de aparelhos, equipamentos, prédios, etc....
•Investimento em intangíveis para P&D: engenharia, licenças, patentes
7 Cronograma Físico
• Identificar quando será realizada cada atividade e que tempo
demandará
•Momento em que quem planeja distribuirá suas atividades no tempo,
estipulado, para sua execução.
ID Atividade M1 M2 M3 M4
02 05 15 [...] 30

1 Levantamento bibliográfico

2 Busca no sistema PI

3 Desenv. Laboratório (escala)

4 Contratração Assit. Tec

5 Desv. Em escala piloto

6 Projeto de engenharia

7 Comercialização pioneira
8 Orçamento de P&D

• Previsão estimada dos gastos a serem incorridos em cada


item do projeto
•Permite prever como e quando os recursos financeiros
serão necessários
•Servirá como referência contra o qual aferir os gastos
realizados ao longo da execução
•Trata-se de projeções para o futuro (margem de erro)
•Ponto de partida são os recursos necessários
Natureza do dispêndio Valores-R$ mil

Mão-de-obra para P&D 92

Matéria-prima consumida em P&D 75

Alugúeis e leasing 7

Análises laboratoriais 6

Consultoria 30

Manutenção de aparelhos 8

Viagens 22

Tecnologia de PI no exterior 20

Novos pesquisadores 0

SUBTOTAL – Gastos correntes 350

Investimento para atividades de P&D (aparelhos, equipamentos, prédios 160


etc)
Investimento em intangíveis para P&D (engenharia, licenças, patentes, etc) 70

TOTAL – dispêndio em P&D no ano 580


9 Cronograma Físico-Financeiro
• mostra os dispêndios incorridos na execução das atividades de P&D do projeto, distribuídos ao
longo do tempo de sua execução.
•Deve estar associado às atividades do projeto
•Trata-se de uma previsão/estimativa de valores e tempos futuros

Cronograma Físico-Financeiro
R$ Mil
Atividades Julho Agosto Setembro Totais
Levantamento bibliográfico 5 - - 5
Buscas no sistema internacional de patentes 30 - - 30
Desenvolvimento em laboratório 130 - - 130
Contratação de assistência técnica 90 - - 90
Desenvolvimento em escala-piloto - 92 - 92
Projeto de engenharia - - 135 135
Comercialização pioneira - - 98 98
Total 255 92 233 580
10 Estudo de viabilidade e avaliação da tecnologia
10.1 Estudo de Viabilidade
• Necessário realizar estudos para determinar a sua exequibilidade e
economicidade
• Planejar sua execução, planejar decisões e antever resultados
• FASES;
a) projeto conceitual:
• definição de configurações básicas de um empreendimento
• soluções alternativas
• São feitos estudos de: localização, nível de integração vertical
do empreendimento (produzir ou adquirir); escolha do mercado,
escolha do canal de comercialização
b) Engenharia básica:
– Etapa em que são definidos os primeiros
parâmetros técnicos, equipamentos e demais
ativos

c) Projeto executivo:
– Dá os procedimentos e detalhes
– Listas de insumos
– Custos
– Prazos
– Desenhos detalhados
10.2 Fluxo de Caixa Projetado

• Fluxo de caixa é o resultado líquido do valor dos


ingressos e dispêndios

• Ferramenta central na decisão de investir

• Possibilita demonstrar o impacto financeiro


esperado

• Possibilita a análise da viabilidade financeira


Técnicas de análise de investimentos

Notação de fluxo de caixa: entradas e saídas de caixa

450 mil
300 mil
200 mil

1 2 3

( - ) 800 mil
Período de Payback:
Exato momento de tempo necessário para a empresa recuperar seu
investimento inicial em um projeto calculado a partir de seus fluxos de
entrada caixa (GITMAN, 2001, p. 300)

Critério amplamente usado por grandes empresas para avaliar pequenos


projetos e por pequenas empresas para avaliar a maioria dos projetos
(GITMAN, 2001, p. 301)

Critério frequentemente utilizado por empresas grandes e sofisticadas na


tomada de decisões de investimentos que envolvem montantes relativamente
pequenos (ROSS, WESTERFILED e JAFFE, 2002, p. 128)

Critérios de tomada de decisão: (GITMAN, 2001, p. 300)


• Se o período de payback é menor que o período de payback máximo
aceitável, aceitar o projeto
• Se o período de payback é maior que o período de payback máximo
aceitável, rejeitar o projeto
Ano A B C
0 -100 -100 -100
1 20 50 50
2 30 30 30
3 50 20 20
4 60 60 60.000
Período de Payback (anos) 3 3 3

Problemas com o método do Payback


(ROSS, WESTERFIELD e JAFFE, 2002, p. 127-128)

1º) Distribuição do fluxos de caixa dentro do período de payback


2º) Pagamentos após o período de payback
3º) Padrão arbitrário de período de payback
Payback Descontado:

•Para contornar as deficiências, desconta-se os


fluxos de caixa das propostas, determinando o
Valors Presentes dos investimentos e das
entradas líquidas de caixa

•Divide-se os valor atual do investimento pelo


valor atual das entradas líquidas de caixa

•Obtém-se um índice que já não corresponde a


uma medida de tempo da recuperação do
investimento
Payback Descontado:

•A taxa de desconto a ser utilizada seria aquela que melhor reflete o


valor do dinheiro no tempo, tal como: o CMPC (WACC), ou a taxa de
rentabilidade anual exigida em face do risco assumido.

•Quanto menor for o índice que expressa essa relação, melhor a


proposta

•Índice menor que 1 significa que, em valores atuais, as entradas


líquidas de caixa superam o investimento líquido

•Índice maior que 1 revela que a proposta não cobrirá o custo de


capital, devendo ser rejeitada
Payback Descontado:
Valor Presente Líquido (VPL):
VPL considera explicitamente o valor do dinheiro no tempo, ele é
considerado uma técnica de orçamento de capital sofisticada;
encontrada ao se subtrair o investimento inicial de seus fluxos de
entrada de caixa, descontados a uma taxa igual ao custo de capital da
empresa. (GITIMAN, 2001, p. 302).

VPL utiliza os princípios de matemática financeira, calculando o valor


presente do fluxo de caixa do investimento. Após a montagem do fluxo
de caixa, adota-se uma taxa de desconto, também conhecida como Taxa
Mínima de Atratividade (TMA) para trazer o fluxo de caixa a valor
presente [...] (OLIVO, 2008, p. 44-45)

Essa taxa – muita vezes chamada de taxa de desconto, retorno exigido,


custo de capital ou custo de oportunidade – refere-se ao retorno mínimo
que deve ser conseguido de um projeto, para não alterar o valor da
empresa no mercado. (GITMAN, 2002, p. 302)
Critérios para tomada de decisões: (GITMAN, 2001, p. 302)

• Se o VPL é maior que $ 0, aceitar o projeto


• Se o VPL é menor que $ 0, rejeitar o projeto

Atributos de superioridade do VPL:


• O VPL usa fluxos de caixa
• O VPL usa todos os fluxos de caixa do projeto
• O VPL desconta os fluxos de caixa corretamente

(ROSS, WESTERFIELD e JAFFE, 2002, p.127)

n
Fct
VPL  ( - ) Investimento  
t i (1  k) n
Taxa Interna de Retorno (TIR)
É taxa de desconto que iguala o valor presente de fluxos de entrada de Caixa com o
investimento inicial associado a um projeto.
Critérios de tomada de decisões:
• Se a TIR é maior que o custo de capital, aceitar o projeto
• Se a TIR é menor que o custo de capital, rejeitar o projeto
(GITMAN, 2001, p. 303)

A TIR é uma taxa de juros implícita numa série de pagamentos (saídas) e


recebimentos (entradas), que tem a função de descontar um valor futuro ou aplicar o
fator de juros sobre um valor presente [...] (HOJI, 2004, p. 89)

A TIR corresponde a uma taxa de desconto que iguala o valor atual das entradas
líquidas de caixa ao valor atual dos desembolsos relativos ao Investimento líquido.
(BRAGA, 1995, p. 290)

A TIR representa o mais próximo que se pode chegar do VPL, sem que realmente se
tenha um critério como o do VPL. O raciocínio básico por trás da TIR é ode que se
procura obter uma única cifra para sintetizar os méritos de um projeto. Essa cifra não
depende do que ocorre no mercado de capitais.É por esse motivo que é chamada de
taxa interna de retorno; a cifra é interna ou intrínseca ao projeto e não depende de
mais nada, a não ser dos fluxos de caixa do projeto. (ROSS, WESTERFILED e JAFFE,
2002, p. 131)
O cálculo da TIR exige auxílio de ou uma calculadora financeira ou de uma
planilha de cálculo (Excel), caso contrário será por tentativa e erro. (OLIVO,
2008, p. 55)

A TIR pode ser achada tanto usando técnicas de tentativa e erro quanto
com a ajuda de uma sofisticada calculadora financeira ou um computador.
(GITMAN, 2001, p. 304)

n
Fct
0  ( - ) Investimen to  
t i (1  k) n
Análise
Análise de
de um
um projeto
projeto de
de Investimento
Investimento

300 mil
200 mil 200 mil 200 mil
100 mil

0 1 2 3 4 5

TMA = 20% ao ano


(-) 500 mil
Análise de um projeto de Investimento

Método período de payback:


O investimento será recuperado em 3 anos (soma das entradas de
caixa dos anos 1 a 3):

100.000 + 200.000 + 200.000 = 500.000


Análise de um projeto de Investimento
Método do Valor Presente Líquido (VPL):
100.000 200.000 200.000 200.000 300.000
VPL  (-) 500.000  1
 2
 3
 4
  (  )500.000  554.976,85  54.976,85
(1,20) (1,20) (1,20) (1,20) (1,20)5

Uso da HP 12-C
[F] [Fin]
500.000 [CHS] [G][CF0]
100.000 [G][CFj] 1[G][Nj]
200.000 ]G][CFj] 3[G][Nj]
300.000 [G][CFj] 1[G][Nj]
20 [i]
[F] [NPV]
VPL = 54.976,85
Análise de um projeto de Investimento
Método da Taxa Interna de Retorno (TIR)
100.000 200.000 200.000 200.000 300.000
0  (-) 500.000  1
 2
 3
 4
 5
 24,21%
(1  K) (1  K) (1  K) (1  K) (1  K)

Uso da HP 12-C
[F] [Fin]
500.000 [CHS] [G][CF0]
100.000 [G] [CFj]1[G][Nj]
200.000 [G] [CFj] 3 [G][Nj]
300.000 [G] [CFj] 1 [G][Nj]
[F][IRR]
TIR = 24,21%
Análise de um projeto de Investimento

Comparação da TIR com o VPL e Payback

Payback VPL TIR


Não leva em conta o valor Considera o valor do Considera o valor do
do dinheiro no tempo dinheiro no tempo, dinheiro no tempo,
mediante o uso da TMA mediante o uso da TMA
Não considera o riscos de Pode considerar diferentes Pode considerar diferentes
cada projeto, que pode ser riscos, ajustando a TMA de riscos, ajustando a TMA de
muito diferentes cada projeto cada projeto
Não considera os fluxos de Considera todos os fluxos Considera todos os fluxos
caixa após o período de de caixa, inclusive com de caixa, inclusive com
payback determinação de período de determinação de período de
tempo para a correta tempo para a correta
comparação em termos de comparação em termos de
custo de oportunidade custo de oportunidade

Fonte: Olívio (2008, p. 59)


Obrigado !!!!

Boa Noite!!!

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