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PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA DE COGERAÇÃO DE ENERGIA

PARA UMA PLANTA INDUSTRIAL DE ASFALTO

Liodoro de Mello1
Conrado Augustus de Melo2
Reynaldo Palacios Bereche3
Resumo
A mais de duas décadas o Brasil promulgou a Lei das Concessões n° 9074 de 1995, aplicada ao
mercado de energia, especialmente para o setor elétrico. Dentre as modernizações a quebra do
monopólio com a independência entre a geração, distribuição e transmissão, prometia um incremento
dos investimentos internacionais, que tornasse plenamente livre o consumidor de energia. A Geração
Distribuída baseada na lei nº 10.848 de 2004, e no Decreto de Lei nº 5.163 passa a fazer parte das
diretrizes do setor energético nacional. Por outro lado, apenas em 2012, após a publicação da
Resolução Normativa 482, que essa modalidade de geração começou a compor a matriz energética
brasileira de maneira mais significativa. Com isso as iniciativas de geração de energia elétrica
através do sistema de cogeração, se transformam em um atrativo, principalmente, para as indústrias
que geram em seu processamento, resíduos aproveitáveis, em termos de energia útil, calor ou frio
possíveis de serem simultaneamente utilizado para a produção de energia elétrica. Justifica-se então,
este estudo preliminar de possibilidade de implantação do sistema de cogeração em uma usina de
pavimentação. Isto porque hoje, no processo de produção de asfalto é gerado calor e vapor suficiente
para atender as demandas e ainda por meio desta tecnologia gerar energia elétrica para
autoconsumo e o excedente disponibilizar ao sistema interligado. Aplicando-se os conceitos da
engenharia econômica, será possível selecionar a melhor tecnologia de cogeração a ser empregada
na usina de asfalto, e, por meio de uma análise de viabilidade e sensibilidade do investimento atestar
os benefícios econômicos e ambientais da cogeração proposta.

Palavras-chave: cogeração, energia, economia, gás natural, asfalto.

PROJECT OF IMPLEMENTATION OF THE POWER COGENERATION SYSTEM


FOR AN INDUSTRIAL ASPHALT PLANT

Abstract
More than two decades ago, Brazil enacted the Concessions Law No. 9074 of 1995, applied to the
energy market, especially for the electricity sector. Among the modernizations, the breaking of the
monopoly with the independence between generation, distribution and transmission promised an
increase in international investments, which would make the energy consumer fully free. Distributed
Generation based on Law No. 10,848 of 2004, and Decree of Law No. 5,163 becomes part of the
guidelines of the national energy sector. On the other hand, only in 2012, after the publication of
Normative Resolution 482, did this type of generation begin to make up the Brazilian energy matrix
more significantly. With this, the initiatives of electricity generation through the cogeneration system
become an attraction, mainly, for the industries that generate in its processing, usable waste, in terms
of useful energy, heat or cold possible to be simultaneously used for the production of electricity. This
preliminary study of the possibility of implementing the cogeneration system in a paving plant is
justified. This is because today, in the asphalt production process, enough heat and steam are
generated to meet the demands and also through this technology generate electricity for self-
consumption and the surplus to make available to the interconnected system. Applying the concepts of
economic engineering, it will be possible to select the best cogeneration technology to be used in the
asphalt plant, and, through an analysis of feasibility and sensitivity of the investment attest to the
economic and environmental benefits of the proposed cogeneration.

Keywords: cogeneration, energy, economic, natural gas, asphalt

1
Pós Graduação em Energia pela Universidade Federal do ABC, Brasil, e-mail: mello.liodoro@ufabc.edu.br
2
Professor Doutor da Universidade Federal do ABC, Brasil, e-mail: conrado.melo@ufabc.edu.br
3
Professor Doutor da Universidade Federal do ABC, Brasil, e-mail: reynaldo.palacios@ufabc.edu.br
1. INTRODUÇÃO
O desenvolvimento econômico sustentável depende, dentre outros fatores, de uma
infraestrutura capaz de atender às demandas de crescimento das atividades produtivas. Este
crescimento, se consolidado em longo prazo, resulta em melhoria nos padrões de vida da sociedade,
a partir da conservação dos recursos. Assim, como o saneamento e o segmento de energia, o setor
de asfalto para pavimentação, ambos, como infraestrutura social, representam um dos principais
pilares deste desenvolvimento.
Nesta perspectiva, o problema recorrente de constrição dos investimentos nestes setores
ocorre, quase sempre, a partir da queda do consumo industrial, resultando em crises cíclicas que,
todavia, podem ser explicadas. Como chaves da economia, estes setores são os primeiros a sofrerem
com as variações das políticas de investimentos. No entanto, conservar a energia dos processos por
meio da cogeração é mitigar essa instabilidade econômica, que tem nas crises o seu pior momento.
No entanto, na medida em que uma nova forma de produção se estabelece, com base na
sustentabilidade, preserva-se a vida e os recursos por ela consumidos.
Sabe-se que a tendência quase irreversível para o enfrentamento da crise refletida pela
queda dos investimentos e do consumo, é a migração da geração de energia, a uma matriz
eletroenergética mais equilibrada, e com predomínio dos sistemas de conservação, com fontes limpas
e renováveis. Neste cenário, como justificativa do presente estudo, serão expressas as vantagens do
sistema de cogeração a favor do crescimento sustentável. E às condições fundamentais para que a
seleção da tecnologia atenda, aos requisitos como, por exemplo: a) de economia no consumo de
energia, b) de redução das emissões de CO2, c) de estabilidade da rede de energia elétrica e d) de
fomento ao aproveitamento dos recursos energéticos disponíveis.
Além destes benefícios, o detalhamento do processo de produção de asfalto, de onde foram
retirados os dados de calor e potência, demonstrou que a cogeração proposta, resulta em extrair a
maior parte da energia do combustível, caso do gás natural, para a produção simultânea de energia
térmica e elétrica, além do próprio asfalto. Logo, confrontaram-se duas alternativas operacionais de
produção de asfalto na usina, sobretudo, de fornecimento de energia elétrica e calor pelo método
convencional (sem cogeração) e por meio da cogeração.
Com isso, os seguintes objetivos específicos serão cumpridos: a contabilização do potencial
de conservação de energia, a quantificação dos consumos de gás natural e energia elétrica, e os
possíveis ganhos ambientais e econômicos. Assim, ao que parece, caso a cogeração seja viável para
a usina de asfalto, poderá fomentar e expandir seu uso a todo setor de pavimentação asfáltica. E por
razões técnicas, ambientais e econômicas, desempenhar um papel importante na composição da
matriz energética brasileira, que nos últimos anos, pressupõe mais energia e de maneira mais
sustentável.

2. OBJETIVO
Apresentar as características da cogeração para uma planta industrial de asfalto
demonstrando como esse sistema pode trazer benefícios econômicos e ambientais, após a

2
verificação da rentabilidade do investimento nesta tecnologia, por meio da análise de viabilidade e
sensibilidade econômica.

3. A COGERAÇÃO
O termo cogeração (ou cogeneration em inglês), surgiu nos Estados Unidos para representar
um processo de produção combinada de calor e potência, com o uso da energia liberada por uma
mesma fonte combustível. De uma maneira geral, muito mais eficiente que uma produção
convencional, uma vez que o calor durante a geração de eletricidade é capturado e não
desperdiçado.
Para CARRASCAL, SALA LIZARRAGA, (2013), a cogeração se baseia na Primeira Lei da
Termodinâmica (“conservação da energia e massa”), onde “em ciclos a gás, ou a vapor, a energia
mecânica é utilizada na forma de trabalho.” Por outro lado, segundo THORNTON, (2009, p.9), “se o
objetivo de uma nação é reduzir as emissões de carbono, as politicas energéticas e climáticas
deveriam considerar a energia térmica e não somente focar na eletricidade”. Para (SIMÕES-
MOREIRA, EM, [S.d.]) e (LEME, Rodrigo Marcelo, SEABRA, 2017) o sistema de cogeração deve ser
projetado primeiramente para fornecer as necessidades térmicas de uma planta sendo que a
eletricidade deve representar o subproduto do processo.

3.1. Tipos de ciclos de cogeração


Os ciclos termodinâmicos são sempre fechados (onde em cada estágio de operação se
absorve ar da atmosfera e se rejeita gases de exaustão). Ocorre que os equipamentos podem operar
em regime abertos (não em ciclos), casos da turbina a gás (TG) e do motor de combustão interna
(MCI). Esses ciclos se definem por uma série de processos e relações de transferência entre o calor
trocado e o trabalho realizado em um processo físico.

Figura 1 – Ciclos de cogeração


Ciclo superior topping Ciclo inferior bottoming

Fonte: adaptado pelo autor (2020) de RAJASTHAN (2018) e NOGUEIRA (2004)

A Figura 1 acima mostra a classificação dos ciclos de cogeração em topping, onde se produz
eletricidade, depois se recupera o excesso térmico para aplicações com demanda de calor a
diferentes temperaturas (KRUG, FIGUEIREDO, et al., 2016). E bottoming, onde o desperdício de
calor e energia é usado para produzir eletricidade antes da demanda térmica. Ambos definidos em
função da sequência de utilização da energia, e da posição do equipamento de cogeração em relação
à máquina do processo produtivo. Porém, há outros ciclos termodinâmicos, como o combinado (gás e
vapor), no qual a necessidade de produção de energia elétrica em relação ao calor é aproveitada de

3
forma consecutiva, casos das termelétricas. E vários equipamentos como motores de combustão
interna (CI): Otto, Diesel, Rankine e Carnot, motor alternativo e as turbinas a gás.

3.2. Breve cenário da cogeração no mundo e no Brasil


O sistema de cogeração surgiu na Europa no século XVIII, quando em 1931, Michael Faraday
utilizou geradores de eletricidade. A base do sistema foi uma máquina a vapor, acoplada ao eixo fixo
de um gerador elétrico, ROMÃO (2009). Em menos de 10 anos desta primeira aplicação a cogeração
passou a representar 30% da geração elétrica no mundo, (11.000 MW, distribuídos na Europa), por 9
mil unidades geradoras, EPE (2020).

Figura 2 – Participação percentual das centrais de cogeração na geração elétrica no mundo


40,00%
26,11%

35,00%
30,00%
20,06%

25,00%
20,00%
8,68%

15,00%
6,42%

2,69%
3,09%

Polônia 2,56%
Formosa 2,27%

Canadá 2,09%

Coreia do Sul1,39%
Finalnadia 1,80%
Holanda 2,21%

10,00%
Suécia 1,08%
Espanha 1,86%
França 2,03%

Itália 1,82%

Grécia 0,07%
Reino Unido1,68%
Eslováquia1,67%

Brasil 0,41%
Romênia 1,62%
Dinamarca1,75%

Singapura 0,49%

Irlanda 0,03%
Portugual 0,33%
Austria 1,00%

Bélgica 0,58%
México 0,87%

Turquia 0,24%
Hungria 0,62%

Austrália 0,57%

Estônia 0,49%

Indonésia0,37%

Lituania 0,32%

Letônia 0,18%
0,16%
Bulgária 0,37%
5,00%

Republica…
Alemanha

0,00%
Russia
China

Japão
Índia
USA

.Fonte: modificado pelo autor (2020) de International Energy Agency IEA, (2008).

A Figura 2 acima mostra que os USA com 26,11%, Rússia, 20,06%, China, 8,68% Alemanha
6,42% e Índia com 3,09%, somam mais de 60% de toda geração mundial de energia elétrica por meio
da cogeração. A Dinamarca, com apenas 1,75% da geração mundial tem em sua matriz energética
55% de cogeração.
De acordo com (SOUZA, GROSSA, et al., 2007), no Brasil, a alteração na estrutura do
mercado de energia a partir de 1996, influenciou a dinâmica da geração distribuída sob a forma de
cogeração. Tais medidas trouxeram no mínimo a esperança de que separadas, as áreas de geração,
transmissão e distribuição, pudessem fomentar o setor elétrico nacional.

Figura 3 – Capacidade instalada da cogeração por fonte no Brasil


24.43
23.39

30.00
22.37
20.46
18.53

25.00
17.00
16.06
15.42
14.39
13.25

20.00
12.69
11.13

15.00
5.30

10.00
5.00
-

Fonte: modificado pelo autor (2020) de COGEN (2020)

De fato, no setor de cogeração verificou-se um efeito positivo, mas não suficiente para
aumenta sua participação que é hoje segundo a COGEN (2020) de apenas 24,39 GW em um
universo de 201 GW de capacidade. A Figura 3 acima mostra a capacidade instalada do sistema de
cogeração no Brasil e a tendência é de crescimento. Entre 2010 a 2020, os melhores resultados

4
foram da biomassa com 64,13%, e do gás natural com 13,25%, como resultado do esforço das mais
de 700 usinas geradoras.

4. MATERIAIS E MÉTODOS
Há uma ampla gama de modelos matemáticos que tentam explicar as diferentes concepções
de geração de energia elétrica. Assim, para revisar os objetivos de um desenvolvimento energético
sustentável, onde a energia é um meio e não um fim em si mesmo. E neste sentido o sistema de
cogeração se apresenta como uma forte tendência para as indústrias energointensivas. Alinhados a
estas questões, SILVEIRA e NOGUEIRA (1989) construíram um método, com a perspectiva de
quantificar os rendimentos provenientes do excedente de energia elétrica produzida pelo regime de
cogeração. De modo que “essa eficiência energética sugeri que o sistema proporcione uma economia
de geração e distribuição de energia”, IEA (2006).

4.1. Aspectos Térmicos


De acordo com BARBELI (2016), a opção pela cogeração deve obedecer a critérios
rigorosos, baseados em requisitos técnicos considerando: i) a análise das demandas de potência e
calor, o tipo de ciclo, a eficiência de conversão do combustível em energia elétrica, ii) os custos e os
impactos ambientais decorrentes da tecnologia. Para cumprir tais requisitos, foi necessário conhecer,
em detalhes, o processo de produção da usina de asfalto.
Neste sentido verificou-se, inicialmente que os agregados (areia, pós de pedra e brita) são
inseridas no tambor horizontal rotativo que aquece e seca esta matéria prima. Em seguida, na forma
de traço, esse material é misturado no tanque de CAP (ou Piche) ao cimento asfáltico de petróleo
CAP 50/70 formando produto final, ou seja, o asfalto betuminoso. Esses dados sobre a produção da
usina foram comparados às informações retiradas do Balanço Energético Nacional (MINISTÉRIO
DAS MINAS E ENERGIA, 2019), onde se verificou a relação entre os consumos de energia elétrica e
gás natural combustível de setores industriais que apresentassem valores favoráveis à
implementação do sistema.
Logo após, com base nos conceitos de modelaram da cogeração, calculou-se a “energy
utilization factor” ou Fator de Utilização de Energia (FUE), através da expressão 1. Nesta formulação
é dado igual peso para a potência gerada (W) e o calor (Q u), considerando: W o trabalho e Qu o calor
útil. O objetivo foi alcançar segundo MARTINS, (1998), o rendimento de 75%, que, aliás, para a
Agência Nacional de Energia Elétrica ANEEL (2020), este além de outros, é um dos fatores de
classificação da cogeração qualificada.

Máquina térmica cíclica (QB) ou aberta (F) FUE = W + Qu (1)


QB ou F

Seguiram-se ainda os critérios de RICE (1987), considerando que para a avaliação da


cogeração é necessário verificar: i) os custos de operação do ciclo, ii) a relação entre demanda de
potência e demanda de vapor, iii) o custo de capital, iv) os custos de operação e manutenção, e v) os
requerimentos governamentais. Na sequência, com o uso software Engineering Equation Solver
5
EES® e de algumas ferramentas do Microsoft Excel® construiu-se o Balanço Energético para a
usina, considerando um número de variáveis iguais ao conjunto de equações. Este procedimento
permitiu definir a tecnologia de três microturbinas a gás, modelo Turbe T100 P CAPSTONE, ao preço
de R$ 12.456.789,50, como a selecionada ao sistema de cogeração da usina.

Figura 4 – Produção na usina de asfalto e localização do equipamento de cogeração


Equipamentos do processo produtivo da usina de asfalto Cogeração acoplada ao tanque de CAP

Fonte: adaptado pelo autor (2020) de EMPAV (2020) Fonte: BERECHE (2020), adaptado STOPA (2020).

A Figura 4 acima traz o processamento de asfalto, assim como a disposição dos


equipamentos de cogeração em relação à planta da usina. A principal função das microturbinas é
acionar o compressor e o gerador, quando os gases de combustão saírem da câmara, à temperatura
e pressão definidas. Neste caso, as emissões de gases poluentes, como CO2 e NOx, serão de
magnitude inferior, se comprado à outra tecnologia.

4.2. Aspectos Econômicos


Para CARVALHO, TEIXEIRA e NOGUERIA (2004), “de uma maneira geral, nos estudos
econômicos de cogeração são confrontadas duas alternativas de fornecimento de energia elétrica e
calor. Pelos métodos convencionais, (sem cogeração), e por meio da produção combinada de
energia, ou seja, por cogeração”.

→ Yconv(1) = [ - (Yec.Wcm)+( Yed .Dmax)+( Yconv.Qu/eb)] (2)

No Cenário convencional C1 (sem cogeração), a análise será realizada com base na equação
2, ou seja Yconv(1) levando-se em conta os conceitos de massa e energia e as seguintes variáveis: i) Yec
(R$/kWh) o preço de compra da energia elétrica fornecido pela concessionária CEMIG, Wcm (kWh), o
consumo médio de energia de acordo com os dados da usina de asfalto, Y ed (R$/kW), a tarifa de
energia elétrica, igualmente fornecida pela concessionária CEMIG, ii) Dmax (kW), como o valor da
demanda contratada, segundo dados do balanço energético BE, Y conv (R$/kWh), o preço do
combustível em base energética fornecido pela concessionária GASMIG, e finalmente e iii) Qu (kWh),
a demanda média de energia térmica valor retirado do BE construído para este estudo de caso, e eb
o rendimento do sistema convencional, informado pela usina de asfalto.
Já os custos operacionais do cenário C2 (com cogeração), equações 3 e 4, ou seja (Ccog(1) +
Ccog(2))foram calculados a partir do C1 acrescidos da energia elétrica, térmica e do gás natural

6
cogerado. A diferença entre esses cenários é a economia pela adoção da cogeração e será utilizada
para amortizar o investimento.

→ Ccog(1) = [-(Yec.Wdef) + (Yed.Dmax) – (Yev.Wexc) + (Ycog.Wcog/ncog)] (3)


(4)
→ Ccog(2) = [Yconv.Qcomp) + (O&M.I) + (Ocivil.I)]

Para C2 um a partir da implantação do sistema de cogeração, os custos com energia são


estimados a partir dos seguintes conceitos: i) Yec (R$/kWh) o preço de compra de energia elétrica,
Wdef (kWh) a energia elétrica média comprada e Yed (R$/kW) a tarifa de demanda contratada de
energia elétrica da concessionária CEMIG, ii) Dmax (kW) como o valor da demanda contratada, Já
Ycog. (R$/kWh) como o preço do combustível do sistema de cogeração oi fornecido pela GASMIG,
assim como Wcog (kWh) a energia elétrica cogerada média, iii) Ŋcog (%) ou rendimento elétrico da
cogeração foi calculado anteriormente e representa o FUE, O Yconv (R$/kWh) representa o preço do
combustível do sistema convencional e, iv) Qcomp (kWh) a energia térmica complementar calculada
no BE, será utilizado ainda a obra civil, o custo de operação, o custo de manutenção como um
percentual do I ou investimento em equipamento e acessórios para a cogeração em (R$).
Portanto, a análise econômica e seus fundamentos darão uma resposta aos objetivos deste
estudo. A visão é de que a instabilidade financeira representa grande preocupação entre os
potenciais investidores em cogeração. Deste modo, é preciso saber o momento correto de se investir,
e os cálculos econômicos serão úteis.
Ressalta-se que Yev (R$/kWh) como o preço de venda do excedente de energia elétrica e
Wexc (kWh) a energia elétrica excedente média a ser vendida apesar compor a fórmula primária
adaptada dos autores descritos no Quadro 4, não forma incorporadas aos cálculos deste estudo de
caso sendo que admitiu-se Wexc igual a zero.
Por outro lado o BE trouxe a informação do quantitativo da energia excedente que poderá ser
utilizada ou não, de acordo com o estudo de viabilidade deste projeto de cogeração. Sendo assim, o
senso comum admite que o uso desta ferramenta de análise econômica pode proporcionar
informações valiosas para a tomada de decisão

4.3. Aspectos da Engenharia Econômica


Esta ferramenta irá estabelecer projeções atuais e futuras relacionadas ao fluxo de recursos
disponível para o investimento na cogeração da usina de asfalto, após apropriação do saldo do
resultado da relação operacional entre Yconv ou C1 (sem cogeração) e Ccog ou C2 (com cogeração).
Neste estudo de caso, o fluxo de caixa foi tabulado em forma de planilha, facilitando a construção dos
indicadores econômicos.

3.3.1. Viabilidade
Com a aquisição dos equipamentos de cogeração, a amortização será feita pelo confronto
dos custos operacionais C1 e C2, critério de controle do financial balance em forma de input e output
dos os recursos.

7
3.3.1.1 Fluxo de Caixa (FC)
O fluxo de caixa ou cash flow irá refletir o montante do capital investido n a cogeração dividido
pelo saldo dos custos operacionais C1 e C2. Realizado essa conta, será possível formar os indicadores
econômicos.

3.3.1.2 Taxa Mínima de Atratividade (TMA)


Representa o valor mínimo que se pretende ganhar ou pagar ao realizar um investimento ou
financiamento, (SOUZA & CLEMENTE, 2001). Neste caso, a perspectiva variação resultou na TMA fixa
de 11,5%.

3.3.1.3 Valor Presente Líquido (VPL) do Capital Investido


Consiste em trazer para a data zero todos os fluxos de caixa de um projeto de investimento e
somá-los ao valor do investimento inicial, usando como taxa de desconto a TMA, expressão 4 a
seguir.

(4)

Neste caso, “se o VPL for maior que zero, significa que a empresa obterá um retorno maior
do que seu custo de capital, portanto aceitas e o projeto, caso o VPL seja menor que zero, rejeita-se
o projeto, pois, nesse caso, o retorno é menor que o custo de capital utilizado pela empresa no
projeto” (SANVICENTE, 1996, p. 118).

3.3.1.4 Taxa Interna de Retorno (TIR)


Esta taxa é para um valor presente líquido (VPL) igual a zero, onde o investimento não dá
lucro nem prejuízo e pode ser expressa no fluxo de caixa ou FC de acordo com a expressão 5 a
seguir:

(5)

Onde i é o período de cada investimento, N o período final do investimento, N em um tempo


T, para uma quantidade de períodos n a partir de uma entrada de capital Fn no período t. Somente
quando a TIR for maior que a TMA, se está agregando valor, portanto, se aceita o investimento
(SOUZA & CLEMENTE, 2001).

3.3.1.5 Tempo de Retorno do Investimento (TR) ou Payback


Refere-se ao número de períodos necessários para que o fluxo de benefícios supere o capital
investido, e geralmente é expresso em números de anos (HOJI, 2000), simples ou composto quando
calculado pela TMA.

3.3.2. Sensibilidade

8
Método de avaliação do impacto das mudanças percentuais de uma variável sobre os
indicadores econômicos e de desempenho do investimento (TIR, VPL) ou variáveis críticas, como gás
e energia elétrica.

5. AVALIAÇÃO DOS DADOS PARA A COGERAÇÃO NA USINA


Para a avaliação da cogeração proposta foi levado em consideração:

5.1. Avaliação e análise térmica


A Figura 5 abaixo mostra os balanços de massa e energia no trocador de calor e o
fluxograma para configuração da cogeração na usina composta por três microturbinas, e outros vários
equipamentos auxiliares.

Figura 5 – Diagrama do consumo de gás natural de três microturbina é 35,68 Nm3/h com trocador de calor de óleo
c/suplemento de energia.

Fonte: TURBODEC (2020) e BERECHE (2020), modificado por STOPA (2020).

A temperatura T10 dos gases na entrada do trocador (T10) deve ser 378°C. Com esta
temperatura foi realizado o cálculo do consumo adicional de gás natural no pós-combustor, que
resultou 0,002245 kg/s. Neste caso, o consumo médio de gás natural no processo é de 60,79 Nm3/h
e de eletricidade de 286, Tabela 1.

Tabela. 1 – Dados sobre a microturbina a gás adotado e utilizado nos balanços de massa e energia
DESCRIÇÃO VALOR UNID DESCRIÇÃO VALOR UNID
ENERGIA DA MICROTURBINA ENERGIA TÉRMICA
Energia térmica fornecida pelo sistema de cogeraçã
464,4 kW Calor Cogerado 980,81 MWh/ano
o
Eletricidade fornecida pelo sistema de cogeração 300 kW Calor Complementar 217,56 MWh/ano
GÁS NATURAL Demanda Média de Calor Anual 763,25 MWh/ano
Consumo GN, Nm3/h (cog) 107 tep/ano Demanda Média de Calor 1198,37MWh/ano
Consumo GN, Nm3/h (add) 11,26 tep/ano Calor Consumido 763,25 MWh/ano
Consumo GN, Nm3/h (total) 118,26 tep/ano ENERGIA ELÉTRICA
OUTROS DADOS DA MICROTURBINA Eletricidade Cogerada 736,45 MWh/ano
Tempo Anual de Funcionamento da Planta (t) 2.112 hs Eletricidade Complementar 292,51 MWh/ano
Einput 999 kW Demanda Média de Eletricidade Anual 443,94 MWh/ano
FUE 0,77 % Demanda Média de Eletricidade 1028,96MWh/ano
PCI GN 210,2 MJ/Nm3Eletricidade Consumida 443,94 MWh/ano
Fonte: adaptado pelo autor (2020) de TURBODEC (2020), EMPAV (2020), C2 (com cogeração), BERECHE (2020).

Neste caso, foi assumido que o calor útil vai ser utilizado para o aquecimento do tanque de
CAP (Piche) em substituição do aquecedor de óleo térmico a gás, e essas informações foram
utilizadas para os balanços de massa e energia das configurações assumidas de acordo, também,
com a Figura 5 acima.

Destaca-se que as informações econômicas e sobre a operação, oferta e demanda de


energia, foram fornecidas pela empresa. Para atender a demanda de calor do tanque de CAP da
9
usina, sem queima suplementar será necessária uma vazão mássica de gases de exaustão de 6,02
kg/s (quando os fluídos voláteis expandem facilmente com a mudança de temperatura), assumindo
um DTmin no trocador de calor de 20°C. (sem superdimensionamento). Com potência gerada FUE é
de 77 %, a cogeração analisada produzirá 300 kW de eletricidade, para um consumo de 210,2 kW.

5.2. Avaliação e análise econômica


A Tabela 2 abaixo mostra os resultados mostra que em condições normais, o custo anual da
produção na usina de asfalto, cenário C1 (sem cogeração) ou expressão Yconv é de R$ 10.909.539,29.

Tabela 2 – Resultado da expressão matemática (avaliação e análise) econômica da cogeração na usina de asfalto.
DESCRIÇÃO E CONCEITOS ASSOCIADOS ÀS VARIÁVEIS MATEMÁTICAS EXPRESSÕES VALOR
Yconv = C1 → (SEM COGERAÇÃO)
Preço de compra da energia (versus) o consumo médio de energia Yec.Wcm 260.523,16
Tarifa de energia elétrica (versus) a demanda máxima contratada pelo valor da demanda máxima Yed.Dmax 360.043,00
Preço combustível (versus) a demanda média de energia térmica útil (dividido) pelo rendimento Yconv.Qu/eb 10.288.973,12
TOTAL DOS CUSTOE OPERACIONAIS DA USINA SEM COGERAÇÃO 10.909.539,29
Ccog = C2 → (COM COGERAÇÃO)
Preço de compra de energia elétrica cogerada (versus) a energia elétrica média da concessionária Yec. Wdef 260.523,16
Tarifa de demanda contratada de energia elétrica (versus) valor da demanda contratada Yed. Dmax 198.979,53
Preço de venda do excedente de energia elétrica (versus) a energia elétrica excedente média vendida - (Yev. Wexc) -25.292,44
Preço do combustível cogerado (versus) a energia elétrica cogerada média (dividido) rendimento Ycog.Wcog/ncog 1.317.421,56
Rendimento elétrico da cogeração ŋcog 77%
Preço do combustível do sistema convencional (versus) energia térmica complementar Yconv. Qcomp 653.769,69
Energia térmica complementar Qcomp 20,00%
Operação e Manutenção do sistema de cogeração O&M 28,00%
Obras de Infraestrutura para montagem dos equipamentos de cogeração Obra Civil 12,50%
Investimento nos equipamentos de cogeração I 12.456.789,50
Energia Elétrica Excedente Media Vendida Wexc 72.008,60
TOTAL DOS CUSTOS OPERACIONAIS DA USINA COM COGERAÇÃO 7.450.401,23
DEFICIT OU SUPERAVIT 3.459.138,05
Fonte: autoria própria (2020)

Então, para encontrar o resultado de R$ 7.450.401,23 para o cenário C2 (com cogeração),


cuja variável principal é Ccog, substituiu-se os valores da expressão matemáticas reproduzida na
Tabela 5. Então benefício operacional foi de R$ 3.347.013,90, valor que será utilizado montar o fluxo
de caixa da usina a partir de um investimento em equipamentos de R$ 12.46.789,50, valor base, para
o cálculo da Taxa Interna de Retorno (TIR).

5.3. Avaliação e análise da engenhara econômica


O procedimento para a análise de viabilidade, leva em conta o fluxo de caixa FC, que é
composto pelo investimento em cogeração de R$ 12.456.789,50 e pelo resultado econômico de R$
3.459.138,05.

5.3.1. Viabilidade
Consistiram em avaliar, através indicadores de rentabilidade VPL, TIR e PAYBACK se a
cogeração analisada é realizável ou não, prevendo e antecipando cenários com a modelagem do FC
do investimento.

5.3.1.1 O Fluxo de Caixa e os Indicadores Econômicos


A Tabela 3 abaixo, a seguir, mostra a amortização do investimento de R$ 12.456.789,50, na
opção tecnologia das 3 microturbinas a gás, para a cogeração da usina de asfalto.

10
Tabela 3 – Demais indicadores econômicos da cogeração na usina de asfalto.
PERÍODO FLUXO VALOR VP
(ANO) DE CAIXA PRESENTE ACUMULADO
0 -R$ 12.456.789,50 -R$ 12.456.789,50 -R$ 12.456.789,50
1 R$ 3.459.138,05 R$ 3.102.365,97 -R$ 9.354.423,53
2 R$ 3.459.138,05 R$ 2.782.391,00 -R$ 6.572.032,53
3 R$ 3.459.138,05 R$ 2.495.417,94 -R$ 4.076.614,59
4 R$ 3.459.138,05 R$ 2.238.042,99 -R$ 1.838.571,60
5 R$ 3.459.138,05 R$ 2.007.213,45 R$ 168.641,85
6 R$ 3.459.138,05 R$ 1.800.191,43 R$ 1.968.833,28
7 R$ 3.459.138,05 R$ 1.614.521,46 R$ 3.583.354,75
8 R$ 3.459.138,05 R$ 1.448.001,31 R$ 5.031.356,06
9 R$ 3.459.138,05 R$ 1.298.655,89 R$ 6.330.011,95
10 R$ 3.459.138,05 R$ 1.164.713,80 R$ 7.494.725,75
11 R$ 3.459.138,05 R$ 1.044.586,37 R$ 8.539.312,11
12 R$ 3.459.138,05 R$ 936.848,76 R$ 9.476.160,87
13 R$ 3.459.138,05 R$ 840.223,10 R$ 10.316.383,98
14 R$ 3.459.138,05 R$ 753.563,32 R$ 11.069.947,30
15 R$ 3.459.138,05 R$ 675.841,54 R$ 11.745.788,84
16 R$ 3.459.138,05 R$ 606.135,91 R$ 12.351.924,76
17 R$ 3.459.138,05 R$ 543.619,65 R$ 12.895.544,41
18 R$ 3.459.138,05 R$ 487.551,26 R$ 13.383.095,67
Fonte: autoria própria (2020)

Como se sabe, o custo do investimento em equipamentos para cogeração e o resultado


econômico formaram Tab. 18 a seguir como expressão dos resultados dos indicadores econômicos a
seguir:

5.3.1.2 Indicadores econômicos: TIR, VPL, PAYBACK


Estabelecido como referência de valorização do investimento a TMA de 11,50%, aplicada no
FC resultou nos indicadores da Tabela 4 a seguir, que em última analise, irão validar o investimento
em cogeração.

Tabela 4 – Indicadores: taxa mínima de atratividade usada para avaliar os equipamentos de cogeração.
DESCRIÇÃO RESUTADOS DESCRIÇÃO RESUTADOS
Investimento Inicial R$ 12.456.789,50Custo Anual (sem Cogeração) R$ 10.909.539,29
R$
Soma VPs (Ano 1 a 5) R$ 25.839.885,17Custo Anual (com Cogeração)
7.450.401,23
R$
VPL do Projeto R$ 13.383.095,67Diferença entre custos
3.459.138,05
Taxa Interna de Retorno (TIR) 27,41% Taxa de Lucratividade 2,07
Taxa de Desconto (TMA) 11,50% Tempo de Payback Composto 4,92
Compensação do Investimento 15,91% Tempo de Payback Simples 3,6
Viabilidade do Projeto 0 Taxa de Retorno (i) 27,77%
Fonte: autoria própria (2020)

A Tabela 4 mostra que a cogeração na usina está com indicação positiva, ou seja,
interessante, pois todos os VPL são maiores que 0 (Zero) e as TIR são maiores do que o TMA. Já a
Taxa Interna de Retorno (TIR) do investimento foi de 27,41%.
A taxa de lucratividade de 2,07%, (positiva) como compensação do investimento, também,
subtraída da TMA. Finalmente payback simples foi de 2,59 anos e o Payback Composto de 5,14
anos, mostrando ser viável do ponto de vista econômico, a implantação da cogeração na usina de
asfalto.

5.3.2. Sensibilidade
Para esta análise, a partir do fluxo de caixa FC da usina, se introduz uma variação FC%, por
exemplo, de (-45 0 45+), verificando a sensibilidade preço do GN e do investimento, obtendo-se os
seguintes resultados: a) o VPL (positivo) no valor de R$ 1.482.648,11, b) o novo VPL, sem variação,
11
ou de 0%, o valor será de R$ 1.298.655,89 este representando o menor valor que amortiza o
investimento em cogeração (Tabela 5).

Tabela 5 – Analise de sensibilidade com base no resultado da analise econômica.


TEMP
FLUXO DE CAIXA VALOR PRESENTE VP ACUMULADO NOVO VALOR PRESENTE %FC VPL
O
0 -R$12.456.789,50 -R$ 12.456.789,50 -R$ 12.456.789,50 -R$ 12.456.789,50 -45% R$ 7.088.203,38
1 R$ 3.459.138,05 R$ 3.102.365,97 -R$ 9.354.423,53 R$ 3.102.365,97 -40% R$ 6.465.363,91
2 R$ 3.459.138,05 R$ 2.782.391,00 -R$ 6.572.032,53 R$ 2.782.391,00 -35% R$ 5.842.524,43
3 R$ 3.459.138,05 R$ 2.495.417,94 -R$ 4.076.614,59 R$ 2.495.417,94 -30% R$ 5.219.684,96
4 R$ 3.459.138,05 R$ 2.238.042,99 -R$ 1.838.571,60 R$ 2.238.042,99 -25% R$ 4.596.845,48
5 R$ 3.459.138,05 R$ 2.007.213,45 R$ 168.641,85 R$ 2.007.213,45 -20% R$ 3.974.006,01
6 R$ 3.459.138,05 R$ 1.800.191,43 R$ 1.968.833,28 R$ 1.800.191,43 -15% R$ 3.351.166,53
7 R$ 3.459.138,05 R$ 1.614.521,46 R$ 3.583.354,75 R$ 1.614.521,46 -10% R$ 2.728.327,06
8 R$ 3.459.138,05 R$ 1.448.001,31 R$ 5.031.356,06 R$ 1.448.001,31 -5% R$ 2.105.487,58
9 R$ 3.459.138,05 R$ 1.298.655,89 R$ 6.330.011,95 R$ 1.298.655,89 0% R$ 1.482.648,11
10 R$ 3.459.138,05 R$ 1.164.713,80 R$ 7.494.725,75 R$ 1.164.713,80 5% R$ 859.808,63
11 R$ 3.459.138,05 R$ 1.044.586,37 R$ 8.539.312,11 R$ 1.044.586,37 10% R$ 236.969,16
12 R$ 3.459.138,05 R$ 936.848,76 R$ 9.476.160,87 R$ 936.848,76 15% -R$ 385.870,32
13 R$ 3.459.138,05 R$ 840.223,10 R$ 10.316.383,98 R$ 840.223,10 20% -R$ 1.008.709,79
14 R$ 3.459.138,05 R$ 753.563,32 R$ 11.069.947,30 R$ 753.563,32 25% -R$ 1.631.549,27
15 R$ 3.459.138,05 R$ 675.841,54 R$ 11.745.788,84 R$ 675.841,54 30% -R$ 2.254.388,74
16 R$ 3.459.138,05 R$ 606.135,91 R$ 12.351.924,76 R$ 606.135,91 35% -R$ 2.877.228,22
17 R$ 3.459.138,05 R$ 543.619,65 R$ 12.895.544,41 R$ 543.619,65 40% -R$ 3.500.067,69
18 R$ 3.459.138,05 R$ 487.551,26 R$ 13.383.095,67 R$ 487.551,26 45% -R$ 4.122.907,17
19 R$ 3.459.138,05 R$ 437.265,70 R$ 13.820.361,37 TMA 11,50%
VPL R$ 1.482.648,11
Fonte: autoria própria (2020)

O fluxo de caixa principal inicia-se com R$ 3.459.138,05, valor que é sucessivamente repetido
para amortizar o investimento de R$ 12.456.789,50. A partir da variação (maior e ou menor) do valor
destas parcelas identifica-se outro VPL que serve para a análise de sensibilidade do investimento
(Tabela 5 acima).

Tabela 1 – Analise de sensibilidade com base nos resultados econômicos


Payback - Tempo de Retorno do Investimento TIR - Taxa Interna de Retorno
Tempo de Retorno do Investimento (simples) anos 3,6 Investimento na usina de asfalto
Tempo de Retorno do Investimento (composto)
4,92 Taxa Interna de Retorno (ao ano) 27,41%
anos
Compensação Investimento (TIR -
VPL - Valor Presente Liquido 15,91%
TMA)
Taxa Requerida de Retorno do Investimento Inicial 11,50% Percentual 58,05%
VALOR PRESENTE LÍQUIDO R$ 1.482.648,11Taxa de Lucratividade 2,07%
Fonte: autoria própria (2020)

Neste caso, uma variação positiva do investimento entre 10,1% e 15% inviabiliza a
cogeração, Tabela 6. Já o resultado da Figura 6 a seguir mostra que somente o gás natural é sensível
as alterações de preço:

Figura 1 – Avaliação de sensibilidade da variação do preço do gás natural.

12
Energia Eletrica Energia Eletrica 100%
Energia Eletrica Contratada Energia Eletrica Contratada 90%
Energia Elétrica Excedente
GN Cogerado Energia Elétrica Excedente 80%
14,000,000.00 14,000,000.00 70%
12,000,000.00 12,000,000.00 60%
10,000,000.00 10,000,000.00 50%
8,000,000.00 8,000,000.00 40%
6,000,000.00 6,000,000.00 30%
Variação
4,000,000.00 4,000,000.00 20% Energia Eletrica
2,000,000.00 2,000,000.00 10% Energia Eletrica Contratada
0% Energia Elétrica Excedente
0.00 0.00 GN Cogerado
-100% -50% 0%
-2,000,000.00 50% 100% 150% -2,000,000.00-48%-40%-31%-23%-14% -5% 60%
Fonte: autoria própria (2020)

Em condições normais considerando uma TMA de 11,50% após a variação do fluxo de caixa
na condição (-45 0 45+) para o estudo de sensibilidade, (Tabela. 6) chegou-se aos seguintes
resultados: a) Análise econômica: o tempo de retorno do investimento (simples) de 3,6 anos, o tempo
de retorno do investimento (composto) de 4,92 anos, a taxa interna de retorno (ao ano) de 27,41%, a
compensação do investimento (TIR - TMA) de 15,91%, a taxa de lucratividade 2,07%,
As Tabelas 5 e 6 e a Figura 6 mostraram que a energia elétrica contratada e excedente não é
sensível às variações de preços (positiva ou negativa), portanto, não alteram as condições normais e
de viabilidade da cogeração. Confirmando estes dados, a Tabela 7 a seguir mostra que um aumento
de preço do gás natural contratado de 1% impacta o projeto em 2,8%, de 2% o impacto é 5,6% e de
5% chega a impactar o projeto em 14,0%. Ao contrário do que ocorre com a energia elétrica, uma
variação nos preços do gás natural, é sensível ao projeto de cogeração da usina de asfalto, e pode
levar a sua inviabilidade, caso este aumento seja superior a 36%.

Tabela 7 – Estudo de sensibilidade com a variação dos preços do GN contratado.


Variação Variação
GN CONTRATADO GN CONTRATADO 70%
NEGATIVA POSITIVA
-45% -901.995,94 45% 7.769.687,16
-43% -709.291,87 43% 7.576.983,09
-41% -516.587,80 41% 7.384.279,02 50%
-39% -323.883,73 39% 7.191.574,95
-37% -131.179,66 37% 6.998.870,88
-35% 61.524,40 35% 6.806.166,81
-33% 254.228,47 33% 6.613.462,74 30%
-31% 446.932,54 31% 6.420.758,67
-29% 639.636,61 29% 6.228.054,61
-27% 832.340,68 27% 6.035.350,54 10%
-25% 1.025.044,75 25% 5.842.646,47
-23% 1.217.748,82 23% 5.649.942,40
-21% 1.410.452,89 21% 5.457.238,33
-19% 1.603.156,95 19% 5.264.534,26 -10%
-17% 1.795.861,02 17% 5.071.830,19
-15% 1.988.565,09 15% 4.879.126,12
-13% 2.181.269,16 13% 4.686.422,05 -30%
-11% 2.373.973,23 11% 4.493.717,99
-9% 2.566.677,30 9% 4.301.013,92
VARIAÇÃO
-7% 2.759.381,37 7% 4.108.309,85 GN CONTRATADO
-5% 2.952.085,44 5% 3.915.605,78 -50%
-4% 3.048.437,47 4% 3.819.253,75
-3% 3.144.789,50 3% 3.722.901,71
-2% 3.241.141,54 2% 3.626.549,68
-1% 3.337.493,57 1% 3.530.197,64
-70%
0% 3.433.845,61 0% 3.433.845,61
Fonte: autoria própria (2020)

Neste sentido, para garantir em longo prazo a decisão favorável de investimento no sistema
de cogeração da usina de asfalto, basta acompanhar os aumentos de preço do gás natural

13
combustível do processo produtivo. Caso ocorra um aumento médio entre 3% a 5% nos preços deste
insumo combustível, no período de 9 e 10 meses (consecutivos ou não), se não for agregado ao
projeto de implantação da cogeração, as receitas com a venda da energia elétrica excedente pode
entrar em risco.

6. CONCLUSÃO

Em resposta aos objetivos do presente trabalho, organizou-se as equações termodinâmicas e


por meio da plataforma Engineering Equation Solver EES®, calculou-se o balanço energético (fluxos
de massa e energia), da usina de asfalto, em regime permanente, na quantidade de calor, vapor e
temperatura requerida selecionando a opção tecnológica de três microturbinas a gás.

Os procedimentos empregados, para as análises: econômica e de viabilidade se basearam


no fluxo de caixa esperado para o investimento, buscando determinar a partir de uma Taxa Mínima de
Atratividade (TMA), os indicadores conhecidos, como taxa de retorno (TIR), valor presente (VPL).
Confirmada a cogeração do tipo Topping e sua viabilidade preliminar, os estudos detalhados
consideraram os perfis da demanda anual de energia térmica e elétrica, a disponibilidade efetiva e o
preço do combustível.

De uma maneira geral, foram confrontados dois cenários de fornecimento de energia elétrica
e calor, pelos métodos: convencional C1 (sem cogeração) e C2, (com cogeração). Os resultados para
uma TMA de 11,50% e VPL maior que 0 (Zero) foram: TIR de 27,41%, maior que a TMA, portanto,
compensação e lucratividade de 15,91%. Payback de 4,92 anos composto e 3,36 anos simples.

A sensibilidade de variação da tarifa de energia elétrica mostrou-se sem influencia no projeto.


De outro modo, a tarifa do gás natural combustível, quando superior a 5%, inviabiliza o projeto. O
benefício adicional é o excedente de energia elétrica produzida de 292,51Mwh, que poderá ser
exportada para a rede de distribuição.

Portanto a implantação do sistema de cogeração para atender a usina de asfalto mostrou-se


com indicação positiva do ponto de vista térmico, econômico de viabilidade e sensibilidade do
investimento. Basta ver que o FUE foi de 77%, ideal para cogeração qualificada.

Economicamente a produção de asfalto, sob o sistema de cogeração, resultou numa


economia de R$ 3.459.138,05, se comparada aos custos da operação tradicional (sem cogeração). O
VPL é maior que 0 (Zero) e a TIR é maior que o TMA, mostrando a lucratividade do investimento. A
exceção feita a um aumento das tarifas do gás natural superior a 36%, que pode levar a inviabilidade
do projeto.

De fato, sob todos os aspectos e ponto de vista, a implantação da cogeração na usina de

14
asfalto, demonstrou-se viável respondendo a justificativa e os objetivos gerais e específicos do
presente estudo e ainda possibilitando:

a) a geração de menos desperdício de energia e menos emissões, com fornecimento de


energia elétrica correspondente à base, superior ao diagrama de carga elétrica da usina, e, energia
térmica produzida para mover os equipamentos produtivos.
b) a produção de eletricidade em excesso comparativamente às necessidades internas,
sujeitando-se a vender esses excedentes.

6.1. Considerações finais


Há alguns anos parecia pronta no Brasil a possiblidade de expansão do sistema de
cogeração. Entretanto, essa ampliação ainda não se concretizou, principalmente, no tocante a
economia da energia térmica que o sistema pode proporcionar.
De modo que ainda não há registros de como pode ser utilizado, por exemplo, o saldo de
energia térmica economizada do processo produtivo de asfalto, para o atendimento de outros setores
industriais.
Do ponto de vista da energia elétrica gerada por meio da cogeração os mais de 22 GW de
capacidade instalada, representam uma parcela muito pequena da matriz energética brasileira,
logicamente abaixo das expectativas. Seja pela inadequação dos dispositivos regulatórios, devido à
falta de clareza quanto aos preços da energia elétrica e do gás natural cogerado, que se reduzidos,
poderiam estimular o setor, ou mesmo, devido ao desconhecimento dos benefícios da cogeração por
grande parte dos setores industriais.
Espera-se que, especialmente, o setor de asfalto para pavimentação possa se sensibilizar
com os resultados do presente estudo. Na medida em que foram vários os benefícios apresentados,
dentre eles a produção de asfalto não estar sujeita às influências externas como o racionamento,
cortes de energia elétrica, além de ter a possibilidade de vender os excedentes térmicos e elétricos.
Sob a ótica da sustentabilidade as usinas com a implantação da cogeração irão ter diminuído
os impactos ambientais se comprado à operação tradicional. Por outro lado, acredita-se que além
deste estudo de viabilidade é necessária a participação do estado administrando, gerindo e alterando
normas e resoluções a favor da autoprodução de energia.

7. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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