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INSTITUTO FEDERAL FLUMINENSE CAMPUS CAMPOS CENTRO

BACHARELADO EM ENGENHARIA ELÉTRICA


FENÔMENOS DE TRANSPORTE

PROFESSORA: Alice Mothé

GUILHERME CAETANO VICENTE


RHALF GOMES BARRETO CALDAS

PRODUÇÃO DE HIDROGÊNIO RENOVÁVEL A PARTIR DE EXCEDENTES DE ENERGIA


EÓLICA

CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ


ABRIL DE 2023
INTRODUÇÃO 1
FONTES RENOVÁVEIS DE ENERGIA ELÉTRICA 2
Energia eólica 4
Funcionamento da turbina eólica 6
Eletrólise a partir de excedente de energia eólica 8
Tipo de Eletrolisador 10
Armazenamento do Hidrogênio 11
INTRODUÇÃO

A sociedade tecnológica na qual estamos inseridos apresenta sérios desafios com


relação a sua própria sustentabilidade, e a mesma pode ser abordada sob os mais diversos
aspectos. Nesse sentido, uma regra bastante simples, de não gastar mais do que se pode
receber, é quase sempre desprezada

Com o objetivo de combater a ameaça global da mudança climática no mundo, é


necessário que haja uma diminuição dos gases do efeito estufa e dessa forma seguir um
modelo de desenvolvimento sustentável. Com isso, reduzir as emissões de CO2
relacionadas à energia elétrica está no cetro da transformação da matriz energética mundial.
Migrar o mundo de um sistema amplamente baseado em combustíveis fósseis para um
sistema de energia de baixo carbono eficiente e renovável é fundamental para um futuro
sustentável do planeta.
Atualmente, um terço das emissões globais de CO2 relacionadas à energia provêm
de setores econômicos que não dispõe de alternativas econômicas viáveis aos combustíveis
fósseis.

Emissão de CO2 por setores

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A matriz energética mundial é dominada por combustíveis fósseis, como o petróleo, o
gás natural e o carvão mineral que são fontes de energia não renováveis e altamente
poluentes. A queima desses combustíveis libera grandes quantidades de dióxido de carbono
e outros gases que contribuem para o aquecimento global e as mudanças climáticas.

Por isso, a mudança da matriz energética para fontes de energia renováveis é uma
das soluções mais importantes para mitigar as mudanças climáticas. A energia solar, eólica,
hidráulica, geotérmica e de biomassa são exemplos de fontes de energia renováveis, que
são abundantes e limpas. Além disso, o desenvolvimento de tecnologias de armazenamento
de energia, como as baterias de lítio, tem tornado as fontes de energia renováveis cada vez
mais competitivas em relação aos combustíveis fósseis. A transição para uma matriz
energética mais limpa e sustentável requer investimentos em infraestrutura, tecnologia e
inovação, bem como políticas públicas que incentivem a adoção de fontes de energia
renováveis. Aumentar a eficiência energética e reduzir o desperdício de energia também são
medidas importantes para reduzir a demanda por energia e diminuir a emissão de gases de
efeito estufa.

A mudança da matriz energética é um processo essencial para garantir um futuro


sustentável para o planeta. A transição para fontes de energia renováveis pode reduzir a
emissão de gases de efeito estufa, melhorar a qualidade do ar e da água, além de criar
novas oportunidades de negócios e empregos verdes. É necessário que governos,
empresas e sociedade civil trabalhem juntos para acelerar a transição para uma matriz
energética mais limpa e sustentável.

FONTES RENOVÁVEIS DE ENERGIA ELÉTRICA

As fontes de energia renováveis são aquelas que são obtidas a partir de recursos
naturais que são renovados constantemente, como a energia solar, eólica, hidroelétrica,
geotérmica e de biomassa. Essas fontes de energia são consideradas limpas e sustentáveis,
uma vez que não emitem gases de efeito estufa ou outros poluentes que possam contribuir
para as mudanças climáticas.

Fontes de energia intermitentes, tendo como principais a eólica e solar, lideram o


caminho na transformação do setor global de eletricidade. A energia eólica seria
uma das principais fontes de geração de eletricidade, suprindo mais de um terço

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da demanda total de eletricidade mundial, seguida pela energia fotovoltaica que
forneceria 25% da demanda total de eletricidade. Hoje as energias renováveis são o
segundo maior contribuinte para a produção global de eletricidade.

Alguns tipos de fontes renováveis de energia:

● Energia solar: a energia solar é obtida a partir da radiação solar, que é captada por
painéis solares e transformada em energia elétrica. É uma fonte de energia limpa e
renovável, e sua utilização tem se tornado cada vez mais comum em residências,
empresas e indústrias.

● Energia eólica: a energia eólica é obtida a partir do vento, que movimenta turbinas
eólicas, gerando energia elétrica. É uma fonte de energia limpa e renovável, que
pode ser utilizada em regiões com ventos fortes e constantes.

● Energia hidrelétrica: a energia hidráulica é obtida a partir da queda d'água em usinas


hidrelétricas, que transformam a energia cinética da água em energia elétrica. É uma
fonte de energia renovável, que é amplamente utilizada em todo o mundo.

● Biomassa: a biomassa é obtida a partir de resíduos orgânicos, como restos de


alimentos e de madeira, que são queimados para gerar energia térmica ou elétrica. É
uma fonte de energia renovável, mas sua utilização pode gerar poluição e emissão
de gases de efeito estufa, dependendo do tipo de biomassa utilizado.

Em 1990 as energias renováveis representavam 19,4% da geração de energia


elétrica no mundo, essa participação aumentou para 25,2% em 2018. Desde esse
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ano, a geração de eletricidade renovável no mundo cresceu em média 3,9% ao ano,
que é 1% maior do que a taxa média de crescimento da geração total de eletricidade,
2,9%. Nesse período, a energia hidrelétrica viu sua participação total no mundo cair
de 18,1% em 1990 para 15,8% em 2018, evidenciando uma maior participação das
outras fontes renov´aveis dispon´ıveis que cresceram de 1,3% em 1990 para 9,3% em
2018. Este aumento de outros tipos de fontes foi fortemente influenciado pela taxa
de crescimento da energia solar fotovoltaica, que cresceu 36,5% nesse período, seguida
pela energia eólica (23%), enquanto a hidrelétrica teve um aumento de 2,4%.

Energia eólica

Os primeiros indícios da utilização da energia eólica para a realização de trabalho


mecânico são controversos, mas acredita-se que algumas das primeiras máquinas a Heron
de Alexandria, há cerca de dois mil anos. Posteriormente, a energia eólica foi amplamente
utilizada em moinhos, substituindo a tração animal. O Brasil possui um grande potencial
energético de energia eólica e ela é considerada uma tecnologia madura. O potencial
brasileiro é evidenciado pela sua capacidade de 17.156,362 MW (ANEEL, 2020), o que faz o
Brasil estar entre os 10 países com maior geração de energia eólica no mundo (IRENA,
2020).

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A energia eólica é gerada a partir da força do vento que movimenta as hélices de
uma turbina eólica, convertendo a energia cinética do vento em energia elétrica. As turbinas
eólicas são compostas por uma torre eólica e um conjunto de pás rotativas, também
conhecidas como rotor.

O funcionamento das turbinas eólicas é simples: as pás da turbina são projetadas


para capturar a energia cinética do vento e girar o rotor, que está conectado a um gerador
elétrico. À medida que o rotor gira, o gerador converte a energia mecânica do movimento em
energia elétrica, que pode ser utilizada para alimentar residências, empresas e indústrias.

Para que a energia eólica seja gerada de forma eficiente, é importante que as
turbinas eólicas estejam localizadas em áreas com ventos fortes e constantes. Por isso,
muitas vezes são instaladas em locais como planaltos, montanhas e regiões costeiras, onde
a velocidade do vento é maior. Além disso, as turbinas eólicas devem ser posicionadas de
forma estratégica, a fim de aproveitar ao máximo a energia do vento. Por isso, muitas vezes
são instaladas em fazendas e parques eólicos, onde várias turbinas são agrupadas em um
mesmo local, maximizando a geração de energia eólica.

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Funcionamento da turbina eólica

A estrutura da turbina é composta por uma torre, pelo rotor e pelas pás. O vento faz
com que as pás girem a uma velocidade que varia de 10 a 25 rotações por minuto (rpm),
acionando assim o rotor, a peça na qual as pás estão conectadas. O movimento do rotor é
multiplicado no interior da nacele, a estrutura retangular que fica posicionada atrás das pás e
na qual está conectada a torre da turbina. No interior da nacele, fica o gerador, responsável
pela conversão da energia cinética em energia elétrica.

Nacele:

Turbina eólica:

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A captação da energia cinética do vento pode ser feita basicamente por duas formas
distintas: as turbinas de eixo vertical e as de eixo horizontal.
No primeiro caso, engrenagem e gerador são colocados ao nível do solo e a turbina
é movida por forças de arraste ou sustentação (FARRET, 2014). Uma das versões mais
simples é a turbina Savonius, que pode ser construída por meios tonéis excêntricos
montados sobre um eixo, conforme. Outro tipo de turbina as Darrieus, sendo as únicas que
obtiveram maior aceitação comercial entre as de eixo vertical. Estas turbinas também
apresentam baixa complexidade de fabricação e são bastante indicadas para características
de vento similares ao sul da América Latina.

Por fim, as turbinas de eixo horizontal possuem as engrenagens, eixo e gerador


alinhados com a direção do vento, sendo a opção mais utilizada mundialmente em parques
de geração eólicos comerciais. Podem ainda ser encontradas em algumas configurações em
função do número de pás, sendo que as turbinas com três pás são as mais empregadas por
apresentarem menores esforços mecânicos, menores oscilações de torque e por
provocarem menor ruído (BORGES NETO; CARVALHO, 2012). Mesmo sendo bastante
reduzido em comparação à maioria das outras fontes, a geração de energia elétrica a partir
de turbinas eólicas gera alguns impactos ambientais conforme apontado em algumas
referências. Um desses impactos é a área necessária para a instalação do parque

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Eletrólise a partir de excedente de energia eólica

Como a energia eólica apresenta uma grande variabilidade devido ao regime de


ventos da região onde se encontram os aerogeradores, a quantidade de energia proveniente
dos excedentes, irá variar muito. Com isso, muitas vezes o sistema irá operar com níveis
mais altos de energia (velocidades elevadas e/ou consumo elétrico menor) utilizando toda
sua capacidade, assim como haverá períodos que o sistema ficará ocioso (seja por causa
de um regime de ventos mais escassos ou devido a um horário de maior demanda de
energia elétrica).

Para que os recursos provindos das energias renováveis se tornem completamente


confiáveis como fontes primárias de energia, o armazenamento é um fator crucial.
Essencialmente, energia provinda desses recursos deve ser armazenada quando houver
excesso produzido e quando houver uma maior demanda para o que foi produzido
abastecer as redes de operação, dentre outras razões, como:

● Atender a flutuações aleatórias e de curto prazo na demanda, evitando a


necessidade de regulação de frequência pela planta principal. Isso também pode
fornecer benefícios em falhas momentâneas de energia, reduzindo distorções
harmônicas e eliminando quedas de tensão e surtos.

● Eliminar a necessidade de uma planta principal parcialmente carregada que são


instaladas para atender demandas repentinas e imprevisíveis, também como para

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auxiliar em emergências de energia que surgem da falha de unidades geradoras e/ou
linhas de transmissão.

O hidrogênio é uma das principais opções para armazenar a energia provinda


dessas fontes, podendo se tornar uma opção de menor custo para armazenar grandes
quantidades de eletricidade por um grande período de tempo. Além disso, ele e seus
combustíveis derivados têm a capacidade de transportar energia de fontes renováveis por
longas distâncias.

O hidrogênio pode desempenhar um papel fundamental na transição energética mundial de


combustíveis fósseis para renováveis em diversas áreas econômicas como:

● Indústria: O H2 produzido a partir de combustíveis fósseis utilizado em vários


setores industriais pode ser substituído por hidrogênio de fontes renováveis. A longo
prazo, o hidrogênio proveniente de fontes renováveis pode substituir o hidrogênio
produzido por combustíveis fósseis, desde que consiga alcançar competitividade, o
que pode exigir modificação dos processos existentes.

● Edifícios e Energia: hidrogênio injetado na rede de gás, reduz o consumo de gás


natural. A injeção pode ser uma fonte de receita adicional para os operadores do
eletrolisador, além de suas vendas de H2 para mobilidade ou mercados industriais.
No curto prazo, isso pode ser de uma grande ajuda para atingir volumes necessários
que ajudem na redução de custos através de uma economia de larga escala,
aumentando a competitividade do hidrogênio no longo prazo. Uma grande vantagem
desse sistema, é o fato de o hidrogênio conseguir ser armazenado, permitindo que o
sistema atenda demandas de pico como por exemplo, ser utilizado no aquecimento
de casas durante o inverno.

● Transporte: Veículos abastecidos por hidrogênio, por meio de pilhas a combustível ou


Gás Natural Veicular (GNV), se tornam uma opção de mobilidade de baixo carbono,
tendo um desempenho maior que de veículos convencionais. A utilização desses
veículos baseados na motorização elétrica com eletricidade fornecida via pilha a
combustível, pode permitir uma maior autonomia aos veículos elétricos. Essa
autonomia tem o potencial de expandir o mercado de mobilidade elétrica para
segmentos de logística e transporte por longas distâncias.

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Tipo de Eletrolisador
A produção de hidrogênio via eletricidade renovável usualmente se dá através da
eletroquímica, que é realizada a partir da eletrólise da ´agua através da aplicação de uma
corrente elétrica, com isso ela é convertida nos gases hidrogênio (H2) e oxigênio (O2) em
seu estado puro, sem necessidade de qualquer processo de purificação posteriormente. No
polo carregado negativamente (catodo) ocorre a reação de redução.

No polo carregado negativamente (catodo) ocorre a reação de redução , já no polo


carregado positivamente (anodo) tem-se a geração de O2.

A pilha eletrolítica é o elemento básico do sistema. Ela apresenta dois modelos de


configuração, o paralelo e em série. Sendo conhecidas como monopolar ou unipolar e
bipolar.
A configuração monopolar é nomeada dessa maneira devido ao fato de seu eletrodo
apresentar apenas uma polaridade. Sendo cada um de seus eletrodos conectados em suas
respectivas fontes de energia. A corrente de entrada do modulo é igual a soma de todas as
correntes. Além disso a tensão do módulo é igual a tensão individual dos pares de eletrodos.
Seu funcionamento requer uma pequena quantidade de tensão, em torno de 1,5 - 2,5V,
podendo atingir altos níveis de amperagem dependendo da escala de produção.
O modelo bipolar também apresenta a mesma corrente transferida pelas pilhas.
Nesse caso cada eletrodo, possuem duas polaridades, uma positiva e a outra negativa. É
importante ressaltar que para essa configuração enquanto a corrente do módulo é igual a
corrente individual de cada componente, seu comportamento com relação a tensão
apresenta outra característica, sendo a tensão total do módulo a soma das tensões de cada
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pilha conectada. Devido a esta característica específica da configuração em série, mesmo
com cada célula tendo uma tensão entre 1,7 e 1,9 V a configuração pode alcançar altos
níveis de tensão de acordo com o número de pilhas conectadas.

Armazenamento do Hidrogênio

Tanques Pressurizados: Nos sistemas de armazenamento de energia de ar comprimido, a


energia é armazenada na forma de energia sob pressão, por meio de uma compressão de
um gás (geralmente ar) em um reservatório. Quando a energia é necessária, o gás é
expandido em uma turbina e a energia armazenada no gás é convertida em energia
mecânica disponível no eixo da turbina.

Hidretos Metálicos: Uma maneira inovadora para o armazenamento de hidrogênio é


baseada na capacidade de quimisorção de hidretos metálicos. O processo de
armazenamento consiste em reações termoquímicas que ocorrem entre o hidrogênio gasoso
e os materiais sólidos, capazes de alterar sua estrutura cristalina durante as fases de
adsorção e dessorção. Especificamente, a reação de adsorção é exotérmica, enquanto a
dessorção é endotérmica, portanto, é necessário um sistema de controle térmico.

REFERÊNCIAS
http://www.repositorio.poli.ufrj.br/monografias/projpoli10034598.pdf#page19

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