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Processos de Secagem

Processos de Separação I
M I Engenharia Química e Bioquímica
Remoção da humidade de uma substância (sólida ou líquida)

por evaporação numa corrente gasosa

Tipicamente: “Humidade”  Água “Gás”  Ar

Objectivos:
• Atingir uma determinada qualidade final do produto

• Obter maior facilidade de manuseamento do sólido, quando seco

• Melhorar a conservação e o armazenamento do sólido, quando seco

• Reduzir o custo do transporte dos sólidos


Exemplos:

• Secagem de sólidos por evaporação da humidade numa corrente de gás


quente

• Secagem de soluções líquidas por pulverização em gotas numa corrente de


gás seco e quente

Operação essencial nas indústrias química, alimentar, farmacêutica,

cerâmica, agrícola, de polímeros, biotecnológica, pasta de papel e madeira

Normalmente, constitui o passo final do processo fabril

Mas nem sempre!


Operação complexa

Processo altamente dependente da experimentação

(escala laboratorial e/ou piloto)

Envolve:

• Transporte de calor e de massa, em estado transiente

• Processos cinéticos associados à transformação física do

sólido (encolhimento; cristalização, transição vítrea;

modificação da cor, textura, odor…)


Operação é fortemente intensiva sob o ponto de vista energético

• Entalpias de vaporização (água) elevadas (~ 103 kJ/kg)!

• Ar é pouco eficiente como solvente de extracção e fluido térmico…

• 12 – 25% do consumo energético industrial dos países desenvolvidos!

• Eficiência energética média dos secadores industriais  50%!!

• Custos operacionais (energéticos) >> Custos de capital (equipamento)


NOMENCLATURA

❖ Sólido
HS – humidade do sólido
m humidade
(i) base húmida:
msólido seco + m humidade

m humidade
(ii) base seca:
msólido seco

❖ Gás
H’G, Hrel, %H’ – humidade absoluta, Humidade
relativa ou % de Humidade da corrente gasosa
Curvas de humidade de equilíbrio
1.0

Óxido

Humidade Relativa do gás, Hrel


Humidade 0.8 de Zinco
Papel
do gás
Madeira
0.6

0.4
Folha de
Tabaco
0.2
(P; T)
0
0 0.1 0.2 0.3
HS, kgágua/kgsólido seco

Humidade do sólido
Curvas de humidade de equilíbrio
1.0

Óxido

Humidade Relativa do gás, Hrel


Papel
0.8 de Zinco

Madeira
0.6

0.4
Folha de
Tabaco
0.2
(P; T)
0
0 0.1 0.2 0.3
HS, kgágua/kgsólido seco

Quando exposto a uma corrente de gás (a TG e H’G) o sólido “perde” a sua humidade até
atingir o equilíbrio.
Curvas de humidade de equilíbrio
1.0

Óxido

Humidade Relativa do gás, Hrel


Papel
0.8 de Zinco

Madeira
0.6

0.4
Folha de
Tabaco
0.2
(P; T)
0
0 0.1 0.2 0.3
Exemplo: HS, kgágua/kgsólido seco

Madeira com Hs = 0.3 é contactada com ar de Hrel = 60%.


Curvas de humidade de equilíbrio
1.0

Óxido

Humidade Relativa do gás, Hrel


Papel
0.8 de Zinco

Madeira
0.6
A

0.4
Folha de
Tabaco
0.2
(P; T)
0
0 0.1 0.2 0.3
HS, kgágua/kgsólido seco

Madeira é seca até atingir o equilíbrio em A


Curvas de humidade de equilíbrio
1.0

Óxido

Humidade Relativa do gás, Hrel


0.8 de Zinco
Papel “A”: págua sólido  págua gás
Madeira
0.6
A

0.4 Hs = HS*
Folha de
Tabaco
0.2
(P; T)
0
0 0.1 0.2 0.3
HS, kgágua/kgsólido seco

Quando se atinge o equilíbrio:


pressão parcial da água|gás  pressão parcial da água|sólido

Nessa situação, o teor em humidade do sólido  Humidade de equilíbrio, HS*


Curvas de humidade de equilíbrio
1.0

Óxido

Humidade Relativa do gás, Hrel


Papel
0.8 de Zinco

Madeira
0.6
A

0.4 Hs = HS*
Folha de
Tabaco
0.2
(P; T)
0
0 0.1 0.2 0.3
HS, kgágua/kgsólido seco
HS* depende de:

- Temperatura e humidade do gás

- Características do sólido (tamanho de partícula; porosidade; área


superficial)
(P; T)

Humidade Relativa, Hrel Humidade de Humidade livre


equilíbrio (HL = HS – HS*)
A

Humidade
Humidade de total
equilíbrio

HS* HS
Humidade (kgágua/kgsólido seco)

Humidade de equilíbrio, HS*: humidade que permanece no sólido por mais que se prolongue a
operação de secagem

Humidade livre, HL: humidade em excesso relativa ao valor de equilíbrio


Operação de secagem

Classificado de acordo com:

1) Método de operação

- Descontínuo

- Contínuo

1) Método de fornecimento do calor

- Directo (Convecção): contacto directo com o gás quente

- Indirecto (Condução): fornecimento é independente do gás


(superfície quente). Gás constitui o meio de arrasto da humidade.
Tipos de secadores
Classificação

Engenharia de Processos de Separação; Edmundo de Azevedo, Ana Alves


Secadores descontínuos

• Secadores de tabuleiros
Secadores descontínuos

• Secadores de tabuleiros

– operação relativamente cara

- Materiais de alto valor acrescentado

Desvantagens
i) Baixa homogeneidade na humidade do produto seco
ii) Recirculação do gás pode ser defeituosa
iii) Isolamento térmico (paredes frias => condensação da humidade!)
Secadores contínuos
– operação a larga escala

- Maior uniformidade da humidade do produto

- Custo/produto processado mais baixo

Contacto entre o gás e o sólido:

i) Contracorrente – materiais termicamente estáveis

ii) co-corrente – materiais termicamente sensíveis


Secadores rotativos

– materiais granulosos
- materiais cristalinos
Secadores de tambor

materiais fluidos ou semifluidos; soluções, pastas, lamas.


Secadores por pulverização (“spray dryers”)

– tempos de secagem baixos


- cristalização!
Secadores de leito fluidizado

– tempos de residência controláveis

- Uniformidade na temperatura e humidade do gás no leito


Dimensionamento de uma operação de
secagem

 processo complexo!

Depende:

- da forma e tamanho do material a secar;

- do mecanismo de fluxo da humidade através do material;

- do método de fornecimento de calor


Exemplo

Num processo de secagem utiliza-se um secador com dois conjuntos de tabuleiros para secar
um sólido húmido. Ar saturado a 20ºC é previamente aquecido a 60ºC antes de passar pelo
primeiro conjunto de tabuleiros. O ar sai deste 1º estágio com uma humidade relativa de 60% e é
de novo aquecido a 60ºC antes de entrar no segundo conjunto de tabuleiros. À saída deste 2º
estágio, o ar tem de novo uma humidade relativa de 60%. Admitindo que o processo de
secagem decorre de forma adiabática, e que a temperatura final do sólido em cada prateleira
iguala a temperatura de termómetro de húmido do ar que o contacta, calcule:
a) A temperatura final do sólido em cada conjunto de tabuleiros
b) A quantidade total de água retirada ao sólido por kg de ar seco.

(1) (2) (3) (4) (5)


AQUECIMENTO SECADOR I AQUECIMENTO SECADOR II
ADIABÁTICO Hrel = ADIABÁTICO
TG = 20ºC TG = 60ºC TG = 60ºC Hrel = 60%
Th = 20ºC 60%
Num processo de secagem utiliza-se um secador com dois conjuntos de tabuleiros para secar
um sólido húmido. Ar saturado a 20ºC é previamente aquecido a 60ºC antes de passar pelo
primeiro conjunto de tabuleiros. O ar sai deste 1º estágio com uma humidade relativa de 60% e é
de novo aquecido a 60ºC antes de entrar no segundo conjunto de tabuleiros. À saída deste 2º
estágio, o ar tem de novo uma humidade relativa de 60%. Admitindo que o processo de
secagem decorre de forma adiabática, e que a temperatura final do sólido em cada prateleira
iguala a temperatura de termómetro de húmido do ar que o contacta, calcule:
a) A temperatura final do sólido em cada conjunto de tabuleiros
b) A quantidade total de água retirada ao sólido por kg de ar seco.

(1) (2) (3) (4) (5)


AQUECIMENTO SECADOR I AQUECIMENTO SECADOR II
ADIABÁTICO Hrel = ADIABÁTICO
TG = 20ºC TG = 60ºC TG = 60ºC Hrel = 60%
Th = 20ºC 60%
Num processo de secagem utiliza-se um secador com dois conjuntos de tabuleiros para secar
um sólido húmido. Ar saturado a 20ºC é previamente aquecido a 60ºC antes de passar pelo
primeiro conjunto de tabuleiros. O ar sai deste 1º estágio com uma humidade relativa de 60% e é
de novo aquecido a 60ºC antes de entrar no segundo conjunto de tabuleiros. À saída deste 2º
estágio, o ar tem de novo uma humidade relativa de 60%. Admitindo que o processo de
secagem decorre de forma adiabática, e que a temperatura final do sólido em cada prateleira
iguala a temperatura de termómetro de húmido do ar que o contacta, calcule:
a) A temperatura final do sólido em cada conjunto de tabuleiros
b) A quantidade total de água retirada ao sólido por kg de ar seco.

(1) (2) (3) (4) (5)


AQUECIMENTO SECADOR I AQUECIMENTO SECADOR II
ADIABÁTICO Hrel = ADIABÁTICO
TG = 20ºC TG = 60ºC TG = 60ºC Hrel = 60%
Th = 20ºC 60%

H’G1 = H’G2 H’G3 = H’G4


Th2 = Th3 Th4 = Th5
(1) Th1 = 20ºC

TG1 = 20ºC

H’1 = 0.015 kg/kg


Hrel1 = 100%

H’ = 0.015
kgágua/kgar seco
1 H’rel = 100%
(1) (2)
AQUECIMENTO
TG = 20ºC TG = 60ºC
Th = 20ºC

H’2 = H’1 = 0.015


TG2 = 60ºC

Hrel2 = 12.5%
Th2  30ºC

1
2
(2) (3)
SECADOR I
ADIABÁTICO Hrel = 60%
TG = 60ºC

Hrel2 = 12.5%
Th2  30ºC

Hrel3 = 60%
Th3 = Th2 = 30ºC

H’3 = 0.024 3
TG3 = 37ºC

2
(3) (4)
AQUECIMENTO
Hrel = TG = 60ºC
60%

H’3 = 0.024
TG3 = 37ºC

H’4 = H’3 = 0.024


TG4 = 60ºC

Hrel4 = 18%
Th4 = 34ºC 3 4
(4) (5)
SECADOR II
ADIABÁTICO
TG = 60ºC Hrel = 60%

Hrel4 = 18%
Th4 = 34ºC

Hrel5 = 60%
Th5 = Th4 = 34ºC

4
H’5 = 0.031
TG5 = 42ºC
(1) (2) (3) (4) (5)
AQUECIMENTO SECADOR I AQUECIMENTO SECADOR II
ADIABÁTICO ADIABÁTICO
TG = 20ºC TG = 60ºC TG = 37ºC TG = 60ºC TG = 42ºC
Th = 20ºC Th = 30ºC Th = 30ºC Th = 34ºC Th = 34ºC

3 4

1 2
(1) (2) (3) (4) (5)
AQUECIMENTO SECADOR I AQUECIMENTO SECADOR II
ADIABÁTICO ADIABÁTICO
TG = 20ºC TG = 60ºC TG = 37ºC TG = 60ºC TG = 42ºC
Th = 20ºC Th = 30ºC Th = 30ºC Th = 34ºC Th = 34ºC

a) A temperatura final do sólido em cada conjunto de tabuleiros

“A temperatura final do sólido em cada prateleira iguala a temperatura de


termómetro de húmido do ar que o contacta”

Tsólido I = Th3 = 30ºC


Tsólido II = Th5 = 34ºC
(1) (2) (3) (4) (5)
AQUECIMENTO SECADOR I AQUECIMENTO SECADOR II
ADIABÁTICO ADIABÁTICO
TG = 20ºC TG = 60ºC TG = 37ºC TG = 60ºC TG = 42ºC
Th = 20ºC Th = 30ºC Th = 30ºC Th = 34ºC Th = 34ºC
H’2 = 0.015 H’3 = 0.024 H’4 = 0.024 H’5 = 0.031

b) A quantidade total de água retirada ao sólido por kg de ar seco.

mágua condensada = ( H '3 − H '2 ) + ( H '5 − H '4 )

mágua condensada = (0.024 − 0.015) + (0.031 − 0.024)


= 0.031 − 0.015 = 0.016 kg água / kg ar seco
Problema

Pretende-se secar um sólido granular desde 70% até 5% em água (percentagens


ponderais). Admita as seguintes situações:
a) No processo de secagem é utilizado um secador de leito fluidizado, com o
objectivo de obter 45 kg/h de material seco. É usado para esse efeito ar
atmosférico, o qual é aquecido a 80ºC antes de ser introduzido no secador. O ar à
saída do secador tem uma humidade relativa de 90%. Sabendo que o ar
atmosférico antes de ser aquecido tem uma temperatura de 40ºC e uma
temperatura de termómetro húmido de 40ºC, calcule o caudal de ar seco necessário
no processo de secagem. Admita que o secador funciona adiabaticamente.
Pretende-se secar um sólido granular desde 70% até 5% em água (percentagens ponderais).
Admita as seguintes situações:
a) No processo de secagem é utilizado um secador de leito fluidizado, com o objectivo de
obter 45 kg/h de material seco. É usado para esse efeito ar atmosférico, o qual é aquecido a
80ºC antes de ser introduzido no secador. O ar à saída do secador tem uma humidade relativa
de 90%. Sabendo que o ar atmosférico antes de ser aquecido tem uma temperatura de 40ºC e
uma temperatura de termómetro húmido de 40ºC, calcule o caudal de ar seco necessário no
processo de secagem. Admita que o secador funciona adiabaticamente.

HS,in = 2.33 kgágua /kg ar seco

(1) (2) SECADOR


(3)
AQUECIMENTO
TG = 40ºC TG = 80ºC ADIABÁTICO Hrel = 90%
Th = 40ºC

HS,out = 0.053 kgágua /kg ar seco


Relações: (i) H’G2 = H’G1
MS = 45 kg/h sólido seco
(ii) Th3 = Th2
No sistema água + ar: Tsa = Th
(1) Th1 = 40ºC

TG1 = 40ºC

H’1 = 0.049 kg/kg


Hrel1 = 100%

1 Hrel = 100%

H’ = 0.049
kgágua/kgar seco
(1) (2)
AQUECIMENTO
TG = 40ºC TG = 80ºC
Th = 40ºC

H’2 = H’1 = 0.049


TG2 = 80ºC
1 2

Hrel2  16%
Th2 = 45ºC
(2) SECADOR
(3)
TG = 80ºC ADIABÁTICO Hrel = 90%

Hrel3 = 90% 3
Th3 = Th2 = 45ºC

H’3 = 0.064
TG3 = 43.5ºC
3

1 2
Resultado: HS,in = 2.33 kgágua/kgsólido seco

(1) (2) SECADOR


(3)
AQUECIMENTO
TG1 = 40ºC TG2 = 80ºC ADIABÁTICO TG3 = 43.5ºC
TH1 = 40ºC TH2 = 45ºC TH3 = 45ºC
H’G1 = 0.049 kgágua/kgar seco HS,out = 0.053
H’G2 = 0.049 H’G3 = 0.064
Hrel1 = 100% Hrel2 = 16% Hrel3 = 90%
V’ (kgar seco/hr) MS = 45 kgsólido seco/h

MS (HS,in -HS,out ) = V '( H 'G 3 − H 'G 2 )

(2.33 − 0.053)
=> V ' = 45 = 6831kg ar seco /h
(0.064 − 0.049)

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