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Liodoro de Mello1
Conrado Augustus de Melo2
Reynaldo Palacios Bereche3
Resumo
A mais de duas décadas o Brasil promulgou a Lei das Concessões n° 9074 de 1995, aplicada ao
mercado de energia, especialmente para o setor elétrico. Dentre as modernizações a quebra do
monopólio com a independência entre a geração, distribuição e transmissão, prometia um incremento
dos investimentos internacionais, que tornasse plenamente livre o consumidor de energia. A Geração
Distribuída baseada na lei nº 10.848 de 2004, e no Decreto de Lei nº 5.163 passa a fazer parte das
diretrizes do setor energético nacional. Por outro lado, apenas em 2012, após a publicação da
Resolução Normativa 482, que essa modalidade de geração começou a compor a matriz energética
brasileira de maneira mais significativa. Com isso as iniciativas de geração de energia elétrica
através do sistema de cogeração, se transformam em um atrativo, principalmente, para as indústrias
que geram em seu processamento, resíduos aproveitáveis, em termos de energia útil, calor ou frio
possíveis de serem simultaneamente utilizado para a produção de energia elétrica. Justifica-se então,
este estudo preliminar de possibilidade de implantação do sistema de cogeração em uma usina de
pavimentação. Isto porque hoje, no processo de produção de asfalto é gerado calor e vapor suficiente
para atender as demandas e ainda por meio desta tecnologia gerar energia elétrica para
autoconsumo e o excedente disponibilizar ao sistema interligado. Aplicando-se os conceitos da
engenharia econômica, será possível selecionar a melhor tecnologia de cogeração a ser empregada
na usina de asfalto, e, por meio de uma análise de viabilidade e sensibilidade do investimento atestar
os benefícios econômicos e ambientais da cogeração proposta.
Abstract
More than two decades ago, Brazil enacted the Concessions Law No. 9074 of 1995, applied to the
energy market, especially for the electricity sector. Among the modernizations, the breaking of the
monopoly with the independence between generation, distribution and transmission promised an
increase in international investments, which would make the energy consumer fully free. Distributed
Generation based on Law No. 10,848 of 2004, and Decree of Law No. 5,163 becomes part of the
guidelines of the national energy sector. On the other hand, only in 2012, after the publication of
Normative Resolution 482, did this type of generation begin to make up the Brazilian energy matrix
more significantly. With this, the initiatives of electricity generation through the cogeneration system
become an attraction, mainly, for the industries that generate in its processing, usable waste, in terms
of useful energy, heat or cold possible to be simultaneously used for the production of electricity. This
preliminary study of the possibility of implementing the cogeneration system in a paving plant is
justified. This is because today, in the asphalt production process, enough heat and steam are
generated to meet the demands and also through this technology generate electricity for self-
consumption and the surplus to make available to the interconnected system. Applying the concepts of
economic engineering, it will be possible to select the best cogeneration technology to be used in the
asphalt plant, and, through an analysis of feasibility and sensitivity of the investment attest to the
economic and environmental benefits of the proposed cogeneration.
1
Pós Graduação em Energia pela Universidade Federal do ABC, Brasil, e-mail: mello.liodoro@ufabc.edu.br
2
Professor Doutor da Universidade Federal do ABC, Brasil, e-mail: conrado.melo@ufabc.edu.br
3
Professor Doutor da Universidade Federal do ABC, Brasil, e-mail: reynaldo.palacios@ufabc.edu.br
1. INTRODUÇÃO
O desenvolvimento econômico sustentável depende, dentre outros fatores, de uma
infraestrutura capaz de atender às demandas de crescimento das atividades produtivas. Este
crescimento, se consolidado em longo prazo, resulta em melhoria nos padrões de vida da sociedade,
a partir da conservação dos recursos. Assim, como o saneamento e o segmento de energia, o setor
de asfalto para pavimentação, ambos, como infraestrutura social, representam um dos principais
pilares deste desenvolvimento.
Nesta perspectiva, o problema recorrente de constrição dos investimentos nestes setores
ocorre, quase sempre, a partir da queda do consumo industrial, resultando em crises cíclicas que,
todavia, podem ser explicadas. Como chaves da economia, estes setores são os primeiros a sofrerem
com as variações das políticas de investimentos. No entanto, conservar a energia dos processos por
meio da cogeração é mitigar essa instabilidade econômica, que tem nas crises o seu pior momento.
No entanto, na medida em que uma nova forma de produção se estabelece, com base na
sustentabilidade, preserva-se a vida e os recursos por ela consumidos.
Sabe-se que a tendência quase irreversível para o enfrentamento da crise refletida pela
queda dos investimentos e do consumo, é a migração da geração de energia, a uma matriz
eletroenergética mais equilibrada, e com predomínio dos sistemas de conservação, com fontes limpas
e renováveis. Neste cenário, como justificativa do presente estudo, serão expressas as vantagens do
sistema de cogeração a favor do crescimento sustentável. E às condições fundamentais para que a
seleção da tecnologia atenda, aos requisitos como, por exemplo: a) de economia no consumo de
energia, b) de redução das emissões de CO2, c) de estabilidade da rede de energia elétrica e d) de
fomento ao aproveitamento dos recursos energéticos disponíveis.
Além destes benefícios, o detalhamento do processo de produção de asfalto, de onde foram
retirados os dados de calor e potência, demonstrou que a cogeração proposta, resulta em extrair a
maior parte da energia do combustível, caso do gás natural, para a produção simultânea de energia
térmica e elétrica, além do próprio asfalto. Logo, confrontaram-se duas alternativas operacionais de
produção de asfalto na usina, sobretudo, de fornecimento de energia elétrica e calor pelo método
convencional (sem cogeração) e por meio da cogeração.
Com isso, os seguintes objetivos específicos serão cumpridos: a contabilização do potencial
de conservação de energia, a quantificação dos consumos de gás natural e energia elétrica, e os
possíveis ganhos ambientais e econômicos. Assim, ao que parece, caso a cogeração seja viável para
a usina de asfalto, poderá fomentar e expandir seu uso a todo setor de pavimentação asfáltica. E por
razões técnicas, ambientais e econômicas, desempenhar um papel importante na composição da
matriz energética brasileira, que nos últimos anos, pressupõe mais energia e de maneira mais
sustentável.
2. OBJETIVO
Apresentar as características da cogeração para uma planta industrial de asfalto
demonstrando como esse sistema pode trazer benefícios econômicos e ambientais, após a
2
verificação da rentabilidade do investimento nesta tecnologia, por meio da análise de viabilidade e
sensibilidade econômica.
3. A COGERAÇÃO
O termo cogeração (ou cogeneration em inglês), surgiu nos Estados Unidos para representar
um processo de produção combinada de calor e potência, com o uso da energia liberada por uma
mesma fonte combustível. De uma maneira geral, muito mais eficiente que uma produção
convencional, uma vez que o calor durante a geração de eletricidade é capturado e não
desperdiçado.
Para CARRASCAL, SALA LIZARRAGA, (2013), a cogeração se baseia na Primeira Lei da
Termodinâmica (“conservação da energia e massa”), onde “em ciclos a gás, ou a vapor, a energia
mecânica é utilizada na forma de trabalho.” Por outro lado, segundo THORNTON, (2009, p.9), “se o
objetivo de uma nação é reduzir as emissões de carbono, as politicas energéticas e climáticas
deveriam considerar a energia térmica e não somente focar na eletricidade”. Para (SIMÕES-
MOREIRA, EM, [S.d.]) e (LEME, Rodrigo Marcelo, SEABRA, 2017) o sistema de cogeração deve ser
projetado primeiramente para fornecer as necessidades térmicas de uma planta sendo que a
eletricidade deve representar o subproduto do processo.
A Figura 1 acima mostra a classificação dos ciclos de cogeração em topping, onde se produz
eletricidade, depois se recupera o excesso térmico para aplicações com demanda de calor a
diferentes temperaturas (KRUG, FIGUEIREDO, et al., 2016). E bottoming, onde o desperdício de
calor e energia é usado para produzir eletricidade antes da demanda térmica. Ambos definidos em
função da sequência de utilização da energia, e da posição do equipamento de cogeração em relação
à máquina do processo produtivo. Porém, há outros ciclos termodinâmicos, como o combinado (gás e
vapor), no qual a necessidade de produção de energia elétrica em relação ao calor é aproveitada de
3
forma consecutiva, casos das termelétricas. E vários equipamentos como motores de combustão
interna (CI): Otto, Diesel, Rankine e Carnot, motor alternativo e as turbinas a gás.
35,00%
30,00%
20,06%
25,00%
20,00%
8,68%
15,00%
6,42%
2,69%
3,09%
Polônia 2,56%
Formosa 2,27%
Canadá 2,09%
Coreia do Sul1,39%
Finalnadia 1,80%
Holanda 2,21%
10,00%
Suécia 1,08%
Espanha 1,86%
França 2,03%
Itália 1,82%
Grécia 0,07%
Reino Unido1,68%
Eslováquia1,67%
Brasil 0,41%
Romênia 1,62%
Dinamarca1,75%
Singapura 0,49%
Irlanda 0,03%
Portugual 0,33%
Austria 1,00%
Bélgica 0,58%
México 0,87%
Turquia 0,24%
Hungria 0,62%
Austrália 0,57%
Estônia 0,49%
Indonésia0,37%
Lituania 0,32%
Letônia 0,18%
0,16%
Bulgária 0,37%
5,00%
Republica…
Alemanha
0,00%
Russia
China
Japão
Índia
USA
.Fonte: modificado pelo autor (2020) de International Energy Agency IEA, (2008).
A Figura 2 acima mostra que os USA com 26,11%, Rússia, 20,06%, China, 8,68% Alemanha
6,42% e Índia com 3,09%, somam mais de 60% de toda geração mundial de energia elétrica por meio
da cogeração. A Dinamarca, com apenas 1,75% da geração mundial tem em sua matriz energética
55% de cogeração.
De acordo com (SOUZA, GROSSA, et al., 2007), no Brasil, a alteração na estrutura do
mercado de energia a partir de 1996, influenciou a dinâmica da geração distribuída sob a forma de
cogeração. Tais medidas trouxeram no mínimo a esperança de que separadas, as áreas de geração,
transmissão e distribuição, pudessem fomentar o setor elétrico nacional.
30.00
22.37
20.46
18.53
25.00
17.00
16.06
15.42
14.39
13.25
20.00
12.69
11.13
15.00
5.30
10.00
5.00
-
De fato, no setor de cogeração verificou-se um efeito positivo, mas não suficiente para
aumenta sua participação que é hoje segundo a COGEN (2020) de apenas 24,39 GW em um
universo de 201 GW de capacidade. A Figura 3 acima mostra a capacidade instalada do sistema de
cogeração no Brasil e a tendência é de crescimento. Entre 2010 a 2020, os melhores resultados
4
foram da biomassa com 64,13%, e do gás natural com 13,25%, como resultado do esforço das mais
de 700 usinas geradoras.
4. MATERIAIS E MÉTODOS
Há uma ampla gama de modelos matemáticos que tentam explicar as diferentes concepções
de geração de energia elétrica. Assim, para revisar os objetivos de um desenvolvimento energético
sustentável, onde a energia é um meio e não um fim em si mesmo. E neste sentido o sistema de
cogeração se apresenta como uma forte tendência para as indústrias energointensivas. Alinhados a
estas questões, SILVEIRA e NOGUEIRA (1989) construíram um método, com a perspectiva de
quantificar os rendimentos provenientes do excedente de energia elétrica produzida pelo regime de
cogeração. De modo que “essa eficiência energética sugeri que o sistema proporcione uma economia
de geração e distribuição de energia”, IEA (2006).
Fonte: adaptado pelo autor (2020) de EMPAV (2020) Fonte: BERECHE (2020), adaptado STOPA (2020).
No Cenário convencional C1 (sem cogeração), a análise será realizada com base na equação
2, ou seja Yconv(1) levando-se em conta os conceitos de massa e energia e as seguintes variáveis: i) Yec
(R$/kWh) o preço de compra da energia elétrica fornecido pela concessionária CEMIG, Wcm (kWh), o
consumo médio de energia de acordo com os dados da usina de asfalto, Y ed (R$/kW), a tarifa de
energia elétrica, igualmente fornecida pela concessionária CEMIG, ii) Dmax (kW), como o valor da
demanda contratada, segundo dados do balanço energético BE, Y conv (R$/kWh), o preço do
combustível em base energética fornecido pela concessionária GASMIG, e finalmente e iii) Qu (kWh),
a demanda média de energia térmica valor retirado do BE construído para este estudo de caso, e eb
o rendimento do sistema convencional, informado pela usina de asfalto.
Já os custos operacionais do cenário C2 (com cogeração), equações 3 e 4, ou seja (Ccog(1) +
Ccog(2))foram calculados a partir do C1 acrescidos da energia elétrica, térmica e do gás natural
6
cogerado. A diferença entre esses cenários é a economia pela adoção da cogeração e será utilizada
para amortizar o investimento.
3.3.1. Viabilidade
Com a aquisição dos equipamentos de cogeração, a amortização será feita pelo confronto
dos custos operacionais C1 e C2, critério de controle do financial balance em forma de input e output
dos os recursos.
7
3.3.1.1 Fluxo de Caixa (FC)
O fluxo de caixa ou cash flow irá refletir o montante do capital investido n a cogeração dividido
pelo saldo dos custos operacionais C1 e C2. Realizado essa conta, será possível formar os indicadores
econômicos.
(4)
Neste caso, “se o VPL for maior que zero, significa que a empresa obterá um retorno maior
do que seu custo de capital, portanto aceitas e o projeto, caso o VPL seja menor que zero, rejeita-se
o projeto, pois, nesse caso, o retorno é menor que o custo de capital utilizado pela empresa no
projeto” (SANVICENTE, 1996, p. 118).
(5)
3.3.2. Sensibilidade
8
Método de avaliação do impacto das mudanças percentuais de uma variável sobre os
indicadores econômicos e de desempenho do investimento (TIR, VPL) ou variáveis críticas, como gás
e energia elétrica.
Figura 5 – Diagrama do consumo de gás natural de três microturbina é 35,68 Nm3/h com trocador de calor de óleo
c/suplemento de energia.
A temperatura T10 dos gases na entrada do trocador (T10) deve ser 378°C. Com esta
temperatura foi realizado o cálculo do consumo adicional de gás natural no pós-combustor, que
resultou 0,002245 kg/s. Neste caso, o consumo médio de gás natural no processo é de 60,79 Nm3/h
e de eletricidade de 286, Tabela 1.
Tabela. 1 – Dados sobre a microturbina a gás adotado e utilizado nos balanços de massa e energia
DESCRIÇÃO VALOR UNID DESCRIÇÃO VALOR UNID
ENERGIA DA MICROTURBINA ENERGIA TÉRMICA
Energia térmica fornecida pelo sistema de cogeraçã
464,4 kW Calor Cogerado 980,81 MWh/ano
o
Eletricidade fornecida pelo sistema de cogeração 300 kW Calor Complementar 217,56 MWh/ano
GÁS NATURAL Demanda Média de Calor Anual 763,25 MWh/ano
Consumo GN, Nm3/h (cog) 107 tep/ano Demanda Média de Calor 1198,37MWh/ano
Consumo GN, Nm3/h (add) 11,26 tep/ano Calor Consumido 763,25 MWh/ano
Consumo GN, Nm3/h (total) 118,26 tep/ano ENERGIA ELÉTRICA
OUTROS DADOS DA MICROTURBINA Eletricidade Cogerada 736,45 MWh/ano
Tempo Anual de Funcionamento da Planta (t) 2.112 hs Eletricidade Complementar 292,51 MWh/ano
Einput 999 kW Demanda Média de Eletricidade Anual 443,94 MWh/ano
FUE 0,77 % Demanda Média de Eletricidade 1028,96MWh/ano
PCI GN 210,2 MJ/Nm3Eletricidade Consumida 443,94 MWh/ano
Fonte: adaptado pelo autor (2020) de TURBODEC (2020), EMPAV (2020), C2 (com cogeração), BERECHE (2020).
Neste caso, foi assumido que o calor útil vai ser utilizado para o aquecimento do tanque de
CAP (Piche) em substituição do aquecedor de óleo térmico a gás, e essas informações foram
utilizadas para os balanços de massa e energia das configurações assumidas de acordo, também,
com a Figura 5 acima.
Tabela 2 – Resultado da expressão matemática (avaliação e análise) econômica da cogeração na usina de asfalto.
DESCRIÇÃO E CONCEITOS ASSOCIADOS ÀS VARIÁVEIS MATEMÁTICAS EXPRESSÕES VALOR
Yconv = C1 → (SEM COGERAÇÃO)
Preço de compra da energia (versus) o consumo médio de energia Yec.Wcm 260.523,16
Tarifa de energia elétrica (versus) a demanda máxima contratada pelo valor da demanda máxima Yed.Dmax 360.043,00
Preço combustível (versus) a demanda média de energia térmica útil (dividido) pelo rendimento Yconv.Qu/eb 10.288.973,12
TOTAL DOS CUSTOE OPERACIONAIS DA USINA SEM COGERAÇÃO 10.909.539,29
Ccog = C2 → (COM COGERAÇÃO)
Preço de compra de energia elétrica cogerada (versus) a energia elétrica média da concessionária Yec. Wdef 260.523,16
Tarifa de demanda contratada de energia elétrica (versus) valor da demanda contratada Yed. Dmax 198.979,53
Preço de venda do excedente de energia elétrica (versus) a energia elétrica excedente média vendida - (Yev. Wexc) -25.292,44
Preço do combustível cogerado (versus) a energia elétrica cogerada média (dividido) rendimento Ycog.Wcog/ncog 1.317.421,56
Rendimento elétrico da cogeração ŋcog 77%
Preço do combustível do sistema convencional (versus) energia térmica complementar Yconv. Qcomp 653.769,69
Energia térmica complementar Qcomp 20,00%
Operação e Manutenção do sistema de cogeração O&M 28,00%
Obras de Infraestrutura para montagem dos equipamentos de cogeração Obra Civil 12,50%
Investimento nos equipamentos de cogeração I 12.456.789,50
Energia Elétrica Excedente Media Vendida Wexc 72.008,60
TOTAL DOS CUSTOS OPERACIONAIS DA USINA COM COGERAÇÃO 7.450.401,23
DEFICIT OU SUPERAVIT 3.459.138,05
Fonte: autoria própria (2020)
5.3.1. Viabilidade
Consistiram em avaliar, através indicadores de rentabilidade VPL, TIR e PAYBACK se a
cogeração analisada é realizável ou não, prevendo e antecipando cenários com a modelagem do FC
do investimento.
10
Tabela 3 – Demais indicadores econômicos da cogeração na usina de asfalto.
PERÍODO FLUXO VALOR VP
(ANO) DE CAIXA PRESENTE ACUMULADO
0 -R$ 12.456.789,50 -R$ 12.456.789,50 -R$ 12.456.789,50
1 R$ 3.459.138,05 R$ 3.102.365,97 -R$ 9.354.423,53
2 R$ 3.459.138,05 R$ 2.782.391,00 -R$ 6.572.032,53
3 R$ 3.459.138,05 R$ 2.495.417,94 -R$ 4.076.614,59
4 R$ 3.459.138,05 R$ 2.238.042,99 -R$ 1.838.571,60
5 R$ 3.459.138,05 R$ 2.007.213,45 R$ 168.641,85
6 R$ 3.459.138,05 R$ 1.800.191,43 R$ 1.968.833,28
7 R$ 3.459.138,05 R$ 1.614.521,46 R$ 3.583.354,75
8 R$ 3.459.138,05 R$ 1.448.001,31 R$ 5.031.356,06
9 R$ 3.459.138,05 R$ 1.298.655,89 R$ 6.330.011,95
10 R$ 3.459.138,05 R$ 1.164.713,80 R$ 7.494.725,75
11 R$ 3.459.138,05 R$ 1.044.586,37 R$ 8.539.312,11
12 R$ 3.459.138,05 R$ 936.848,76 R$ 9.476.160,87
13 R$ 3.459.138,05 R$ 840.223,10 R$ 10.316.383,98
14 R$ 3.459.138,05 R$ 753.563,32 R$ 11.069.947,30
15 R$ 3.459.138,05 R$ 675.841,54 R$ 11.745.788,84
16 R$ 3.459.138,05 R$ 606.135,91 R$ 12.351.924,76
17 R$ 3.459.138,05 R$ 543.619,65 R$ 12.895.544,41
18 R$ 3.459.138,05 R$ 487.551,26 R$ 13.383.095,67
Fonte: autoria própria (2020)
Tabela 4 – Indicadores: taxa mínima de atratividade usada para avaliar os equipamentos de cogeração.
DESCRIÇÃO RESUTADOS DESCRIÇÃO RESUTADOS
Investimento Inicial R$ 12.456.789,50Custo Anual (sem Cogeração) R$ 10.909.539,29
R$
Soma VPs (Ano 1 a 5) R$ 25.839.885,17Custo Anual (com Cogeração)
7.450.401,23
R$
VPL do Projeto R$ 13.383.095,67Diferença entre custos
3.459.138,05
Taxa Interna de Retorno (TIR) 27,41% Taxa de Lucratividade 2,07
Taxa de Desconto (TMA) 11,50% Tempo de Payback Composto 4,92
Compensação do Investimento 15,91% Tempo de Payback Simples 3,6
Viabilidade do Projeto 0 Taxa de Retorno (i) 27,77%
Fonte: autoria própria (2020)
A Tabela 4 mostra que a cogeração na usina está com indicação positiva, ou seja,
interessante, pois todos os VPL são maiores que 0 (Zero) e as TIR são maiores do que o TMA. Já a
Taxa Interna de Retorno (TIR) do investimento foi de 27,41%.
A taxa de lucratividade de 2,07%, (positiva) como compensação do investimento, também,
subtraída da TMA. Finalmente payback simples foi de 2,59 anos e o Payback Composto de 5,14
anos, mostrando ser viável do ponto de vista econômico, a implantação da cogeração na usina de
asfalto.
5.3.2. Sensibilidade
Para esta análise, a partir do fluxo de caixa FC da usina, se introduz uma variação FC%, por
exemplo, de (-45 0 45+), verificando a sensibilidade preço do GN e do investimento, obtendo-se os
seguintes resultados: a) o VPL (positivo) no valor de R$ 1.482.648,11, b) o novo VPL, sem variação,
11
ou de 0%, o valor será de R$ 1.298.655,89 este representando o menor valor que amortiza o
investimento em cogeração (Tabela 5).
O fluxo de caixa principal inicia-se com R$ 3.459.138,05, valor que é sucessivamente repetido
para amortizar o investimento de R$ 12.456.789,50. A partir da variação (maior e ou menor) do valor
destas parcelas identifica-se outro VPL que serve para a análise de sensibilidade do investimento
(Tabela 5 acima).
Neste caso, uma variação positiva do investimento entre 10,1% e 15% inviabiliza a
cogeração, Tabela 6. Já o resultado da Figura 6 a seguir mostra que somente o gás natural é sensível
as alterações de preço:
12
Energia Eletrica Energia Eletrica 100%
Energia Eletrica Contratada Energia Eletrica Contratada 90%
Energia Elétrica Excedente
GN Cogerado Energia Elétrica Excedente 80%
14,000,000.00 14,000,000.00 70%
12,000,000.00 12,000,000.00 60%
10,000,000.00 10,000,000.00 50%
8,000,000.00 8,000,000.00 40%
6,000,000.00 6,000,000.00 30%
Variação
4,000,000.00 4,000,000.00 20% Energia Eletrica
2,000,000.00 2,000,000.00 10% Energia Eletrica Contratada
0% Energia Elétrica Excedente
0.00 0.00 GN Cogerado
-100% -50% 0%
-2,000,000.00 50% 100% 150% -2,000,000.00-48%-40%-31%-23%-14% -5% 60%
Fonte: autoria própria (2020)
Em condições normais considerando uma TMA de 11,50% após a variação do fluxo de caixa
na condição (-45 0 45+) para o estudo de sensibilidade, (Tabela. 6) chegou-se aos seguintes
resultados: a) Análise econômica: o tempo de retorno do investimento (simples) de 3,6 anos, o tempo
de retorno do investimento (composto) de 4,92 anos, a taxa interna de retorno (ao ano) de 27,41%, a
compensação do investimento (TIR - TMA) de 15,91%, a taxa de lucratividade 2,07%,
As Tabelas 5 e 6 e a Figura 6 mostraram que a energia elétrica contratada e excedente não é
sensível às variações de preços (positiva ou negativa), portanto, não alteram as condições normais e
de viabilidade da cogeração. Confirmando estes dados, a Tabela 7 a seguir mostra que um aumento
de preço do gás natural contratado de 1% impacta o projeto em 2,8%, de 2% o impacto é 5,6% e de
5% chega a impactar o projeto em 14,0%. Ao contrário do que ocorre com a energia elétrica, uma
variação nos preços do gás natural, é sensível ao projeto de cogeração da usina de asfalto, e pode
levar a sua inviabilidade, caso este aumento seja superior a 36%.
Neste sentido, para garantir em longo prazo a decisão favorável de investimento no sistema
de cogeração da usina de asfalto, basta acompanhar os aumentos de preço do gás natural
13
combustível do processo produtivo. Caso ocorra um aumento médio entre 3% a 5% nos preços deste
insumo combustível, no período de 9 e 10 meses (consecutivos ou não), se não for agregado ao
projeto de implantação da cogeração, as receitas com a venda da energia elétrica excedente pode
entrar em risco.
6. CONCLUSÃO
De uma maneira geral, foram confrontados dois cenários de fornecimento de energia elétrica
e calor, pelos métodos: convencional C1 (sem cogeração) e C2, (com cogeração). Os resultados para
uma TMA de 11,50% e VPL maior que 0 (Zero) foram: TIR de 27,41%, maior que a TMA, portanto,
compensação e lucratividade de 15,91%. Payback de 4,92 anos composto e 3,36 anos simples.
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asfalto, demonstrou-se viável respondendo a justificativa e os objetivos gerais e específicos do
presente estudo e ainda possibilitando:
7. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
ANEEL. "Resolução Normativa No 482", Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, 2012. DOI:
10.1017/CBO9781107415324.004.
COELHO, S. T., GOLDEMBERG, J., LUCON, O., et al. "Brazilian sugarcane ethanol: lessons
learned[1]", Energy for Sustainable Development, 2006. DOI: 10.1016/S0973-0826(08)60529-3.
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