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Artigo

Aplicação da Propriedade Termodinâmica Exergia na Avaliação


de Processos de Produção de Etanol Lignocelulósico: Uma
Revisão
Silva, S. R.;* Niquini, G. R.; Turetta, L. F; Costa, A. O. S
Rev. Virtual Quim., 2018, 10 (5), 1263-1279. Data de publicação na Web: 06 de setembro de 2018
http://rvq.sbq.org.br

Application of Thermodynamic Property Exergy in the Evaluation of a Processes of


Production of Lignocellulosic Ethanol: A Review
Abstract: The ethanol production process employing lignocellulosic material (second generation ethanol – 2G) is one
of the remarkable proposals for the worldwide energetic security. Currently, there is a significant technical-scientific
effort in order to obtain sustainable alternative routes for the production of 2G ethanol. The thermodynamic property
exergy can be applied for the execution of the energetic analysis of this type of system. The analysis of the exergetic
content indicates the economic value associated to the process, since it is characterized as the potential to execute
work. In this sense, the exergetic analysis is applied to evaluate alternative technologies for the sustainable
development, being a resource of increasing use in the literature. However, there is still a reduced amount of review
articles, particularly in Brazilian literature, destined to present the application of this type of analysis to 2G ethanol
production. Therefore, this article aims to exhibit some fundamental concepts about this technique, as well as
indicators and analysis methods based on exergy. Besides that, applications of the technique to 2G ethanol production
processes are presented, in order to highlight the applicability of the thermodynamic evaluation, exergetic analyses
and methods and main diagnoses obtained by means of this technique.
Keywords: Thermodynamics; Exergetic analysis; Lignocellulosic Ethanol; Sustainability.

Resumo
O processo de produção de etanol a partir de materiais lignocelulósicos (etanol de segunda geração - 2G) é uma das
propostas de destaque para a segurança energética mundial. Atualmente, há um grande esforço técnico-científico a
fim de se obter rotas alternativas sustentáveis para a produção de etanol 2G. A propriedade termodinâmica exergia
pode ser usada para a realização da análise energética deste tipo de sistema. Por se caracterizar como o potencial de
realização de trabalho, a análise do conteúdo exergético indica um valor econômico associado ao processo. Nesse
sentido, a análise exergética tem se mostrado uma ferramenta de crescente uso na literatura na avaliação de
tecnologias alternativas para o desenvolvimento sustentável. Contudo, observa-se um volume reduzido de
documentos de revisão, principalmente na literatura nacional, destinados a apresentar aplicações da técnica em
processos de produção de etanol 2G. Assim, este artigo tem como objetivo elencar alguns conceitos fundamentais
sobre a técnica, bem como indicadores e métodos de análise baseados em exergia. Além disso, são apresentadas
aplicações da técnica em processos de produção de etanol 2G a fim de destacar a aplicabilidade da avaliação
termodinâmica, análises e métodos exergéticos empregados e principais diagnósticos obtidos por meio da técnica.
Palavras-chave: Termodinâmica; Exergia; Etanol lignocelulósico; Sustentabilidade.

* Universidade Federal de Mina Gerais, Escola de Engenharia, Departamento de Engenharia Química, Campus
Pampulha, CEP 31270-901, Belo Horizonte-MG - Brasil.
suzireiss@hotmail.com
DOI: 10.21577/1984-6835.20180087

Rev. Virtual Quim. |Vol 10| |No. 5| |1263-1279| 1263


Volume 10, Número 5 Setembro-Outubro 2018

Revista Virtual de Química


ISSN 1984-6835

Aplicação da Propriedade Termodinâmica Exergia na Avaliação


de Processos de Produção de Etanol Lignocelulósico: Uma
Revisão
Suzimara R. Silva,* Gabriela R. Niquini, Leticia F. Turetta, Andréa O. S.
Costa
Universidade Federal de Mina Gerais, Escola de Engenharia, Departamento de Engenharia
Química, Campus Pampulha, CEP 31270-901, Belo Horizonte-MG - Brasil.
* suzireiss@hotmail.com

Recebido em 06 de março de 2018. Aceito para publicação em 16 de agosto de 2018

1. Introdução
2. Exergia
2.1. Balanço de exergia
2.2. Componentes exergéticos
3. Análise de Desempenho Baseada em Exergia
4. Aplicações de Análise Exergética na Produção de Etanol Lignocelulósico
5. Conclusão

1. Introdução competição pelo uso da terra para a produção


de recursos alimentícios destinados à geração
de energia (p.ex.: redução de oferta dos
A crescente demanda por fontes de produtos alimentícios, com consequente
energia, o aumento da emissão de gases do aumento de preços).8 Dentre as soluções
efeito estufa na atmosfera e o rápido propostas, tem-se o uso de biomassa
esgotamento das fontes não renováveis têm lignocelulósica (p.ex.: bagaço de cana-de-
açúcar, palha e capim-elefante) para a
estimulado o processamento de recursos
renováveis.1 Dentre os vários produção de etanol 2G, em substituição aos
biocombustíveis, o etanol vem se destacando recursos alimentícios.9-14
como foco de produções técnico-científicas.2-7 A conversão bioquímica de matérias-
No entanto, nos últimos anos, sua forma primas lignocelulósicas em etanol 2G consiste
de produção convencional, a partir de em três etapas principais: pré-tratamento,
hidrólise enzimática e fermentação. No
recursos alimentícios (etanol de primeira
geração - etanol 1G), passou a sofrer fortes entanto, a maioria das tecnologias propostas
críticas. Alegam-se possíveis danos à esbarra em dificuldades técnicas ou
segurança alimentar decorrentes da econômicas. O principal desafio do uso destes
substratos deve-se à natureza recalcitrante da
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biomassa lignocelulósica.1 Estes substratos lignocelulósicos. Nesse sentido, o presente


encontram-se na forma de polímeros estudo propõe apresentar o cenário atual da
(celulose e hemicelulose) e são recobertos por análise exergética aplicada ao etanol
uma macromolécula (lignina), formando a lignocelulósico, a fim de contribuir para a sua
microfibrila celulósica. Devido à sua interação compreensão e aprimoramento como
inter-molecular e completa ausência de água ferramenta de diagnóstico de perdas
na estrutura da microfibrila, a celulose termodinâmicas e análise/otimização de
apresenta estrutura bastante recalcitrante, processos.
difícil de ser desestruturada e convertida em
monossacarídeos fermentescíveis.11
Como consequência, as configurações 2. Exergia
propostas para o processamento de etanol 2G
incorporam etapas adicionais de pré-
tratamento e hidrólise enzimática que, Os processos energéticos são descritos por
geralmente, envolvem o consumo de duas leis fundamentais. A primeira lei,
produtos químicos e recursos não renováveis baseada no princípio da conservação da
consideráveis.15 energia, diz sobre a quantidade de energia
que transita no sistema por meio de fluxo de
Nesse contexto, métricas de diagnóstico de massa, transferência de calor e trabalho. 18
eficiência de conversão energética se fazem No entanto, esta abordagem não traz
necessárias na investigação de rotas informações sobre a perda de energia útil
alternativas de produção de biocombustíveis. ocorrida no processo devido às
Durante as últimas décadas, constata-se um irreversibilidades.
grande interesse científico pela análise
envolvendo indicadores termodinâmicos no Por outro lado, a segunda lei da
contexto do etanol 2G. Tradicionalmente, a termodinâmica leva em consideração a
análise energética, baseada na Primeira Lei da parcela de entropia, incluindo
Termodinâmica, é a abordagem utilizada para irreversibilidades, envolvida nos processos.
estimar o desempenho de vários processos de Desta forma, a energia também apresenta
conversão energética.12 No entanto, a qualidade (relacionada ao trabalho
literatura recente aponta o uso de análises disponível), e os processos reais ocorrem na
baseadas na Segunda Lei da Termodinâmica direção do aumento da entropia e da
como mais apropriadas quando comparada às diminuição da qualidade da energia. 19
leis de conservação de energia (Primeira A combinação de tais leis fundamentais
Lei).12,16 resulta na “exergia”, uma grandeza que
Neste cenário, a análise exergética, a qual representa quantitativamente a energia
provém da combinação da Primeira e da chamada útil, ou a capacidade de realizar
Segunda Leis da termodinâmica, merece trabalho.18 A aplicação dos conceitos de
destaque. Tal abordagem fornece uma exergia permite que as irreversibilidades
medida mais aproximada de como o termodinâmicas sejam quantificadas como
desempenho real se compara ao ideal e “destruição de exergia”, que é um potencial
identifica, mais claramente do que a análise de trabalho desperdiçado. 20
de energia, as causas e localização das perdas
termodinâmicas (irreversibilidades) e o Assim, a avaliação de desempenho
impacto do ambiente construído no ambiente exergético de processos permite quantificar
natural.17 as perdas de exergia em cada etapa do
processo, identificar as causas das
Verifica-se um volume reduzido de irreversibilidades do sistema, comparar
documentos de revisão, principalmente na diferentes configurações de processo,
literatura nacional, relacionados à análise selecionar condições ótimas de processo,
exergética envolvendo tecnologias de avaliar o conteúdo exergético dos fluxos
biocombustíveis a partir de materiais residuais e reduzir impactos ambientais
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associados ao processo. 19, 21, 22 (massa e energia) com a entropia, conforme


descrito a seguir.18 Os balanços de energia e
2.1. Balanço de exergia entropia de um volume de controle,
desprezando os efeitos das energias cinética e
O balanço exergético provém da potencial, são dados pelas Equações 1 e 2,
combinação dos princípios de conservação respectivamente.

𝑒 𝑠
𝑑(𝑚𝑣𝑐 . 𝑢𝑣𝑐 ) 𝑑𝑉𝑣𝑐
= ∑ 𝑚̇ 𝑖 ℎ𝑖 − ∑ 𝑚̇ 𝑗 ℎ𝑗 + 𝑄̇ 0 + 𝑄̇ 𝑗 + 𝑊̇ ú𝑡𝑖𝑙 − 𝑃0 (1)
𝑑𝑡 𝑑𝑡
𝑖=1 𝑗=1

𝑒 𝑠
𝑑(𝑚𝑣𝑐 . 𝑠𝑣𝑐 ) 𝑄̇ 0 𝑄̇ 𝑗
= ∑ 𝑚̇ 𝑖 𝑠𝑖 − ∑ 𝑚̇ 𝑗 𝑠𝑗 + + + 𝑆̇ 𝑔𝑒𝑛 (2)
𝑑𝑡 𝑇0 𝑇𝑗
𝑖=1 𝑗=1

𝑑(𝑚
𝑣𝑐 𝑣𝑐 𝑢 ) realizado pela atmosfera no volume de
Na Equação 1, indica a variação
𝑑𝑡 controle (J/s).
de energia no volume de controle; e o número
𝑑(𝑚 .𝑠 )
de correntes de entrada; s o número de Na Equação 2, 𝑣𝑐 𝑣𝑐
descreve a
𝑑𝑡
correntes de saída; 𝑚̇ 𝑖 e 𝑚̇ 𝑗 o fluxo mássico variação da entropia no volume de controle;
(kg/s) das correntes de entrada e saída do 𝑠𝑖 e 𝑠𝑗 definem a entropia dos fluxos (J/kg.K)
volume de controle; ℎ𝑖 e ℎ𝑗 as entalpias dos que entram e saem do volume de controle,
fluxos que entram e saem do volume de respectivamente; 𝑄̇ 0 a taxa de troca de calor
controle (J/mol ou J/kg); 𝑄̇ 0 o calor que é com a atmosfera; T0 a temperatura do
trocado entre o sistema e a atmosfera; 𝑄̇ 𝑗 o ambiente; Tj a temperatura do reservatório
calor que é trocado entre o sistema e um térmico j; e 𝑆̇ 𝑔𝑒𝑛 a geração de entropia no
reservatório térmico (J/s); 𝑊̇ ú𝑡𝑖𝑙 o trabalho útil volume de controle.
envolvido no processo (J/s); P0 a pressão
𝑑𝑉𝑣𝑐 Multiplicando a segunda relação por 𝑇0 e
atmosférica (Pa); e 𝑃0 é o trabalho subtraindo-a da primeira, temos:
𝑑𝑡

𝑒 𝑠
𝑑(𝑈 + 𝑃0 𝑉 − 𝑇0 𝑆)𝑣𝑐 𝑇0
= ∑ 𝑚̇ 𝑖 (ℎ𝑖 − 𝑇0 𝑠𝑖 ) − ∑ 𝑚̇ 𝑗 (ℎ𝑗 − 𝑇0 𝑠𝑗 ) + 𝑄̇ 𝑗 . (1 − ) + 𝑊̇ ú𝑡𝑖𝑙 − 𝑇0 𝑆̇ 𝑔𝑒𝑛 (3)
𝑑𝑡 𝑇𝑗
𝑖=1 𝑗=1

representa o potencial de trabalho perdido.23


Portanto, para processos reversíveis, não há
destruição de exergia. Assim, considerando
Para um processo reversível, o termo de que o sistema opera em estado estacionário e
geração de entropia, 𝑆̇ 𝑔𝑒𝑛 , se anula. Cabe de forma reversível, o termo correspondente
ressaltar também que o termo 𝑇0 𝑆̇ 𝑔𝑒𝑛 ao trabalho útil, representa o máximo
corresponde à exergia destruída (Exdest), a qual trabalho a ser realizado pelo sistema (Equação
4).

𝑠 𝑒
𝑇0
𝑊̇ ú𝑡𝑖𝑙 = ∑ 𝑚̇ 𝑗 (ℎ𝑗 − 𝑇0 𝑠𝑗 ) − ∑ 𝑚̇ 𝑖 (ℎ𝑖 − 𝑇0 𝑠𝑖 ) − 𝑄̇ 𝑗 (1 − ) (4)
𝑇𝑗
𝑗=1 𝑖=1

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A exergia pode ser definida como o à temperatura e pressão padrão T0 e P0.12


trabalho máximo (𝑊̇ú𝑡𝑖𝑙 ) que pode ser Neste caso, considera-se que o equilíbrio
extraído de um sistema ao levá-lo químico já foi alcançado. Ou ainda, a cinética
reversivelmente a um estado de referência de reação não é considerada neste termo. Na
(também denominado estado morto, com Tabela 1, é apresentada a equação para o
temperatura e pressão iguais a T0 e P0, cálculo da exergia química de uma mistura. Do
respectivamente).18 ponto de vista termodinâmico, a mistura é um
processo real irreversível que é acompanhado
2.2. Componentes exergéticos pela produção de entropia e perda de
exergia.24 Portanto, a exergia química de uma
A exergia total de um fluxo ou de um mistura (ExCH) é menor do que a soma das
sistema pode ser dividida em quatro exergias químicas dos constituintes da mistura
componentes: exergia física, exergia química, (∑𝑛𝑖=1 𝑦𝑖 𝜀𝑖 0 ), uma vez que o termo associado
exergia cinética e exergia potencial.23 Na à energia livre da mistura (𝑅𝑇0 ∑𝑛𝑖=1 𝑦𝑖 ⋅ ln 𝑦𝑖 )
prática, os efeitos das exergias cinética e é sempre negativo (Tabela 1).24
potencial, normalmente, são desconsiderados Normalmente, a exergia química dos
devido à magnitude insignificante quando compostos orgânicos relacionada à biomassa
comparados aos demais componentes. Tal é estimada a partir de suas composições
consideração já foi adotada neste artigo para elementares, por meio de correlações
a definição da Equação 1. empíricas, como proposto por SONG et al.25
Estudos relacionados à produção de etanol A exergias de pressão (ExP) e calor (ExQ)
lignocelulósico empregam formas distintas de devem-se à adição de uma corrente de
exergia, conforme apresentado na Tabela 1. pressão diferente de P0 e à adição (ou retirada)
Esta consideração promove a separação entre de calor do sistema, respectivamente (Tabela
os efeitos verificados na prática. Tal 1).15,26 A adição de calor pode ser decorrente
abordagem é teórica. Ou ainda, na prática, os inclusive de energia liberada ou consumida
diferentes efeitos ocorrem pelas reações químicas que ocorrem no meio.
concomitantemente. Todavia, como a exergia
Os organismos vivos carregam uma
é uma propriedade termodinâmica, desde que
quantidade notável de energia de trabalho
sejam considerados os mesmos estados
sob a forma de informação genética, em
iniciais e finais, a variação desta propriedade
comparação aos constituintes não vivos. Essa
para um dado processo independe do
informação genética é muitas vezes ignorada
histórico do sistema.
no conceito de exergia convencional.27 Dadak
Empregando a Equação 4 para um et al.12 abordaram o conceito de eco-exergia
processo reversível, no qual um fluido é dedicado à avaliação de um sistema de
levado de um dado estado até um estado produção de biocombustível. Na Tabela 1, é
morto – denotado pelo índice 0 –, sem troca apresentada a equação utilizada neste estudo
térmica, chega-se à definição de exergia física para o cômputo do conteúdo da eco-exergia
(ExPH) (Tabela 1).18 dos micro-organismos (𝜑), na qual verifica-se
A exergia química de um dado a incorporação da informação genética à
componente é relacionada ao trabalho exergia química dos micro-organismos
máximo (teórico) que pode ser obtido quando (𝐸𝑥𝑀𝑂 ) por meio dos parâmetros NN e NRG
uma quantidade de massa desse componente (número de nucleotídeos e número de genes
pode se misturar totalmente a uma atmosfera repetidos, respectivamente).

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Tabela 1. Formas de exergia aplicadas em estudos sobre a produção de etanol lignocelulósico


e suas respectivas formulações
Forma de
Fórmula Significado
exergia
Exergia associada aos
Exergia 𝑃𝐻 diferenciais de pressão ou
𝐸𝑥 = (𝐻 − 𝐻0 ) − 𝑇0 (𝑆 − 𝑆0 )
física19,21 temperatura para uma
substância pura.
𝑘 𝑘
Exergia 𝐶𝐻 0 Exergia química de uma
𝐸𝑥 = 𝑛 (∑ 𝑦𝑖 𝜀𝑖 + 𝑅𝑇0 ∑ 𝑦𝑖 ⋅ ln 𝑦𝑖 )
química9,10 mistura.
𝑖=1 𝑖=1

Exergia do 𝑇0 Exergia fornecida ao sistema


𝐸𝑥𝑄 = 𝑄 (1 − )
calor9 𝑇 devido à adição de calor.
Exergia devido à adição de uma
Exergia da corrente de pressão diferente
𝐸𝑥𝑃 = 𝑛𝑅𝑇0 ln 𝑃/𝑃0 de P0.
pressão19

𝜑 = 𝑅𝑇0 𝐸𝑥𝑀𝑂 (7,34𝑥105 Exergia carregada no genoma


Eco-exergia6,19
+ ln 20𝑁𝑁(1−𝑁𝑅𝐺)/3 ) de um ser vivo.

3. Análise de Desempenho Baseada devido às irreversibilidades internas,


representam a perda de exergia total do
em Exergia processo.10
O desempenho termodinâmico do
Na literatura, são abordados vários processo também pode ser avaliado por meio
métodos de avaliação do desempenho da do índice de produtividade exergética (Ψ), o
produção de etanol lignocelulósico, conforme qual considera a exergia dos produtos
apresentado na Tabela 2. Dentre eles, a formados (𝐸𝑥𝑝𝑟𝑜𝑑, ) e a quantidade de exergia
eficiência exergética (𝜓) é o indicador destruída (𝐸𝑥𝑑𝑒𝑠 ) (Tabela 2).
termodinâmico mais aplicado nas análises de No desenvolvimento e aprimoramento de
eficiência de processos, a qual refere-se à tecnologias de conversão energética a partir
razão entre a exergia da saída (𝐸𝑥𝑠 ) e a de recursos renováveis, além da eficiência
exergia da entrada (𝐸𝑥𝑒 ) (Tabela 2). Uma termodinâmica do processo, são também
outra definição de eficiência exergética, considerados aspectos ambientais e
denominada por eficiência exergética racional econômicos como estratégia de ampliar a
(𝜙), tem sido aplicada para avaliar a eficácia da identificação de tecnologias
proporção do conteúdo de exergia de sustentáveis. Nesse sentido, a análise
produtos de interesse econômico exergética tem se mostrado uma métrica
(𝐸𝑥𝑝𝑟𝑜𝑑,ú𝑡𝑒𝑖𝑠 ) sobre a entrada de exergia total eficiente na avaliação da sustentabilidade de
(𝐸𝑥𝑒 ) (Tabela 2).16,28 processos de conversão dos recursos naturais
A análise exergética também pode ser em energia.20-22 Os vínculos entre exergia e
usada para avaliar as perdas termodinâmicas sustentabilidade são discutidos de forma
em cada unidade de processo do sistema, com minuciosa por Dincer e Rosen.29
base no balanço exergético (Tabela 2). Os Nem todos os processos de produção de
termos referentes ao fluxo residual biocombustíveis são sustentáveis.14 A
(∑𝑠 𝐸𝑥, 𝑟𝑒𝑠í𝑑) e a destruição de exergia (I), sustentabilidade das rotas para a produção de
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etanol pode ser avaliada por meio do índice de produção de etanol 2G. A análise do consumo
desempenho de renovabilidade (λ) (Tabela cumulativo de exergia (CExC) permite
2).20 O índice leva em consideração a relação estender a análise exergética para todos os
entre a exergia dos produtos/subprodutos processos de uma cadeia produtiva.24
(𝐸𝑥𝑝𝑟𝑜𝑑/𝑠𝑢𝑏 ) e as exergias não renováveis Contudo, este método ignora a contribuição
(fóssil) utilizadas (𝐸𝑥𝑁𝑅 ), a exergia de de insumos ecológicos necessários para os
desativação dos resíduos (𝐸𝑥𝐷𝐸 − exergia processos/produtos que estão sendo
requerida para o tratamento dos resíduos analisados.31 Uma das análises propostas para
gerados), a exergia das emissões/resíduos superar as limitações do CExC é o método
(𝐸𝑥𝑟𝑒𝑠í𝑑 ) e a exergia destruída ECEC (consumo de exergia ecológico
(𝐼 − irreversibilidade total do processo), cumulativo), o qual avalia a exergia nas etapas
conforme apresentado na Tabela 2. industriais e ecológicas de uma cadeia de
produção (Tabela 3).31,32 Esta metodologia foi
O índice de sustentabilidade
discutida de forma minuciosa por Hau e
termodinâmica (IST) foi utilizado para indicar
Bakshi31.
como a eficiência exergética afeta o
desenvolvimento sustentável de A avaliação de impactos ambientais
biorrefinarias, por meio da relação entre a associados ao ciclo de vida dos
exergia de entrada (𝐸𝑥𝑒 ) e a exergia destruída produtos/processos também tem sido
(𝐸𝑥𝑑𝑒𝑠 ) (Tabela 2).22 analisada através da ACVEx (análise do ciclo
de vida exergético) (Tabela 3). Este método
Com base nos conceitos
consiste na integração do conceito de exergia
termoeconômicos, Palacios-Bereche et al.30
ao método de ACV (análise do ciclo de vida) -
aplicaram a análise exergética de custos para
ferramenta analítica de gestão ambiental
investigar a viabilidade de integração de uma
utilizada para identificar, quantificar e
planta de etanol 2G a uma convencional
diminuir o impacto ambiental de um
(Tabela 2).
produto/sistema.22 Por fim, o método TCExL
Várias metodologias baseadas em exergia (perda total de exergia cumulativa) baseia-se
foram propostas na literatura para a avaliação no cálculo das perdas de exergia e leva em
da sustentabilidade de processos e/ou consideração todas as perdas exergéticas
sistemas. Na Tabela 3, são apresentados causadas por um sistema tecnológico durante
alguns métodos aplicados à processos de seu ciclo de vida (Tabela 3).33

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Tabela 2. Indicadores exergéticos aplicados em estudos sobre a produção de etanol


lignocelulósico e suas formulações
Indicador Fórmula Significado

𝐸𝑥𝑠 Razão entre a


Eficiência
𝜓= exergia da saída e a
exergética10,15,28 𝐸𝑥𝑒
exergia da entrada.
Razão entre a
Eficiência 𝐸𝑥𝑝𝑟𝑜𝑑,ú𝑡𝑒𝑖𝑠 exergia dos produtos
exergética 𝜙=
𝐸𝑥𝑒 de interesse e a
racional16, 28
exergia da entrada.
Perdas
∑ 𝐸𝑥 = ∑ 𝐸𝑥, 𝑝𝑟𝑜𝑑 + ∑ 𝐸𝑥, 𝑟𝑒𝑠í𝑑 + 𝐼 termodinâmicas
Perdas
𝑒 𝑠 𝑠 associadas às
termodinâmicas10
irreversibilidades e
geração de resíduos.
Razão entre a
Índice de 𝐸𝑥𝑝𝑟𝑜𝑑 exergia dos produtos
produtividade Ψ=
𝐸𝑥𝑑𝑒𝑠 e a exergia
exergética16
destruída.
Considera o
𝜆 consumo de exergia
Renovabilidade20 ∑𝑖(𝐸𝑥𝑝𝑟𝑜𝑑/𝑠𝑢𝑏 ) fóssil e as
𝑖
= irreversibilidades do
∑𝑗(𝐸𝑥𝑁𝑅 )𝑗 + ∑𝑘(𝐸𝑥𝐷𝐸 )𝑘 + ∑𝑙(𝐸𝑥𝑟𝑒𝑠í𝑑 )𝑙 + 𝐼
processo.
Índice de 𝐸𝑥𝑒 Relação entre
sustentabilidade 𝐼𝑆𝑇 = impacto ambiental e
𝐸𝑥𝑑𝑒𝑠
termodinâmica22 sustentabilidade.
Energia necessária
Custo para produzir uma
𝐸𝑥𝑐 = 𝑘𝑐 ⋅ 𝐸𝑥
exergético28 corrente com
exergia Ex.

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Tabela 3. Métodos exergéticos aplicados na avaliação da sustentabilidade de processos


Método de Descrição
análise
CExC 24 Refere-se à soma da exergia dos recursos naturais consumidos
(combustíveis e matérias-primas não-energéticas) em todas as etapas de
produção de um determinado produto, bem ou serviço. Este método
calcula a exergia total necessária para produzir um produto, mas não
quantifica as perdas de energia.
ECEC32 Extensão da análise do método CExC para incluir a contribuição da exergia
consumida pelos bens e serviços ecológicos necessários para produzir os
recursos naturais que contribuem para a cadeia de produtiva do produto
em interesse. São exemplos de componentes de bens e serviços ecológicos
comumente considerados nesta análise: energia solar, ar, água, recursos
do solo, chuva, vento, minerais, sequestro de carbono e a dissipação de
poluição.
ACVEx22 Avalia a sustentabilidade termo ambiental do sistema em estudo, por meio
da investigação da destruição exergética, eficiência exergética e dos
impactos ambientais associados a um produto ao longo do seu ciclo de
vida.
TCExL33 Refere-se ao somatório das perdas exergéticas causadas por um sistema
tecnológico: i) perda exergética interna causada por um sistema
tecnológico durante as fases de construção, operação e desativação, ii)
perda exergética causada pela redução de suas emissões e fluxos de
resíduos a um nível aceitável e, ii) perda de exergia relacionada ao uso da
terra pelo sistema.
CExC: consumo cumulativo de exergia; ECEC: consumo de exergia ecológico cumulativo; ACVEx:
análise do ciclo de vida exergético; TCExL: perda total de exergia cumulativa.

4. Aplicações de Análise Exergética exergética é útil para melhorar a eficiência do


uso de recursos energéticos, pois quantifica os
na Produção de Etanol locais, tipos e magnitudes de desperdícios e
Lignocelulósico perdas, possibilitando apontar melhorias para
a otimização do processo produtivo;19,21,22 iii)
a exergia química associada às
Para o caso de tecnologias sustentáveis, emissões/resíduos frequentemente
como a produção de etanol 2G, os conceitos apresentam alto potencial de danos ao meio
de exergia desempenham um papel ambiente devido ao desequilíbrio com o
significativo no entendimento de mesmo. Portanto, melhorias na eficiência
ecossistemas, uso dos recursos naturais e dos exergética podem contribuir para a redução
impactos ambientais. Este conceito é de impactos ambientais associado às perdas
considerado por muitos autores como um de exergia nas emissões e resíduos;17,29 iv) a
componente chave na obtenção do técnica permite quantificar as
desenvolvimento sustentável.19 Dentre as emissões/rejeitos liberados para o ambiente.
principais contribuições da técnica, destacam- 17,29

se: i) a propriedade exergia permite comparar, No contexto da produção de etanol


em uma base comum, interações (entradas, lignocelulósico, tais atributos vêm sendo
saídas) que apresentam um significado físico
bastante diferente entre si; ii) a análise
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aplicados: i) no desenvolvimento e tecnologias de conversão energética. 20,22,40 A


aprimoramento de rotas tecnológicas Figura 1 apresenta de forma esquemática as
alternativas à produção de etanol 1G; 15,34-36 rotas tecnológicas de produção de etanol
ii) na análise de viabilidade de sistemas abordadas neste estudo. A Figura 1 ilustra
integrados (poligeração: energia, calor, também os co-produtos, a produção de
etanol lignocelulósico e gás de energia e vapor, bem como a integração
síntese);10,28,37,38 iii) na otimização de destas rotas. Na Tabela 4, apresentam-se as
variáveis de processo; 12,16,21,26,39 iv) no análises exergéticas realizadas nos estudos
desenvolvimento de novos indicadores de avaliados, e a Tabela 5 ressalta os principais
desempenho;20,33 v) na avaliação de resultados obtidos nesses estudos.
impactos ambientais associado às

Figura 1. Esquema simplificado de rotas tecnológicas de produção de etanol, co-produtos,


produção de energia e vapor, bem como suas integrações
*Rota 2.1: - Rota bioquímica não convencional de produção de etanol (HYBC: High-Yield
Biochemical Process36), no qual os açúcares são convertidos em ácido acético, que é
esterificado e hidrogenado para produzir etanol; Rota 2.2: Rota bioquímica convencional, no
qual os açúcares são convertidos diretamente em etanol; Ca(Ac) 2: Acetato de cálcio; SFS:
Sacarificação e Fermentação Simultânea

A etapa de pré-tratamento da biomassa biomassa. A exergia, por considerar aspectos


lignocelulósica para a produção de etanol econômicos e ambientais, é uma métrica
envolve o uso intenso de produtos químicos mais apropriada para seleção de métodos de
e energia. Além disso, é um dos passos mais pré-tratamento quando comparado à análise
caros e menos tecnicamente maduros no do rendimento.27 Nesse sentido, Ortiz e
processo de conversão energética da Oliveira34 avaliaram diferentes tecnologias

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Silva, S. R. et al.

de produção de etanol a partir de bagaço de Jørgensen et al.37 avaliaram a produção


cana-de-açúcar por meio da análise integrada de etanol lignocelulósico, calor e
exergética, conforme apresentado nas eletricidade. Recentemente, Liu et al.28
Tabelas 4 e 5. propuseram um novo sistema de poligeração
para a produção de etanol, xilose e sistema
Em um processo híbrido de produção de
combinado de calor e energia (CHP) (Tabelas
etanol (processo térmico e
4 e 5). Neste estudo, a eficiência exergética
bioquímico-gaseificação/fermentação),
racional foi definida como a razão entre os
Michailos et al.35 identificaram valores de
principais produtos do sistema de
eficiência exergética e preço mínimo de
poligeração (bioetanol, xilose e eletricidade)
venda de etanol iguais a 39 % e 0,69 $L-1,
e a exergia total de entrada. Os resultados
respectivamente. A etapa de fermentação,
mostraram que melhorias tecnológicas são
devido à baixa conversão do gás de síntese
necessárias no sistema de CHP. Os autores
em etanol, apresentou maior contribuição
sugerem a recuperação do calor para a rede
para perdas de exergia (Tabelas 4 e 5).
de integração de calor como estratégia para
Além disso, Michailos et al.35 propuseram a redução de perdas exergéticas nesta
uma metodologia de otimização unidade.
multiobjetivo (algoritmo genético),
A análise exergética constitui uma
contemplando, como funções objetivo, a
ferramenta valiosa para a otimização de
minimização do custo anual total e
condições de processo de produção de
maximização da eficiência exergética.
biocombustíveis em escala de laboratório,
Através da otimização são identificados um
por considerar perspectivas de
conjunto de soluções ótimas, sendo a 21,39
sustentabilidade e produtividade. Nesse
seleção da melhor solução dependente das
sentido, Dadak et al.12 utilizaram os
preferências e critérios do usuário (p. ex.:
conceitos de exergia no diagnóstico da
econômico, ambiental ou técnico).
pressão inicial do gás de síntese (0,8 a 1,8
Sohel e Jack 36 aplicaram a análise atm) na produção fermentativa de etanol e
exergética para um processo bioquímico não acetato utilizando Clostridium ljungdahlii
convencional de produção de etanol a partir (Tabelas 4 e 5). Para tanto, foi avaliado, ao
de madeira, no qual os açúcares são longo do tempo de reação, o efeito da
convertidos em ácido acético, que é pressão do gás de síntese sobre: i) a exergia
esterificado e hidrogenado para produzir do meio de cultura líquido, ii) a produção de
etanol (Tabelas 4 e 5). Os autores etanol e acetato, ii) a exergia dos micro-
identificaram ineficiência no processo de organismos, iii) a exergia destruída
hidrogenação, devido a significativa normalizada, sendo este, o principal
demanda de exergia na entrada do processo. indicador termodinâmico para o diagnóstico
Além disso, melhorias nas etapas de geração da condição ótima de pressão, segundo os
de calor e energia podem contribuir para o autores. A análise exergética aplicada como
aumento da eficiência do processo. otimização de variáveis de processos
A análise energética também tem sido também foram empregadas por Aghbashlo
aplicada na avaliação da viabilidade de et al.,16,26 conforme descrito nas Tabelas 4 e
sistemas de poligeração para a produção de 5.
biocombustíveis, geração de energia e calor.

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Tabela 4. Estudos sobre a análise exergética aplicada à produção de etanol 2G a partir de


diferentes fontes de carbono
Fonte de Objeto de estudo/condições
Ref. Objetivos
substrato operacionais
34 BCA Avaliar diferentes tecnologias de Tecnologias - explosão a vapor (A);
pré-tratamento. organossolve (B); água quente líquida
(C); explosão a vapor+água quente
líquida (D).
35 Singás Analisar a viabilidade de uma rota Operações unitárias - pré-tratamento;
híbrida de produção por meio de gaseificação; condicionamento de
otimização multiobjetivo síntese; fermentação, recuperação de
(algoritmo genético) e análise etanol; utilitários.
exergética, financeira e ambiental.
36 Madeira Comparar o rendimento e a Operações unitárias - manuseio de
eficiência exergética do HYBC com alimentação; pré-tratamento e
processos bioquímicos e térmicos desintoxicação; SSF; esterificação;
convencionais. hidrogenação; produção de calor e
energia; produção de H2.
37 Palha Determinar as irreversibilidades Parâmetros operacionais avaliados:
relacionadas ao sistema de carga na unidade de CHP, operação
poligeração (etanol 2G integrado integrada versus operação separada e
ao sistema CHP) em diferentes inclusão da produção de aquecimento
pontos de operação. urbano na instalação de etanol.
28 Espiga de Determinar as irreversibilidades Etapas: pré-tratamento, produção de
milho relacionadas ao sistema de xilose e etanol (SFS), tratamento de
poligeração (produção de etanol águas residuais e sistema de CHP.
2G, xilose e CHP)
12 Singás Avaliar o efeito da pressão do gás Biorreator com operação em batelada;
de síntese na produção tempo de fermentação: 120 h. Pressões
fermentativa de etanol e acetato iniciais de gás de síntese entre 0,8 e 1,8
utilizando Clostridium ljungdahlii atm; temperatura de 37 °C.
pelo HYBC.
26 Singás Avaliar o efeito de parâmetros Biorreator de operação contínua;
operacionais (velocidade de temperatura: 37 ᵒC; tempo de
agitação, vazão do líquido e vazão fermentação: 2500h.
e composição do singás) durante a
produção de bioetanol.
16 Glicose Avaliar efeito da morfologia do Biorreator operando em batelada a uma
frutose, fungo Mucor indicus, fonte de temperatura de 32 °C.
sacarose carbono e aerobicidade no
MB e MC processo de produção de etanol e
glicerol.
22 Palmeiras Avaliação da sustentabilidade de Etapas: cultivo; preparação de biomassa;
uma biorrefinaria para a co- pré-tratamento organosolve; SSF;
produção de etanol 2G e purificação de etanol; recuperação
compostos fenólicos. fitoquímica
BCA: Bagaço de Cana-de-açúcar; HYBC: High-Yield Biochemical Process; SFS: Sacarificação e Fermentação
Simultânea; CHP: Sistema de Calor e Energia Combinados; Singás: gás de síntese; MB-Melaço de
Beterraba; MC-Melaço de Cana-de-açúcar

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Tabela 5. Análises exergética aplicadas em estudos sobre a produção de etanol 2G a partir


de diferentes fontes de carbono e seus principais resultados

Ref. Análise exergética Resultados


34 Eficiência exergética Alta eficiência exergética 83-95 %. Maior taxa de
Exergia destruída irreversibilidade obtida na condição (B) devido ao consumo
de exergia para recirculação de solvente.
35 Eficiência exergética Eficiência exergética: 39 %
Perda exergética Perdas de exergia: fermentação (41 %); gaseificação (33 %);
purificação (16 %); utilitários (9 %); pré-tratamento (1 %).
36 Eficiência exergética Operações unitárias com perdas exergéticas mais
significativas: produção de calor e energia (59 %);
hidrogenação (9,8 %); fermentação (8 %).
37 Eficiência exergética As maiores perdas exergéticas foram identificadas nas
Perda exergética etapas de SFS e separação. A operação integrada, a
produção de aquecimento urbano e baixas cargas no
sistema CHP aumentam a eficiência exergética.
28 Eficiência exergética Eficiência exergética do sistema: 62,8 %. Eficiência
Eficiência exergética exergética racional: 36,6 %. A maior irreversibilidade
racional ocorre no sistema CHP.
Perda exergética
12 Eficiência exergética A exergia de destruição global normalizada mais baixa
Eco-exergia (49.96 kJ/kJ Ac + EtOH) foi obtida na pressão de gás de
Exergia destruída síntese igual a 1,8 atm.
normalizada.
26 Exergia convencional Eficiência de exergia do biorreator: 8.14-89,51 % (Exergia
Eco-exergia convencional) e 8,86-89,52 % (eco-exergia). Condições
Índice de produtividade operacional ótima: índice de produtividade exergético:
exergética 6,82 (convencional) e 6,90 (eco-exergia) - velocidade de
agitação: 450 rpm; fluxo líquido: 0,55 mL/min; vazão do
singás: 8 mL/min; composição: 10 % de CO2, 15 % de Ar,
20 % de H2 e 55 % de CO.
16 Eficiência exergética Em geral, o processo anaeróbio apresentou melhores
Eficiência exergética resultados que o processo aeróbio.
racional Os monossacarídeos apresentaram resultados superiores
Índice de produtividade aos dissacarídeos.
exergética
22 ACVEx Eficiência exergética: 59,05 %; IST: 2,44.
IST A biorrefinaria não apresentou um ótimo desempenho
termoambiental.
SFS: Sacarificação e Fermentação Simultânea; CHP: Sistema de Calor e Energia Combinados; Singás: gás
de síntese
Normalmente, em estudos nos quais biomassa consumida) e a eficiência
deseja-se investigar parâmetros de exergética do HYBC com processos
processo, são empregados somente a análise bioquímicos e térmicos convencionais,
de rendimento do produto de interesse ou constataram ausência de correlação direta
outros parâmetros biotecnológicos – p.ex.: entre o rendimento normalizado e eficiência
concentração de compostos fermentativos e termodinâmica.
crescimento celular. No entanto, a análise
A análise exergética foi aplicada como
isolada destes indicadores de eficiência para
instrumento de avaliação ambiental
tecnologias de biocombustíveis pode não ser
associada à: i) impactos do ciclo de vida de
uma medida confiável de desempenho.
biorrefinarias, com base no método ACVEx; 22
Sohel e Jack, 36 ao compararem o rendimento
ii) avaliação sustentabilidade das rotas para
(relação: biocombustível produzido e a
a produção de etanol, por meio do indicador

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Silva, S. R. et al.

de renovabilidade (λ); 20 impactos vida do biocombustível;22,40 iii) uso da análise


atmosféricos causados pelas emissões exergética como ferramenta de diagnóstico
durante o ciclo de vida do etanol, com base de variáveis e otimização de condições de
na exergia química. 33 processo de produção de biocombustíveis em
escala de laboratório;21 iii) uso combinado de
aspectos envolvendo desempenho exergético
5. Conclusão e cinéticos para a identificação de condições
de processo viáveis.
A realização da análise dos aspectos
Com base na revisão da literatura, destaca- cinéticos do processo, especialmente a
se, dentre as contribuições para a melhoria no variação da concentração ao longo do tempo,
desempenho dos processos de produção de em conjunto com a análise exergética não foi
etanol 2G, o papel relevante da propriedade encontrada na literatura pelos autores deste
exergia para o desenvolvimento sustentável: a artigo. Tal metodologia não foi encontrada
análise exergética pode contribuir para uma nem mesmo para a descrição de outros
redução substancial no uso de recursos sistemas (caldeiras, fornos ou evaporadores
naturais, na poluição ambiental, e na descarga por exemplo). Neste ponto é importante
de produtos residuais. destacar que este tipo de análise só é possível
se o estado transiente do sistema for
Além disso, é possível concluir que, no considerado. A adoção desta consideração,
contexto tecno-cientifico da produção de portanto, inviabilizaria o emprego das
etanol lignocelulósico: i) o alto custo equações matemáticas aqui apresentadas (os
envolvido na produção e os problemas termos de acúmulo de massa, energia,
ambientais durante o ciclo de vida do entropia e exergia deveriam ser considerados
biocombustível são aspectos limitantes no nas equações). Além disso, aspectos empíricos
desenvolvimento de tecnologias inerentes aos processos químicos ou
sustentáveis;10 ii) a avaliação de desempenho, bioquímicos presentes no meio reacional
em escala laboratorial, das etapas de deveriam ser previamente conhecidos.
produção do biocombustível envolvendo as
reações químicas/bioquímicas é
predominantemente baseada na análise Agradecimentos
isolada de parâmetros biotecnológicos.
Contudo, esta metodologia é apontada por
alguns autores como uma medida não Os autores agradecem o apoio da CAPES
confiável de desempenho sustentável;36 iii) a (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
análise exergética apresenta limitações no de Nível Superior) e da FAPEMIG (Fundação de
que tange à cinética dos processos, porque Amparo à Pesquisa do Estado de Minas
usualmente considera que o sistema já tenha Gerais) no desenvolvimento deste trabalho,
atingido o seu equilíbrio termodinâmico. por meio da concessão de bolsas de pesquisa.
Como solução para os problemas acima
mencionados, alguns autores sugerem: i) o
estabelecimento de processos integrados Referências Bibliográficas
para a produção combinada de etanol, calor e
eletricidade, como estratégia de redução de
custos, maior recuperação do potencial de 1
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Silva, S. R. et al.

Apêndice – Lista de nomenclatura

Símbolos
Ex Exergia (J) Subscrito
Exc Custo exergético (J) CH Química
h Entalpia específica ((J/mol ou J/kg) DE Desativação
H Entalpia (J) des Destruída
kc Constante de custo exergético (-) e Entrada
𝑚̇ Vazão mássica (kg/s) gen Geração
n Número de moles (-) I Irreversibilidades
NN Número de nucleotídeos (-) MO Micro-organismo
NRG Número de genes repetidos (-) NR Não renovável
𝑄̇ Taxa de transferência de calor (J/s) PH Física
R Constante universal dos gases (J/mol.K) prod Produtos
S Entropia (J/K) prod/sub Produtos/subprodutos
𝑠 Entropia específica (J/kg.K) s Saída
T Temperatura (K) VC Volume de controle
t Tempo (s) 0 Estado morto
U Energia interna (J)
u Energia interna específica (J/kg)
V Volume (m³)
𝑊̇ Taxa de realização de trabalho (J/s)
y Fração molar (-)

Gregos
𝜀𝟎 Exergia química padrão específica (J/mol)
𝜓 Eficiência exergética (-)
𝜙 Eficiência exergética racional (-)
Ψ Índice de produtividade exergética (-)
𝜑 Eco-exergia (J)
𝜆 Renovabilidade

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