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MARCELO LUIS HOSTINS FILHO, GRR20182428 - CURITIBA, 10/04/2023

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA
ESTUDO SOBRE COGERAÇÃO DE ENERGIA A PARTIR DE BIOMASSA

GLOSSÁRIO
CHP: sistema combinado de geração de calor e energia.
CICLO DE RANKINE: ciclo termodinâmico para gerar energia elétrica a partir de
calor usando um fluido de trabalho em ciclo fechado.
ORC: processo termodinâmico que utiliza um fluido orgânico em vez de vapor para
gerar energia elétrica a partir do calor.
PAINEL SOLAR PTC: painel de calha parabólica amplamente utilizado em sistemas
de energia solar térmica para aquecimento de água ou ar.
R-123: fluido refrigerante com alta estabilidade química e baixa toxidade.
GE JENBACHER: motores de cogeração que operam com biogás.
INTERCOOLER: trocador de calor que atua de forma similar a um radiador, para
resfriar o fluido de trabalho.
MOTOR ERICSSON: motor de combustão externa que utiliza ar como fluido de
trabalho e tem alta eficiência termodinâmica.
MOTOR STIRLING: motor térmico que opera através de um ciclo termodinâmico
fechado com gases, sendo eficiente, confiável e versátil.

RESUMO
A biomassa é uma fonte renovável de energia que pode ser usada diretamente
ou convertida em biocombustíveis líquidos ou gasosos, como álcool ou biogás. A
cogeração de biomassa é uma alternativa eficaz para reduzir as emissões de gases
de efeito estufa e a tecnologia ORC (ciclo orgânico de Rankine) tem se mostrado
eficiente em converter o calor residual em eletricidade com maior eficiência. Foram
abordados dois casos relacionados a isso, o primeiro é projeto Moara na Romênia que
produz biogás a partir de dejetos animais e resíduos orgânicos para gerar energia
elétrica e térmica, envolvendo digestão anaeróbica da biomassa em fermentadores,
seguida por cogeração em módulos GE Jenbacher. Com a eletricidade sendo usada
na planta de biogás e o excesso vendido à rede elétrica nacional, enquanto a energia
térmica é usada no processo de produção e aquecimento dos prédios. Já o segundo
caso investigou o uso de biogás e energia solar em um sistema de cogeração, que
apresentou um aumento significativo na eficiência térmica e exergética em
comparação ao modo de fornecimento de única fonte de calor, sendo o sistema
proposto considerado economicamente viável, com um período de retorno do
investimento de 7 a 8 anos no melhor caso, e ainda apresentou resultados positivos
no pior caso, testado na em áreas rurais residenciais na China, proporcionando uma
diminuição considerável nos gastos em eletricidade.
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1 INTRODUÇÃO

Os combustíveis fósseis, como óleo, carvão e gás natural, representam as


principais fontes de energia do mundo (cerca de 80% do uso total de mais de 400 EJ
por ano). No entanto, espera-se que essas fontes sejam esgotadas nos próximos 40-
50 anos e, além disso, as emissões desses combustíveis têm causado danos
ambientais, como o aquecimento global, chuva ácida e smog urbano. Por isso, o
mundo busca reduzir as emissões de carbono em 80% e utilizar fontes renováveis de
energia, como solar, eólica e biomassa (ABBAS, 2020).
A biomassa contribui atualmente com cerca de 10-15% da demanda de
energia, mas pode ser usada diretamente ou convertida em biocombustíveis líquidos
ou gasosos, como álcool ou biogás a partir de dejetos animais. Existem diferentes
técnicas e mecanismos de transformação para a produção de energia a partir da
biomassa, como a combustão direta, pirólise, gaseificação e liquefação, sendo a
combustão direta a mais amplamente utilizada. A combustão direta é a técnica mais
promissora para o futuro próximo, enquanto a pirólise, gaseificação e liquefação ainda
estão em estágio de desenvolvimento (ABBAS, 2020).
Segundo Abbas, a forma que gera maior eficiência no processo é utilizando a
cogeração de energia, que é um processo que permite que uma única fonte de
combustível, como a biomassa, seja usada para produzir simultaneamente energia
térmica e elétrica, ou seja, um sistema combinado de geração de calor e energia
(CHP). Esse processo oferece uma eficiência energética significativamente maior do
que a geração de energia térmica ou elétrica separadamente, aumentando a eficiência
de conversão em até 85%.

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA E FUNDAMENTAÇÃO

A cogeração de biomassa é considerada uma alternativa eficaz para reduzir


as emissões de gases de efeito estufa devido a sua baixa emissão de CO2, com
muitas pesquisas sendo realizadas nos últimos anos para melhorar a eficiência
econômica e ambiental dos sistemas de cogeração de biomassa.

2.1 CICLO DE VAPOR

O princípio de funcionamento do processo de cogeração é baseado no


processo clássico de Clausius-Rankine. Gerando vapor em alta temperatura e alta
pressão na caldeira, que então entra na turbina a vapor, onde a energia térmica do
vapor é convertida em trabalho mecânico. O vapor de baixa pressão que sai da turbina
entra no condensador e se condensa nos tubos, sendo depois reutilizado em um novo
ciclo. A geração de eletricidade e calor a partir do vapor inclui um sistema de
combustão de biomassa, um sistema de vapor, uma turbina a vapor, um gerador de
eletricidade e um sistema de distribuição de calor. Sendo a tecnologia mais
desenvolvida para geração de eletricidade e calor em usinas de biomassa com ciclo
a vapor para altas temperaturas e potências elevadas, mas não é adequada para
sistemas de cogeração com menos de 100 kW. Já a eficiência elétrica anual
geralmente varia de 18% a 30% para usinas de cogeração de biomassa entre 2 e 25
MW. Assim, o uso de água como fluido de transferência de calor tem grandes
vantagens, como alta disponibilidade, estabilidade química, baixa viscosidade e
eficiência térmica superior a 30% (ABBAS, 2020).
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2.2 CICLO ORGÂNICO DE RANKINE

Desde os anos 1980, o mercado de ORC (Ciclo Orgânico de Rankine) cresceu


exponencialmente, com muitas aplicações gerando interesse econômico e ambiental.
A tecnologia ORC atingiu alta maturidade para aplicações de biomassa, sendo capaz
de converter o calor residual em eletricidade. O ORC usa um fluido orgânico como
fluido de transferência de calor, com temperatura de evaporação mais baixa do que a
água, resultando em maior eficiência. O sistema ORC tem quatro componentes
principais: bomba, evaporador, turbina e condensador, mas a eficiência térmica dos
ORCs a temperaturas elevadas não ultrapassa 24% (ABBAS, 2020).
Segundo Abbas (2020), as principais vantagens do ORC são sua longa vida
útil, instalação menos complexa e mais econômica em termos de custos de
investimento e manutenção, e boa eficiência em instalações de baixa temperatura,
sendo mais econômica do que uma turbina de vapor de água. Outra vantagem da
tecnologia ORC é que a eficiência isotérmica de uma turbina varia com sua escala de
potência e design. Não é necessário um sistema de tratamento de água, e a pressão
do sistema é baixa, tornando a instalação mais segura. Além disso, não há
necessidade de controlar o fluido.
No geral, tanto a tecnologia de ciclo de vapor Rankine quanto a tecnologia
ORC são formas promissoras de cogeração de energia a partir de biomassa. Ambas
as tecnologias têm suas vantagens e desvantagens, dependendo das necessidades
específicas do usuário e da escala do projeto.

2.3 VISÃO GERAL

Existem várias tecnologias de cogeração de biomassa desenvolvidas e


comercializadas, sendo as mais comuns as turbinas a vapor, o processo ORC e
motores de combustão externa. A tecnologia de ciclo de vapor é mais adequada para
altas potências acima de 2000 kW, enquanto a turbina a vapor é mais relevante para
plantas de cogeração de biomassa devido à sua alta eficiência e maturidade
tecnológica (ABBAS, 2020).
O processo ORC é o mais apropriado para plantas de cogeração com uma
saída de energia média, variando de 200 a 2000 kW. Os motores de combustão
externa são mais adequados para aplicações de CHP em pequena escala, com o
motor “Stirling” sendo a melhor solução para aquecimento residencial devido aos seus
benefícios e crescimento desta tecnologia. Por outro lado, o motor “Ericsson” é
considerado uma tecnologia promissora para menor escala, mas ainda está em
desenvolvimento (ABBAS, 2020).

3 EXEMPLO DE PLANTA EM FUNCIONAMENTO

Estimular a produção de eletricidade a partir de fontes de energia renováveis


é uma necessidade da atualidade motivada pela proteção ambiental, aumento da
independência energética em relação às importações através da diversificação das
fontes de abastecimento de energia, bem como razões de coesão econômica e social.
Dessa forma, o uso de biomassa para gerar eletricidade e calor é uma forma mais
limpa, mesmo assim gera impacto no meio ambiente, sendo também necessário
investigar os aspectos sociais e econômicos da implementação de um projeto com
cogeração, além da parte relacionado ao meio ambiente (ENESCU, 2018).
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Exemplo desse uso é o Projeto Moara na Romênia, que funciona desde 2013
fazendo uso de dejetos animais, principalmente aves, e resíduos orgânicos oriundos
de silos de milho para produzir biogás em digestores, que depois é alimentado aos
cogeradores para produzir calor e energia. O fluxograma da planta se encontra na
FIGURA 1 abaixo.

FIGURA 1 – PLANTA DE COGERAÇÃO MOARA

FONTE: ENESCU, 2018.

Em que o processo de produção de biogás começa com a alimentação de


biomassa sólida através de correias transportadoras em bunkers, que são abastecidos
duas vezes ao dia. O carregamento é automatizado e a mistura da biomassa é feita
dentro de fermentadores com o auxílio de misturadores. Em que após cerca de 60
dias, a mistura é transferida para o pós-fermentador, e em seguida é separada a parte
líquida da sólida, enquanto o biogás é transferido para um tanque para ser tratado
antes de alimentar os motores (ENESCU, 2018).
Depois são usados 2 módulos de cogeração “GE Jenbacher”, que utilizam
biogás produzido para fazer a cogeração de alta eficiência. A recuperação de calor é
realizada a partir do “intercooler”, do óleo lubrificante e do bloco do motor, gerando
água quente e gases de combustão com alta temperatura. Para manter a operação
contínua dos motores, a temperatura dentro do prédio em que estão localizados deve
estar entre 100-420°C. E existe uma bateria de aquecimento montada no sistema de
ventilação para usar o calor gerado pelo circuito de refrigeração do motor (ENESCU,
2018).
Segundo Enescu (2018), o uso da eletricidade produzida tem uma parte
utilizada para autoconsumo da planta de biogás, e o restante é entregue para o
Sistema Nacional de Energia Elétrica (NPS). Enquanto a energia térmica produzida
(na forma de água quente), acaba sendo utilizada no processo de produção de biogás,
no aquecimento dos prédios da planta e na preparação de água quente doméstica.
Para gerar uma quantidade de energia equivalente a 1 Mega Watt hora ou
3600 Mega Joule são necessárias uma alta quantidade de biomassa, mostradas no
quadro a seguir, que considera uma geração de 1 MW/h por 8200 horas de
eletricidade por ano na planta Moara.
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QUADRO 1 – TIPOS DE BIOMASSA PARA GERAR 1MW (3600 MJ) DE ELETRICIDADE


Número de
Tipo de Biomassa Quantidade (ton) Área de cultivo (há)
animais/pássaros
Silos de milho de alto rendimento 19000 350-450 -

Dejetos de animais 51500 - 5000

Lixo orgânico de residências 40000 - -


FONTE: ENESCU, 2018.

Sendo que a capacidade de produção de biogás da planta é de 2MW/h e a


capacidade elétrica instalada total é de aproximadamente 3 MW/h, consumindo 36 mil
toneladas de resíduos de silos de milho e 4 toneladas de dejeto animal por ano
(ENESCU, 2018).

4 PROBLEMATIZAÇÃO NO USO RESIDENCIAL

O uso de biogás em residências pode proporcionar uma diminuição


considerável nos gastos em eletricidade. Dessa forma, na China o biogás é muito
utilizado nas áreas rurais, sendo é amplamente utilizado para produção e vida
cotidiana. Nesse âmbito o sistema de cogeração proporciona uma oportunidade para
realizar a utilização de energias renováveis, como o biogás e a energia solar, sendo
abordados custos e análise exergética no artigo de Zhao (2017).
Isso está diretamente relacionada ao contexto da Engenharia Química, pois
envolve processos de conversão de biomassa em biogás. Enquanto a engenharia tem
um papel fundamental no desenvolvimento de tecnologias eficientes e sustentáveis
para a produção de biogás, bem como no projeto e na operação de sistemas de
cogeração que utilizam o biogás como fonte de energia renovável.
Portanto, a produção de biogás para cogeração residencial está diretamente
ligada ao campo de atuação do curso, que busca soluções tecnológicas sustentáveis
para os desafios energéticos e ambientais da sociedade.

5 MEMORIAL DE CÁLCULO

Conforme a FIGURA 2, o sistema consiste em um sistema de caldeira de


biogás e uma cogeração solar simples PTC (de calha parabólica), ambos usando água
de alimentação como fluido de transferência de calor. Os componentes básicos do
sistema ORC incluem uma bomba, um expansor, um condensador e um evaporador.
O sistema todo possui dois circuitos independentes, que têm seus próprios trocadores
de calor, onde a energia é transferida da fonte de calor para o fluido de trabalho
(ZHAO, 2017).
O fluido de trabalho pressurizado (R-123) flui para o evaporador e é
transformado em vapor saturado pela água quente do PTC e da caldeira de biogás.
Após atingir a temperatura de evaporação, o vapor saturado flui para o expansor
gerando energia mecânica, que depois entra no condensador no qual a água de
refrigeração é utilizada para condensá-lo. Por fim, o líquido saturado retorna ao
reservatório e o calor residual é usado para atender à demanda da residência (ZHAO,
2017).
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FIGURA 2 – ORC COMBINADO COM USO DE ENERGIA SOLAR

FONTE: ZHAO, 2017.

A modelagem termodinâmica foi feita em MATLAB, conforme as equações


abaixo. Primeiro com o balanço de potência que considera e eficiência de geração
(𝑛𝐺 ) e mecânica (𝑛𝑚 ), potência da rede elétrica (𝑃𝑒𝑙 ), consumo da bomba (𝑃𝑃𝑈𝑀𝑃 ) e
saída total de eletricidade (𝑃𝐸𝑋𝑃 ).

𝑃𝑒𝑙 = 𝑛𝑚 𝑛𝐺 𝑃𝐸𝑋𝑃 − 𝑃𝑃𝑈𝑀𝑃 /𝑛𝑀 (1)

Enquanto o calor de entrada total do fluido no ORC corresponde a equação 2.


Onde 𝑄𝑃𝑇𝐶 e 𝑄𝑏𝑖𝑜 representam o calor do painel solar e do refervedor de biogás,
enquanto ℎ2 é a entalpia específica do líquido na saída da bomba e ℎ3 é a entalpia na
saída do evaporador de biogás no circuito de aquecimento e a vazão de massa do
fluido é representada por 𝑚𝑂𝑅𝐶 .

𝑄𝑏𝑖𝑜 + 𝑄𝑃𝑇𝐶 = 𝑚𝑂𝑅𝐶 (ℎ3 − ℎ2 ) (2)

Para a eficiência do sistema, foi dividida em parte de calor (equação 3) e em


parte elétrica (equação 4). Considerando 𝐻𝐻𝑉𝑁𝐹𝐵 como o valor de alto aquecimento
do biogás, 𝐷𝑁𝐼 a radiação normal direta e 𝐴𝑃𝑇𝐶 a área do painel solar. Já para as
entalpias, ℎ1 corresponde ao fluido na saída do condensador e ℎ4 a saída do
evaporador no circuito solar.

(ℎ3 − ℎ4 ) − (ℎ2 − ℎ1 ) (3)


𝑛𝑡ℎ =
(ℎ3 − ℎ1 )

𝑃𝑒𝑙 (4)
𝑛𝑒𝑙 =
𝑚𝑏𝑖𝑜 𝐻𝐻𝑉𝑏𝑖𝑜 + 𝐷𝑁𝐼. 𝑐𝑜𝑠𝛷 𝐴𝑃𝑇𝐶

Então é possível considerar o balanço e eficiência da exergia nas equações 5


e 6, onde 𝐸𝑥𝑖𝑛 e 𝐸𝑥𝑜𝑢𝑡 representam a entrada e saída de exergia do sistema, enquanto
𝐸𝑥ℎ𝑒𝑎𝑡 é a exergia do calor total gerado no sistema e 𝐼 é a irreversibilidade total do
sistema.
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𝐸𝑥𝑖𝑛 − 𝐸𝑥𝑜𝑢𝑡 = 𝑃𝑒𝑙 + 𝐸𝑥ℎ𝑒𝑎𝑡 + 𝐼 (5)

𝑃𝑒𝑙 + 𝐸𝑥ℎ𝑒𝑎𝑡 (6)


𝑛𝑒𝑥 =
𝐸𝑥𝑖𝑛

De forma a simplificar o sistema, a exergia total de entrada pode ser calculada


também pela soma da exergia da corrente de água quente entrando em cada
evaporador (ZHAO, 2017).

6 RESULTADOS E ANÁLISE

O artigo de Zhao (2017) realiza uma análise exergética sob dois modos de
operação diferentes. No modo A, apenas a caldeira de biogás fornece calor ao fluido
de trabalho. No modo B, tanto o sistema de caldeira de biogás quanto o sistema solar
PTC são usados como fonte de calor para fornecer energia ao sistema ORC. Nos dois
modos de operação, a taxa de fluxo de massa do fluido de trabalho é assumida como
igual a 1,0 kg ∙ s−1 e a temperatura de saída da água de refrigeração é fixada em 40
℃.
Em ambos os modos A e B, metade da irreversibilidade total ocorre no
evaporador, representando cerca de 18% da entrada total de exergia. A razão disso é
que há uma diferença de temperatura maior entre a água de alimentação quente no
evaporador e o fluido de trabalho do sistema ORC, assim uma grande quantidade de
calor não é utilizada no processo. Enquanto a irreversibilidade que ocorre no
condensador é aproximadamente 16%, essencial para fornecer calor suficiente à água
de refrigeração e atender à demanda de aquecimento. O outro componente
significativo da irreversibilidade ocorre durante a expansão do fluido de trabalho no
expansor, devido à menor eficiência exergética (70% a 75%) (ZHAO, 2017).
No Modo B, a temperatura de evaporação aumenta devido à contribuição
adicional dos coletores solares para a entrada de calor, de modo que o total de
geração de energia do Modo B é quase três vezes maior que o Modo A, e a eficiência
exergética também aumenta significativamente. Consequentemente, o desempenho
do sistema de cogeração utilizando biogás e energia solar é substancialmente melhor
em comparação com o modo de fornecimento de fonte única de calor (ZHAO, 2017).
Considerando uma residência comum com consumo diário de água quente de
cada residente sendo de 60 litros a 50 ℃, enquanto a água usada para aquecimento
deve estar a 45 ℃. Para estimar a geração média mensal de eletricidade e calor, se
assumiu um período operacional mensal de 200 horas no verão e 120 horas no
inverno. Então o custo de investimento da caldeira a biogás e painel solar varia de
$300 a $700 e resulta em uma economia anual de cerca de $1.700 a $3.000, com um
período de retorno de investimento de 7,8 a 13,5 anos (ZHAO, 2017).

7 CONCLUSÃO

Na unidade Moara, existe a garantia de fornecimento de eletricidade e calor


localmente, com a eletricidade produzida sendo usada na planta de biogás e o
excesso vendido à rede elétrica nacional, enquanto a energia térmica é usada no
processo de produção e aquecimento dos prédios, de forma a reduzir os custos de
energia e ainda sim, ser uma forma mais barata que usar o gás natural, contando
também com recuperação rápida do investimento e estímulo ao desenvolvimento
sustentável local e regional criando novos empregos relacionados aos processos de
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desenvolvimento de fontes de energia renovável. Comprovando que uma planta de


cogeração tem quase o dobro da eficiência de plantas que produzem energia elétrica
e térmica separadamente (ENESCU, 2018).
Já o estudo na China investigou termo economicamente um sistema de
cogeração ORC-CHP baseado na utilização de biogás e energia solar. Foi
determinado que a eficiência térmica do sistema ORC é maximizada quando o R123
é o fluido de trabalho a uma temperatura de evaporação de 110 ℃. O sistema de
cogeração apresentou um aumento significativo na eficiência térmica e exergética em
comparação ao modo de fornecimento de única fonte de calor. Uma análise
econômica demonstrou que o sistema proposto é economicamente viável com um
período de retorno do investimento de 7,8 anos no melhor caso (ZHAO, 2017).
Além disso, o estudo da eficiência térmica e exergética do sistema ORC-CHP,
bem como a análise econômica do investimento, são aspectos relevantes no campo
da engenharia química, que busca constantemente maximizar a eficiência dos
processos e otimizar a produção de energia de forma sustentável e econômica. A
utilização de biogás como fonte de energia renovável para a cogeração residencial é
uma alternativa promissora e cada vez mais estudada pelos engenheiros químicos,
que buscam soluções para a transição energética global.

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABBAS, T.; ISSA, M.; ILINCA, A. Biomass Cogeneration Technologies: a review.


Journal Of Sustainable Bioenergy Systems, [S.L.], v. 10, n. 01, p. 1-15, 2020. Scientific
Research Publishing, Inc. http://dx.doi.org/10.4236/jsbs.2020.101001.

ENESCU, A.; DIACONU, E.. Cogeneration Plant on Biomass - Case Study. The
Scientific Bulletin Of Electrical Engineering Faculty, [S.L.], v. 18, n. 2, p. 7-11, 1 out.
2018. Walter de Gruyter GmbH. http://dx.doi.org/10.1515/sbeef-2017-0027.

ZHAO, C.; ZHENG, S.; ZHANG, J.; ZHANG, Y. Exergy and economic analysis of
organic Rankine cycle hybrid system utilizing biogas and solar energy in rural
area of China. International Journal Of Green Energy, [S.L.], v. 14, n. 14, p. 1221-
1229, 2 out. 2017. Informa UK Limited.
http://dx.doi.org/10.1080/15435075.2017.1382362.

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