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NOSSA HISTÓRIA
Referências............................................................................................................. 48
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Unidade 1: Energia elétrica e fontes renováveis
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não renováveis, ou mesmo de renováveis (como a hidrelétrica). O uso destas fontes
alternativas não prescinde de que exista uma fonte perene disponível (despachável
pelo operador do sistema) para ser utilizada quando necessário, permitindo a
continuidade do fornecimento de eletricidade.
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A figura 2.3 mostra a composição da Matriz Elétrica na região da América Latina
e Caribe, assim como a brasileira, em 2018 e 2019. Cerca de dois terços da
eletricidade brasileira provêm de fonte hidráulica. A energia elétrica gerada a partir de
fontes renováveis, em 2019 atingiu 83%. A matriz brasileira, em comparação com as
principais economias, é a mais “limpa”. O percentual de energia eólica tem crescido
constantemente ao longo da última década, com tendência de ser a segunda fonte
em geração de eletricidade a depender do despacho da geração térmica. De acordo
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com a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), a capacidade instalada
no país chegou a 16 GW no primeiro semestre de 2020, com 637 parques eólicos e
7.738 aerogeradores.
A pequena redução na participação hidráulica se deve ao crescimento relativo
da geração eólica, solar e por gás natural. A partir de 2015 até 2020 houve uma
significativa redução do volume de agua armazenado junto às centrais hidrelétricas, o
que tem levado a uma maior produção pelas centrais térmicas, em especial as
alimentadas por gás natural.
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crescimento de outras fontes renováveis, principalmente a biomassa e a eólica,
resultando em um aumento no total de fontes renováveis. Em termos absolutos, há a
previsão de um aumento de todas as fontes, incluindo a nuclear, gás natural e carvão.
Um conceito importante na concepção do sistema em geral é o de Garantia
Física, que é a energia que uma fonte geradora pode assegurar (antigamente
denominada “energia assegurada”) a um risco de 5%. Essa garantia é calculada por
modelos de simulação da operação em base mensal sobre séries sintéticas de vazões
(no caso das hidrelétricas), ou de comportamento do vento (no caso eólico) utilizando
uma determinada política de despacho das usinas. Seguem alguns exemplos, nos
quais se pode comparar a garantia física de alguns tipos de geração.
Tabela 2.1
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A geração fotovoltaica segue a mesma tendência de redução de custo. O valor
por kWh ainda é, em geral, um pouco maior do que o obtido nas fontes eólicas. O
custo mínimo é da Índia, com US$0.045/kWh, com a China apresentando
US$0.054/kWh. O Brasil ainda não aparece (2019) nessa estatística.
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Seção 1.3: Energia Eólica
Energia Eólica está associada à energia cinética das massas de ar em
movimento, ou seja, ao vento. Seu aproveitamento é milenar, sendo utilizada na
propulsão naval e, industrialmente, principalmente em moinhos e no bombeamento
de água.
O termo “eólico” provém da denominação do deus grego dos ventos, chamado
Éolo, que residia na ilha flutuante de Eólias.
O uso dos ventos para produção comercial de eletricidade se inicia na década
de 70, na Dinamarca, como consequência das crises de elevação do preço petróleo.
Ao longo dos últimos 40 anos houve grande evolução tecnológica associada a todos
os componentes de um sistema de geração eólica, desde questões estruturais das
torres, passando por aspectos aerodinâmicos, dos sistemas eletroeletrônicos de
potência e de controle e da injeção da energia no sistema elétrico.
Conforme, “para que a energia eólica seja considerada tecnicamente
aproveitável, é necessário que sua densidade seja maior ou igual a 500 W/m2, a uma
altura de 50 m, o que requer uma velocidade mínima do vento de 7 a 8 m/s14.
Segundo a Organização Mundial de Meteorologia, em apenas 13% da superfície
terrestre o vento apresenta velocidade média igual ou superior a 7 m/s, a uma altura
de 50 m. Essa proporção varia muito entre regiões e continentes, chegando a 32% na
Europa Ocidental”.
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O mapa apresentado na figura 2.7 foi obtido desse conjunto de dados e resulta
em um potencial para produção de eletricidade de 143 GW (valor calculado em 2001,
a 50 m de altura). Estudos mais recentes, contabilizando a evolução da tecnologia
que permite, dentre outros fatores de aumento de produtividade, torres de maior
altura, ampliam este potencial para algo em torno de 900 GW 17, com fator de
capacidade que chegaria a 45%. A figura 2.8 mostra estudos de simulação com dados
de 2013, e cálculo a 100 m de altura.
O fator de capacidade (Cp) de energia eólica é a razão entre a potência média
presente no eixo da turbina e a máxima potência teoricamente disponível. Pode ser
calculado para uma única turbina, um parque eólico ou mesmo um país. Embora a
localização geográfica determine, em grande parte, o fator de capacidade de um
parque eólico, o Cp é também uma questão de desenho de turbinas. Para a realização
do Atlas foram considerados os seguintes valores de Cp:
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Inúmeros avanços tecnológicos têm permitido ampliar a captação de energia,
além do simples aumento na altura das torres. Por exemplo, a adequação das pás
das turbinas às peculiaridades dos ventos no Brasil, que são diferentes dos ventos
predominantes na Europa em aspectos como distribuição de intensidade e variação
de direção. A figura 2.9 ilustra tais diferenças.
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uma unidade de tempo, tal massa de ar, ao atravessar uma secção plana transversal
A (m2) delimitada pelo rotor da turbina, desloca uma massa Av (kg/s), em que p é
normais.
Esta potência não pode ser integralmente convertida em potência mecânica no
eixo da turbina, pois o ar, depois de atravessar o plano das pás, sai com velocidade
não nula. Há um máximo teórico para o rendimento da conversão eolo-mecânica cujo
valor é 59,3%, conhecido por Limite de Betz. O rendimento efetivo da conversão numa
turbina eólica depende da velocidade do vento e é dado por:
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afetada pela intensidade dos ventos e por outros aspectos climáticos, o efetivo
aproveitamento de tal potencial é significativamente diminuído.
Os dados da Tabela 2.3 indicam as maiores capacidades instaladas em GW (à
esquerda), bem como o aproveitamento em termos da energia anual (TWh) nos
países com maior produção. A média mundial de aproveitamento da capacidade
instalada é de 24,5%. Dentre os maiores produtores, o Brasil tem, com folga, o maior
aproveitamento, com 42,7%; os Estados Unidos vêm em seguida com 32,8%. Já a
China, embora seja o país com a maior capacidade instalada e maior produção, tem
um aproveitamento baixo, de apenas 19,6%. Isso indica a qualidade excepcional dos
ventos no Brasil. A figura 2.11 mostra o comportamento médio mensal do fator de
capacidade por unidade da federação. Notem-se os valores muito elevados, em
especial nos estados do nordeste, bem como as diferentes sazonalidades a depender
da localização.
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apontadas na direção do vento por um cata-vento simples. Turbinas grandes
geralmente usam um sensor de vento acoplado a um servomotor para acertar o
direcionamento. A maioria tem uma caixa de engrenagens que ajusta a rotação lenta
das pás a uma rotação mais rápida, adequada ao gerador elétrico.
Turbinas usadas em parques eólicos para a produção comercial de energia
elétrica são geralmente de três pás. Apesar de os rotores com duas pás serem um
pouco mais eficientes, são mais instáveis e propensos a turbulências, trazendo risco
à sua estrutura. Isso já não acontece nos rotores de três pás que são muito mais
estáveis, barateando o custo do sistema de suporte e possibilitando a construção de
aerogeradores de mais de 100 metros de altura e com capacidade de geração de
energia que atinge 10 MW.
Em um rotor com duas pás, quando uma passa pelo ponto mais elevado, estará
submetida à máxima força do vento, enquanto a pá inferior estará passando pela torre,
ou seja, com a mínima força. Isso produz um esforço adicional sobre o eixo e sobre a
torre. Com o uso de três pás tal situação de desequilíbrio não ocorre, dado o
posicionamento a 120º entre elas.
Dado o diâmetro do rotor, a velocidade periférica das pás é elevada, em torno
de 300 km/h. As pás são geralmente leves de cor cinza para se mimetizar com as
nuvens, com comprimento de 20 a 40 metros ou mais. As pás giram 22 a 10 rotações
por minuto. Uma caixa engrenagens é usada para elevar a velocidade de giro na
conexão com o gerador. Alguns modelos operam a velocidade constante, mas mais
energia pode ser coletada por turbinas de velocidade variável, empregando
conversores eletrônicos de potência na interface com o sistema elétrico. Estas
turbinas são equipadas com recursos de proteção para evitar danos em velocidades
de vento muito altas, com controles de posicionamento das pás e sistemas de freio.
Turbinas eólicas de eixo vertical (VAWT, na sigla em inglês) têm o eixo do rotor
principal disposto verticalmente. A principal vantagem deste arranjo é que a turbina
não precisa ser apontada na direção do vento, o que é útil em locais onde a direção
do vento é muito variável e em ambientes urbanos. É aplicada principalmente em
potência reduzida e em locais em que não são viáveis torres de maior altura. A
turbulência resultante no vento é mais severa e não permite instalações de “wind
farms”.
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Com a estrutura de eixo vertical, gerador e caixa de engrenagem podem ser
colocados perto do chão, melhorando a acessibilidade para manutenção. Por
apresentar baixa velocidade de rotação, as VAWT têm torque elevado, o que implica
em maiores relações na caixa de engrenagens. A maior turbulência no fluxo de ar leva
a um comportamento pulsante no torque. Há uma maior dificuldade de modelar o fluxo
de vento com precisão e, portanto, problemas para analisar e projetar o sistema antes
de fabricação de um protótipo.
As turbinas de eixo horizontal convertem mais energia eólica em mecânica
porque as lâminas são perpendiculares à direção do vento e captam a energia em
toda amplitude de sua rotação. Em comparação, as pás numa turbina de eixo vertical
apresentam menor rendimento, capturando energia do vento apenas na parte frontal;
na posição traseira de sua rotação apenas se movimentam de acordo com a rotação,
mas não colaboram para o torque.
A potência das turbinas segue uma trajetória crescente há muitos anos, como
ilustra a figura 2.13. A conversão de maiores potências exige maior área coberta pelo
giro das pás, concomitantemente à maior altura das torres e, por conseguinte,
colhendo ventos de maior intensidade.
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Seção 1.7: Conexão com a rede elétrica
Os procedimentos para a conexão de um gerador isolado ou de um conjunto
de aerogeradores (fazenda eólica – Wind farm) são previstos por normas específicas,
como a Resolução Normativa ANEEL 482/201229 com as modificações introduzidas
pela REN ANEEL 687/201530, a ANSI/IEEE 1021-198831 e a IEEE Std. 1094-
199132.
Com base na experiência da operação de sistemas de energia eólica de grande
potência, têm ocorrido modificações das normas para conexão e operação na rede de
alta tensão. O objetivo destas novas disposições é melhorar e estabilizar o
comportamento das turbinas eólicas, diminuir a quantidade de energia eólica perdida
em distúrbios do sistema e permitir que as centrais eólicas operem com características
semelhantes àquelas do sistema de potência convencional. Os requisitos mais
comuns incluem capacidade ride-through, limites de variação para tensão e
frequência, regulação de potência ativa e reativa e controle de frequência, bem como
do fator de potência e a capacidade de regulação de tensão.
As normas atuais exigem que os grandes parques eólicos (especialmente
aqueles ligados na alta tensão) devam suportar quedas de tensão para uma
determinada percentagem do valor nominal, por um tempo especificado. Tais
requisitos são conhecidos como FRT (Fault Ride Through), denotando a imunidade
mínima exigida da fonte para afundamentos de tensão. Como exemplo, a figura 2.14
ilustra os limites utilizados nas normas norte-americana, canadense e irlandesa. No
caso ilustrado, a central eólica deve ser capaz de operar continuamente com 90% da
tensão nominal de linha, medida no lado de alta tensão do transformador da
subestação.
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Seção 1.8: Estrutura interna de aerogerador
A figura 2.15 mostra os principais componentes de um aerogerador. Sistemas
de pequeno porte (até algumas dezenas de kVA) são, em geral, conectados à rede
de distribuição em baixa tensão. Para potências mais elevadas são utilizados
transformadores acoplados ao sistema de distribuição (em geral) no lado de média
tensão. Parques eólicos podem ser conectados em níveis mais altos de tensão.
Dado que a velocidade dos ventos varia, as turbinas eólicas são projetadas
para trabalhar em uma faixa de velocidade abaixo da máxima velocidade do local onde
será instalada. Se fosse projetada para trabalhar à máxima velocidade, seria
necessária uma estrutura muito mais robusta e haveria menor produção com
velocidades menores.
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Existem diferentes modos de realizar o controle de potência nas turbinas. O
mais simples é o posicionamento do eixo de modo a se alinhar com a direção do
vento e obter a máxima potência (yaw control). Tal alinhamento pode ser feito de modo
controlado por um servomotor, ou ocorrer pelo próprio projeto da turbina. Como
método de controle dinâmico da potência gerada, é normalmente usado apenas em
turbinas de baixa potência, uma vez que em potências maiores, tal procedimento
produziria grandes esforços no sistema.
Um sistema de controle ativo permite alterar o ângulo do passo (pitch) ao girar
as pás em seu eixo longitudinal, de forma a reduzir o ângulo de ataque, diminuindo a
velocidade das pás. A figura 2.16 ilustra os princípios aerodinâmicos associados ao
controle de pitch.
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A figura 2.18 ilustra o efeito dos diferentes controles em termos da
característica de produção de potência. A manutenção da potência em seu valor
nominal à medida que aumenta a velocidade do vento se deve ao posicionamento das
pás, o que resulta em uma redução no parâmetro Cp (eq. 2.2). Em velocidades muito
elevadas o sistema é desligado para evitar danos.
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opinião pública a esta forma de energia. Aspectos do balanço energético entre a
produção e operação dos parques eólicos e a produção de eletricidade serão
considerados em seção posterior.
O ruído produzido pelas turbinas é também apontado como argumento contra
o uso da energia eólica. O ruído mecânico está associado a caixa de velocidades, ao
gerador e aos motores auxiliares. O ruído aerodinâmico está relacionado com o
movimento das pás, que é inevitável, principalmente a baixas velocidades do vento,
uma vez que em altas velocidades o ruído de fundo se sobrepõe ao das turbinas.
Tanto a interferência eletromagnética com sinais de comunicações, como os
efeitos sobre a vida animal, principalmente as aves migratórias, não são superiores
aos de outras estruturas de grande porte semelhantes, podendo ser evitados através
da escolha criteriosa do local de instalação. O uso do terreno para outras finalidades,
como a agricultura ou a criação de animais, não fica comprometido, uma vez que
apenas uma pequena percentagem do espaço onde é instalado o parque eólico fica
efetivamente ocupada.
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Unidade 2: Fontes alternativas e renováveis de energia
no Brasil
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solar, energia geotérmica e biomassa. A utilização dessas energias alternativas
renováveis em substituição aos combustíveis fósseis é viável e vantajosa. Além de
serem praticamente inesgotáveis, as energias renováveis podem apresentar impacto
ambiental muito baixo, sem afetar o balanço térmico ou a composição atmosférica do
planeta. O desenvolvimento das tecnologias para o aproveitamento das fontes
renováveis poderá beneficiar comunidades rurais e regiões afastadas, bem como a
produção agrícola através da autonomia energética e consequente melhoria global da
qualidade de vida dos habitantes (COSBEY, 2011).
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produção de cana-de-açúcar, motivado pelo consumo crescente do etanol
(EDUARDO & MOREIRA, 2010).
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Seção 2.4: Energia Geotérmica
A energia geotérmica ou geotermal é proveniente do calor existente no interior
da terra e existe desde que o planeta foi criado. Ela surgiu na Itália em 1904 com
tentativas de gerar eletricidade a partir dessa energia, porém não foi bem-sucedido
devido substâncias encontradas no vapor absorvido. Assim, os principais recursos
desta energia são os gêiseres (fontes de vapor no interior da terra que demonstra
erupções frequentemente) e onde existem água ou rochas a temperaturas altas,
possibilitando o seu aproveitando de energia térmica e consequentemente energia
elétrica. Portanto, está água a temperaturas altas produz o vapor que posteriormente
alimenta os geradores de turbina e produz a eletricidade. Essa fonte alternativa de
energia é possível em razão da capacidade natural da terra em reter calor em seu
interior, onde acha-se magma que se constitui em rochas derretidas. Atualmente
existem três formas de aproveitamento da energia geotérmica dentre elas a utilização
direta, centrais geotérmicas e as bombas de calor (CEMIG, 2012; PIMENTA-NETO &
ARAUJO, 2014).
Este tipo de energia possui muitos benefícios em relação aos impactos
ambientais como não agredir o solo, custo baixo para manutenção, não é vulnerável
ao clima, benefícios em áreas afastadas, porém também gera impactos ambientais
como liberação de dióxido de enxofre que é prejudicial à saúde e altamente corrosivo
gerando também um odor desagradável, eventual afundamento do terreno, possível
contaminação de lagos e rios e a principal desvantagem é que só pode ser operada
em áreas propícias (PIMENTA-NETO & ARAUJO, 2014).
No Brasil existem poucas áreas para esse tipo de aproveitamento de energia,
e mesmo as que existem praticamente não são utilizadas. Não há produção de
energia geotérmica no Brasil, o pais aproveita apenas o calor gerado por águas
termais e utiliza as mesmas para o turismo como encontrado nas cidades de Poços
de Caldas (MG) e Caldas Novas (GO) (ATLAS, 2008).
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desenvolvimento tecnológico no século XVIII surgiram as primeiras turbinas e os
motores hídricos o que favoreceu na transformação de enérgica mecânica em energia
elétrica. Essa energia tinha como parâmetros a acumulação, a aceleração e a
evaporação da água, características estas causadas pela energia gravitacional e pela
irradiação solar, tornando estes responsáveis pela geração de energia elétrica
(ATLAS, 2008; CEMIG, 2012).
A constituição de uma usina hidroelétrica, se dá de forma conjunta e integrada
sendo formada basicamente pelo sistema de captação e adução da água, pela
barragem, pela casa de força e pelo vertedouro. A finalidade da barragem é interceptar
água, formando um reservatório onde será armazena a água. Afora o armazenamento
de água este reservatório facilita para que a vazão do rio seja adequada, tanto em
dias chuvosos quanto em dias de estiagem, acarretando na captação da chuva em
volume adequado e em uma diferença de altura de modo que se torna essencial para
a geração de energia hidroelétrica (EDUARDO & MOREIRA, 2010; CEMIG, 2012).
Mesmo com o alto custo para implantação de usinas hidroelétricas, o preço do
seu combustível principal (a água) é zero o que o torna uma energia renovável e não
poluidora de gases poluentes na atmosfera, contribuindo para a luta contra o
aquecimento global. Entretanto apesar de ser uma energia renovável e não liberar
gases poluentes, as usinas hidroelétricas causam grandes impactos ambientais e
sociais na sua implantação como a destruição vegetal natural, o assoreamento do
leito dos rios, o desmoronamento de barreiras, a extinção de certas espécies de
peixes, além dos impactos sociais relacionados ao deslocamento das populações que
ali viviam (QUEIROZ et al., 2013).
O Brasil hoje desfruta das hidroelétricas como sendo sua principal fonte de
energia, composto atualmente por 1220 usinas hidroelétricas com capacidade total de
92.415MW instalada correspondendo a 61,34% na matriz elétrica brasileira, e esses
números tendo a subir nos próximos anos com mais sete empreendimentos em
construção e seis para iniciar (ANEEL, 2016).
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que de modo em contato com a água transfere energia através da operação das
tensões cisalhantes, que por sua vez resulta na formação e crescimento das ondas.
Essa energia teve origem no século XII na Europa, onde usavam-se moinhos
submarinos nas entradas de estreitas baías (o fluxo e o refluxo movimentavam as
pedras de moer). A energia proveniente do mar demonstra grandes quantidades de
energia armazenada no deslocamento das suas massas de água, sendo essa energia
uma grande oportunidade em todo o mundo, visto que é uma energia limpa sem
agredir ao meio ambiente (ATLAS, 2008).
Para o aproveitamento dessa energia existem no momento basicamente 4
tecnologias envolvidas, energia das ondas, energia das marés, energia térmica dos
oceanos e energia cinética através das correntes marítimas. Contudo há perspectivas
de aperfeiçoamento de diferentes tecnologias, que ainda estão a dar os primeiros
passos, que serão aprimoradas e posteriormente expandidas em todo o mundo ao
longo dos anos (CEMIG, 2012).
Este tipo de energia ainda não tem um grande avanço mundial, entretanto em
nosso pais estudos feitos pela Coordenação de Pós-Graduação de Engenharia
(COOPE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), visam um potencial de
geração de 40GW existente. Desta forma foi instalado um protótipo de forma
experimental no Porto de Pécem no estado do Ceará e é a primeira usina da América
Latina movida pela força das ondas, tendo a capacidade de geração de 50kW (ATLAS,
2008; CEMIG, 2012).
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aproveitando do potencial de sendo elas a sistemas de altas temperaturas e as
sistemas de coletores solares (EDUARDO & MOREIRA, 2010; DANIEL et al., 2016).
O Brasil, em relação à energia solar, é considerado privilegiado, visto a imensa
incidência de raios solares emitidos em seu território e pelas reservas de quatzo para
a produção do silício, utilizados na fabricação de células solares. Ainda em razão disso
vários são os benefícios como gases não poluentes na atmosfera comparada a outras
energias, a mínima manutenção em suas centrais, a sua utilização em lugares
remotos ou de difícil acesso, e uma grande vida útil de seus sistemas implantados.
Entretanto, ainda causa alguns impactos ambientais como emissões de produtos
tóxicos durante a produção do insumo utilizado para a produção dos módulos e
componentes periféricos, não podendo ser usado nos períodos de chuva e noturno
(AGUILAR et al., 2012).
Com a grande e acelerada crescente da energia solar, o Brasil atualmente
possui atualmente 39 usinas solares com capacidade de 22.952kW representando
0,0150% na matriz elétrica brasileira conectadas a rede elétrica e as não conectadas
a rede estima-se o consumo entre 300 a 500kWh/mês (ANEEL, 2016).
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Seção 2.9: Impactos ambientais e sociais das energias alternativas reno-
váveis
As fontes de energias alternativas renováveis vêm numa crescente aceleração
e motivadas em todos os países por conta das consequências severas em relação
aos impactos ambientais produzidos pelas energias não renováveis como o petróleo,
gás natural, carvão mineral e combustíveis nucleares, em razão da luta contra o
aquecimento global. Visto essa preocupação com as energias não renováveis em
relação aos seus impactos ambientais causados e a crescente demanda de energia
em todo o mundo, o grande desafio aos longos dos anos será a produção de mais
energia emitindo menos gases de efeito estufa (AGUILAR et al., 2012; SANTOS,
2015).
O Planejamento de Recursos Integrados (PRI) se inclui nesse processo como
forma de minimização dos custos, impactos ambientais e sociais das energias
renováveis levantadas anteriormente, possibilitando um planejamento a curto ou a
longo prazo observando as dimensões sociais, políticas, técnico-econômicas e
ambientais (TUNDISI & MATSUMURA-TUNDISI, 2011).
O aproveitamento da energia sempre gera algum tipo de impacto ambiente seja
ela renovável ou não renovável, de pequena ou grande proporção. Porém, esses
impactos podem ser minimizados quando associados o planejamento de recursos
integrados, visto que eles visam um mundo mais sustentável, promovendo medidas
políticas e econômicas (TUNDISI & MATSUMURA-TUNDISI, 2011; FREITAS &
DATHEIN, 2013; SANTOS, 2015).
Contudo, com um Planejamento de Recursos Integrados bem estruturado,
desenvolvido e adequadamente avaliado é praticável a realização de uma análise e
exploração da real necessidade de uma implantação de um projeto energético
possibilitando a minimização dos impactos sociais provenientes na implantação
dessas energias e assim promovendo o desenvolvimento sustentável.
Foram identificados seis tipos de energias alternativas renováveis no Brasil,
Biomassa, Eólica, Geotérmica, Hidráulica, Marítima (energia do mar) e solar. A
energia solar é a que mais se viabiliza aos mecanismos existentes no Brasil em função
de sua aplicabilidade mesmo em locais isolados, devido ao imenso potencial
energético dessa fonte, encontrado em todo território e quanto a redução dos impactos
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ambientais, em comparação com as outras fontes de energia. Quanto aos impactos
ambientais identificados nas diferentes fontes renováveis de energia, concluiu-se que
esses são considerados de baixa escala e com uma expressiva minimização desses
impactos quando comparados as fontes não renováveis de energia. Embora as novas
tecnologias de aproveitamento de energia ainda tenham um alto custo de implantação,
vale ressaltar que algumas delas como a energia eólica, biomassa e a solar,
apresentam um curto prazo, tanto de implantação, quanto de retorno financeiro, além
de minimizar o impacto no meio ambiente. Deste modo, este estudo evidenciou que
mesmo com diversas alternativas energéticas e um imenso potencial de recursos
naturais renováveis, o Brasil ainda utiliza pouco dos seus recursos naturais, ainda que
as crescentes implantações das energias eólica e solar estejam em expansão, quando
analisado o imenso potencial existente em território brasileiro, o potencial instalado de
energias renováveis podem ser consideradas insuficientes para a geração de energia.
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Unidade 3: Energias renováveis – tipos, definições,
implementação
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matriz energética baseada em recursos fósseis para uma matriz energética
predominantemente renovável (recurso que se reabastece naturalmente: chuva, sol,
vento, maré, energia geotérmica), eventualmente sejam o tema mais discutido e
popular deste cenário junto à sustentabilidade, observando as discussões
relacionadas ao aquecimento global e às mudanças climáticas (PHILIPPI JR; REIS,
2016).
A crescente expansão da discussão acerca da sustentabilidade no mundo,
hoje, se deve ao fato dos “[...] impactos causados ao meio ambiente, principalmente,
na queima de combustíveis fósseis, como o petróleo, carvão mineral, gás natural, etc.
(BIANCHINI, 2013, p. 02).
Sustentabilidade, de acordo com Martins e Cândido (2010 apud
NASCIMENTO, 2015, p. 16) baseia-se “[...] no crescimento das relações de produção
e consumo, tem como principais implicações o aumento da poluição e aumento nos
níveis de desigualdade social e de concentração de riquezas.”
A Declaração de Joanesburgo (2010) concebeu o conceito de desenvolvimento
sustentável com base em três pilares: econômico, social e ambiental, “[...]
prosperidade econômica, equidade social e qualidade ambiental, sendo igualmente
importantes” (TRIBESS-ONO; PANUCCI- FILHO, 2012, p. 05).
Nesse contexto, para que empresas obtenham destaque no cenário mundial,
precisam demonstrar preocupação com questões sustentáveis, o que as obriga a
traçar planos de metas que abarquem, integrem e mantenham equilíbrio de suas
ações em relação a estes pilares, como forma de garantir a sustentabilidade do
desenvolvimento.
No pilar social, a preocupação está concentrada nas relações,
responsabilidades, transformações, planejamentos, impactos, desigualdades sociais.
Para as empresas o produto é pensado nesse contexto, por exemplo; sua colocação
no mercado levará em consideração o ambiente, a localização, as pessoas, como
essa vertente fabril se comporta, como influencia o dia a dia das pessoas, etc.
No pilar econômico, a preocupação é, obviamente, com a viabilidade financeira
da empresa e suas implementações sustentáveis. Naturalmente, qualquer
empreendimento precisa de lucro para se manter competitivo no mercado, sendo
assim, todo empreendimento deve levar em consideração, de modo harmônico e
eficiente, o crescimento e a prosperidade econômica da organização. Este,
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consequentemente, influenciará no desenvolvimento dos demais pilares do
desenvolvimento sustentável.
Por fim, o pilar ambiental. Aqui reside o assunto ao qual se tem interesse neste
artigo científico, visto que, tudo que se relaciona a cuidados com a natureza se
relaciona com este pilar, como: destinação correta de resíduos, reciclagem de lixo,
energias renováveis, entre outras. A preocupação com as futuras gerações é real e
urgente, pois percebe-se cada vez mais “[...] a limitação dos recursos naturais, a
degradação ambiental e o consumismo desenfreado, então as alternativas para conter
o desequilíbrio do sistema, se apoiam no conceito de desenvolvimento sustentável.”
(TRIBESS-ONO; PANUCCI-FILHO, 2012, p. 02). Constata-se, assim, que o meio
ambiente tem participação direta no processo de gerenciamento de uma organização
e relação direta com os outros pilares.
O Brasil é, segundo o Anuário Estatístico de Energia Elétrica 2017 (ano base
2016), líder entre os países que utilizam fontes renováveis em sua matriz
(MINISTÉRIO..., 2017). A seguir serão demonstrados tipos de energias renováveis
que estão sendo estudados e aplicados recentemente, como funcionam, viabilidade
de implementação, preocupações em relação à sustentabilidade e quais as
dificuldades de implementação em larga escala. Os tipos de energias que serão
abordadas neste estudo são: solar, eólica, oceânica, hidrelétrica, geotérmica e de
biomassa.
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Sua implementação demanda medições e cálculos matemáticos para
demonstrar os locais de maior incidência dos raios sobre a terra, onde a variação
depende da altitude, amplitude do local e até mesmo da própria temperatura, para
facilitar a melhor forma de captação da energia.
Para Pereira et al. (2006 apud TSURUDA et al., 2017, p. 1), “[...] o
aproveitamento da energia solar é vantajoso em todo o território, mesmo nas regiões
menos favorecidas pela irradiação solar.” Conforme já mencionado, pode ser vista
como uma fonte cara em relação a combustíveis fósseis, todavia se refletido que o
pico de consumo de energia está ligado a dias quentes, esse calor é propício para
geração maior de energia solar térmica, tornando esta bem mais atrativa como
investimento (SPIRO; STIGLIANI, 2009) e desfrute futuro.
Spiro e Stigliani (2009, p. 54) detalham que a implementação desse tipo de
energia pode ocorrer por meio de projetos passivos ou ativos:
Um projeto passivo maximiza a captura da energia solar direta para suprir a
maior parte das necessidades [...] de um ambiente. Para isso, a edificação e
suas janelas devem estar orientadas de modo a permitir a radiação solar no
inverno e repeli-la no verão. Materiais densos, tais como concreto e pedra,
são capazes de absorver radiação solar e armazená-la de forma a evitar
flutuações de temperatura.
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Além desta forma de captação de energia solar, existem mais duas variações,
como poderá ser averiguado a seguir. A primeira tecnologia utiliza-se da energia do
sol para produção de energia térmica que aquece o fluido e gera potência mecânica
ou elétrica; já a segunda, transforma a energia do sol em energia térmica prontamente,
com ajuda de determinados materiais.
Independentemente de como a luz solar será aproveitada, a fartura desse
recurso é inegável e faz com que a utilização deste, para geração de energia, cresça
em ritmo acelerado para atender programas de desenvolvimento sustentável.
No entanto, apesar de energia limpa e renovável, sua utilização requer alguns
cuidados em relação a impactos ambientais. Apesar desse processo gerar menos
resíduos, processos industriais sempre utilizam reagentes tóxicos e nocivos, “[...] além
de um grande desprendimento energético para a aferição de elevadas temperaturas.”
(NASCIMENTO, 2015, p. 69).
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uma tubulação curvada que recebe e absorve o calor dos raios solares, organizada
em fileiras coexistentes e ligadas entre si. O fluído que passa “[...] pela tubulação é
aquecido a cerca de 400 °C e o calor é utilizado para gerar eletricidade em um gerador
a vapor convencional” (SPIRO; STIGLIANI, 2009, p. 54). Esse fluído “[...] pode ser
óleo, sal fundido, ou alguma outra substância que retenha bem o calor (BIANCHINI,
2013, p. 15).
A torre solar ou sistema de torre de receptor central refere-se a um campo de
helióstatos, instrumento móvel que permite que os espelhos receptores girem,
fazendo com que a “[...] a radiação solar direta seja refletida de forma constante em
uma direção, direcionando os raios solares refletidos para o receptor central no alto
da torre” localizado próximo ao campo de helióstatos (BIANCHINI, 2013, p. 22). O
calor absorvido queimará o fluído (sal fundido) aproximadamente a 565 °C, podendo
este já ser utilizado, como armazenado para utilização futura na geração de vapor, e,
consequentemente de energia térmica. Essa tecnologia, apesar de menos ‘madura’
comercialmente, chega a suprir uma demanda de 65% do ano, sendo estimado que
sua eficiência possa ser mais explorada e a menor custo quando comparado ao
armazenamento das calhas parabólicas (BIANCHINI, 2013; SPIRO; STIGLIANI,
2009).
Os discos solares, a mais eficiente de todas as tecnologias solares, podem
chegar a temperaturas de 800º C e geram de 5 KW a 50 KW, convertendo a [...]
energia solar em eletricidade da ordem de 29,4%, no pico de eficiência” (SPIRO;
STIGLIANI, 2009, p. 55).
Nesta tecnologia:
O prato parabólico concentrador é normalmente constituído por um coletor
(espelhos parabólicos independentes), um receptor, um motor Stirling e um
gerador. O coletor foca a radiação normal direta para o receptor, que transfere
calor para o fluido de trabalho que aciona um motor de ciclo Stirling, para
acionar o gerador (BIANCHINI, 2013, p. 24).
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aumento da escala energética. Ações que contribuirão para maior adesão desta forma
de energia no futuro.
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Apesar deste sistema ser oneroso devido ao alto investimento inicial, houve
expressiva redução do custo desta fonte de energia ao longo dos anos. Ainda, se
levado em consideração a necessidade de implementação de novas energias que não
as fósseis e as vantagens que esta apresenta, somado a estudos constantes
realizados, percebe-se que é uma tecnologia que expressa grande possibilidade de
expansão.
Nesta monta, dentre tudo já explanado, valida-se a viabilidade da utilização em
larga escala desta forma de energia, tendo potencial para uma melhora e uma
ampliação de uso exponenciais devido a alguns incentivos governamentais e ao
amplo território existente no Brasil para aproveitamento.
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Sua implementação requer estudo quanto ao lugar “[...] onde o vento sopre com
uma força significativa e consistente” (RASHID, 2014, p. 736), pois ventos turbulentos
e falta de estabilidade podem diminuir a sua eficiência. Para Rashid (2014), a
velocidade do vento e sua qualidade são fatores críticos. Grubb e Meyer (1993 apud
SOUZA, CUNHA, SANTOS, 2013, p. 13) expressam que, “[...] para que a energia
eólica seja considerada tecnicamente aproveitável, é necessário que sua densidade
seja maior ou igual a 500 W/m², a uma altura de 50 m, o que requer uma velocidade
mínima do vento de 7 a 8 m/s.”
De fonte natural e com característica renovável, a energia eólica “[...] não polui
durante sua operação, portanto é vista como uma contribuição para a redução de
emissão de gases de efeito estufa e na redução da concentração de CO2” (SOUZA,
CUNHA, SANTOS, 2013, p. 12) e na sua implantação o impacto ocorre na área de
instalação da base do concreto, de forma pontual, com redução ou porcentagem
quase nula de contaminação do solo, tanto na sua operação, quanto na sua
manutenção. No entendo, devido ao funcionamento mecânico e pelo fluxo de ar nas
pás, produz ruído que se intensifica conforme a força do vento.
Economicamente falando,
A energia gasta para produzir, instalar e para operação e manutenção de um
aero gerador típico é produzida por esse mesmo aerogerador em menos de
meio ano. Este fato torna a energia eólica uma das energias mais atrativas
em termos de planejamento energético (SOUZA, CUNHA, SANTOS, 2013,
p. 15).
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avanços tecnológicos. Devido ao grande potencial energético, o Conselho Mundial de
Energia (2000) aponta vantagens em sua utilização como: acessibilidade,
aceitabilidade e disponibilidade do recurso (ESTEFEN et al., 2006).
O oceano contém energia térmica do Sol que afeta as atividades oceânicas, as
marés e ondas produzem então energia mecânica, mas é a lua, através da atração
gravitacional “[...] que provoca as marés, e são os ventos que impulsionam as ondas
oceânicas.” (RASHID, 2014, p. 749).
A energia oceânica refere-se à conversão da água do oceano em eletricidade.
Segundo Spiro e Stigliani (2009, p. 67), “grande quantidade de energia está
armazenada nos oceanos do mundo, sob a forma de marés e ondas, e em gradientes
de temperatura e concentração de sal.”
A energia proveniente das ondas trata-se da extração direta da energia “[...]
das ondas na superfície ou das flutuações de pressão abaixo desta.” Sua conversão
em eletricidade se dá por sistemas instalados na costa litorânea, e também por
sistemas em alto-mar.” (RASHID, 2014, p. 749). Para Estefen (2006), a energia
presente nas ondas é em torno de 10 TW (1.000 Gigawatt), proporcionalmente a todo
o consumo de eletricidade do planeta. Esta energia é captada por dispositivos de
armazenagem. A energia da maré é convertida em eletricidade, atualmente, através
do sistema de fluxo livre e do sistema de represa. Levando em consideração que “[...]
as áreas costeiras passam por duas marés altas e duas baixas durante um período
de pouco mais de 24 horas”, essa diferença pode ser aproveitada desde que o valor
entre as marés seja de mais de 16 pés, o que não é encontrado com facilidade. Apesar
da lentidão em frequência, apresenya quantidades enormes do maior recurso
energético inexplorado, a energia cinética (RASHID, 2014, p. 752).
Aproveitar a energia térmica do oceano para gerar eletricidade, significa utilizar
“[...] a energia do calor armazenado nos oceanos”. A conversão será mais eficiente se
a diferença de temperatura das águas profundas (fria) e as camadas superiores do
oceano (quente) estiverem mais ou menos a 20 °C. Para tanto, usinas de conversão
são implantadas, as quais trazem a água fria para a superfície através de um tubo de
aspiração submerso a mais de 1.600 m no oceano. Trata-se de um tubo de grande
diâmetro, com alto custo, mas, se mais acessível fosse, essa tecnologia poderia gerar
“[...] bilhões de watts de energia elétrica (RASHID, 2014, p. 755).
Para Spiro e Stigliani (2009, p. 67):
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Em razão das extensões oceânicas, o total de energia armazenada nos
gradientes de superfície é enorme, cerca de duas ordens de magnitude maior
do que a energia de todas as mares e ondas. Entretanto, a captura dessa
energia não é tarefa fácil. Não só pela ampla extensão, mas também pelo
fato de que o gradiente de 20 °C limita a eficiência teórica dos motores
térmicos a menos de 7%. Conseqüentemente, um considerável suprimento
de eletricidade proveniente dessa fonte requer uma usina de grande porte e
custos de capital elevados.
Os autores ainda aludem que este tipo de energia se equipara muito à energia
em quedas d'água. “Constrói-se uma represa com eclusas para permitir a entrada da
maré até um reservatório, que é esvaziado por intermédio de turbinas quando a maré
baixa” (SPIRO; STIGLIANI, 2009, p. 67).
Além da eletricidade, uma usina de conversão da energia térmica dos
oceanos [...] leva água fria do mar para a superfície, a qual pode ser usada
para refrigeração do ar em edifícios próximos. A água do fundo do oceano é
também rica em nutrientes e poderia sustentar a agricultura e a maricultura.
Por fim, se a água do mar for usada como fluido operacional da usina,
teremos água doce como subproduto. As oportunidades de integração entre
energia, água, refrigeração do ar e atividades de cultivo podem existir em
muitos locais das costas tropicais (SPIRO; STIGLIANI, 2009, p. 67).
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Este tipo de energia pode ser encontrado em grande, como em pequena
escala. As de pequena porte produzem pequenos potenciais, através de desvio ou de
reservatório (RASHID, 2014) e aproveitam, segundo Spiro e Stigliani (2009), o fluxo
dos rios. Já as de grande escala são responsáveis por “[...] produzir eletricidade em
projetos do governo ou de concessionárias de energia elétrica”, utilizando-se de
barragem (que interrompe o curso normal da água) e de um reservatório que represa
a água do rio e, ainda, possibilita que a vazão do rio seja adequada (seja em período
chuvoso, quanto de estiagem) (RASHID, 2014, p. 755). Quando liberada, a energia
da água se transforma em energia mecânica, passa pelas turbinas que são acionadas
e começam a girar, e por estarem conectadas ao gerador, começam a movimentar o
mesmo, produzindo eletricidade (QUEIROZ et al., 2013; RASHID, 2014), ou seja,
transforma-se energia cinética em energia elétrica.
Trata-se da fonte de energia mais comum, é renovável e limpa, não contribui
para emissão de CO2, nem para outros tipos de gases à atmosfera; possui
disponibilidade do recurso e, quando comparada as outras fontes renováveis,
representa ser a menos onerosa (RASHID, 2014). Por outro lado, apresenta certo
sacrifício ao meio ambiente (alteração na característica do rio, do habitat, da qualidade
da água, prejuízos à fauna e à flora, etc.), assim como representa perigo para a
população em caso de rompimento de uma barragem, (SPIRO; STIGLIANI, 2009),
possibilidade de transmissão de doenças, etc. Devido a esses impactos serem locais,
é possível ações mitigatórias para sua redução.
Mundialmente, a energia hidrelétrica é responsável pelo fornecimento de cerca
de 20% de eletricidade (SPIRO; STIGLIANI, 2009). Já no Brasil, segundo a ANEEL
(2008, p. 52), “o aproveitamento do potencial hidráulico é da ordem de 30%”. Kotleski
(2015) afirma que a eficiência energética gira em torno de 95%.
Em suma, o custo com o recurso é nulo, todavia o investimento para
implementação é grande, assim como o de manutenção (QUEIROZ et al., 2013).
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tecnologias de conversão mais eficientes estão em desenvolvimento como “[...]
processos termoquímicos (gaseificação, pirólise, transesterificação, etc.) ou de
processos biológicos (digestão anaeróbia e fermentação)“. (ANEEL, s.d, p. 87). De
acordo com Rashid (2014), quando uma biomassa é queimada, o volume chega a
reduzir em até 90%, perdendo competitividade em comparação a combustíveis
fósseis.
Quando por meio de combustão direta, a transformação da biomassa em
energia através de combustão se dá por meio da queima em altas temperaturas, “[...]
na presença abundante de oxigênio, produzindo vapor a alta pressão (REIS, 2016,
n.p.). Esse vapor geralmente é usado em caldeiras ou para mover turbinas”. A
eficiência desse processo é de cerca de 20 a 25%. Na conversão através de pirólise
“[...] a biomassa é exposta a supremas temperaturas sem a presença de oxigênio,
mirando o acelerar da decomposição da mesma. O que sobra da decomposição é
uma mistura de gases, líquidos (óleos vegetais) e sólidos (carvão vegetal)” (REIS,
2016, n.p.).
Na técnica de gaseificação, há semelhanças com a técnica pirólise, produzindo
um gás inflamável que pode ser filtrado para que alguns componentes químicos
residuais sejam removidos. “A diferença básica em relação à pirólise é o fato de a
gaseificação exigir menor temperatura e resultar apenas em gás” (REIS, 2016, n.p.;
ANEEL, s.d). Transesterificação trata-se de “um processo químico que consiste na
reação de óleos vegetais com um produto intermediário ativo (metóxido ou etóxido),
oriundo da reação entre álcoois (metanol ou etanol) e uma base (hidróxido de sódio
ou de potássio)” (RIBEIRO et al., 2001 apud ANEEL, s.d, p. 88). Por se assemelhar
ao óleo diesel, pode ser utilizado em motores de combustão interna. A digestão
anaeróbia ocorre pela decomposição do material devido à ação de bactérias que
ocorre de forma natural e simples (ANEEL, s.d). A fermentação é um processo
anaeróbico, biológico “[...] em que os açúcares de plantas [...] são convertidos em
álcool, por meio da ação de microrganismos (usualmente leveduras)”, podendo ser
usados como combustível (ANEEL, s.d).
O material produzido pela biomassa pode ser transformado em energia elétrica,
em calor e também em biocombustíveis sólidos. Os principais derivados são: Biogás,
Etanol, Biodiesel, Carvão vegetal, dentre outros, sendo o bagaço de cana-de-açúcar
o recuso com maior potencial para geração de energia elétrica (ANEEL, s.d).
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A biomassa pode ser classificada em florestal, agrícola e ainda oriunda de
rejeitos urbanos e industriais (sólidos e líquidos), etc. A biomassa florestal provém de
matéria orgânica, como carvão vegetal, lenha, madeira, etc. Quando se trata de
biomassa agrícola, são utilizadas matérias-primas como: casca de arroz, sabugo e
palha de milho, palha e bagaço de cana-de-açúcar, casca de algodão, soja, casca de
castanha de caju, etc. Biomassas oriundas de rejeitos (lixo) urbanos são metais,
plásticos, resíduos celulósicos e vegetais descartados e os industriais relacionam-se
a rejeitos de destilarias, abatedouros, fábricas de laticínio, criadouros, etc. Apesar de
resíduos, estes possuem grande potencial energético.
Através da Figura 1 é possível compreender o processo energético perpassado
pela biomassa.
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apresenta reduzido aproveitamento na matriz energética. O consumo deste tipo de
energia gira em torno de 14%, segundo a ANEEL.
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Para Spiro e Stigliani (2009, p. 67), “A energia geotérmica pode ser dividida em
três categorias de temperatura: alta (>150 °C), moderada (de 90 °C a 150 °C) e baixa
(< 90 °C).”
A eletricidade é gerada através de recursos de altas temperaturas; a
temperatura moderada poder ser utilizada para aquecer ambientes e gerar vapor a
ser utilizado em industrias, estufas, etc.; na faixa de baixa temperatura vem se
destacando como recurso para refrigeração e aquecimento de residências (SPIRO;
STIGLIANI, 2009).
A eletricidade gerada por recursos geotermais, conforme aponta Gomes (2009
apud ARBOIT et al., 2013), em 2008 era empregada em 25 países. Já no Brasil, por
não haver estudos para conversão desta em eletricidade, sua utilização para fins
[...] diretos se mostra bastante promissora, destacando-se o aproveitamento
da água do Aquífero Guarani para atividades agroindustriais, como integrante
de processos industriais e como meio de desenvolver o turismo e também a
utilização de bombas de calor geotérmicas, tanto para utilização industrial
quanto para aquecimento de espaços (ARBOIT et al., 2013, p. 165).
Enfim, para se tornar viável em larga escala, a energia geotérmica precisa ser
muito discutida e estuda, principalmente em relação ao seu real potencial de
aplicação, assim como desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias para este
fim (ARBOIT et al., 2013). Embora seja quase nula a emissão de gases poluentes,
sua implantação possa ser em local pequeno, seja uma fonte limpa de energia, este
tipo de energia se torna cara devido ao alto investimento, retorno a longo prazo,
eficiência pequena, e, ainda, contribui para o aumento da temperatura do ambiente
local.
Evidentemente, os combustíveis fósseis são formas de energia mais baratas,
mas seu custo ambiental é muito superior e relevante para se permanecer com
pensamentos arcaicos.
Com base no estudo realizado, percebe-se que é inegável relacionar as fontes
de energias renováveis com o desenvolvimento sustentável: prosperidade econômica,
equidade social e qualidade ambiental. Que para ser renovável necessita ser um
recurso que se reabastece naturalmente, seja a chuva, o sol, o vento, a maré, energia
geotérmica, não causando impactos ao meio ambiente, aos seres humanos, nem
desequilíbrio ao sistema.
Constata-se que todas as fontes analisadas são sim renováveis, mas nem
todas são limpas; que há viabilidade no uso dessas fontes de energia em substituição
aos combustíveis fósseis, todavia a eliminação total de resíduos ainda é utopia por
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exigir conscientização humana, estudos muito mais eficazes e conclusivos,
tecnologias mais avançadas para exploração, em alguns casos, investimentos
governamentais para implementação em larga escala; que houve redução de custos
na maioria das implementações de energias renováveis, como fonte de energia
elétrica, com o passar dos anos, tornando-as um pouco mais viáveis.
Percebeu-se hidrelétricas, utilizadascomumente para gerar eletricidade,
também se enquadram nesse contexto, demonstram-se ser menos onerosas, todavia
representam sacrifício ao meio ambiente e perigo para os seres humanos, fazendo
com que outras fontes de energia elétrica mais eficazes sejam pensadas.
Embora encontrem-se muitos estudos sobre cada fonte de energia renovável
aqui pesquisada, as mesmas são encontradas de forma isolada ou fragmentada. Não
se encontrou nenhum estudo deste mesmo teor, onde fosse possível analisar e
comparar a viabilidade de ambas, muito menos custos atualizados no mesmo período
para fins de comparação. Mas, denotou-se que o Brasil é sim, devido sua geografia
(clima, extensão de território, etc.) e sua localização no globo, privilegiado para
implementação de novas fontes de energia e renováveis, devido a abundância de
recursos naturais, consolidando o Brasil como líder entre os países que utilizam fontes
renováveis em sua matriz, de acordo com o Anuário Estatístico de Energia Elétrica
2017. Destaca-se a geotérmica como a fonte mais difícil de ser explorada no Brasil.
Enfim, todas as fontes de energia estudadas são renováveis, nem todas
apresentam-se totalmente limpas, todavia sobressaem-se aos recursos fósseis.
Recomenda-se, portanto, não uma fonte única por não se detectar qual a melhor, mas
um equilíbrio entre as mesmas e/ou atendimento à realidade local.
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Referências
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