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Densidade energética de resíduos vegetais 113

DENSIDADE ENERGÉTICA DE RESÍDUOS VEGETAIS1

Energy Density of Plant Residues

Giorgiana Freitas Pinheiro2, Gonçalo Rendeiro3 e João Tavares Pinho4

Resumo: Este trabalho apresenta os resultados de ensaios de laboratório (densidade a granel,


umidade e poder calorífico) realizados em biomassa energética (resíduos), obtida no setor agrícola
e na indústria madeireira, com os objetivos de determinar sua densidade energética, quando utilizada
sem processamento prévio, avaliar a influência de parâmetros como umidade, densidade,
granulometria e poder calorífico, bem como obter valores típicos para os referidos parâmetros que
possam ser adotados quando do dimensionamento de plantas de geração de energia elétrica,
utilizando biomassa como combustível.

Palavras-chave: Resíduos, densidade energética, caracterização de resíduos e


aproveitamento de biomassa.

Abstract: This paper presents the results of laboratory tests (density, moisture content and heating
value), carried out on energetic biomass (residues), obtained from the agricultural sector and lumber
industry, to determine energy density when used without previous processing, and to evaluate the
influence of parameters such as moisture, density, grain size and heating value, as well as to
obtain typical values for the cited parameters, that can be used for dimensioning electric power
plants using biomass as fuel.

Keywords: Residues, energy density, residue characterization, and biomass


utilization.

1 INTRODUÇÃO e madeireira, são exemplos de setores que


produzem resíduos com importante potencial
A biomassa constituída de resíduos de aproveitamento energético no Brasil. É
resultantes de processos industriais é uma comum esses resíduos possuírem grande
das alternativas consideradas para geração variedade de formas, densidades, granulo-
de energia com fontes e, ou, tecnologias não- metrias e umidades, ou seja, considerável
convencionais. heterogeneidade.
A agroindústria e a indústria florestal, A queima direta desses resíduos propor-
dentre elas a sucro-alcooleira, papel, celulose ciona custo reduzido para o calor gerado e

1
Recebido para publicação em 4.5.2006 e aceito em 23.6.2006.
2
M.S., Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica do Centro Tecnológico da
Universidade Federal do Pará – DEEC/UFPA, Rua Augusto Correa, n o 1, 66075-900 Belém-PA,
<giorgiana.pinheiro@redecelpa.com.br>; 3 M.S., Prof. do Departamento de Engenharia Mecânica – DEM/UFPA,
<rendeiro@ufpa.br>; 4 Dr.Ing., Prof. do Departamento de Engenharia Elétrica e de Computação – DEEC/UFPA,
<jtpinho@ufpa.br>.

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custo de geração de energia mais competitivo, e densidade a granel em 13 amostras. Os


muito embora apresente baixo rendimento resíduos foram obtidos em empresas
térmico em função da umidade e heteroge- madeireiras e agroindustrias localizadas nos
neidade. No entanto, esse baixo rendimento municípios de Belém, Ananindeua e
é compensado pela facilidade de obtenção do Marituba, no Estado do Pará.
combustível a um custo mínimo.
A partir dos resultados dos ensaios de
Na utilização de resíduos sem processo análise química imediata, umidade e densi-
de conversão prévia para obtenção de com- dade a granel, foram determinados, através
bustível (sólido ou gasoso) com características de cálculos, o poder calorífico inferior – PCI
mais homogêneas, é de extrema importância – e a densidade energética das biomassas,
observar a influência das variáveis como para comparação do seu desempenho como
umidade, densidade, granulometria e poder combustível, da seguinte maneira:
calorífico na densidade energética, devido à
a) a densidade energética (quantidade de
influência direta no custo do kWh produzido.
energia por unidade de volume de um com-
Este trabalho apresenta uma avaliação bustível) foi obtida pelo produto do PCI com
de resultados de ensaios de laboratório de a densidade a granel das amostras; e
caracterização (densidade a granel, umidade
b) o poder calorífico inferior foi obtido
e poder calorífico) de resíduos do setor agroin-
através da equação 1 (JEN, 1987):
dustrial e madeireiro, com os objetivos de
verificar seu desempenho como combustível, PCI = (1 − a ).PCS − 9.(1 − a ).h.hlv( 25o C ) − a.hlv( 25o C )
através da determinação da densidade ener-
gética, avaliar a influência de parâmetros (eq. 1)
como umidade, densidade e granulometria no
seu aproveitamento, bem como determinar em que PCI = poder calorífico inferior (kcal kg-1);
os valores típicos dos referidos parâmetros PCS = poder calorífico superior (kcal kg-1); a =
que possam ser utilizados como referencial umidade base úmida (%); h = porcentual de
no dimensionamento de equipamentos para hidrogênio do material seco (%); e h lv (25 oC) =
geração de energia. entalpia de vaporização da água a 25 oC
(kcal kg-1), igual a 583,58 kcal kg-1.
2 METODOLOGIA O teor de hidrogênio foi calculado a partir
da seguinte equação empírica (fórmula de
As amostras ensaiadas foram disponi- Seyler), obtida em Gomide (1984):
bilizadas pelas empresas produtoras de
resíduos sem misturas, nas condições em que
se encontravam após o processamento, e que  1 
h = 0 , 069 . PCS ' + MV '  − 2 , 87
poderiam vir a ser utilizadas em uma usina  100 
de geração de energia. Elas permaneceram
(eq. 2)
armazenadas em um pátio coberto por no
máximo uma semana, até a data dos ensaios. 100
PCS ' = PCS (eq. 3)
Para cada amostra foram realizadas três ( MV + CF )
determinações de cada parâmetro, e calcu-
lada a média aritmética. 100
MV ' = MV (eq. 4)
Foram realizados ensaios de poder calo- MV + CF
rífico superior e umidade em 32 amostras, e em que: h = porcentual de hidrogênio; PCS’ =
ensaios de umidade, poder calorífico superior poder calorífico em base seca e isenta de cinza

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Densidade energética de resíduos vegetais 115

(kcal kg-1); MV’ = porcentual de matéria volátil brasileiras existentes para carvão vegetal,
em base seca e isenta de cinza; MV = que se adequaram aos resíduos estudados,
porcentual de voláteis; e CF = porcentual de conforme avaliações realizadas por Pinheiro
carbono fixo. et al. (2004):
Foram realizados também ensaios em 13 - NBR 6923 – Carvão Vegetal - Amostra-
amostras resultantes de misturas de dois gem e Preparação da Amostra, que
tipos de resíduos, com porcentagens de 50% define os procedimentos de coleta e
+ 50% (serragem mais resíduo agroindus- preparação de amostras para realização
trial) e 70% + 30% (serragem mais resíduo de ensaios de caracterização de carvão
agroindustrial). Para efetuar as misturas, as vegetal.
amostras foram separadas em peso e
- NBR 8112 – Carvão Vegetal – Análise
misturadas manualmente, até obtenção de
Imediata, destinada à determinação dos
amostra com aspecto visual uniforme, a fim
teores de umidade, cinzas, matérias
de garantir resultados representativos para
os ensaios de umidade e poder calorífico, uma voláteis e carbono fixo de carvão vegetal
vez que se utiliza quantidade pequena na (ABNT, 1986).
execução dos ensaios (50 g para a umidade e - NBR 8633 – Determinação do Poder
0,5 g para o poder calorífico); se as misturas Calorífico, prescreve o método de deter-
fossem heterogêneas poderiam apresentar minação do poder calorífico superior do
resultados incorretos. carvão vegetal a volume constante, em
Para verificar a influência do aumento uma bomba calorimétrica adiabática,
de umidade na densidade a granel e, conse- isotérmica ou estática (ABNT, 1984).
qüentemente, na densidade energética de - NBR 6922 – Determinação da Massa
uma mesma amostra de biomassa, foram Específica (Densidade a Granel), pres-
realizados ensaios em duas amostras de creve o método de determinação da
serragem, constituídas de madeiras classifi- massa específica do carvão vegetal como
cadas como madeira leve (quaruba, com recebido (ABNT, 1981).
densidade de 600 kg m-3, a 12% de umidade)
e madeira pesada (jatobá, com densidade de 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
890 kg m-3, a 12% de umidade), e em amostras
de resíduos da agroindústria, com granulo- As Figuras 4, 5, 6 e 7 mostram os resul-
metrias diversas (fibra de dendê e casca de tados dos ensaios de umidade, poder calorífico
castanha). As Figuras 1 e 2 ilustram as amos- e análise química imediata, obtidos para 32
tras que foram ensaiadas para duas condições das amostras estudadas, a fim de exemplificar
de umidade: o comportamento típico dos resíduos florestais
1. umidade em que os resíduos foram e agroindustriais disponibilizados pelas
coletados nas empresas (identificadas empresas do Estado.
como amostras em umidade natural); e
Na Figura 4 pode-se observar a grande
2. umidade após a molhagem com água variação da umidade dos resíduos nas con-
corrente, identificadas como amostras dições de campo, que variaram de 5 até 70%.
saturadas (Figura 3).
Há pouca influência do tipo de biomassa
2.1 Normatização no poder calorífico superior. Este parâmetro,
de modo geral, mostrou-se similar para todos
Foram adotadas como referência para os resíduos, com valores na faixa de 4.500 a
execução dos ensaios as seguintes normas 5.000 kcal kg-1 (Figura 5).

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(a) (b)

Figura 1 – Amostra de casca de castanha (a) seca (b) úmida.


Figure 1 – Brazilian nut Shell sample (a) dry (b) humid.

(a) (b)

Figura 2 – Amostra de fibra de dendê (a) seca (b) úmida.


Figure 2 – Dende fiber sample (a) dry (b) humid.

Figura 3 – Molhagem das amostras.


Figure 3 – Sample watering.

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Densidade energética de resíduos vegetais 117

70
65
60
Teor de Umidade (%)

55
50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0

Casca de cast.-pará
Casca de nozes

Muiracatiara

Maçaranduba

Caroço de açaí
Falso-pau-brasil
Quenga de coco

Mogno
Marupá

Casca de amêndoa

Roxinho
Angelim-vermelho
Sucupira

Louro-faia

Pau-preto
Quaruba

Fibra de dendê
Pracuuba

Cedro

Jatobá

Garapa

Angelim-pedra
Cumaru

Tauari

Andiroba
Tanimbuca

Bambu

Breo
Tatajuba

Piquiá

Angelim

Palmito
Figura 4 – Resultados dos ensaios de umidade.
Figure 4 – Moisture assay results.

5500
5000
Poder Calorífico (cal g )
-1

4500
4000
3500
3000
2500
2000
1500
1000 Poder calorífico superior

500 Poder calorífico inferior

0
Casca de cast.-pará
Casca de nozes

Muiracatiara

Maçaranduba

Caroço de açaí
Falso-pau-brasil
Quenga de coco

Mogno
Marupá

Casca de amêndoa

Angelim-vermelho
Sucupira

Louro-faia

Pau-preto
Quaruba

Fibra de dendê
Pracuuba

Cedro

Jatobá

Garapa
Cumaru

Roxinho
Andiroba
Tanimbuca

Bambu

Breo

Angelim-pedra
Tatajuba

Tauari

Piquiá

Angelim

Palmito
Figura 5 – Resultado do poder calorífico superior e inferior.
Figure 5 – Higher and lower heating value results.

5.000
Poder Calorífico Inferior (kcal kg )
-1

Presente Trabalho
4.500
4.000
Brascop Engenharia Ltda

3.500
Nogueira e Lora

3.000
2.500
2.000
1.500
1.000
500
0
0 10 20 30 40 50 60 70
Teor de Umidade (%)

Figura 6 – Variação do poder calorífico inferior das amostras de resíduo vegetal com a umidade base úmida.
Figure 6 – Lower heating value variation of the biomass residue samples with moist basis.

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Constatou-se também que há pouca semelhantes, dentro das seguintes faixas


influência do tipo de biomassa no poder calo- (Figura 7):
rífico inferior, neste parâmetro, sendo a
- teor de voláteis – entre 75 e 85%;
umidade a característica que influenciou
mais significativamente os resultados de PCI; - teor de cinzas – entre 0 e 5%; e
maiores valores de umidade implicaram a
- teor de carbono fixo – entre 15 e 25%.
redução significativa dos valores de PCI. Na
Figura 6 esse comportamento pode ser visto As Figuras 8, 9, 10 e 11 apresentam os
claramente nos resultados de alguns ensaios resultados de ensaios de análise química
realizados no presente trabalho e nas imediata, poder calorífico e umidade, reali-
avaliações realizadas por Noguerira et al. zados em 13 amostras de biomassas diversas,
(2003) e Brascep (1987), que constataram onde se determinou também a densidade a
também a similaridade dos resultados. No granel, a fim de obter a densidade energética,
Quadro 1 podem ser vistas as biomassas visando identificar aquelas com melhor
ensaiadas nos trabalhos citados. desempenho como combustível.
Quanto à análise química imediata, O parâmetro que influenciou mais inten-
todas as amostras apresentaram valores samente os valores obtidos para a densidade

Quadro 1 – Variação do PCI com a umidade


Table 1 – PCI variation with moisture

Umidade Base Úmida Poder Calorífico Inferior


Referência Biomassa
(%) (kcal kg-1)
62 1.363
50 1.960
38 2.582
Nogueira e Lora (2003) Lenha 23 3.299
17 3.633
9 4.016
0 4.470
65 1.095
55 1.571
45 2.048
Brascop Engenharia Ltda. Madeira 35 2.524
25 3.000
15 3.477
0 4.191
Cacho Seco de Amêndoa 56,90 1.527
Serragem 40,49 2.400
Caroço de Açaí 35,00 2.569
Resultados de ensaios
Fibra de Dendê 26,56 2.520
realizados no presente trabalho
Casca de Castanha-do-Pará 15,47 3.742
Serragem 10,07 3.933
Serragem 5,12 4.254

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Densidade energética de resíduos vegetais 119

energética foi a densidade a granel das amos- O bom desempenho do caroço de açaí
tras; aquelas com maior densidade a granel pode ser questionado, visto que a umidade
foram as que apresentaram maior densidade (base seca) das amostras coletadas, conforme
energética, sendo elas: caroço de açaí, casca a condição em que são disponibilizadas pelos
de amêndoa e quenga de coco. Já as biomas- produtores, situa-se na faixa de 43% (base
sas constituídas por serragem, cuja densi- seca). Em trabalho realizado pela Brascep
dade a granel é menor, de modo geral (1987), constatou-se que biomassa com umi-
apresentaram menor densidade energética, dade acima de 45% (base úmida) é inadequada
independentemente do PCI. para aproveitamento como combustível.

100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30% Teor de Carbono Fixo (%)
20% Teor de Cinzas (%)
10% Teor de Voláteis (%)
0%
Cumaru

Quaruba

Pracuuba

Maçaranduba

Roxinho
Sucupira

Tanimbuca
Pau-preto

Quenga de coco

Mogno
Marupá

Casca de nozes

Casca de amêndoa
Bambu
Tatajuba
Louro-faia

Falso pau-brasil

Tauari

Cedro

Jatobá

Casca de cast.-pará
Andiroba
Breo
Angelim-vermelho

Fibra de dendê

Garapa
Caroço de açaí
Muiracatiara

Angelim-pedra
Piquiá

Angelim

Palmito
Figura 7 – Resultados dos ensaios de análise química imediata.
Figure 7 – Immediate chemical analysis results.

60 5.500
5.000
50 4.500
Teor de Umidade (%)

4.000
40
3.500
-1
PCI (cal g )

3.000
30
2.500
2.000
20
1.500
1.000
10
500

0 0
Jatobá

Tauari
Garapa

Angelim

Fibra de coco
Muiracatiara

Fibra de dendê

Cascas castanha-pará

Casca de amêndoa

Quenga de coco

Caroço de açaí
Maçaranduba
Cacho seco de amêndoa
Cacho seco de amêndoa

Casca de amêndoa
Maçaranduba

Cascas castanha-pará
Fibra de dendê

Quenga de coco

Caroço de açaí
Angelim
Garapa

Jatobá
Muiracatiara

Fibra de coco
Tauari

Figura 8 – Resultados dos ensaios de umidade. Figura 9 – Resultados do poder calorífico inferior.
Figure 8 – Moisture test results. Figure 9 – Lower heating value results.

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-3
Densidade Energética (kcal m-3) Densidade a Granel (kg m )
120

0
100
200
300
400
500
600
700
800

0
500.000
1.000.000
1.500.000
2.000.000
2.500.000
3.000.000
Muiracatiara

a granel.
Muiracatiara
Cacho seco de amêndoa

energética.
Cacho seco de amêndoa
Garapa
Garapa
Jatobá
Jatobá
Maçaranduba
Maçaranduba
Angelim
Angelim
Tauari
Tauari
Fibra de dendê
Fibra de dendê

Figure 10 – Density tests results.


Fibra de coco
Fibra de coco

gética das misturas de biomassa.


Cascas castanha-pará Cascas castanha-pará

Figure 11 – Energy density tests results.


Casca de amêndoa Casca de amêndoa

Quenga de coco Quenga de coco

Caroço de açaí

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Caroço de açaí

Figura 11 – Resultados dos ensaios de densidade


Figura 10 – Resultados dos ensaios de densidade

sentam os resultados dos ensaios de umidade,


dualmente. As Figuras 12, 13, 14 e 15 apre-
para as amostras quando ensaiadas indivi-
mente a média ponderada dos valores obtidos
de biomassa constituída por serragem mais

PCI, densidade a granel e densidade ener-


Os resultados dos ensaios das misturas

resíduos agroindustriais foram aproximada-


-1
Poder Calorífico (kcal kg ) Teor de Umidade (%)
0
10
20
30
40
50
60

0
500
2500

1.000
1.500
2.000
3.000
3.500
4.000
50% Maçaranduba+casca amêndoa
50% Maçaranduba+casca amêndoa
50% Maçaranduba+casca castanha
50% Maçaranduba+casca castanha
70% Maçaranduba+30% cacho seco amêndoa
70% Maçaranduba+30% cacho seco amêndoa

das misturas.
das misturas.
70% Maçaranduba+30% casca amêndoa
70% Maçaranduba+30% casca amêndoa
50% Maçaranduba+fibra dendê
50% Maçaranduba+fibra dendê
70% Maçaranduba+30% casca castanha
70% Maçaranduba+30% casca castanha
70% Maçaranduba+30% fibra cendê
70% Maçaranduba+30% fibra cendê
50% Maçaranduba+quenga coco
50% Maçaranduba+quenga coco
50% Maçaranduba+cacho seco amêndoa
50% Maçaranduba+cacho seco amêndoa

50% Maçaranduba+caroço açaí 50% Maçaranduba+caroço açaí

70% Maçaranduba+30% fibra coco


70% Maçaranduba+30% fibra coco
Figure 12 – Mixture moisture tests results.

70% Maçaranduba+30% caroço açaí 70% Maçaranduba+30% caroço açaí

Figure 13 – Lower mixture heat value results.


50% Maçaranduba+fibra coco 50% Maçaranduba+fibra coco
PINHEIRO, G.F. et al.

Figura 13 – Resultados do poder calorífico inferior


Figura 12 – Resultados dos ensaios de umidade
Densidade energética de resíduos vegetais 121

600 A fim de verificar a repercussão da densi-


)
-3

500 dade real, da granulometria e da umidade


Densidade a Granel (kg m

na densidade a granel e, conseqüentemente,


400
na densidade energética dos resíduos, foram
300 realizados ensaios em duas amostras de
200 serragem, constituídas de madeiras classi-
ficadas como madeira leve (quaruba com
100
densidade real de 600 kg m -3 , a 12% de
0
umidade) e madeira pesada (jatobá com

50% Maçaranduba+fibra coco


50% Maçaranduba+casca amêndoa

70% Maçaranduba+30% fibra coco


70% Maçaranduba+30% cacho seco amêndoa

70% Maçaranduba+30% caroço açaí


70% Maçaranduba+30% casca castanha
70% Maçaranduba+30% casca amêndoa

50% Maçaranduba+cacho seco amêndoa


70% Maçaranduba+30% fibra cendê
50% Maçaranduba+casca castanha

50% Maçaranduba+quenga coco

50% Maçaranduba+caroço açaí


densidade real de 890 kg m -3 , a 12% de
50% Maçaranduba+fibra dendê

umidade), e em amostras de resíduos da


agroindústria, com granulometrias diversas
(fibra de dendê e casca de castanha). Cada
uma das amostras foram ensaiadas para
duas condições de umidade, a saber: na
umidade em que os resíduos foram coletados
nas empresas (identificadas como amostras
em umidade natural) e na umidade após a
molhagem com água corrente (identificadas
como amostras saturadas). As Figuras 16, 17,
Figura 14 – Resultados dos ensaios de densidade 18 e 19 apresentam os resultados desses
a granel das misturas. ensaios, a partir dos quais se verifica que a
Figure 14 – Mixture density tests results. densidade real dos resíduos pouco influenciou
os resultados obtidos para o PCI, este fato
pode ser observado especialmente para as
2.000.000 amostras de serragem, cujo PCI (amostras
)
-3

1.800.000
com umidade natural) foi semelhante para
Densidade Energética (kcal m

1.600.000
1.400.000 as amostras de jatobá e quaruba, em torno
1.200.000
1.000.000
70
800.000
600.000 60
400.000
Teor de Umidade (%)

200.000 50
0,00
50% Maçaranduba+fibra coco
50% Maçaranduba+casca amêndoa

70% Maçaranduba+30% fibra coco


50% Maçaranduba+quenga coco

70% Maçaranduba+30% caroço açaí


50% Maçaranduba+cacho seco amêndoa
70% Maçaranduba+30% cacho seco amêndoa

70% Maçaranduba+30% casca amêndoa

70% Maçaranduba+30% fibra cendê


50% Maçaranduba+casca castanha

50% Maçaranduba+caroço açaí


70% Maçaranduba+30% casca castanha
50% Maçaranduba+fibra dendê

40

30

20

10

0
Quaruba (sat)

C Castanha (sat)
F Dendê (nat)

Jatobá (sat)
F Dendê (sat)

C Castanha (nat)
Quaruba (nat)

Jatobá (nat)

Figura 16 – Resultados dos ensaios de umidade


Figura 15 – Resultados dos ensaios de densidade com variação da umidade.
energética das misturas. Figure 16 – Moisture tests results, with moisture
Figure 15 – Energy density tests results. variation.

Biomassa & Energia, v. 2, n. 2, p. 113-123, 2005


122 PINHEIRO, G.F. et al.

4.500 1.000.000

Densidade Energética (kcal -3m


)
4.000 900.000

3.500 800.000
PCI (kcal kg -1 )

700.000
3.000
600.000
2.500
500.000
2.000
400.000
1.500 300.000
1.000 200.000

500 100.000

0 0
Q b Q b ( t) F Dê d ( t) J t b ( t) F Dê d ( t) J t b (S t) CC t h CC t h

Jatobá (sat)
Quaruba (sat)

C Castanha (sat)
Quaruba (Sat) Quaruba (nat ) F Dênde (sat) J at oba (nat ) F Dênde (nat) J atoba (Sat) C Cas tanha C Cast anha

F Dendê (nat)
F Dendê (sat)
Quaruba (sat)

C Castanha (nat)
Quaruba (nat)

Jatobá (nat)
C Castanha (sat)
F Dendê (nat)

Jatobá (sat)
F Dendê (sat)

C Castanha (nat)
Quaruba (nat)

Jatobá (nat)

(s at) (nat )

Figura 17 – Resultados do poder calorífico inferior Figura 19 – Resultados dos ensaios de densidade
com variação de umidade. energética com variação da umidade.
Figure 17 – Lower heat value results, with moisture Figure 19 – Energy density tests results, with
variation. moisture variation.

600
ensaios, as amostras que apresentaram
melhor desempenho como energético foram
Densidade a granel (kg m
)

500
-3

a casca de castanha e serragem de jatobá,


400
que possuem maiores valores de densidade
300 a granel, em umidade natural.
200
4 CONCLUSÕES
100

0
Pode ser adotado como valor típico de
PCS de resíduos vegetais 4.500 a 5.000 kcal
Quaruba (sat)

C Castanha (sat)
F Dendê (nat)

Jatobá (sat)
F Dendê (sat)

C Castanha (nat)
Quaruba (nat)

Jatobá (nat)

kg-1. Sendo o PCI dependente da umidade,


pode-se considerar para umidade em torno
de 30%, PCI de 3.000 kcal kg-1 para resíduos
vegetais.
Figura 18 – Resultados dos ensaios de densidade
a granel com variação de umidade. Quanto à densidade a granel de serra-
Figure 18 – Density test result, with moisture
variation.
gem, podem ser adotados valores na faixa de
150 (madeiras leves) a 250 kg m-3 (madeiras
pesadas) e a densidade energética na faixa
de 2.900 kcal kg-1, havendo redução signi- de 450.000 a 600.000 kcal m-3, considerando
ficativa do valor de PCI com o aumento da tratar-se do produto do PCI com a densidade
umidade. Para as amostras de fibra de dendê a granel.
e casca de castanha, o PCI obtido foi significa-
Como sugestão de trabalhos futuros,
tivamente maior que o das amostras de
deve-se realizar a queima de amostras de
serragem, em torno de 3.900 kcal kg-1.
biomassa separadamente em usina piloto,
A densidade real das amostras influencia a fim de confirmar os resultados de de-
positivamente sua densidade a granel e sempenho como combustível obtidos em
garante que a biomassa apresente maior laboratório, especialmente o caroço de açaí,
densidade energética. Nesta campanha de que é um resíduo com quantitativo gerado

Biomassa & Energia, v. 2, n. 2, p. 113-123, 2005


Densidade energética de resíduos vegetais 123

significativo na região em estudo, e cuja den- BRASCEP ENGENHARIA LTDA. Biomassa


sidade a granel apresentou valor considera- florestal. Caracterização e Potencial, 1987. v. 1.
velmente maior que a das demais biomassas
estudadas. GOMIDE, R. Estequiometria industrial. 3.ed. São
Paulo: 1984. 423 p.
Tendo em vista a baixa densidade a gra-
nel e a heterogeneidade natural dos resíduos, JEN, L. C. Estequiometria das reações de combustão.
deve ser dada atenção especial ao seu arma- In: Curso de Combustão Industrial. São Paulo: AET
zenamento, a fim de evitar que haja aumento IPT, 1987. p. 4-21.
da umidade, o que resulta em redução das
NOGUEIRA, L. A. H.; LORA, E. E. S.
suas características como combustível.
Dendroenergia: fundamentos e aplicações. 2.ed. Rio
de Janeiro: Interciência, 2003. 199 p.
REFERÊNCIAS
QUIRINO, W. F. Utilização energética de resíduos
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS vegetais. Laboratório de produtos florestais LPF/
TÉCNICAS - ABNT. NBR 6922 Carvão vegetal – IBAMA. Módulo do Curso “Capacitação de agentes
determinação da massa específica (densidade a granel), multiplicadores em valorização da madeira e dos
Out/1981. resíduos vegetais”, 2000.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS STAISS, C.; PEREIRA, H. Biomassa energia renovável


TÉCNICAS – ABNT. NBR 8112 Carvão vegetal – na agricultura e no sector florestal. AGROS, n. 1,
análise imediata, Out/1986. p. 21-30, 2001.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS PINHEIRO, G.; RENDEIRO, G.; PINHO J. Resíduos


TÉCNICAS – ABNT. NBR 8633 Carvão vegetal – do setor madeireiro: aproveitamento energético.
determinação do poder calorífico, Out/1984. Biomassa & Energia, v. 1, n. 2, p. 199-208, 2004.

Biomassa & Energia, v. 2, n. 2, p. 113-123, 2005

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