Você está na página 1de 6

Sistemas Térmicos – FEMEC - UFU: 2021-1

Projeto Final – Uberlândia, MG

ESTUDO ENERGÉTICO A PARTIR DE RESÍDUOS PLÁSTICOS PARA


PROJETO FINAL DE SISTEMAS TÉRMICOS

Jônatas de Oliveira Nunes, 1181EMC025, jonatasoliveiran@ufu.br


José Guilherme de Freitas Peres, 11821EMC015, jose_dfreitas@ufu.br

Resumo. Neste relatório, o objetivo de estudo foi a avaliação da capacidade energética dos gases liberados no processo
de pirólise de plásticos comumente encontrados em resíduos sólidos, para isso foi estudado a análise do gás e seu poder
calorífico. O intuito do estudo foi para avaliar a autossuficiência do processo e sua vantagem econômica e ambiental.

Palavras chave: Capacidade energica. Resíduos sólidos. Pirólise. Ciclos térmicos.

1. INTRODUÇÃO

O desenvolvimento mundial em conjunto com o nascimento do capitalismo vem apresentando consequências globais.
A destruição do meio ambiente, causada por queimadas, poluição, resíduos não biodegradáveis etc. é uma preocupação
crescente no cenário em que o desenvolvimento de nações modernas ocorre em oposição à conservação ambiental.
Desde 1907, quando Leo Baekeland (1863-1944) criou o primeiro plástico sintético e comercialmente viável e se
iniciava a era dos plásticos modernos, aqueles feitos à base de petróleo, carvão e gás natural, a sociedade passou a
consumir esse material diariamente, seja em embalagens ou até mesmo em peças automobilísticas. O consumo mundial,
em 2010, chegou a 265 milhões de toneladas de produção de plástico.
Porém, há uma grave consequência por trás dessa tecnologia: o resíduo. Este é originado após o consumo dos
materiais plásticos, onde na maioria das vezes é destinado a aterros sanitários, lixões etc. e levam em cerca de 450 anos
para sua decomposição. Devido a estes problemas, cientistas estudam maneiras de reciclagem para reaproveitamento do
material plástico a fim de diminuir a quantidade de resíduos mundial. O tipo de reciclagem a ser escolhido depende de
muitos fatores, por exemplo, a composição do material, qual será e se terá um novo produto e seu impacto social e
ambiental.
Os plásticos são macromoléculas sintéticas, chamadas de polímeros, definidos quimicamente como moléculas
relativamente grandes, de pesos moleculares da ordem de 1.000 a 1.000.000. Eles podem ser de origem natural, como a
seda e a celulose, ou sintéticos, como o plástico PET, PVC, PS, PP, PEAD etc. Como característica, apresentam baixa
densidade, boa aparência, são isolantes térmicos e elétricos, resistentes ao impacto e possuem baixo custo.
Os plásticos possuem um elevado potencial energético e químico. Uma das tecnologias de reciclagem que está sendo
estudada para viabilização econômica e potencial é a pirólise. É uma reciclagem energética, que consiste na recuperação
do alto conteúdo energético contido nos plásticos.
Os primeiros estudos em relação a reatores pirolíticos foi em 1926, na Alemanha, por F.Winkler. Já em 1929, os
Estados Unidos iniciaram os estudos na área e desenvolveram um protótipo para carbonização de carvão, e ao introduzir
resíduos de pneus foi observado a existência de um gás com alto poder calorífico, óleo e resíduos sólidos. Na Segunda
Guerra Mundial, os alemães utilizaram do processo como fonte de energia, e foi obtido gases combustíveis como o metano
e o isobutano a partir do lixo.
A transformação dos resíduos plásticos em subprodutos ocorre gradativamente conforme passam pelas diversas zonas
de calor que constituem um reator pirolítico. De modo geral, há três zonas específicas. Primeiramente, na zona de
secagem, a qual a temperatura é mantida na faixa de 100°C a 150°C, os resíduos passam pela pré-secagem e na secagem
propriamente dita. Na zona de pirólise, ocorre a volatização, a oxidação e a fusão, nesta zona a temperatura pode chegar
até 1600°C, dependendo do produto de interesse, podendo ser óleo combustível, gases etc. Já na zona de resfriamento, os
resíduos são coletados no final do processo.
O reaproveitamento energético direto de resíduo utilizando o processo de pirólise consiste na conversão térmica dos
vapores e gases obtidos no processo. Há ainda muita discussão se o processo realmente é autossuficiente do ponto de
vista energético e se realmente é uma alternativa ambientalmente correta.

2. METODOLOGIA

Para a realização do estudo e análise energética do processo de pirólise com os resíduos plásticos, utilizou-se de
amostras de 5 diferentes plásticos, o PET, PVC, PP, PS e PEAD. A principal diferença entre os plásticos está na
composição do gás proveniente da pirólise, que é uma característica importante quando o objetivo é compreender o poder
calorífico de cada plástico.
A caracterização das amostras dos plásticos foi realizada utilizando a análise termogravimétrica e a análise imediata.
A análise imediata consiste em analisar os teores de umidade dos plásticos, materiais voláteis, cinzas e carbono. Já a
análise termogravimétrica tem como objetivo compreender a reação dos plásticos frente a variação da temperatura.
Sistemas Térmicos – FEMEC - UFU: 2021-1
Projeto Final – Uberlândia, MG

Para avaliar a composição dos plásticos foi utilizada a análise elementar, a qual consiste em realizar uma análise para
obter os percentuais de hidrogênio (H), nitrogênio (N), enxofre (S), oxigênio (O), carbono (C) e cloro (Cl) da amostra.
Então, utilizou-se do equipamento Analisador CHNS/O Perkin Elmer 2400 Series II.
O principal objetivo do processo de pirólise neste trabalho é compreender a composição do gás obtido pelo processo
e seu poder calorífico. Logo, foi necessário, também, analisar a composição do gás para cada tipo de plástico. Essa análise
foi feita utilizando o equipamento de cromatografia gasosa, o qual teve como resultado a composição dos gases
provenientes da pirólise das 5 amostras de plástico, e também sua percentagem em relação aos componentes.
Por fim, para obter-se o poder calorífico de cada gás, realizou-se cálculos estequiometricos, considerando como uma
mistura de gases ideias no processo de combustão. Além disso, utilizou-se a composição do ar, sem umidade, como sendo
de 79% N2 e 21% de O2.
O poder calorífico dos gases obtidos na pirólise foi obtido, primeiramente, realizando o balanço estequiómetrico de
combustão confome Equação 1:

79
𝑛𝑒𝑖 (𝐶𝑥 𝐻𝑥 𝑂𝑧 𝑁𝑤 ) + 𝑛𝑒𝑗 𝑂2 + 𝑛 𝑁 → 𝑛𝑠1 𝐶𝑂2 + 𝑛𝑠2 𝐻2 𝑂 + 𝑛𝑠3 𝑁2 (1)
21 𝑒𝑖 2

Para o cálculo do volume de gás em cada plástico utilizou- se da Equação 2:

𝑚𝑔
𝑉𝑔 = [𝑚3 ] (2)
𝜌𝑔

Em que a massa do gás (𝑚𝑔 ) é obtida atráves da porcentagem de gás em 1kg de plástico em cada processo de pirólise.
A massa específica do gás (𝜌𝑔 ) é obtida atráves da porcentagem de cada componente presente no gás vezes a massa
específica de cada componente.
Para o cálculo do número estequiométrico dos componentes dos gases de pirólise, utilizou-se da Equação 3:

𝑉𝑔 ∗ 𝜌𝑒𝑖 ∗ %𝑒𝑖
𝑛𝑒𝑖 = (3)
100 ∗ 𝑀𝑒𝑖

Em que 𝑉𝑔 é o volume do gás e 𝜌𝑒𝑖 é a massa específica de cada componente encontrado no gás de pirólise, a 𝑀𝑒𝑖 é a
massa molar de cada componente, e %𝑒𝑖 é a porcentagem de cada componente do gás.
Através do balanço de energia, foi obtido o calor gerado do processo pela Equação 4:

∑ 𝑛𝑠𝑖 ∗ 𝑀𝑠𝑖 ∗ ℎ𝑠𝑖


𝑄= [𝑘𝐽] (4)
∑ 𝑛𝑠𝑒 ∗ 𝑀𝑠𝑒 ∗ ℎ𝑠𝑒

Em que ℎ𝑠𝑖 e ℎ𝑠𝑒 são os valores de entalpia no estado padrão dos componentes.
O poder calorífico é obtido atráves da Equação 5:

𝑄 𝑘𝐽
𝑃𝑐𝑖 = [ ] (5)
𝑚𝑔 𝑘𝑔

Para o estudo da autosuficiência do processo, foi utlizado três ciclos de potência, o Rankine, Brayton e Otto, em que
foi usado o poder calorífico emitido por cada processo de pirólise dos 5 (cinco) plásticos utilizados no estudo. Atráves
das análises do ciclo obteve-se a energia necessária para o funcionamento do ciclo, e essa foi comparada com aquela
energia gerada pelo processo, a fim de avaliar se é um processo economicamente viável e posteriormente ambientalmente
viável.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultado das das análises foram obtidas através de um estudo realizado encontrado no Trabalho Recente (José
Silvio Pessoa Filho, 2020). Os resultados da análise imediata encontram-se na Tabela 1 abaixo:
Sistemas Térmicos – FEMEC - UFU: 2021-1
Projeto Final – Uberlândia, MG

Tabela 1- Análise imediata das amostras de resíduos plásticos em valores médios, Silvio Pessoa, 2020.

Com os resultados da Tabela 1 observou-se algumas características dos plásticos, os quais apresentaram alta
volatilidade e baixo teor de cinzas, significando que os plásticos possuem um alto potencial para gerar um óleo liquído
durante o processo de pirólise, variando com as condições de operação. É observado também que entre todos os plásticos,
o PVC apresentam a menor percentagem de materias voláteis, e isso proporciorna um baixo rendimento no processo de
pirólise.
A análise termogravimétrica, com os resultados na Figura 1, obtida pelo Trabalho Recente (José Silvio Pessoa Filho,
2020) mostra como os plásticos se comportam com o aumento da temperatura.

Figura 1- Análise termogravimétrica das amostras de resíduos plásticos, Silvio Pessoa, 2020.

Com a Figura 1, é possível analisar a diferença do compotamento dos plásticos em relação a literatura e isso deve-se
a composição dos plásticos das amostras. Em relação a temperatura de decomposição de cada plástico, aquele que
apresenta a menor temperatura é o plástico PVC, já os outros plásticos aprensentam uma temperatura de decomposição
um pouco mais elevada, sendo em torno de 500°C a 900°C. Essa faixa de temperatura seria, em média, a temperatura
ideal para realizar o processo de pirólise, a fim de evitar o desperdícido de energia e tempo em temperaturas que não
apresentam degradação de nenhum plástico.
Para a análise elementar, em que verifica-se a composição de cada amostra de plástico, obteve-se os resultados através
do Trabalho Recente (José Silvio Pessoa Filho, 2020). Os resultados estão na Tabela 2 abaixo:

Tabela 2- Análise elementar das amostras de resíduos plásticos, Silvio Pessoa, 2020.
Sistemas Térmicos – FEMEC - UFU: 2021-1
Projeto Final – Uberlândia, MG

Através dessa análise, já é possível verificar quais são os melhores plásticos para o processo de pirólise, aqueles que
possivelmente irão ter um maior poder calorífico. O PVC, como aprenseta alto teor de cloro na sua composição, ele poderá
gerar alto teor de gases cancerígenos, mostrando a inviabilidade inicial do uso desse tipo de plástico para o processo de
pirólise. Os teores de carbono e hidrogênio nos plásticos estão diretamente relacionados aos valores de poder calorífico,
mostrando que os melhores candidatos seriam os plásticos PEAD, PS e PP.
Após o processo de pirólise, foi avaliado a composição do processo em relação aos 5 (cinco) plásticos. Os resultados,
obtido atráves do Trabalho Recente (José Silvio Pessoa Filho, 2020) estão apresentados na Figura 2.

Figura 2- Composição das amostras de resíduos plásticos após o processo de pirólise, Silvio Pessoa, 2020.

Após o processo de pirólise, foi possível observar que aquele que apresentou a maior porcentagem de gases não
condensáveis foi o plástico PEAD, mostrando que ele possivelmente será o plástico com o maior poder calorífico. Já o
PVC, que apresentou a menor porcentagem de gases não condensáveis, não seria o mais indicavél para o processo de
pirólse e isso já foi observado devido a sua composição.
Atráves do processo de pirólise, coletou-se amostras dos gases não condensáveis de cada tipo de plástico e fez-se
uma análise de cromatografia gasosa, para compreender a relação entre poder calorífico e seu poder calorífico. Os
resultados foram obtidos Trabalho Recente (José Silvio Pessoa Filho, 2020), e estão na Tabela 3.

Tabela 3- Análise cromatógrafa das amostras de gases não condensáveis do processo de pirólise, Silvio Pessoa, 2020.

Atráves da Tabela 3 realizou-se o balanço estequiométrico conforme a Equação 1, e posteriormente através das
Equações 2, 3 e 4, calculou-se o poder calorífico de cada plástico através da Equação 5. Os resultados obtidos estão
apresentados na Figura 3:
Sistemas Térmicos – FEMEC - UFU: 2021-1
Projeto Final – Uberlândia, MG

Figura 3- Relação entre o poder calorífico o tipo de plástico.

Como observado, os plásticos que apresentam um maior poder calorífico são os plásticos PEAD, PP e PS, visto que
são os plásticos que possem uma maior percentagem de gás não condensáveis no processo de pirólise além de
apresentarem uma maior percentagem de carbono e hidrogênio sem sua composição.
Para análise dos ciclos de potência, foi utilizado o plástico que apresentou o maior poder calorífico, no caso, o PP,
com Pci de 45.723 kJ/kg para então avaliar se o processo será autosufissiente e viável economicamente. Outros dados
relativos ao plástico PP são observados na Tabela 4:

Tabela 4 – Dados referentes a análise do plástico PP utilizados para o cálculo do poder calorífico.

Além disso, a temperatura de chama que o gás produziria seria de T=2025°C.


Por fim, para análise da energia produzida e energia consumida o poder calorífico do PS foi utilizado nos ciclos
Rankine, Brayton e Otto. Os resultados estão apresentados na Tabela 5:

Tabela 4 – Dados de energia consumida pela reator (Ereator) e energia produzida pelo ciclo (WGE).

Dessa forma, é possível analisar que para o plástico PS, o qual apresentou um maior poder calorífico dentre todas os
5 (cinco) tipos de plástico, em nenhum dos ciclos estudados, o processo de pirólise compensaria energeticamente visto
que para todos os clicos a energia consumida é maior que a energia produzida, inviabilizando o processo, seja
economicanete ou energeticamente.
Sistemas Térmicos – FEMEC - UFU: 2021-1
Projeto Final – Uberlândia, MG

4. CONCLUSÕES

5. REFERÊNCIAS
ARIMATÉIA JÚNIOR, Humberto. PIRÓLISE DE MISTURAS PLÁSTICAS. 2017. Dissertação de Mestrado (Pós-
graduação em Engenharia Química) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, [S. l.], 2017.

PIRÓLISE DE RESÍDUOS PLÁSTICOS VISANDO À OBTENÇÃO DE PRODUTOS DE ALVO VALOR


AGREGADO. 2016. Dissertação (Mestre em Engenharia Química) - Universidade Federal de Santa Maria, [S. l.], 2016.

SPINACÉ, Márcia Aparecida da Silva; DE PAOLI, Marco Aurelio. A TECNOLOGIA DA RECICLAGEM DE


POLÍMEROS. Quim. Nova, Vol. 28, No. 1, 65-72, 2005, [S. l.], p. 01-08, 1 abr. 2022.

DE ASSUMPÇÃO, Luiz Carlos F. N.; REICH, Michelle; CALDERARI, Mônica Regina C. M.; FLOR ES, Tanise M.
Avaliação dos Impactos da Pirólise Catalítica de Resíduos Plásticos Pós- Consumo. Revista Processos Químicos SENAI,
[S. l.], p. 24-35, 1 abr. 2022.

FILHO, JOSÉ SILVIO PESSOA. TRATAMENTO TÉRMICO PARA APROVEITAMENTO ENERGÉTICO DE


RESÍDUOS PLÁSTICOS: ANÁLISE EXPERIMENTAL. 2020. Tese de Doutorado (Doutorado em Engenharia
Mecânica) - UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA, [S.
l.], 2020.

Você também pode gostar