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INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DO PORTO

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MESTRADO EM ENGENHARIA CIVIL

CONRE – CONSERVAÇÃO E REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIOS

Turma 1NA Grupo:


1161708 Malo Gomes
1190080 Francisco Felix

1
ÍNDICE

ÍNDICE DE FIGURAS ....................................................................................................................... 5


INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 7
CONCEITOS GERAIS ....................................................................................................................... 7
ESTUDOS PRÉVIOS DE INSPEÇÃO E ANÁLISE................................................................................. 8
MEMÓRIA INTRODUTÓRIA........................................................................................................ 8
LEVANTAMENTO DETALHADO ...................................................................................................... 9
PLANTA DO RÉS-DO-CHÃO EXISTENTE ........................................................................................ 12
PLANTA DO 1º PISO EXISTENTE ................................................................................................... 13
PLANTA DO SÓTÃO EXISTENTE ................................................................................................... 14
PLANTA DA COBERTURA EXISTENTE ........................................................................................... 15
DEFICÊNCIAS EXISTENTES E SUA LOCALIZAÇÃO.......................................................................... 16
FACHADAS ........................................................................................................................... 16

COBERTURA ......................................................................................................................... 17

CAIXILHARIAS ...................................................................................................................... 18

PAVIMENTOS ....................................................................................................................... 19

PAREDES INTERIORES .......................................................................................................... 20

TETOS .................................................................................................................................. 21

ESCADAS .............................................................................................................................. 22

INSTALAÇÕES TÉCNICAS ...................................................................................................... 22

DIAGNÓSTICO DAS ANOMALIAS ................................................................................................. 23


ESTRUTURA ......................................................................................................................... 23

COBERTURA ......................................................................................................................... 23

PAREDES EXTERIORES ......................................................................................................... 24

PAREDES INTERIORES .......................................................................................................... 24

REVESTIMENTOS DE PAVIMENTOS EXTERIORES................................................................. 24

REVESTIMENTOS DE PAVIMENTOS INTERIORES ................................................................. 24

TETOS .................................................................................................................................. 25

ESCADAS .............................................................................................................................. 25

CAIXILHARIA E PORTAS EXTERIORES ................................................................................... 25


2
CAIXILHARIA E PORTAS INTERIORES ................................................................................... 25

EQUIPAMENTO SANITÁRIO ................................................................................................. 25

EQUIPAMENTOS DE COZINHA ............................................................................................. 26

INSTALAÇÃO DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA ........................................................................... 26

INSTALAÇÃO DE DRENAGEM DE ÁGUAS RESIDUAIS ........................................................... 26

INSTALAÇÃO DE GÁS ........................................................................................................... 26

INSTALAÇÃO ELÉTRICA ........................................................................................................ 26

FICHA MAEC DO EDIFÍCIO ........................................................................................................... 27


ANTEPROJETO ............................................................................................................................. 29
COBERTURA............................................................................................................................. 29
PLANTA DA COBERTURA – ALTERAÇÕES................................................................................. 32
CORTE LONGITUDINAL - C-01.................................................................................................. 33
CORTE LONGITUDINAL - C-02.................................................................................................. 34
PAREDES EXTERIORES ............................................................................................................. 35
PAREDES INTERIORES .............................................................................................................. 38
PLANTA DO RÉS-DO-CHÃO – PAREDES A DEMOLIR E CONSTRUIR ......................................... 39
PLANTA DO PISO 1 – PAREDES A DEMOLIR E CONSTRUIR ...................................................... 40
PLANTA DO SÓTÃO – PAREDES A DEMOLIR E CONSTRUIR ..................................................... 41
LAJES ........................................................................................................................................ 42
ESQUEMA ESTRUTURAL DAS LAJES DE PISO ........................................................................... 43
REVESTIMENTOS DOS TETOS .................................................................................................. 45
REVESTIMENTOS DOS PAVIMENTOS....................................................................................... 45
ESCADAS .................................................................................................................................. 46
ABASTECIMENTO DE ÁGUA E DRENAGEM DE ÁGUAS RESIDUAIS DOMÉSTICAS E PLUVIAIS . 47
CARACTERIZAÇÃO DA REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUAS ..................................................... 48
DIMENSIONAMENTO DA REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUAS ................................................ 53
DIMENSIONAMENTO DA REDE DE ÁGUAS RESIDUAIS DOMÉSTICAS ..................................... 54
CARACTERIZAÇÃO DA REDE DE DRENAGEM DE ÁGUAS PLUVIAIS ......................................... 60
DIMENSIONAMENTO DA REDE DE DRENAGEM DE ÁGUAS PLUVIAIS..................................... 60
REDE DE ABASTECIMENTO DE GÁS NATURAL......................................................................... 61
ISOMETRIA DA REDE DE GÁS E DISTÂNCIA DE SEGURANÇA A OUTRAS INFRAESTRUTURAS . 62
CARACTERIZAÇÃO DA REDE DE GÁS ....................................................................................... 63
PROJETO DE TÉRMICA ............................................................................................................. 64

3
PARÂMETROS A QUANTIFICAR ............................................................................................... 66
PROJETO – PAREDES E ABERTURAS ........................................................................................ 67
VENTILAÇÃO ............................................................................................................................ 73
VERIFICAÇÃO DE REQUISITOS MÍNIMOS DE ACÚSTICA .......................................................... 76
CLASSIFICAÇÃO DO LOCAL ...................................................................................................... 76
ISOLAMENTO SONORO EM RELAÇÃO AO EXTERIOR .............................................................. 77
PROJETO DE ACÚSTICA............................................................................................................ 78
ESTIMATIVA ORÇAMENTAL ......................................................................................................... 81
PLANEAMENTO DE OBRA ............................................................................................................ 82
CONCLUSÃO ................................................................................................................................ 84
BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................................. 85

4
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Vista aérea do edifício .................................................................................................. 8


Figura 2 – Alçado principal ............................................................................................................ 9
Figura 3 – Alçado posterior ......................................................................................................... 10
Figura 4 – Corte do edifício existente ......................................................................................... 11
Figura 5 - Terreno exterior e limite do terreno .......................................................................... 11
Figura 6 – Fachada do edifício ..................................................................................................... 16
Figura 7 – Esquema estrutural das asnas existentes no edifício ................................................. 17
Figura 8 – Estrutura da cobertura ............................................................................................... 17
Figura 9 – Cobertura existente no edifício .................................................................................. 18
Figura 10 – Caixilharia de madeira .............................................................................................. 18
Figura 11 – Cantarias em pedra .................................................................................................. 19
Figura 12 – Pavimento revestido a ladrilho cerâmico ................................................................. 20
Figura 13 – Pormenor construtivo e parede interior .................................................................. 20
Figura 14 – Paredes interiores .................................................................................................... 21
Figura 15 – Tetos do edifício ....................................................................................................... 21
Figura 16 – Escadas de ligação do rés-do-chão ao 1º andar ....................................................... 22
Figura 17 – Esquentador existente.............................................................................................. 23
Figura 18 – Esquema estrutural da cobertura ............................................................................ 31
Figura 19 – Pormenor proposto da cobertura ............................................................................ 35
Figura 20 – Fechamento de juntas .............................................................................................. 36
Figura 21 – Aplicação do material impermeável para auxiliar no controlo da humidade
ascensional .................................................................................................................................. 36
Figura 22 – Sistema de ventilação para controlo da humidade ascensional .............................. 37
Figura 23 – Sistema de ventilação ............................................................................................... 37
Figura 24 – Paredes interiores – barreira química ...................................................................... 38
Figura 25 – Cortes transversais do edifício – C-03 e C-04 ........................................................... 38
Figura 26 – Corte longitudinal ..................................................................................................... 42
Figura 27 – Viga de contorno ...................................................................................................... 42
Figura 28 – Pormenor proposto das lajes e demais elementos .................................................. 44
Figura 29 – Pormenor dos revestimentos dos tetos ................................................................... 45
Figura 30 – Corte transversal das escadas .................................................................................. 46
Figura 31 – Esquema estrutural das escadas .............................................................................. 47
Figura 32 – Espuma (pré-fabricada e injetada) de polipropileno expandido para proteção de
tubagens ...................................................................................................................................... 48
Figura 33 – Junta de dilatação e fixação de tubagem ................................................................. 48
Figura 34 – Rede de distribuição de águas (rés-do-chão) ........................................................... 49
Figura 35 – Rede de distribuição de águas (piso 1) ..................................................................... 50
Figura 36 – Rede de distribuição de águas (sótão) ..................................................................... 51
Figura 37 – Isolamento da tubagem da água quente ................................................................. 51
Figura 38 – Painel de aquecimento para rede de distribuição de águas (cobertura) ................. 52
Figura 39 – Aquecedor de água................................................................................................... 52
Figura 40 – Distância máxima entre o sifão e a secção ventilada ............................................... 55
Figura 41 – Condições de abertura dos tubos de queda para o exterior.................................... 59
Figura 42 – Drenagem de águas residuais................................................................................... 59
Figura 43 – Exemplos de elementos exteriores de drenagem de águas pluviais ....................... 60
5
Figura 44 – Posição dos tubos de queda e caleiras ..................................................................... 61
Figura 45 – Zonas climáticas de inverno e de verão ................................................................... 65
Figura 46 – Projetos de térmica – rés-do-chão ........................................................................... 68
Figura 47 – Projeto de térmica – piso 1 ...................................................................................... 69
Figura 48 – Projeto de térmica - sotão ........................................................................................ 70
Figura 49 – Corte com visão genérica dos 3 níveis de paredes................................................... 71
Figura 50 – Projeto de térmica - cobertura ................................................................................. 72
Figura 51 – Vidro duplo e rotura térmica .................................................................................... 73
Figura 52 – Corte da rede de ventilação ..................................................................................... 74
Figura 53 – Folha de cálculo do Rw da parede exterior – rés-do-chão (alçado) ......................... 78
Figura 54 – Isolamento acústico – alvenaria (alçado) ................................................................. 79
Figura 55 – Isolamento acústico – caixilharia de vidro e alumínio (planta) ................................ 79

6
INTRODUÇÃO

O presente trabalho de grupo proposto no âmbito da Unidade Curricular de


Conservação e Reabilitação de Edifícios, tem como objetivo a elaboração de um projeto
de reabilitação de um edifício.

Na elaboração do trabalho são desenvolvidas metodologias de reabilitação de


uma moradia com área compreendida entre 150m2 e 300m2, na qual é realizado uma
inspeção e uma análise prévia, com recurso a desenhos e registos fotográficos. Ainda
é elaborado um diagnostico de anomalias e um anteprojeto do âmbito da Engenharia
Civil. Por fim é concebido uma estimativa orçamental e um planeamento de obra.

CONCEITOS GERAIS

Em primeiro lugar, interessa referir que uma das principais causas das anomalias
em edifícios antigos é natural e prende-se com o envelhecimento inevitável dos próprios
materiais. Um edifício de habitação é projetado e construído para uma vida média de 50
anos, idade que já está ultrapassada em qualquer edifício antigo.

Antes de cada ato de reabilitação é reconhecer a sintomatologia que o edifício


manifesta, por forma a fazer um correto diagnóstico das anomalias apresentadas para
que seja aplicada a terapêutica adequada à origem dos problemas, cumprindo sempre
que possível os princípios da reabilitação: autenticidade, compatibilidade e
reversibilidade.

As intervenções a realizar devem contemplar a recuperação das técnicas e


materiais antigos, um estudo aprofundado destes antes da sua aplicação para uma
preservação do valor do património nacional e para verificar a compatibilização das
soluções construtivas e materiais a aplicar com os existentes.

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ESTUDOS PRÉVIOS DE INSPEÇÃO E ANÁLISE

MEMÓRIA INTRODUTÓRIA

O edifício localiza-se na cidade de Vila do Conde, na Rua dos Prazeres nº80.

É uma construção no século XX no ano de 1937, de momento encontra-se


desabitado.

A moradia está inserida em banda com a fachada principal orientada a nascente


e a posterior a poente. Constituída por uma área de implantação de 240m2, contém três
pisos: rés-do-chão, primeiro piso e sótão habitável.

Inicialmente o edifício foi construído com o propósito de habitação multifamiliar


de tipologia T5, na qual o rés-do-chão era de tipologia T2 e o primeiro e o sótão
pertenciam a uma tipologia T3.

Figura 1 – Vista aérea do edifício

8
LEVANTAMENTO DETALHADO

Realizou-se um levantamento fotográfico do imóvel, bem como desenhado, com


o intuito de servir de ferramenta de trabalho na elaboração do projeto de reabilitação,
mas também para servir de arquivo / comparação da situação em que o mesmo se
encontrava e do seu aspeto final após a reabilitação.

Figura 2 – Alçado principal

9
Figura 3 – Alçado posterior

O edifício no rés-do-chão possui um pé-direito de 3,00 m, assim como o primeiro


piso. No sótão, o pé-direito é de 2,65 m na zona mais alta e, 0,85 m, na zona mais baixa.
A baixo podemos ter uma melhor visualização e detalhe do edifício existente em estudo,
bem como plantas e alçados.

10
Figura 4 – Corte do edifício existente

Figura 5 - Terreno exterior e limite do terreno

11
PLANTA DO RÉS-DO-CHÃO EXISTENTE

12
PLANTA DO 1º PISO EXISTENTE

13
PLANTA DO SÓTÃO EXISTENTE

14
PLANTA DA COBERTURA EXISTENTE

15
DEFICÊNCIAS EXISTENTES E SUA LOCALIZAÇÃO

FACHADAS
As paredes exteriores são de alvenaria de granito, com espessura de 50cm,
assim como as paredes com os edifícios vizinhos que representam um papel importante
na estrutura do edifício no que se refere à resistência a cargas verticais, nomeadamente
as cargas de natureza gravítica, assim como também a forças horizontais, como o vento
e os sismos. As faces exteriores são revestidas com um reboco de argamassa de cal e
na face interior, com estuque de gesso tradicional.

As fachadas em alvenaria de granito exibem elementos em cantaria nas orlas


dos vãos exteriores com motivos decorativos. Assim, são visíveis infiltrações, alguma
fendilhação, o desgaste da própria argamassa exterior e ainda a deterioração leve da
cantaria.

Figura 6 – Fachada do edifício

16
COBERTURA
A coberta do edifício é constituída por elementos estruturais de madeira de
eucalipto. As suas asnas apresentam o esquema mais tradicional (asnas simples), com
linha, pernas, escoras e pendural com seções varáveis, e têm um espaçamento de
2,80m. Na figura seguinte apresenta-se um alçado da asna.

(8x22cm²)
(8x8cm²)
(8x22cm²)

(8x22cm²)

(8x16cm²)

(8x22cm²)

Figura 7 – Esquema estrutural das asnas existentes no edifício


(Fonte: Costa, 1955)
As asnas da cobertura servem de suporte às madres, cumeeira e rincões com
secção transversal retangular de 8x22 cm². As varas apresentam uma secção
transversal retangular de 8x8 cm² e apoiam-se nas madres, cumeeira e rincões. Sobre
estes elementos apoiam as ripas de suporte da telha.

A estrutura é contraventada por paredes de alvenaria de perda nas


extremidades, vencendo um vão corrente de aproximadamente 5 metros e a estrutura
de madeira é ligada entre sim por cintas metálicas e encaixes.

Figura 8 – Estrutura da cobertura

17
Figura 9 – Cobertura existente no edifício

CAIXILHARIAS
Os vãos possuem caixilharia de madeira, com vidro simples, alguns deles
partidos e encontram-se em elevado estado de degradação. Alguns vãos possuem
portadas de madeira pelo interior. Contudo, devido à sua localização estão sujeitas à
ação da radiação solar e da chuva.

Figura 10 – Caixilharia de madeira

18
As portas de acesso ao interior da habitação são de madeira, estão sem
fechadura e encontra-se muito degradadas na parte inferior.

Figura 11 – Cantarias em pedra

PAVIMENTOS
O edifício é constituído por um pavimento térreo á base de enrocamento de
pedra, com uma camada de revestimento em sobrados de madeira.

Os pavimentos elevados têm uma estrutura em madeira e um revestimento de


soalho de carvalho, assim como, em certas zonas, uma camada de revestimento em
ladrilhos cerâmicos. A maior parte está com grande nível de degradação evidenciando
problemas a nível estrutural. Podemos visualizar o pormenor construtivo dos pisos
elevados na figura seguinte.

1- Revestimento a soalho com 2,5mm de espessura; 2- Tarugo em madeira; 3- Viga em


madeira com 0,08x0,15m2; 4- Forro em madeira com 5mm de espessura

19
Figura 12 – Pavimento revestido a ladrilho cerâmico

PAREDES INTERIORES
As paredes interiores são de tabique com 10cm de espessura, constituídas por
um fasquiado aplicado sobre tábuas, colocadas na vertical, sendo este conjunto,
revestido em ambas as faces com um reboco de argamassa de cal e “saibro”, finalizado
por um estuque tradicional. É patente a falta deste fasquiado em certas zonas,
principalmente nas paredes da caixa de escadas e o destacamento do reboco. A
fendilhação e as eflorescências também se encontram constantes nas paredes
interiores do edifício.

Figura 13 – Pormenor construtivo e parede interior

20
Figura 14 – Paredes interiores

TETOS
Já ao nível dos tetos, é notório a presença de desprendimentos e desagregações
nos cantos. Várias infiltrações e presença de plantas.

Figura 15 – Tetos do edifício

21
ESCADAS
As escadas são em estrutura de madeira, formadas por dois lanços, que se
desenvolvem ao longo da parede, apoiando-se os lanços e os patamares na estrutura
desta.

Figura 16 – Escadas de ligação do rés-do-chão ao 1º andar

INSTALAÇÕES TÉCNICAS
É visível a degradação e a possível deficiência da instalação elétrica do edifício,
tornando-se um risco. Vários interruptores danificados e tomadas que já nem têm o
próprio espelho. Falta de luz nas casas de banho e na cozinha, tubagem elétrica á vista
no rés-do-chão e no quadro principal da moradia só contem três disjuntores.

Já ao nível das instalações de águas, o envelhecimento das torneiras é comum


neste edifício, assim como a respetiva tubagem. É possível identificar que não existe
equipamentos sanitários no piso 1.
O esquentador, relativamente às instalações de gás, encontra-se nas próprias
instalações sanitárias, não tendo a devida ventilação.

22
Figura 17 – Esquentador existente

DIAGNÓSTICO DAS ANOMALIAS

ESTRUTURA
A estrutura da fachada apresenta sinais de fendilhação nas padieiras e
desprendimento de pedaços de reboco, devido à entrada de água pela cobertura.

As paredes de alvenaria com forte fendilhação de grande abertura que atravessa


toda a espessura da parede.

As lajes dos pisos elevados apresentam fendilhação e alteração da geometria


cuja localização, orientação e evolução indicam problemas estruturais graves, o soalho
em algumas zonas, principalmente nos cantos, já está sem suporte algum, devido aos
tarugos de madeira estarem destruídos pela forte presença de humidade, é evidente a
instabilidade e possível desmoronamento do pavimento.

COBERTURA
A cobertura é constituída por uma armação de madeira e com telha tradicional
em argila recozida. As telhas estão envelhecidas e pontualmente em falta, originando
fortes infiltrações. A nível estrutural, apresenta alguma deformação devido a alguns
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ligadores (cintas metálicas) já estarem destruídos pela corrosão e existe uma certa
corrosão da madeira.

Os tubos de queda estão interrompidos originando pontualmente degradação do


revestimento humedecendo as paredes e originando infiltrações interiores. As caleiras
estão parcialmente destruídas devido à erosão, pois é uma zona próxima do mar.

PAREDES EXTERIORES
As paredes das fachadas encontram-se com fendilhação localizada e de
abertura considerável. Também há revestimentos de paredes com sinais de
eflorescências ou vestígios de ataque biológico (térmitas; desenvolvimento de
vegetação parasitária: musgos).

PAREDES INTERIORES
As paredes interiores, constituídas em madeira, tabique, encontram-se muito
degradadas, com uma desagregação elevada e apresentam sinais visíveis de risco de
ruir, assim como fendilhação. A fendilhação é uma das principais anomalias presentes
nas paredes interiores do edifício, junto a aberturas para portas, janelas e na ligação de
paredes ortogonais, principalmente nos cantos, onde ocorrem concentrações de
tensões que estão na origem do início e progressão do fenómeno de fendilhação.

REVESTIMENTOS DE PAVIMENTOS EXTERIORES


Os pavimentos exteriores, encontram-se com muitos detritos, musgo e desgaste,
apresentam mau estado de conservação, pois na maior parte são construídos em
pedras de granito e já existe ausência dela.

REVESTIMENTOS DE PAVIMENTOS INTERIORES


Os pavimentos interiores são feitos em madeira, estão muito degradados e com
muitos detritos. Encontram-se muitos buracos devido ao avançado estado de
degradação e revela-se um perigo iminente, colocando-se mesmo a possibilidade
destes elementos poderem ruir a qualquer instante.

Quanto aos elementos cerâmicos apresentam anomalias como a fendilhação e


a fracturação, quando sujeitos a ciclos de dilatação e contração de origem térmica,
podem estar também associados a assentamentos da base do pavimento.

24
TETOS
É visível a presença de desprendimentos e desagregações em certos pontos dos
tetos. Forte presença de humidades, queda de algumas chapas de madeira e na zona
do sótão está muito degradado, tendo presença de vegetação.

ESCADAS
A estrutura de madeira das escadas encontra-se em muito mau estado, grande
nível de desgaste dos lanços, nomeadamente na o rés-do-chão e falta de alguns
espelhos.

CAIXILHARIA E PORTAS EXTERIORES


As portas e janelas, todas constituídas em madeira, apresentam-se com
bastantes vidros partidos, muito degradadas e muito deficientes para desempenharem
a função para as quais foram projetadas.

A humidade de precipitação favorece a reprodução de fungos e insetos, pondo


em causa a estanquidade deste elemento, condicionando o funcionamento. A deficiente
estanquidade das juntas das caixilharias e vidros partidos também são um bom meio
para a entrada de humidade. Pode ocorrer humidade de condensação, que no caso das
janelas ocorre na superfície interior do vidro, podendo durante o inverno, atingir os aros
e caixilhos. As caixilharias com desempenho deficiente não obedecem às exigências de
conforto e de economia, por não ter um isolamento adequado.

CAIXILHARIA E PORTAS INTERIORES


As portas interiores são de madeiras, nas zonas inferiores encontram-se
degradadas, já com falta de madeira, devido a fungos e á intensa humidade.

As portas estão desafinadas e já exigem uma força excessiva no seu movimento.


As ferragens e manípulos estão degradados, alguns partidos e oxidados, já não
comprem as suas funções.

EQUIPAMENTO SANITÁRIO
Os esquipamentos estão gastos e a banheira está fraturada. O móvel está com
as portas partidas.

25
EQUIPAMENTOS DE COZINHA
Os armários da cozinha estão partidos e alguns com portas partidas. O armário
suspenso, de madeira, está inclinado, com risco de queda. A perda da banca de cozinha
encontra-se partida e as torneiras na asseguram a estanquidade.

INSTALAÇÃO DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA


As principais anomalias detetadas no edifício em estudo na rede de
abastecimento de água é a deficiente capacidade da rede face às exigências do dia-a-
dia e o material utilizado nas tubagens ser o chumbo, que é desadequado, por
contaminar as águas.

A rede de águas a nível de estanquidade encontra-se degradada, o


envelhecimento de válvulas e torneiras é presente no edifício.

INSTALAÇÃO DE DRENAGEM DE ÁGUAS RESIDUAIS


Neste edifício as redes são feitas de grés, o material é muito rígido, não
acompanhando as pequenas deformações que o edifício possa ter, levando a ruturas
do mesmo. Outra anomalia detetada é o reduzido número de caixas de visita, com um
maior cumprimento da conduta leva a entupimentos destes sistemas provocados pelo
depósito de gorduras e de efluentes sólidos resultantes destas águas.

INSTALAÇÃO DE GÁS
O mais preocupante nesta área é a forma como os aparelhos de queima de gás
são instalados nos edifícios, como o esquentador, neste edifício encontra-se nas
próprias instalações sanitárias, não tendo a devida ventilação, exposto a grandes
humidades, podendo ocorrer fugas através das válvulas de segurança, por deficiente
funcionamento.

INSTALAÇÃO ELÉTRICA
A instalação elétrica é muito antiga, começando pelo quadro geral que está em
mau estado e no seu interior contém ferrugem em algumas partes de ligação.
Relativamente a pontos de luz e às tomadas são em número reduzido e com algumas
anomalias, algumas partidas e outras sem funcionarem.

Os interruptores na não funcionam e mesmo o espelho do interruptor está partido


e no rés-do-chão já não existem teclas.
26
FICHA MAEC DO EDIFÍCIO

27
28
ANTEPROJETO

COBERTURA
O sistema europeu de classificação de madeiras em classes de qualidade
baseia-se nas 4 normas da série EN 14081, editadas a partir de 2005 e ainda não
traduzidas para o português:

- EN 14081-1:2005 + A1:2011 – Timber Structures – Strength graded structural timber


with rectangular cross section – Part 1 – General requirements;

- EN 14081-2:2010 – Timber Structures – Strength graded structural timber with


rectangular cross section – Part 2 – Machine grading additional requirements for initial
type testing;

- EN 14081-3:2005 – Timber Structures – Strength graded structural timber with


rectangular cross section – Part 3 – Machine grading additional requirements for factory
production control;

- EN 14081-4:2009 – Timber Structures – Strength graded structural timber with


rectangular cross section – Part 4 – Machine grading – grading machine settings for
machine controlled systems;

Classes de resistência a utilizar no cálculo de estruturas de madeira portuguesa


existentes:

Espécie fm,k (MPa) E0,m (GPa) ρk (kg/m³) Classe


Proposta (EN
1) 2) 3)
338)

Castanho 97 10 540 D30

Carvalho 122 11 800 D40

Eucalipto 137 12 765 D40

Choupo 80 11 450 C24


Branco

Fonte: FREITAS, 2012

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Numa reabilitação de uma estrutura de madeira quatro situações podem ser
observadas:

a) Reparação e substituição pontual de elementos degradados usando técnicas


antigas;

b) Reparação e substituição pontual de elementos degradados usando técnicas


antigas e materiais de ligação modernos;

c) Substituição integral da estrutura usando madeiras antigas, materiais e técnicas


de ligação modernas e desenhos arquitetônicos similares aos antigos;

d) Substituição integral da estrutura por soluções modernas ao nível da concepção,


madeiras, materiais e técnicas de ligação usados.

No presente projeto, opta-se pela opção “b”; este processo implica a remoção de
telhas, ripas, forros e guarda-pós, de modo a colocar a estrutura à vista tanto pela parte
inferior como superior. Tal decisão baseia-se em inspeção, que focou principalmente:

• Análise da adequação da estrutura a suas solicitações (investigação de


deficiências na conceção ou uso estrutural);

• Avaliação das anomalias específicas, através de medidor de humidade, punção


e, se necessário, medição da densidade superficial (pylodin), ultra-sons e
deteção acústica de insetos xilófagos;

Como medidas iniciais de intervenção, recomendam-se:

• Limpeza das peças, de forma a eliminar degradações químicas e biológicas


(corte e substituição parcial em pontos nos quais se fizer necessário);

• Eliminação de ameaças biológicas (injeção de agentes químicos, ou mediante


isolamento com CO₂, etc);

• Preenchimento de pequenas fendas com resina epóxi, ;

• Onde houver inadequação da estrutura aos esforços atuantes, adicionar reforço


com chapas de ligação e cabos em aço.

Sobre o ripado de madeira, entre as madres, colocar-se-ão painéis de


poliestireno extrudido (XPS) com 40mm de espessura, a funcionarem como isolamento
térmico e complemento à impermeabilização. Um teto falso será então constituído por
placas de gesso cartonado hidrófugo e com uma camada de lã de rocha com 50mm de
espessura, que servirá como isolamento térmico e acústico.

30
Sempre que possível, deve-se evitar desmontar os elementos estruturais em
madeira, pois a futura montagem os colocará em diferentes estados de tensão, como
resultado das novas ligações.

A protecção contra o fogo será efectuada com produtos retardadores de


combustão e inibidores de chama, aplicados como pintura.

Figura 18 – Esquema estrutural da cobertura

31
PLANTA DA COBERTURA – ALTERAÇÕES

32
CORTE LONGITUDINAL - C-01

33
CORTE LONGITUDINAL - C-02

34
Figura 19 – Pormenor proposto da cobertura

PAREDES EXTERIORES

As paredes receberão limpeza das faces exteriores das pedras de granito


mediante projeção de partículas (nomeadamente areia) de forma a eliminar filmes
negros e outras anomalias superficiais. Também será utilizado, quando necessário, o
método abrasivo misto com projeção de água e partículas constituídas por carbonato de
cálcio precipitado. Este método estender-se-á às cantarias de granito presentes.

Nas juntas, proceder-se-á a remoção das argamassas deterioradas ou, se as


houver, as de cimento (por serem inapropriadas), substituindo-as por argamassas de
cal e com areias silicosas de granulometria adequada por meio de seringas com
abertura de diâmetro adequadas à espessura das juntas.

35
Figura 20 – Fechamento de juntas

Fonte: FREITAS, 2012

De forma a controlar a controlar a humidade ascensional, causa de variadas


anomalias, será aplicada uma impermeabilização (em duas camadas) e utilizar-se-á
sistema de ventilação.

Figura 21 – Aplicação do material impermeável para auxiliar no controlo da humidade


ascensional

Fonte: FREITAS, 2012

36
Figura 22 – Sistema de ventilação para controlo da humidade ascensional

Fonte: SILVA, 2012

Adotar-se-á, na parte traseira do


edifício, que sofre sobremaneira com
humidade ascensional, uma solução de
ventilação da base das paredes, através de
canais periféricos ventilados, o que
aumentará a evaporação.

Figura 23 – Sistema de ventilação

Fonte: FREITAS, 2012

37
PAREDES INTERIORES

No rés do chão, as paredes interiores a manter receberão barreira química contra


a humidade ascensional, mediante a execução de furos afastados cerca de 15cm entre
si, para injeção de produto com o auxílio de um equipamento de pressão. As paredes a
construir serão leves, de tijolo furado revestido a gesso cartonado hidrófugo, de forma
a evitar humidade por capitalização. A tinta a aplicar nas paredes será de base aquosa,
para permitir a evaporação de humidades.

Figura 24 – Paredes interiores – barreira química

Fonte: FREITAS, 2012

Tem-se, a seguir, os respetivos projetos de intervenção.

Figura 25 – Cortes transversais do edifício – C-03 e C-04


38
PLANTA DO RÉS-DO-CHÃO – PAREDES A DEMOLIR E CONSTRUIR

39
PLANTA DO PISO 1 – PAREDES A DEMOLIR E CONSTRUIR

40
PLANTA DO SÓTÃO – PAREDES A DEMOLIR E CONSTRUIR

41
LAJES

De forma a comportar as novas solicitações estruturais e possibilitar novos usos,


as duas lajes em madeira, situadas entre rés-do-chão, 1º piso e o sótão, serão
substituídas por uma laje em betão armado com malha sol, uma laje colaborante e uma
laje aligeirada (mediante enchimento em betão leve), em toda a largura da habitação. O
aspeto original será referenciado pelo revestimento das lajes, em madeira.

Figura 26 – Corte longitudinal

Rés-do-chão: laje com malha sol (0,26m).

1º piso: laje colaborante (0,20m) com nervuras e forma perdida em aço galvanizado.

Sótão: laje aligeirada (0,30m). Será utilizada, como interface entre esta nova estrutura
e os elementos originais, uma espuma de polietileno de baixa densidade, de forma a
estabelecer uma junta de dessolidarização.

Figura 27 – Viga de contorno

42
ESQUEMA ESTRUTURAL DAS LAJES DE PISO

43
Figura 28 – Pormenor proposto das lajes e demais elementos

44
REVESTIMENTOS DOS TETOS
Laje colaborante: será instalado um forro em
lambri de madeira (carvalho), com
acabamento em verniz aquoso, de forma a
referenciar a aparência original.

Sob a laje aligeirada, será colocado um teto


falso em gesso cartonado hidrófugo (com
separação mediante caixa-de-ar).

Sótão: forro em madeira (carvalho) com


acabamento em verniz aquoso.

Figura 29 – Pormenor dos revestimentos dos


tetos

REVESTIMENTOS DOS PAVIMENTOS


Rés-do-chão: será aberta uma caixa
no terreno natural para receção do agregado
5/16, envolvido em geotêxtil de gramagem
150. Será ainda instalada uma tela
impermeável por baixo da laje maciça. Sob
este piso, aplicar-se-á uma camada pára-
vapor para evitar condensações.

Por cima de todas as lajes, será


instalado um ripado em madeira que apoiará
um piso em madeira de carvalho, com
acabamento em verniz aquoso. Sob este
piso, aplicar-se-á uma camada pára-vapor
para evitar condensações.

45
ESCADAS

Serão executados dois novos lanços de escadas em betão leve, entre o rés-do-
chão, 1º andar e o sótão habitável, revestidos a madeira de carvalho natural e
acabamento idêntico aos pavimentos.

Figura 30 – Corte transversal das escadas

46
Figura 31 – Esquema estrutural das escadas

ABASTECIMENTO DE ÁGUA E DRENAGEM DE ÁGUAS RESIDUAIS DOMÉSTICAS


E PLUVIAIS

As tubagens de abastecimento de águas não raro sofrem com vibrações e com


o fenômeno do “golpe de aríete”, o que gera desconforto para os utentes e diminui sua
vida média. Com vistas a protegê-las, será utilizada espuma de polipropileno, pré-
fabricada onde possível e injetada onde necessário, para estabilizar as tubagens e
diminuir-lhes a propagação de vibrações.

A atenuação das vibrações e ruídos, entre outros cuidados, exige velocidades


de circulação do fluido inferiores a 1,5 m/s (preferencialmente inferiores a 1 m/s), além
de pendentes adequadas (0,5% ascendente no sentido do escoamento do fluido).

47
Figura 32 – Espuma (pré-fabricada e injetada) de polipropileno expandido para proteção de
tubagens

Outra medida é adotarem-se juntas de dilatação na rede, para absorver a


variação das dimensões consequente dos gradientes térmicos.

Figura 33 – Junta de dilatação e fixação de tubagem

Fonte: FREITAS, 2012

CARACTERIZAÇÃO DA REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUAS

A reabilitação implicará a reformulação total da rede, de forma a que as


instalações obedeçam à legislação em vigor, sendo o dimensionamento e
pormenorização similares ao de uma construção nova, porém executados de forma a
compatibilizarem-se com os elementos de construção existentes.

48
Figura 34 – Rede de distribuição de águas (rés-do-chão)

49
Figura 35 – Rede de distribuição de águas (piso 1)

A rede de distribuição de águas, exterior e interior, terá tubagem de polipropileno


(PP), apta tanto para água fria quanto quente. A cada compartimento corresponderá um
dado ramal, com válvula de seccionamento de modo a sectorizar a distribuição, o que
possibilitará o uso parcial, mesmo durante manutenções da rede.
50
A tubagem de água
quente será isolada com
coquilhas com o mínimo de 10
mm de espessura de parede. É
importante não descurar o
isolamento térmico das
tubagens, principalmente de
água quente para minimizar as
perdas térmicas, mas também
na tubagem de água fria as
espessuras mínimas devem ser
asseguradas, de forma a
assegurar a sua
dessolidarização.

Figura 36 – Rede de distribuição de águas (sótão)

Figura 37 – Isolamento da tubagem da água quente

51
Figura 38 – Painel de aquecimento para rede de distribuição de águas (cobertura)

Quanto à aplicação do sistema de


aproveitamento solar para aquecimento de águas
sanitárias, utilizar-se-á sistema do tipo aquecedor de
água solar (conjunto de painel e condensador).

Figura 39 – Aquecedor de água

52
DIMENSIONAMENTO DA REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUAS

O Regulamento Geral dos Sistemas Públicos e Prediais de Distribuição de Água


e de Drenagem de Águas Residuais (RGSPPDADAR), é o regulamento atualmente em
vigor em Portugal, que estabelece as regras de implementação e dimensionamento das
redes prediais de distribuição de água e de drenagem de águas residuais. Os caudais
instantâneos, acumulados e de cálculo utilizados, são os que se encontram expressos
no referido regulamento.

Dispositivos de utilização Caudais mínimos (l/s)

Lavatório individual (Lv) 0,10

Bidé (Bd) 0,10

Banheira (Ba) 0,25

Chuveiro individual (Ch) 0,15

Autoclismo de retrete (Br) 0,10

Pia lava-louça (Ll) 0,20

Máquina de lavar roupa (Mr) 0,20

Máquina de lavar louça (Ml) 0,15

Fluxômetro de urinol 0,50

Fluxômetro de retrete 1,50

O dimensionamento hidráulico da rede deve ser efetuado de acordo com os


seguintes pressupostos:

• - Caudais de cálculo (baseado nos caudais instantâneos);

• - Velocidades, que devem situar-se entre 0,5 e 2,0 m/s;

• - Rugosidade do material;

• - Valor de pressão mínimo de 100kPa no dispositivo mais desfavorável.

As pressões de serviço nos dispositivos de utilização devem situar-se entre


50kPa e 600kPa, sendo recomendável por razões de conforto e durabilidade dos
materiais, que se mantenham entre 150kPa e 300kPa. Os troços horizontais possuirão
uma ligeira inclinação (0,5%) para favorecer a circulação do ar.
53
DIMENSIONAMENTO DA REDE DE ÁGUAS RESIDUAIS DOMÉSTICAS

Os caudais de cálculo a considerar no dimensionamento das redes de drenagem


resultam do somatório dos caudais de descarga atribuídos aos aparelhos sanitários
(caudais acumulados). No entanto, admite- se a possibilidade de todos os aparelhos e
equipamentos sanitários não funcionarem em simultâneo no mesmo edifício, pelo que
o caudal de cálculo é afetado por um coeficiente de simultaneidade que traduz a
probabilidade desta ocorrência:

O coeficiente de simultaneidade, numa dada secção, é a relação entre o caudal


máximo admissível, isto é o caudal de cálculo, e o caudal acumulado de todos os
dispositivos que drenam até à secção considerada.

Os caudais de descarga são os caudais descarregados pelos aparelhos


sanitários para as redes prediais de drenagem. Os valores mínimos a considerar nos
aparelhos e equipamentos sanitários estão indicados na tabela:

Aparelho sanitário Caudal de descarga (l/min)


Lavatório individual (Lv) 30
Bidé (Bd) 30
Banheira (Ba) 60
Chuveiro individual (Ch) 30
Bacia de retrete (Br) 90
Pia lava-louça (Ll) 30
Máquina de lavar roupa (Mr) 60
Máquina de lavar louça (Ml) 60
Tanque 60

O diâmetro interior dos ramais de descarga não individuais será determinado


com a fórmula de Manning-Strickler:

Qc = caudal de cálculo (m3 /s)

54
K = rugosidade da tubagem (considera-se aqui K = 120 𝑚1/3 . 𝑠 −1 )

A = secção da tubagem ocupada pelo fluido (m2)

R = raio hidráulico (m)

i = inclinação (m/m)

O dimensionamento dos ramais de descarga individuais pode ser efetuado para


um escoamento a secção cheia, desde que as distâncias entre o sifão e a secção
ventilada não ultrapassem os valores estabelecidos regulamentarmente. Caso estas
distâncias sejam excedidas e nos sistemas sem ramal de ventilação, os ramais de
descarga devem ser dimensionados a meia secção, tal como os ramais de descarga
não individuais que devem ser sempre dimensionados a meia secção.

Figura 40 – Distância máxima entre o sifão e a secção ventilada

55
Os diâmetros nominais mínimos admissíveis para os ramais de descarga
individuais dos aparelhos sanitários são:

Aparelho sanitário Diâmetro mínimo do ramal de descarga (mm)

Lavatório individual (Lv) 40

Bidé (Bd) 40

Banheira (Ba) 40

Chuveiro individual (Ch) 40

Bacia de retrete (Br) 90

Pia lava-louça (Ll) 50

Máquina de lavar roupa (Mr) 50

Máquina de lavar louça (Ml) 50

Tanque 50

Caso o escoamento se processe a meia secção e o material das tubagens seja


PVC também é possível obter o diâmetro dos ramais de descarga através da seguinte
tabela:

Diâmetro Diâmetro Caudais (l/min)


Nominal Interior (mm)
Inclinação
(mm)
1% 2% 3% 4%

40 36,4 16 23 28 33

50 45,6 30 42 52 60

75 70,6 96 135 165 191

90 85,6 160 226 277 319

110 105,1 276 390 478 552

125 119,5 389 550 673 777

Utilizar-se-ão ramais de descarga com inclinação de 2%.

56
Caudas de descargas normalizados são os seguintes:

Dispositivos de utilização Caudal de descarga No. de dispositivos Caudal (l/min)


(l/min)

Lavatório individual (Lv) 30 5 150

Chuveiro individual (Ch) 30 3 90

Bacia de retrete (Br) 90 4 360

Pia lava-louça (Ll) 30 1 30

Máquina de lavar roupa (Mr) 60 1 60

Máquina de lavar louça (Ml) 60 1 60

Por fim, o coletor doméstico terá diâmetro de 110 mm (mínimo regulamentar) e


inclinação de 2%.

No dimensionamento dos tubos de queda deve-se ter em conta os caudais de


cálculo, que são baseados nos caudais de descarga, e a taxa de ocupação máxima de
1/3 que varia conforme o diâmetro da tubagem. O diâmetro dos tubos de queda deve
ser constante em todo o seu desenvolvimento, e não deve ser inferior ao maior dos
diâmetros dos ramais que nele confluem com um mínimo de 50 mm.

Em função das alturas em que ocorre sucção e das em que ocorre sobrepressão,
é fundamental um adequado dimensionamento do sistema de modo a garantir a
ventilação necessária. No caso dos tubos de queda esta ventilação é condicionada pela
taxa de ocupação, que se baseia na seguinte relação:

Em que: Ses = secção ocupada pelo caudal de esgoto Sar = secção ocupada
pelo caudal de ar

A taxa de ocupação não deve ser superior a 1/3 em sistemas com ventilação
secundária e deve estar compreendida entre 1/7 e 1/3 em sistemas sem ventilação
secundária como consta na tabela:

57
Diâmetro dos tubos de queda e taxas de ocupação são os seguintes:

Diâmetro do tubo de queda (mm) Taxa de ocupação (ts)


D = 50 1/3
50 < D ≤ 75 1/4
75 < D ≤ 100 1/5
100 < D ≤ 125 1/6
D > 125 1/7

O diâmetro dos tubos de queda pode ser obtido através da tabela:

Diâmetro Caudais (l/min)


interior Taxa de ocupação
DN (mm)
mínimo
1/3 1/4 1/5 1/6 1/7
(mm)
50 45,6 81 50 34 25 20
75 70,6 259 160 111 82 63
90 85,6 433 268 185 136 106
110 105,1 749 464 320 236 182
125 119,5 1055 653 450 332 257
140 133,9 1429 885 610 450 348
160 153,0 2039 1262 870 642 497
200 191,4 3704 2293 1581 1167 902
250 239,4 6728 4165 2872 2119 1639

Portanto, para o caudal drenado pelos dispositivos de utilização, com uma taxa
de ocupação igual a 1/5, o diâmetro necessário para o tubo de queda é de Ø 75 mm e
para a rede de drenagem Ø 90 mm.

58
Figura 41 – Condições de abertura dos tubos de queda para o exterior

Fonte: FREITAS, 2012

Figura 42 – Drenagem de águas


residuais

59
CARACTERIZAÇÃO DA REDE DE DRENAGEM DE ÁGUAS PLUVIAIS

A geometria dos algerozes/caleiras deverá permitir a continuidade da


impermeabilização da cobertura em que se integram. As inclinações das caleiras e
algerozes poderão variar entre 2 e 15 mm/m, recomendando-se a adoção de valores
intermédios entre 5 e 10 mm/m. Os tubos de queda serão exteriores à fachada,
evitando-se assim soluções embebidas. A rede será executada com tubagem PVC.

Figura 43 – Exemplos de elementos exteriores de drenagem de águas pluviais

Fonte: FREITAS, 2012

As águas residuais pluviais serão enviadas ao coletor na via pública mediante


receção em grelha num canal de pavimento.

DIMENSIONAMENTO DA REDE DE DRENAGEM DE ÁGUAS PLUVIAIS

A altura da lâmina líquida no interior das caleiras e algerozes não deve


ultrapassar 7/10 da altura da secção transversal desta. Além disto, as inclinações O
dimensionamento é efetuado utilizando a fórmula de Manning-Strickler:

Qc = caudal de cálculo (m3 /s)

K = rugosidade da tubagem (considera-se aqui K = 120 𝑚1/3 . 𝑠 −1 )

A = secção da tubagem ocupada pelo fluido (m2)

R = raio hidráulico (m)

60
i = inclinação (m/m)

A recolha de águas pluviais da cobertura do edifício será feita a partir de caleiras


em PVC, de secção semicircular com Ø 90 mm, e encaminhadas por tubos de queda
de Ø 90 e Ø 75 mm, para o pavimento.

Figura 44 – Posição dos tubos de queda e caleiras

REDE DE ABASTECIMENTO DE GÁS NATURAL

O Decreto lei n.º 262/89 de 17 de agosto, estabelece os princípios para a


instalação de redes de utilização de gases combustíveis e determina que a instalação e
montagem de redes de gás deverá ser efetuada por entidades especializadas,
reconhecidas pela DGEG (Direção Geral de Energia e Geologia).

61
ISOMETRIA DA REDE DE GÁS E DISTÂNCIA DE SEGURANÇA A OUTRAS
INFRAESTRUTURAS

62
CARACTERIZAÇÃO DA REDE DE GÁS

O presente subcapítulo tem como objetivo definir o traçado, o dimensionamento


e a caracterização da rede de utilização destinada ao abastecimento com gás natural
da fração destinada a habitação do edifício em estudo. Para efeitos de licenciamento,
este projeto tem de ser acompanhado de um requerimento fornecido pela entidade
gestora que certifica o projeto de gás. O abastecimento será efetuado apenas no rés-
do-chão, onde os pontos a alimentar situam-se na cozinha.

A instalação de gás propriamente dita inicia-se na "caixa de entrada do edifício",


situada no limite do imóvel, em local permanentemente acessível a partir do exterior,
numa caixa ventilada, embutida na parede junto à entrada do edifício, com a inscrição
"GÁS" legível do exterior e instalada, à altura máxima de 1,10 m, em relação ao piso
exterior. A montante desta caixa, o ramal de alimentação, a parte integrante da rede de
distribuição que é executado pela empresa distribuidora, conduz o gás até à instalação
que se inicia na válvula de corte geral, localizada no interior da caixa de entrada. Como
a tubagem do ramal de alimentação vai ficar embutida na parede, a entidade instaladora
deverá colocar uma manga protetora da tubagem, em PVC ou PE (polietileno). A partir
da válvula de corte geral, será instalado um acessório, destinado a monitorizar, sempre
que necessário, a pressão à entrada da instalação. Recomenda-se a utilização de
tomadas de pressão do tipo Petterson, com tampão roscado, que permitam a leitura
através da ligação a um manómetro.

A seguir à tomada de pressão, será montado o redutor de entrada em edifício,


com a finalidade de reduzir a pressão da rede de distribuição para o valor pretendido a
jusante que, neste caso, será de 20 mbar.

No interior do edifício a instalação iniciar-se-á a partir do contador e ficará


embutida no pavimento ou na parede, subindo ou descendo na vertical na direção das
válvulas de corte dos aparelhos de queima.

63
PROJETO DE TÉRMICA

O conforto hidrotérmico dos edifícios depende de múltiplos parâmetros, dos


quais se salientam a temperatura, a humidade relativa e a velocidade do ar. É importante
garantir uma adequada taxa de renovação do ar interior, sendo desejável que os
edifícios disponham de uma ventilação geral e permanente durante todo o ano, incluindo
o período de inverno.

As exigências de arejamento podem ser quantificadas com base na taxa de


renovação horária nominal (Rph), que corresponde ao caudal horário de entrada de ar
novo num edifício para renovação do ar interior, expresso em múltiplos do volume
interior útil do edifício. Os edifícios de habitação deverão apresentar características
construtivas ou dispor de dispositivos apropriados para garantirem, por ventilação
natural, mista ou mecânica, uma taxa de renovação horária nominal da ordem de 0,7 a
0,8 renovações.

A humidade relativa no interior das habitações depende não só da temperatura


interior e exterior, mas também do vapor de água produzido pelos ocupantes, da inércia
higroscópica e do caudal de ventilação.

Atividade Vapor de água (g/dia)

Cozinhar a eletricidade 2000

Cozinhar a gás 3000

Lavagem de loiça 400

Banho (por pessoa) 200

Lavagem de roupa 500

Secagem de roupa no interior de um


1500
compartimento (por pessoa)

Por outro lado, as perdas por ventilação chegam a representar, no inverno, cerca
de 30% das perdas térmicas totais. Portanto, o equilíbrio entre as exigências de
ventilação e de eficiência energética passará por limitar o número de renovações
horárias sem comprometer a qualidade do ar interior e o conforto higrotérmico.

64
Valores convencionais de renovações horárias (Rph) definidas no RCCTE:

Permeabilidade ao ar das Caixilharias (EN 12207)


Edifícios
Dispositivos Sem classificação Classe 1 Classe 2 Classe 3
Classe de conformes
de
Exposição Caixa de estores Caixa de estores Caixa de estores Caixa de estores com a NP
admissão
1037-1
Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não

Sim 0,90 0,80 0,85 0,75 0,80 0,70 0,75 0,65


Exp. 1
Não 1,00 0,90 0,95 0,85 0,90 0,80 0,85 0,75

Sim 0,95 0,85 0,90 0,80 0,85 0,75 0,80 0,70


Exp. 2
Não 1,05 0,95 1,00 0,90 0,95 0,85 0,90 0,80
0,60
Sim 1,00 0,90 0,95 0,85 0,90 0,80 0,85 0,75
Exp. 3
Não 1,10 1,00 1,05 0,95 1,00 0,90 0,95 0,85

Sim 1,05 0,95 1,00 0,90 0,95 0,85 0,90 0,80


Exp. 4
Não 1,15 1,05 1,10 1,00 1,05 0,95 1,00 0,90

No projeto de térmica pretender-se-á assegurar que as exigências de conforto


térmico, sejam elas de aquecimento ou de arrefecimento, e de ventilação para garantia
de qualidade do ar no interior do edifício, bem como as necessidades de água quente
sanitária, possam vir a ser satisfeitas sem dispêndio excessivo de energia. Também se
pretende minimizar as situações patológicas nos elementos de construção provocadas
pela ocorrência de condensações superficiais ou internas, com potencial impacto
negativo na durabilidade dos elementos de construção e na qualidade do ar interior.

PORTO:

Zona climática de inverno: I₂

Número de graus-dias (GD)


(°C.dias): 1610

Duração da estação de
aquecimento (meses): 6,7

Zona climática de verão: V₁

Temperatura externa do
projeto (°C): 30

Amplitude térmica (°C): 9

Figura 45 – Zonas climáticas de inverno e de verão

Fonte: RCCTE
65
PARÂMETROS A QUANTIFICAR

É necessário que as necessidades nominais anuais de energia da edificação


(Nic, Nvc, Nac e Ntc) não excedam os valores máximos admissíveis (Ni, Nv, Na e Nt):

Ni (necessidades nominais anuais de energia útil para aquecimento):

Ni = 4,5 + (0,021 + 0,037 x FF) x GD [kWh/(m².ano)]

GD - Graus-dias de aquecimento [°C.dias]


FF - Factor de forma [ m ̄¹]
(o factor de forma é o quociente entre o somatório das áreas da envolvente
exterior (Aext) e da envolvente interior (Aint), multiplicada pelo respetivo valor de
ꚍ da fração autónoma com exigências térmicas, e o volume interior (V):

Nv (necessidades nominais anuais de energia útil para arrefecimento):

Para a cidade do Porto o valor de Nv é de 16 kWh/m².ano.

Na (limitação das necessidades de energia para preparação das AQS):

[kWh/(m².ano)]

MAQS - Consumo médio diário de referência [l]


nd - Número anual de dias de consumo de AQS [dias], 365 dias para edifícios de habitação
Ap - Área útil de pavimento [m²]

Nt (limitação das necessidades nominais globais de energia primária):

As necessidades nominais anuais globais de energia primária (Ntc) de uma


fracção autônoma em estudo não podem exceder um valor máximo admissível (Nt),
calculado com base nos valores de Ni, Nv e Na:

Nt = 0,9(0,01 Ni + 0,01 Nv + 0,15 Na) [(kgep/m² .ano]

A avaliação do desempenho térmico será dada por:

100 – 75% 75 – 50% 50 – 25% < 25%

Inverno (Nic/Ni) Suficiente Bom Muito bom Excelente

Verão (Nvc/Nv) Suficiente Bom Muito bom Excelente

AQS (Nac/Na) Suficiente Bom Muito bom Excelente

66
Serão calculados, ainda, os coeficientes de transmissão térmica, superficiais e
lineares, dos elementos da envolvente (U, ψ e ꚍ para locais não aquecidos), o factor
solar dos vão envidraçados (relação entre a energia solar transmitida para o interior,
através do vão envidraçado, e a radiação solar incidente na direcção normalao
envidraçado), e a inércia térmica do edifício ou da fracção autónoma (função da
capacidade de armazenamento de calor que os locais apresentam e depende da massa
superficial útil de cada um dos elementos da construção).

Coeficientes de transmissão térmica W/(m²°C)


Elementos da envolvente em
Máximo (Umax) Referência (Uref)
zona corrente
I₁ I₂ I₃ I₁ I₂ I₃ RA*

Elementos exteriores:

Zonas opacas verticais 1,80 1,60 1,45 0,70 0,60 0,50 1,40

Zonas opacas horizontais 1,25 1,00 0,90 0,50 0,45 0,40 0,80

Elementos interiores em contacto com zonas anexas não úteis e outros edifícios

Zonas opacas verticais 2,00 2,00 1,90 1,40 1,20 1,00 2,00

Zonas opacas horizontais 1,65 1,30 1,20 1,00 0,90 0,80 1,25

Envidraçados 4,30 3,30 3,30 4,30

Por fim, calculou-se a energia necessária para compensar as perdas térmicas


em função da ventilação:

Qv = 0,024 x (0,34 x Rph x Ap x Pd) x GD [(kWh/ano]

Ap – Área útil de pavimento [m²]


Pd – Pé-direito médio
Rph – Número de renovações horárias do ar interior (taxa de renovação nominal) [h ̄¹]
GD – Graus-Dias [°C.dias]

PROJETO – PAREDES E ABERTURAS

As paredes exteriores terão espessura variável, conforme desenhos a seguir, e


diferentes características, desde a pedra original a presença de camadas diversas, em
elementos de gesso ou poliestireno expandido, em pontos diferentes, com
comportamentos térmicos com U que varia entre 0,37 e 2,70 W/(m².°C)
67
Figura 46 – Projetos de térmica – rés-do-chão

68
Figura 47 – Projeto de térmica – piso 1

69
Figura 48 – Projeto de térmica - sotão

70
Figura 49 – Corte com visão genérica dos 3 níveis de paredes

71
Figura 50 – Projeto de térmica - cobertura

Por fim, conforme ilustrado em pormenor acima, a cobertura terá, sob as telhas,
isolamento térmico em poliestireno extrudido com 10cm de espessura (massa volúmica
de 40kg/m³ e condutibilidade térmica de 0,037) e placa de gesso cartonado com 2 cm
de espessura (massa volúmica aparente de 1000 kg/m³ e coeficiente de condutibilidade
térmica de 0,25W/m.ºC).

Para as portas de entrada, utilizar-se-ão portas de alumínio, com rotura térmica


e vedadas com borrachas e silicone. A decisão em detrimento de madeira baseia-se no
comportamento térmico, pois elas possuem coeficiente de transmissão térmica U = 1,60
W/(m²·°C), quando a opção em madeira (usada no interior da edificação) possui U =
2,20 W/(m²·°C). Porto situa-se na zona climática I₂, para a qual o decreto-lei 194/2015
determina o valor limite admissível para o coeficiente de transmissão térmica de U =
2,40 W/(m²·°C) para elementos exteriores.

No que diz respeito às demais aberturas exteriores, tem-se para as janelas o


cálculo da transmissão térmica

72
As janelas terão caixilharia em alumínio com rotura térmica, com vidro duplo
(portanto com uma câmara de ar), com uma película termorefletora e mecanismo oscilo batente.
Terão coeficiente de transmissão térmica (U) igual a 1.78W/(m².ºC).

Figura 51 – Vidro duplo e rotura térmica

VENTILAÇÃO

A edificação terá ventilação natural; para tanto, é utilizada a taxa de renovação


de ar Rph, que corresponde à soma dos caudais de ar admitidos no edifício a dividir
pelo volume interior útil do edifício dentro da fração

73
O Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) desenvolveu, para aferir a
eficiência energética, uma ferramenta de cálculo da ventilação para edifícios de
habitação e para pequenos edifícios de comércio e serviços.

Figura 52 – Corte da rede de ventilação

Introduziram-se grelhas para admissão de ar auto-reguláveis na parte superior


dos vãos exteriores, com uma ventilação de 40m³/m/h (à pressão de 2pa).

Rés-do-chão

74
Piso 1

Sótão

Cobertura

75
VERIFICAÇÃO DE REQUISITOS MÍNIMOS DE ACÚSTICA

Os requisitos impostos pela legislação nacional estão definidos no Regulamento


Geral do Ruído (RGR). As exigências regulamentares são expressas pelos seguintes
parâmetros:

▪ índice de isolamento sonoro a ruídos de condução aérea, padronizado (entre


o exterior e o interior do edifício) – D2m,nT,w

▪ índice de isolamento sonoro a ruídos de condução aérea, padronizado (entre


espaços no interior do edifício) – DnT,w

▪ índice de isolamento sonoro a ruídos de percussão (entre espaços no interior


do edifício, padronizado) – L’nT,w

▪ tempo de reverberação – T

▪ área de absorção sonora equivalente – A

▪ nível de avaliação padronizado – LAr,nT

▪ nível sonoro contínuo equivalente, ponderado A – LAeq

▪ indicador de ruído diurno-entardecer-nocturno (do ambiente sonoro exterior


no local de implantação do edifício) – Lden

▪ indicador de ruído nocturno (do ambiente sonoro exterior no local de


implantação do edifício) - Ln

CLASSIFICAÇÃO DO LOCAL

Valores máximos dos indicadores de ruído


Classificação do local
Lden [dB(A)] Ln [dB(A)]

Zonas sensíveis 55 45

Zonas sensíveis em cuja proximidade


exista em exploração uma grande infra- 65 55
estrutura de transporte¹

Zonas sensíveis em cuja proximidade


esteja projectada uma grande infra- 65 55
estrutura de transporte aéreo

Zonas mistas 65 55

Zonas não classificadas 63 53


76
Para o presente trabalho, considera-se que a edificação insere-se em “zonas mistas”.

ISOLAMENTO SONORO EM RELAÇÃO AO EXTERIOR

A grosso modo, e de forma sintética, tem-se a seguinte sequência de parâmetros


principais a considerar:

Na tabela seguinte são mostrados os valores limites de exposição:

Local Exigência regulamentar D2m,nT,w (dB) ≥

Zonas sensíveis 28
Edifícios habitacionais e mistos
Zonas mistas (ou sensíveis com grande
Edifícios escolares (e similares) 33
infraestrutura de transporte)

Na tabela indica os índices de isolamentos sonoros a ruídos de condução aérea


da envolvente exterior (D2m,nT,w):

[dB]

R’w Índice de redução sonora aparente [dB] = Rw +Kn

Rw Índice de redução sonora (em laboratório) [dB]

S Superfície do elemento separador [m²]

Tempo de reverberação de referência (= 0,5s em compartimentos de habitação ou com dimensões


To
comparáveis)

V Volume do compartimento receptor (m³)

= -3dB (valor simplificado, em geral)


Kn Para incluir o efeito das transmissões indirectas e o factor de forma da fachada (∆Lfs) de acordo com o
procedimento proposto na norma EN 12354-3 – Building acoustics. Estimation of acoustic performance of
buildings from the performance of elements. Part 3: Airborne insulation against outdoor sound

77
Por fim, para fachadas heterogêneas, calcula-se um Rw médio:

[dB]

em que:

Si Área de cada elemento i [m²]

ꚍi Factor de transmissão sonora de cada elemento i

Ri Redução sonora (para cada banda de frequência) [dB]

PROJETO DE ACÚSTICA

No que respeita a acústica, o desempenho acústico das paredes é estimado


através do isolamento sonoro a sons de condução aérea que estes apresentam;
assumem assim um papel preponderante para garantir o conforto no interior das
habitações. Trataram-se de forma diferenciada os diferentes níveis da edificação:

Figura 53 – Folha de cálculo do Rw da parede exterior – rés-do-chão (alçado)

Fonte: Vasconcelos, 2017

78
Figura 54 – Isolamento acústico – alvenaria (alçado)

Figura 55 – Isolamento acústico – caixilharia de vidro e alumínio (planta)

Sabendo que as caixilharias são um elemento de construção leve e aplicadas


numa descontinuidade na fachada, estas revelam-se um ponto fraco do isolamento
79
sonoro da envolvente do edifício, com elevada sensibilidade à transmissão de ruídos
aéreos exteriores. Relativamente à seleção da caixilharia adequada, esta deve ser feita
pelo projetista, em função dos cálculos feitos em gabinete, dos resultados obtidos nos
ensaios de desempenho acústico feitos às caixilharias e a intensidade de ruído que
ocorre no local onde se situa o edifício. A intensidade de ruído, deve ser sustentada com
medições realizadas in situ e tendo em conta a evolução esperada do tráfego naquela
zona.

Apresenta-se a tabela com as caraterísticas acústicas das janelas (Rw, Ra e


Ra,tr: Anexo B da NP EN 14351-1).

Fonte: Vasconcelos, 2017

Por fim, na escolha das portas e janelas levou-se em consideração a


comparação de materiais que segue:

Material Vantagens Desvantagens

Estabilidade dimensional Elevada condução térmica e


elétrica

Elevada resistência mecânica Perdas energéticas significativas


Alumínio
Elevada resistência à corrosão Maior probabilidade de
ocorrência de condensações
Elevada durabilidade
superficiais

Estética Preço elevado

Baixa transmissão térmica Instabilidade dimensional


Madeira
Maiores cuidados de
manipulação e de manutenção

Fonte: Vasconcelos, 2017


80
ESTIMATIVA ORÇAMENTAL

Realizou-se uma estimativa orçamental com análise ao tipo de trabalhos e


materiais necessários a executar a empreitada. Assim realizou-se um mapa de
quantidades totais que é o seguinte.

ART DESIGNAÇÃO DOS TRABALHOS UN QUANT. PREÇO

1 ESTALEIRO E PREPARAÇÃO DE OBRA vg 1,00 5 000,00 €

2 DEMOLIÇÕES vg 1,00 8 050,00 €

3 MOVIMENAÇÃO DE TERRAS vg 1,00 2 600,00 €

4 ESTRUTURA vg 1,00 45 000,00 €

5 IMPERMEABILIZAÇÕES E ISOLAMENTOS vg 1,00 8 500,00 €

6 PAREDES vg 1,00 6 800,00 €

7 PAVIMENTOS vg 1,00 5 000,00 €

8 TETOS vg 1,00 2 900,00 €

9 PINTURAS vg 1,00 2 900,00 €

10 COBERTURAS vg 1,00 10 000,00 €

11 CARPINTARIAS vg 1,00 14 200,00 €

12 TAMPOS BANCADAS, LAVATÓRIOS E FRISOS vg 1,00 2 000,00 €

13 VIDRACEIRO vg 1,00 1 500,00 €

14 FERRAGENS E ACESSÓRIOS vg 1,00 600,00 €

15 SERRALHARIAS vg 1,00 24 000,00 €

16 EQUIPAMENTOS SANITÁRIOS vg 1,00 1 000,00 €

17 INSTALAÇÕES DE EQUIPAMENTOS GERAIS vg 1,00 1 400,00 €

18 ARRANJOS EXTERIORES vg 1,00 1 500,00 €

19 DIVERSOS vg 1,00 1 500,00 €

20 REDE DE ÁGUAS vg 1,00 1 900,00 €

81
21 REDE DE DRENAGEM DE ÁGUAS PLUVIAIS vg 1,00 3 500,00 €

22 REDE DE DRENAGEM DE ÁGUAS RESIDUAIS DOMÉSTICAS vg 1,00 3 000,00 €

23 INFRA-ESTRUTURAS ELECTRICIDADE vg 1,00 9 000,00 €

24 INFRA-ESTRUTURAS DE TELECOMUNICAÇÕES vg 1,00 1 000,00 €

25 INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS MECÂNICOS-AVAC vg 1,00 6 500,00 €

26 REDES DE GÁS vg 1,00 2 000,00 €

TOTAL 171 350,00 €

PLANEAMENTO DE OBRA

O Plano de trabalhos foi elaborado com recurso ao programa “EXCEL” dando-


se especial atenção ao encadeamento, interligação das atividades e otimização de
tempos e de recursos.

Atendendo aos métodos utilizados definiram-se as tarefas base tendo em conta


os principais de trabalhos a executar, a sua distribuição física na obra, a definição de
equipas e meios de equipamento auxiliar previstos.

Para cada tarefa determinou-se a respetiva duração, atendendo às quantidades


de trabalho a executar, a rendimentos médios usuais, às cargas de pessoal e
equipamento associados, que passaram a constituir as equipas de frente de obra.
Procedeu-se de forma sistemática a um arredondamento por excesso dos valores de
duração assim calculados, de forma a garantir as desejáveis folgas no desenvolvimento
de cada uma das atividades. Na página a seguir apresentamos o plano de trabalhos do
edifício.

82
PLANO DE TRABALHOS

PRAZO DE EXECUÇÃO PREVISTO: 12 MESES


CAP. DESCRIÇÃO DO ARTIGO
jan/22 fev/22 mar/22 abr/22 mai/22 jun/22 jul/22 ago/22 set/22 out/22 nov/22 dez/22
1 ESTALEIRO E PREPARAÇÃO DE OBRA

2 DEMOLIÇÕES

3 MOVIMENAÇÃO DE TERRAS

4 ESTRUTURA

5 IMPERMEABILIZAÇÕES E ISOLAMENTOS

6 PAREDES

7 PAVIMENTOS

8 TETOS

9 PINTURAS

10 COBERTURAS

11 CARPINTARIAS

12 TAMPOS BANCADAS, LAVATÓRIOS E FRISOS

13 VIDRACEIRO

14 FERRAGENS E ACESSÓRIOS

15 SERRALHARIAS

16 EQUIPAMENTOS SANITÁRIOS

17 INSTALAÇÕES DE EQUIPAMENTOS GERAIS

18 ARRANJOS EXTERIORES

19 DIVERSOS

20 REDE DE ÁGUAS

21 REDE DE DRENAGEM DE ÁGUAS PLUVIAIS

22 REDE DE DRENAGEM DE ÁGUAS RESIDUAIS DOMÉSTICAS

23 INFRA-ESTRUTURAS ELECTRICIDADE

24 INFRA-ESTRUTURAS DE TELECOMUNICAÇÕES

25 INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS MECÂNICOS-AVAC

26 REDES DE GÁS

TOTAL MENSAL (€)

83
CONCLUSÃO

Neste trabalho abordámos o assunto da reabilitação de uma moradia, na qual foi


elaborado um projeto de reabilitação que incluía uma inspeção, um diagnóstico e a
realização de uma proposta de reabilitação do mesmo. Concluímos que o edifício
apresentava grande ausência de manutenção e carência com o passar dos anos.

Percebemos que, na reabilitação de edifício, intervém-se de modo a melhorar o


seu desempenho, adaptando a envolvente, o espaço interior e as infraestruturas que o
servem. Desta forma ficou claro que não é admissível que edifícios apresentem
comportamentos anômalos, em especial após uma operação de reabilitação.

Cumprimos todos os objetivos que tínhamos propostos, uma vez que,


conseguimos propor um projeto de reabilitação ao edifício, com uma estimativa
orçamental no valor de 171 350,00 euros, que não ultrapassa o valor do imóvel e o
devido planeamento de trabalhos a executar em obra, que deverão durar 12 meses.

Este trabalho foi muito importante para a construção do nosso conhecimento,


pois permitiu-nos ficar a conhecer melhor os edifícios antigos, as técnicas utilizadas na
construção e a resolução de anomalias existentes.

84
BIBLIOGRAFIA

Appleton, João – Reabilitação de Edifícios Antigos – Patologias e Tecnologias de


Intervenção, 2ª Edição, Edições Orion, 2011;

Costa, F. Pereira da – Enciclopédia Prática da Construção Civil, Edição do Autor, 1955

Decreto-Lei nº 28/2016 de 23 de Junho;

Decreto-Lei nº9/2007;

Decreto lei n.º 262/89 de 17 de agosto;

Decreto-Lei nº 118/2013 de 20 de Agosto;

Decreto-Lei n.º 156/2006, de 8 de agosto;

Portaria 1192-B/2006, de 3 de novembro;

Regulamento Geral dos Sistemas Públicos e Prediais de Distribuição de Água e de


Drenagem de Águas Residuais e Residuais Pluviais;

Regulamento de Desempenho Energético dos Edifícios de Habitação (REH);

Decreto Regulamentar n.º 23, de 23 de Agosto de 1995;

Manual dos Sistemas Prediais de Distribuição e Drenagem de Águas;

Regulamento Geral sobre o Ruído – Decreto-lei n.º. 96/2008 de 9 de Junho.

DESEMPENHO ACÚSTICO DE SOLUÇÕES CONSTRUTIVAS - JOÃO DAVID


RIBEIRO DE VASCONCELOS - 2017 (ISEP, mestrado em Engenharia Civil)

SISTEMAS PREDIAIS DE DRENAGEM DE ÁGUAS RESIDUAIS DOMÉSTICAS -


Estudo comparativo entre o Regulamento Geral e a Norma Europeia 12056-2 - MARIA
INÊS CARVALHO SOUSA FERREIRA - 2013 (UPORTO, FEUP, mestrado em
Engenharia Civil)

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