Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Abstract: This paper presents the results of laboratory tests (density, moisture content and heating
value), carried out on energetic biomass (residues), obtained from the agricultural sector and lumber
industry, to determine energy density when used without previous processing, and to evaluate the
influence of parameters such as moisture, density, grain size and heating value, as well as to
obtain typical values for the cited parameters, that can be used for dimensioning electric power
plants using biomass as fuel.
1
Recebido para publicação em 4.5.2006 e aceito em 23.6.2006.
2
M.S., Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica do Centro Tecnológico da
Universidade Federal do Pará – DEEC/UFPA, Rua Augusto Correa, n o 1, 66075-900 Belém-PA,
<giorgiana.pinheiro@redecelpa.com.br>; 3 M.S., Prof. do Departamento de Engenharia Mecânica – DEM/UFPA,
<rendeiro@ufpa.br>; 4 Dr.Ing., Prof. do Departamento de Engenharia Elétrica e de Computação – DEEC/UFPA,
<jtpinho@ufpa.br>.
(kcal kg-1); MV’ = porcentual de matéria volátil brasileiras existentes para carvão vegetal,
em base seca e isenta de cinza; MV = que se adequaram aos resíduos estudados,
porcentual de voláteis; e CF = porcentual de conforme avaliações realizadas por Pinheiro
carbono fixo. et al. (2004):
Foram realizados também ensaios em 13 - NBR 6923 – Carvão Vegetal - Amostra-
amostras resultantes de misturas de dois gem e Preparação da Amostra, que
tipos de resíduos, com porcentagens de 50% define os procedimentos de coleta e
+ 50% (serragem mais resíduo agroindus- preparação de amostras para realização
trial) e 70% + 30% (serragem mais resíduo de ensaios de caracterização de carvão
agroindustrial). Para efetuar as misturas, as vegetal.
amostras foram separadas em peso e
- NBR 8112 – Carvão Vegetal – Análise
misturadas manualmente, até obtenção de
Imediata, destinada à determinação dos
amostra com aspecto visual uniforme, a fim
teores de umidade, cinzas, matérias
de garantir resultados representativos para
os ensaios de umidade e poder calorífico, uma voláteis e carbono fixo de carvão vegetal
vez que se utiliza quantidade pequena na (ABNT, 1986).
execução dos ensaios (50 g para a umidade e - NBR 8633 – Determinação do Poder
0,5 g para o poder calorífico); se as misturas Calorífico, prescreve o método de deter-
fossem heterogêneas poderiam apresentar minação do poder calorífico superior do
resultados incorretos. carvão vegetal a volume constante, em
Para verificar a influência do aumento uma bomba calorimétrica adiabática,
de umidade na densidade a granel e, conse- isotérmica ou estática (ABNT, 1984).
qüentemente, na densidade energética de - NBR 6922 – Determinação da Massa
uma mesma amostra de biomassa, foram Específica (Densidade a Granel), pres-
realizados ensaios em duas amostras de creve o método de determinação da
serragem, constituídas de madeiras classifi- massa específica do carvão vegetal como
cadas como madeira leve (quaruba, com recebido (ABNT, 1981).
densidade de 600 kg m-3, a 12% de umidade)
e madeira pesada (jatobá, com densidade de 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
890 kg m-3, a 12% de umidade), e em amostras
de resíduos da agroindústria, com granulo- As Figuras 4, 5, 6 e 7 mostram os resul-
metrias diversas (fibra de dendê e casca de tados dos ensaios de umidade, poder calorífico
castanha). As Figuras 1 e 2 ilustram as amos- e análise química imediata, obtidos para 32
tras que foram ensaiadas para duas condições das amostras estudadas, a fim de exemplificar
de umidade: o comportamento típico dos resíduos florestais
1. umidade em que os resíduos foram e agroindustriais disponibilizados pelas
coletados nas empresas (identificadas empresas do Estado.
como amostras em umidade natural); e
Na Figura 4 pode-se observar a grande
2. umidade após a molhagem com água variação da umidade dos resíduos nas con-
corrente, identificadas como amostras dições de campo, que variaram de 5 até 70%.
saturadas (Figura 3).
Há pouca influência do tipo de biomassa
2.1 Normatização no poder calorífico superior. Este parâmetro,
de modo geral, mostrou-se similar para todos
Foram adotadas como referência para os resíduos, com valores na faixa de 4.500 a
execução dos ensaios as seguintes normas 5.000 kcal kg-1 (Figura 5).
(a) (b)
(a) (b)
70
65
60
Teor de Umidade (%)
55
50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
Casca de cast.-pará
Casca de nozes
Muiracatiara
Maçaranduba
Caroço de açaí
Falso-pau-brasil
Quenga de coco
Mogno
Marupá
Casca de amêndoa
Roxinho
Angelim-vermelho
Sucupira
Louro-faia
Pau-preto
Quaruba
Fibra de dendê
Pracuuba
Cedro
Jatobá
Garapa
Angelim-pedra
Cumaru
Tauari
Andiroba
Tanimbuca
Bambu
Breo
Tatajuba
Piquiá
Angelim
Palmito
Figura 4 Resultados dos ensaios de umidade.
Figure 4 Moisture assay results.
5500
5000
Poder Calorífico (cal g )
-1
4500
4000
3500
3000
2500
2000
1500
1000 Poder calorífico superior
0
Casca de cast.-pará
Casca de nozes
Muiracatiara
Maçaranduba
Caroço de açaí
Falso-pau-brasil
Quenga de coco
Mogno
Marupá
Casca de amêndoa
Angelim-vermelho
Sucupira
Louro-faia
Pau-preto
Quaruba
Fibra de dendê
Pracuuba
Cedro
Jatobá
Garapa
Cumaru
Roxinho
Andiroba
Tanimbuca
Bambu
Breo
Angelim-pedra
Tatajuba
Tauari
Piquiá
Angelim
Palmito
Figura 5 Resultado do poder calorífico superior e inferior.
Figure 5 Higher and lower heating value results.
5.000
Poder Calorífico Inferior (kcal kg )
-1
Presente Trabalho
4.500
4.000
Brascop Engenharia Ltda
3.500
Nogueira e Lora
3.000
2.500
2.000
1.500
1.000
500
0
0 10 20 30 40 50 60 70
Teor de Umidade (%)
Figura 6 Variação do poder calorífico inferior das amostras de resíduo vegetal com a umidade base úmida.
Figure 6 Lower heating value variation of the biomass residue samples with moist basis.
energética foi a densidade a granel das amos- O bom desempenho do caroço de açaí
tras; aquelas com maior densidade a granel pode ser questionado, visto que a umidade
foram as que apresentaram maior densidade (base seca) das amostras coletadas, conforme
energética, sendo elas: caroço de açaí, casca a condição em que são disponibilizadas pelos
de amêndoa e quenga de coco. Já as biomas- produtores, situa-se na faixa de 43% (base
sas constituídas por serragem, cuja densi- seca). Em trabalho realizado pela Brascep
dade a granel é menor, de modo geral (1987), constatou-se que biomassa com umi-
apresentaram menor densidade energética, dade acima de 45% (base úmida) é inadequada
independentemente do PCI. para aproveitamento como combustível.
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30% Teor de Carbono Fixo (%)
20% Teor de Cinzas (%)
10% Teor de Voláteis (%)
0%
Cumaru
Quaruba
Pracuuba
Maçaranduba
Roxinho
Sucupira
Tanimbuca
Pau-preto
Quenga de coco
Mogno
Marupá
Casca de nozes
Casca de amêndoa
Bambu
Tatajuba
Louro-faia
Falso pau-brasil
Tauari
Cedro
Jatobá
Casca de cast.-pará
Andiroba
Breo
Angelim-vermelho
Fibra de dendê
Garapa
Caroço de açaí
Muiracatiara
Angelim-pedra
Piquiá
Angelim
Palmito
Figura 7 Resultados dos ensaios de análise química imediata.
Figure 7 Immediate chemical analysis results.
60 5.500
5.000
50 4.500
Teor de Umidade (%)
4.000
40
3.500
-1
PCI (cal g )
3.000
30
2.500
2.000
20
1.500
1.000
10
500
0 0
Jatobá
Tauari
Garapa
Angelim
Fibra de coco
Muiracatiara
Fibra de dendê
Cascas castanha-pará
Casca de amêndoa
Quenga de coco
Caroço de açaí
Maçaranduba
Cacho seco de amêndoa
Cacho seco de amêndoa
Casca de amêndoa
Maçaranduba
Cascas castanha-pará
Fibra de dendê
Quenga de coco
Caroço de açaí
Angelim
Garapa
Jatobá
Muiracatiara
Fibra de coco
Tauari
Figura 8 Resultados dos ensaios de umidade. Figura 9 Resultados do poder calorífico inferior.
Figure 8 Moisture test results. Figure 9 Lower heating value results.
0
100
200
300
400
500
600
700
800
0
500.000
1.000.000
1.500.000
2.000.000
2.500.000
3.000.000
Muiracatiara
a granel.
Muiracatiara
Cacho seco de amêndoa
energética.
Cacho seco de amêndoa
Garapa
Garapa
Jatobá
Jatobá
Maçaranduba
Maçaranduba
Angelim
Angelim
Tauari
Tauari
Fibra de dendê
Fibra de dendê
Caroço de açaí
0
500
2500
1.000
1.500
2.000
3.000
3.500
4.000
50% Maçaranduba+casca amêndoa
50% Maçaranduba+casca amêndoa
50% Maçaranduba+casca castanha
50% Maçaranduba+casca castanha
70% Maçaranduba+30% cacho seco amêndoa
70% Maçaranduba+30% cacho seco amêndoa
das misturas.
das misturas.
70% Maçaranduba+30% casca amêndoa
70% Maçaranduba+30% casca amêndoa
50% Maçaranduba+fibra dendê
50% Maçaranduba+fibra dendê
70% Maçaranduba+30% casca castanha
70% Maçaranduba+30% casca castanha
70% Maçaranduba+30% fibra cendê
70% Maçaranduba+30% fibra cendê
50% Maçaranduba+quenga coco
50% Maçaranduba+quenga coco
50% Maçaranduba+cacho seco amêndoa
50% Maçaranduba+cacho seco amêndoa
1.800.000
com umidade natural) foi semelhante para
Densidade Energética (kcal m
1.600.000
1.400.000 as amostras de jatobá e quaruba, em torno
1.200.000
1.000.000
70
800.000
600.000 60
400.000
Teor de Umidade (%)
200.000 50
0,00
50% Maçaranduba+fibra coco
50% Maçaranduba+casca amêndoa
40
30
20
10
0
Quaruba (sat)
C Castanha (sat)
F Dendê (nat)
Jatobá (sat)
F Dendê (sat)
C Castanha (nat)
Quaruba (nat)
Jatobá (nat)
4.500 1.000.000
3.500 800.000
PCI (kcal kg -1 )
700.000
3.000
600.000
2.500
500.000
2.000
400.000
1.500 300.000
1.000 200.000
500 100.000
0 0
Q b Q b ( t) F Dê d ( t) J t b ( t) F Dê d ( t) J t b (S t) CC t h CC t h
Jatobá (sat)
Quaruba (sat)
C Castanha (sat)
Quaruba (Sat) Quaruba (nat ) F Dênde (sat) J at oba (nat ) F Dênde (nat) J atoba (Sat) C Cas tanha C Cast anha
F Dendê (nat)
F Dendê (sat)
Quaruba (sat)
C Castanha (nat)
Quaruba (nat)
Jatobá (nat)
C Castanha (sat)
F Dendê (nat)
Jatobá (sat)
F Dendê (sat)
C Castanha (nat)
Quaruba (nat)
Jatobá (nat)
(s at) (nat )
Figura 17 Resultados do poder calorífico inferior Figura 19 Resultados dos ensaios de densidade
com variação de umidade. energética com variação da umidade.
Figure 17 Lower heat value results, with moisture Figure 19 Energy density tests results, with
variation. moisture variation.
600
ensaios, as amostras que apresentaram
melhor desempenho como energético foram
Densidade a granel (kg m
)
500
-3
0
Pode ser adotado como valor típico de
PCS de resíduos vegetais 4.500 a 5.000 kcal
Quaruba (sat)
C Castanha (sat)
F Dendê (nat)
Jatobá (sat)
F Dendê (sat)
C Castanha (nat)
Quaruba (nat)
Jatobá (nat)