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Ciência:

pesquisa, métodos e
normas

Sandro Dau
Ciência:
pesquisa, métodos e
normas

2a edição revista e ampliada

Editora Alexandria
Copyright by Sandro Dau

Editoração, arte e impressão


Editora Alexandria

Revisão
Rodrigo Tostes Geoffroy

Ficha catalográfica

D235c Dau, Sandro.


Ciência/ Sandro Dau. – Juiz de Fora:
Alexandria, 2006, 184 p. 155: il. Rev., Amp.
1.Metodologia de pesquisa. 2.
Metodologia científica. I. Título.

Capa
Litografia Drawing hands (1948) de Maurits
Cornelius Escher.
“Depois de observado por muitas experiências, parece-
me ser esta a condição humana em relação às coisas
intelectuais: quanto menos entende-se e sabe-se, com
tanta mais força quer-se discutir; e, pelo contrário, mais
coisas são conhecidas menor é tendência de discutir
resolutamente sobre qualquer novidade.”
Galileu Galilei
Dedicado a André Gomes Dau e a Arthur Gomes Dau.
Sumário
Apresentação ............................................................ 15

Capítulo I
Leitura de textos técnico-científicos........................ 17
1.1. Diferenças entre explicação e comentário ........ 19

Capítulo II
Metodologia ............................................................... 21

Capítulo III
Ciência e teoria .......................................................... 26
3.1. Ciência ............................................................. 26
3.1.1. Métodos da Ciência ................................... 31
3.1.2. Características da Ciência ......................... 33
3.1.3. Generalizações científicas ......................... 34
3.1.4. Interesse da ciência ................................... 34
3.1.5. Elementos da ciência ................................. 34
3.1.6. Objeto da ciência ....................................... 38
3.1.7. Objetivo da ciência..................................... 38
3.1.8. Objetividade da ciência .............................. 38
3.1.9. Devemos evitar os preconceitos ................ 39
3.1.10. Análise científica ...................................... 43
3.2. Teoria ............................................................... 44
3.2.1. Valor da teoria ........................................... 45
3.2.2. Crítica à teoria ........................................... 46
Capítulo IV
Conceitos ................................................................... 47
4.1. Natureza dos conceitos .................................... 49
4.2. O que são os conceitos .................................... 49
4.3. Origem dos conceitos ....................................... 50
4.4. Uso dos conceitos ............................................ 50
4.5. Importância dos conceitos ................................ 51

Capítulo V
Verdade ...................................................................... 53
5.1. Três tipos de verdades científicas..................... 54
5.2. Tipos de ciências sociais .................................. 56
5.3. Quatro tipos de referências da verdade em
relação aos fatos ..................................................... 57
5.4. Quatro espécies de relações do espírito com a
verdade ................................................................... 57
5.5. Seis critérios reveladores da verdade do espírito
................................................................................ 59

Capítulo VI
Pesquisa científica .................................................... 62
6.1. Divisão da pesquisa.......................................... 62
6.1.2. Pesquisa metodológica .............................. 64
6.1.3. Pesquisa empírica ..................................... 64
6.1.4. Pesquisa prática ........................................ 65
6.2. Como pesquisar ............................................... 65
6.3. Objetivo da pesquisa ........................................ 66
Capítulo VII
Esquema .................................................................... 68
7.1. Utilidade do esquema ....................................... 68
7.2. Objetivo do esquema ........................................ 68
7.3. Características do esquema ............................. 69
7.4. Recursos para se fazer um esquema ............... 69

Capítulo VIII:
Resumos - NBR 6028 ................................................ 71
8.1. Aspectos principais de um resumo ................... 71
8.2. Tipos de resumos ............................................. 71
8.3. Conteúdo do resumo ........................................ 72
8.4. Tamanho dos resumos ..................................... 72
8.5. Como resumir ................................................... 72
8.6. Como não resumir ............................................ 73

Capítulo IX
Resenha crítica - NBR 6023 ...................................... 74
9.1. Estrutura formal da resenha ............................. 74

Capítulo X
Fichamentos .............................................................. 77
10.1. Composição da ficha ...................................... 77
10.2. Tipos de fichas ............................................... 77
10.2.1. Fichamento de uma obra inteira.............. 77
10.2.2. Fichamento de parte de uma obra ........... 79
10.2.3. Ficha tipo citação: .................................... 80
10.2.4. Ficha tipo esboço ..................................... 81

Capítulo XI
Como apresentar citações - NBR 10520 .................. 83
11.1. Termos latinos ................................................ 83
11.1.1. Idem ........................................................ 83
11.1.2. Ibidem ...................................................... 84
11.1.3.Opus citatum............................................. 84
11.1.4. Apud ........................................................ 85
11.2. Tipos de citações ............................................ 85
11.2.1. Citações curtas ........................................ 85
11.2.2. Citações longas ....................................... 86

Capítulo XII
Referências bibliográficas - NBR 6023 .................... 88
12.1. Objetivos das referências ............................... 88
12.2. Localização das referências ........................... 88
12.3.Tipos de referências ........................................ 90
12.3.1 Um autor escreveu a obra......................... 90
12.3.2. Dois autores escreveram a obra .............. 91
12.3.3. Três autores escreveram a obra .............. 92
12.3.4. Mais de três autores escreveram a obra .. 93
12.3.5. Vários os autores escreveram a obra....... 94
12.3.6. Notas de sala de aula .............................. 94
12.3.6. Notas de sala de aula .............................. 95
12.3.7. Monografias ............................................. 96
12.3.8. Monografia em meio eletrônico ................ 97
12.3.9. Periódicos ................................................ 98
12.3.10. Artigos de periódicos ............................. 99
12.3.11. Artigos de jornais ................................. 100
12.3.12. Artigos em meio eletrônico ................... 101
12.3.13. Documentos de eventos ...................... 102
12.3.14. Evento como um todo em meio eletrônico
.......................................................................... 103
12.3.15. Trabalho apresentado em evento ........ 104
12.3.16. Trabalho apresentado em evento em meio
eletrônico ........................................................... 105
12.3.17. Legislação............................................ 106
12.3.18 Jurisprudências ..................................... 107
12.3.19. Doutrinas ............................................. 108
12.3.20. Documentos jurídicos em meio eletrônico
.......................................................................... 109
12.3.21. Filmes, vídeos e DVDs......................... 110
12.3.22. Documento cartográfico ....................... 111
12.3.23. Documento cartográfico em meio
eletrônico ........................................................... 112
12.3.24. Documento sonoro............................... 113

Capítulo XIII
Projeto de pesquisa - NBR 15287 ........................... 114
13.1. Objetivos do projeto de pesquisa .................. 114
13.2. Conteúdo do projeto de pesquisa ................. 115
13.3. Elementos do projeto de pesquisa ............ 117
13.3.1. Capa do projeto ..................................... 118
13.3.2. Folha de rosto do projeto ....................... 119
13.3.3. Sumário ................................................. 120
13.3.4. Apresentação do projeto ........................ 121
13.3.5. Justificativa do projeto ........................... 122
13.3.6. Área de concentração ............................ 123
13.3.7. Natureza do projeto ............................... 123
13.3.8. Delimitação do assunto (tema)............... 123
13.3.9. Revisão da literatura .............................. 125
13.3.10. Problema (pergunta) ............................ 127
13.3.11. Hipótese(s) .......................................... 132
13.3.12. Procedimento....................................... 136
13.3.13. Análise dos dados................................ 136
13.3.14. Objetivos .............................................. 136
13.3.15. Conteúdo Programático da pesquisa ... 138
13.3.16. Metodologia ......................................... 139
13.3.17. Cronograma de execução .................... 140
13.3.18. Bibliografia básica ................................ 141
13.3.19. Anuência do orientador ........................ 142

Capítulo XIV
Elaboração de monografias.................................... 144
14.1. Definições de monografia ............................. 144
14.2. Importância da monografia ........................... 144
14.3. Características da monografia ...................... 145

Capítulo XV
Estrutura da Monografia ......................................... 147
15.1. Partes da monografia ................................... 147
15.1.1. Introdução .............................................. 147
15.1.2. Corpo do trabalho ou desenvolvimento .. 149
15.1.3. Conclusão .............................................. 152
15.1.4. Notas de rodapé .................................... 152
15.1.5. Bibliografia ............................................. 152
15.1.6. Outras orientações básicas.................... 153

Capítulo XVI
Trabalho acadêmico - NBR 14724 .......................... 154
16.1. Formato ........................................................ 154
16.2. Margens ....................................................... 154
16.3. Espaço entre as linhas ................................. 155
16.4. Numeração das páginas ............................... 155

Capítulo XVII
Estrutura formal da monografia ............................. 156
17.1. Elementos pré textuais ................................. 157
17.1.1. Capa ...................................................... 157
17.1.2. Anverso da folha de rosto ...................... 158
17.1.3. Verso da folha de rosto .......................... 159
17.1.4. Folha de aprovação ............................... 160
17.1.5. Dedicatória ............................................ 162
17.1.6. Agradecimento....................................... 163
17.1.7. Epígrafe ................................................. 164
17.1.8. Resumo em português ........................... 165
17.1.9. Resumo em língua estrangeira .............. 166
17.1.10. Lista de ilustrações .............................. 167
17.1.11. Lista de tabelas .................................... 168
17.1.12. Sumário ............................................... 169
17.2. Elementos textuais ....................................... 170
17.2.1. Introdução .............................................. 170
17.2.2. Desenvolvimento ................................... 170
17.2.3. Conclusão .............................................. 170
17.3. Elementos pós textuais ................................. 171
17.3.1. Bibliografia ............................................. 171
17.3.2. Glossário ............................................... 172
17.3.3. Apêndice................................................ 173
17.3.4. Anexo .................................................... 175
17.3.5. Índice ..................................................... 176
17.3.6. Contracapa ............................................ 177

Capítulo XVIII
Relatórios técnico-científicos - NBR 10719 ........... 178

Capítulo XIX
Artigo científico impresso em periódico - NBR 6022
.................................................................................. 182
19.1. Elementos pré textuais ................................. 183
19.2. Elementos textuais ....................................... 184
19.3. Elementos pós textuais ................................. 185
Bibliografia .............................................................. 186
15

Apresentação
O livro Ciência: pesquisa, métodos e normas não
pretende ser definitivo. Na verdade, esta obra é a
experiência advinda de um trabalho que se acredita
válido pela praticidade e objetividade oferecida àqueles
que desta se servirem.
No conjunto dos assuntos tratados neste manual,
houve a preocupação em abordar, de modo claro e
acessível para o leitor, as normas e os métodos que são
utilizados para se fazer Ciência. Procedeu-se, para tal, a
uma seleção de itens fundamentais, presentes no
quotidiano científico.
De início, o planejamento que norteou Pesquisa:
Ciência, métodos e normas teve como ponto de partida
uma divisão equilibrada em dezesseis capítulos, nos
quais se pode reconhecer cinco grandes temas.
O primeiro abrange a Ciência e seu interesse,
seus elementos, sua tarefa, fornecendo ao leitor uma
delimitação precisa sobre a matéria.
O segundo se ocupa da pesquisa e sua
metodologia. Aqui estão arrolados os tipos de
pesquisas, seus métodos específicos e o roteiro que
deve ser seguido, para se fazer uma pesquisa científica.
O terceiro tema abarca os tipos de textos
científicos, diferenciando-os quanto às suas estruturas e
quanto às suas aplicações.
O quarto tema trata das normas da ABNT, para
citações de autores e referências bibliográficas. A
abordagem é objetiva e prática, utilizando quadros
16

esquemáticos, nos quais o leitor visualiza todos os


elementos das citações e das referências.
Por último, o quinto grande tema compreende as
sugestões para se realizar um trabalho científico,
apresentando, ao leitor, a estrutura e a organização de
uma monografia.
Assim sendo, ao ensejo desta obra, os autores
acreditam estar prestando um auxílio aos alunos que
precisem elaborar trabalhos científicos, segundo os
parâmetros estabelecidos pela ABNT. E também a todos
aqueles que necessitarem de esclarecimentos, em
relação aos temas constantes neste livro.

Prof. Rodrigo Tostes Geoffroy


17

Capítulo I
Leitura de textos
teórico-científicos
Uma dificuldade apresenta-se constantemente
àqueles que estão entrando para o mundo da Ciência: a
não compreensão da linguagem utilizada na academia.
Por ser uma linguagem lógico-dedutiva, a mesma foge
ao entendimento da maioria dos estudantes.
No mundo acadêmico, saber ler é fundamental,
para se formar uma sólida base teórica. Essa afirmação
parece óbvia, visto que uma grande parcela dos
estudantes admite que sabe ler muito bem. Entretanto, a
experiência mostra que, às vezes, o desinteresse dos
alunos está ligado diretamente a não compreensão dos
textos técnicos, uma vez que, no entendimento desses
não se admite a imaginação e, menos ainda, a
experiência de vida dos leitores.
A grande dificuldade de se compreender um texto
científico encontra-se no fato dele ser apresentado, na
maioria das vezes, através do método dedutivo1. Por
esse motivo, torna-se relevante este capítulo, uma vez
que nele se encontram algumas técnicas de estudo
úteis.
Não se deve esquecer que a compreensão de um
texto é base da aprendizagem. Não obstante, a
aprendizagem torna-se um esforço desmotivante, para
alguns indivíduos, devido à falta de compreensão do
que se lê.

1
A dedução é o raciocínio puramente abstrato, no qual sua
inteligibilidade ocorre diretamente das proposições inerente ao texto.
18

Aí se encontra o empecilho para alguns


estudantes, visto que a leitura técnica é uma atividade,
como foi visto mais acima, na qual não pode entrar nem
a imaginação, nem as experiências, e, menos ainda, as
opiniões do leitor: “Nestes casos, conta-se tão-somente
com as possibilidades da Razão reflexiva, o que exige
muita disciplina intelectual para que a mensagem possa
ser compreendida com o devido proveito e para que a
leitura se torne menos insípida.”2 Quando se lê um texto
científico, é preciso que se conte somente com o poder
da Razão, para se conseguir o entendimento do
conteúdo.
Na ciência o conhecimento deve ser pautado pela
Razão, a qual utiliza argumentações universais.
Consequentemente suas conclusões podem ser
aplicadas a outros casos proporcionando uma
“previsibilidade” dos acontecimentos futuros, caso as
condições sejam mantidas.
A seguir, apresentam-se algumas diretrizes para
leitura de obras científicas: delimitar uma parte do texto
de sentido completo. É preciso compreendê-la e,
somente após isso, deve-se passar a outro item;
analisar o texto por inteiro, a fim de compreender seu
conteúdo, porém é uma leitura sem mais
aprofundamentos. Nesta fase, é aconselhável fazer um
esquema do texto, para que se possa ter uma visão
completa; tematizar o texto é o próximo passo. Aqui o
leitor apresentará suas dúvidas ao texto, visando a

2
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico.
a
13 ed.. São Paulo: Cortez, 1986, p. 48.
19

entendê-lo. Entender3 o texto é descobrir seu tema, ou


seja, o assunto que está sendo exposto: fazer uma
análise interpretativa, ou melhor, ultrapassar o que foi
escrito, perguntando ao autor sobre as ideias
apresentadas; problematizar o tema lido. Nesta etapa, o
leitor faz perguntas, a fim de realizar uma reflexão
particular; redigir uma síntese própria, em outras
palavras, é o momento da leitura em que o estudante
deve escrever o que entendeu do texto.

1.1. Diferenças entre explicação e


comentário
Uma explicação é uma resposta a uma pergunta.
Ela deve ser testada empiricamente, a fim que
possamos verificar como poderia ocorrer o fato4 a ser
explicado: “Explicar a ocorrência de um acontecimento
é, portanto, fazer o enunciado que o descreve derivar de
outros enunciados verdadeiros e empíricos, dos quais
pelo menos um há de ser lei geral. Mais resumidamente:
explicação é subsunção dedutiva a leis gerais.”5

3
É a explicação que nos faculta tomar consciência da situação.
4
“O que é ou acontece na medida em que é tomado como um dado
real da experiência, sobre o qual o pensamento se pode afundar.” In
LALANDE, André. Vocabulário Técnico e Crítico da Filosofia.
Tradução de Fátima Sá Correia et al. São Paulo: Martins Fontes,
1993, p. 388.
5
LAMBERT, K. e BRITTAN, G. G.. Introdução à Filosofia da Ciência.
São Paulo: Cultrix, 1972, pp. 46-7.
20

Explicação Comentário
Prevalece sobre o comentário Supõe uma explicação
É anterior ao comentário É posterior à explicação
Está a serviço do texto Interroga o texto
Parte do texto Parte do texto
Restringe-se ao texto Não se restringe ao texto

A seguir reproduzimos o “Esquema sobre as


diretrizes para a leitura, análise e interpretação de
textos”6, pois sua clareza possibilita-nos a compreensão
da atitude intelectual que o estudante deve ter frente a
uma obra científica:

6
SEVERINO, Antônio Joaquim. op. cit., p. 61.
21

Capítulo II
Metodologia
A metodologia estuda os métodos de se fazer
Ciência. Método é um conceito formado por dois radicais
gregos (meta = além; odos = caminho) significando,
literalmente, caminho além. Em outros termos, o método
é o caminho estabelecido por determinada ciência, a fim
de conseguir conhecimentos válidos por intermédio de
instrumentos confiáveis. Em linguagem mais acadêmica,
o método é o “conjunto dos processos de conhecimento
que constituem a forma de uma determinada ciência
[...].”7 Com menos formalidade, pode-se dizer que o
método é o caminho usado pelo pesquisador, para
tentar resolver um problema (pergunta, dúvida, questão,
dificuldade).
Uma característica marcante do método científico
é sua simplicidade: “Todo pensamento será formulado
tão clara e simplesmente quanto possível, o que só
pode ser efetuado mediante trabalho árduo.”8 E,
continua o autor: “o método da ciência consiste em
tentativas experimentais para resolver nossos
problemas por conjecturas que são controladas por
severa crítica.”9
Um método para ser denominado de científico
deve levar em consideração a: escolha de fenômenos

7
LIARD, L.. Lógica. São Paulo: Cia. Ed. Nac., 1979, p. 10.
8
POPPER, Karl. Lógica das Ciências Sociais. Rio de Janeiro: Tempo
Brasileiro, 1978, p. 39.
9
Ib., p. 16.
22

importantes; diversidade dos meios para se descobrir


uma lei.
O método tem os seguintes momentos:
investigação; transmissão; organização. O primeiro se
propõe a fazer novas descobertas; o outro tem como
objetivo transmiti-las: é, também, chamado de método
didático; por fim o método de organização visa à
sistematizar as pesquisas com a finalidade de se
conseguir uma maior eficiência.
Todo e qualquer método se apoia em dois pontos
básicos: reprodutibilidade; falsificabilidade. Com relação
àquela é necessário, para se ser científico, que os
resultados conseguidos sejam repetidos por outros
pesquisadores, os quais devem chegar ao mesmo
resultado, independente da época ou lugar.
A falsificabilidade é a característica, segundo a
qual é necessário criar diversas hipóteses que neguem
a afirmação, quanto mais essa se sustente mais ela é
considerada correta.
Com relação ao objeto o método pode ser:
racional; experimental. O método racional parte do fato
ou de proposição evidente. No primeiro caso tem-se a
Filosofia e no segundo a Matemática: há autores que o
denomina de método reflexivo.
O método experimental parte das experiências,
por isso é conhecido como método indutivo. Como
critério de validade tem-se a verificação dos dados
objetivos. Não é preciso dizer que esse método é
racional, visto que tem por base a reflexão. Ele tem
23

quatro fases: observação10; elaboração da hipótese;


experiência; generalização.
Existem vários métodos de se abordar um
problema, portanto compete ao estudante decidir qual o
melhor caminho (empírico; teórico; histórico; trabalho de
campo; trabalho de laboratório).
A metodologia é considerada um conjunto de
métodos, pelo qual se adquire o conhecimento
sistemático e exato do mundo "real", em oposição à
intuição, à especulação e às observações mais ou
menos casuais, embora não raro penetrantes, da
literatura, da filosofia, da teologia, etc.: “Em qualquer
campo de estudos, a substância a ser aprendida é que
deverá ditar o método de seu aprendizado. Jamais
poderá essa ordem ser trocada, ou seja, permitir-se que
uma prática ou um método predetermine a visão do
assunto.”11
Como podemos ver ela é importante, quando se
trata de fazer Ciência, porém a mesma é apenas um
instrumento, um meio para se pensar cientificamente,
mas não se pode ser extremista, e dizer que essa é
inútil. Ela tem relevância, dentro do mundo acadêmico,
visto que possibilita ao cientista perguntar sobre a
verdade, os limites, a extensão e o valor dos
conhecimentos apreendidos.

10
“Observação é a consideração atenta dos fatos com o objetivo de
descobrir-lhes as formas de comportamento e as causas. É um
primeiro passo para determinar o „como‟ e o „porquê‟ dos mesmos.”
In NERICI, Imideo G.. Introdução à Lógica. São Paulo: Nobel, 1971,
p. 122.
11
LIPSON, Leslie. Os Grandes Problemas da Ciência Política. Rio de
Janeiro: Zahar, 1976, p. 24.
24

Com uma boa metodologia, o cientista tem


condições de bem delimitar o objeto a ser estudado,
bem como lhe facilita a criatividade, no desenvolvimento
da pesquisa. Além disso, otimiza a capacidade do
cientista de entender o assunto que pesquisa: “O
objetivo da metodologia, que é uma praxiológica da
produção dos objetos científicos, é o de esclarecer a
unidade subjacente a uma multiplicidade de
procedimentos científicos particulares, ela ajuda a
desimpedir os caminhos da prática concreta da pesquisa
dos obstáculos que esta encontra.”12
A metodologia é o instrumento usado para fazer
ou definir a Ciência, logo a possibilidade de agir
cientificamente é saber utilizar esse instrumento.
Somente será um bom cientista aquele que souber
utilizar bem o instrumento da Ciência: a Lógica13,14.
Portanto, o seu conhecimento é sumamente importante,
para todo aquele que deseja ingressar no mundo da
ciência.
Os críticos ao método científico apontam três
limitações que ele apresenta: a indução pode não ser
válida para todos os casos; não se conseguir a

12
BRUYNE, Paul de. Dinâmica da Pesquisa em Ciências Sociais.
Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1977, p. 27.
13
“Lógica é a ciência que estuda as leis gerais do pensamento e a
arte de aplicá-las corretamente na ivestigação e demonstração da
verdade dos fatos.” In NERICI, Imideo G.. Introdução à Lógica. São
Paulo: Nobel, 1971, p. 16.
14
Nem todos os pensadores aceitam esse papel da lógica e alguns a
colocam em segundo plano: “A lógica não passa de uma técnica de
aplicação da psicologia como sublinha Husserl, ela não pode
pretender regulamentar a ciência, pois ela vem depois e não antes
da ciência; [...].” In MOLES, Abraham. A Criação Científica. São
Paulo: Perspectiva, 1971, p. 38.
25

inferência através dos fatos experimentados; a


inferência ser muito abstrata.
Apesar dessas críticas não devemos deixar de
afirmar que, rigorosamente falando, não existe uma
ciência, caso não seja precedida por um método: isso
não é uma novidade, visto que ele foi o guia do
pensamento científico desde o século XVI. Não se pode
esquecer que: “o que realmente interessa é a pesquisa.
Essa é a maior finalidade da Ciência. A metodologia é o
melhor caminho para se conseguir esse objetivo." 15
Dentro do ambiente acadêmico, a pesquisa é o objetivo,
mas, para se fazer Ciência, é imprescindível a utilização
de um método, pois a Ciência sem o método é
impossível.

15
DAU e DAU. Metodologia Científica. Juiz de Fora: Editar, 2001, p.
14.
26

Capítulo III
Ciência e teoria

3.1. Ciência
A ciência é o conhecimento que quantifica a
natureza, por outras palavras, é o conhecimento que
utiliza a matemática, para estudar a natureza. Nesse
mesmo sentido, podemos ainda, dizer que a ciência é a
matematização da natureza, transforma os dados da
natureza em números. O conceito ciência “deve ser
considerado o conjunto das aquisições intelectuais, de
um lado, das matemáticas, do outro, das disciplinas do
dado natural e empírico, fazendo ou não uso das
matemáticas, mas tendendo mais ou menos à
matematização.”16
A fim de definir mais esmiuçadamente esse
conceito podemos ainda dizer que: “é um sistema
teórico de desenvolvimento autônomo, quer dizer, que
se estrutura conforme critérios de coerência interna.
Mas se uma suposta verdade dessa estrutura for
contraditada (falseada) pela realidade, a própria
estrutura tem de ser reajustada.”17
A palavra ciência tem vários significados, contudo,
atualmente, a mesma é usada, basicamente, em dois
sentidos: é um corpo de conhecimento que tira sua
validade das experiências rigorosas, organizadas em
leis gerais. Por outras palavras, é qualquer corpo de
conhecimentos fundado em observações dignas de fé e

16
JAPIASSÚ, H. F.. Op. cit., pp. 15-6.
17
BORRÓN, Juan C. G.. A Filosofia e as Ciências. Lisboa: Teorema,
1988, p. 113.
27

organizado no sistema de proposições ou leis gerais; a


ciência é formada por um conjunto de métodos que
buscam sistematizar (organizar) o conhecimento sobre a
natureza.
Galileu Galilei (1564-1642) é um marco para a
história da ciência, porque foi um dos primeiros a usar o
método cientificamente, ou seja, das observações
particulares chegou a leis gerais, as quais lhe
facultavam a previsão dos acontecimentos futuros.
Estabeleceu seu papel ao afirmar que ela deve ter por
finalidade o questionamento das verdades inabaláveis
lançando dúvidas sobre seus fundamentos: “promover
aquelas dúvidas, que parecem abalar as opiniões
manifestadas até agora e propor alguma nova teoria
para examinar se existe alguma coisa, que possa
esclarecer e abrir o caminho rumo à verdade [...]”.18
A finalidade da ciência é a tentativa de
compreensão da natureza e do homem. Nesta tentativa,
os caminhos são múltiplos: uns mais árduos e outros
mais fáceis. Cabe à metodologia mostrar ao
pesquisador, qual o caminho mais fácil para se fazer
ciência.
O conhecimento científico tem sua origem na
preocupação do indivíduo em conseguir um
conhecimento, que ultrapasse suas necessidades
primárias e atinja um grau de organização que possa
fazer com que outros indivíduos tenham condições, por
meio de experiências, provar o que foi afirmado. Esse
conhecimento quer atingir um conhecimento seguro num
mundo mutável.

18
GALILEU. O Ensaiador. São Paulo: Nova Cultural, 1987, p. 63.
28

O primeiro passo para se produzir o


conhecimento científico é questionar a validade e
extensão dos conhecimentos existentes em sociedade.
Na ciência é a pergunta o ponto de partida, para se
substituir os conhecimentos existentes:

A investigação científica se inicia, portanto, (a) com a


identificação de uma dúvida, de uma pergunta que
ainda não tem resposta; (b) com o reconhecimento de
que o conhecimento existente é insuficiente ou
inadequado para esclarecer essa dúvida; (c) que é
necessário construir uma resposta para essa dúvida e
(d) que ela ofereça provas de segurança e de
confiabilidade que justifiquem a crença de ser uma boa
19
resposta (de preferência, que seja correta).

É comum aceitar que a ciência parte das


observações empíricas, mas que não se atém a elas
especificamente, pois seu objetivo é o geral. Isso é
evidente, porque um fato isolado é apenas um exemplo,
através do qual não se pode atingir a generalização
necessária às afirmações científicas. Diversos fatos
isolados não formam uma teoria científica, visto que
para se chegar a ela é preciso que haja uma elaboração
de diversas proposições, organizadas hierarquicamente,
desde o fato mais particular à afirmação mais geral.
A ciência surgiu pela primeira vez na Grécia, a
2700 anos, mais precisamente, na cidade de Mileto, na
região da Jônia (atualmente essa região faz parte da
Turquia). O primeiro cientista, de que se tem notícia, foi
Tales de Mileto (625-558 a.C.), e, desde o início, ele
estipulou que a ciência deveria procurar a ordem na

19 a
KÖCHE, J. C.. Fundamentos de Metodologia Científica. 19 ed.
Petrópolis: 2001, p. 30.
29

natureza, e que essa mesma ordem não se encontrava


na superfície das coisas.
A busca pelo conhecimento científico somente
será possível caso o indivíduo questione os
conhecimentos existentes tanto em sua validade, como
em sua extensão. Essa problematização é o ponto de
partida, para que se possa esquadrinhar as verdades
existentes no meio em que se está inserido.
A preocupação científica nasce no momento em
que o indivíduo busque um conhecimento, o qual
ultrapasse a simples satisfação de suas necessidades
quotidianas. Tal conhecimento deve ser sistematizado, a
fim de que os demais indivíduos possam comprovar o
que foi afirmado utilizando as experiências específicas.
Seu objetivo é a assunção de uma verdade a respeito
do mundo, no qual percebemos, por meio da
sensibilidade, uma complexa relação de coisas
mutáveis.
No mundo da ciência, sabe-se, hoje, que suas
verdades não são eternas, perfeitas e imutáveis.
Atualmente, os cientistas sabem que há uma
aproximação da verdade, mas que essa verdade não é
jamais alcançada por completo.
Aquele que entrou para um ambiente no qual se
trabalha com o pensamento científico (por exemplo uma
universidade) tem que estar consciente de que sua vida
será uma eterna busca pela verdade. Deve também
estar ciente de que, ao alcançar uma verdade, essa não
é um ponto de chegada, porém uma nova largada, no
aprofundamento sobre a verdade da natureza ou do
homem. É por isso que se diz que a ciência é um perene
caminhar.
30

A mesma é uma maneira de se investigar a


natureza e o homem, mas existem diversas maneiras de
se investigá-los: filosofia; religião; arte; ciência; etc:

Filosofia Religião Arte Ciência


Razão pura fé intuição Razão aplicada
verdade verdade verdade verdade
este mundo outro mundo este mundo este mundo
homem homem homem homem
inspiração inspiração inspiração inspiração
20
crítica não-crítica crítica crítica
objetiva subjetiva subjetiva objetiva

Todo conhecimento científico, para ser científico,


deve generalizar as experiências particulares. Não há
nada de novo nessa proposição, pois Aristóteles de
Estagira (384-322 a.C.) afirma que não existe ciência do
particular, mas só do geral. Essas generalizações
devem se submeter ao crivo das comprovações
experimentais: “Por meio de experiências repetidas,
mantendo-se constantes todos menos um dos possíveis
fatores que influenciam um fenômeno, podem-se isolar
causas e chegar a descobertas verificáveis em qualquer
laboratório do mundo.”21
Isso ocorre dessa maneira, visto que uma única
experiência não nos permite atingir a condição

20
Esse conceito em do grego krisis e significa julgamento. Ter uma
visão crítica de mundo é apenas fazer uma valoração a respeito do
que se estuda, entretanto para alguns sectários do marxismo, o
conceito adquiriu um sentido mágico, o qual se refere à capacidade
de compreensão dos truques da burguesia, a fim de enganar o
proletariado. No sentido kantiano, é o ato de fazer uma pergunta
sobre a possibilidade de se discutir uma questão, de modo livre e
público. Neste livro, crítica deverá ser entendida, no sentido kantiano.
21
BUTLER, D. E.. Comportamento Político. Rio de Janeiro: Laudes,
1958, p. 28.
31

fundamental da ciência que é a generalização.


Também, devemos insistir, que diversos fatos sem
relação entre si não constituem uma teoria científica,
porquanto essa somente é possível, quando podemos
elaborar proposições sistematizadas numa hierarquia:
partindo do simples devemos alcançar o geral (método
indutivo).
Portanto, compete dizer que o que se deseja com
a ciência é a conclusão generalizante sobre o tema
pesquisado, para tanto criam-se hipóteses
racionalmente elaboradas, com o intuito de orientar o
estudo. O conhecimento científico é resultado da relação
da inteligência (quando se serve de conceitos) com a
reflexão racional, a qual produz uma conclusão lógica.

3.1.1. Métodos da Ciência


Basicamente a Ciência tem dois métodos:
dedutivo; indutivo.

3.1.1.1. Método dedutivo


No método dedutivo, a preocupação maior do
pesquisador é demonstrar e justificar uma teoria, uma
análise, etc. Seus objetos são ideais, visto que são
abstrações. Quanto a seu propósito quer alcançar a
coerência, a não-contradição, ou seja, suas afirmações
não podem se contradizer. O ponto de partida de quem
utiliza esse método é o universal, e o ponto de chegada
é o particular. Com ele, quer-se provar racionalmente
uma proposição.
32

3.1.1.2. Método indutivo


Quanto ao método indutivo, pode-se dizer que o
mesmo procura provar empiricamente (através de
experiências) uma afirmação. O ponto de partida de
quem utiliza esse método é o particular (experiência) e o
ponto de chegada é o universal (geral).
Esse método, que é a base da ciência, recebe o
seu nome da forma de raciocínio denominada indução:
forma de conhecer segundo a qual, partindo de
elementos particulares chegamos, a um conhecimento
universal. Em outras palavras, podemos ainda afirmar
que a indução tem sua origem nas observações
rigorosas de fenômenos particulares, cujo objetivo é
atingir o maior grau de generalização possível.
A indução é composta de três etapas: observação
e análise dos fatos com intuito de descobrir as causas
de sua manifestação; comparação procurando encontrar
uma relação constante; generalização por intermédio da
qual estabelecemos uma relação entre os fatos
análogos.
Existem dois tipos de indução: formal; científica.
Esta, de acordo com Aristóteles, induz de alguns casos
ou mesmo de um único caso. Ela tem como base as
relações, as causas e as prováveis leis que regem o
dado.
No que diz respeito à indução formal podemos
dizer que ela simplesmente procura a generalização
pela enumeração de casos específicos.
A indução é regida por três relações gerais: do
essencial dos dados; dos fatos idênticos; da
quantificação dos elementos.
33

Os problemas tratados pelo método indutivo são


empíricos, ou seja, dizem respeito à experiência
sensível (visão, olfato, paladar, tato e audição),
entretanto o cientista deve ultrapassar o mundo do
sensível e atingir o plano lógico, o plano da teoria. É
utilizado sempre que o cientista deseja provar
empiricamente uma proposição.

3.1.2. Características da Ciência


A Ciência tem algumas características peculiares:
seus métodos são lógicos; seus resultados não são um
fim, mas um novo ponto de partida; suas verdades não
são eternas; seus conhecimentos devem unir a teoria
com a prática; suas experiências devem ser
cuidadosamente controladas pelo cientista (rigor
científico); seus resultados se voltam para o mundo
prático.
Um conhecimento, para ser científico, ainda deve
comportar os seguintes traços: classificar os
conhecimentos; descrever os fatos; explicar os
fenômenos; interpretar os diferentes casos; ser
autocorretivo; experimental; descritivo; particular;
cumulativo; operativo.
Outra característica da ciência é não admitir o
princípio de autoridade, o qual tem mais a ver com a
crença do que com a ciência e aquele que quer tornar-
se pesquisador deve dar azo às provas sobre o que se
disse e não deve se preocupar com quem disse.
Em resumo: O cientista deve ter sempre claro, em
seu pensamento, que não existe uma teoria definitiva na
ciência. Todo e qualquer conhecimento no âmbito da
ciência não é um ponto de chegada, mas um ponto de
34

partida. Quem quiser encontrar um conhecimento


absoluto sobre as coisas, não deve buscar a ciência,
todavia procurar outra forma de conhecer a natureza.

3.1.3. Generalizações científicas


As proposições, que constituem qualquer corpo de
conhecimento científico, são generalizações. Tais
generalizações não se referem a acontecimentos ou a
entidades individuais, senão a classes ou tipos de
fenômenos. As generalizações científicas devem estar
sujeitas, direta ou indiretamente, a comprovações
experimentais.

3.1.4. Interesse da ciência


As ciências se interessam pelo padrão, pelo
atributo ou característica partilhados, pelo que os
acontecimentos, os elementos, as árvores ou as coisas
tenham em comum. Toda ciência se funda na
suposição, tão claramente examinada e descrita pelos
gregos, de que existe uma "ordem na natureza" que o
homem pode descobrir.

3.1.5. Elementos da ciência


Toda ciência compõe-se de dois elementos
imprescindíveis: Razão22 (teoria); experiências23;24

22
“Conjunto de conhecimentos e de investigações com um suficiente
grau de unidade, de generalidade, e suscetíveis de trazer aos homens
que se lhe consagram conclusões concordantes, que não resultam nem
de convenções arbitrárias, nem de gostos ou interesses individuais que
lhes são comuns, mas de relações objetivas que se descobrem
gradualmente e que se confirmam através de métodos de verificação
definidos.” In LALANDE, André. Vocabulário Técnico e Crítico da
Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1993, p. 155.
35

(práticas). Assim, a ciência, não só como


conhecimento, mas também como método, tem dois
elementos essenciais: o racional e o empírico. Se o
conhecimento for baseado só na Razão, o mesmo é
chamado de Filosofia, mas, caso seja fundamentado
somente na experiência, ele é chamado de senso
comum. O conhecimento científico é resultado da
relação da inteligência (quando se serve de conceitos)
com a reflexão racional, a qual produz uma conclusão
lógica.
Assim, temos que o conhecimento pode ser
dividido em duas espécies: científico; empírico. Esse,
também chamado de vulgar ou espontâneo, tem como
base os sentidos. É um conhecimento desorganizado
que depende de cada sujeito cognoscente, bem como é
aplicado a cada coisa em particular. Por intermédio
desse conhecimento não vemos as relações existentes
entre as coisas no mundo. O importante nesse
conhecimento são as qualidades e não as quantidades.
Nele a aparência torna-se relevante, a subjetividade é a
regra e não é possível prever aspectos futuros, portanto
é um conhecimento que limita a ação do homem.
Esse é o conhecimento do homem ordinário e é a
forma mais simples de interpretação do mundo. É um
conhecimento que não se preocupa com elaborações
lógicas complexas, mas sim com a solução de
problemas práticos do quotidiano. Não é um

23
É o conhecimento do mundo externo, que ocorre através dos
sentidos (olfato, visão, tato, paladar, audição).
24
Sentidos: “São as impressões recebidas das coisas que fornecem
o conhecimento, mas de modo superficial, sem ligação uma com as
outras.”NERICI, Imideo G.. Op. cit., p. 105.
36

conhecimento que procure as causas do fenômeno,


mas somente seu porquê: “Através de milhares de anos
de aperfeiçoamento e modificações, o conjunto de
generalizações da experiência começa a constituir um
„núcleo compacto de crenças‟ que „parecem quase
evidentes por si‟. Assim, nesse modo prático de
conhecer, a generalização indutiva formula-se
conceptualmente como uma lei. A sua forma mais geral
é uma formulação universal e abstracta do tipo „sempre
que ocorre x, ocorre y‟.”25
No conhecimento via senso comum existe uma
regra geral indicadora do caminho a seguir, entretanto
ele não se serve de um método rigoroso em sua
aplicação, o que pode levar a resultados diferentes: “Na
origem, o senso comum leva-nos a considerar as coisas
e o mundo sensível como existentes fora de nós, de tal
forma que as nossas ideias não são mais que suas
imagens fieis.”26
O conhecimento científico quer explicar os fatos
por intermédio das possíveis causas e pelas leis. Este
conhecimento tem duas funções: especulativa; prática.
A primeira visa à descoberta de novas relações de
causalidade; ao passo que a segunda tem como objetivo
a utilização do conhecimento teórico na resolução de
problemas da vida do dia a dia.
Esse conhecimento parte do pressuposto de que o
método racional contribui para se conhecer a natureza,

25
BORRÓN, Juan C. G.. A Filosofia e as Ciências. Lisboa: Teorema,
1988, p. 112.
26
BROCHARD, V. Do Erro. Coimbra: Atlântida, 1971, p. 09.
37

o homem e as relações dos homens entre si e com a


natureza.
A ciência parte das experiências, não obstante
procura ultrapassá-las, uma vez que seu objetivo é a
generalização de seus resultados. O que se deseja com
ela é a conclusão generalizante sobre o tema
pesquisado, para tanto criam-se hipóteses
racionalmente elaboradas, com o intuito de orientar o
estudo.
O conhecimento científico diferencia-se do senso
comum por causa do rigor com o qual ele adquirido. A
característica, então, desse conhecimento é dada por
seu método. Além disso, espera-se que um
conhecimento dessa espécie possibilite explicações
sistematizadas e fundamentadas em experiências.
Como conhecimento substantivo, a ciência é
constituída de proposições logicamente relacionadas,
que devem ser também sustentadas pela evidência
empírica. Como método, põe em destaque a observação
objetiva, que possa ser verificada e analisada
logicamente.
Uma verdade para ser científica deve se submeter
a experiências. Após essa verificação é necessário
submetê-la aos questionamentos do público: esse é o
momento da crítica intersubjetiva. O conhecimento
científico parte das causas, para se conseguir explicar
um fenômeno. É uma relação de causa e efeito, porém
é necessário tomar cuidado com as relações, visto que
somente é possível relacionar coisas do mesmo gênero,
por isso o pesquisador procura ser cauteloso, rigoroso
ao comparar os elementos, pois pode relacionar coisas
de gêneros diferentes e concluir absurdos.
38

3.1.6. Objeto da ciência


O objeto da ciência é o material com que essa
trabalha. Esse material pode ser: ideias; minerais;
vegetais; palavras; povos; estrelas; rios; etc.

3.1.7. Objetivo da ciência


Toda ciência tem como objetivo criar um conjunto
de teorias, as quais possam incluir diversas
experiências. Assim, sua meta é a criação de uma teoria
que indique, quais experiências devam ser estudadas
por esta determinada ciência. Seu objetivo não é dizer o
que vai ocorrer, mas o que, dependendo das condições,
poderá ocorrer.
Outro objetivo é a construção de teorias que
possam explicar o maior número possível de
experiências. Considera-se uma teoria melhor do que
outra, devido ao número de experiências que a mesma
pode explicar e comprovar. Por exemplo, a Teoria da
Queda dos Corpos de Isaac Newton (1642-1727) é
melhor do que a de Aristóteles, porque aquela pode ser
experimentada e comprovada, além de explicar um
número maior de casos.

3.1.8. Objetividade da ciência


A principal característica da análise, como da
observação científica, é a objetividade, ou melhor, todo
conhecimento da ciência se pauta por não depender das
opiniões, gostos, culturas, religiões, vontades, desejos,
etc.
A ciência busca conhecer a natureza, contudo o
conhecimento do homem sobre essa é afetado pela
39

maneira como ele vê o mundo, uma vez que seus


paradigmas são dados pelos conceitos, com os quais foi
educado. Por isso é premente tomar cuidado com
aquelas verdades que parecem evidentes, pois essas
podem ser preconceitos.
O ideal da ciência é a objetividade, por esse ideal
se procura criar modelos teóricos que representem a
natureza de maneira “fiel”, ou seja, a ciência quer ser
verdadeira e nessa busca pela verdade tenta-se atingir
um grau de imparcialidade (âmbito da verdade
semântica).
Uma ciência torna-se objetiva quando seu
método é usado com rigor lógico. Nesse caso a
objetividade não se relaciona com os valores do
pesquisador, mas com o grau de racionalidade adotado
na utilização de um determinado método.
Karl Popper afirma, em sua Décima-segunda
tese, a respeito da objetividade da ciência: “O que pode
ser descrito como objetividade científica é baseado
unicamente sobre uma tradição crítica que, a despeito
da resistência, frequentemente torna possível criticar um
dogma dominante.”27

3.1.9. Devemos evitar os preconceitos


A grande dificuldade, em se fazer pesquisa, está
em superar os preconceitos. Os mesmos são as
maneiras de pensar, que aparecem aos homens como
verdades, por esse motivo dificultam toda e qualquer
tentativa de se descobrir algo novo. Cabe ao cientista
compreender que o conjunto de ideias com o qual ele foi

27
POPPER, Karl. Op. cit., p. 23.
40

educado é, em muitas das vezes, o maior escolho para


a descoberta do novo. Deve-se, portanto, tomar cuidado
com as verdades a que se está acostumado, visto que
elas podem induzir ao erro.
Com toda clareza dos pensadores ingleses
Francis Bacon (1561-1626) expôs os empecilhos
epistemológicos na tentativa de se conseguir atingir à
verdade. À causa dos erros, nas análises sobre a
natureza, ele denominou de preconceitos ou ídolos (que
impedem o homem de conhecer a verdade). Em seu
entender cumpre evitar os preconceitos, os quais ele
denomina de ídolos:

Os ídolos e noções falsas que ora ocupam o


intelecto humano e nele se acham implantados não
somente o obstruem a ponto de ser difícil o acesso
da verdade, como, mesmo depois de seu pórtico
logrado e descerrado, poderão ressurgir como
obstáculo à própria instauração das ciências, a não
ser que os homens, já precavidos contra eles, se
28
cuidem o mais que possam.

São os preconceitos as formas de conhecimento


de uma realidade mais perigosa que possa existir, uma
vez que eles servem de barreiras a todo e qualquer
conhecimento novo. Existem quatro espécies de
preconceitos que impedem o homem de conhecer a
verdade.

3.1.9.1. Ídolos da tribo (idola tribus)


São as limitações derivadas das deficiências
naturais de compreensão que afetam os homens. São

28
BACON, F.. Novum Organum. São Paulo: Nova Cultural, 1999, p.
39.
41

inclinações comuns à humanidade, que impedem a


aceitação de fatos que vão contra as teorias
particulares: “Os ídolos da tribo estão fundados na
própria natureza, na própria tribo ou espécie humana. É
falsa a asserção de que os sentidos do homem são a
medida das coisas. Muito ao contrário, todas as
percepções, tanto dos sentidos como da mente,
guardam analogia com a natureza humana e não com o
universo. O intelecto humano é semelhante a um
espelho que reflete desigualmente os raios das coisas e,
dessa forma, as distorce e corrompe.”29

3.1.9.2. Ídolos da caverna (idola specus)


Referem-se aos enganos proporcionados pela
natureza individual do homem, devido a sua educação,
às autoridades intelectuais e ao ânimo do indivíduo: “Os
ídolos da caverna são os dos homens enquanto
indivíduos. Pois cada um - além das aberrações próprias
da natureza humana em geral - tem uma caverna ou
uma cova que intercepta e corrompe a luz da natureza:
seja devido à natureza própria e singular de cada um;
seja devido à educação ou conversação com os outros;
seja pela leitura dos livros ou pela autoridade daqueles
que se respeitam e admiram; seja pela diferença de
impressões segundo ocorram em ânimo preocupado e
predisposto ou em ânimo equânime e tranquilo; de tal
forma que o espírito humano – tal como se acha
disposto em cada um - é coisa vária, sujeita a múltiplas
perturbações, e até certo ponto sujeita ao acaso.”30

29
Ib., p. 40.
30
Ib., p. 40.
42

3.1.9.3. Ídolos da praça pública, do mercado


(idola fori)
Erros provenientes do uso da linguagem, pois nós
somos condicionados na interpretação das coisas por
meio da língua: “Há também os ídolos provenientes, de
certa forma, do intercurso e da associação recíproca dos
indivíduos do gênero humano entre si, a que chamamos
de ídolos do foro devido ao comércio e consórcio entre
os homens. Com efeito, os homens se associam graças
ao discurso, e as palavras são cunhadas pelo vulgo. E
as palavras, impostas de maneira imprópria e inepta,
bloqueiam espantosamente o intelecto. [...] E os homens
são, assim, arrastados a inúmeras e inúteis
controvérsias.”31

3.1.9.4. Ídolos do teatro (idola theatri)


Ideias derivadas de sistemas e de raciocínios
filosóficos. São erros provenientes dos grandes mestres
da filosofia, os quais se tornaram argumentos de
autoridade e ninguém tem coragem de questionar: “Há,
por fim, ídolos que imigraram para o espírito dos homes
por meio das diversas doutrinas filosóficas e também
pelas regras viciosas da demonstração. São os ídolos
do teatro: por parecer que as filosofias adotadas ou
inventadas são outras tantas fábulas, produzidas e
representadas, que figuram mundos fictícios e teatrais.
[...] Ademais, não pensamos apenas nos sistemas
filosóficos, na sua universalidade, mas também nos
numerosos princípios e axiomas das ciências que

31
Ib., p. 41.
43

entraram em vigor, mercê da tradição, da credulidade


e da negligência.”32
O significado filosófico desta divisão baconiana
está em exigir do cientista o perfil crítico e
independência intelectual. Para se pensar
cientificamente é premente, que se abandonem os
preconceitos, porquanto eles não permitem a verdade
surgir na mente humana.
É importante reconhecer que os homens veem,
com frequência, o que estão preparados para ver ou o
que desejam ver. Sendo assim, o cientista deve
abandonar essa condição do senso comum, e se
esforçar em compreender o mundo, de acordo com os
pressupostos da análise científica.

3.1.10. Análise científica


Uma análise, para ser científica, deve ter as
seguintes características: logicidade (as ideias devem
ser encadeadas de acordo com a Razão); objetividade
(as afirmações não devem depender dos contextos);
clareza conceitual (os conceitos não devem ambíguos);
precisão dos conceitos (não devem ser sugestivos).

32
Ib., p. 41.
44

3.2. Teoria

A linguagem utilizada pela ciência, para enunciar a


descoberta de um novo conhecimento, é construída
através de teorias definidas de tal forma, que as
opiniões de quem as enunciam não sejam levadas em
consideração.
Teoria, ou sistema dedutivo, vem de theorein cujo
significado é “visão”, donde se conclui que uma teoria é
uma visão sobre um tema. Pode ser aplicada a tudo que
se deseja conhecer e seu significado remete a um
conjunto de ideias mais elaborado. Quando criamos
uma teoria queremos simplesmente tentar explicar um
problema: “A teoria consiste, em parte, numa forma de
estenografia mental, que reduz imensa variedade de
fatos, vinculados entre si, a uns poucos e breves
símbolos.”33
A teoria é formada por diversas proposições
encadeadas logicamente, e deve ter as seguintes
características: definição rigorosa; coerência interna;
generalização, por meio de deduções; ampliação do
conhecimento.
Na ciência, ela deve ser submetida à
comprovação. Caso não haja nenhum fenômeno,
experiência, prova, fato, etc. que a desaprove, a mesma
poderá ser considerada como válida. Quando a
experiência não verifica a teoria, a mesma deve ser
abandonada ou melhorada. É muito importante que o
cientista adapte sua teoria ao mundo e não o mundo a
sua teoria.

33
LIPSON, Leslie. Op. cit., p. 41.
45

A teoria busca identificar quais são as condições


em que podem ocorrer determinados fatos, desta
maneira, possibilita predizer o que ocorrerá e, com isso,
oferece ao cientista um determinado controle sobre a
natureza. A predição que afirma se ocorrerá ou não
determinada ação não é uma profecia, porquanto a
ciência não diz o que ocorrerá, mas o que poderá
ocorrer, se determinadas características se
apresentarem futuramente.

3.2.1. Valor da teoria


O valor de uma teoria está em sua capacidade de
incluir e de generalizar o maior número possível de
experiências.
A ordenação das experiências tem como meta a
generalização das ideias através de leis34, ficando
estabelecido que, na presença de determinados fatores,
poderá ocorrer determinado fenômeno. A generalização,
como o próprio nome indica, aponta para o aspecto
geral dos fenômenos e não para suas características
particulares. Essa por si só, não basta para tornar as
observações uma ciência. É preciso criar uma teoria.
Ao se colocar uma experiência, em determinada
categoria, e relacioná-la com outras experiências
conhecidas, é possível tirar delas conclusões que serão
úteis, para a vida do homem em seu quotidiano. Como
exemplo, pode-se citar a utilização da Teoria da
Evolução, de Charles Darwin, em contraposição à
Teoria Criacionista. A teoria de Darwin, é usada hoje em
dia, por ser mais útil aos homens modernos e não,

34
É a relação invariável entre dois ou mais elementos.
46

necessariamente, porque esteja correta. Sobre essa


utilidade a passagem abaixo aponta para esta condição:
“O mundo deixou de acreditar que Josué fez parar o Sol,
pois a astronomia era útil à navegação; abandonou a
física de Aristóteles, pois a teoria de Galileu sobre a
queda dos corpos tornou possível calcular a trajetória de
uma bala de canhão; rejeitou a história do dilúvio, pois a
geologia é útil à mineração – e assim por diante.”35

3.2.2. Crítica à teoria


Critica-se a teoria, ao afirmar que a mesma limita a
visão de mundo do homem, visto que o cientista deve
diminuir ao máximo possível as variáveis existentes na
natureza, para colocá-las dentro de uma determinada
teoria. Com essa atitude, a visão de mundo do cientista
se limita somente a alguns aspectos da natureza e,
assim, seu estudo sobre ela se torna mais restrito.
Essa crítica está correta, pois, ao se observar
determinados aspectos do mundo, por meio de um
conjunto de conceitos, é natural que se fechem os olhos
para outros caracteres que também são importantes.
No entanto não se pode esquecer que uma das
características principais da ciência é a sua
autocorreção, isto é, a mesma está sempre se
aperfeiçoando. Com isso, a teoria deixa de ser uma
verdade eterna e se torna aberta às novas provas e a
novos fatos que surjam.

35
RUSSELL, Bertrand. O Poder. São Paulo: Cia. Ed. Nac., 1957, p.
111.
47

Capítulo IV
Conceitos
Os conceitos são a base da ciência, mas um
conjunto de conceitos não forma uma ciência. Se assim
o fosse, um dicionário seria uma ciência, mas o mesmo
não o é. Os conceitos são os menores elementos com
os quais se constroem as teorias científicas. Esses
elementos não são organizados aleatoriamente,
contudo, há, em sua união, uma organização que é
organizada pela Razão.
O indivíduo que não está familiarizado com os
conceitos de um tema, quando participa de uma
discussão acaba por se tornar vítima daquele que
conhece o significado dos diversos conceitos.
Na ciência os conceitos são encadeados de modo
sistemático, a fim de que se possa chegar a conclusões
coerentes. O fio condutor que orienta este
encadeamento é a Lógica.36
É através do conhecimento dos conceitos
fundamentais de uma ciência, que se pode afirmar que
se compreende a mesma. Sem conhecê-los é
impossível entender com o que se está trabalhando:
“Defina sempre um termo ao introduzi-lo pela primeira
vez. Não sabendo defini-lo, evite-o. Se for um dos
termos principais de sua tese e não conseguir defini-lo,
abandone tudo. Enganou-se de tese (ou de
profissão)."37 Em outras palavras, a definição dos

36
Cf. Notas 13 e 14.
37 a
ECO, Umberto. Como se Faz uma Tese. 2 ed.. São Paulo:
Perspectiva, 1985, p. 89.
48

conceitos é imprescindível ao trabalho acadêmico. A


ironia com que Umberto Eco trata essa questão mostra
a sua importância para o mundo da ciência.
É de máxima importância que o principiante em
qualquer ciência conheça os conceitos formadores da
mesma, visto que eles orientarão o modo como e o que
se observa na natureza.
As expectativas do homem são definidas pelos
conceitos, ideias que ele traz consigo. As ideias são os
meios (são os instrumentos), utilizados por ele na
organização e na interpretação do mundo.
Os conceitos são os instrumentos utilizados por
todos os cientistas e por todos os indivíduos no
quotidiano. São eles que definem os fenômenos a
serem estudados, bem como diferem uma ciência de
outra, por isso cada ciência tem seu próprio conjunto de
conceitos, que determina os campos de ação, os
métodos, os temas, os objetivos e os objetos de
pesquisa.
São eles que orientam o cientista no mundo,
apresentam quais as características que são
importantes e quais devem ser estudadas e como são
estudados os problemas levantados.
A definição dos conceitos é fundamental na
discussão científica, visto que aquele que afirma e
aquele pergunta devem ter bem claro qual o significado
do conceito empregado. A necessidade desse cuidado
está em não enganar aos outros e/ou enganar a si
próprio. Quando escrevemos um texto científico, é de
bom tom utilizar palavras conhecidas no mundo da
Ciência.
49

Para conceitualizar rigorosamente é de bom


alvitre: especificar o elemento principal da coisa a ser
definida; buscar a concisão; apresentar de maneira
“clara e distinta”; evitar o excesso; evitar a negação;
evitar a tautologia.

4.1. Natureza dos conceitos


Um conceito é uma palavra, porém não é como as
utilizadas no quotidiano, cujo significado é passageiro,
móvel. Ele, no âmbito da Ciência, caracteriza-se por ter
um único significado claro, preciso e abstrato, que não
resulta de preferências, de gostos e de anseios
individuais.
No mundo da ciência, o conceito pode ser
compreendido, a partir do próprio contexto em que se
encontra não necessitando, que o leitor invoque o
auxílio de qualquer elemento extrínseco ao texto.

4.2. O que são os conceitos


A característica principal do conceito é a
identificação dos elementos centrais do que é estudado.
Além disso, é preciso dizer que um conceito se refere
não a um indivíduo, a um caso único, a um fenômeno,
mas a classes, a grupos, a relações, etc.
Podemos afirmar que é uma palavra que tem
como características: universalidade (seu significado é
válido, de igual maneira, para todos os componentes da
comunidade científica); necessidade (sua definição não
pode mudar de significado de acordo com os interesses
dos cientistas); objetividade (seu sentido não depende
das preferências individuais de quem fala).
50

A relevância de sua utilização pelos cientistas


está na tentativa de diminuir, ao mínimo possível, a
variação dos sentidos da palavra empregada, a fim de
que se possa comunicar um pensamento, o qual possa
ser inteligível ao maior número possível de membros da
academia.

4.3. Origem dos conceitos


Sua origem está na abstração das características
particulares dos fenômenos38. A partir de uma
determinada quantidade de elementos, extrai-se uma
característica comum, repetitiva, padronizada, igual em
todos os membros estudados.

4.4. Uso dos conceitos


Com sua utilização o cientista procurará os
padrões, as regularidades, as uniformidades, as
repetições contínuas e permanentes das experiências,
porquanto somente assim é possível poder falar do
geral. É a condição que permite o pensar científico, por
isso não podemos esquecer o primordial na atitude
científica: “A Razão é o passo, o aumento da ciência, o
caminho e o benefício da humanidade o fim. Pelo,
contrário, as metáforas e as palavras ambíguas e
destituídas de sentido são como ignes fatui, e raciocinar
com elas é o mesmo que perambular entre inúmeros
absurdos, e o seu fim é a disputa, a sedição ou a
desobediência.” 39 No ato de pensar a ciência não

38
Fenômeno (phaenomenon) é uma palavra de origem grega, e
significa “aquilo que se manifesta”.
39
HOBBES, Thomas. Leviatã. São Paulo: Abril Cultural, 1974, p. 35.
51

devemos usar metáforas ou quaisquer outras figuras


de linguagem, mas a palavra em seu sentido próprio.

4.5. Importância dos conceitos


É graças a eles que se torna possível delimitar e
caracterizar uma determinada ciência, pois orientam o
olhar do cientista para determinados aspectos da
realidade informando ao cientista o que ele deve
procurar na natureza. Tome-se, como exemplo, uma
partida de futebol, dependendo dos indivíduos que estão
olhando o jogo, aspectos distintos, uns dos outros, serão
notados:

Classes O que poderá interessar


Torcedores O resultado da partida
Biólogos O tipo de grama
Engenheiros elétricos A estrutura elétrica do estádio
Fisioterapeutas O esforço muscular dos jogadores
Médicos A saúde dos torcedores
Policiais A segurança dos participantes
Jornalistas As notícias sobre o jogo
Nutricionistas A alimentação dos jogadores
Farmacêuticos As drogas que podem ser usadas

Esse exemplo poderia se estender mais ainda,


contudo se quer chamar atenção para o aspecto de que
cada indivíduo olha, para aquilo que foi educado a ver,
ou seja, cada um percebe o mundo com os conceitos
com os quais foi educado.
Uma investigação científica deve partir dos
conceitos, os quais devem estar ordenados em um
52

vocabulário, cuja clareza dos significados tenha sua


origem na racionalidade de seu encadeamento.
Conclui-se, então, que uma ciência está madura,
quando seus conceitos estão elaborados de modo
racional de tal maneira, que a comunidade científica não
tenha dúvidas, quanto a seus significados. Caso
contrário não se pode dizer, que ela tenha atingido a sua
maioridade.
Antes de iniciar sua pesquisa deve o cientista
começar por definir os conceitos com os quais tentará
resolver a questão proposta. Essa é uma precaução
afirmada por Cícero, quando ele coloca na boca de
Cipião as seguintes palavras: “começarei a discussão
observando uma regra necessária em toda disputa, se
se quer afastar o erro, que é ficar de acordo quanto à
denominação do assunto discutido e explicar claramente
o que significa. O sentido particular deve estabelecer-se
bem antes de abordar a questão geral, porque nunca se
poderão compreender as qualidades do assunto que se
discute se não se tem o mesmo na inteligência.”40

40
CÍCERO, M. T.. Da República. Rio de Janeiro: Edições de Ouro,
1965, pp. 34-5.
53

Capítulo V
Verdade
Na história da filosofia existem três modos de
conceituar a verdade: correspondência entre o co-
nhecimento e o objeto (realismo); coerência lógica
(idealismo); utilidade prática (pragmatismo).
A correspondência entre o conhecimento e o
objeto foi defendida desde os tempos de Aristóteles
(384-322 a.C.) como sendo o fundamento da verdade.
Estuda qual o valor do pensamento em relação à
realidade. Aristóteles, bem como Sócrates e Platão, não
admite o ceticismo41.
A verdade, afirma o Estagirita, se encontra no
entendimento (juízo) e não nos sentidos, portanto a
coisa não é verdadeira ou falsa. A verdade ou a
falsidade se encontra na relação de uma ideia com
outra, isto é, no juízo. Sendo assim, uma ideia por si só
não é falsa ou verdadeira. A verdade afirma que o que
existe, existe e o que não-existe, não-existe, a verdade
ou falsidade não está nas coisas, todavia na psiqué, no
entendimento humano em função do juízo.
Para Emanuel Kant (1724-1804) o posicionamento
do filósofo deveria ser a investigação das fontes das
afirmações, a fim de que se pudesse encontrar a
certeza. A verdade não se relaciona com o objeto, visto
que não se pode conhecer sua essência, por isso a

Ceticismo vem do grego  (examinar, enganar). Como


41

doutrina filosófica pode ser entendido como dívida sobre a


capacidade do homem de chegar à verdade.
54

verdade kantiana tornou-se a identidade dos


pensamentos entre si e as leis os que regem.
O pragmatismo foi fundado por William James
(1842-1910). Este conceito vem do grego pragma e
significa ação. Ele é o ceticismo moderno e como tal não
aceita a verdade (identidade do pensamento com a
existência).
A verdade para o pragmatismo é aquilo que é útil.
Seu enfoque abandona a teoria e se fixa na ação, pois
admite ser o homem não um ser teórico, mas prático.
Com o pragmatismo a verdade tornou-se aquilo que é
útil: a verdade deixa o plano teórico e se repousa sobre
o grau de eficiência que possa ser advinda dela, para o
meio.
Uma ideia é considerada verdadeira, quando ela
está em conformidade consigo mesma. A evidência não
pode ser considerada um critério da verdade, como
queria René Descartes (1596-1650), visto que a ideia
deveria aparecer como verdadeira para todos, assim a
evidência é apenas uma crença ou uma certeza
subjetiva. Uma ideia por si só não é verdadeira ou falsa:
a verdade ou a falsidade dela é dada pelas relações em
que ela aparece, portanto não há ideia errada, mas erro
de síntese mental.

5.1. Três tipos de verdades científicas


O primeiro tipo de verdade científica é a ciência do
certo, a qual tem na certeza seu dado imediato
desejando construir um conhecimento exato do mundo:
“Logo, a certeza já não se distingue da verdade. Não
seria uma boa definição considerá-la como adesão da
55

alma à verdade: ela não é outra coisa mais que o


próprio conhecimento do verdadeiro. Não é um estado
subjetivo da alma; não é uma coisa que se junta à ideia
verdadeira. Se a alma está certa, não é por ser a alma
de este ou aquele, individual ou determinada, mas
porque representa um objeto e faz parte do absoluto.”42
Essa ciência era tida no século XIX como capaz
de descrever o mundo em sua totalidade. São
exemplos: a geometria e a mecânica.
O segundo tipo verdade científica é dado pela
ciência do provável, a qual interpreta o mundo por
intermédio da estatística. Com ela tem-se a introdução
do aleatório nas interpretações das experiências:
substitui a noção de causa da ciência do certo (que é
apenas um caso particular da ciência do provável) pela
de correlação. Para esse tipo de verdade o homem é
colocado em segundo plano em relação aos
instrumentos de pesquisa. O papel do homem é
“abstrato em um mundo que se reduz essencialmente a
uma dialética matéria/energia; [...].”43 Ele é substituído
pela noção físico-química e pela observação dos fatos.
O exemplo deste conhecimento é a termodinâmica
estatística e a microfísica.
Por fim, encontra-se a ciência do percebido, a qual
parte do pressuposto que o mundo é a representação do
próprio indivíduo: este é reduzido ao aspecto químico-
físico. Essa ciência aceita a dialética matéria/energia,
contudo acrescenta a dialética do previsível/imprevisível,

42
BROCHARD, V.. Op. cit, p. 10.
43
MOLES, Abraham. A Criação Científica. São Paulo: Perspectiva,
1971, p. 06.
56

tendo o homem como medida de todas as coisas.


Como exemplo pode-se citar a psicologia.

5.2. Tipos de ciências sociais


As ciências sociais podem, por questões didáticas,
ser enquadradas em quatro grupos, os quais na prática
ultrapassam esse artificialismo acadêmico e se
entrecruzam em constante fluidez: ciências nomotéticas
(tenta criar leis); históricas (preocupa-se com os
aspectos concretos de objetos particulares; jurídicas
(destaca o caráter normativo); filosófica (busca a
universalização.
57

5.3. Quatro tipos de referências da


verdade em relação aos fatos
Em relação aos fatos quatro, podem ser os tipos
de verdade que é possível se encontrar: lógico-formal;
objetivo; ontológico; moral.
A verdade lógico-formal tem como preocupação a
a não-contradição do raciocínio, para tanto segue
princípios formais e enunciados estabelecidos
procurando expressar uma nova proposição verdadeira.
Uma verdade é lógico-formal, quando o sujeito e o
predicado se adequam um ao outro.
A verdade objetiva relaciona o pensar com o
existir. Em outros termos tem-se uma verdade objetiva,
quando ela se adequa ao mundo exterior ou ao objeto.
A verdade ontológica, também chamada de
verdade metafísica ou verdade do Ser, se preocupa com
a essência da coisa exprimindo seu Ser.
A verdade moral pode ser denominada de
veracidade. É aquela que se preocupa com o agir
correto e corresponde à relação entre o pensar e sua
expressão.

5.4. Quatro espécies de relações do


espírito com a verdade
O espírito ao se relacionar com a verdade pode
expressar quatro estados distintos: ignorância; dúvida;
opinião; certeza.
Diz-se que o espírito está no estado de ignorância,
quando a respeito de um objeto ele nada conhece.
58

O estado de dúvida é aquele momento em que o


espírito não se atreve a dizer nada sobre o objeto. É
possível se enumerar quatro tipos de dúvidas:
espontânea; refletida; metódica; universal. A dúvida
espontânea ocorre quando o espírito se abstém de fazer
juízo a respeito de algo, mesmo tendo elementos
suficientes para poder fazê-lo. Na dúvida refletida o
espírito examina os dados, mas não tem elementos
suficientes para elaborar um juízo. Quanto à dúvida
metódica é tão somente uma ação mental que se
relaciona a um objeto específico de estudo. A dúvida é
utilizada como método de evitar o preconceito no estudo
do objeto. Com esse método o cientista duvida de todas
as coisas, mesmo das verdadeiras com o intuito de
conseguir uma verdade indubitável. Ela é imprescindível
naqueles que pretendem fazer ciência. Por fim, existe a
dúvida universal, a qual não admite que o indivíduo
possa alcançar a verdade. É a posição intelectual dos
céticos.
A opinião é uma afirmação inconsistente, na qual
o sujeito sabe que pode estar errado. É uma afirmação
cujos conhecimentos a respeito do que se afirma são
insuficientes. Ela pode ser de duas espécies: crença;
científica. A opinião é chamada de crença, quando sua
verdade se sustenta sobre aspectos subjetivos. É
científica, quando se baseia na Razão e em métodos
rigorosos e objetivos.
Na certeza o espírito tem a posse da verdade não
existindo dúvida sobre sua validade. Ela se divide em
dois tipos: subjetiva; objetiva. A certeza subjetiva é
59

aquela que pertence ao indivíduo, entretanto não é


aceita pelos demais, visto que sua base depende do
ponto de vista daquele que expressa uma ideia. A
certeza objetiva tem como fundamento não o indivíduo e
sim ocorrências, as quais independem do observador,
pois sua validade tem origem na observação externa.

5.5. Seis critérios reveladores da verdade


do espírito
O espírito deve ter como base critérios que
possam mostrar sua verdade. Esses critérios são de
seis espécies: autoridade; evidência; consenso
universal; senso comum; necessidade lógica;
experiência.
O princípio da autoridade continua a ter valor na
religião, entretanto perdeu sua validade na ciência, a
partir das pesquisas de Galileu Galilei (1564-1642). Na
ciência mais vale a comprovação por intermédio das
experiências, do que através das palavras de uma
autoridade.
A evidência percebe sem dificuldades que um
predicado se refere a um sujeito. É o critério adotado por
René Descartes (1596-1650), o qual dizia ser esse o
único caminho para se chegar à verdade.
O critério do consenso universal, afirma que um
juízo aceito por todos é verdadeiro. É um critério que se
mostra falho no âmbito da ciência.
O critério do senso comum é “indicado por Tomás
Reid que diz ser a verdade fornecida por uma faculdade
íntima, especial e comum a todos os homens, que seria
60

o sentido comum. Seria como um instinto que nos


revela certas verdades que seriam a própria base da
ciência.”44
O critério da necessidade lógica defende que a
verdade não deve ter contradições, parte do
pressuposto que a verdade está em acordo com o
pensamento. A sua validade é possível no campo da
Matemática, entretanto nem sempre é válido para as
outras ciências.
Por último tem-se o critério da experiência, o qual
considera como verdade aquilo que passou pelo crivo
da experiência. A verdade deve ser considerada em
relação com a experiência.

44
NERICI, Imideo G.. Introdução à Lógica. São Paulo: Nobel, 1971,
p. 20.
61
62

Capítulo VI
Pesquisa científica
A pesquisa é a procura de respostas a uma
determinada questão (problema, pergunta, dúvida,
dificuldade) apresentada. A mesma é uma ação
ordenada, sistemática (organizada de modo que seus
elementos tenham relações entre si), visando a
descobrir relações constantes entre os fenômenos. Sua
característica principal é a utilização de métodos
racionais, científicos, na comprovação, ou não, das
respostas encontradas. Como princípio geral, a
pesquisa científica deve ser objetiva (as afirmações
feitas não devem depender dos gostos, opiniões e
desejos de quem fala, mas depender somente da
Razão).
Para se desenvolver bem uma pesquisa, é
necessário que se cumpram duas condições: definir
quais tipos de coisas se argumenta e a partir de que
material se raciocina; deve-se estar bem servido dos
materiais sobre os quais se discute.

6.1. Divisão da pesquisa


Costuma-se dividir a pesquisa em quatro tipos:
teórica; metodológica; empírica; prática.
Deve-se ter em mente que essa divisão é apenas
didática, uma vez que não existe uma pesquisa
totalmente pura: esses diversos tipos estão
constantemente interligados.
63

6.1.1. Pesquisa teórica


Estuda as teorias sobre um determinado tema. A
mesma é fundamental, porque será essa a condição
necessária, para se formar o primeiro conhecimento
sobre um determinado assunto. Para tanto, é
imprescindível que o pesquisador leia as obras clássicas
sobre o tema estudado, pois são essas que lhe darão
condições de ser um pensador autônomo e não um
mero burocrata do saber.
A pesquisa teórica possibilita uma maior visão
crítica sobre o assunto estudado. O conceito crítica, nos
últimos anos, tornou-se uma palavra mágica que se
relaciona com a capacidade de entendimento do
indivíduo. Entretanto crítica, em sentido positivo, é o
exame livre e público, a respeito de uma determinada
questão. Em seu aspecto negativo, uma visão crítica é a
não aceitação de verdades, sem antes perguntar sobre
seu conteúdo (crítica interna) e sua origem (crítica
externa):

A crítica é um ponto fundamental para o desenrolar


do pensamento científico. A criticidade é muito
mais importante do que a erudição, pois enquanto
aquela leva o pensamento adiante, esta é apenas
um conhecimento de autores e obras, que pouco,
ou quase nada, acrescenta a quem não tem uma
45
visão autônoma do problema a ser estudado.

Todo pensamento, para ser considerado científico,


tem que apresentar considerações críticas a respeito do
assunto estudado, a fim de que possa haver um
aumento do conhecimento pesquisado. A erudição tem

45
DAU e DAU. op. cit., p. 16. Ver também nota 21.
64

pouca valia, visto que não passa de uma mera


exposição de ideias de outros autores e, em nada,
contribui, para o desenvolvimento da ciência.

6.1.2. Pesquisa metodológica


Essa pesquisa auxilia o cientista a abandonar a
visão ingênua do mundo. Ela é composta por
instrumentos que auxiliam a compreensão da natureza.
É por intermédio dela, que se podem identificar os
métodos utilizados por outros cientistas na construção
de suas teorias. Nesse processo de identificação dos
métodos é necessário comparar o método utilizado por
um cientista com outros métodos.
Após ter feito esse trajeto, o pesquisador está em
condições de criar sua teoria e, a partir dela, comunicar
aos demais cientistas suas descobertas.

6.1.3. Pesquisa empírica


O conceito empírico vem do grego, empiria, e
significa experiência, daí ser essa uma pesquisa que
tem como preocupação as experiências. A pesquisa
empírica trabalha com o mundo dos objetos concretos,
por isso apresenta seus resultados quantitativamente. A
mesma é uma tentativa de união do mundo teórico com
o mundo prático.
65

6.1.4. Pesquisa prática


Esse último tipo de pesquisa procura comprovar
as teorias através de experiências práticas. Sua
importância encontra-se em ser uma atitude “política das
ciências sociais.” Nessa perspectiva, é uma atividade
científica que visa a conhecer os interesses que movem
as sociedades.

6.2. Como pesquisar


Não se deve esquecer o conselho dado por Émile
Durkheim (1858-1917): "Em toda a ordem de pesquisas,
com efeito, é apenas quando a explicação dos fatos está
suficientemente avançada que se pode definir o fim para
o qual tendem.”46 Como se pode ver ele está chamando
a atenção, para algo que acontece com aqueles que
pretendem fazer uma pesquisa científica e que deve ser
evitado: afirmar peremptoriamente a solução do
problema a ser estudado, antes mesmo de iniciar a
pesquisa.
A fim de evitar esse risco, aconselha-se a todos os
que se iniciam nos estudos científicos que sigam o
percurso abaixo, pois será um guia que orientará o
iniciante, facultando-lhe condições mínimas em suas
primeiras pesquisas: reconhecer o objeto estudado;
classificar as espécies; procurar por indução metódica
(experimentação) as causas das variações; comparar os
diversos resultados; tirar uma fórmula geral.

46
DURKHEIM, Émile. op. cit., p. 99.
66

6.3. Objetivo da pesquisa


O objetivo da pesquisa é encontrar respostas
coerentes para os problemas (questões) propostos pelo
pesquisador. Essas respostas devem ser feitas,
baseadas em métodos científicos. O objetivo da
pesquisa é o conhecimento e a explicação racional do
mundo.
Somente se pesquisa, quando se tem um objetivo
específico para ser explicado: “Uma obra sem um
desígnio se assemelha mais a extravagâncias de um
louco do que aos sóbrios esforços do gênio ou do
sábio.”47
Ao traçar seus objetivos, o pesquisador demonstra
ter bem claro, em seu pensamento, o problema a ser
estudado, visto que eles, ao serem definidos,
coerentemente, aumentam o conhecimento não só de
quem pesquisa, mas da própria sociedade.

47
HUME, D.. Investigação Acerca do Entendimento Humano. São
Paulo: Nova Cultural, 1999, p. 42.
67
68

Capítulo VII
Esquema
O esquema, o resumo e o fichamento são
ferramentas importantes no aprendizado, pois forçam o
estudante a repetir, com suas palavras, o conteúdo
analisado. A repetição continuada, é, como disse
Aristóteles, um meio de se criar a memória e, por
consequência, o saber.

7.1. Utilidade do esquema


O esquema, assim como o resumo e o fichamento,
é útil, ao se estudar um texto, uma vez que oferece
condições ao leitor de: delimitar a ideia central; ressaltar
os aspectos importantes; apreender as definições;
especificar os conceitos básicos.

7.2. Objetivo do esquema


Possibilitar ao estudante um meio de compreender
uma obra em seu todo, relacionando as suas diversas
partes.
A técnica de esquematizar um texto traz o
benefício de facilitar ao estudioso a compreensão lógica
desse, ou seja, possibilita-o isolar a ideia principal, e
ligá-la às ideias secundárias, de maneira racional.
69

7.3. Características do esquema


Um esquema tem diversas características, dentre
as quais compete citar: “fidelidade ao autor” (não se
pode afirmar algo que não tenha sido dito pelo autor);
logicidade (ao identificar a ideia fundamental do texto o
estudante deverá relacioná-la a outras ideias
subordinadas); utilidade (o esquema existe para facilitar
a vida do pesquisador, e não para torná-la difícil);
subjetividade (um esquema sempre é feito para o uso
particular. Sendo assim, é impossível existir um modelo
válido para todos.

7.4. Recursos para se fazer um esquema


Vários são os recursos utilizados para se fazer um
esquema, mas não se deve esquecer sua quarta
característica (subjetividade). Por esse motivo, as
indicações abaixo não podem ser tomadas como únicas:
usar gráficos; fazer desenhos; construir símbolos. A
seguir encontra-se um esquema da utilização do método
indutivo:

Método Indutivo:
Teoria

Hipótese

Padrão

Observação

O esquema pode ser útil em algumas situações


particulares, contudo, por ser um meio limitado,
recomenda-se fazer um resumo ou um fichamento, por
70

este motivo nos dois próximos capítulos estudaremos


estas ferramentas.
71

Capítulo VIII
Resumos - NBR 6028
O resumo48 é a apresentação concisa dos
elementos de um texto qualquer. O mesmo deve ser
utilizado principalmente, quando se quer uma
interpretação e uma visão geral do texto. No mundo
científico o resumo tem vários nomes: abstract, résumé,
resumen, resenha e outros.
Ele é elaborado com a intenção de facilitar a
decisão do leitor sobre a necessidade ou não da leitura
integral do texto, por isso o resumo deve ser elaborado
com a maior honestidade científica possível.

8.1. Aspectos principais de um resumo


Um resumo, que pretenda apresentar as ideias
contidas num texto, deve partir dos seguintes aspectos:
apresentação da ideia principal, logo na primeira linha;
definição das ideias secundárias, em relação à principal;
estruturação, a partir dos pontos que se marcou no
texto; utilização de frases curtas, a fim de se ser claro.

8.2. Tipos de resumos


Conforme a NBR 6028: 2003, os resumos podem
ser de quatro tipos: indicativo: indica os pontos
importantes do texto; informativo: “Informa ao leitor
finalidades, metodologia, resultados e conclusões do
documento, de tal forma que este possa, inclusive,

48
ABNT – NBR 6028. Resumo. Rio de Janeiro: 2003.
72

dispensar a consulta ao original.”49 informativo-


indicativo: é uma combinação dos dois anteriores;
crítico (recensão ou resenha): “Resumo redigido por
especialistas com análise crítica de um documento.”50

8.3. Conteúdo do resumo


Um resumo deve conter: o objetivo do texto; o
método utilizado pelo autor; os resultados da pesquisa;
a conclusão do autor.

8.4. Tamanho dos resumos


O tamanho do resumo varia de acordo com sua
função, por isso o número de palavras que esse contém
deve ser de: cem para comunicações breves; duzentas
para artigos e monografias; quinhentas para relatórios e
teses.

8.5. Como resumir


O resumo deve ser composto de frases concisas.
A primeira linha deve trazer o tema principal. O tipo de
texto resumido (científico ou não, estudos de caso ou
não, teórico ou não, etc.) deve ser especificado. A
redação deve ser feita na terceira pessoa.

49
ABNT – NBR 6028. Resumo. Rio de Janeiro: 2003.
50
Ib., p. 01. A NBR de 1990 trazia a locução análise interpretativa.
Preferimos esta, pois ao definir resumo crítico como análise crítica
temos uma petitio principii.
73

8.6. Como não resumir


Utilizando parágrafos. Usando frases negativas.
Criando fórmulas. Elaborando diagramas.

Exemplo de como se deve resumir:

1
A ontologia presente nas metáforas

A existencialidade dos seres pode ser manifestada,


na linguagem, através de vários recursos, a começar pelo
processo de referenciação desencadeado pelas
expressões nominais definidas. Nesse contexto, o objetivo
do presente trabalho é descrever um dos processos que
vem enriquecer o universo ontológico dos seres – a saber,
a metáfora – demonstrando que a utilização de uma
expressão no lugar de outra encerra inúmeras implicações
no âmbito da filosofia da linguagem e da linguística
cognitiva. Tal estudo se deu através da aplicação de
aspectos linguístico-cognitivos da metáfora a sentenças da
linguagem entremeando essa aplicação. A partir desse
estudo, pode-se concluir que, subjacentes aos aspectos
técnicos de utilização da metáfora, existem vários aspectos
no campo da ontologia que enriquecem esse tipo de
abordagem nos estudos da língua.
74

Capítulo IX
Resenha crítica - NBR 6023
É também chamada de recensão. A resenha
crítica, como foi visto no capítulo VIII – 2, no item 4, tem
como objetivo apresentar o conteúdo de uma obra. De
acordo com a NBR 6028: 200351, a mesma deve ser
elaborada por especialistas no assunto, uma vez que
eles têm de dizer o valor da obra (juízo de valor).

9.1. Estrutura formal da resenha


Uma resenha se compõe de quatro partes. A
primeira traz a referência bibliográfica, a qual deve ser
apresentada de acordo com a NBR 602352.
Enquanto que a segunda apresenta a vida e obra
do autor estudado. Nesse ponto, expõe-se a experiência
acadêmica do autor, a sua formação profissional, o seu
método utilizado no texto, etc.
Na terceira parte é premente conter resumo da
obra. É importante detalhar as ideias principais, dizendo
o assunto e sua característica, bem como apresentando
o tema abordado. Ainda, nessa parte, expõem-se as
conclusões do autor.
Por fim, a quarta parte devemos fazer a crítica da
obra (julgamento de valor a respeito do texto analisado).
É o momento no qual o resenhista julgará a obra, em
conformidade com o posicionamento do autor, em
relação a outros pensadores. Cabe a ele dizer qual a
contribuição daquele texto para o universo científico.

51
ABNT – NBR 6028. Resumo. Rio de Janeiro: 2003.
52
Ver capítulo XII, p. 91.
75

Compete também ao resenhista analisar o estilo da


escrita e de sua forma. Por fim, ele indicará a quem o
texto é destinado (estudantes, profissionais, leigos, etc.).

Exemplo:

Primeira parte: MILL, John Stuart. Da Liberdade. Tradução


Referência E. Jacy Monteiro. São Paulo: Ibrasa, 1963,
bibliográfica 130 p.
Segunda parte: John Stuart Mill nasceu em 1806. Sua
Apresentação do educação foi voltada para a visão utilitarista
autor do mundo. Mas questões futuras fizeram
com que ele abandonasse esse caminho
inicial. Ele é o autor, por excelência, do
liberalismo inglês. No seu mais importante
livro, Da Liberdade, se encontra o
fundamento do seu pensamento político, que
procura uma intermediação entre a liberdade
individual e a participação na sociedade.
Terceira parte: O ponto de partida desse seu livro é a ideia
Resumo da obra de felicidade, contudo uma felicidade que
seja protegida. Essa proteção não se
encontra na conformidade com o mundo,
mas no antagonismo, de opiniões. E é por
meio desse antagonismo, que ele irá
repensar a política tendo como base a
liberdade. O seu objetivo é conseguir a
felicidade ao maior número possível de
indivíduos. Já o problema que o move é
buscar um meio termo entre o interesse
particular e o público. O tema do livro é a
liberdade social ou civil. O autor irá discutir a
natureza e limites do poder, que a sociedade
poderá exercer, de forma legítima sobre o
indivíduo. Para Mill, esta será a questão no
futuro das discussões políticas.
A autoridade não pode impedir a opinião de
sequer um só homem, pois caso se tente
calar o indivíduo, é porque, provavelmente,
este indivíduo está com a verdade. Recusar
76

ouvir a um só indivíduo é considerar que se


possui uma verdade absoluta.
Ele examina a condição em que o homem,
sendo livre para expor suas opiniões, não
sofra pressão nem física e muito menos
moral, visto que essa é uma condição
indispensável. Qualquer ato que possa
prejudicar terceiros, “sem causa justificada”,
deve ser punido. nesse ponto, a liberdade
individual deve ser limitada, porquanto não
se deve causar aborrecimento a terceiros.
Para ele, pertence à individualidade tudo
aquilo que interessa ao indivíduo e à
sociedade tudo aquilo que a pertence.
Como conclusão, é possível afirmar que todo
o argumento da obra Da Liberdade é impor
limites a toda e qualquer autoridade coletiva
que, em hipótese alguma, deve impedir a
liberdade individual. Ele procura dar à
liberdade individual uma característica
universal, ou seja, ele busca a liberdade do
indivíduo, porém não esquece que esse
indivíduo vive em sociedade, portanto é
necessário sempre pensar a liberdade em
relação a terceiros.
Quarta parte: Essa obra de John Stuart Mill é uma ampla
Crítica da obra defesa da liberdade individual. Tal, não fora
visto antes dele. É uma obra fundamental
que deve servir de guia a todo pensador que
preze a liberdade. Ela é escrita de tal forma
que é acessível a qualquer um, pois não há
nela nenhuma artimanha linguística, e,
menos ainda, artifícios que forcem a
aceitação de seus argumentos. Da
Liberdade é uma obra voltada tanto para os
filósofos, como também para os não
filósofos. É a obra de todo aquele que
defende a liberdade do indivíduo em
sociedade.
77

Capítulo X
Fichamentos
O fichamento é um instrumento metodológico que
possibilita guardar um grande número de informações
sobre um livro, em um pequeno espaço. O mesmo é útil,
pois facilita ao pesquisador o acesso rápido e seguro ao
conteúdo estudado anteriormente.

10.1. Composição da ficha


É composta por alguns elementos básicos: termo
genérico: refere-se ao assunto em geral; termo
específico: refere-se ao assunto particular;
numeração: toda ficha deve ter um número, no canto
superior direito.

10.2. Tipos de fichas


Existem vários tipos de fichamentos: obra
completa; parte de uma da obra; citações; esboço.

10.2.1. Fichamento de uma obra inteira


Esse tipo de ficha é muito útil, uma vez que, em
poucas linhas, é possível conhecer, de maneira geral, o
conteúdo de uma obra, que poderá ser usada, no
desenvolver da pesquisa.
Exemplo:
78

o
(termo genérico) (termo específico) n
Filosofia antiga História 01
SANTOS, Mário José dos. Os pré-socráticos. Juiz de Fora: UFJF,
2001.

A obra é um estudo sobre a filosofia anterior a Sócrates. O autor


procura estudar os principais filósofos pré-socráticos, situando-os
lógica e cronologicamente. Mas não só, ele pretende mostrar como
as ideias desses primeiros filósofos aparecerão futuramente, em
outros autores, principalmente na elaboração dada por Sócrates.
O autor tem em mente, devido à sua longa experiência na
graduação, que os alunos têm uma deficiência sobre as origens da
Filosofia e de sua importância para o filosofar.
A preocupação filosófica, nesses primórdios, é a natureza e suas
complexidades. Os filósofos pré-socráticos tentam explicá-las sem
recorrer aos deuses e mitos. Além disso, eles procuram reduzir a
multiplicidade da natureza em um único aspecto, o qual deveria ser
admitido pela Razão.

(Biblioteca particular, 2004)


79

10.2.2. Fichamento de parte de uma obra


É um tipo de fichamento que enfocará apenas
uma parte da obra, que seja relevante para o
desenvolvimento da pesquisa. Não se preocupará com a
obra inteira, mas apenas com uma parte ou capítulo.

Exemplo:

o
(termo genérico) (termo específico) n
Razão vital Vida e preocupação 2
CARVALHO, José Maurício de. Vida e preocupação. In: Introdução
à filosofia de Ortega y Gasset. Londrina: Cefil, 2002, p. 68.

Os elementos da vida são recebidos pelo indivíduo. Esses


elementos fazem parte de sua vida. A vida oferece a ele inúmeras
possibilidades, por esse motivo, o indivíduo pode ser interpretado
como um projeto.
A vida dá ao indivíduo infinitas opções de agir. Interpretar a vida
dessa maneira é apresentá-la como uma coisa que ocorre aqui e
agora.
Entretanto, o indivíduo tem a capacidade de pensar o futuro. Essa
capacidade de pensar o futuro, em meio às circunstâncias do aqui e
do agora, pode ser chamada de liberdade: uma liberdade que é,
antes de mais nada, histórica.

(Biblioteca particular, 2004)


80

10.2.3. Ficha tipo citação:


Nesse fichamento, o pesquisador faz uma citação
sobre uma determinada passagem que ele admita ser
relevante, para o desenvolver de sua pesquisa no futuro.

Exemplo:

o
(termo genérico) (termo específico) n
Economia de Senhora dos O Motim das Taquaras 3
Remédios Acesas
ASSIS, João Paulo Ferreira de. O Motim das Taquaras Acesas. In:
História do município de Senhora de Remédios. Barbacena:
[s.n.], 2003, p. 88.

“Vieira não economizou adjetivos injuriosos aos remedienses:


„facinoroso‟, „mal inclinados‟, „infratores‟, „ingratos‟, sugerindo ainda
que fossem depravados, criminosos, assassinos e ofensores. Toda a
adjetivação sugere que Vieira redigiu sua catilinária no calor da
raiva, o que já torna suspeita a sua versão dos acontecimentos.
Sendo assim, Vieira poderia ter omitido informações que dariam
razão aos amotinados.”

(Biblioteca particular, 2003)


81

10.2.4. Ficha tipo esboço


Nesse fichamento, faz-se um apontamento das
principais partes de uma obra, que servirão de subsídios
a uma futura argumentação sobre o tema tratado.

Exemplo:

o
(termo genérico) (termo específico) n
A democracia segundo Tocqueville e os liberais 3
Tocqueville doutrinários
Número VÉLEZ RODRÍGUEZ, Ricardo. A democracia liberal
das segundo Alexis de Tocqueville. São Paulo:
páginas Mandarim, 1998.

Alexis de Tocqueville não concordava com


François Guizot, quanto à utilização do voto censitário,
78 como meio de se superar o período revolucionário.
François Guizot influenciou Alexis de Tocqueville
em relação ao respeito que os jovens devem ter pelo
passado, a fim de que se possa tornar a nação una.
79 Para Alexis de Tocqueville, a liberdade não
deveria ser garantida apenas para a burguesia, como
queriam os doutrinários, mas para “todos os franceses.”
81 A democracia, para o autor, é um regime político
que se consolida no antagonismo dos interesses de
classes.

81
82

Verso da ficha

A crítica de Alexis de Tocqueville aos


doutrinários fez com que esse grupo reagisse contra
82 ele. François Guizot “destruiu a moralidade ao
proclamar a autonomia das vontades em detrimento
dos direitos de Verdade, tal como ela se apresenta aos
espíritos esclarecidos.”

(Biblioteca particular, 2004)


83

Capítulo XI
Como apresentar
citações - NBR 10520
A citação53 é uma passagem de outro texto, ou de
outro autor, que ajuda a compreender o assunto
estudado.
Neste livro, somente se fará a apresentação das
citações de notas de rodapé, pois essas ficam fora do
texto e não interferem na leitura do trabalho. Sendo
assim, para se saber como se faz a citação, dentro do
texto, no fim de capítulo ou no fim livro, será necessário,
aos interessados, recorrerem à NBR 10520: 2002.
Nas notas de rodapé, é importante: usar os
números arábicos; numerar, de modo contínuo, cada
capítulo; apresentar a referência completa, quando ela
aparecer pela primeira vez.

11.1. Termos latinos


Para auxiliar a apresentação das citações,
utilizam-se alguns termos latinos: idem; ibidem; opus
citatum; apud.

11.1.1. Idem
Significa mesmo autor e se grafa assim: Id.. É
utilizado, quando a citação seguinte for uma referência
ao autor citado imediatamente antes, cuja obra é
diferente da anterior citada.

53
ABNT–NBR 10520: Citações de Documentos. Rio de Janeiro:
2002.
84

Exemplo:

1. VÉLEZ RODRÍGUES, Ricardo. Liberalismo y


conservantismo em América Latina. Bogotá: Tecer
Mundo, 1978, p. 55.
2. Id. Tópicos especiais de filosofia contemporânea.
Londrina: UEL, 2001, p. 79.

11.1.2. Ibidem
Significa mesma obra e se grafa assim: Ibid.. É
utilizado, quando a citação seguinte for uma referência à
mesma obra citada imediatamente antes, mas a página
for diferente da que foi citada anteriormente. Por outras
palavras, refere-se a uma mesma obra de um mesmo
autor, quando se muda apenas a página citada.

Exemplo:

1. CARVALHO, José Maurício. História da Filosofia e


tradições culturais: um diálogo com Joaquim de
Carvalho. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2001, p. 139.
2. Ibid., p. 165.

11.1.3. Opus citatum


Significa obra citada e se grafa assim: op. cit.. É
utilizado quando a obra do autor já tiver sido citada, mas
a nota antecedente se referir a outro autor.

Exemplo:
85

1. VÉLEZ RODRÍGUES, Ricardo. Liberalismo y


conservantismo em América Latina. Bogotá: Tecer
Mundo, 1978, p. 55.
2. SANTOS, Mário José dos. Pré-socráticos. Juiz de
Fora: ed. UFJF, 2001, p. 41.
3. VÉLEZ RODRÍGUES, Ricardo. op. cit., p. 82.

11.1.4. Apud
Significa citado por e se grafa assim: apud. É
utilizado, quando a citação feita foi colhida de outro
autor, e não do autor original.

Exemplo:

1. CONSTANT DE REBECQUE, Benjamin apud VÉLEZ


RODRIGUES, Ricardo. Ética empresarial: conceitos
fundamentais. Londrina: Ed. Humanidades, 2003, p. 56.

11.2. Tipos de citações


As citações podem se apresentar de duas formas:
curtas; longas.

11.2.1. Citações curtas


São chamadas de citações curtas aquelas que
tem até três linhas. As mesmas devem se apresentar
com as seguintes características: colocadas dentro do
texto; usadas com aspas; utilizadas com mesmo
espaçamento do texto; inseridas com a mesma fonte do
texto; explicadas, após inseridas.

Exemplo:
86

Encontrar-se-á a “lógica da censura”, onde a


proibição ao sexo toma uma forma tripla: “afirmar que
não é permitido, impedir que se diga, negar que
exista”.54 A “lógica da censura” é, pois, a diversidade
levada ao seu grau maior, uma vez que nega a
existência ao sexo; em conseqüência, ele não pode se
manifestar (como algo inexistente pode manifestar-se?),
assim a seu respeito deve-se calar.

11.2.2. Citações longas


São citações com mais de três linhas que devem
ser: colocadas fora do texto; grafadas sem aspas;
usadas com espaço simples entre as linhas; utilizadas
com uma fonte menor do que a do texto, em dois
pontos; explicadas, após a inserção.

Exemplo:
Para ele, no início dos tempos, havia homens com
raízes no lugar dos pés e ramos no lugar das mãos.
Com essa afirmação, tenta mostrar a origem natural dos
homens, por meio da evolução e não como uma criação
divina. Não se os vê, hoje em dia, porque os mais aptos
perderam as raízes e os ramos e assim sobreviveram,
enquanto os outros pereceram:

Ademais, diz ele que os seres humanos originalmente


nasceram de animais de uma espécie diferente, tendo
em vista que os outros animais desde cedo
conseguem cuidar de si mesmos, ao passo que os
seres humanos são os únicos que requerem um longo

54
Foucault, M.. História da Sexualidade. Rio de Janeiro: Graal, 1976,
p.82.
87

período de cuidados; por essa razão, tivesse sido esta


sua forma original, não teriam sobrevivido. ([Plutarco],
Miscelâneas, fragmento 179.2, em Eusébio,
55
Preparação para o Evangelho I, vii 16).

Esta é a primeira ideia sobre a evolução do


homem. No pensamento de Anaximandro, o homem não
fora criado pelos deuses, mas sua origem foi fruto de
uma competição em que os melhores, adaptados ao
meio ambiente, sobreviveriam. Essa ideia voltará ao
pensamento ocidental, no século XIX, com Charles
Darwin.

Observação:
É muito importante saber que as citações devem
ser utilizadas com parcimônia e de forma lógica. É
preciso que se evitem citações descontextualizadas. O
momento de se fazer uma citação é crucial. Deve-se
citar o pensamento completo do autor e não apenas um
resumo de suas ideias.
Além disso não podemos esquecer que o plágio
não é só moralmente condenável, todavia é crime
identificado no Código Penal em seu artigo 184 com
penas que variam de multa à detenção.

55
BARNES, Jonathan. Filósofos pré-socráticos. São Paulo: Martins
Fontes, 1977. p. 85.
88

Capítulo XII
Referências bibliográficas –
NBR 6023
Conforme a NBR 6023, a referência é um
“conjunto padronizado de elementos descritivos,
retirados de um documento, que permite sua
identificação individual.”56 São elas que especificam os
elementos mais importantes, a serem indicados aos
leitores, sobre uma determinada obra.

12.1. Objetivos das referências


De acordo com a NBR 6023, seus objetivos são:
fixar como os elementos devem aparecer, ao citar uma
obra; orientar a preparação das referências; apresentar
a ordem como os elementos devem aparecer nas
referências; preparar o material para inclusão de
bibliografias.

12.2. Localização das referências


A NBR 6023 normatiza que as referências devem
se localizar: no pé de página; no fim do texto; no fim do
capítulo; na lista de referências.

56
ABNT – NBR 6023: Elaboração de referências bibliográficas. Rio
de Janeiro: 2002., p. 02.
89

Observação:

A notação das referências é muito diversificada e


cheia de minúcias, por esse motivo, os exemplos serão
apresentados em forma de gráficos, pois, assim, o
estudante poderá visualizar melhor os inúmeros
detalhes que cercam sua apresentação. Além disso,
caso ele siga cada um dos passos, em sua notação, a
possibilidade de erro será quase nula.
Essas regras não existem para serem decoradas,
portanto quando o estudante tiver dúvidas, deverá
consultar o livro, por isso deve tê-lo sempre à mão.
90

12.3.Tipos de referências
12.3.1 Um autor escreveu a obra

Elementos Exemplo
SOBRENOME, KANT,
Prenome. Emanuel.
Título: (negrito ou, Crítica da Razão Pura: (quando não
itálico) houver subtítulo, deve-se utilizar um
ponto e não dois pontos).
Subtítulo. (quando não houver subtítulo, este
item não aparecerá).
Tradução de. Valério Rohden e Udo Baldur
Moosburger.
a
Edição. 2 ed..
Local: São Paulo:
Editora, Abril Cultural,
Data. 1983.
o
N de páginas. 415 p.
Volume, , (quando for volume único, não é
preciso indicar).
Série, , (quando não pertencer a uma série,
não se referencia).
Coleção. . (se não pertencer a nenhuma
coleção, este item não aparecerá na
referência).

Exercite
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________
91

12.3.2. Dois autores escreveram a obra

Elementos Exemplo
SOBRENOME, LAKATOS,
Prenome; Eva Maria;
SOBRENOME, MARCONI,
Prenome. Marina de Andrade.
Título: Fundamentos de metodologia
científica. (quando não existir
subtítulo, coloca-se ponto e não
dois pontos).
Subtítulo. . (quando não houver subtítulo,
este item será ignorado).
Tradução de. . (quando não for tradução, este
item será ignorado).
Edição. 3a ed..
Local: São Paulo:
Editora, Atlas,
Data. 1991.
No de páginas. 230p.

Exercite
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________
92

12.3.3. Três autores escreveram a obra

Elementos Exemplo
SOBRENOME, DAU,
Prenome; Sandro;
SOBRENOME, CAMACHO,
Prenome; Carlos Mário Paes;
SOBRENOME, GEOFFROY,
Prenome. Rodrigo Tostes.
Título: Os Pensadores Sociais
Contemporâneos:
Subtítulo. Émile Durkheim, Karl Marx e Max
Weber.
Tradução de. (quando não for tradução, este
item será ignorado).
Edição. . (quando for a primeira edição,
não será necessário indicar).
Local: Barbacena:
Editora, UNIPAC,
Data. 2004.
No de páginas. 197.

Exercite
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________
93

12.3.4. Mais de três autores escreveram a


obra
Neste caso, após o primeiro nome que aparece na capa
do livro, deve-se acrescentar o termo latino et al. (et alli)
que significa e outros.

Elementos Exemplo
SOBRENOME, DUBOIS,
Prenome et al. Jean et al.
Título: Dicionário de Linguística.
(quando não existir subtítulo,
coloca-se ponto e não dois
pontos).
Subtítulo. . (quando não houver subtítulo,
este item será ignorado).
Tradução de. Tradução de Izidoro Blikstein et
al.

Edição. 11a ed..


Local: São Paulo:
Editora, Cultrix,
Data. 2001.
No de páginas. 650p.

Exercite
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________
94

12.3.5. Vários os autores escreveram a


obra

Quando se for referenciar uma obra escrita por


vários autores, mas somente aparece em destaque o
nome de um só, é preciso que, após o nome do autor
em destaque, acrescente-se o termo Org. (organizador)
ou Coord. (coordenador).

Elementos Exemplo
SOBRENOME, MORGENSBESSER,
Prenome (org.). S. (org.).
Título: Filosofia da Ciência:
Subtítulo. . (quando não houver subtítulo,
este item será ignorado).
Edição. . (quando for a primeira edição,
não é necessário indicar).
Local: São Paulo:
Editora, Cultrix,
Data. 1975.
No de páginas. . (quando não constar o número
de páginas, este item deverá ser
desconsiderado).

Exercite
_____________________________________
_____________________________________
_____________________________________
95

12.3.6. Notas de sala de aula

Elementos Exemplo
SOBRENOME, CAMACHO,
Prenome. Carlos Mário.
Título: História das ideias políticas:
Subtítulo. Michel de Montaigne .
Data. 12 – 27 de out. de 2003.
Espécie. Notas de aulas.
Apresentação do Fotocopiado.
texto.

Exercite
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________
96

12.3.7. Monografias

Elementos Exemplo
SOBRENOME, PEREIRA,
Prenome. Arthur.
Título em negrito. Grécia Clássica.
Edição. . (Quando for a primeira edição,
não é necessário indicar).
Local de publicação Barbacena:
do trabalho:
Editora que publicou UNIPAC,
o trabalho,
Data de publicação. 2003.
Número de páginas. 211 p.

Exercite
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________
97

12.3.8. Monografia em meio eletrônico


Repete-se a mesma regra anterior e se acrescenta
o seguinte:
Disponível em <http://www.nome do site> acesso
em: colocar a data de quando se consultou o site.

Exercite
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________

Quando o material, disponível na Internet, for de


curta duração, não se aconselha fazer a referência.
98

12.3.9. Periódicos

Elementos Exemplo
NOME DO PERIÓDI- IPUB.
CO.
Local de publicação Rio de Janeiro:
do periódico:
Nome da editora; Edições IPUB-CUCA;
Data de início do 1997- (Quando o periódico
periódico - ainda for publicado, utiliza-se o
ponto e não o traço).
Data de encerramento . (Quando o periódico ainda for
do periódico (quando publicado, este item será
for o caso). ignorado).

Exercite
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________
99

12.3.10. Artigos de periódicos

Elementos Exemplo
SOBRENOME, MOLLICA,
Prenome. Maria Cecília.
Título. Enfoques de pesquisa sobre a
relação língua e sociedade.
Nome do periódico Veredas – revista de estudos
em negrito. linguísticos.
Local de publicação Juiz de Fora,
do periódico,
Número do volume, v. 5,
Número do n. 1,
periódico,
Página inicial - final 7-19,
do artigo,
Data de publicação 2002.
do artigo.

Exercite
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________
100

12.3.11. Artigos de jornais

Elementos Exemplo
SOBRENOME, GEOFFROY,
Prenome. Rodrigo Tostes.
Título do artigo. A literatura: uma viagem a
Portugal.
Nome do jornal em O Democrata.
negrito.
Local de publicação Barbacena,
do artigo,
Número do volume, v. 22,
Seção do jornal (dia, 19 dez. 2002;
mês e ano);
Parte do jornal em Variedades,
que se encontra o
artigo,
Número da página. p. 02.

Exercite
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________
101

12.3.12. Artigos em meio eletrônico


Repete-se a mesma regra anterior e se
acrescenta o seguinte:
Disponível em <http://www.nome do site>
acesso em: colocar a data de quando se consultou o
site.

Exercite:
_____________________________________________
_____________________________________________
____________________________________________

Quando o material, disponível na Internet, for de curta


duração, não se aconselha fazer a referência.
102

12.3.13. Documentos de eventos

Elementos Exemplo
NOME DO EVEN- SEMANA DE HISTÓRIA,
TO,
Número do evento, I,
Ano de realização 2003,
do evento,
Local de realização Juiz de Fora.
do evento.
Título em negrito. Os movimentos sociais na
História: livro de resumos.
Local de Juiz de Fora:
publicação:
Editora, CES-JF,
Data de publicação. 2003.

Exercite
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________
103

12.3.14. Evento como um todo em meio


eletrônico
Repete-se a mesma regra anterior e se acrescenta
o seguinte:
Disponível em <http://www.nome do site> acesso
em: colocar a data de quando se consultou o site.

Exercite:
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________

Quando o material, disponível na Internet, for de curta


duração, não se aconselha fazer a referência.
104

12.3.15. Trabalho apresentado em evento

Elementos Exemplo
SOBRENOME, CAMACHO,
Prenome. Carlos Mário Paes.
Título do artigo. Tocqueville: a Revolução
Francesa e a ética Jacobina.
In: (palavra latina In:
que significa em)
NOME DO EVENTO SEMANA DE HISTÓRIA,
EM LETRAS
MAIÚSCULAS,
Número do evento; I;
Data de realização 2003,
do evento,
Local de realização Juiz de Fora.
do evento.
Título do Livro de resumos.
documento.
Local de publicação: Juiz de Fora:
Editora, CES-JF,
Data de publicação. 2003.
Página inicial - final 125–131.
do trabalho.

Exercite
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________
105

12.3.16. Trabalho apresentado em evento


em meio eletrônico
Repete-se a mesma regra anterior e se acrescenta
o seguinte:
Disponível em < http://www.nome do site > acesso
em: colocar a data de quando se consultou o site.

Exercite
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________

Quando o material, disponível na Internet, for de curta


duração, não se aconselha fazer a referência.
106

12.3.17. Legislação

Elementos Exemplo
JURISDIÇÃO. BRASIL.
Título e numeração, Consolidação das Leis do
Trabalho. Decreto-lei n° 5.452,
Dia, mês e ano. de 01 de maio de 1943.
Nome da Lex: coletânea de legislação:
publicação em edição federal,
negrito,
Local de publicação, São Paulo,
Volume, v.7,
Página inicial – , (não referenciar, quando não
página final, constar as páginas).
Mês e ano. 1943.
Parte da publicação Suplemento.
em que se encontra
a jurisdição.

Exercite
_____________________________________________
_____________________________________________
____________________________________________
107

12.3.18 Jurisprudências57
Elementos Exemplo
JURISDIÇÃO. BRASIL.
Órgão Judiciário. Tribunal Regional Federal (5.
Região) .
0
Título e numeração. Apelação cível n 42.441-PE
(94.05.01629-6).
Partes envolvidas (ape- Apelante: Edilemos Mamede dos
lantes e apelados). Santos e outros. Apelada: Escola
Técnica Federal de Pernambuco.
Relator: Relator: Juiz Nereu Ramos. (após
colocar o nome do relator coloca-se
.)
Local, Recife,
Dia, mês e ano. 04 de março de 1997.
Nome do órgão que Lex: jurisprudência do STJ e
publicou a jurispru- Tribunais Regionais Federais,
dência em negrito,
Local de publicação, São Paulo,
Volume, v.10,
Número, n. 103,
Página inicial - página 558-562,
final,
Mês e ano. mar. 1998.

Exercite
_________________________________________
_________________________________________
________________________________________

57
Ib., p. 09.
108

12.3.19. Doutrinas

Elementos Exemplo
SOBRENOME, BARROS,
Nome do autor. Raimundo Gomes de.
Nome da doutrina. Ministério Público: sua legitimação
frente ao Código do Consumidor.
Nome do órgão Revista Trimestral de
que publicou, Jurisprudência dos Estados,
Local de São Paulo,
publicação,
Volume, v. 19,
Número, n° 139,
Página inicial – p. 53–72,
página final,
Mês e ano. ago. 1995.

Exercite
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________
109

12.3.20. Documentos jurídicos em meio


eletrônico
Repete-se a mesma regra anterior e se acrescenta
o seguinte:
Disponível em < http://www.nome do site > acesso
em: colocar a data de quando se consultou o site.

Exercite
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________

Quando o material, disponível na Internet, for de curta


duração não se aconselha fazer a referência.
110

12.3.21. Filmes, vídeos e DVDs

Elementos Exemplo
TÍTULO DA OBRA. AMADEUS.
Nome do diretor. Milos Forman.
Nome do produtor. Saul Zaentz.
Nomes dos intérpre-F. Murray Abraham. Tom Hulce.
tes. Peter Shaffer.
Roteiro. . (quando não vier especificado o
roteiro, este item não precisa ser
referenciado).
Local de Nova Iorque:
publicação:
Editora, HBO vídeo,
Ano. 1984.
Número de unida- 2997.
des físicas.
Tempo de duração. 158 minutos.
Sonoro ou não, Sonoro digital áudio (Hi-fi stereo),
Colorido ou não. colorido.

Exercite
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________
111

12.3.22. Documento cartográfico58

Elementos Exemplo
AUTOR, INSTITUTO GEOGRÁFICO E
CARTOGRÁFICO (São Paulo,
SP),
Título em negrito. Regiões de governo do Estado
de São Paulo.
Local de publicação, São Paulo,
Data de publicação. 1994.
Quantidade. 01 atlas.
Escala. 1:600.000.

Exercite
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________

58
Ib., p. 11.
112

12.3.23. Documento cartográfico em meio


eletrônico
Repete-se a mesma regra anterior e se acrescenta
o seguinte:
Disponível em < http://www.nome do site > acesso
em: colocar a data de quando se consultou o site.

Exercite
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________

Quando o material, disponível na Internet, for de curta


duração não se aconselha fazer a referência.
113

12.3.24. Documento sonoro

Elementos Exemplo
Compositor ou intérprete. Wolfgang Amadeus Mozart.
Título em negrito. Requiem.
Local de publicação: Berlim:
Gravadora, VEB Deutsche Schallplatten,
Data. 1985.
Especificação do supor- 1 CD.
te.

Exercite
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________
114

Capítulo XIII
Projeto de pesquisa - NBR 15287
Um projeto de pesquisa59 é o primeiro passo para
se iniciar a pesquisa científica, por isso sua elaboração
deve ser rigorosa e obedecer aos processos
metodológicos básicos. Ele tem apenas funções de
auxílio na elaboração da pesquisa.
É somente a apresentação de um plano, para se
investigar um objeto orientando na consecução dos
meios, que possam auxiliar na resolução do problema
proposto.
Essas informações se referem às ações concretas
a serem executadas com o intuito de solucionar o
problema pesquisado. Sua atenção volta-se, para a
maneira como se pretende resolver o problema.

13.1. Objetivos do projeto de pesquisa


São objetivos do projeto de pesquisa: definir o
caminho que será percorrido, no estudo do problema
proposto; planejar a estrutura da pesquisa a ser
seguida; orientar o professor sobre o que o aluno
pretende estudar; subsidiar o candidato a uma bolsa de
estudos.
Toda pesquisa, para ser desenvolvida, necessita
de um projeto, que definirá os caminhos a serem
seguidos pelo pesquisador. O projeto é direcionado a
uma determinada instituição que, após a análise,
definirá se esse será aceito ou não.

59
ABNT – NBR 15287. Projeto de Pesquisa. Rio de Janeiro: 2005.
115

O mesmo é a apresentação do planejamento da


pesquisa. Seu objetivo é comunicar, ao meio
acadêmico, como será estudado o problema em pauta,
a fim de que se possa encontrar a orientação
necessária, para seu desenvolvimento bem como um
financiamento, ou mesmo um acompanhamento pelos
pesquisadores interessados no tema.

13.2. Conteúdo do projeto de pesquisa


O projeto de pesquisa traz informações sobre: o
tema que se deseja estudar; as hipóteses que orientarão
a pesquisa; a metodologia utilizada; a origem das
informações recolhidas; as fontes de consulta; as
pesquisas de campo que deverão ser usadas; o
cronograma; o orçamento; a bibliografia.
Não deve ser amplo, uma vez que o
aprofundamento será feito no desenvolvimento da
própria pesquisa. É preciso evitar entrar em detalhes
sobre a pesquisa, visto que o projeto é apenas o
primeiro passo, para se iniciar o estudo.
É necessário se mostrar seguro, quanto à escolha
do que pesquisar, pois um posicionamento convicto
demonstra condições de desenvolver o que se propõe
estudar.
Aristóteles60 afirma que, primeiro, é preciso o
pesquisador conhecer vários argumentos sobre o tema
estudado. Depois, é necessário saber o significado dos
conceitos utilizados bem como ser capaz de identificar
os aspectos distintos, em cada elemento, e, por fim, o
estudioso tem que ter capacidade de encontrar as

60
ARISTÓTELES. Tópicos. São Paulo: Abril Cultural, 1978, p. 20.
116

diversas semelhanças existentes entre os fenômenos


pesquisados.
Essas considerações são importantes ao se
apresentar um projeto a uma instituição, mas não
podemos esquecer que é apenas um rascunho, ou
melhor, é um mero documento, indicando o caminho a
seguir, e não, necessariamente, tem que ser conduzido
da maneira como foi apresentado. Assim sendo, as
alterações de percurso acontecerm e podem ser
substituídos alguns itens: o problema pode ser mudado;
uma ideia secundária tem condições de se tornar
principal; um questionamento, que antes não fora
percebido, pode se tornar importante; um determinado
problema, antes não visualizado, pode ser aprofundado.
O projeto proporciona o controle das mudanças
ocorridas durante o processo de execução da pesquisa.
Isso demonstra que o pesquisador conhece a situação
em que se encontra o seu estudo. Essa percepção o
ajuda a não se fazer diversas versões sobre o tema, o
que torna as ideias confusas, levando à desilusão com o
trabalho.
Não altere, constantemente, o projeto de
pesquisa, pois, caso isso aconteça, não se conseguirá
desenvolver o trabalho.
117

13.3. Elementos do projeto de pesquisa

Não existe um modelo definido de projeto de


pesquisa, contudo há elementos imprescindíveis:

a) capa;
b) folha de rosto;
c) sumário;
d) apresentação do projeto;
e) justificativa do projeto;
f) área de concentração;
g) natureza do projeto;
h) delimitação do assunto;
i) revisão da literatura;
j) problema (pergunta);
k) hipótese(s);
l) procedimento;
m) análise dos dados;
n) objetivos;
o) conteúdo programático;
q) metodologia;
r) cronograma de execução;
s) bibliografia;
t) anuência do orientador.
118

13.3.1. Capa do projeto


A capa do projeto de pesquisa apresenta os
seguintes elementos:

a) nome da instituição;
b) nome do proponente;
c) título da pesquisa;
d) subtítulo;
e) departamento a que se destina;
f) nome da instituição;
g) local e data.
Exemplo:

AEV – Associação Educacional de Vitória


FISP – Faculdades Integradas São Pedro
UCCS – Unidade de Conhecimento de Comunicação Social
Curso de Publicidade e Propaganda

Pedro Alcântara

Filosofia Grega

Vitória, janeiro de 2011


119

13.3.2. Folha de rosto do projeto


A folha de rosto do projeto de pesquisa apresenta
os seguintes elementos:

a) nome do proponente;
b) título da pesquisa;
c) subtítulo;
d) departamento a que se destina;
e) nome da instituição;
f) local e data.

Exemplo:

AEV – Associação Educacional de Vitória


FISP – Faculdades Integradas São Pedro
UCCS – Unidade de Conhecimento de Comunicação Social
Curso de Publicidade e Propaganda

Pedro Alcântara

Filosofia Grega

Trabalho apresentado à AEV – Associação


Educacional de Vitória, com o intuito de
obtenção de créditos parciais na disciplina
Filosofia. Orientador Prof. Dr. Pedro Paulo
Couto.

Vitória, janeiro de 2011


120

13.3.3. Sumário do projeto de pesquisa


É a enumeração das partes do projeto de
pesquisa61.

Sumário...............................................................................04
Apresentação do projeto.........................................05
Justificativa do
projeto.........................................122....06
Área de
concentração.........................................123....08
Natureza do
projeto............................................123....08
Delimitação do assunto
(tema)................................123..09
Revisão da
literatura............................................125....10
Problema..........................................................................112
73
Hipótese(s).......................................................132.....
13
Procedimento.....................................................136....
14
Análise dos
dados................................................136...15
Objetivos...........................................................136....
16
Metodologia.......................................................................171
39
Cronograma de
execução.......................................140..18
Bibliografia
básica................................................141...19
Anuência do
61
Não confundir com...........................................
orientador o sumário da pesquisa. Ver p. 142. 142.20
121

13.3.4. Apresentação do projeto


Neste tópico o tema a ser estudado é apresentado
de modo simples e sintético. É preciso que o projeto
seja claro de tal maneira, que com uma breve leitura o
orientador possa compreender o que se pretende. A fim
de se conseguir esta simplicidade exigida faz-se
premente seguir as sugestões a seguir.
O primeiro parágrafo deve conter o tema da
pesquisa, bem como sua atual situação no meio
acadêmico.
No segundo parágrafo apresenta-se o problema
que se propôs a estudar.
No terceiro parágrafo identifica-se os objetivos,
geral e específico, que movem a pesquisa.
No quarto parágrafo aponta-se importância da
pesquisa, para o meio acadêmico e a sociedade em
geral.
No quinto parágrafo é preciso descrever, qual a
metodologia empregada na tentativa de solução do
problema apresentado.
No sexto parágrafo expõe o posicionamento de
outros autores a respeito do tema, a fim de informar seu
grau de relevância na academia.
No sétimo parágrafo é necessário mostrar, sempre
de modo sucinto, a revisão da literatura referente ao
tema. Esta etapa descreve os autores em que se
fundamentou, para desenvolver a pesquisa.
122

No oitavo parágrafo enumera-se os conceitos


que nortearão a pesquisa, pois é preciso deixar claro o
posicionamento do pesquisador frente ao tema.
No nono parágrafo faz-se uma análise do sumário:
no capítulo I estudaremos X; no capítulo II; analisaremos
Y e no capítulo III estabeleceremos a relação entre Z e
K.

13.3.5. Justificativa do projeto


A credibilidade científica, inerente ao projeto,
passa, antes de mais nada, pela convicção do
pesquisador, portanto a justificativa da escolha é um
aspecto a ser bem trabalhado.
Na justificativa, o proponente ao estudo diz qual foi
o motivo que o levou àquela escolha. Dessa maneira,
apresenta a importância do trabalho, tanto na
perspectiva de como aquela pesquisa o ajudará a
explicar a sua específica visão de mundo, bem como a
relevância dos seus estudos para o mundo acadêmico e
para a sociedade em que está inserido o trabalho.
É o momento no qual apresenta-se o porquê da
pesquisa: aqui o pesquisador deve expor a relevância
do trabalho que pretende desenvolver.

13.3.5.1. Importância do tema


Um tema é importante por dois aspectos:
atualidade; necessidade básica de desenvolver aquele
determinado ramo da Ciência. Caso o tema não seja
importante devemos abandoná-lo.
123

13.3.5.2. Momentos da justificativa


A justificativa do porquê de se pesquisar é
imprescindível no projeto. A mesma se divide em quatro
fases, nas quais o proponente precisa:

1. informar a importância do trabalho para a


sociedade, mostrar o porquê da execução da
pesquisa se faz necessário;
2. defender seu trabalho, mostrando aos
outros por que ele é significativo;
3. expor os motivos que o levaram a
pesquisar aquele tema;
4. relacionar o projeto com um dos seguintes
objetivos: iniciação científica; dissertação de
mestrado; tese de doutorado e outros.

13.3.6. Área de concentração


Neste espaço, indica-se em qual parte da Ciência
o trabalho está inserido (Política, Ética, Cosmologia,
Pedagogia, Enfermagem, etc.).

13.3.7. Natureza do projeto


Neste tópico, indica-se qual motivo da realização
do trabalho (Bolsa de Iniciação Científica, conclusão de
curso, obtenção de créditos parciais, etc.).

13.3.8. Delimitação do tema


O tema é mais teórico: é o próprio assunto a ser
estudado. Para se pesquisar, e se chegar a um
resultado que possa aumentar o conhecimento, em
determinada área, é necessário seguir alguns critérios
na escolha do assunto.
124

Determinar o assunto é escolher com o que se


irá trabalhar: é um passo imprescindível, para iniciar
qualquer pesquisa. Nessa escolha, é preciso levar em
conta se há bibliografia disponível sobre o assunto.
Caso não haja, é aconselhável procurar outro tema para
ser estudado.
Para facilitar a pesquisa, é necessário limitar seu
campo de ação, uma vez que nenhum pesquisador pode
falar sobre um assunto muito amplo. A delimitação do
tema deve ser feita, a fim de facilitar o estudo do
mesmo, uma vez que é mais fácil pesquisar um tema
restrito do que amplo.
Com a delimitação do tema, o pesquisador tem a
vantagem de ampliar sua compreensão sobre o mesmo:
“Um homem está mais apto a saber o que afirma
quando tem uma noção nítida do número de significados
que a coisa pode comportar.”62
Nesta etapa do projeto indica-se que se pretende
pesquisar.

13.3.8.1. Escolha do tema


Assim, antes de se iniciar qualquer pesquisa, é
preciso, em primeiro lugar, escolher um assunto. Essa
escolha não é feita de maneira aleatória, mas deve
seguir alguns critérios: ser delimitada; ser específica; ser
executável; ter bibliografia acessível; ter importância
para a sociedade; adequar-se à capacidade intelectual
do pesquisador; enquadrar-se na disponibilidade de
tempo do pesquisador.

62
ARISTÓTELES. Op. Cit., p. 26.
125

13.3.8.2. Características do tema


O tema diz respeito ao que será explorado,
pesquisado. Um tema de pesquisa tem que ter as
seguintes características: clareza; objetividade.

13.3.9. Revisão da literatura


Com essa revisão da literatura, ou levantamento
bibliográfico, indica-se, quais foram os autores com que
se dialogou, a fim de estruturar a pesquisa.
A revisão é feita por intermédio da pesquisa
bibliográfica, após se ter definido qual tema será
estudado.
A mesma é feita a partir de trabalhos existentes,
cuja presença na formação intelectual do pesquisador é
a conditio sine qua non para o desenvolvimento da
pesquisa. Essa revisão fornece as informações básicas
sobre o tema a ser estudado, além de orientr a não
repetir pesquisas alheias, bem como oferecer
conhecimentos necessários, para se evitar os erros de
outros pesquisadores.
A pesquisa bibliográfica tem como universo as
publicações sobre um determinado tema e é essencial a
qualquer um que queira ser um pesquisador, com uma
sólida base teórica. O primeiro contato do estudioso, ao
se aprofundar no mundo científico, é feito por meio
dessa pesquisa.
Uma pesquisa bibliográfica, aprofundada e
diligente, possibilitará ao pesquisador as condições
mínimas necessárias para ultrapassar os limites da
mera repetição, levando-o a conclusões inovadoras e
enriquecedoras.
126

13.3.9.1. Necessidade da revisão literária


A revisão literária é necessária por três motivos:
ler sobre o tema e o que foi exposto sobre esse evita
repetir ideias alheias como se fossem inéditas; permitir
uma perspectiva ainda não abordada sobre o tema;
possibilitar a localização do tema dentro de determinado
ramo específico da ciência, pois, com tal revisão,
sabemos o que escreveram os diversos autores e qual é
o quadro teórico referencial que os une ou os separa.
Através da revisão de literatura, forma-se o quadro
teórico (base teórica ou quadro teórico-referencial). Esse
é o conhecimento que o proponente tem sobre um
determinado tema, que o situa em uma escola de
pensamento específico. É o resultado das leituras feitas
pelo proponente que refletem a sua visão de mundo,
frente a um tema em particular.
O quadro teórico-referencial é o conjunto de ideias
(conceitos) que formam o pensamento do proponente e,
portanto, dirigem seu olhar no mundo. O mesmo é a
condição que facilita a visão do proponente, sobre um
determinado aspecto na realidade.
É a base teórica que orienta a conduta do
pesquisador, por isso é de importância ímpar. Contudo,
no projeto de pesquisa, a mesma é apresentada em
linhas gerais.
127

13.3.10. Problema (pergunta)63


Definido o tema que se irá estudar, é preciso que
esse seja problematizado: problematizar é fazer uma
pergunta a respeito do assunto. Somente pode
perguntar alguma coisa aquele que tenha uma
dificuldade, uma dúvida, uma contradição, etc., em
relação ao que foi analisado, estudado.
O problema se refere geralmente a: o que
pesquisar? como pesquisar? O mais importante na
pesquisa é o problema. A ciência ou a filosofia não se
preocupam com a resposta e sim com as perguntas,
pois essas são um caminhar em busca da superação
dos mais obscuros dogmatismos.
A origem da ciência está na elaboração de
problemas e, por extensão, poderia se dizer que não
existe uma ciência caso não exista um problema: “é o
caráter e a qualidade do problema e também, é claro, a
audácia e a originalidade da solução sugerida, que
determinam o valor ou a ausência do valor de uma
empresa científica.”64
Todo aquele que queira fazer uma pesquisa
científica deve partir de um problema. O conhecimento
existe em relação direta com o problema, porquanto

Problema vem do grego  (lançar à frente; abertura


63

para). Somente pode fazer uma pesquisa aquele que está aberto a
novos conhecimentos, por isso defendemos o uso do conceito
problema e não o de pergunta (do latim prae-cunutare, que significa
indecisão) ou o de dúvida (do latim dubitare, que significa incerteza)
como o motivo de uma pesquisa. Ao se colocar o problema o
cientista está ciente de que as respostas existentes, para
determinadas situações, não são as únicas e, portanto, é lícito
procurar outras posições.
64
POPPER, Karl. Op. cit., p. 15.
128

sem problemas não é possível a existência do


conhecimento.
A importância da pergunta se encontra no fato de
que ao questionar o indivíduo inicia o processo de
reflexão conceitual.
F. N. Kerlinger65 afirma que o problema pode ser
geral ou específico: no primeiro caso revela-se como
necessidade de investigação de determinado tema. O
problema é uma questão que deve ser pesquisada; com
relação ao sentido específico do problema é o momento
em que se questiona o relacionamento da variáveis.
Assim, percbe-se que no âmbito particular da ciência, o
problema é uma pergunta sobre a relação entre as
diversas variáveis.
Sem problema é impossível pesquisar: para o
homem comum, o problema é uma situação ruim, que
necessita ser evitada, mas, para o cientista, é o motor
do estudo. O problema é somente uma pergunta, uma
dúvida, uma dificuldade que o cientista procura
solucionar. A busca da solução do problema é a
pesquisa, assim o problema é aquilo que o pesquisador
procura resolver.
A diferença entre um problema e uma proposição
está no seu enunciado, pois, enquanto o problema é
colocado de forma interrogativa, a proposição é feita de
modo explicativo.
Ele, portanto, é uma pergunta a que se deseja
responder: o mesmo é feito sempre como uma
interrogação. O problema somente será bem formulado

65
KERLINGER, F. N.. Metodologia de Pesquisa em Ciências Sociais.
São Paulo: Edusp, 1980, p. 35.
129

se a revisão literária, sobre o tema, for profunda, por


conseguinte somente problematiza quem tenha
conhecimento sobre o assunto.
O objeto a ser estudado depende diretamente do
problema proposto. Ele se preocupa com a parte da
realidade a ser estudada. Neste tópico é premente que
ressaltemos a parte da realidade que pesquisaremos.
A escolha do problema é a parte mais difícil de
toda a pesquisa, pois somente é possível pesquisar um
assunto se, e somente se, ele for apresentado.

13.3.10.1. Origem do problema


Sua origem se encontra na dificuldade, ou
insuficiência de conhecimentos, do proponente frente a
uma determinada situação. O problema está dentro dos
limites teóricos do pesquisador, ou melhor, ele se refere
aos conhecimentos possuídos sobre o tema.

13.3.10.2. Apresentação do problema


Como já foi dito, e não é demais repetir, o
problema é uma pergunta, uma dúvida, uma dificuldade
sobre a qual o pesquisador passa a refletir, buscando
uma possibilidade de solução, geralmente é
apresentada de forma: interrogativa (pois ainda não se
sabe a resposta); precisa (não se confunde com outros
problemas); clara (não paira dúvidas sobre o que se
quer pesquisar); objetiva (não há rodeios em sua
apresentação).
130

Além desses aspectos é necessário ainda


afirmar, segundo Marconi e Lakatos66, que o problema
deve ser viável, importante, novo, executável e
oportuno. Sem essas condições, a pesquisa não
apresenta interesse ao mundo em que se situa.

13.3.10.3. Cuidados ao se escolher um problema


O problema é uma interrogação (sobre a natureza,
o homem e suas relações entre si e aquela) sendo a
resposta dada, ou não, pela pesquisa. Em outros
termos, o problema é: uma pergunta que desejamos
responder; apresentado sempre como uma
interrogação; claro e distinto; bem formulado, se a
revisão literária sobre o tema for boa, como também se
a análise crítica do autor refletir um posicionamento
particular; correspondente ao tema.
Pode-se fazer as mesmas perguntas que os
autores clássicos fizeram, pois não há nenhum demérito
em seguir os passos dos grandes mestres.

13.3.10.4. Alguns modelos de perguntas


A fim de orientar aqueles que estão começando a
fazer uma pesquisa científica, seguem abaixo quinze
tipos de problematizações que podem ser feitas, em
relação a um tema qualquer. As sugestões servem
somente como orientação para o pesquisador, e não
pretendem ser um esquema fixo:

66 a
MARCONI, M. de A. e LAKATOS, E. M.. Técnicas de Pesquisa. 3
ed.. São Paulo: Atlas, 1996, p. 25.
131

a) definição ou conceitual: como se


define? qual a natureza da coisa? o que é?
b) distinção: como se difere x de y? a
diferença entre x e y é de natureza ou não?
c) lugar: a qual parte do conhecimento
pertence este problema?
d) razão: qual o motivo de ser?
e) possibilidade ou fundamento: quais
condições possibilitam esta coisa? qual a
razão? qual o fundamento?
f) origem: qual a origem? quem pensou esta
coisa?
g) gênese: como se produziu? como foi
pensado?
h) finalidade: qual o fim? qual o objetivo?
i) efeitos: qual a consequência? de que pode
ser a causa?
j) gerais: que tipo?
k) específicas: qual a espécie?
l) causais: por que? qual a causa?
m) qualitativas: é melhor? é pior?
n) quantitativas: quantos são? é maior? é
menor?
o) comparativas: qual a relação entre X e Y?
132

13.3.11. Hipótese(s)
A elaboração da hipótese é importante, uma vez
que ela define o caminho a ser percorrido no estudo.
Após ter levantado o problema, o pesquisador deve
elaborar uma hipótese, a qual deverá ser estudada:
“Colocando o problema, em toda sua amplitude, o autor
deve enunciar suas hipóteses: a tese propriamente dita,
ou hipótese geral, é a ideia central que o trabalho se
propõe a demonstrar.”67
É interessante comerçarmos por definir termo, pois
no âmbito da ciência sempre que um termo for
apresentado pela primeira vez deve-se defini-lo:
“Hipótese vem do grego, υπόθεση, e quer dizer,
suposição. De fato, toda hipótese não passa de
suposição explicativa a respeito de um fenômeno ou
grupo de fenômenos. Em outras palavras, hipótese é a
suposição provisória de uma lei à espera da
confirmação.”68 Ela é uma suposição que se faz antes
de se iniciar o desenvolvimento da pesquisa. É feita sem
que se conheça exatamente o que se está pesquisando,
é parte de um conhecimento sem comprovações teórica
e/ou empírica.
A hipótese é a ideia que será defendida durante a
pesquisa. É ela que vai orientar os caminhos a serem
seguidos na observação dos fatos. É importante, porque
guia todas as pesquisas em busca de um conhecimento
a respeito de um fenômeno.
É uma resposta prévia que se oferece ao
problema antes de se pesquisá-lo. Após a pesquisa, a

67
SEVERINO, Antônio Joaquim. Op. cit., p. 161.
68
NERICI, Imideo G.. Op. cit., p. 124.
133

hipótese pode ou não ser comprovada. É um raciocínio


provável e se divide em: dedutiva; indutiva; especial;
geral. A hipótese dedutiva parte de princípios, portanto
sem a participação de experiências. A indutiva parte de
experiências tendo como base um fato anterior, do qual
ainda não se tem uma explicação aceitável. Enquanto
que a especial prima pela explicação de um fato ou um
grupo restrito de fatos. Por último encontra-se a geral
(também denominada de sistema ou teoria), a qual tem
como objetivo explicar o maior número possível de
experiências.
Mais acima, foi dito que a hipótese é a primeira
resposta que é apresentada a um determinado
problema. Contudo, é uma resposta que não deve ser
aceita de imediato, e sim que precisa ser
experimentada, para isso é forçoso coletar os dados
com o intuitto de se comprová-la ou não.
Como o problema, a hipótese se coloca dentro do
quadro teórico do pesquisador. A mesma tem uma
relação muito íntima com o problema. É uma conjectura
sobre a relação entre variáveis, enquanto o problema é
uma proposição, feita de modo interrogativo, a hipótese
é feita de forma afirmativa. É mais específica que o
problema, e será testada na pesquisa, para se
comprovar ou não sua validade.
O seu valor está em evitar que o cientista, ao
pesquisar, exponha, em seus estudos, suas
preferências, portanto as hipóteses são responsáveis
pela tentativa de se construir uma ciência objetiva.
Na maioria das vezes, as mesmas são deduzidas
da teoria. A hipótese será tão mais útil, quanto mais
puder ser testada por outros cientistas.
134

A demarcação dos objetivos da pesquisa


auxiliará na formulação das hipóteses de trabalho. Toda
a pesquisa é feita para que se desenvolva o estudo das
hipóteses. A sua estrutura lógica é: se X for verdade,
logo deverá ocorrer ou não Y.
A hipótese sempre é feita afirmando, ou negando,
mas nunca na forma interrogativa. Essa forma está fora
do ambiente da experiência, pois não se pode se
esquecer de que é apenas uma conjectura. É exigência
acadêmica que a sua elaboração, de maneira lógica,
parta de um conhecimento não comprovado, e que seja
experimentada.
Para se elaborar uma hipótese é preciso ser
rigoroso, por este motivo indica-se a seguir, por
didatismo, as seguintes sugestões: ser necessária
(explicar algo novo); ser possível (não ir contra uma lei
estabelecida, pois cairia em contradição); ser verificável
(visto que a ciência necessita de provas. Essa
verificação é: direta; indireta).
Na verificação da hipótese de maneira direta é
preciso que o fato seja repetido em diversas
experiências. A verificação da hipótese de maneira
indireta ocorre, quando estamos impossibilitado de
realizar a experiência, por isso utilizamos uma profunda
observação, além da dedução.
A partir da hipótese “devemos deduzir
consequências que possam ser postas à prova, por
meio da observação. Se essas consequências forem
verificadas, a hipótese é, provisoriamente, aceita como
verdadeira, ainda que usualmente, ela venha a requerer
135

modificações posteriores, por causa da descoberta de


novos fatos.”69
Uma hipótese será considerada verdadeira caso
um determinado número de fatos a confirmem. É
consenso, que o pesquisador deva começar pelas
hipóteses mais simples, só devendo abandoná-las caso
não consiga comprová-la frente a novos fatos.

13.3.11.1. Tipos de hipóteses


Existem dois tipos de hipóteses: hipótese a
verificar (são respostas preliminares, que se preocupam
em relacionar duas variáveis); hipótese de trabalho (são
os meios a serem seguidos no desenvolvimento da
pesquisa).

Observação:
Não há nada de depreciativo em uma pesquisa
caso a hipótese não seja comprovada, afinal de contas,
a pesquisa é o teste da hipótese. Se o estudioso, antes
de iniciar a pesquisa, tem certeza da resposta, não deve
pesquisar, pois somente deve pesquisar aquele que
ainda não sabe a resposta.

69
RUSSEL, B.. A Perspectiva Científica. São Paulo: Cia Ed. Nac.,
1969, p. 49.
136

13.3.12. Procedimento
É exigido uma conduta básica na elaboração de
uma pesquisa, segundo a qual se descreve
detalhadamente o processo de coleta e de registro de
dados. No procedimento o objeto estudado é demarcado
e os recursos metodológicos a serem utilizados são
detalhados.

13.3.13. Análise dos dados


A análise ocorre após a classificação dos dados, a
confrontação dos resultados das tabelas e das provas
estatísticas, se utilizadas. Essa análise tem por objetivo
a comprovação de verdades ou falsidades das
hipóteses, propostas no estudo: “A acumulação de fatos,
evidentemente, não é um fim em si mesmo, e só tem
importância como base para a interpretação. Mas
embora a busca de fatos seja um prelúdio necessário à
análise correta de uma situação, algum tipo de análise
deve mesmo preceder a coleta de dados.”70

13.3.14. Objetivos
A exposição dos objetivos71 da pesquisa serve
para aclarar a ideia, a ser desenvolvida no desenrolar do
estudo. Com os objetivos bem definidos, o pesquisador
consegue expor, de maneira mais determinada o
problema que será estudado.
O objetivo é definido quando o pesquisador
pergunta por que se deve estudar aquele tema e não

70
BUTLER, D. E.. Op. cit. Rio de Janeiro: Laudes, 1958, pp. 32-3.
71
A palavra objetivo vem do latim objectum (por à frente). Na
pesquisa o objetivo é aquilo que se deseja conseguir, mais à frente,
com o estudo desenvolvido.
137

outro. O objetivo é a finalidade a que se destina o


trabalho. É a tentativa de responder ao questionamento:
para que fazer a pesquisa?
Os objetivo se relacionam às ações concretas a
serem executadas com o intuito de solucionar o
problema proposto. Sua atenção volta-se para a
maneira como se pretende resolver o problema: é
quando o pesquisador se ocupa com os resultados
auferidos da intervenção na realidade questionada.
Veja alguns verbos que devemm ser usados ao
apresentar os objetivos no anexo 1, p. 178.

13.3.14.1. Tipos de objetivos


O objetivo é dividido em duas espécies: geral
(relaciona-se com a visão mais ampla da pesquisa, e
mostra o fim a que se pretende chegar com o trabalho);
específicos (relacionam-se diretamanente a cada
capítulo parte da pesquisa).

13.3.14.2. Importância dos objetivos


A indicação dos objetivos visa a apresentar ao
orientador, qual o ponto que se pretende alcançar com a
pesquisa. São os objetivos que definem a natureza do
trabalho e respondem às perguntas: por que? para quê?
para quem?
A relação dos objetivos com a justificativa é
grande, visto que aqueles apresentam, de maneira mais
detalhada, o que se deseja pesquisar.
138

13.3.15. Conteúdo Programático da


72
pesquisa
São os capítulos, itens ou subitens que compõem
a pesquisa.

Capítulo I
Origens da filosofia grega .......................................01

Capítulo II
Escola milésia
Tales...........................................................................10
Anaximandro...............................................................20
Anaxímenes................................................................30

Capítulo III
Escola socrática
Sócrates......................................................................40
Platão..........................................................................70
Aristóteles..................................................................150

72
Não se deve confundir o sumário da pesquisa com o do projeto de
pesquisa. Ver p. 123.
139

13.3.16. Metodologia
No projeto de pesquisa, também não podem faltar
os instrumentos que serão utilizados para se estudar o
problema, ou seja, a metodologia. Sua apresentação é o
momento em que o proponente define o tipo de
pesquisa a ser executado.
Ela informa como o trabalho será realizado, em
outras palavras, o pesquisador deve esclarecer como e
com quais instrumentos trabalhará. Em resumo ela é
uma referência sobre quais os instrumentos, que serão
utilizados para se efetuar a pesquisa.

13.3.16.1. Três momentos da metodologia


A metodologia deve ser apresentada em três
estágios: explicar qual método será usado, para se
conseguir estudar o problema; esclarecer como ele será
posto em prática, quais serão as técnicas (amostras,
coleta de dados, análises de dados, etc.); especificar a
titulação do proponente, sua função, suas atividades na
pesquisa e a duração da mesma.
Ao abordar a metodologia, espera-se que o
pesquisador trace a sequência do trabalho, como ele se
subdivide (expor quais são suas partes) e quais as
técnicas utilizadas, para efetivá-lo.

13.3.16.2. Tipos de técnicas de pesquisa


As técnicas são variadas: coleta de dados; análise
de dados; entrevistas, etc.
Espera-se que o proponente deixe claro o
caminho teórico a ser seguido, e por qual motivo foi
traçada aquela linha teórica.
140

13.3.17. Cronograma de execução


O cronograma se divide em dois tipos: físico;
financeiro.

13.3.17.1. Cronograma físico


Serve para delimitar e administrar o tempo a ser
utilizado na pesquisa, pois ela não é feita eternamente,
tem que ser encerrada. A administração de seu tempo
sempre está submetida às condições colocadas pelo
pesquisador.
O cronograma relata o tempo necessário para a
realização da pesquisa. Esse relato geralmente é
apresentado num gráfico como no exemplo abaixo73:

73
SALOMON, D. V.. Op. cit., p. 224.
141

Sempre é importante ressaltar, que o cronograma


serve como orientação e não como meta rígida. O
mesmo pode ser mais curto ou mais longo do que o
apresentado.

13.3.17.2. Cronograma financeiro


É conhecido também como orçamento. É utilizado
quando o pesquisador não tiver condições materiais de
financiar seus estudos e necessitar de verbas de
terceiros. Nesta fase, o proponente apresenta o custo da
sua pesquisa ao órgão financiador.
Ao apresentar o cronograma financeiro, o
pesquisador deverá relatar como o dinheiro será usado
no desenvolver do trabalho. É por intermédio do
orçamento que os financiadores saberão sobre a
honestidade e as perspectivas da pesquisa.

13.3.18. Bibliografia básica


Bibliografia é o conjunto de livros, artigos, teses,
etc. que o pesquisador utilizou em seu estudo: liga-se
diretamente ao quadro teórico de referência.
Ela orientará o proponente na resolução do
problema apresentado. A bibliografia é a identidade do
autor, pois explicita como ele abordará a questão.
No projeto de pesquisa ela deve a menor possível,
uma vez que a própria pesquisa mostrará outras fontes
de importâncias diversas.
142

13.3.19. Anuência do orientador


É a folha pautada que encerra o projeto de
pesquisa. É nela que o orientador fará suas
observações, sobre o material que foi apresentado.

Exemplo:

_______________________________________
_______________________________________
_______________________________________
_______________________________________
_______________________________________
_______________________________________
_______________________________________
_______________________________________
_______________________________________
_______________________________________

Menção:________ Assin. prof.:__________


143
144

Capítulo XIV
Elaboração de monografias
14.1. Definições de monografia

Em qualquer trabalho científico é preciso definir os


conceitos empregados, partindo desse pressuposto,
deve-se, então, enunciar o que é monografia: uma
primeira definição é a simples análise de sua etimologia.
A palavra monografia é constituída de dois radicais
gregos mono (um) e graphein (escrita). Daí ser a
monografia um texto sobre um único assunto, cujo
objetivo, como o de qualquer pesquisa, é o
aprofundamento e o alargamento do horizonte da
ciência.
Além dessa definição é possível também
encontrar dois outros significados: particular; geral. No
primeiro sentido é uma tese, é um trabalho que aborda
um único tema, com determinados métodos científicos,
a fim de contribuir para o aumento do conhecimento, em
determinada área do saber.
Entendida de maneira geral identifica-se com
qualquer trabalho científico, fruto de uma pesquisa, feita
de modo rigoroso. É filha legítima da pesquisa contendo
uma reflexão particular a respeito do tema, para que não
seja uma simples repetição de ideias alheias.

14.2. Importância da monografia


Uma monografia é importante, pois possibilita ao
escritor sistematizar suas ideias. Elaborá-la é antes de
mais nada: identificar um determinado tema; escolher
145

uma bibliografia relevante; organizar, de maneira


lógica, a bibliografia; escrever de tal forma que o leitor
possa entender.

14.3. Características da monografia


Como todo e qualquer trabalho científico, ela deve
tratar o tema com grande rigor metodológico. É o
primeiro passo em direção a uma pesquisa mais ampla.
Suas características básicas são: sistematicidade
(organizada segundo a Razão); especificidade (trata de
um tema único); metodologicidade (utiliza métodos
científicos); relevância (contribui para o aumento do
conhecimento).
Na apresentação de um trabalho monográfico, é
preferível um trabalho delimitado a determinado aspecto
do que a um trabalho panorâmico, uma vez que uma
boa delimitação do tema possibilita trabalhar com mais
segurança.
Ao escrever a monografia, deve-se utilizar termos
mais familiares, pois isso tornará o texto mais fácil de
ser entendido por todos. Lembre-se sempre de que a
ciência deve ser acessível a todos, tanto a especialistas,
como estudiosos ou leigos: “para difundir e cultivar um
caráter tão aperfeiçoado, nada pode ser mais útil do que
as composições de estilo e modalidades fáceis, que não
se afastam em demasia da vida, que não requerem,
para ser compreendiadas, profunda aplicação ou
retraimento e que devolvem o estudante para o meio de
homens plenos de nobres sentimentos e de sábios
preceitos, aplicáveis em qualquer situação da vida
humana. Por meio de tais composições, a virtude torna-
146

se amável, a ciência agradável, a companhia instrutiva


e a solidão um divertimento.”74
A redação da monografia deve ser feita com
precisão e muito cuidado, para isso, é necessário
respeitar a ordem dos parágrafos (cada parágrafo deve
conter apenas uma ideia, e cada ideia deve estar num
parágrafo). Utilize parágrafos curtos e subtítulos, pois
essa técnica tornará mais fácil a compreensão do
conteúdo, tanto por parte de quem lê, como de quem
escreve.
É preciso dar atenção devida à pontuação, para
tanto, o domínio da língua formal é fundamental. O
jargão tem que ser evitado, uma vez que seu uso é
traduzido como sinônimo de pouco domínio sobre o que
se está escrevendo.

74
HUME, D.. Investigação Acerca do Entendimento Humano. São
Paulo: Nova Cultural, 1999, p. 27.
147

Capítulo XV
Estrutura da Monografia
15.1. Partes da monografia
A monografia se divide, basicamente, em cinco
partes: introdução; desenvolvimento (explicação;
discussão; demonstração); conclusão; bibliografia; notas
de pé-de-página.

15.1.1. Introdução
A introdução é a parte na qual se faz a
apresentação do tema estudado. Identifica o tema da
pesquisa, de maneira direta, simples e sintética. Além
disso, explica a metodologia que será usada, para se
pesquisar. Nesta parte, é exposta a situação do
problema pesquisado, citando os trabalhos que se
referem a ela diretamente.

15.1.1.1. Partes da introdução


Geralmente, divide-se em três partes, que servem
para: apresentar a situação em que se encontra o
problema; mostrar que o problema é importante para os
leitores; expor o método utilizado na busca de
respostas.
Nas palavras de Umberto Eco:

Esta não é mais que o comentário analítico do índice:


com o presente trabalho propomo-nos demonstrar uma
determinada tese. Os estudos precedentes deixaram
em aberto inúmeros problemas e os dados recolhidos
não bastam. No primeiro capítulo tentaremos
estabelecer o ponto “x”; no segundo, abordaremos o
problema “y.” Concluindo, tentaremos provar isto e
aquilo. Deve-se ter presente que nos fixamos limites
148

precisos, isto é, tais e tais. Dentro destes limites o


75
método que seguiremos é o seguinte etc. e etc.

Por outras palavras, na introdução fazemos um


breve comentário do sumário, dizendo o que se propõe
com o trabalho. É preciso dizer que os trabalhos
existentes não resolveram a questão. Além disso, é
necessário mostrar a delimitação da pesquisa e, como
foi dito mais acima, de seus métodos.

15.1.1.2. Conteúdo da introdução


Na introdução, é necessário: expor o tema (o
assunto que será tratado); apresentar a tese (aquilo que
o autor afirma); problematizar o tema (fazer uma
pergunta sobre ele); mostrar os objetivos (enunciar a
meta a ser atingida); justificar sua elaboração (sublinhar
a importância de se estudar o assunto); fazer a revisão
da literatura (enfocar o autor, o tema e a relevância de
ambos no contexto da pesquisa); estudar os conceitos
que serão utilizados, mas de maneira superficial;
analisar os métodos utilizados ou os resultados obtidos;
relacionar o trabalho com outros já produzidos; evitar
fazer um resumo.

75
ECO, U.. Op. cit., p. 83.
149

15.1.2. Corpo do trabalho ou


desenvolvimento
O desenvolvimento é a própria pesquisa; nele os
argumentos são apresentados de acordo com a lógica.
Serve para dar as bases teóricas ou práticas, utilizadas
no estudo do problema tendo como objetivo expor os
argumentos e depois prová-los.

15.1.2.1. Partes do desenvolvimento


Divide-se em três partes: explicação; discussão;
demonstração.

15.1.2.1.1. Explicação
A explicação é o momento em que o pesquisador
torna clara uma ideia que antes estava obscurecida. Na
explicação o tema é discutido de maneira analítica, a fim
de que o leitor tenha condições de compreender o
assunto estudado. Nesta etapa procura-se compreender
o objeto pesquisado, para tanto é preciso torná-lo o mais
fácil de ser entendido.

15.1.2.1.2. Discussão
Na discussão, apresentam-se estudos que se
opõem ao posicionamento defendido na monografia. O
objetivo de trazer autores contrários, à perspectiva
estudada, é mostrar suas falhas, para que se possa
apresentar a solidez dos argumentos defendidos na
monografia. Aqui, a pesquisa é comparada a outras
perspectivas e apresentada em proposições.
Uma discussão deve partir da mesma base
comum, do mesmo critério de verdade, a fim de que se
150

decida quem apresenta ou não sustentação racional


em seus argumentos.

15.1.2.1.3. Demonstração
A demonstração pode ser definida, no seu sentido
geral, “como sendo „o raciocínio certo em que as
premissas são verdadeiras, dando, logo, uma conclusão
legitimamente certa‟. Em sentido restrito, porém,
demonstração é „silogismo do necessário, isto é, em que
as premissas são verdades necessárias, logo, a
conclusão é necessariamente necessária‟. É preciso
notar que a demonstração, em geral, parte de premissas
certas, o que não se verifica em outras formas de
raciocínio.”76
É a etapa em que se faz uso da dedução, a fim de
demonstrar a validade dos argumentos empregados.
Nesta fase do desenvolvimento o pesquisador deve
utilizar o método dedutivo, ou de outro modo, parte-se
de uma ideia geral e faz-se a aplicação a um caso
particular.
Desde Aristóteles (384-322 a.C.), ficou
estabelecido que não se pode aceitar nenhuma
afirmação como verdadeira caso não seja, antes,
demonstrada como tal. Então demonstrar algo é torná-lo
claro, é apresentar as conexões existentes, necessárias
entre as coisas ou ideias.

15.1.2.1.3.1. Características da demonstração


O ato de demonstrar uma ideia, um argumento,
tem duas características: lógica; metodológica.

76
NERICI, Imideo G.. Op. cit., p. 139.
151

Quanto ao aspecto lógico é preciso dizer que a


ciência não se preocupa com o mundo abstrato, não
obstante com o mundo das experiências sensíveis.
Sendo assim, ela não pode se ater totalmente à lógica
formal.
Sobre a questão metodológica, que se pressupõe
na argumentação, bastaria dizer que um trabalho
científico deve ter as suas afirmações comprovadas ou
justificadas, por intermédio de métodos rigorosos.

Observação:
Uma observação é necessária (ainda que, para
muitos, seja supérflua): durante o processo de escrita da
monografia, os três momentos se misturam
constantemente.
152

15.1.3. Conclusão
É um resumo das ideias centrais, apresentadas
anteriormente. É a apresentação concisa dos resultados
mais importantes da pesquisa. Para se apresentar uma
conclusão coerente, com o tema estudado, é preciso
que a mesma se refira diretamente às hipóteses do
trabalho. A conclusão diz se a hipótese é verdadeira ou
falsa.
Nesta etapa da pesquisa, apresentam-se questões
que não foram resolvidas pelo estudo e que poderão ser
estudadas, em outro momento.

15.1.4. Notas de rodapé


São as indicações dos livros, artigos, teses, etc.
que foram citados. Nas notas de rodapé, também
podem aparecer definições de termos, informações
sobre um assunto, um autor, etc. Nelas pode-se fazer
uma discussão dos temas. Servem para deixar o texto
principal sem interferências externas tornando mais
agradável a leitura77.

15.1.5. Bibliografia
É conjunto d os livros, artigos, dissertações, teses,
doutrinas, leis, etc. que foram utilizadas para se fazer o
trabalho78.

77
Para maiores informações sobre a apresentação de tais notas ver
p. 92.
78
Para maiores informações sobre a apresentação da bibliografia ver
p. 145.
153

15.1.6. Outras orientações básicas


Não é excessivo apresentar mais algumas
técnicas, que podem ser utilizadas por aqueles, que
queiram se iniciar no campo da pesquisa científica.
Seguem abaixo algumas indicações, mas não é preciso
lembrar que essa relação poderia ser acrescida de um
maior número de itens: deve ser inteligível o tema; ser
fiel ao assunto é o princípio fundamental de uma boa
monografia; redigir com cuidado; estudar
exaustivamente o assunto; abordar, com técnicas
próprias, cada tema; evitar os preconceitos; evitar as
definições prontas; começar a trabalhar, sabendo que as
definições são provisórias; colocar de lado as
generalizações infundadas; dar exemplos, com validade
universal.
154

Capítulo XVI
Trabalho
Acadêmico - NBR 14724
Os trabalhos acadêmicos79 devem ser
apresentados com a máxima precisão possível, tanto no
que se refere ao conteúdo, como com relação à forma.
Por esse motivo, seguem abaixo algumas sugestões
para uma apresentação aceitável.

16.1. Formato
O trabalho acadêmico deve apresentar as
características gráficas a seguir: papel branco; tamanho
A4 (21 cm X 29,7 cm); impresso na cor preta; fonte
(letra) arial tamanho 12 (doze) para o texto; fonte (letra)
arial tamanho 10 (dez) para as citações longas, notas de
rodapé, número de páginas; a citação longa deve estar
a 04 (quatro) cm da margem esquerda em espaço
simples e fonte (letra) tamanho 10.

16.2. Margens

Esquerda: 3 cm;
Superior: 3 cm;
Direita: 2 cm;
Inferior: 2 cm.

79
ABNT - NBR 14724: Apresentação de Trabalhos Acadêmicos. Rio
de Janeiro: 2005.
155

16.3. Espaço entre as linhas


O texto deve ser apresentado com espaço 1,5; as
demais informações devem ser anotadas em espaço
simples; as referências bibliográficas são impressas em
espaço simples e separadas uma das outras com
espaço 1,5; os títulos sempre se iniciam a 8 cm da
margem superior; os títulos são separados do texto por
dois espaços 1,5.

16.4. Numeração das páginas


O número da página deve ser colocado: na parte
superior direita a 2 cm da borda. Quanto à numeração, é
preciso: utilizar os números arábicos; numerar a partir
da primeira folha do texto, apesar de se contar as
páginas a partir da folha de rosto.
156

Capítulo XVII
Estrutura formal da monografia

Estrutura Elementos

Capa;
Folha de rosto;
Folha de aprovação;
Dedicatória*;
Agradecimento*;
Pré textuais Epígrafe*;
Resumo em português;
Resumo em língua estrangeira;
Lista de ilustrações*;
Lista de tabelas*;
Sumário.

Introdução;
Textuais Desenvolvimento;
Conclusão.

Bibliografia;
Glossário*;
Pós textuais Apêndice*;
Anexo*;
Índice*.

* Elementos opcionais
157

17.1. Elementos pré textuais


17.1.1. Capa
A capa deve apresentar os seguintes elementos
de identificação: nome da instituição (opcional); nome do
autor; título; subtítulo; local; data.

Exemplo:

AEV – Associação Educacional de Vitória


FISP – Faculdades Integradas São Pedro
UCCS – Unidade de Conhecimento de Comunicação
Social
Curso de Publicidade e Propaganda

Pedro Alcântara

Filosofia Grega

Vitória, janeiro de 2011


158

17.1.2. Anverso da folha de rosto


Deve apresentar os seguintes elementos de
identificação: nome do autor; título; subtítulo; natureza e
objetivo do trabalho, nome da instituição e área de
concentração; nome do orientador; local; data.
Exemplo:

AEV – Associação Educacional de Vitória


FISP – Faculdades Integradas São Pedro
UCCS – Unidade de Conhecimento de Comunicação
Social
Curso de Publicidade e Propaganda

Pedro Alcântara

Filosofia Grega

Trabalho apresentado à AEV – Associação


Educacional de Vitória, com o intuito de
obtenção de créditos parciais na disciplina
Filosofia. Orientador Prof. Dr. Pedro Paulo
Couto.

Vitória, janeiro de 2011


159

17.1.3. Verso da folha de rosto


No verso da folha de rosto, deve aparecer a ficha
catalográfica, ou seja, a ficha que traz as informações
técnicas do trabalho.

Exemplo:

Dau, Sandro.
D235h
História da Filosofia / Sandro Dau, Carlos
Mário Paes Camacho. - - Juiz de Fora:
Central, 2003. 105p. : il.
Filosofia antiga - História.
Camacho, Carlos Mario Paes, colab.

CDD – 180
160

17.1.4. Folha de aprovação


De acordo com a NBR 14724: 2005, a folha de
aprovação é o:

Elemento obrigatório, colocado logo após a folha de


rosto, constituído pelo nome do autor do trabalho, título
do trabalho e subtítulo (se houver), natureza, objetivo,
nome da instituição a que é submetido, área de
concentração, data de aprovação, nome, titulação e
assinatura dos componentes da banca examinadora e
instituições a que pertencem. A data de aprovação e
assinaturas dos membros componentes da banca
examinadora são colocadas após a aprovação do
80
trabalho.

Exemplo: ver próxima página

80
Ib., p. 05.
161

AEV – Associação Educacional de Vitória


FISP – Faculdades Integradas São Pedro
UCCS – Unidade de Conhecimento de Comunicação Social
Curso de Publicidade e Propaganda

Pedro Alcântara

Filosofia grega

Doutoramento em Filosofia

Membros da Banca Examinadora

________________________________
Dr. Pedro Paulo Couto (Orientador)

________________________________
Dr. Paulo Henrique de Castro

________________________________
Dra. Isabela Alves Silveira

________________________________
Dra. Adriana Pinto de Oliveira

________________________________
Dr. Antônio Carlos do Couto

Vitória, 2010
162

17.1.5. Dedicatória
Nesta página, o trabalho é dedicado a um ou mais
indivíduos. Presta-se uma homenagem àqueles, os
quais o autor tem uma determinada consideração
afetiva, profissional, acadêmica, etc.

Exemplo:

Dedicamos este trabalho


a todos aqueles que me
auxiliaram durante esta
pesquisa.
163

17.1.6. Agradecimento
É o momento em que o autor do trabalho
agradece àqueles que foram importantes na execução
do mesmo. Caso o trabalho tenha sido financiado por
alguma instituição ou agência de fomento, é
imprescindível agradecê-las.

Exemplo:

a
Agradecemos à Prof Maria da
Penha pela sua colaboração
constante.
À Maria do Carmo por suas
anotações em aula e sugestões
constantes.
À AEV – Associação Educacional
de Vitória pelo apoio dado à
publicação deste trabalho.
164

17.1.7. Epígrafe
É uma citação de um determinado autor, cujo
conteúdo se relaciona diretamente com o trabalho
apresentado.

Exemplo:

“Temos três tipos distintos de sensações de


infinito, todos eles matizados com distintas
tonalidades, a saber: o gozo estético e sereno,
cheio de encantamento, como no caso do pastor
contemplando a quietude da noite estrelada; a
ansiedade aniquilante e a opressão angustiosa,
como no caso dos marinheiros perdidos nas
imensidões oceânicas, à mercê dos ventos e
tempestades; e, por último, uma espécie de
estupor e assombro, como no caso do vigia, que
vê perdida na ilimitada solidão do mar a pequena
ilha, a cujo redor a imensidão das águas forma
como que uma coroa que se estende ao infinito
(apeiritos) em toda direção.”
Rodolfo Mondolfo
165

17.1.8. Resumo em português


Nele, apresentam-se os principais pontos do
trabalho, de forma concisa. Seu objetivo é mostrar, de
forma rápida, o conteúdo e as conclusões a que se
chegou. Apresenta as seguintes características: ser
elaborado na terceira pessoa; ter um único parágrafo;
ter, no máximo, quinze linhas; palavras-chave81.
Exemplo:

Resumo

A tese procurará entender o funcionamento do


poder-saber, segundo Michel Foucault, porquanto a
normalização desta técnica da sociedade moderna
possibilita o conhecimento de todo o seio social,
limitando a liberdade humana. Com a analítica sobre
o poder, Foucault desloca-o de um centro
privilegiado e coloca-o no caldeirão das
transformações sociais. O poder deixa de ser algo
abstrato e torna-se mais difuso e mais difícil de se
combater, visto que ele metamorfoseia-se em
estratégias, que estão em constante movimento. A
tarefa de Foucault é mostrar que o poder não é o
que sempre foi dito e aceito: algo negativo. Foucault
chamará atenção para a pluralidade das forças e
para as suas relações, que constituem o poder. O
funcionamento da normalização social se dá através
do poder-saber, por isso Foucault irá dizer que a
neutralidade do saber científico, nas Ciências
Humanas e Sociais, é uma quimera, porquanto o
saber está diretamente ligado ao poder, porém de
forma nem sempre estável.

Palavras-chave: poder; saber; sexualidade.

81
Para maiores informações ver capítulo VIII: Resumos - NBR 6028,
p. 74.
166

17.1.9. Resumo em língua estrangeira


Todo trabalho científico deve conter um resumo
em uma língua estrangeira. O objetivo desse resumo é a
divulgação internacional dos resultados obtidos.
As mesmas regras para o resumo em Língua
Portuguesa devem ser usadas para o resumo em língua
estrangeira.
Exemplo:

Resumé
La thèse cherchera entendre le fonctionnement
du pouvoir-savoir selon Michel Foucault, vu que
la connaissance de cette technique de la societé
moderne c'est que la possibilite normaliser tout
le sein social, en limitant la liberté humaine.
Avec l'analytique concernant au pouvoir,
Foucault le déplace d'un centre privilégié et le
met dans un chaudron des transformations
soxiaux. Le pouvoir laisse d'être quelque chose
metaphysique et se de vient plus diffus et plus
difficile de se combattre, vu qu'il se
metamorphose en stratégies en constant
moviments. La tâche de Foucault c'est de
montrer que le pouvoir n'est pas ce que toujours
a été dit et a été accepté quelque chose
négative. Le fonctionnement de la normalisation
sociale survient du moyen du pouvoir-savoir,
c'est pourquoi Foucault ira júsqu'a à dire que la
neutralité du savoir scientifique est une chimére,
car le savoir est directement attaché au pouvoir
mais de forme pas toujours stable.

Mots clé: pouvoir; savoir; Foucault.


167

17.1.10. Lista de ilustrações

É a lista que contém as páginas nas quais se


encontram: desenhos; gravuras; imagens; mapas.
Exemplo:

Lista de ilustrações
Paternon 23
Busto de Protágoras de Abdera 35
Mapa de Queroneia 53
Gravura representando Górgicas 79
Leontino
168

17.1.11. Lista de tabelas


De acordo com a ABNT NBR 14724 tabela é um
“elemento demonstrativo de síntese que constitui
unidade autônoma.”82

Exemplo:

Lista de tabelas

Número de habitantes na Europa no século XIX 33


Taxa de mortalidade da Inglaterra no século XIX 56
Taxa de natalidade na Itália no século XVIII 97

82
Ib., p. 02.
169

17.1.12. Sumário
A ABNT NBR 14724 define sumário como sendo a
“enumeração das principais divisões, seções e outras
partes do trabalho, na mesma ordem e grafia em que a
matéria nele se sucede.”83

Exemplo:

Sumário
Capítulo I: Metodologia 1
Tipos de metodologia 3

Capítulo II: Pesquisa 9


Pesquisa teórica 11
Pesquisa metodológica 16
Pesquisa empírica 19

83
Ib., p. 02.
170

17.2. Elementos textuais

17.2.1. Introdução
Para maiores informações sobre como se fazer a
introdução veja p. 148.

17.2.2. Desenvolvimento
Para maiores informações sobre como se fazer o
desenvolvimento veja p. 149.

17.2.3. Conclusão
Para maiores informações sobre como se fazer a
conclusão veja p. 152.
171

17.3. Elementos pós textuais

17.3.1. Bibliografia
Conjunto de livros, artigos, dissertações, etc. que
serviram de suporte teórico, para o desenvolvimento da
pesquisa.
Exemplo:

BIBLIOGRAFIA

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.


Normas ABNT sobre documentação. Rio de Janeiro:
ABNT, 2000.

_____________.NBR 6023: informação e documentação -


referências - elaboração. Rio de Janeiro, 2000.

BARROS, A. J. P. e LEHFELD, N.A.S.. Fundamentos de


Metodologia. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1986.
172

17.3.2. Glossário
É a parte na qual se encontram as definições das
palavras de significado pouco conhecido.

Exemplo:

Glossário
Certeza apodítica: “Absoluta necessidade, não se
baseando em nenhuma espécie de fundamentos de
experiência: é, portanto, um produto da razão, mas além
disso sintético.”

Intuição: “... É uma representação, como se ela


dependesse imediatamente da presença do objeto.”

Intuição empírica: “Torna possível (...) que ampliemos


nosso conceito dado por um objeto da intuição, através de
novos predicados que a própria intuição oferece ... .”

Método analítico: “é algo completamente diferente de um


complexo de proposições analíticas: significa apenas que se
parte daquilo que se analisa, como se tivesse sido dado, e
se chega às condições sob as quais somente é possível.
Neste método empregam-se frequentemente apenas
proposições sintéticas, do que dá um exemplo a análise
matemática e poderia ser melhor denominado de método
regressivo em contraposição com o sintético ou
progressivo.”
173

17.3.3. Apêndice
É o material elaborado pelo autor, com o intuito de
completar sua argumentação. Esse material é colocado
fora do texto principal, a fim de não prejudicar sua
leitura.
Não se deve confundir anexo com apêndice, de
acordo com a ABNT NBR 14724: 2002, apêndice é o
“texto ou documento elaborado pelo autor, a fim de
complementar sua argumentação, sem prejuízo da
unidade nuclear do trabalho.”84

Exemplo:
Ver próxima página.

84
Ib., p. 02.
174

Margem superior : 3 cm

1. Margem do Parágrafo: 2 cm;


2. Margem da citação longa: 4 cm, com espaço
simples e fonte arial 10;
3. CAPÍTULO (SEMPRE A 8 cm, EM
VERSAIS);
4. Fonte arial 12, para o texto;
5. Fonte arial 10, para citação longa, nota de
rodapé e número de páginas;
6. Espaço entre linhas: 1,5 para o texto e
Margem esquerda: 3 cm

simples para as citações longas e notas;

Margem direita: 2 cm
7. Folha A 4 (21 cm X 29,7 cm);
8. Papel branco;
9. Impresso, na cor preta.

Margem inferior : 2 cm
175

17.3.4. Anexo
De acordo com a ABNT NBR 1472485 anexo é o
material elaborado por outro autor, cujo intuito é
fundamentar uma ideia, comprovar um argumento ou
ilustrar uma proposição.
Exemplo86:

“Os enunciados dos objetivos devem começar com um


verbo no infinitivo e este verbo deve indicar uma ação
passível de mensuração. Como exemplos de verbos usados
na formulação dos objetivos, podem-se citar para:
a) determinar estágio cognitivo de
conhecimento: os verbos apontar, arrolar,
definir, enunciar, inscrever, registrar, relatar,
repetir, sublinhar e nomear;
b) determinar estágio cognitivo de
compreensão: os verbos descrever, discutir,
esclarecer, examinar, explicar, expressar,
identificar, localizar, traduzir e transcrever;
c) determinar estágio cognitivo de aplicação:
os verbos aplicar, demonstrar, empregar,
ilustrar, interpretar, inventariar, manipular,
praticar, traçar e usar;
d) determinar estágio cognitivo de análise: os
verbos analisar, classificar, comparar,
constatar, criticar, debater, diferenciar,
distinguir, examinar, provar, investigar e
experimentar;
e) determinar estágio cognitivo de síntese: os
verbos articular, compor, constituir, coordenar,
reunir, organizar e esquematizar;
f) determinar estágio cognitivo de avaliação:
os verbos apreciar, avaliar, eliminar, escolher,
estimar, julgar, preferir, selecionar, validar e
valorizar.”

85
Ib., p. 02.
86
Silva, E. L. da; Menezes E. M.. Metodologia da Pesquisa e
a
Elaboração de Dissertação. 3 ed. rev. e at. Florianópolis: UFSC,
2001.
176

17.3.5. Índice
De acordo com a ABNT NBR 14724: 2002, índice
é uma “lista de palavras ou frases, ordenadas segundo
determinado critério, que localiza e remete para as
informações contidas no texto.”87
Exemplo:

Índice
Capítulo I
Diretrizes para a leitura de textos teórico-científicos 06

Capítulo II
Ciência 08

Capítulo III
Conceitos 26

http://projetos.inf.ufsc.br/arquivos/Metodologia%20da%20Pesquisa%
203a%20edicao.pdf <acessado em 21/12/2010>
87
Ib., p. 02.
177

17.3.6. Contracapa
Folha em branco, que protege e encerra o
trabalho.
178

Capítulo XVIII
Apresentação de relatórios
técnico-científicos - NBR 10719
É uma norma que contribui, para a elaboração e
apresentação padronizada de relatórios técnico-
científicos. A NBR 10719 define este tipo relatório como:

Documento que relata formalmente os


resultados ou progressos obtidos em
investigação de pesquisa e desenvolvimento ou
que descreve a situação de uma questão
88
técnica ou científica.

Na confecção de qualquer relatório é preciso


trazer uma numeração específica, a qual possa
identificar o documento e seu autor.
Os relatórios técnico-científicos devem apresentar
os seguintes elementos:

a) pré textuais;
b) textuais;
c) pós textuais.

Os elementos pré textuais são:

a) capa (frente e verso);


b) folha de rosto (ficha de
identificação);
c) apresentação;

88
ABNT-NBR 10719. Apresentação de Relatórios Técnico-
científicos. Rio de Janeiro: 1989, p. 01.
179

d) resumo;
e) listas;
f) sumário.

Exemplo:
Capa

AEV – Associação Educacional de Vitória


FISP – Faculdades Integradas São Pedro
UCCS – Unidade de Conhecimento de Comunicação
Social
Curso de Publicidade e Propaganda

No 041

Campanha Publicitária

Janeiro de 2011
180

Folha de rosto

o
Classificação de segurança Documento n

o
Mês e ano Projeto n

o
Título e subtítulo N do volume

o
N da parte
Título do projeto

Entidade executora (autor coletivo) Autor

Entidade patrocinada (cliente ou destinatário principal)

Resumo

Palavras-chave

o o
N de edição N de ISSN CDD
páginas
o
Distribuidor N de exemplares Preço

Observações
181

Quanto aos elementos textuais temos:

a) introdução;
b) desenvolvimento;
c) conclusões.

Por fim, os elementos que aparecem após o texto


são:
a) anexos;
b) agradecimentos;
c) referências bibliográficas;
d) glossário;
e) índice;
f) ficha de identificação do relatório;
g) contra capa.

Caso o relatório tenha um grande número de


páginas aconselha-se dividi-lo em volumes. Estas partes
deverão ser identificadas da seguinte maneira: v.1; v.2,
etc.
Os relatórios técnico-científicos são impressos em
folha A4, frente e verso. A numeração das páginas deve
ser no canto direito superior nas páginas ímpares e
esquerdo nas páginas pares.
182

Capítulo XIX
Artigo científico impresso em
periódico - NBR 6022
O artigo científico é a apresentação resumida dos
resultados de uma pesquisa: “artigo científico é parte de
uma publicação com autoria declarada, que apresenta e
discute ideias, métodos, técnicas, processos e
resultados nas diversas áreas de conhecimento.”89 Seu
objetivo é a divulgação do tema estudado e para tanto
se faz mister: indicar o quadro teórico referencial
utilizado; apresentar a metodologia empregada; noticiar
os resultados alcançados.
Com este instrumento espera-se tornar público os
estudos realizados com o intuito de contribuir, para a
discussão sobre determinado tema.
O artigo tem como característica a síntese,
portanto urge que ele apresente: uma linguagem clara,
coerente, objetiva, impessoal. Deve conter os seguintes
elementos:

a) pré textuais: capa90; folha de rosto;


resumo; palavras-chave.
b) textuais: introdução; desenvolvimento;
conclusão.
c) pós textuais: referências; apêndices;
anexos.

89
ABNT-NBR 6022: Artigo em publicação periódica científica
impressa. Rio de Janeiro: 2003, p. 02.
90
Opcional.
183

19.1. Elementos pré textuais91

Título do artigo

Autores: breve currículo do(s) autor(es).

Resumo: deve ser apresentado de acordo com a


NBR 6028, 1990. É a síntese de um texto, a qual
possibilita ao leitor ter uma visão mais ampla
deste texto. Seu objetivo é auxiliar na decisão
sobre a leitura ou não do texto, por este motivo
ele deve estar em conexão direta com o material
apresentado. Sua primeira frase deve conter a
ideia principal e as frases devem ser curtas, a fim
de conseguirmos uma maior clareza. Além disso,
deve conter: o objetivo; o método; os resultados;
a conclusão. É preciso elaborá-lo na terceira
pessoa. Em média deve conter 250 (duzentas e
cinquenta palavras).

Palavras-chave: no mínimo três palavras.

91
Apesar da vigência da NBR 6022: 2003 cada revista tem suas
normas editoriais.
184

19.2. Elementos textuais

Introdução: devemos apresentar, de maneira


concisa, os (as): tema; metodologia; justificativa;
situação em que se encontra o problema,
principais conceitos.

Desenvolvimento: é a própria pesquisa. Neste


estágio é premente aclarar os conceitos
estudados. Devemos apontar as posições
contrárias à tese defendida. Por fim, esperamos
que o autor tenha condições de demonstrar a
validade lógica dos argumentos defendidos.

Conclusão: é um resumo das principais ideias


apresentadas no decorrer do artigo.
185

19.3. Elementos pós textuais

Referências: é o conjunto de livros, artigos,


teses, etc. apresentado no trabalho. Devem ser
apresentadas em conformidade com a ABNT –
NBR 6023: 2002.

Apêndice: a ABNT NBR 14724: 2002 define


este elemento como sendo o material elaborado
pelo autor com o intuito de tornar ainda mais
clara as ideias discutidas.

Anexo: de acordo com a ABNT NBR 14724:


2002 o anexo é o documento elaborado por
outro autor com o intuito de fundamentar,
comprovar ou ilustrar os argumentos em pauta.
186

Bibliografia

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.


Normas ABNT sobre documentação. Rio de Janeiro:
ABNT, 2000.

_____________.NBR 6023: informação e


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Janeiro, 2002.

_____________.NBR 6027: sumário. Rio de Janeiro:


1989.

_____________.NBR 6028: resumos. Rio de Janeiro:


1987.

_____________.NBR 6029: apresentação de livros. Rio


de Janeiro: 1993.

_____________.NBR 6032: abreviação de títulos de


periódicos e publicações seriadas. Rio de Janeiro: 1989.

_____________.NBR 6033: ordem alfabética. Rio de


Janeiro: 1989.

_____________.NBR 6034: preparação de índices de


publicações. Rio de Janeiro: 1989.

_____________.NBR 10522: apresentação de citações


em documentos. Rio de Janeiro: 2002.

_____________.NBR 10522: abreviação na descrição


bibliográfica. Rio de Janeiro: 1988.
187

_____________.NBR 10523: entrada para nomes de


língua estrangeira em registros bibliográficos. Rio de
Janeiro: 1988.

_____________.NBR 10524: preparação de folha de


rosto de livro. Rio de Janeiro: 1988.

_____________.NBR 10719: apresentação de relatórios


técnico-científicos. Rio de Janeiro: 1989.

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