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AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO ACÚSTICO DE UM EDIFÍCIO

RODRIGO TAMURA (1210402)

THEO REIS (1210411)

FRANCISCO FELIX (1190080)

Conforto Térmico e Acústico das Edificações (CTADE)

Mestrado em Engenharia Civil - Construção

Docente: José Carlos Rodrigues Campeão (JCC)

JANEIRO DE 2022
ISEP – Mestrado em Engenharia Civil iii
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – propagação do som ..................................................................................................................... 3

Figura 2 - comprimento de onda .................................................................................................................. 4

Figura 3 - espectro sonoro, no domínio da frequência ................................................................................ 5

Figura 4 – reflexão de uma onda sonora...................................................................................................... 5

Figura 5 - refração de uma onda sonora ...................................................................................................... 6

Figura 6 - relação entre pressão e potência sonoras ................................................................................... 7

Figura 7 - curvas de ponderação .................................................................................................................. 7

Figura 8 - elementos prejudiciais à propagação sonora ............................................................................ 10

Figura 9 - placas refletoras ......................................................................................................................... 10

Figura 10 - reflexão e reverberação do som .............................................................................................. 11

Figura 11 - variação típica do coeficiente de absorção sonora de materiais absorventes de som porosos e
fibrosos segundo a frequência ............................................................................................................ 13

Figura 12 - espuma acústica lisa (BASO PLAN) ........................................................................................... 14

Figura 13 - painel de lã de rocha (Sotecnisol) ............................................................................................ 15

Figura 14 - painel de lã de vidro (exemplo: revestido de alumínio)........................................................... 16

Figura 15 - celulose sendo projetada (ISOCELL) ......................................................................................... 16

Figura 16 - placas de aglomerado de cortiça.............................................................................................. 17

Figura 17 – espuma de poliuretano projetada (Blinker Group) ................................................................. 18

Figura 18 - aglomerado de espuma de poliuretano ................................................................................... 18

Figura 19 - diferentes tipos de painéis acústicos ....................................................................................... 19

Figura 20 - transmissão de sons aéreos e de sons de percussão ............................................................... 19

Figura 21 - curva de referência da norma NP EN ISO 717-1....................................................................... 20

ISEP – Mestrado em Engenharia Civil v


ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 22 - isolamento sonoro a sons de condução aérea ......................................................................... 23

Figura 23 - transmissões sonoras possíveis entre salas adjacentes ........................................................... 23

Figura 24 - valores de R de acordo com a frequência em elementos simples ........................................... 24

Figura 25 - isolamento sonoro a sons aéreos em elementos duplos ......................................................... 26

Figura 26 - ábaco para estimar o índice de redução sonora de elementos de compartimentação .......... 27

Figura 27 - ábaco para determinar o acréscimo de isolamento sonoro por acrescento de um novo pano
divisório ............................................................................................................................................... 28

Figura 28 - curva para determinação dos valores de R, com base no modelo de Sharp ........................... 29

Figura 29 - influência da transmissão marginal em elementos homogéneos ............................................ 32

Figura 30 - montagem dos equipamentos de ensaio ................................................................................. 34

Figura 31 - propagação de sons de percussão............................................................................................ 35

Figura 32 – membranas flexíveis ................................................................................................................ 42

Figura 33 - apoios antivibráticos metálicos ................................................................................................ 42

Figura 34 - alçado (rua da Alegria).............................................................................................................. 49

Figura 35 - implantação do edifício e envolvente ...................................................................................... 49

Figura 36 - corte esquemático do edifício .................................................................................................. 50

Figura 37 - alçado (rua prof. Correia de Araújo) ......................................................................................... 50

Figura 38 - planta baixa do piso recuado ................................................................................................... 51

Figura 39 - planta dos pavimentos-tipo...................................................................................................... 52

Figura 40 - planta do primeiro andar.......................................................................................................... 53

Figura 41 - planta do rés-do-chão .............................................................................................................. 54

Figura 42 - planta da cave........................................................................................................................... 55

Figura 43 - planta da sub-cave.................................................................................................................... 56

Figura 44 - mapa de ruído de 2014 (indicador: Lden) ................................................................................ 57

Figura 45 - mapa de ruído de 2014 (indicador: Ln) .................................................................................... 58

Figura 46 - carta de classificação de zonas de 2020 ................................................................................... 58

Figura 47 – análise acústica preliminar (estabelecimento comercial 1) .................................................... 59

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ÍNDICE DE TEXTO

Figura 48 - isolamento acústico preliminar (estabelecimento comercial 1) .............................................. 60

Figura 49 - isolamento acústico preliminar (estabelecimento comercial 2) .............................................. 61

Figura 50 - análise acústica preliminar (estabelecimento comercial 2) ..................................................... 61

Figura 51 - análise acústica preliminar (estabelecimento comercial 3) ..................................................... 62

Figura 52 - isolamento acústico preliminar (estabelecimento comercial 3) .............................................. 63

Figura 53 - isolamento acústico preliminar (áreas comuns - RDC) ............................................................ 64

Figura 54 - análise acústica preliminar (áreas comuns - RDC) ................................................................... 64

Figura 55 - análise acústica preliminar (quarto 3 - 1º andar) ..................................................................... 65

Figura 56 - isolamento acústico preliminar (quarto 3 - 1º andar) .............................................................. 66

Figura 57 - isolamento acústico preliminar (cozinha - 1º andar) ............................................................... 67

Figura 58 - análise acústica preliminar (cozinha - 1º andar) ...................................................................... 67

Figura 59 - análise acústica preliminar (zona comum - tipo) ..................................................................... 68

Figura 60 - isolamento acústico preliminar (zona comum - tipo) .............................................................. 69

Figura 61 - isolamento acústico preliminar (sala - tipo) ............................................................................. 70

Figura 62 - análise acústica preliminar (sala - tipo) .................................................................................... 70

Figura 63 - análise acústica preliminar (instalações sanitárias - tipo) ........................................................ 71

Figura 64 - isolamento acústico preliminar (instalações sanitárias - tipo) ................................................. 72

Figura 65 - características da parede 1....................................................................................................... 73

Figura 66 - características da parede 2....................................................................................................... 74

Figura 67 - características da parede 3....................................................................................................... 75

Figura 68 - características do piso 1 ........................................................................................................... 76

Figura 69 - características do piso 2 ........................................................................................................... 77

Figura 70 - características do piso 3 ........................................................................................................... 78

Figura 71 - características do forro 1.......................................................................................................... 79


ÍNDICE DE FIGURAS

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ISEP – Mestrado em Engenharia Civil ix
ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 - coeficiente de absorção sonora da espuma acústica BASO PLAN ............................................. 14

Tabela 2 - coeficientes de absorção sonora do painel de lã de rocha (50mm) .......................................... 15

Tabela 3 - coeficientes de absorção sonora do painel de lã de vidro ........................................................ 16

Tabela 4 - coeficiente de absorção sonora para celulose projetada (CELBAR) .......................................... 17

Tabela 5 - coeficientes de absorção sonora da placa de aglomerado de cortiça....................................... 17

Tabela 6 - coeficientes de absorção sonora de aglomerado de espuma de poliuretano .......................... 18

Tabela 7 - compilado de propriedades acústicas de materiais .................................................................. 30

Tabela 8 - valor de K, consoante a caixa de ar e o material absorvente .................................................... 31

Tabela 9 - redução sonora de revestimentos de piso resilientes ............................................................... 37

Tabela 10 – redução sonora de revestimentos de pisos flutuantes........................................................... 38

Tabela 11 – valores do método do invariante ............................................................................................ 38

Tabela 12 - valores limites de exposição .................................................................................................... 45

Tabela 13 - exigências regulamentares - D2m,nT,w ........................................................................................ 47

Tabela 14 - exigências regulamentares - DnT,w............................................................................................ 47

Tabela 15 - exigências regulamentares - LA,nT .......................................................................................... 48

Tabela 16 - quadro de áreas do piso recuado ............................................................................................ 51

Tabela 17 - quadro de áreas dos pavimentos-tipo ..................................................................................... 52

Tabela 18 - quadro de áreas do primeiro andar ......................................................................................... 53

Tabela 19 - quadro de áreas do rés-do-chão.............................................................................................. 54

Tabela 20 - quadro de áreas da cave .......................................................................................................... 55

Tabela 21 - quadro de áreas da sub-cave ................................................................................................... 56

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ÍNDICE DE TEXTO

Índice de figuras ............................................................................................................................................ v

Índice de tabelas ........................................................................................................................................... x

Índice de Texto ............................................................................................................................................. xi

1 Introdução ............................................................................................................................................. 1

1.1 Considerações Iniciais .................................................................................................................... 1

2 Acústica de edifícios .............................................................................................................................. 3

2.1 Noções gerais ................................................................................................................................. 3

2.2 Características do som ................................................................................................................... 4

2.2.1 Fenômenos ondulatórios........................................................................................................ 5

2.2.2 Nível sonoro ............................................................................................................................ 6

2.2.3 Qualidade acústica ................................................................................................................. 8

2.2.4 Tempo de reverberação ....................................................................................................... 11

2.3 Isolamento sonoro ....................................................................................................................... 12

2.3.1 Classificação de materiais ..................................................................................................... 13

2.3.2 Exemplos de materiais.......................................................................................................... 14

2.4 Tipos de Sons e Parâmetros de Isolamento................................................................................. 19

2.4.1 Parâmetros ........................................................................................................................... 20

2.5 Isolamento sonoro a sons aéreos ................................................................................................ 22

2.6 Métodos e modelos matemáticos ............................................................................................... 24

2.6.1 Métodos de estimativa - Rw ................................................................................................. 24

2.6.2 Métodos de estimativa - DnT,w e D2m,T,w ................................................................................. 31

2.7 Ensaios acústicos (sons aéreos) ................................................................................................... 33

ISEP – Mestrado em Engenharia Civil xi


ÍNDICE DE TEXTO

2.8 Isolamento sonoro a sons de percussão ...................................................................................... 35

2.9 Métodos e modelos matemáticos ............................................................................................... 36

2.9.1 Método simplificado ............................................................................................................. 36

2.9.2 Método do invariante ........................................................................................................... 36

2.10 Ensaios acústicos (sons de percussão) ..................................................................................... 39

2.11 Ruído ambiental ....................................................................................................................... 39

2.11.1 Parâmetros ........................................................................................................................... 39

2.12 Ruído de equipamentos e instalações...................................................................................... 40

2.12.1 Ruído de equipamentos........................................................................................................ 41

2.12.2 Ruído de instalações ............................................................................................................. 42

3 Legislação aplicável ............................................................................................................................. 43

3.1 Regulamento geral do ruído - RGR .............................................................................................. 43

3.2 Regulamento dos requisitos acústicos dos edifícios - RRAE ........................................................ 45

4 Estudo de caso – edifício na rua da Alegria......................................................................................... 49

4.1 Descrição do edifício .................................................................................................................... 49

4.1.1 Piso recuado ......................................................................................................................... 51

4.1.2 Piso 2º, 3º e 4º andar (tipo) .................................................................................................. 52

4.1.3 Piso do 1º andar.................................................................................................................... 53

4.1.4 Piso do rés-do-chão .............................................................................................................. 54

4.1.5 Piso da cave.......................................................................................................................... 55

4.1.6 Piso da sub-cave................................................................................................................... 56

4.2 Caracterização acústica do local .................................................................................................. 57

4.3 Análises preliminares ................................................................................................................... 59

4.3.1 Estabelecimento comercial 1 (rés-do chão) ......................................................................... 59

4.3.2 Estabelecimento comercial 2 (rés-do chão) ......................................................................... 60

4.3.3 Estabelecimento comercial 3 (rés-do chão) ......................................................................... 62

4.3.4 Áreas comuns (rés-do chão) ................................................................................................. 63

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ÍNDICE DE FIGURAS

4.3.5 Quarto 3 (1º andar) .............................................................................................................. 65

4.3.6 Cozinha (1º andar) ................................................................................................................ 66

4.3.7 Zona comum (tipo) ............................................................................................................... 68

4.3.8 Sala (tipo) .............................................................................................................................. 69

4.3.9 Instalações sanitárias (tipo) .................................................................................................. 71

4.4 Exemplos de soluções a serem adotadas .................................................................................... 73

4.4.1 Paredes ................................................................................................................................. 73

4.4.2 Pisos ...................................................................................................................................... 76

4.4.3 Forros .................................................................................................................................... 79

5 Considerações Finais ........................................................................................................................... 80

6 Referências bibliográficas ................................................................................................................... 81

ISEP – Mestrado em Engenharia Civil xiii


1 INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A Acústica é a ciência que estuda o som, a sua propagação tanto em meio fluido como sólido, e as suas
interrelações com o ser humano numa perspectiva de efeitos causados, tenham eles carácter de
agradabilidade (música, voz) ou não (ruído).

O presente trabalho insere-se na disciplina de Conforto Térmico e Acústico das Edificações e tem como
principal objetivo a elaboração de soluções construtivas e o estudo do desempenho das mesmas, tendo
em conta que o comportamento acústico é dependente de fatores que vão desde os materiais
construtivos ao próprio processo construtivo em si.

Às informações acerca da acústica de edifícios seguem-se portanto as informações sobre o edifício em


estudo, com testes teóricos (simulações) que antecedem o projeto em si – que, por sua vez, não
necessariamente obedece às soluções ensaiadas nestes testes preliminares.

Trata-se, assim, de exercício acadêmico cujo maior objetivo é familiarizar-mo-nos com as questões e
ferramentas específicas pertinentes, de forma a perceber as opções projetuais e sedimentar os
conhecimentos adquiridos na unidade curricular.

ISEP – Mestrado em Engenharia Civil


2 ACÚSTICA DE EDIFÍCIOS

2.1 NOÇÕES GERAIS

A acústica é a ciência que estuda o som, a sua propagação tanto em meio fluido como sólido, e as suas
inter-relações com o ser humano numa perspetiva de efeitos causados, tenham eles carácter de
agradabilidade (música, voz) ou não (ruído).

O ruído pode ser considerado um som desagradável ou sem significado para o ouvinte. No entanto, o
que para uns é ruído, para outros pode ser um som apreciado ou com significado.

O som é o resultado de uma perturbação física ou de uma vibração provocada por uma variação de
pressão em relação à pressão atmosférica. O som propaga-se num meio de propagação compressível
através da vibração das partículas do meio em torno de uma posição de equilíbrio. O choque das
moléculas umas contra as outras origina variações de velocidade dessas moléculas e consequentemente
alterações da pressão. O movimento das moléculas vai provocar uma série de compressões e rarefações
do meio material em que se encontram. Em zonas de compressão a pressão do ar é superior à pressão
atmosférica, e nas zonas de rarefação a pressão do ar é inferior à pressão atmosférica.

Figura 1 – propagação do som

ISEP – Mestrado em Engenharia Civil


CAPÍTULO 2

A pressão sonora é dada por:

p(t) = P(t) – P0

Onde:

p(t) – pressão sonora (Pa)

P(t) – pressão total resultante num determinado ponto (Pa)

P0 – pressão atmosférica (2x10-5 Pa)

2.2 CARACTERÍSTICAS DO SOM

O comprimento de onda () é definido como a distância entre repetições de uma forma da onda, como
mostra a figura abaixo.

Figura 2 - comprimento de onda

A velocidade da onda em determinado meio depende das propriedades deste, sendo diretamente
proporcional à rigidez do material. A figura a seguir expõe que o ouvido humano capta frequências entre
20 Hz e 20000 Hz, sendo considerados infrassons as frequências menores que este intervalo, ultrassons
as frequências até 10 GHz e híper-sons as frequências maiores que 10 GHz. As frequências determinam o
tom do som, ou seja, se ele é grave ou agudo. Frequências mais baixas resultam em sons mais graves,
assim como sons mais agudos são consequência de frequências mais altas.

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ACÚSTICA DE EDIFÍCIOS

Figura 3 - espectro sonoro, no domínio da frequência

Dada a enorme quantidade de frequências existentes, para tornar mais exequíveis as medições e análises
de níveis sonoros, é normal efetuar o tratamento da informação por bandas de frequências de largura
normalizada. Na acústica de edifícios são usadas unicamente as bandas de uma oitava entre os 125 Hz e
os 2kHz, e de um terço de oitava entre os 100 e os 3150 Hz.

2.2.1 Fenômenos ondulatórios

Os efeitos que a onda sonora pode sofrer podem ser compreendidos em reflexão, refração, absorção,
difração, superposição de ondas, interferências de ondas e ressonância, abordados na sequência.

A reflexão de uma onda ocorre quando esta atinge um obstáculo e retorna com as mesmas características
iniciais, como mostra a Figura 2.5. Este fenômeno pode ser dividido de duas formas: quando o retorno
da onda se dá após o som primário ter desaparecido (eco) e antes do som primário ter desaparecido
(reverberação).

Figura 4 – reflexão de uma onda sonora

ISEP – Mestrado em Engenharia Civil 5


CAPÍTULO 2

A refração se dá quando a onda muda o meio físico pelo qual está se propagando, isso resulta na alteração
de algumas características, como sua velocidade e seu comprimento de onda, sendo que sua frequência
não muda.

Figura 5 - refração de uma onda sonora

A absorção, ocorre quando uma onda propaga-se por um meio material e uma parcela de sua energia é
absorvida por esse meio, fazendo com que sua amplitude diminua. As ondas sonoras também podem se
superpor – quando duas ondas ou mais estão se propagando no mesmo meio ao mesmo tempo. Essa
superposição gera uma interferência em tais ondas que pode ser construtiva, destrutiva ou destrutiva-
completa.

Por fim, há o fenômeno da ressonância que acontece quando uma onda atinge um corpo e a frequência
de vibração tanto da onda quanto do corpo são iguais. Isso faz com que o corpo vibre em amplitudes cada
vez maiores, podendo resultar na rutura de suas estruturas moleculares.

2.2.2 Nível sonoro

A perceção do volume de uma onda sonora está diretamente ligada à intensidade da mesma que decorre
da pressão gerada no meio. Na faixa de pressão que o ser humano consegue distinguir, tem-se o limite
da audibilidade e o limite da dor. Como essa fração é muito grande – para uma frequência de 1000 Hz, a
variação vai de 10-12 watt/m² a 1 watt/m² – optou-se por utilizar-se de uma razão logarítmica, o decibel
(dB).

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ACÚSTICA DE EDIFÍCIOS

Figura 6 - relação entre pressão e potência sonoras

O nível logarítmico é uma medida conveniente, entretanto, não representa o som como ele é ouvido, já
que isso depende de sua frequência. Por exemplo, 1 kHz e 0 dB é audível enquanto para se ouvir um som
a 100 Hz é necessário chegar a 37 dB. Dessa forma, criou-se um sistema de filtragem para se adequar à
realidade do ouvido humano, homogeneizando as frequências baixas e muito altas. Foram criadas três

Figura 7 - curvas de ponderação

ISEP – Mestrado em Engenharia Civil 7


CAPÍTULO 2

redes de ponderação de frequência que equivalem a, aproximadamente, 40 dB, 70 dB e 100 dB, nomeadas
de A, B, e C, respetivamente.

A velocidade de propagação do som representa a velocidade com que se propagam as ondas sonoras, e
depende das características do meio de propagação. Ao contrário do que se possa pensar, o ar não é o
meio mais eficaz para o som se propagar, ou seja, em meios sólidos e líquidos a velocidade de propagação
é maior do que no ar (Vpar=340m/s; Vpágua=1460m/s; Vpcimento=4000m/s; Vpaço=5050m/s; Vpvidro=5000 a
6000m/s).

2.2.3 Qualidade acústica

Existem vários fatores que podem interferir na qualidade acústica de um compartimento, dentre eles
pode ser citado o tempo de reverberação, inteligibilidade, definição, clareza, ruído de fundo, relação
sinal/ruído, tempo de decaimento inicial, impressão espacial, sonoridade, geometria e reflexões úteis.

A definição de um compartimento é a relação entre e energia sonora recebida num dado intervalo de
tempo e a energia total.

A clareza é definida como sendo a relação entre a energia sonora que chega ao auditor nos primeiros 80
ms e a energia que é percebida por ele após esse período de tempo. É de maior importância para
ambientes em que ocorram espetáculos musicais ou que tenham emissão de palavra.

Já a inteligibilidade (Speech Transmition Index - STI) implica no discernimento da palavra e pode ser dita
como sendo a relação percentual entre as consoantes recebidas e as consoantes emitidas, sendo
adequada quando for maior do que 60%. Existem vários métodos para se determinar a inteligibilidade,
entre eles podem ser citados AI, SII, SIL, RASTI, MRT.

Para o Articulation Index (AI), a inteligibilidade é dada em função da diferença entre o nível de ruído de
fundo e o nível de sinal para períodos longos, somados a 12 dB relativos à voz, ou seja, é uma relação
sinal/ruído que varia de 0 a 1.

De acordo com ANSI (2017), o Speech Intelligibility Index (SII) é medido de 0 a 1 e é perturbado devido
aos ruídos de fundo, filtragem e reverberação no compartimento em questão. Sua definição é dada como
função do produto da banda de importância e da audibilidade da banda, somado ao número total de
bandas de frequências. Podendo, ainda, ser calculado por meio de quatro métodos distintos: banda de
frequência crítica, banda de frequência de um terço de oitava, banda fundamental de igual contribuição
e banda de frequência de oitava.

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ACÚSTICA DE EDIFÍCIOS

Já o Speech Interference Level (SIL) não é indicado para locais onde hajam fatores que distorçam o som,
como um grande tempo de reverberação, e é baseado na média dos níveis de pressão sonora para
determinadas bandas de frequências, pois, dependendo da distância do locutor, é possível saber o esforço
– em dB – que este necessita para se fazer audível, variando de homem para mulher.

O Speech Transmission Index (STI) avalia a mudança na profundidade de modulação do som que se origina
da reverberação e do ruído de fundo, já que quanto menor for a modulação em amplitude mais inteligível
é o som. Este método pode ser simplificado e é chamado de Rapid Speech Transmission Index (RASTI),
que tem o mesmo princípio do STI, entretanto, avalia um número menor de frequências.

Para a aplicação do Modified Rhyming Tests (MRT), há a elaboração de textos baseados em rimas
modificadas que são avaliados através de múltipla escolha por ouvintes em sua língua nativa. Entretanto,
este método pode variar de acordo com o locutor e os ouvintes, o que não confere vantagem ao mesmo.

Outro fator que afeta a qualidade acústica de um local é o ruído de fundo. No caso de uma sala de aula,
aquilo que não for a voz do professor é considerado ruído de fundo. Como será visto mais à frente, existem
normas que limitam o nível de pressão sonora e tempos de reverberação em diversos locais a fim de
preservar a saúde humana. O ruído de fundo contribui para o aumento da pressão sonora e para a
diminuição da inteligibilidade do som. Algumas de suas causas podem ser o sistema de aquecimento,
ventilação e ar-condicionado, o ruído externo de vias de tráfego, entre outros. Os valores de ruído de
fundo são, geralmente, determinados em função das curvas NC (Noise Criteria) que variam de acordo com
a utilização do ambiente e são encontrados em legislações e referências bibliográficas.

Carvalho (2003 apud Costa, 2014) afirma que a relação sinal/ruído é a diferença entre a fonte sonora
desejável e o ruído de fundo, influenciando diretamente na inteligibilidade. O valor ideal para essa relação
é de +15 dB para salas de aula.

O tempo de decaimento inicial (TDI) é semelhante ao tempo de reverberação, entretanto, este mede o
decaimento apenas dos 10 primeiros decibéis. Dessa forma, para comparar o TDI com o TR, é necessário
multiplicar o primeiro por 6. Este parâmetro é diferente do TR pois é mais sensível à geometria do
ambiente, dependendo, portanto, da geometria da sala e da absorção acústica do ambiente, assim como
o TR.

A impressão espacial, de amplitude, é compreendida como a relação entre a energia sonora recebida
lateralmente e a energia sonora total, sendo também chamada de eficiência lateral (LF). Já a sonoridade
(G) indica a amplificação que o som tem por conta da sala, definido como a diferença entre o nível de

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CAPÍTULO 2

pressão sonora de uma fonte em um compartimento e em um campo aberto, medido a uma distância de
10 m – valor de referência.

No que diz respeito à geometria, esta deve ser levada em conta a fim de otimizar as reflexões existentes
no ambiente, pois além das reflexões indesejadas, existem reflexões necessárias para otimizar a emissão
e a recepção do som, sendo favorável tanto para o locutor quanto para os ouvintes. Dessa forma, é
necessário tomar cuidado com elementos estruturais, forros e absorvedores que dificultem a chegada do
som aos ouvintes.

Figura 8 - elementos prejudiciais à propagação sonora

As reflexões indesejadas podem ser resolvidas pela utilização de materiais absorventes, já as reflexões
desejadas, além da geometria do ambiente, podem ser otimizadas ao utilizar difusores/painéis difusores
que refletem a energia sonora uniformemente pelo espaço, conforme a ilustração na sequência.

Figura 9 - placas refletoras

A01 | 10 ISEP – Mestrado em Engenharia Civil


ACÚSTICA DE EDIFÍCIOS

2.2.4 Tempo de reverberação

Levando em conta um recinto fechado e uma determinada banda de frequência, o tempo de reverberação
pode ser definido como:

[…] o intervalo de tempo necessário para que o nível de pressão sonora dessa banda de frequência, após
ter sido interrompida a emissão de energia sonora, decresça em 60 dB, ou, de um ponto de vista
energético, ao tempo que é necessário decorrer para que a densidade média da energia sonora atinja um
milionésimo do seu valor inicial.

Deste modo, de acordo com o autor, o tempo de reverberação depende da frequência, da absorção
sonora dos materiais constituintes do recinto e dos objetos presentes no mesmo.

Figura 10 - reflexão e reverberação do som

Pode-se observar na Figura que além do som direto entre o emissor e o receptor, este último recebe
várias ondas refletidas pelas superfícies presentes no compartimento em questão, ressaltando a
intervenção da absorção sonora no tempo de reverberação.

Silva (2013) verifica que salas com tempos de reverberação mais baixos ou próximos a zero implicam na
melhoria da inteligibilidade da palavra. O autor recomenda um TR mínimo de 0,3 s, pois TRs muito baixos
podem provocar sonolência, e um máximo de 0,5 s para salas de aula do ensino primário e 0,7 s para os
demais ensinos.

Existem diversos métodos matemáticos para se chegar ao valor do tempo de reverberação em um


compartimento. A seguir serão apresentados alguns deles, em seguida será descrito como devem ser os
ensaios para se verificar o tempo de reverberação.

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CAPÍTULO 2

2.3 ISOLAMENTO SONORO

É cada vez mais notório o aumento dos níveis de ruído, especialmente nos grandes centros urbanos, o
que leva a que a poluição sonora e a proteção acústica dos edifícios se tornem problemas por vezes de
difícil resolução. De uma forma genérica, a minimização dos efeitos negativos do ruído pode ser
conseguida através da redução dos níveis de ruído emitidos, do tratamento nos meios de transmissão
e/ou, em casos extremos sobretudo na área do ruído ocupacional (locais de trabalho) da proteção direta
dos recetores através do isolamento sonoro.

O isolamento sonoro ou acústico é a capacidade que diversos materiais apresentam em impedir a


propagação de som através de si, formando uma espécie de “barreira”. Normalmente os materiais
densos, ou seja, com maior massa, são os mais utilizados, tais como: betão, aço, vidro, etc. A melhor
forma de isolar algo, não é a aplicação de uma barreira, mas sim de várias, de forma a obrigar o som a
contornar um conjunto de obstáculos fazendo com que se dissipe até chegar ao outro espaço. É
importante referir que melhorando o isolamento sonoro em 1dB é ligeiramente percetível, 3dB é
percetível, 5dB representa uma melhoria considerável e um aumento de 10dB reduz o som para metade.

Ao incidir sobre uma superfície, parte da energia sonora é refletida por esta superfície e parte perde-se
atrás desta, podendo ser absorvida pela mesma ou transmitida. A capacidade que uma superfície possui
de absorver o som, ou a energia sonora, é chamada de coeficiente de absorção sonora (α) e é dada pela
seguinte fórmula:

onde:

Iabsorvida – intensidade sonora absorvida;

I refletida – intensidade sonora do som refletido;

I incidente – intensidade sonora do som incidente.

Em se tratando de materiais absorventes, o coeficiente de absorção sonora, para materiais porosos e


fibrosos, depende da frequência do som, como pode ser observado na figura a seguir:

A01 | 12 ISEP – Mestrado em Engenharia Civil


ACÚSTICA DE EDIFÍCIOS

Figura 11 - variação típica do coeficiente de absorção


sonora de materiais absorventes de som porosos e
fibrosos segundo a frequência

O isolamento sonoro entre espaços é influenciado pelas condições do campo sonoro emissor. A autora
verificou que variações de -20% e +20% na absorção sonora do compartimento emissor resultaram em
um aumento e uma diminuição, respetivamente, no índice de isolamento sonoro.

2.3.1 Classificação de materiais

Os materiais absorventes podem ser classificados da seguinte forma:

• Materiais porosos

Partem do princípio de que parte da energia que entra pelos poros do material é dissipada devido
às múltiplas reflexões e ao atrito entre o ar presente dentro dos poros e o próprio material. Estes
materiais são representados pelas espumas.

• Materiais fibrosos

São representados pelas lãs e absorvem o som pois a energia que entra no material através das fibras faz
as mesmas vibrarem, gerando atrito entre elas que ocasiona a perda de energia.

• Painéis flexíveis

Consiste em uma superfície sobre a outra, tendo um espaço de ar entre elas. São mais utilizados para a
absorção de sons de baixas e médias frequências ou, ainda, para uma frequência específica.

ISEP – Mestrado em Engenharia Civil 13


CAPÍTULO 2

• Ressonadores

A utilização desses ressoadores acontece pela mesma finalidade dos painéis flexíveis, entretanto, seu
funcionamento é diferente. São cavidades que contém ar preso e estão interligadas ao ambiente por
uma pequena abertura.

• Painéis perfurados

Possuem o mesmo princípio dos painéis flexíveis, com a diferença do painel, que é perfurado.

2.3.2 Exemplos de materiais

Os principais materiais que tem uma absorção acústica importante e que são empregados em Portugal
são:

• Espumas acústicas

Essas espumas possuem diversos acabamentos e cores, sendo todas anti-fogo.

Figura 12 - espuma acústica lisa (BASO PLAN)

Tabela 1 - coeficiente de absorção sonora da espuma acústica BASO PLAN

A01 | 14 ISEP – Mestrado em Engenharia Civil


ACÚSTICA DE EDIFÍCIOS

• Lã de rocha

Resiste a temperaturas superiores a 200°C, podendo também ser destinada à proteção passiva
contra incêndio em estruturas metálicas, selagem corta-fogo de shafts, selagem da pele de vidro (fire
stop) e em dutos de pressurização de escadas.

Figura 13 - painel de lã de rocha (Sotecnisol)

Tabela 2 - coeficientes de absorção sonora do painel de lã de rocha (50mm)

• Lã de vidro

Suporta temperaturas até 450⁰C (produtos resinados) e 550⁰C (produtos isentos de resinas),
entretanto, em alguns casos é necessária associação com outros materiais em situações que
exijam uma proteção maior.

ISEP – Mestrado em Engenharia Civil 15


CAPÍTULO 2

Figura 14 - painel de lã de vidro (exemplo: revestido de alumínio)

Tabela 3 - coeficientes de absorção sonora do painel de lã de vidro

• Celulose projetada

Figura 15 - celulose sendo projetada (ISOCELL)

A01 | 16 ISEP – Mestrado em Engenharia Civil


ACÚSTICA DE EDIFÍCIOS

Trata-se de um material de isolamento térmico obtido por um método de reciclagem de papel e adição
de borato. A aplicação pode ser realizada manualmente (espalhamento) ou por insuflação livre, injeção
ou projeção húmida.

Tabela 4 - coeficiente de absorção sonora para celulose projetada (CELBAR)

A celulose projetada possui uma absorção sonora igual ou melhor do que vários de isolamento térmico,
sendo a maior vantagem nas frequências mais baixas.

• Cortiça

O sistema de aglomerar a cortiça em placas preserva o ar dentro das células da cortiça, tornando-a uma
ótima solução acústica.

Figura 16 - placas de aglomerado de cortiça

Tabela 5 - coeficientes de absorção sonora da placa de aglomerado de cortiça

ISEP – Mestrado em Engenharia Civil 17


CAPÍTULO 2

• Espuma de poliuretano

É um recurso cada vez mais utilizado na vedação de portas, janelas e saneamento, além de paredes e
muros. Tem uma grande capacidade de vedação e pode ser usado tanto em portas e janelas, saneamento,
paredes e muros. Quando projetada, as suas propriedades acústicas são beneficiadas devido à sua
capacidade de vedação, que fornece resultados muito bons no isolamento contra ruídos aéreos.

Figura 17 – espuma de poliuretano projetada (Blinker Group)

Figura 18 - aglomerado de espuma de poliuretano

Tabela 6 - coeficientes de absorção sonora de aglomerado de espuma de


poliuretano

A01 | 18 ISEP – Mestrado em Engenharia Civil


ACÚSTICA DE EDIFÍCIOS

• Painéis acústicos

Trata-se de um aparato de isolamento acústico, podendo ser construído com diversos materiais, desde
espuma, fibras sintéticas, madeiras, gesso perfurado, etc.

Figura 19 - diferentes tipos de painéis acústicos

2.4 TIPOS DE SONS E PARÂMETROS DE ISOLAMENTO

Em acústica de edifícios os ruídos enquadram-se em dois grupos consoante a localização da fonte sonora:
ruídos exteriores - resultantes maioritariamente do tráfego rodoviário, ferroviário e aéreo - e ruídos
interiores resultantes da utilização do próprio edifício.

Quando se fala em isolamento sonoro, pode-se considerar 2 categorias: isolamento sonoro a sons aéreos
(sons transmitidos fundamentalmente através da vibração do ar) e isolamento sonoro a sons de percussão
(som resultante através de uma ação de choque exercida por exemplo num elemento construtivo). Os
sons de percussão têm uma maior capacidade de se propagar por todo o edifício do que os sons aéreos.

Figura 20 - transmissão de sons aéreos e de sons de percussão

ISEP – Mestrado em Engenharia Civil 19


CAPÍTULO 2

2.4.1 Parâmetros

Existem diversos parâmetros para a caracterização do isolamento a sons aéreos e de percussão. Estes
valores podem ser obtidos a partir de métodos de medição “in situ” ou através de modelos de estimativa.

A estimativa dos valores dos índices de isolamento sonoro D 2m,nT,w e DnT,w é feita em função do índice de
redução sonora Rw.

O valor da redução sonora por frequência é dado por:

Em que:

𝐿1(𝑓) – Nível sonoro do compartimento emissor (dB);

𝐿2(𝑓) - Nível sonoro do compartimento recetor (dB);

𝐴2(𝑓) – Superfície de absorção equivalente do compartimento recetor (m2);

S – Área do elemento entre os dois compartimentos (m2).

A determinação do valor de redução sonora, R, é feita por ensaios em bandas de frequência, que variam
entre os 100 e os 3150Hz, dos quais resultam 16 resultados através da expressão anterior. A partir do
espectro obtido de um dado elemento construtivo, é possível obter um valor único – índice – denominado
por Rw (índice de redução sonora), expresso em dB, através de um ajuste numa curva normalizada
estipulada na norma NP EN ISO 717-1.

Figura 21 - curva de referência da norma NP EN ISO 717-1

A01 | 20 ISEP – Mestrado em Engenharia Civil


ACÚSTICA DE EDIFÍCIOS

Resumidamente:

R Rw

No caso de ensaios “in situ” :

R’ R’w

O valor de R’w é semelhante a Rw, no entanto, este contabiliza as transmissões que ocorrem por via
marginal. Desta forma, temos:

𝑅’𝑤 = 𝑅𝑤 − 𝑇𝑀

Após estimado o índice de redução sonora, Rw, é possível determinar os índices de isolamento sonoro a
sons aéreos e de percussão.

O parâmetro D2m,nT corresponde ao isolamento sonoro a sons de condução aérea, padronizado, entre o
exterior e o interior, enquanto que o D2m,nT,w corresponde à tradução do valor do isolamento num valor
único, ou índice de isolamento sonoro a sons de condução aérea, entre o exterior e o interior.

Em que, L1,2m(f) é a diferença entre o nível médio de pressão sonora exterior, medido a 2 m da fachada
do edifício, L2(f) o nível médio de pressão sonora medido no local de receção, T(f) o tempo de
reverberação do compartimento recetor em segundos e T0 o tempo de reverberação de referência (por
norma, 0.5 s).

O parâmetro DnT, corresponde ao isolamento sonoro a sons de condução aérea, padronizado, entre
elementos de compartimentação interior, enquanto que o DnT,w corresponde à tradução do valor do
isolamento num valor único, ou índice de isolamento sonoro a sons de condução aérea, entre elementos
de compartimentação interior.

Sendo que, L1 é a diferença do nível médio de pressão sonora medida no compartimento emissor, e L2
o nível médio de pressão sonora medida no compartimento recetor.

Por último, o parâmetro L’nT corresponde ao isolamento sonoro a sons de percussão, padronizado, num
determinado compartimento interior, geralmente um pavimento, enquanto que o L’nT,w corresponde à
tradução do valor do isolamento num valor único, ou índice de isolamento sonoro a sons de percussão.

ISEP – Mestrado em Engenharia Civil 21


CAPÍTULO 2

2.5 ISOLAMENTO SONORO A SONS AÉREOS

Um dos aspectos de maior relevância no conforto acústico dos edifícios prende-se com o isolamento a
sons aéreos, a assegurar tanto pelos elementos constituintes das fachadas como da compartimentação
interior. Assim, importa que na fase de projecto seja convenientemente avaliado o isolamento sonoro em
causa, em conformidade com o disposto nas exigências funcionais estabelecidas e suportadas pela
regulamentação vigente, por forma a que o ambiente no interior dos edifícios satisfaça padrões de
conforto adequados.

De uma forma relativamente sumária, e tendo em atenção a sua origem, os sons aéreos que interessam
o conforto acústico nos edifícios podem enquadrar-se em dois grandes grupos: sons de proveniência
exterior e sons interiores.

Num sentido muito geral, os sons de proveniência exterior devem-se fundamentalmente à circulação
rodoviária e ferroviária. Todavia, em determinados locais próximos de instalações industriais e de
divertimento público, podem gerar-se campos sonoros exteriores significativamente incomodativos para
os ocupantes dos edifícios que se encontram juntos, ou nas proximidades dessas infra-estruturas. Acresce
ainda referir-se que estes campos podem ser encarados numa dupla perspectiva, as quais se encontram,
no entanto, relacionadas: uma primeira associada a avaliações de carácter ambiental e outra a aspectos
de planeamento urbanístico.

Os sons interiores são devidos, predominantemente, à utilização do próprio edifício e têm origem em
múltiplas solicitações associadas ao seu uso pelos respectivos ocupantes ou a equipamentos instalados.

Neste enquadramento, é perceptível que os sons de proveniência exterior irão determinar o tipo de
isolamento sonoro da envolvente dos edifícios (D2m,n,w – isolamento a sons aéreos da fachada do edifício
quando, num processo de medição, o microfone é colocado à distância de 2m da sua superfície) e que os
sons interiores condicionam o isolamento sonoro que é necessário ser assegurado pelos elementos
definidores da respectiva compartimentação (Dn,w).

As ondas sonoras que incidem sobre os elementos como paredes e pavimentos submetem-nos vibrações
que se transmitem ao ar circundante, bem como aos elementos adjacentes. Nos casos em que um
elemento for anteparo entre a fonte do ruído e um dado ambiente, o ruído residual transmitido será a
resultante da vibração deste elemento de separação e dos demais elementos construtivos a ele
conectados.

A01 | 22 ISEP – Mestrado em Engenharia Civil


ACÚSTICA DE EDIFÍCIOS

Figura 22 - isolamento sonoro a sons de condução aérea

Este processo de transmissão entre dois locais pode ser feito de duas formas:

• Transmissão direta, que ocorre diretamente através do elemento de separação;


• Transmissão marginal (indireta), que se verifica através de elementos interligados ao elemento
de separação.

Figura 23 - transmissões sonoras possíveis entre salas adjacentes

ISEP – Mestrado em Engenharia Civil 23


CAPÍTULO 2

O isolamento sonoro de um dado elemento construtivo é função da:

• Natureza e massa superficial de cada pano;


• Espessura da caixa de ar entre panos;
• Natureza, espessura e massa volúmica do material que preenche a caixa de ar;
• Estrutura de ligação dos vários panos entre si e à estrutura do edifício.

2.6 MÉTODOS E MODELOS MATEMÁTICOS

2.6.1 Métodos de estimativa - Rw

Há vários métodos para estudar o comportamento das soluções construtivas em projeto, denominados
por métodos de estimativa, como por exemplo, a lei da massa teórica, o modelo de Sharp e o modelo de
Meisser.

O comportamento acústico de um determinado elemento construtivo estimulado por ruídos de condução


aérea, depende de vários parâmetros, nomeadamente da massa do elemento, frequência do som
incidente, frequência critica, frequências próprias, fator interno de amortecimento, ângulo de incidência,
permeabilidade, rigidez, entre outros.

Através do estudo destes modelos de cálculo é possível determinar o índice de redução sonora, Rw, e
desta forma, estimar os índices de isolamento sonoro D2m,nT,w e DnT,w.

I. Lei da massa teórica

A transmissão sonora funciona como um sistema sujeito a estímulos oscilatórios que


dependem de uma gama de frequências. Por isso, pode-se dividir o comportamento de uma
parede em cinco zonas distintas, nas quais é possível ver o comportamento típico do valor de
R, de acordo com a frequência de um qualquer elemento simples.

Figura 24 - valores de R de acordo com a frequência em elementos simples

A01 | 24 ISEP – Mestrado em Engenharia Civil


ACÚSTICA DE EDIFÍCIOS

• A zona A depende da rigidez do elemento, e neste caso o valor de R diminui com o


aumento da frequência. Como esta zona está fora da gama de frequências audíveis, nunca é alvo
de análise.
• A zona B corresponde à frequência de ressonância, ou seja, há influência da elasticidade
e a parede vibra como uma placa de dimensões finitas. Situa-se numa zona de muito baixas
frequências, a maior parte das vezes fora da zona audível.
• A zona C segue a lei da massa teórica, pelo que a redução sonora depende da massa
superficial do elemento (m) e da frequência do estimulo sonoro (f). É esta zona do gráfico que é
estudada a maior parte das vezes. A lei da massa para uma incidência da onda sonora de θ graus
é:

Em que:

𝜌0 – massa volúmica do ar (±1,2kg/m3);

𝑐 – Celeridade (velocidade de propagação do som no meio em m/s).

No caso de um campo difuso (para todos os ângulos θ), calcula-se pela lei da massa para
campos difusos:

𝑅 = 20 log(𝑚 ∗ 𝑓) − 47 (𝑑𝐵)

Nesta curva o isolamento sonoro cresce 6dB por oitava nas frequências imediatamente
inferiores à frequência critica.

• A zona D corresponde à existência de uma frequência critica, fc, ou seja, a coincidência


entre o estimulo sonoro externo e a vibração da própria parede. Neste ponto, quase não há
atenuação e o isolamento sonoro é muito reduzido. A fc depende da elasticidade da parede, da
massa, espessura e velocidade de som no ar.
• A zona E depende do efeito de coincidência, e ocorre para frequências superiores à
frequência critica. Neste caso, pode-se observar pelo gráfico que o isolamento sonoro passa a
crescer 9dB por oitava e 9dB por duplicação da massa.
O estudo deste gráfico é importante para que o objetivo em projeto, seja o de colocar a
frequência critica na zona das muito baixas frequências, de forma a não prejudicar o isolamento
na maioria das frequências. Quanto mais elevada for a massa superficial da parede, mais baixa
será a frequência critica.

ISEP – Mestrado em Engenharia Civil 25


CAPÍTULO 2

A melhor forma de aumentar o isolamento de uma parede sem ter de aumentar a sua massa
para níveis exagerados, é a duplicação do paramento, com ou sem material de isolamento no
seu interior. No entanto, admite-se que irá existir uma união elástica entre os panos, que
habitualmente é o ar, podendo desta forma ser assimilado como um sistema massa-ar-massa,
com uma frequência de ressonância f0, dada pela seguinte expressão:

Onde m1 e m2 correspondem às massas superficiais dos elementos constituintes da parede e d à


espessura da caixa da ar.

Figura 25 - isolamento sonoro a sons aéreos em elementos duplos

A grande vantagem das paredes duplas é o facto de a curva a partir da frequência de ressonância
crescer a um ritmo mais rápido de 18dB por oitava. Em projeto é importante ter o cuidado de
manter o f0 a uma frequência o mais baixa possível.

Em qualquer elemento construtivo composto por panos duplos é importante usar espessuras
diferentes, ou diferentes materiais, de forma a que as frequências de coincidência não se
sobreponham.

Um dos métodos mais simples para estimar o índice de redução sonora, Rw, de um dado elemento
de compartimentação, é o método da massa total, corresponde à zona C do gráfico para
elementos simples, que consiste no somatório da multiplicação da massa volúmica da cada
elemento pela sua espessura, admitindo que ela é homogénea na sua constituição. Uma vez
encontrada a massa superficial do elemento, recorre-se ao ábaco da lei das massas para
determinar o índice de redução sonora. A faixa de valores indicados no gráfico pretende
representar a dispersão normal de comportamento para diferentes divisórias com a mesma
massa por unidade de superfície. O índice de redução sonora aumenta de forma linear com um
acréscimo de 6 dB por cada duplicação da massa superficial.
A01 | 26 ISEP – Mestrado em Engenharia Civil
ACÚSTICA DE EDIFÍCIOS

Figura 26 - ábaco para estimar o índice de redução sonora de elementos de


compartimentação

Podem também ser usadas as seguintes expressões ao invés do gráfico:

Onde m corresponde à massa superficial da compartimentação.

Para aumentar significativamente o isolamento do elemento de separação sem aumentar a sua


massa, deve-se dividir um elemento em duas ou mais camadas, e de preferência com espessuras
diferentes, complementados com isolamento acústico no interior.

Para o cálculo de elementos duplos pode-se recorrer ao ábaco da figura seguinte, que determina
o acréscimo de isolamento sonoro, devido ao acréscimo de um novo pano de parede, a forrar o
paramento base inicial. Neste ábaco, a partir do conhecimento da massa superficial do pano
adicional, estima-se o acréscimo de isolamento de acordo com o valor obtido para o sistema
simples.

ISEP – Mestrado em Engenharia Civil 27


CAPÍTULO 2

Figura 27 - ábaco para determinar o acréscimo de isolamento sonoro por acrescento de um


novo pano divisório

II. Modelo de Sharp

O modelo de Sharp determina o índice de redução sonora em paredes simples, através de um


método gráfico que considera para além da massa e da frequência, o fator de perdas e a
frequência crítica do elemento.

Na figura a seguir, através da marcação dos pontos A e B, é possível marcar os segmentos de


reta com os declives de 6 e 9 dB por oitava.

A01 | 28 ISEP – Mestrado em Engenharia Civil


ACÚSTICA DE EDIFÍCIOS

Figura 28 - curva para determinação dos valores de R, com base no


modelo de Sharp

Os pontos A e B são obtidos através das expressões:

Em que:

n – fator de perdas internas

m – massa superficial (kg/m²)

fc – frequência crítica (Hz)

De forma simplificada, a frequência crítica pode ser calculada pela expressão:

Em que:

c – celeridade

CL – velocidade de propagação das ondas longitudinais (m/s)

h – espessura do elemento (m)

ISEP – Mestrado em Engenharia Civil 29


CAPÍTULO 2

Estes valores para diversos materiais podem ser obtidos consultando a seguinte tabela:

Tabela 7 - compilado de propriedades acústicas de materiais

III. Modelo de Meisser


Outro método para a obtenção do índice de redução sonora para paredes duplas é baseado
no modelo de Meisser, 1973. Neste método é possível introduzir fatores, tais como,
dimensão da caixa de ar, ligações entre panos e material absorvente.
Segundo este modelo, determina-se a redução sonora para a frequência de 500 Hz, através
da seguinte expressão:

𝑅500𝐻𝑧 = 13,3 𝑙𝑜𝑔 (𝑚1 + 𝑚2) + 13,4 + 𝑘 (dB)

Em que:

m – massa dos elementos construtivos (kg/m²)

𝑘 – varia com a espessura da caixa de ar e o material absorvente

A01 | 30 ISEP – Mestrado em Engenharia Civil


ACÚSTICA DE EDIFÍCIOS

Tabela 8 - valor de K, consoante a caixa de ar e o material absorvente

A partir da ordenada calculada para a frequência dos 500 Hz, traça-se um segmento de reta com um
declive de 6 dB por oitava, mantendo uma escala logarítmica para o eixo das abcissas e uma escala
linear para o eixo das ordenadas.

De seguida, no eixo das abcissas marcam-se os pontos notáveis da curva de isolamento,


nomeadamente:

• Frequência de ressonância do conjunto massa-ar-massa (f0) de acordo com a seguinte expressão:

onde m1 e m2 correspondem à massa dos elementos, e d à espessura da caixa de ar.

• Frequências criticas de cada um dos painéis (fc1 e fc2);

• Ressonância inicial da caixa de ar (fn1).

2.6.2 Métodos de estimativa - DnT,w e D2m,T,w

Para estimar o isolamento sonoro a sons aéreos é necessário calcular o índice de redução sonora do
conjunto, Rwconjunto, através das seguintes expressões:

ISEP – Mestrado em Engenharia Civil 31


CAPÍTULO 2

Em que:

τconjunto – coeficiente de transmissão sonora do conjunto;

Rwconjunto – índice de redução sonora do conjunto (dB);

Si – área do elemento construtivo (m2).

É, ainda, importante considerar em projeto a influência das transmissões marginais, TM, no caso de se
tratarem elementos de compartimentação interiores. Entende-se por transmissões marginais as
vibrações que resultam das ligações rígidas entre os elementos de construção, sendo que uma boa forma
de contrariar a sua propagação passa por desligar os elementos construtivos e separá-los por elementos
resilientes.

A transmissão marginal tem sido considerada de uma forma um pouco marginalizada, dado que um dos
métodos mais utilizados, passa por estabelecer uma relação entre o isolamento sonoro do elemento de
separação principal e os elementos de compartimentação adjacentes, estabelecendo-se desta forma,
classes de transmissão marginal e de correção dos valores obtidos, através de ensaios laboratoriais e
modelos de cálculo.

Segundo o ITE 8 do LNEC, as categorias são:


• Para valores de isolamento sonoro a sons aéreos com Rw ≤ 35dB, as transmissões
marginais são consideradas desprezáveis, ou seja, Rw = R’w;
• Para valores de isolamento sonoro entre 35dB ≤ Rw ≤ 45dB, deve ser considerada uma
redução de 3dB, ou seja, R’w = Rw – 3dB;
• Para Rw ≥ 45 dB, a contribuição da transmissão marginal pode ser muito difícil de prever.

Um método mais preciso considera as espessuras dos elementos de compartimentação homogéneos e


do mesmo tipo, concorrentes num ponto.

Figura 29 - influência da transmissão marginal em elementos homogéneos

A01 | 32 ISEP – Mestrado em Engenharia Civil


ACÚSTICA DE EDIFÍCIOS

• No caso A, a massa por unidade de superfície do elemento de separação é igual à do elemento


adjacente, logo a transmissão direta é igual à transmissão por via indireta, implicando uma
redução em média de 3dB no valor de Rw (R’w = Rw – 3dB);
• No caso B, a massa superficial do elemento de separação é muito inferior à do elemento
adjacente, logo a propagação da energia sonora ocorre fundamentalmente pelo elemento de
separação, pelo que se despreza a contribuição da transmissão marginal (R’w = Rw);
• No caso C, o mais crítico no que respeita a transmissões marginais, a massa superficial do
elemento de separação é muito superior à do elemento adjacente, pelo que a energia sonora
propaga-se quase na totalidade por esse elemento, diminuindo a eficácia do sistema de
compartimentação principal. Nesta situação, a influência da transmissão marginal é bastante
elevada.

Uma vez estimado o índice de redução sonora, Rw, em definitivo, pode-se determinar o índice de
isolamento sonoro a sons de condução aérea entre o exterior e elementos de compartimentação interior,
D2m,nT,w, através da seguinte expressão:

Na qual:

Rw – índice de redução sonora (dB);

V – Volume do compartimento recetor (m3);

T0 – Tempo de reverberação de referência (por norma 0,5 s);

S – Área do elemento separador (m2).

O índice de isolamento sonoro a sons de condução aérea entre elementos de compartimentação interior,
DnT,w, é calculado através da seguinte expressão:

2.7 ENSAIOS ACÚSTICOS (SONS AÉREOS)

Os ensaios de acústica de edifícios são necessários pois, de acordo com o Regulamento dos Requisitos
Acústicos dos Edifícios, Decreto-lei nº 98/2008, de 9 de junho, as exigências de comportamento acústico
dos edifícios são de verificação “in situ”.

ISEP – Mestrado em Engenharia Civil 33


CAPÍTULO 2

Estes ensaios podem ser relativos ao isolamento sonoro a sons aéreos de elementos de
compartimentação interior (paredes ou pavimentos) e nesse caso teremos que determinar o parâmetro
DnT, ou podem ser realizados para elementos da envolvente exterior e então teremos que determinar o
parâmetro D2m,nT.

A metodologia utilizada para a realização destes ensaios está de acordo com a norma NP EN ISO 140-4

(isolamento sonoro a sons aéreos entre compartimentos, DnT) e de acordo com a NP EN ISO 140-5
(isolamento sonoro a sons aéreos de fachadas e de elementos de fachada, D2m,nT).

A norma EN ISO 717-1 possibilita chegar a um único valor, designado por índice, a partir dos valores
obtidos em cada frequência.

Segundo o regulamento dos requisitos acústicos dos edifícios, o índice de isolamento sonoro a sons de
condução aérea, padronizado, DnT,w, entre compartimentos de um fogo, e quartos ou zonas de estar de
outro fogo, deverá ser: DnT,w ≥ 50 dB.

Nas avaliações in situ, deve ser tido em conta um fator de incerteza, I, associado à determinação das
grandezas em causa. O valor obtido para o índice de isolamento sonoro a sons de condução aérea,
padronizado, D2m,nT,w ou DnT,w, acrescido do fator de incerteza I (I = 3 dB) satisfaz o limite regulamentar.

Os equipamentos utilizados determinam os níveis de pressão sonora, ruídos de fundo e/ou tempos de
reverberação, através de um microfone ligado a um sonómetro. O calibrador, tal como o nome indica,
serve para calibrar o sonómetro, detetando a pressão atmosférica e corrigindo a amplitude do sinal de
saída para que o nível sonoro emitido seja constante. O campo sonoro gerado deve-se à utilização de um
altifalante com amplificador gerador de ruído. O software utilizado serve para fazer a transferência e
visualização de dados do sonómetro no computador, para posterior tratamento de dados.

Figura 30 - montagem dos equipamentos de ensaio

A01 | 34 ISEP – Mestrado em Engenharia Civil


ACÚSTICA DE EDIFÍCIOS

2.8 ISOLAMENTO SONORO A SONS DE PERCUSSÃO

Os sons de percussão resultam da deslocação de pessoas, da queda de objetos, ou do arrastar de móveis,


ou seja, qualquer ação de choque exercida num ponto de determinado elemento de compartimentação
de um edifício, podendo propagar-se com grande facilidade através da rigidez das ligações existentes,
estabelecendo campos sonoros, por vezes em compartimentos afastados do local de origem da excitação.

Figura 31 - propagação de sons de percussão

A melhor forma de reduzir a transmissão de ruídos de percussão na compartimentação horizontal


(lajes) passa por:

• Revestir o piso rígido por alcatifa (ou outro material muito resiliente);
• Colocação de teto falso na zona inferior, de preferência com material absorvente e suspenso
por meio de apoios anti-vibráticos;

• Aplicação de lajeta flutuante, que consiste numa lajeta de distribuição, colocada sobre a laje
estrutural, separada desta por uma fina camada de material resiliente (espuma rígida de plástico,
borracha, esponja, etc.). Devido ao acréscimo de massa e algum efeito de duplicação de
paramentos, tem ainda vantagens no isolamento sonoro a sons aéreos. Deve haver o cuidado
para evitar o contacto da lajeta flutuante com a laje estrutural, com as paredes circundantes e
com possíveis instalações, de forma a impedir a passagem das vibrações.

ISEP – Mestrado em Engenharia Civil 35


CAPÍTULO 2

2.9 MÉTODOS E MODELOS MATEMÁTICOS

Há vários métodos para o cálculo do isolamento sonoro a sons de percussão, ao qual será feita referência
ao método simplificado e ao método do invariante, que consistem em estimar o valor de projeto.

2.9.1 Método simplificado

Baseado na norma 12354, é aplicável a elementos homogéneos de betão armado maciços ou aligeirados,
com massa superficial entre 100 a 600 Kg/m2. É um método bastante fácil de ser aplicado, no entanto, só
deve ser aplicado em situações de percussão para elementos de separação diretos, de cima para baixo. É
resumido pela expressão:

Na qual:

m – massa superficial do pavimento (Kg/m2);

∆𝐿𝑤 – redução da transmissão sonora, devido ao revestimento do piso (dB);

KTM – correção devida à ocorrência de transmissões marginais;

V – volume do compartimento recetor;

A – área do elemento de separação;

T0 – tempo de reverberação de referência (0,5s).

2.9.2 Método do invariante

Este método tem um carácter empírico, em virtude de ter sido estabelecido a partir da realização de um
elevado número de ensaios experimentais em vários tipos de pavimentos.

O método do invariante Ln,w + Rw, aplica-se para a determinação do isolamento a sons de percussão
conferido pelos elementos de compartimentação horizontal a partir do conhecimento prévio do índice de
redução sonora, o qual pode ser obtido com recurso à lei da massa aplicada a esse elemento.

O índice de isolamento sonoro a sons de percussão pode ser obtido a partir da seguinte expressão:

A01 | 36 ISEP – Mestrado em Engenharia Civil


ACÚSTICA DE EDIFÍCIOS

O valor de ∆Lw pode ser encontrado através das seguintes tabelas de revestimentos de piso resilientes e
flutuantes:

Tabela 9 - redução sonora de revestimentos de piso resilientes

ISEP – Mestrado em Engenharia Civil 37


CAPÍTULO 2

Tabela 10 – redução sonora de revestimentos de pisos flutuantes

Tabela 11 – valores do método do invariante

A01 | 38 ISEP – Mestrado em Engenharia Civil


ACÚSTICA DE EDIFÍCIOS

2.10 ENSAIOS ACÚSTICOS (SONS DE PERCUSSÃO)

Os ensaios de acústica de edifícios são necessários pois, de acordo com o Regulamento dos Requisitos
Acústicos dos Edifícios, Decreto-lei nº 98/2008, de 9 de junho, as exigências de comportamento acústico
dos edifícios são de verificação “in situ”.

Os ensaios acústicos de percussão permitem determinar o índice de isolamento sonoro a sons de


percussão, padronizado, L’nT,w.

A metodologia utilizada para a realização destes ensaios está de acordo com a norma NP EN ISO 140-7
(isolamento sonoro de pavimentos a sons de percussão).

A norma EN ISO 717-2 possibilita chegar a um único valor, designado por índice, a partir dos valores
obtidos em cada frequência.

Segundo o regulamento dos requisitos acústicos dos edifícios, o índice de isolamento sonoro a sons de
percussão, padronizado, L’nT,w, entre compartimentos de um fogo, e quartos ou zonas de estar de outro
fogo, deverá ser: L’nT,w ≥ 60 dB.

Nas avaliações in situ, deve ser tido em conta um fator de incerteza, I, associado à determinação das
grandezas em causa. O valor obtido para o índice de isolamento sonoro a sons de percussão,
padronizado, L’nT,w, acrescido do factor de incerteza I (I = 3 dB) satisfaz o limite regulamentar.

Os equipamentos utilizados são semelhantes aos usados na avaliação do isolamento sonoro a sons aéreos,
com o acréscimo de uma máquina de percussão.

2.11 RUÍDO AMBIENTAL

Relativamente à acústica ambiental, são feitos ensaios para avaliar o ruído ambiente de um dado local,
bem como proceder à elaboração de mapas de ruído, de forma a salvaguardar o bem-estar da população.

Para efetuar ensaios de ruido ambiental deve ser utilizada a norma NP 1730-1996: “Acústica. Descrição
e medição do ruido ambiente”, e o documento “Procedimentos específicos de medição de ruído
ambiente”, do Instituto do Ambiente.

2.11.1 Parâmetros

Tem-se os seguintes parâmetros:


• Nível sonoro contínuo equivalente, ponderado A, LAeq,T: valor do nível de pressão sonora
ponderado A de um ruído uniforme que, no intervalo de tempo T, tem o mesmo valor eficaz da
pressão sonora do ruído considerado cujo nível varia em função do tempo.

ISEP – Mestrado em Engenharia Civil 39


CAPÍTULO 2

É obtido pela seguinte expressão:

Na qual:

T – Período de tempo considerado;

L(t) – nível de pressão sonora no instante t, em dB(A).

• Indicador de ruído diurno (Ld) ou (Lday): o nível sonoro médio de longa duração,
conforme definido na Norma NP 1730-1:1996, ou na versão atualizada correspondente,
determinado durante uma série de períodos diurnos representativos de um ano;
• Indicador de ruído do entardecer (Le) ou (Levening): o nível sonoro médio de longa
duração, conforme definido na Norma NP 1730-1:1996, ou na versão atualizada correspondente,
determinado durante uma série de períodos do entardecer representativos de um ano;
• Indicador de ruído noturno (Ln) ou (Lnight): o nível sonoro médio de longa duração,
conforme definido na Norma NP 1730-1:1996, ou na versão atualizada correspondente,
determinado durante uma série de períodos noturnos representativos de um ano;

Os intervalos de tempo de longa duração são de:

o 1 ano para os indicadores Lden e Ln,


o 1 mês para o indicador LAeq,t, por período de referência, na avaliação do ruído ambiente
e do ruído residual.

2.12 RUÍDO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES

Entende-se como ruído de equipamentos o ruído proveniente de toda a maquinaria existente num
edifício como por exemplo, grupos hidropressores, ascensores, sistemas centralizados de climatização e
ventilação mecânica, portões de garagem e postos de transformação de corrente elétrica.

Este tipo de ruído pode propagar-se tanto por meio de sons aéreos como por sons de percussão, podendo
causar incomodidade para a própria habitação ou para locais sensíveis próximos, obrigando a tomar
medidas em projeto de forma a minorar os ruídos e restringindo-os ao limite regulamentar.

Como ruído de instalações, entende-se apenas como o ruído proveniente de instalações de


abastecimento e drenagem de águas residuais.

Segundo o regulamento dos requisitos acústicos dos edifícios, o nível de avaliação, LAR,nT, do ruido
particular de equipamentos coletivos do edifício, divide-se em 3 categorias, nomeadamente

A01 | 40 ISEP – Mestrado em Engenharia Civil


ACÚSTICA DE EDIFÍCIOS

equipamentos com funcionamento intermitente, funcionamento continuo e grupos geradores elétricos


de emergência.

O edifício ou os seus fogos são considerados como dando cumprimento ao regulamento dos requisitos
acústicos dos edifícios, desde que os valores medidos in situ, diminuídos do fator de incerteza I = 3dB (A),
satisfaçam os limites regulamentares.

A determinação das componentes tonais do nível de avaliação, LAR,nT, é feita segundo o disposto no
regulamento geral do ruído, que no seu anexo I diz o seguinte:

“O valor do LAeq do ruído ambiente determinado durante a ocorrência do ruído particular deve ser
corrigido de acordo com as características tonais ou impulsivas do ruído particular, passando a designar-
se por nível de avaliação, LAr, de acordo com a seguinte expressão”:

𝐿𝐴𝑟 = 𝐿𝐴𝑒𝑞,𝑇 + 𝐾1 + 𝐾2

Em que:

K1 = 3dB, se o ruído for tonal; o ruído é considerado tonal caso se verifique, no espectro de um terço de
oitava e medindo com ponderação de malha A, que o nível sonoro de uma banda excede o das adjacentes
em 5dB(A) ou mais;

K2 = 3dB, se o ruído for impulsivo; o ruído é considerado impulsivo caso se verifique uma diferença, entre
o nível sonoro contínuo equivalente medido no intervalo de tempo t, LAeq,T , em simultâneo com
característica impulsiva e fast, superior a 6dB(A).

2.12.1 Ruído de equipamentos

O controlo de ruídos provenientes de equipamentos passa por criar um elemento de separação entre o
equipamento e o elemento estrutural (isolamento a sons de percussão ou vibrações), ou isolar toda a
envolvente do espaço onde se encontra o equipamento (isolamento a sons aéreos).

A solução mais fácil e eficiente para controlar o isolamento de ruídos provenientes de vibrações é através
da instalação de apoios antivibráticos. O seu dimensionamento em fase de projeto passa por conhecer a
potência de vibração, o peso do equipamento e a rotação do motor.

ISEP – Mestrado em Engenharia Civil 41


CAPÍTULO 2

Figura 32 – membranas flexíveis

Figura 33 - apoios antivibráticos metálicos

2.12.2 Ruído de instalações

Como referido anteriormente o ruído de instalações resulta do abastecimento e drenagem de águas


residuais, com destaque para torneiras, autoclismos e acessórios das canalizações. Os ruídos podem
resultar do funcionamento de certos órgãos dos equipamentos, ou através do regime de escoamento.
De qualquer das formas é importante ter em atenção os seguintes aspetos:

o Evitar velocidades excessivas de escoamento (v ≤ 1,5m/s);


o Características do traçado da rede, devendo-se evitar mudanças bruscas de calibre e de
direção;

A01 | 42 ISEP – Mestrado em Engenharia Civil


LEGISLAÇÃO APLICÁVEL

o Criação de declives menos acentuados, de forma a evitar a presença de ar nas


canalizações;
o Evitar a propagação das vibrações das tubagens à estrutura, através da colocação de
material resiliente nos pontos de contacto das canalizações com a estrutura;
o Uso de equipamentos sanitários menos ruidosos, como por exemplo, válvulas, torneiras,
alimentação de aparelhos sanitários;
o Colocação de material resiliente nos apoios de todos os aparelhos sanitários.

3 LEGISLAÇÃO APLICÁVEL

3.1 REGULAMENTO GERAL DO RUÍDO - RGR

O Regulamento Geral do Ruído tem como objeto a salvaguarda da saúde humana e o bem-estar das
populações. Aplica-se às atividades ruidosas permanentes, temporárias e a outras fontes de ruído
suscetíveis de causar incomodidade.

Este regulamento estabelece um conjunto de definições que se transcrevem de seguida:

• Atividade Ruidosa Permanente: a atividade desenvolvida com carácter permanente, ainda que
sazonal, que produza ruído nocivo ou incomodativo para quem habite ou permaneça em locais
onde se fazem sentir os efeitos dessa fonte de ruído, designadamente laboração de
estabelecimentos industriais, comerciais e de serviços;
• Atividade Ruidosa Temporária: a atividade que, não constituindo um ato isolado, tenha carácter
não permanente e que produza ruído nocivo ou incomodativo para quem habite ou permaneça
em locais onde se fazem sentir os efeitos dessa fonte de ruído, tais como, obras de construção
civil, competições desportivas, espetáculos festas ou outros divertimentos, feiras e mercados;
• Ruído de vizinhança: o ruído associado ao uso habitacional e às atividades que lhe são inerentes,
produzido diretamente por alguém ou por intermédio de outrem, por coisa à sua guarda ou
animal que, pela sua duração, repetição ou intensidade, seja suscetível de afetar a tranquilidade
da vizinhança;
• Ruído ambiente: o ruído global observado numa dada circunstância num determinado instante,
devido ao conjunto das fontes sonoras que fazem parte da vizinhança próxima ou longínqua do
local considerado;

ISEP – Mestrado em Engenharia Civil 43


CAPÍTULO 3

• Ruído particular: o componente do ruído ambiente que pode ser especificamente identificada
por meios acústicos e atribuída a uma determinada fonte sonora;
• Ruído residual: o ruído ambiente a que se suprimem um ou mais ruídos particulares, para uma
situação determinada;
• Indicador de ruído: o parâmetro físico-matemático para a descrição do ruído ambiente que tenha
uma relação com um efeito prejudicial na saúde ou no bem-estar humano;

• Indicador de ruído diurno-entardecer-noturno (Lden): o indicador de ruído, expresso em dB(A),


associado ao incómodo global, dado pela expressão:

Em que Ld corresponde ao indicador de ruído diurno, Le ao indicador de ruído do entardecer e o Ln ao


indicador de ruído noturno.

• Mapa de ruído: o descritor do ruído ambiente exterior, expresso pelos indicadores Lden e Ln,
traçado em documento onde se representam as isófonas e as áreas por elas delimitadas às quais
corresponde uma determinada classe de valores expressos em dB(A);
• Período de referência: o intervalo de tempo a que se refere um indicador de ruído, de modo a
abranger as atividades humanas típicas, delimitado nos seguintes termos:
i. Período diurno — das 7 às 20 horas;
ii. Período do entardecer — das 20 às 23 horas;
iii. Período noturnos — das 23 às 7 horas.
• Zona mista: a área definida em plano municipal de ordenamento do território, cuja ocupação
seja afeta a outros usos, existentes ou previstos, para além dos referidos na definição de zona
sensível;
• Zona sensível: a área definida em plano municipal de ordenamento do território como
vocacionada para uso habitacional, ou para escolas, hospitais ou similares, ou espaços de lazer,
existentes ou previstos, podendo conter pequenas unidades de comércio e de serviços
destinadas a servir a população local, tais como cafés e outros estabelecimentos de restauração,
papelarias e outros estabelecimentos de comércio tradicional, sem funcionamento no período
noturno;

• Zona urbana consolidada: a zona sensível ou mista com ocupação estável em termos de
edificação.

A01 | 44 ISEP – Mestrado em Engenharia Civil


LEGISLAÇÃO APLICÁVEL

As Câmaras Municipais têm o dever de estabelecer nos planos municipais a classificação, delimitação e
disciplina das zonas sensíveis e mistas.

Em função da classificação de uma zona como mista ou sensível, devem ser respeitados os seguintes
valores limite de exposição:

Tabela 12 - valores limites de exposição

No caso de se tratarem de recetores sensíveis isolados não integrados em zonas classificadas (o que pode
acontecer no projeto de condicionamento acústico de um edifício), são equiparados, em função dos usos
existentes na sua proximidade, a zonas sensíveis ou mistas. Até à sua classificação, aplicam-se aos
recetores sensíveis os valores limite de Lden ≤ 63dB(A) e Ln ≤ 53dB(A).

Este regulamento, estabelece ainda que a utilização ou alteração da utilização de edifícios e suas frações
está sujeita à verificação do cumprimento do projeto acústico a efetuar pela CM, no âmbito do respetivo
procedimento de licença ou autorização da utilização, podendo a CM exigir a realização de ensaios
acústicos.

3.2 REGULAMENTO DOS REQUISITOS ACÚSTICOS DOS EDIFÍCIOS - RRAE

O Regulamento Geral do Ruído, Decreto-Lei n.º 9/2007, de 17 de Janeiro, refere no seu artigo 12º que os
requisitos acústicos dos edifícios são fixados nas disposições legais e regulamentares aplicáveis, ou seja,
no Decreto-Lei nº 96/2008, de 9 de Junho - Regulamento dos Requisitos Acústicos dos Edifícios (RRAE).

Este regulamento apresenta algumas definições, tais como;

• Tempo de reverberação, T: intervalo de tempo necessário para que a energia volúmica


do campo sonoro de um recinto fechado se reduza a um milionésimo do seu valor inicial;

ISEP – Mestrado em Engenharia Civil 45


CAPÍTULO 3

• Isolamento sonoro a sons de condução aérea, padronizado, D2m,nT: diferença entre o


nível médio de pressão sonora exterior, medido a 2m da fachada do edifício (L 1,2m), e o nível
médio de pressão sonora medido no local de receção (L2), corrigido da influência das condições
de reverberação do compartimento recetor, segundo a expressão:

Na qual:

T2 – é o tempo de reverberação do compartimento recetor, em segundos, e

To – é o tempo de reverberação de referência, em segundos; para compartimentos de habitação ou


com dimensões comparáveis, To = 0,5s (…);

• Isolamento sonoro a sons de condução aérea, padronizado, DnT: diferença entre o nível médio
de pressão sonora medido no compartimento emissor (L1) produzido por uma ou mais fontes sonoras, e
o nível médio de pressão sonora medido no compartimento recetor (L2), corrigido da influência das
condições de reverberação do compartimento recetor, segundo a expressão:

• Nível sonoro de percussão padronizado, L’nT: nível sonoro médio (Li) medido no
compartimento recetor, proveniente de uma excitação de percussão normalizada exercida sobre

um pavimento, corrigido da influência das condições de reverberação do compartimento recetor,


segundo a expressão:

• Nível de avaliação padronizado, LAr,nT: o nível sonoro contínuo equivalente, ponderado A,


durante um intervalo de tempo especificado, adicionado da correção devida às características
tonais do ruído, K, e corrigido da influência das condições de reverberação do compartimento
recetor, segundo a expressão:

• Termo de adaptação, C ou Ctr: correção definida na EN ISO 717-1, função das características
espectrais do ruído na emissão, a anexar ao índice de isolamento sonoro a sons de condução
aérea.

A01 | 46 ISEP – Mestrado em Engenharia Civil


LEGISLAÇÃO APLICÁVEL

Os edifícios e as suas frações que se destinem a usos habitacionais ou que, para além daquele uso, se
destinem também a comércio, indústria, serviços ou diversão, estão sujeitos ao cumprimento dos
seguintes requisitos acústicos:

Tabela 13 - exigências regulamentares - D2m,nT,w

Se os valores limite de exposição para zonas sensíveis e mistas, forem excedidos em não mais de 5 dB(A)
deve ser considerado um acréscimo isolamento sonoro a sons aéreos para o exterior de quartos e zonas
de estar de 3 dB.

Quando a área translucida for superior a 60% do elemento de fachada em análise, deve ser adicionado
ao índice D2m,nT,w um termo de adaptação C ou Ctr, conforme o tipo de ruído dominante na emissão,
mantendo-se os limites da tabela acima.

Tabela 14 - exigências regulamentares - DnT,w

ISEP – Mestrado em Engenharia Civil 47


CAPÍTULO 3

Tabela 15 - exigências regulamentares – L’nT,w

Tabela 15 - exigências regulamentares - LA,nT

Aos edifícios situados em zonas históricas que sejam objeto de ações de reabilitação, mantendo uma
das vocações de uso previstas no presente artigo e a mesma identidade patrimonial, podem aplicar-se
os requisitos constantes nas tabelas 15 e 16, com uma tolerância de 3dB.

A01 | 48 ISEP – Mestrado em Engenharia Civil


ESTUDO DE CASO – EDIFÍCIO NA RUA DA ALEGRIA

4 ESTUDO DE CASO – EDIFÍCIO NA RUA DA ALEGRIA

4.1 DESCRIÇÃO DO EDIFÍCIO

Figura 35 - implantação do edifício e envolvente

O edifício localiza-se na esquina das ruas da Alegria e prof. Correia de Araújo, Porto, concelho do Porto,
com acesso à cota aproximada de altura 152m.

Figura 34 - alçado (rua da Alegria)

ISEP – Mestrado em Engenharia Civil 49


CAPÍTULO 4

Figura 37 - alçado (rua prof. Correia de Araújo)

Figura 36 - corte esquemático do edifício

Toma-se o piso do rés-do-chão como referência (cota 152m) havendo portanto dois pisos subterrâneos.

A01 | 50 ISEP – Mestrado em Engenharia Civil


ESTUDO DE CASO – EDIFÍCIO NA RUA DA ALEGRIA

4.1.1 Piso recuado

Figura 38 - planta baixa do piso recuado

O piso recuado (cota em altura: 167,75m) apresenta dois apartamentos sendo eles um de cada tipo T2/T3;
possui dois elevadores. É classificado como um piso recuado pois parte da área útil dos pavimentos
anteriores é encontrada como terraço nesse pavimento. A tabela a seguir apresenta os dados referentes
as áreas dos cômodos de cada apartamento e das áreas comuns do pavimento.

Tabela 16 - quadro de áreas do piso recuado

ISEP – Mestrado em Engenharia Civil 51


CAPÍTULO 4

4.1.2 Piso 2º, 3º e 4º andar (tipo)

Figura 39 - planta dos pavimentos-tipo

Estes pisos possuem 3 apartamentos cada, sendo 2 deles T3 e outro T2; possui dois elevadores. A tabela
a seguir apresenta os dados referentes as áreas dos cômodos de cada apartamento e das áreas comuns
do pavimento.

Tabela 17 - quadro de áreas dos pavimentos-tipo

A01 | 52 ISEP – Mestrado em Engenharia Civil


ESTUDO DE CASO – EDIFÍCIO NA RUA DA ALEGRIA

4.1.3 Piso do 1º andar

Figura 40 - planta do primeiro andar

O 1° andar do edifício possui 3 residências, sendo elas uma do tipo T2 e as outras duas do tipo T3. Além
dos apartamentos e áreas comuns o pavimento apresenta terraços não existentes nos pavimentos
superiores. Possui dois elevadores. A tabela a seguir apresenta os dados referentes as áreas dos cômodos
de cada apartamento e das áreas comuns do pavimento.

Tabela 18 - quadro de áreas do primeiro andar

ISEP – Mestrado em Engenharia Civil 53


CAPÍTULO 4

4.1.4 Piso do rés-do-chão

Figura 41 - planta do rés-do-chão

O rés-do-chão do edifício apresenta três estabelecimentos comerciais com acessos para o passeio de
peões, cada um com casa de banho, um acesso comum e dois elevadores. A tabela a seguir apresenta os
dados referentes as áreas dos cômodos de cada apartamento e das áreas comuns do pavimento.

Tabela 19 - quadro de áreas do rés-do-chão

A01 | 54 ISEP – Mestrado em Engenharia Civil


ESTUDO DE CASO – EDIFÍCIO NA RUA DA ALEGRIA

4.1.5 Piso da cave

Figura 42 - planta da cave

Este pavimento apresenta: zonas para estacionamento dos automóveis, arrumos, zonas para circulação
de automóveis/pedestres, elevadores e caixas de escada. A tabela a seguir apresenta os dados referentes
as áreas dos cômodos de cada apartamento e das áreas comuns do pavimento.

Tabela 20 - quadro de áreas da cave

ISEP – Mestrado em Engenharia Civil 55


CAPÍTULO 4

4.1.6 Piso da sub-cave

Figura 43 - planta da sub-cave

A única diferença entre este piso e a cave está na presença da cisterna e grupo de bombagem.

Tabela 21 - quadro de áreas da sub-cave

A01 | 56 ISEP – Mestrado em Engenharia Civil


ESTUDO DE CASO – EDIFÍCIO NA RUA DA ALEGRIA

4.2 CARACTERIZAÇÃO ACÚSTICA DO LOCAL

A Câmara Municipal do Porto, no documento Plano Municipal de Redução do Ruído 2.0, classifica duas
divisões principais:

• Zona mista – a área definida em plano municipal de ordenamento do território, cuja ocupação
seja afeta a outros usos, existentes ou previstos, para além dos referidos na definição de zona
sensível;

• Zona sensível – a área definida em plano municipal de ordenamento do território como


vocacionada para uso habitacional, ou para escolas, hospitais ou similares, ou espaços de lazer,
existentes ou previstos, podendo conter pequenas unidades de comércio e de serviços destinadas
a servir a população local, tais como cafés e outros estabelecimentos de restauração, papelarias
e outros estabelecimentos de comércio tradicional, sem funcionamento no período noturno.

Modelaram-se dois mapas de ruído, tendo sua representação gráfica sido estabelecida sob a forma de
dois indicadores, Lden e Ln, e de acordo com as classes acústicas e palete de cores definidas pelas diretivas
para elaboração de mapas de ruído da Agência Portuguesa do Ambiente (APA).

Os indicadores supracitados são:

• Indicador de ruído diurno-entardecer-noturno, Lden – é o indicador de ruído, expresso em dB(A),


associado ao incómodo global, dado pela expressão:

Figura 44 - mapa de ruído de 2014 (indicador: Lden)

ISEP – Mestrado em Engenharia Civil 57


CAPÍTULO 4

• Indicador de ruído Noturno, Ln – é o nível sonoro médio de longa duração, conforme definido na
Norma NP 1730-1:1996, ou na versão atualizada correspondente, determinado durante uma série de
períodos noturnos representativos de um ano.

Figura 45 - mapa de ruído de 2014 (indicador: Ln)

Por fim, tem-se a classificação de zonas a seguir, na qual percebe-se que o edifício encontra-se em uma
zona mista (na carta, as zonas sensíveis encontram-se a rosa).

Figura 46 - carta de classificação de zonas de 2020

A01 | 58 ISEP – Mestrado em Engenharia Civil


ESTUDO DE CASO – EDIFÍCIO NA RUA DA ALEGRIA

4.3 ANÁLISES PRELIMINARES

Para proceder uma análise prévia de determinados ambientes-chave do edifício, utilizou-se a ferramenta
online Calculadora Acústica KNAUF AMF, utilizada para efetuar cálculos de tempos de reverberação e
planejar a acústica de salas. Este aplicativo de cálculo acústico pode ser encontrado em:
https://www.knaufamf.com/pt/documentos-e-ferramentas/ferramentas/calculadora-de-
acustica/index.php

4.3.1 Estabelecimento comercial 1 (rés-do chão)

O relatório automático da sala apresentou:

Figura 47 – análise acústica preliminar (estabelecimento comercial 1)

ISEP – Mestrado em Engenharia Civil 59


CAPÍTULO 4

Neste passo preliminar, utilizaram-se as seguintes soluções de isolamento acústico:

Figura 48 - isolamento acústico preliminar (estabelecimento comercial 1)

4.3.2 Estabelecimento comercial 2 (rés-do chão)

O relatório automático da sala apresentou:

A01 | 60 ISEP – Mestrado em Engenharia Civil


ESTUDO DE CASO – EDIFÍCIO NA RUA DA ALEGRIA

Figura 50 - análise acústica preliminar (estabelecimento comercial 2)

Neste passo preliminar, utilizaram-se as seguintes soluções de isolamento acústico:

Figura 49 - isolamento acústico preliminar (estabelecimento comercial 2)

ISEP – Mestrado em Engenharia Civil 61


CAPÍTULO 4

4.3.3 Estabelecimento comercial 3 (rés-do chão)

O relatório automático da sala apresentou:

Figura 51 - análise acústica preliminar (estabelecimento comercial 3)

A01 | 62 ISEP – Mestrado em Engenharia Civil


ESTUDO DE CASO – EDIFÍCIO NA RUA DA ALEGRIA

Neste passo preliminar, utilizaram-se as seguintes soluções de isolamento acústico:

Figura 52 - isolamento acústico preliminar (estabelecimento comercial 3)

4.3.4 Áreas comuns (rés-do chão)

O relatório automático deste ambiente apresentou:

ISEP – Mestrado em Engenharia Civil 63


CAPÍTULO 4

Figura 54 - análise acústica preliminar (áreas comuns - RDC)

Neste passo preliminar, utilizaram-se as seguintes soluções de isolamento acústico:

Figura 53 - isolamento acústico preliminar (áreas comuns - RDC)

A01 | 64 ISEP – Mestrado em Engenharia Civil


ESTUDO DE CASO – EDIFÍCIO NA RUA DA ALEGRIA

4.3.5 Quarto 3 (1º andar)

O relatório automático do quarto apresentou:

Figura 55 - análise acústica preliminar (quarto 3 - 1º andar)

ISEP – Mestrado em Engenharia Civil 65


CAPÍTULO 4

Neste passo preliminar, utilizou-se a seguinte solução de isolamento acústico:

Figura 56 - isolamento acústico preliminar (quarto 3 - 1º andar)

4.3.6 Cozinha (1º andar)

O relatório automático da cozinha apresentou:

A01 | 66 ISEP – Mestrado em Engenharia Civil


ESTUDO DE CASO – EDIFÍCIO NA RUA DA ALEGRIA

Figura 58 - análise acústica preliminar (cozinha - 1º andar)

Neste passo preliminar, utilizou-se a seguinte solução de isolamento acústico:

Figura 57 - isolamento acústico preliminar (cozinha - 1º andar)

ISEP – Mestrado em Engenharia Civil 67


CAPÍTULO 4

4.3.7 Zona comum (tipo)

O relatório automático da zona comum apresentou:

Figura 59 - análise acústica preliminar (zona comum - tipo)

A01 | 68 ISEP – Mestrado em Engenharia Civil


ESTUDO DE CASO – EDIFÍCIO NA RUA DA ALEGRIA

Nesse passo preliminar, utilizou-se a seguinte solução de isolamento acústico:

Figura 60 - isolamento acústico preliminar (zona comum - tipo)

4.3.8 Sala (tipo)

O relatório automático da sala apresentou:

ISEP – Mestrado em Engenharia Civil 69


CAPÍTULO 4

Figura 62 - análise acústica preliminar (sala - tipo)

Nesse passo preliminar, utilizaram-se as seguintes soluções de isolamento acústico:

Figura 61 - isolamento acústico preliminar (sala - tipo)

A01 | 70 ISEP – Mestrado em Engenharia Civil


ESTUDO DE CASO – EDIFÍCIO NA RUA DA ALEGRIA

4.3.9 Instalações sanitárias (tipo)

O relatório automático da sala apresentou:

Figura 63 - análise acústica preliminar (instalações sanitárias - tipo)

ISEP – Mestrado em Engenharia Civil 71


CAPÍTULO 4

Nesse passo preliminar, utilizou-se a seguinte solução de isolamento acústico:

Figura 64 - isolamento acústico preliminar (instalações sanitárias - tipo)

Após estes testes preliminares com ambientes-chave da edificação, foi possível elaborar o projeto
acústico, com base em bibliografia de referência, que se encontra anexo a este documento.

A01 | 72 ISEP – Mestrado em Engenharia Civil


ESTUDO DE CASO – EDIFÍCIO NA RUA DA ALEGRIA

4.4 EXEMPLOS DE SOLUÇÕES A SEREM ADOTADAS

4.4.1 Paredes

• Parede 1: parede dupla de alvenaria de tijolo, com espessura igual a 15cm cada pano, integrando
caixa de ar com a espessura de 11cm. A parede dupla é revestida nas duas faces exteriores, com
argamassa de reboco com espessura de 1cm. Na caixa de ar estão colocadas placas rígidas de fibras de lã
de rocha aglutinadas com resina termo-endurecida, com massa volúmica de 70kg/m³ e espessura de
40mm.

Figura 65 - características da parede 1

ISEP – Mestrado em Engenharia Civil 73


CAPÍTULO 4

• Parede 2: parede dupla de alvenaria de tijolo, com 15cm de espessura nominal, revestida
com argamassa de reboco, com 1cm de espessura, rebocada em uma das faces. Na face oposta
estão dispostas placas de gesso cartonado de 13mm de espessura, formando o conjunto um
sistema duplo, com caixa de ar de 11cm, onde estão colocadas placas rígidas de fibras de lã de
rocha aglutinadas com resina sintética termo-endurecida den 40kg/m³ e espessura de 40mm.

Figura 66 - características da parede 2

A01 | 74 ISEP – Mestrado em Engenharia Civil


ESTUDO DE CASO – EDIFÍCIO NA RUA DA ALEGRIA

• Parede 3: divisória leve, constituída por placas de gesso cartonado (espessura de 13mm),
formando sistema sistema de compartimentação duplo, com caixa de ar de 15cm de espessura.
As placas de gesso cartonado estão fixadas (com parafusos adequados) a uma estrutura metálica
colocada internamente a fim de estabelecer o sistema duplo. Na caixa de ar estão colocadas
placas rígidas de fibras de lã de rocha aglutinadas com resina sintética termo-endurecida, com
massa volúmica de 70kg/m³ e espessura de 40mm.

Figura 67 - características da parede 3

ISEP – Mestrado em Engenharia Civil 75


CAPÍTULO 4

4.4.2 Pisos

• Piso 1: sistema flutuante constituído por lajeta de betão de 0,04m de espessura,


armada com malha electrosoldada, integrando revestimento de piso final (alcatifa
industrial) com 6mm de espessura, disposto sobre camada resiliente constituída por feltro
de betume oxidado, que integra granulado de cortiça na sua face inferior.

∆Lw = 27 dB (conforme EN ISO 717-2)

∆Lw = 27 dB, referido ao pavimento de referência: EN ISO 717-2

Figura 68 - características do piso 1

A01 | 76 ISEP – Mestrado em Engenharia Civil


ESTUDO DE CASO – EDIFÍCIO NA RUA DA ALEGRIA

• Piso 2: sistema flutuante constituído por lajeta de betão de 0,04m de espessura,


armada com malha electrosoldada, integrando revestimento de piso final (ladrilhos
cerâmicos designados comercialmente por “Revigrés”) com 5mm de espessura, colado
com cimento, disposto sobre camada resiliente constituída por feltro de betume oxidado,
que integra granulado de cortiça na sua face inferior.

∆Lw = 22 dB (conforme EN ISO 717-2)

∆Lw = 18 dB, referido ao pavimento de referência: EN ISO 717-2

Figura 69 - características do piso 2

ISEP – Mestrado em Engenharia Civil 77


CAPÍTULO 4

• Piso 3: sistema flutuante constituído por lajeta de betão de 0,04m de espessura,


armada com malha electrosoldada, integrando revestimento de piso final (tacos de
madeira designados comercialmente por “Jatoba”) com 10mm de espessura, colados com
cola de uso corrente para este tipo de aplicações, o qual assenta em camada resiliente
constituída por feltro de betume oxidado, que integra granulado de cortiça na sua face
inferior.

• ∆Lw = 24 dB (conforme EN ISO 717-2)

• ∆Lw = 19 dB, referido ao pavimento de referência: EN ISO 717-2

Figura 70 - características do piso 3

A01 | 78 ISEP – Mestrado em Engenharia Civil


ESTUDO DE CASO – EDIFÍCIO NA RUA DA ALEGRIA

4.4.3 Forros

Forro 1: sistema de tecto falso subjacente a laje de betão armado com 14cm de espessura, com várias
espessuras de caixa de ar, integrando placas rígidas de fibras de lã de rocha aglutinadas com resina termo-
endurecida, com massa volúmica de 40kg/m³ e espessura de 5cm.

Figura 71 - características do forro 1

ISEP – Mestrado em Engenharia Civil 79


CAPÍTULO 5

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A proposta de elementos de isolamento acústico integrados à construção permitiu comprovar a


necessidade de integrar-se a dimensão do conforto acústico nos projetos de engenharia, bem como
compreender a complexidade desta demanda.

A equipa compreendeu tal importância e perseguirá em oportunidades futuras aprofundar tais projetos,
através de programas específicos e maior prática com os modelos matemáticos e legislação pertinentes.

A01 | 80 ISEP – Mestrado em Engenharia Civil


6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Abreu, S. (2014). Análise do Desempenho Acústico de Elementos Construtivos na Reabilitação de


Edifícios. Instituto Superior de Engenharia do Porto

Campeão, J. (2022) Apontamentos de Conforto Térmico e Acústico das Edificações. Instituto Politécnico
do Porto ALVES, T. M. (2013). Alterações climáticas: cenários socioeconómicos para a Ria de
Aveiro. (Dissertação de Mestrado). Aveiro: Universidade de Aveiro.

Barbosa, B. T. (2014). Dimensionamento de soluções de vigas pré-esforçadas por pós-tensão, pré-


fabricadas in situ para tabuleiros de pontes e viadutos. Instituto Superior de Engenharia do
Porto.

Brito, J. C. (2003). Muros de suporte especiais. Instituto Superior Técnico.

BURTON, N. W., & al, e. (2009). Toward a definition of verbal reasoning in higher education: Research
report. Princeton: Educational Testing Service.

Cunha, F. N. (2010). Dimensionamento de tabuleiros de pontes com vigas de betão pré-fabricado.


Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

Instituto Português da Qualidade. (1994). NP 405-1 Informação e Documentação - Referências


bibliográficas : documentos impressos. Monte da Caparica.

Marinho, D. d. (2012). Métodos construtivos de pontes. Instituto Superior de Engenharia do Porto .

Villacitá, Lda. (junho de 2016). Requalificação Urbana de E.N.237 desclassificada (Alto do Cabaço/Barco)
- 2º Fase. Memória descritiva cálculos. Pombal.

ISEP – Mestrado em Engenharia Civil

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