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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Escola de Química

Gestão Tecnológica e Propriedade


Industrial

PROFESSORA
Suzana Borschiver

ALUNOS
Miguel Lima Rabelo
Camila de Barros Lima Carreira
Carla Caroline Machado de Oliveira
Catarina Cazanova

Rio de Janeiro
Janeiro de 2023

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SUMÁRIO

1 Introdução 3
2 Etapa Prospectiva 5
2.1 Artigos 6
2.1.1 Metodologia 6
2.1.2 Análise Macro 7
2.1.3 Análise Micro 8
2.2 Patentes Solicitadas 9
2.2.1 Metodologia 9
2.2.2 Análise Macro 9
2.2.3 Análise Micro 11
2.3 Patentes Concedidas 12
2.3.1 Metodologia 12
2.3.2 Análise Macro 12
2.3.3 Análise Micro 13
2.4 Estágio Atual 14
2.4.1 Metodologia 14
2.4.2 Análise Macro 15
2.4.3 Análise Micro 16
3 Etapa pós-prospectiva 17
3.1 Roadmap 17
3.2 Análise Vertical 20
3.2.1 Estágio Atual 20
3.2.2 Curto Prazo 20
3.2.3 Médio Prazo 21
3.2.4 Longo Prazo 23
3.3 Análise Horizontal 26
4 Conclusão 27
5 Referências 27

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1 Introdução
O hidrogênio verde é definido como sendo aquele obtido com energia inicial
proveniente de fontes renováveis para sua produção, como a energia elétrica
produzida a partir de energia solar, eólica, marítima, entre outros. Por possuir um
grande potencial energético, essa substância tem sido alvo de interesse de diversas
empresas e governos ao redor do mundo, principalmente devido ao aumento
crescente da demanda global de energia nos últimos anos e à procura por fontes de
energia que gerem um menor impacto ao meio ambiente.
A principal via de produção do gás hidrogênio atualmente é através da reforma
a vapor do gás natural, obtido através de fontes não renováveis. Nesse processo,
ocorre a reação entre o vapor de água e metano, gerando o gás de síntese (uma
mistura de monóxido de carbono e hidrogênio). Apesar de possuir menor custo
industrial, tal processo promoverá a longo prazo uma escassez de recursos
energéticos não renováveis e um aumento da emissão de gases de efeito estufa,
sendo prejudicial ao meio ambiente. Por essa razão, muitas empresas e centros de
pesquisa têm investido em processos mais limpos e que possam ser utilizados no
futuro para produção do hidrogênio verde. O principal processo alternativo atualmente
é o de eletrólise da água, no qual promove-se a quebra da molécula de água através
de reações eletroquímicas desencadeadas a partir da eletricidade. Para isso, tensão
é fornecida aos eletrodos imersos em um condutor iônico, líquido ou sólido. O meio
onde ocorrem as reações pode ser ácido ou básico. No caso de uma reação alcalina,
as reações em cada eletrodo são representadas pelas seguintes reações:
Ânodo: 2𝑂𝐻 − → ½ 𝑂2 + 𝐻2 𝑂 + 2𝑒 −
Cátodo: 2𝐻2 𝑂 + 2𝑒 − → 𝐻2 + 2𝑂𝐻 −
Reação Global: 𝐻2 𝑂(𝑙) → 𝐻2 (𝑔) + ½ 𝑂2 (𝑔)
O processo de eletrólise alcalina pode ser representado pela Figura 1 abaixo:

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Figura 1 - Esquema de Eletrólise Alcalina da água, adaptado de Zeng e Zhang (2010)

Apesar de ainda ser um processo relativamente caro quando comparado ao


de reforma a vapor, devido a quantidade de energia elétrica necessária, tal processo
vem sendo cada vez mais estudado para se tornar mais viável economicamente,
podendo ser uma das grandes vias de produção de hidrogênio no futuro. Para se ter
uma ideia, de acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE), se todo o
hidrogênio verde fosse produzido por eletrólise, 830 milhões de toneladas anuais de
CO2 deixariam de ser lançados para a atmosfera.
No que diz respeito ao hidrogênio verde ao redor do mundo, temos como
principais líderes a China, com um projeto no norte do país que pretende gerar 5 GW
a partir de energia eólica e solar; a Arábia Saudita, que tem como previsão instalar 4
GW de eletrolisadores até 2025; a Holanda, com o projeto NortH2, que prevê a
construção de 5 GW de eletrolisadores em 2030; e o Chile, sendo o primeiro país da
América do Sul a apresentar uma estratégia nacional de hidrogênio verde, com a meta
de abastecer eletrolisadores de 1,6 GW até 2024.
No caso do Brasil, ainda não existem plantas funcionais, mas existem
investimentos de empresas visando, para os próximos anos, a produção de
hidrogênio verde, como é o caso da Unipar, que vai investir R$ 100 milhões em uma
fábrica que produzirá hidrogênio verde, cloro e soda cáustica. Outro exemplo é a EDP
Brasil, que anunciou um investimento de R$ 41,9 milhões para a implantação de uma
usina produtora de hidrogênio verde no Ceará.

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2 Etapa Prospectiva
O objetivo desse trabalho é avaliar como o mercado, as universidades, empresas
e o mundo está se comportando quando ao hidrogênio verde, ou seja, avaliar o que
está acontecendo, se já existe geração de hidrogênio, quais processos e matérias
primas estão sendo utilizados, como por exemplo. Para que, ao final de toda essa
avaliação, seja construído um roadmap.
Sendo assim, para dar início, foi realizada uma pesquisa, dentre base de artigos,
patentes, sites de empresas, etc, sobre hidrogênio verde. Após a pesquisa e
avaliando de forma individual, e conjunta, cada uma dessas bases, foi possível chegar
a uma análise macro desses resultados que, então, foram classificadas em
taxonomias meso descritas na tabela 1 abaixo:

Taxonomia Descrição

Quando o documento busca avaliar, comparar, inovar ou


Equipamento otimizar um equipamento utilizado na produção de
hidrogênio verde;

Quando o documento aborda a síntese e/ou modificação


Catalisador
de catalisadores para produção de hidrogênio verde;

Quando o documento apresenta projetos ou processos


Aplicação
de aplicação do hidrogênio verde;

Quando o documento aborda a matéria prima utilizada


Matéria-prima
no processo, seja fonte de energia ou insumo;

Quando o documento simula a produção hidrogênio


Simulação verde utilizando algum software de processos ou quando
há uma simulação relacionada à sua produção.

Quando o documento descreve o processo utilizado


Processo
para produção de hidrogênio verde.
Tabela 1 - Descrição das taxonomias meso

Em um segundo momento, foi feita uma subclassificação de cada taxonomia


meso em função dos assuntos mais presentes nos documentos encontrados. Essa
classificação foi denominada análise micro, de acordo com a tabela 2:

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Taxonomia Meso Taxonomia Micro
Eletrolisador
Purificador
Equipamento
Armazenagem de Energia
Outros
Compósito
Fotocatalisador
Selênio
Catalisador Cobalto
Rutênio
Molibdênio
Outros
Geração e armazenamento de energia
Geração de energia térmica
Aplicação
Metanação
Outros
Energia Eólica
Amônia
Energia Solar
Energia Renovável
Matéria-prima
Energia de ondas/marés
Biomassa
Resíduo Orgânico
Outros
Produção de H2 verde
Simulação Processos
Outros
Eletrólise
Otimização
Processo
Fermentação de lodo
Outros
Tabela 2 - Descrição das taxonomias micro

2.1 Artigos
2.1.1 Metodologia

Para busca de artigos, a base SCOPUS (Elsevier) foi selecionada, utilizando


“Green hydrogen” como palavra-chave. O resultado das buscas foi filtrado para
artigos e ordenado pela data de publicação.
Os 50 primeiros artigos foram selecionados para análise e avaliados em três
etapas: Macro, Meso e Micro.

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2.1.2 Análise Macro

Na análise macro avaliamos a distribuição dos artigos por países (Gráfico 1) e


tipo de ator: Universidade, Centro de pesquisa ou Governo (Gráfico 2).
No gráfico 1 é possível observar a predominância da China com 46% dos artigos,
refletindo o grande interesse do país no desenvolvimento de novas tecnologias.
Destacam-se também instituições da Coreia do Sul (14%), Austrália (8%) e Canadá
(5%).
Argentina
Reino Unido Países 3%
México 3%
Turquia Arábia Saudita
3%
Irã 3% 3%
3% Brasil
India 3%
3% Austrália
8% Canadá
Estados Unidos 5%
3%

Coréia do Sul
14%

China
46%

Argentina Austrália Brasil Canadá China


Coréia do Sul Estados Unidos India México Irã
Turquia Reino Unido Arábia Saudita

Gráfico 1 – Distribuição de artigos por países

No gráfico 2 é possível observar a predominância das universidades na


produção científica sobre o hidrogênio verde. Também é possível visualizar a parceria
entre atores.

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Tipo de ator
4% 2%

12%
14%

6%

62%

Parceria: Universidade e Centro de Pesquisa


Universidade
Centro de pesquisa
Parceria: Universidade e Governo
Parceria: Universidade, Centro de Pesquisa e Governo
Parceria: Universidade e Empresa

Gráfico 2 – Distribuição de atores na produção científica.

Os artigos selecionados para análise foram publicados em 2022, devido a


ordenação por tempo, não foi possível observar a evolução temporal.

2.1.3 Análise Micro


Nesta etapa, após a classificação das taxonomias referentes a cada artigo,
avaliamos as tendências observadas nas taxonomias. Conforme consolidado no
gráfico 3, a eletrólise é uma etapa crucial para o processo de produção de hidrogênio
verde, por isso, é possível observar que diversos artigos possuem foco nesta etapa,
assim como, no desenvolvimento de catalisadores e eletrolisadores para otimizar este
processo.
As fontes de energia mais recorrentes para produção de hidrogênio verde foram
Eólica e Solar; outras matérias primas estudadas foram: Biomassa, resíduo orgânico
e amônia. Os artigos também abordam simulação de processos e produção de
Hidrogênio.

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Gráfico 3 – Taxonomias presentes na produção científica.

2.2 Patentes Solicitadas


2.2.1 Metodologia
Para a busca de patentes solicitadas (tipo A) relacionadas ao hidrogênio verde,
utilizou-se “green hydrogen” como palavra-chave. A base utilizada foi a Patent Scope.
Foram selecionadas as 50 primeiras patentes encontradas. Os documentos que
fugiam do tema principal foram excluídos da análise e do roadmap, restando um total
de 30 patentes solicitadas.
2.2.2 Análise Macro
Após a prospecção de patentes solicitadas relacionadas ao hidrogênio verde,
realizou-se uma análise macro das mesmas com relação aos países presentes, assim
como a evolução temporal da quantidade de documentos solicitados.
Das 30 patentes solicitadas analisadas, a maior parte foi depositada por
empresas chinesas, chegando a 87% do total. A Coréia do Sul, em segundo lugar,
representou 7% do total de patentes, seguidos dos Estados Unidos e Austrália, cada
um com 3%. Esse dado revela o grande investimento de empresas chinesas no
desenvolvimento e proteção de tecnologias relacionadas à produção do hidrogênio
verde, que pode se tornar uma das grandes fontes energéticas do futuro. O gráfico 4
resume as informações mencionadas previamente.

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Gráfico 4 - Distribuição de Patentes Solicitadas por País

Analisando em um segundo momento a quantidade de patentes por ano,


notou-se uma predominância de documentos solicitados nos anos de 2022 e 2021.
Para se ter uma melhor visibilidade da evolução temporal de patentes do tipo A,
estendeu-se a base de patentes para um período entre 2014 e 2022 através da
ferramenta disponível na base “Patent Scope”, representada no gráfico abaixo:

Gráfico 5 - Evolução temporal de patentes solicitadas por ano. Fonte: Patent Scope

Pelos dados fornecidos, nota-se um aumento expressivo da quantidade de


patentes solicitadas, chegando a um valor duas vezes maior em 2022 quando
comparado a 2014. Observou-se também uma pequena diminuição de 2019 para
2020, podendo ter sido causado pelo advento da Covid-19, que gerou um impacto em
escala global na economia e investimentos para o desenvolvimento de novas
tecnologias. Apesar da diminuição, nota-se uma tendência de crescimento do número
de documentos solicitados nos últimos anos, o que é um indicativo de que o

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hidrogênio verde vem sendo cada vez mais estudado e tem sido alvo de interesse de
empresas ao redor do mundo.

2.2.3 Análise Micro

Após a análise macro, foi feita uma análise micro, mais aprofundada sobre as
patentes solicitadas, no que diz respeito às taxonomias mais encontradas. O gráfico
6 apresenta as 5 taxonomias micro mais presentes nos documentos solicitados:

Gráfico 6 - Taxonomias mais presentes em patentes do tipo A

De acordo com o gráfico, pode-se destacar a predominância de patentes


solicitadas que utilizam eletrólise como processo de produção do hidrogênio verde,
aparecendo em quase 50% dos documentos. Vale destacar a taxonomia micro
“Outros” dentro da taxonomia meso “Processos” também apareceu em grande
quantidade, chegando a 20% das patentes, mas não foi incluída no gráfico por se
tratarem de processos muito diversificados e que não estavam diretamente
relacionados ao processo de produção do hidrogênio verde. No caso, foram
encontrados os processos de reforma a vapor, combustão do H 2, dessalinização de
água do mar, e redução de carbono de uma usina termelétrica. Portanto, o processo
que mais esteve presente na análise foi a eletrólise.
Para a produção do hidrogênio verde, as principais matérias-primas ou
insumos utilizados foram a energia eólica, presente em 10% dos documentos
encontrados, e a energia solar, presente em 7% das patentes. Tal dado revela o futuro
potencial de produção desse gás em países com maior capacidade de geração de
energia solar e eólica, como o Brasil, por exemplo.
Por fim, no que diz respeito às aplicações do hidrogênio verde, as principais
taxonomias encontradas foram a de geração de energia térmica, contabilizando 20%
das patentes do tipo A, seguida da geração de energia elétrica, presente em 13% das
patentes. De fato, o hidrogênio gasoso é conhecido por liberar grande quantidade de
energia quando entra em combustão, portanto possui grande utilidade tanto para
geração de calor quanto de energia elétrica.

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2.3 Patentes Concedidas
2.3.1 Metodologia
Para a busca de patentes concedidas (tipo B) relacionadas ao hidrogênio
verde, utilizou-se o termo “green hydrogen” como palavra-chave. As bases utilizadas
foram: Patent Scope, Derwent World Patents Index e Google Patentes. Da seleção
de 30 patentes foram encontradas 8 patentes concedidas a cerca do tema principal.

2.3.2 Análise Macro


Pela busca realizada nas bases de dados citadas no item 2.3.1, observa-se
uma predominância de empresas chinesas atuando no curto prazo, com uma fatia de
62,5%, seguida de Coréia do Sul, Estados Unidos e Finlândia, com 12,5% cada, como
pode ser observado no gráfico 7. Destaca-se que esta predominância chinesa é
encontrada também em outros estágios temporais.

Gráfico 7 – Distribuição de patentes concedidas por país.

Podemos perceber pelo gráfico 8 que até o ano de 2020 não existiam patentes
concedidas para hidrogênio verde, apresentando 2 patentes em 2021 e 6 patentes
em 2022, o que representa um aumento de cerca de 60%. Isso demonstra o interesse
recente pelo tema e espera-se que nos próximos anos esse aumento seja ainda maior
visto que existe uma grande quantidade de patentes solicitadas e este número está
em expansão.

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Gráfico 8 – Evolução temporal patentes concedidas por ano

Analisando os players que tiveram patentes concedidas, pode-se observar o


destaque da empresa Shangai Yipu New Energy Technology Co com uma patente
concedida sozinha e outra em parceria com a Baowu Clean Energy Co Ltd. Destaca-
se também uma patente concedida por depositante individual, Park S, que como tal
não se encontra no roadmap.

Gráfico 9 – Players H2V no curto prazo

2.3.3 Análise Micro


Nesta seção apresentamos os resultados obtidos para as patentes concedidas
a respeito das categorias micro definidas para as taxonomias meso definidas na
seção 2. O gráfico 10 apresenta as sete categorias micro mais frequentemente
encontradas nas 8 patentes concedidas.

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Gráfico 10 – Taxonomias mais presentes nas patentes concedidas

Na taxonomia meso Processo vemos o destaque das taxonomias micro


Eletrólise e Otimização, presente em 14% das patentes, cada. O que demonstra o
interesse por parte das empresas de favorecer que o processo empregado seja mais
eficiente e com ganho energético. A eletrólise por sua vez foi o processo mais usual.
A micro mais presente em todas as categorias foi Eletrolisador (21%) dentro
da taxonomia Equipamento o que aponta como um produto a comercializado com a
maturação da tecnologia. Além disso, vemos os equipamentos purificador de H2 e
dispositivo de armazenamento de energia presente em 14% das patentes, cada, o
que demonstra uma tendência.
Na taxonomia meso Matéria-prima notamos a presença majoritária das micros
Energia Solar e Energia das ondas e/ou marés, fontes de energia renováveis e limpas,
em coerência com a definição de hidrogênio verde e da matriz energética chinesa,
predominante neste estágio temporal, visto que a China, atualmente, já é responsável
por 26% de toda energia renovável do mundo (Sunset Energy).

2.4 Estágio Atual


2.4.1 Metodologia
No que diz respeito ao estágio atual, a busca se deu através de sites de busca,
como o google, por exemplo, onde colocamos o termo “Green Hydrogen” e, através
dessa busca mais abrangente, obtivemos, aproximadamente, 460 milhões de
resultados.
Dentre esses resultados, apareceram algumas empresas que já trabalham, ou
que pretendem trabalhar com o hidrogênio verde e foram a elas que demos foco aqui
nesse trabalho, totalizando 9 enfoques principais.
Interessante mostrar que, realizando uma pesquisa de tendência pela expressão
“Green Hydrogen”, utilizando uma ferramenta do Google Trends, no período de 2004
até hoje, obtivemos o gráfico a seguir:

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Figura 2 - Google Trends "Green Hydrogen"

Nesse gráfico, percebemos uma tendência de aumento pela busca de


hidrogênio verde nos últimos anos, o que se justifica pelas descobertas, até que
recente, das possíveis aplicações do mesmo, sendo chamado até de “energia do
futuro”.
E, esse gráfico é importante para o nosso trabalho também, como forma de
justificar as, ainda, poucas empresas que viabilizam e estudam a viabilização desse
tipo de energia, porque ainda se trata de uma novidade para o mundo.
2.4.2 Análise Macro
Na análise macro, foram obtidas e analisadas informações referentes aos
países e as empresas envolvidas. Quando se trata de países, não existe nenhuma
dominância, na realidade, temos quase que uma igualdade. Porém, se formos avaliar
por continente, aí temos um leve destaque para o continente europeu. Ambas essas
informações são destacadas nos gráficos abaixo:

PAÍSES
Polônia Australia
11% 11%
Holanda Brasil
11% 11%

Grécia
11%
Chile
Espanha 23%
11%
China
11%

Gráfico 11 - Gráfico de Empresas por país no estágio atual

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CONTINENTES
Ásia
11%
Oceania
11% América do Sul
33%

Europa
45%

Gráfico 12 - Gráfico de Empresas por continente no estágio atual

A próxima análise que foi feita diz respeito às empresas. No gráfico abaixo,
estão todas as empresas, e/ou parcerias, que receberam no enfoque nesse trabalho
pois se destacaram no que diz respeito a hidrogênio verde.

EMPRESAS

Helios Green Power


1
Air Products
1
1 InterContinental Energy
1
CWP
1
1 Vestas
1 Equinor
1
1 RWE
1 Eneco
Quantidade 1
Groningen Seaports
1
1 Shell
1 HIF
1
2 Siemens
2 Gasco
1
1
Iberdrola
1 Fertiberia
ENEL
0 0,5 1 1,5 2

Gráfico 13 - Gráfico de Empresas em destaque

2.4.3 Análise Micro


Para realizar a análise micro, realizou-se uma contabilização, a partir dos
dados obtidos, no que se refere às categorias micro definidas para as diferentes

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taxonomias meso. E, com isso, gráficos foram contruídos com base nos
levantamentos de dados efetuados ao longo da prospeção.

Taxonomias Micro

0
Energia Energia Solar Energia Energia de Eletrólise
Eólica Renovável ondas/marés
Matéria-prima Processo

Gráfico 14 - Gráfico das Taxonomias Micro

Como pode-se ver no gráfico acima, para a categoria Processo, que diz
respeito às tecnicas empregadas na produção de um material de interesse ou na
manufatura de determinado bem oriundo do material, ou seja, nesse caso, se refere
ao processo utilizado para produção de hidrogênio verde, têm-se apenas um
processo em destaque, a Eletrólise.
Sendo assim, é fácil de dizer que a eletrólise figura como o mais relevante
processo no estágio atual. Claramente porque é um dos processos mais conhecidos
para a produção de hidrogênio verde.
Já em relação à taxonomia meso Matéria - Prima, percebe-se que a grande maioria
das empresas destacadas no tempo atual utilizam a energia eólica como fonte de
matéria-prima e, ainda as que não a utilizam, acabam optando por uma outra fonte
de energia, também renovável. Isso pode-se justificar pela grande procura mundial
por energias renováveis e combustíveis também, principalmente porque o hidrogênio
verde é dito como a energia do futuro.

3 Etapa pós-prospectiva

3.1 Roadmap

A seguir apresentamos o roadmap tecnológico do hidrogênio verde

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Estágio atual

Curto prazo

Médio prazo:

18 de 28
Longo prazo:

19 de 28
3.2 Análise Vertical
3.2.1 Estágio Atual
Realizando a análise vertical do roadmap no estágio mais recente, é visível o
destaque de empresas europeias, com 45% de participação. Isso se deve ao fato de,
na Europa, ocorrer uma enorme busca por energias alternativas e, principalmente,
mais limpas, uma vez que eles já sofrem abundantemente com as mudanças
climáticas devido ao enorme aquecimento global naquela região.
Ainda que mais envergonhada, as Américas possuem um enorme potencial de
crescimento, vide que já existem algumas empresas em destaque por lá, como a
White Martins, no Brasil, e a tendência de surgirem novos investimentos e mais
trabalhos pela região é grande, já que esses locais se destacam pela grande
disponibilidade de energia renovável.
3.2.2 Curto Prazo
Ao realizar a análise vertical do roadmap no estágio temporal de curto prazo
destaca-se a predominância de empresas chinesas, com uma fatia de 62,5%, seguida
de Coréia do Sul, Estados Unidos e Finlândia, com 12,5% cada. Espera-se que com
a entrada de novas empresas, oriundas da concessão de patentes já solicitadas, haja
uma maior diversificação de países.
A Shangai Yipu New Energy Technology Co, fornecedora chinesa de soluções
gerais de tecnologia verde, foi o destaque do curto prazo com uma patente solicitada
sozinha, onde é desenvolvido um sistema de gerenciamento de calor capaz de
melhorar a eficácia da utilização do sistema de energia de hidrogênio verde.
A Shangai Yipu New Energy Technology Co também criou um eletrolisador em
parceria com a Baowu Clean Energy Co, que é um braço da Baowu Stell Group, maior
produtor de aço do mundo, com foco no desenvolvimento de um ecossistema de
hidrogênio na China. Nesta patente foi desenvolvido um sistema que melhora a taxa
de utilização e a capacidade de produção de hidrogênio e uma inovação na matéria-
prima através da utilização de água alcalina, que foi classificada na taxonomia micro
Outros, dentro de Matéria-prima.

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Figura 3 – Yipu Tecnology

Figura 4 – Parceria SHangai Yipu New Energy Tecnology Co e Baowu Clean Energy Co

3.2.3 Médio Prazo


A análise de médio prazo do roadmap foi realizada através do estudo das
principais empresas, parcerias e quais taxonomias foram mais frequentes durante
esse período.
No que diz respeito às empresas, notou-se uma predominância significativa de
companhias chinesas, representando 86% do total de patentes solicitadas, seguido
de 7% provenientes da Coréia do Sul, 3% dos Estados Unidos e 3% da Austrália.
Dentre as empresas chinesas, destacam-se a China Datang e a Jiangsu Yao’s
Environmental Protection Technology. A primeira solicitou patentes relacionadas à
geração de energia térmica através da queima de hidrogênio verde produzido por
energia eólica, enquanto a segunda focou em tecnologias de metanação, uma
aplicação do hidrogênio verde como uma estratégia de armazenamento de energia,
tendo em vista o potencial explosivo do hidrogênio.

Figura 5 - China Datang

Figura 6 - JIANGSU YAO'S ENVIRONMENTAL PROTECTION TECHNOLOGY CO., LTDA

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Outra empresa que merece destaque é a Air Products, que lidera grandes
projetos de gás industrial no mundo. A empresa solicitou patentes relacionadas à
otimização do craqueamento de amônia para produção de hidrogênio verde. Para tal,
investiu no desenvolvimento de um separador de membranas para melhorar a
purificação do produto final.

Figura 7 - Air Products

Já no que tange às parcerias, pode-se mencionar a colaboração da China


Datang com o Institute of Thermal Power Generation Technology, ambas empresas
chinesas, que desenvolveram um eletrolisador do tipo household (caseiro) capaz de
converter energia solar e eólica em hidrogênio verde. A tecnologia tem como objetivo
ser utilizada em escala populacional, podendo, no futuro, ser instalada em edifícios
residenciais. Outra parceria que merece atenção é a da empresa Energy China com
a organização Government Investment Review Center In Shaanxi Province, que
propõe um método de redução de carbono para uma unidade de energia a carvão
através da utilização de hidrogênio verde produzido por eletrólise.

Figura 8 - Parceria entre Energy China e Governo de Shaanxi

Parceria: Empresas
Institute of
Thermal Power
Generation
Technology

Figura 9 - Parceria China Datang e Institute


of Thermal Power Generation Technology

Por fim, com relação às taxonomias, pode-se afirmar que, para as patentes do
tipo A, houve maior presença de documentos relacionados ao processo de eletrólise
para produção de hidrogênio verde, encontrado em 46% das patentes. Além disso,
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as aplicações mais recorrentes foram as de produção e armazenamento de energia
elétrica e a geração de energia térmica a partir do hidrogênio verde, presente em um
terço dos documentos. No que diz respeito às matérias primas, as mais encontradas
foram as de energia eólica e/ou solar, presentes em 17% das patentes analisadas.

3.2.4 Longo Prazo


Para análise vertical de longo prazo, focamos na avaliação dos principais
players, ou seja, as universidades e instituições que apresentaram maior incidência
no roadmap. Além disso, na seção 2.1 foi discutida a distribuição de atores, países e
taxonomias nos artigos prospectados.
A universidade canadense Ontario Tech realizou estudos sobre o
desenvolvimento e avaliação de uma nova usina movida a energia solar para geração
de hidrogênio verde e eletricidade, além disso, avaliou em outro artigo a otimização
do processo de eletrólise.

Figura 10 – OntarioTech University

A Ontario Tech também estabeleceu parceria com a universidade da Turquia


Yildiz Technical University para projetar e estudar um sistema integrado de produção
de hidrogênio verde com o objetivo de misturá-lo com gás natural para utilizar as
reservas de gás natural de forma mais ecológica e eficiente.

Figura 11 - Yildiz Technical University

A Yildiz Technical University realizou também, um estudo para identificar os


parâmetros ideais de um eletrolisador. Enquanto a Sungkyunkwan University,
universidade da Coréia do Sul, desenvolveu estudos sobre síntese de catalisadores
e membranas eletrolíticas para otimização da eletrólise.

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Figura 12 - Sungkyunkwan University

Figura 13 - Parcerias com a Chinese Academy of Sciences

A Chinese Academy of Sciences realizou parcerias com China, Reino Unido e


Austrália para construção de um protótipo de produção direta de hidrogênio do ar, ou
seja, captura in situ de água doce da atmosfera usando eletrólito higroscópico e
eletrólise alimentada por energia solar ou eólica.
Realizou parceria também com Shaoxing University na síntese de
fotocatalisadores contendo cobalto. Além de desenvolver fotocatalisador com platina
juntamente com a Shandong University.

A King Abdulaziz University, localizada na Arábia Saudita, desenvolveu


trabalhos com foco na construção e otimização de sistemas e projetos para produção
de hidrogênio. Um artigo com o objetivo de construir um sistema de microrredes de
baixo custo para a cidade de Yanbu, utilizando excesso de energia para gerar
hidrogênio. Além de realizar em parceria com outras instituições em um projeto
inovador para produção de hidrogênio verde com avaliação econômica e
termodinâmica da planta.

PARCERIA

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Figura 14 – Parceria da King Abdulaziz University, em destaque, para desenvolvimento e otimização de processo.

A Wuhan University of Technology desenvolveu artigos em parceria com a


Nanjing Xiaozhuang University para otimização de catalisador para eletrólise da água
do mar. Além de desenvolver um estudo para produção de hidrogênio verde através
da utilização de pellets de madeira.

Figura 15 – Parceria entre a Wuhan University of Technology e Nanjing Xiaozhuang University.

A chinesa Zhejiang University apresentou foco na produção de fotocatalisadores


(Mobilidênio e Selênio) para o processo de Eletrólise além de estabelecer parcerias
em trabalhos na área de fotocatalisadores (Figura 16).

Figura 16 - Zhejiang University e parceiras.

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Neste estágio temporal também foi possível observar um cluster de artigos de
universidades da China e Coreia do Sul com foco na produção de catalisadores para
eletrólise.

Figura 17 – Cluster observado no longo prazo.

3.3 Análise Horizontal

Na análise por país notamos a presença da China em todos os estágios


temporais (longo prazo: 46%; médio prazo:87%; curto prazo: 62,5% e estágio atual:
11%), o que demonstra o interesse pelo hidrogênio como combustível do futuro.
No que diz respeito ao longo prazo é o país que mais tem investido em novos
insumos (catalisadores, no longo prazo) e em equipamentos (eletrolisadores, no curto
prazo). O que indica que no futuro deve haver uma dependência mundial da China
por parte de insumos e equipamentos.
A Coréia do Sul esteve presente em todos os estágios temporais, exceto no
estágio atual, (longo prazo: 14%; médio prazo:7%; curto prazo: 12,5% e estágio atual:
não pontuou) essa atuação se deu tanto por universidades, quantos por empresas e
parcerias.
Por outro lado, os Estados Unidos, líder mundial em tecnologia e inovação,
esteve presente apenas nos estágios temporais longo prazo: 3% e curto prazo:
12,5%, o que demonstra pouco investimento por parte do país.
Foi possível identificar algumas tendências para as taxonomias ao longo do
tempo. No prazo atual observamos a tendência de utilização de fonte de energia solar
e eólica para eletrólise e geração de hidrogênio enquanto no curto prazo o destaque
é para eletrólise e otimização de eletrolisadores, etapa determinante para produção
do hidrogênio verde. O médio prazo segue a tendência do curto prazo, porém
avaliando também outros equipamentos, além de apresentar estudos para simulação
e otimização de plantas e projetos. No longo prazo, o foco é na eletrólise com
destaque para os catalisadores, insumo do processo. Além disso, a produção
científica também contribui com estudos sobre a otimização de processos e sistemas.
Em uma análise geral do roadmap é possível observar que não foram
identificados diversos clusters, isso ocorreu porque, apesar de terem objetivos

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semelhantes, as patentes e artigos analisados apresentaram taxonomias
complementares durante a análise, diversificando o foco dos players.
Também não foi possível encontrar players que se repetissem de um estágio
temporal para o outro, visto que o hidrogênio verde necessita um alto capital de P&D
(pesquisa e desenvolvimento), de modo que os players têm procurado avanços
verticais antes de se aventurar entre outros estágios temporais.

4 Conclusão
Ao final do trabalho, foi possível alcançar o objetivo de criar, ou montar, um
roadmap tecnológico sobre o hidrogênio verde, o qual vem atraindo os investimentos
e atenção de grandes empresas, afinal, com o crescimento da química verde e a
necessidade de reformas ambientais, é fundamental a busca por produtos de origem
renovável e que não sejam nocivos ao meio ambiente, o que impulsiona ainda mais
o uso do hidrogênio verde como fonte de energia.
Nessa linha de raciocínio, é possível identificar players que já atuam nesse setor,
como no caso das empresas que, atualmente, já produzem esse hidrogênio verde
como fonte de energia, investindo nesse ramo de tecnologia e inovação com a
expectativa de atingir um elevado patamar no mercado.
Já os estudos mais recentes, que visam a aplicação em curto, médio e longo
prazo estão voltados, principalmente, para o melhoramento do processo de produção
desse hidrogênio, avaliando novos equipamentos, catalisadores, fontes de matéria
prima e, principalmente, armazenamento, que é um desafio muito grande quando se
fala de hidrogênio.
O melhor desenvolvimento do processo pode fazer com que o hidrogênio verde
tenha um custo mais baixo e também que seja aplicado em mais áreas de trabalho,
tornando-o mais versátil e presente no mercado. Em contrapartida, é observado que
a maior parte dos artigos e patentes contempla produtos e aplicações que já estão no
mercado.
O principal setor no qual o H2V se destaca é o energético, mas existe uma
tendência de que em um futuro não tão distante o hidrogênio verde estará mais
consolidado e difundido no mercado mundo a fora.

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sendo moldado na Bahia, Pernambuco e Ceará. Disponível em:
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https://clickpetroleoegas.com.br/primeiro-hidrogenio-verde-h2v-produzido-na-
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• DOC88. Unipar vai investir R$ 100 milhões em fábrica e gerará hidrogênio
verde. Disponível em: <https://megawhat.energy/news/144700/unipar-vai-
investir-r-100-milhoes-em-fabrica-e-gerara-hidrogenio-verde>. Acesso em: 8
jan. 2023.
• EDP anuncia investimento de R$ 41,9 milhões em usina de hidrogênio verde
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