Você está na página 1de 5

FÍSICO-QUÍMICA EXPERIMENTAL – CQ320

PRÁTICA 9 – PROCESOSS ELETROLÍTICOS: ELETRODEPOSIÇÃO DE


NÍQUEL
19/08/2022 Bancada 1
Alisson Graciano Rezzadori
Carlos Felipe da Costa Cordeiro
Eduarda Zeni Neves
João Paulo Costa Alves Pires
Sophia Casagrande do Amaral Camargo

1. INTRODUÇÃO

Um dos principais métodos de proteção à corrosão de metais é a


utilização de revestimentos protetores. São, essencialmente, películas
interpostas entre o metal e o meio corrosivo, ampliando a resistência à corrosão
do material metálico [1]. Dentre estes revestimentos, os metálicos são os de maior
importância industrial.
Dentre os metais mais usados como revestimento, o níquel é largamente
aplicado pela sua facilidade de deposição, além de produzir camadas com:
elevada dureza, boa resistência mecânica, boa ductilidade e elevada resistência
à corrosão [2].
Uma maneira relativamente simples e eficaz de realizar esse revestimento
de metais é através da eletrodeposição. É um processo no qual cátions metálicos
de um eletrólito são depositados na forma de uma fina camada sobre a superfície
de um objeto metálico que é colocado na posição do cátodo em uma célula
eletrolítica. Neste experimento, realizaremos a eletrodeposição do níquel,
popularmente conhecido como niquelação.
A lei de Faraday nos permite teorizar a quantidade de material depositado
em uma eletrodeposição com base na corrente aplicada e no tempo de
deposição. De acordo com essa lei (EQUAÇÃO 01), a quantidade de produto
formado e/ou de reagente consumido é estequiometricamente equivalente à
quantidade de elétrons fornecidos.

𝐹 = 𝑁𝐴 ∗ 𝑒 (01)
𝐹 = 6,022𝑥1023 𝑚𝑜𝑙 −1 ∗ 1,6022𝑥10−19 𝐶
𝐹 = 96485,3 𝐶𝑚𝑜𝑙 −1

Para uma reação genérica que ocorrerá em uma célula eletrolítica, temos:

𝐵 𝑧+ + 𝑧𝑒 → 𝐵𝑠

Da lei de Faraday, podemos relacionar:

zF ------ M
i.t ------ m

Logo, temos a EQUAÇÃO (02), que prediz a massa teórica em uma


eletrodeposição:

𝑀∗𝑖∗𝑡
𝑚𝑡𝑒𝑜 = (02)
𝑧∗𝐹

Onde: m é a massa de metal eletrodepositado, M é a massa molar do


metal, i é a corrente constante usada, t é o tempo gasto em segundos, z é o
estado de oxidação do metal e F é a constante de Faraday.

2. OBJETIVOS

Observar a eletrodeposição do níquel em uma placa de aço por meio da


redução do íon de níquel na solução do banho de watts e calcular a massa e
espessura do níquel que se depositou.

3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Para o experimento foram separados uma placa de aço e uma placa de


níquel que foram limpas e polidas. Sendo que a placa de aço foi limpa com mais
rigor, lavando com NaOH, água destilada e HCl.
Após a limpeza, foi medida a massa da placa de aço e a área da placa
que seria submersa.
Em um béquer com o banho de watts foi colocado os eletrodos de aço
(cátodo) e níquel (ânodo). O eletrodo de aço foi conectado ao multímetro que por
sua vez foi conectado no polo negativo da fonte de tensão. O eletrodo de níquel
foi conectado no polo positivo da fonte de tensão.
Ao ser ligada a fonte, esta permaneceu assim por 40 minutos, além de
que foi medida a corrente que passava pelo sistema.
Ao final dos 40 minutos foi medida a massa da placa de aço.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

O níquel foi utilizado como metal de sacrifício na prática. Assim, no ânodo


houve a oxidação do metal e íons Ni2+ migraram para a solução. No cátodo,
esses íons sofreram redução, se depositando na forma de metal sobre o material
a ser protegido. As reações citadas estão sendo explicitadas abaixo.

Anódica: Ni (s) → Ni2+ (aq) + 2e-


Catódica: Ni2+ + 2e- (aq) → Ni (s)

O experimento foi realizado em dois intervalos de tempo. Os resultados


da corrente aplicada em cada intervalo estão presentes na TABELA 1.

TABELA 1 – Resultados obtidos

1
Corrente (A) 1,35
Tempo (s) 180
2
Corrente (A) 0,149
Tempo (s) 2220

FONTE: Os autores (2022).

Sabendo que a massa molar do níquel é 58,6934 g/mol, a constante de


Faraday F é 96485,3 C.mol-1 e o estado de oxidação z do metal é 2, a massa
teórica de metal eletrodepositado pode ser calculada através da EQUAÇÃO (02),
segundo a Lei de Faraday. Como nos 3 minutos iniciais a corrente aplicada foi
diferente do que nos demais 37 minutos, a massa é obtida como uma
contribuição desses dois intervalos.

𝑀∙𝑖∙𝑡
𝑚𝑡𝑒𝑜 =
𝑧∙𝐹
58,6934 ∙ 1,35 ∙ 180 58,6934 ∙ 0,149 ∙ 2220
𝑚𝑡𝑒𝑜 = +
2 ∙ 96485,3 2 ∙ 96485,3
𝑚𝑡𝑒𝑜 = 0,175 𝑔

Já a massa experimental de níquel depositado é determinada a partir da


subtração das massas obtidas no início e final do procedimento, as quais foram
de 2,35 e 2,473 g, respectivamente.

𝑚𝑒𝑥𝑝 = 𝑚𝑓 − 𝑚𝑖 (03)
𝑚𝑒𝑥𝑝 = 2,473 − 2,32
𝑚𝑒𝑥𝑝 = 0,123 𝑔

A eficiência da eletrodeposição é calculada segundo a EQUAÇÃO (04).

𝑚𝑒𝑥𝑝 (04)
ƞ= ∙ 100%
𝑚𝑡𝑒𝑜
ƞ = 70,5%

Além disso, tendo a densidade do níquel metálico – de 8,9 g/cm³ [3] –e


sabendo que a área superficial da placa de aço imersa no fluido foi de 9,62 cm²,
calcula-se a espessura do níquel sobre o material, segundo a EQUAÇÃO (05).

𝑚 =𝜌∙𝑉 (05)
𝑚 =𝜌∙𝐴∙𝛿
𝑚
𝛿=
𝜌∙𝐴
0,123
𝛿=
8,9 ∙ 9,62
𝛿 = 1,44 ∙ 10−3 𝑐𝑚
Ou seja, a espessura de níquel sobre a placa é de 0,014 mm.
Um fator relevante a ser abordado é a importância do desengraxe das
peças nas quais ocorrerá o processo de eletrodeposição. Ao realizá-lo, sujeiras
e incrustações previamente presentes são removidas, garantindo maior
eficiência no processo de eletrodeposição. Já a lavagem em água destilada tem
como intuito verificar o êxito da limpeza, quando não ficam gotículas aderidas a
superfície do metal.

5. CONCLUSÕES

Conclui-se, portanto, que através do presente trabalho, foi possível atingir


o objetivo proposto de verificar a eletrodeposição do níquel em uma placa de aço
por meio da redução do íon de níquel na solução do banho de watts, realizar os
cálculos propostos de massa e espessura do níquel que se depositou e
compreender as importâncias do desengraxe das peças nas quais ocorreram o
processo de eletrodeposição e da lavagem com água destilada, bem como o
aprendizado relacionado ao desenvolvimento do mesmo.
Os resultados obtidos pela equipe apresentam boa relação com os
fundamentos teóricos que constam na literatura, confirmando o porquê do níquel
ser um metal de grande aplicação nos processos industriais de eletrodeposição
em função da sua facilidade de deposição, o qual o torna um bom material a ser
usado como revestimento.
Logo, conclui-se também que o experimento em questão foi executado
com êxito.

6. REFERÊNCIAS

[1] MELO. R. L. Eletrodeposição, caracterização e estudos de corrosão de


camadas de Ni-Mo-P. Universidade Federal do Ceará. Fortaleza. 2009.

[2] ZENG Y., LI Z., MA M., ZHOU S., Electrochemistry Communications, vol.
2, p. 36 - 38, 2000.

[3] Nickel, density. Periodic Table. 2019. Disponível em: <www.periodic-


table.org>.

Você também pode gostar