Você está na página 1de 50

TIPOS DE ENERGIA RENOVÁVEIS

NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de


empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais,
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.
Sumário
Unidade 1: Energia elétrica e fontes renováveis ................................................... 4
Seção 1.1: Introdução ................................................................................................ 4
Seção 1.2: A Matriz Elétrica Brasileira e o custo da energia ...................................... 5
Seção 1.3: Energia Eólica ........................................................................................ 10
Seção 1.4: Potencial eólico ...................................................................................... 10
Seção 1.5: Potência eólica ....................................................................................... 12
Seção 1.6: Aerogeradores ....................................................................................... 14
Seção 1.7: Conexão com a rede elétrica.................................................................. 17
Seção 1.8: Estrutura interna de aerogerador ........................................................... 18
Seção 1.9: Aspectos ambientais .............................................................................. 20

Unidade 2: Fontes alternativas e renováveis de energia no Brasil .................... 22


Seção 2.1: Fontes alternativas de energia ............................................................... 22
Seção 2.2: Biomassa ............................................................................................... 23
Seção 2.3: Energia Eólica ........................................................................................ 24
Seção 2.4: Energia Geotérmica .............................................................................. 25
Seção 2.5: Energia hidráulica .................................................................................. 25
Seção 2.6: Energia do Mar....................................................................................... 26
Seção 2.7: Energia Solar ......................................................................................... 27
Seção 2.8: Custo das fontes alternativas renováveis de energia ............................. 28
Seção 2.9: Impactos ambientais e sociais das energias alternativas renováveis ..... 29

Unidade 3: Energias renováveis – tipos, definições, implementação ................ 31


Seção 3.1: Introdução .............................................................................................. 31
Seção 3.2: Energias Renováveis ............................................................................. 31
Seção 3.3: Energia Solar ......................................................................................... 33
Seção 3.4: Eletricidade solar térmica ....................................................................... 35
Seção 3.5: Energia solar fotovoltaica ....................................................................... 37
Seção 3.6: Energia Eólica ........................................................................................ 38
Seção 3.7: Energia Oceânica ................................................................................... 39
Seção 3.8: Energia Hidrelétrica ................................................................................ 41
Seção 3.9: Energia de Biomassa ............................................................................. 42
Seção 3.10: Energia Geotérmica ............................................................................. 45

Referências............................................................................................................. 48

3
Unidade 1: Energia elétrica e fontes renováveis

Seção 1.1: Introdução


Energia elétrica é o melhor vetor energético disponível na atualidade. Por vetor
energético se entende uma modalidade de energia que pode ser transmitido de um
local a outro e pode ser transformado em outra forma de energia.
Como exemplo, o gás natural, para ser levado de um local a outro, necessita
de um gasoduto. No local de uso, pode ser transformado em calor (por combustão),
em movimento (em um motor de combustão interna) ou em luz (por uma combustão
adequada).
Já a eletricidade também pode ser facilmente convertida em energia mecânica,
em energia térmica ou luminosa. Seu transporte é feito por condutores metálicos, ou
seja, uma infraestrutura muito mais simples, segura e de menor custo que um
gasoduto, por exemplo.
Outras definições importantes se referem aos conceitos de energia renovável,
de energia alternativa e de energia limpa. Por energia limpa se entende uma forma de
energia que, para sua produção, não leve a emissão de gases ou outros resíduos
nocivos, ou que contribuam para o chamado efeito estufa.
Por energia renovável se entendem as formas de energia que ocorrem na
natureza e que são produzidas continuamente em decorrência da energia absorvida
do sol, a qual, para efeitos da Humanidade, é suposta de duração infinita.
Enquadram-se na definição as energias vindas diretamente do sol (como a
fotovoltaica), do vento, da biomassa, do movimento das águas em geral (maré, ondas,
desníveis, etc.).
Em contraposição, as energias não renováveis são aquelas disponíveis na
natureza, cuja formação se deu em longos intervalos de tempo (eras geológicas), de
modo que os materiais a que estão associadas não podem ser repostos com a
velocidade exigida pelo consumo. Nesse caso tem-se o petróleo, gás natural, carvão
mineral, urânio, etc.
Por energia alternativa entende-se uma forma de energia que pode vir a
substituir outra. Em geral é associada a fontes para as quais não se tem garantia de
produção permanente (como a eólica), mas que, no entanto, podem (e devem) ser
usadas quando disponíveis, evitando o consumo de energia proveniente de fontes

4
não renováveis, ou mesmo de renováveis (como a hidrelétrica). O uso destas fontes
alternativas não prescinde de que exista uma fonte perene disponível (despachável
pelo operador do sistema) para ser utilizada quando necessário, permitindo a
continuidade do fornecimento de eletricidade.

Seção 1.2: A Matriz Elétrica Brasileira e o custo da energia


A figura 2.1 mostra a evolução da oferta Energética brasileira, indicando a
participação das diversas fontes de energia. Há um crescimento absoluto de quase
todos os tipos de energia, à exceção da lenha, carvão vegetal. Mais recentemente
nota-se também uma redução relativa nos derivados de petróleo. A figura 2.2 mostra
a participação relativa de cada fonte.
Em termos relativos, a eletricidade contribui com pouco menos de 20% do total
de energia consumida no país. Os valores são dados em tonelada equivalente de
petróleo (tep). Os valores somados de álcool e de bagaço de cana praticamente
igualam a energia elétrica. O maior insumo energético é o petróleo, usado para
praticamente todo o sistema de transporte e, em boa parte, também para outras
aplicações, como aquecimento e até mesmo em geração de eletricidade.
Percebe-se, assim, importância da redução do consumo de petróleo. Isso tem
como contrapartida a necessidade de um grande crescimento de produção de outras
fontes de energia, de modo a suprir o que for reduzido em termos de combustíveis
fósseis não renováveis. Por exemplo, com a eletrificação maciça da frota de veículos,
a redução no consumo de petróleo para fins de mobilidade terá que ser compensada
pela elevação acentuada na produção de eletricidade.
Ao longo da última década não se nota alguma mudança significativa na
participação relativa de diferentes recursos energéticos.

5
A figura 2.3 mostra a composição da Matriz Elétrica na região da América Latina
e Caribe, assim como a brasileira, em 2018 e 2019. Cerca de dois terços da
eletricidade brasileira provêm de fonte hidráulica. A energia elétrica gerada a partir de
fontes renováveis, em 2019 atingiu 83%. A matriz brasileira, em comparação com as
principais economias, é a mais “limpa”. O percentual de energia eólica tem crescido
constantemente ao longo da última década, com tendência de ser a segunda fonte
em geração de eletricidade a depender do despacho da geração térmica. De acordo

6
com a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), a capacidade instalada
no país chegou a 16 GW no primeiro semestre de 2020, com 637 parques eólicos e
7.738 aerogeradores.
A pequena redução na participação hidráulica se deve ao crescimento relativo
da geração eólica, solar e por gás natural. A partir de 2015 até 2020 houve uma
significativa redução do volume de agua armazenado junto às centrais hidrelétricas, o
que tem levado a uma maior produção pelas centrais térmicas, em especial as
alimentadas por gás natural.

Dados do Operador Nacional do Sistema (ONS) para 20215 indicam uma


capacidade instalada total de 170 GW. As fontes hidrelétricas somam 108 GW
(63,9%). A capacidade eólica atinge 18 GW (10,9%) enquanto a geração térmica a
partir de gás e gás natural totaliza 15 GW (8,9%). Geração térmica a partir de
biomassa totaliza 14 GW (8,3%). Fontes fotovoltaicas atingem 4 GW (2,2%). Carvão,
óleo combustível e diesel somados representam 7 GW (4,3%). A geração nuclear se
mantém em 2 GW (1,2%). Ainda segundo o ONS6, em 2020 houve produção de 679
TWh. Considerando a capacidade instalada e a efetiva produção de energia tem-se
um aproveitamento médio de 45%.
Os estudos oficiais sobre a evolução da matriz elétrica até 2030 indicam uma
redução relativa da fonte hidráulica (embora com aumento no valor absoluto) e um

7
crescimento de outras fontes renováveis, principalmente a biomassa e a eólica,
resultando em um aumento no total de fontes renováveis. Em termos absolutos, há a
previsão de um aumento de todas as fontes, incluindo a nuclear, gás natural e carvão.
Um conceito importante na concepção do sistema em geral é o de Garantia
Física, que é a energia que uma fonte geradora pode assegurar (antigamente
denominada “energia assegurada”) a um risco de 5%. Essa garantia é calculada por
modelos de simulação da operação em base mensal sobre séries sintéticas de vazões
(no caso das hidrelétricas), ou de comportamento do vento (no caso eólico) utilizando
uma determinada política de despacho das usinas. Seguem alguns exemplos, nos
quais se pode comparar a garantia física de alguns tipos de geração.

Tabela 2.1

Um aspecto determinante na efetiva implantação de aproveitamentos de fontes


renováveis de energia é seu custo. Conforme se verifica nas figuras 2.4 e 2.5, tem
ocorrido uma importante redução no custo dos sistemas eólicos e fotovoltaicos. Em
especial no Brasil, verificou-se em anos recentes uma tendência mais acentuada de
redução de custos na geração eólica, sendo atualmente (2019) o terceiro menor do
mundo, com US$0.048/kWh (perdendo para Suécia - US$0.046/kWh e China -
US$0.047/kWh).

8
A geração fotovoltaica segue a mesma tendência de redução de custo. O valor
por kWh ainda é, em geral, um pouco maior do que o obtido nas fontes eólicas. O
custo mínimo é da Índia, com US$0.045/kWh, com a China apresentando
US$0.054/kWh. O Brasil ainda não aparece (2019) nessa estatística.

A Figura 2.6 permite analisar o custo da eletricidade gerada por diferentes


fontes renováveis, comparando com combustíveis fósseis (faixa cinza na figura).
Agregam-se todos os custos, incluindo equipamentos, instalação, manutenção,
depreciação, etc. Note que o custo de geração hidroelétrica, apesar de um aumento
entre 2010 e 2019, ainda permanece menor do que o valor dado pelos combustíveis
fósseis. As gerações de origem eólica on-shore e solar FV apresentam grande
redução de custo no período considerado e praticamente atingem o valor mínimo do
preço da eletricidade gerada a partir de combustíveis fósseis.

9
Seção 1.3: Energia Eólica
Energia Eólica está associada à energia cinética das massas de ar em
movimento, ou seja, ao vento. Seu aproveitamento é milenar, sendo utilizada na
propulsão naval e, industrialmente, principalmente em moinhos e no bombeamento
de água.
O termo “eólico” provém da denominação do deus grego dos ventos, chamado
Éolo, que residia na ilha flutuante de Eólias.
O uso dos ventos para produção comercial de eletricidade se inicia na década
de 70, na Dinamarca, como consequência das crises de elevação do preço petróleo.
Ao longo dos últimos 40 anos houve grande evolução tecnológica associada a todos
os componentes de um sistema de geração eólica, desde questões estruturais das
torres, passando por aspectos aerodinâmicos, dos sistemas eletroeletrônicos de
potência e de controle e da injeção da energia no sistema elétrico.
Conforme, “para que a energia eólica seja considerada tecnicamente
aproveitável, é necessário que sua densidade seja maior ou igual a 500 W/m2, a uma
altura de 50 m, o que requer uma velocidade mínima do vento de 7 a 8 m/s14.
Segundo a Organização Mundial de Meteorologia, em apenas 13% da superfície
terrestre o vento apresenta velocidade média igual ou superior a 7 m/s, a uma altura
de 50 m. Essa proporção varia muito entre regiões e continentes, chegando a 32% na
Europa Ocidental”.

Seção 1.4: Potencial eólico


O potencial eólico brasileiro é mostrado na figura 2.7, segundo o Atlas de
potencial eólico, publicado em 2001, utilizando dados de medições de vento em todo
território nacional, incorporando fatores como a altitude (foi tomado o valor de 50 m
como referência), rugosidade do terreno e a variação dos ventos. Foi suposta uma
ocupação conservativa de obtenção de 2 MW/km2. Considera os valores médios dos
ventos (acima de 6 m/s) e sua distribuição, identificando a extensão territorial em que
ocorrem tais ventos, o que permite determinar a energia eólica disponível. A estimativa
utiliza o fator de capacidade (Cp) para determinar a energia elétrica efetivamente
disponível, bem como as curvas de eficiência dos sistemas mecânicos e de geração
de energia elétrica. Os sistemas foram considerados disponíveis 98% do tempo.

10
O mapa apresentado na figura 2.7 foi obtido desse conjunto de dados e resulta
em um potencial para produção de eletricidade de 143 GW (valor calculado em 2001,
a 50 m de altura). Estudos mais recentes, contabilizando a evolução da tecnologia
que permite, dentre outros fatores de aumento de produtividade, torres de maior
altura, ampliam este potencial para algo em torno de 900 GW 17, com fator de
capacidade que chegaria a 45%. A figura 2.8 mostra estudos de simulação com dados
de 2013, e cálculo a 100 m de altura.
O fator de capacidade (Cp) de energia eólica é a razão entre a potência média
presente no eixo da turbina e a máxima potência teoricamente disponível. Pode ser
calculado para uma única turbina, um parque eólico ou mesmo um país. Embora a
localização geográfica determine, em grande parte, o fator de capacidade de um
parque eólico, o Cp é também uma questão de desenho de turbinas. Para a realização
do Atlas foram considerados os seguintes valores de Cp:

11
Inúmeros avanços tecnológicos têm permitido ampliar a captação de energia,
além do simples aumento na altura das torres. Por exemplo, a adequação das pás
das turbinas às peculiaridades dos ventos no Brasil, que são diferentes dos ventos
predominantes na Europa em aspectos como distribuição de intensidade e variação
de direção. A figura 2.9 ilustra tais diferenças.

Seção 1.5: Potência eólica


Para o aproveitamento da energia contida no vento é preciso um fluxo
permanente e razoavelmente forte de vento. As turbinas modernas são projetadas
para atingirem a potência máxima para velocidades do vento da ordem de 10 a 15
m/s. A energia disponível para uma turbina eólica é a energia cinética associada a
uma massa de ar que se desloca a uma velocidade uniforme e constante v (m/s). Em

12
uma unidade de tempo, tal massa de ar, ao atravessar uma secção plana transversal

A (m2) delimitada pelo rotor da turbina, desloca uma massa Av (kg/s), em que p é

a massa específica do ar ( = 1,225 kg/m3), em condições de pressão e temperatura

normais.
Esta potência não pode ser integralmente convertida em potência mecânica no
eixo da turbina, pois o ar, depois de atravessar o plano das pás, sai com velocidade
não nula. Há um máximo teórico para o rendimento da conversão eolo-mecânica cujo
valor é 59,3%, conhecido por Limite de Betz. O rendimento efetivo da conversão numa
turbina eólica depende da velocidade do vento e é dado por:

O comportamento dos ventos é o principal determinante para a efetiva


produção de eletricidade. A distribuição de longo prazo de velocidades de vento
depende de fenômenos meteorológicos, cuja duração é da ordem de décadas, como
indica a figura 2.10. Fatores de capacidade com base na produção anual, portanto,
podem não refletir o potencial de longo prazo de uma região.

Todas as turbinas eólicas instaladas globalmente em 2019, totalizando 650


GW21, teriam capacidade de produzir mais de 5700 TWh de eletricidade, o que
representa aproximadamente 25% do consumo global 22. No entanto, dado que a
eletricidade proveniente de fontes eólicas não é produzida continuamente, sendo

13
afetada pela intensidade dos ventos e por outros aspectos climáticos, o efetivo
aproveitamento de tal potencial é significativamente diminuído.
Os dados da Tabela 2.3 indicam as maiores capacidades instaladas em GW (à
esquerda), bem como o aproveitamento em termos da energia anual (TWh) nos
países com maior produção. A média mundial de aproveitamento da capacidade
instalada é de 24,5%. Dentre os maiores produtores, o Brasil tem, com folga, o maior
aproveitamento, com 42,7%; os Estados Unidos vêm em seguida com 32,8%. Já a
China, embora seja o país com a maior capacidade instalada e maior produção, tem
um aproveitamento baixo, de apenas 19,6%. Isso indica a qualidade excepcional dos
ventos no Brasil. A figura 2.11 mostra o comportamento médio mensal do fator de
capacidade por unidade da federação. Notem-se os valores muito elevados, em
especial nos estados do nordeste, bem como as diferentes sazonalidades a depender
da localização.

Seção 1.6: Aerogeradores


Turbinas eólicas de eixo horizontal (HAWT, na sigla em inglês) têm o eixo do
rotor principal e gerador elétrico no topo de uma torre. Pequenas turbinas são

14
apontadas na direção do vento por um cata-vento simples. Turbinas grandes
geralmente usam um sensor de vento acoplado a um servomotor para acertar o
direcionamento. A maioria tem uma caixa de engrenagens que ajusta a rotação lenta
das pás a uma rotação mais rápida, adequada ao gerador elétrico.
Turbinas usadas em parques eólicos para a produção comercial de energia
elétrica são geralmente de três pás. Apesar de os rotores com duas pás serem um
pouco mais eficientes, são mais instáveis e propensos a turbulências, trazendo risco
à sua estrutura. Isso já não acontece nos rotores de três pás que são muito mais
estáveis, barateando o custo do sistema de suporte e possibilitando a construção de
aerogeradores de mais de 100 metros de altura e com capacidade de geração de
energia que atinge 10 MW.
Em um rotor com duas pás, quando uma passa pelo ponto mais elevado, estará
submetida à máxima força do vento, enquanto a pá inferior estará passando pela torre,
ou seja, com a mínima força. Isso produz um esforço adicional sobre o eixo e sobre a
torre. Com o uso de três pás tal situação de desequilíbrio não ocorre, dado o
posicionamento a 120º entre elas.
Dado o diâmetro do rotor, a velocidade periférica das pás é elevada, em torno
de 300 km/h. As pás são geralmente leves de cor cinza para se mimetizar com as
nuvens, com comprimento de 20 a 40 metros ou mais. As pás giram 22 a 10 rotações
por minuto. Uma caixa engrenagens é usada para elevar a velocidade de giro na
conexão com o gerador. Alguns modelos operam a velocidade constante, mas mais
energia pode ser coletada por turbinas de velocidade variável, empregando
conversores eletrônicos de potência na interface com o sistema elétrico. Estas
turbinas são equipadas com recursos de proteção para evitar danos em velocidades
de vento muito altas, com controles de posicionamento das pás e sistemas de freio.
Turbinas eólicas de eixo vertical (VAWT, na sigla em inglês) têm o eixo do rotor
principal disposto verticalmente. A principal vantagem deste arranjo é que a turbina
não precisa ser apontada na direção do vento, o que é útil em locais onde a direção
do vento é muito variável e em ambientes urbanos. É aplicada principalmente em
potência reduzida e em locais em que não são viáveis torres de maior altura. A
turbulência resultante no vento é mais severa e não permite instalações de “wind
farms”.

15
Com a estrutura de eixo vertical, gerador e caixa de engrenagem podem ser
colocados perto do chão, melhorando a acessibilidade para manutenção. Por
apresentar baixa velocidade de rotação, as VAWT têm torque elevado, o que implica
em maiores relações na caixa de engrenagens. A maior turbulência no fluxo de ar leva
a um comportamento pulsante no torque. Há uma maior dificuldade de modelar o fluxo
de vento com precisão e, portanto, problemas para analisar e projetar o sistema antes
de fabricação de um protótipo.
As turbinas de eixo horizontal convertem mais energia eólica em mecânica
porque as lâminas são perpendiculares à direção do vento e captam a energia em
toda amplitude de sua rotação. Em comparação, as pás numa turbina de eixo vertical
apresentam menor rendimento, capturando energia do vento apenas na parte frontal;
na posição traseira de sua rotação apenas se movimentam de acordo com a rotação,
mas não colaboram para o torque.
A potência das turbinas segue uma trajetória crescente há muitos anos, como
ilustra a figura 2.13. A conversão de maiores potências exige maior área coberta pelo
giro das pás, concomitantemente à maior altura das torres e, por conseguinte,
colhendo ventos de maior intensidade.

16
Seção 1.7: Conexão com a rede elétrica
Os procedimentos para a conexão de um gerador isolado ou de um conjunto
de aerogeradores (fazenda eólica – Wind farm) são previstos por normas específicas,
como a Resolução Normativa ANEEL 482/201229 com as modificações introduzidas
pela REN ANEEL 687/201530, a ANSI/IEEE 1021-198831 e a IEEE Std. 1094-
199132.
Com base na experiência da operação de sistemas de energia eólica de grande
potência, têm ocorrido modificações das normas para conexão e operação na rede de
alta tensão. O objetivo destas novas disposições é melhorar e estabilizar o
comportamento das turbinas eólicas, diminuir a quantidade de energia eólica perdida
em distúrbios do sistema e permitir que as centrais eólicas operem com características
semelhantes àquelas do sistema de potência convencional. Os requisitos mais
comuns incluem capacidade ride-through, limites de variação para tensão e
frequência, regulação de potência ativa e reativa e controle de frequência, bem como
do fator de potência e a capacidade de regulação de tensão.
As normas atuais exigem que os grandes parques eólicos (especialmente
aqueles ligados na alta tensão) devam suportar quedas de tensão para uma
determinada percentagem do valor nominal, por um tempo especificado. Tais
requisitos são conhecidos como FRT (Fault Ride Through), denotando a imunidade
mínima exigida da fonte para afundamentos de tensão. Como exemplo, a figura 2.14
ilustra os limites utilizados nas normas norte-americana, canadense e irlandesa. No
caso ilustrado, a central eólica deve ser capaz de operar continuamente com 90% da
tensão nominal de linha, medida no lado de alta tensão do transformador da
subestação.

17
Seção 1.8: Estrutura interna de aerogerador
A figura 2.15 mostra os principais componentes de um aerogerador. Sistemas
de pequeno porte (até algumas dezenas de kVA) são, em geral, conectados à rede
de distribuição em baixa tensão. Para potências mais elevadas são utilizados
transformadores acoplados ao sistema de distribuição (em geral) no lado de média
tensão. Parques eólicos podem ser conectados em níveis mais altos de tensão.
Dado que a velocidade dos ventos varia, as turbinas eólicas são projetadas
para trabalhar em uma faixa de velocidade abaixo da máxima velocidade do local onde
será instalada. Se fosse projetada para trabalhar à máxima velocidade, seria
necessária uma estrutura muito mais robusta e haveria menor produção com
velocidades menores.

18
Existem diferentes modos de realizar o controle de potência nas turbinas. O
mais simples é o posicionamento do eixo de modo a se alinhar com a direção do
vento e obter a máxima potência (yaw control). Tal alinhamento pode ser feito de modo
controlado por um servomotor, ou ocorrer pelo próprio projeto da turbina. Como
método de controle dinâmico da potência gerada, é normalmente usado apenas em
turbinas de baixa potência, uma vez que em potências maiores, tal procedimento
produziria grandes esforços no sistema.
Um sistema de controle ativo permite alterar o ângulo do passo (pitch) ao girar
as pás em seu eixo longitudinal, de forma a reduzir o ângulo de ataque, diminuindo a
velocidade das pás. A figura 2.16 ilustra os princípios aerodinâmicos associados ao
controle de pitch.

Outro método consiste em um controle passivo (“stall” ou estol, em português)


que se baseia no projeto aerodinâmico das pás. Quando a velocidade do vento supera
a velocidade nominal, surgem regiões de turbulência entre o fluxo de ar e a superfície
das pás, reduzindo a força de sustentação e aumentando a força de arrasto. Devido
a tal fenômeno, o sistema atua como um freio aerodinâmico, controlando a potência
produzida pela turbina. Para evitar que o estol ocorra em todas as posições da pá ao
mesmo tempo, o que reduziria drasticamente a potência do rotor, as pás possuem
uma torção longitudinal que leva a um suave desenvolvimento do estol. Sob todas as
condições de velocidade do vento superior à nominal, o fluxo em torno dos perfis das
pás é, pelo menos parcialmente, deslocado da superfície, produzindo sustentações
menores e forças de arrasto mais elevadas.
Uma variação do controle de estol e passo é o chamado “stall ativo” que se
baseia na alteração do eixo das pás (como no pitch), porém de forma a provocar “stall”.

19
A figura 2.18 ilustra o efeito dos diferentes controles em termos da
característica de produção de potência. A manutenção da potência em seu valor
nominal à medida que aumenta a velocidade do vento se deve ao posicionamento das
pás, o que resulta em uma redução no parâmetro Cp (eq. 2.2). Em velocidades muito
elevadas o sistema é desligado para evitar danos.

Seção 1.9: Aspectos ambientais


Claramente o uso da energia eólica para produção de eletricidade não acarreta
emissão de gases na atmosfera. O estudo ambiental, no entanto, deve ser completo,
ou seja, analisar a demanda de energia e a emissão de gases durante todo o processo
de produção dos equipamentos, sua instalação e posterior descarte. Assim,
obviamente a energia a ser produzida por um sistema tem que ser capaz de produzir
mais energia do que a demandada para sua fabricação e descarte. Este aspecto será
aprofundado na sequência deste capítulo.
Existem ainda outros aspectos ambientais que não devem ser negligenciados.
É importante que os projetos sejam adequadamente integrados na paisagem e
desenvolvidos em colaboração com as comunidades locais, para manter o apoio da

20
opinião pública a esta forma de energia. Aspectos do balanço energético entre a
produção e operação dos parques eólicos e a produção de eletricidade serão
considerados em seção posterior.
O ruído produzido pelas turbinas é também apontado como argumento contra
o uso da energia eólica. O ruído mecânico está associado a caixa de velocidades, ao
gerador e aos motores auxiliares. O ruído aerodinâmico está relacionado com o
movimento das pás, que é inevitável, principalmente a baixas velocidades do vento,
uma vez que em altas velocidades o ruído de fundo se sobrepõe ao das turbinas.
Tanto a interferência eletromagnética com sinais de comunicações, como os
efeitos sobre a vida animal, principalmente as aves migratórias, não são superiores
aos de outras estruturas de grande porte semelhantes, podendo ser evitados através
da escolha criteriosa do local de instalação. O uso do terreno para outras finalidades,
como a agricultura ou a criação de animais, não fica comprometido, uma vez que
apenas uma pequena percentagem do espaço onde é instalado o parque eólico fica
efetivamente ocupada.

21
Unidade 2: Fontes alternativas e renováveis de energia
no Brasil

Seção 2.1: Fontes alternativas de energia


O desenvolvimento da humanidade, ao longo de muitos anos, garantiu
melhores índices de conforto e longevidade devido a avanços na agricultura, na
medicina, dentre outros. A partir destes, a densidade populacional no planeta vem
aumentando e, com isso, também aumenta a procura por mais recursos energéticos,
causando impactos ambientais que vêm sendo discutido mundialmente, mediante a
conscientização da gravidade da questão. Nesse sentido, a crescente preocupação
com as questões ambientais e a conscientização mundial sobre a promoção do
desenvolvimento em bases sustentáveis vêm estimulando a realização de pesquisas
de desenvolvimento tecnológico que visam à incorporação dos efeitos da
aprendizagem e a consequente redução dos custos de geração dessas tecnologias
(FREITAS & DATHEIN, 2013).
Mundialmente, a fonte energética mais utilizada para a produção de energia
elétrica é proveniente de fontes fósseis e não renováveis como o petróleo, o carvão
mineral e o gás natural. As grandes dependências de fontes não renováveis de
energia têm acarretado, além da preocupação permanente com o seu esgotamento,
a emissão de gases tóxicos e poluentes e material particulado. Dos gases liberados
para a atmosfera, os mais preocupantes do ponto de vista mundial são os “gases do
efeito estufa”, destacando-se o dióxido de carbono (FREITAS & DATHEIN, 2013).
Assim, várias são as razões para o fomento às fontes renováveis alternativas.
Atualmente, os recursos naturais e renováveis tem sido o foco de inúmeras pesquisas,
impulsionadas pelo aumento das preocupações com o meio ambiente, devido aos
problemas ecológicos e do aquecimento global, gerados pela utilização de
combustíveis fósseis. O aproveitamento correto das fontes renováveis é um excelente
modo de substituir as “energias sujas” e evitar danos ao planeta (AZEVEDO, 2013).
As fontes renováveis de energia são aquelas em que os recursos naturais
utilizados são capazes de se regenerar, ou seja, são considerados inesgotáveis, além
de diminuir o impacto ambiental e contornar o uso de matéria prima que normalmente
é não renovável. Dentre as energias alternativas renováveis, mais conhecidas
atualmente encontram-se a energia eólica, energia hidráulica, energia do mar, energia

22
solar, energia geotérmica e biomassa. A utilização dessas energias alternativas
renováveis em substituição aos combustíveis fósseis é viável e vantajosa. Além de
serem praticamente inesgotáveis, as energias renováveis podem apresentar impacto
ambiental muito baixo, sem afetar o balanço térmico ou a composição atmosférica do
planeta. O desenvolvimento das tecnologias para o aproveitamento das fontes
renováveis poderá beneficiar comunidades rurais e regiões afastadas, bem como a
produção agrícola através da autonomia energética e consequente melhoria global da
qualidade de vida dos habitantes (COSBEY, 2011).

Seção 2.2: Biomassa


A biomassa é todo insumo renovável proveniente de matéria orgânica
produzida em um ecossistema (animal ou vegetal), que pode ser utilizada na produção
de energia elétrica, sendo apenas uma parte dessa matéria utilizada como biomassa,
devido ao que o ecossistema absorve para sua própria manutenção. E assim como
outras fontes renováveis de energia, é uma forma indireta da energia solar. Assim,
para definir a biomassa para geração de energia elétrica, exclui-se os combustíveis
fósseis. (EDUARDO & MOREIRA, 2010; MONTEIRO et al., 2013).
Existem vários tipos de tecnologias empregadas para a produção de energia
elétrica a partir da biomassa, porém todas elas estimam-se a conversão de matéria
orgânica em um produto mediatário que será utilizado em uma máquina motriz,
fazendo com que esta máquina gere energia mecânica movendo-se o gerador de
energia elétrica. De maneira geral todas as tecnologias existentes são aplicadas em
processo de cogeração. Esse sistema de cogeração permite produzir sincronicamente
energia e calor e assim permitem configurar estes sistemas à forma mais coerente
para a utilização de combustíveis. No entanto dentre os principais processos de
conversão da biomassa em energéticos e seu aproveitamento, podemos citar a
combustão direta, gaseificação, pirólise, digestão anaeróbica, fermentação e a
transesterificação (ATLAS, 2008; WWF, 2012; CEMIG, 2012).
A biomassa é uma das fontes que tem crescido muito no Brasil com sistemas
de cogeração do setor industrial e de serviços e possivelmente tende a crescer muito
mais aos longos dos anos. Vários são os fatores para esse crescimento sendo os
principais deles a capacidade já instalada até agora e o aumento do potencial da

23
produção de cana-de-açúcar, motivado pelo consumo crescente do etanol
(EDUARDO & MOREIRA, 2010).

Seção 2.3: Energia Eólica


A energia cinética contida nas massas de ar em movimento (vento) vem sendo
usado pelo homem há mais de 3.000 anos. O conceito de gerar energia elétrica a
partir dos ventos teve início no século XIX, naquela época eram usados os moinhos
para moer grãos, transportar mercadorias em barcos a vela e bombear água, sendo
utilizado o mesmo método até os dias de hoje, onde o vento atinge a hélice da qual
gira um eixo impulsionando gerador (ATLAS, 2008).
As tecnologias de aproveitamento para a geração de energia eólica, se dá
através dos aerogeradores eólicos que têm por objetivo principal maximizar o
aproveitamento do vento para geração de eletricidade, obedecendo os seguintes
aspectos como locais com muito ou pouco vento, conexão aos sistemas elétricos
locais, desempenho aerodinâmico, desempenho acústico, situações climáticas
extremas, integração com o meio ambiente e impacto visual. As turbinas são
classificadas como pequenas, médias e grandes (ATLAS, 2008; CEMIG, 2012).
Apesar deste tipo de tecnologia não queimar combustíveis fósseis e
consequentemente não produzir emissões atmosféricas poluentes, a sua implantação
com fazendas eólicas não é plenamente privada dos impactos ambientais, visto que
elas modificam as paisagens com suas grandes torres e hélices e ainda ameaçam as
aves se forem implantados em rotas migratórias. Sem contar os ruídos emitidos (baixa
frequência) que podem causar incomodo e até mesmo interferências nas TVs. Outro
problema grande também enfrentado é o alto custo dos geradores eólicos e ainda
assim com esses custos elevados acaba sendo uma fonte de alternativa viável, pois
tem um retorno financeiro a curto prazo (CEMIG, 2012; SILVA & BRITO, 2016).
Assim no âmbito nacional e em relação à crise energética existente, as
perspectivas quanto ao uso dessa energia são cada vez maiores e apesar de estarem
em crescimento no Brasil, no mundo ela já movimenta cerca de 2 bilhões de dólares.
No Brasil o Ceará foi o primeiro estado a se manifestar em relação a essa energia e
assim estimulou vários outros estados brasileiros que hoje tem 20,3MW de
capacidade instalada em território nacional conectadas a rede elétrica (ANEEL, 2016;
SILVA & BRITO, 2016).

24
Seção 2.4: Energia Geotérmica
A energia geotérmica ou geotermal é proveniente do calor existente no interior
da terra e existe desde que o planeta foi criado. Ela surgiu na Itália em 1904 com
tentativas de gerar eletricidade a partir dessa energia, porém não foi bem-sucedido
devido substâncias encontradas no vapor absorvido. Assim, os principais recursos
desta energia são os gêiseres (fontes de vapor no interior da terra que demonstra
erupções frequentemente) e onde existem água ou rochas a temperaturas altas,
possibilitando o seu aproveitando de energia térmica e consequentemente energia
elétrica. Portanto, está água a temperaturas altas produz o vapor que posteriormente
alimenta os geradores de turbina e produz a eletricidade. Essa fonte alternativa de
energia é possível em razão da capacidade natural da terra em reter calor em seu
interior, onde acha-se magma que se constitui em rochas derretidas. Atualmente
existem três formas de aproveitamento da energia geotérmica dentre elas a utilização
direta, centrais geotérmicas e as bombas de calor (CEMIG, 2012; PIMENTA-NETO &
ARAUJO, 2014).
Este tipo de energia possui muitos benefícios em relação aos impactos
ambientais como não agredir o solo, custo baixo para manutenção, não é vulnerável
ao clima, benefícios em áreas afastadas, porém também gera impactos ambientais
como liberação de dióxido de enxofre que é prejudicial à saúde e altamente corrosivo
gerando também um odor desagradável, eventual afundamento do terreno, possível
contaminação de lagos e rios e a principal desvantagem é que só pode ser operada
em áreas propícias (PIMENTA-NETO & ARAUJO, 2014).
No Brasil existem poucas áreas para esse tipo de aproveitamento de energia,
e mesmo as que existem praticamente não são utilizadas. Não há produção de
energia geotérmica no Brasil, o pais aproveita apenas o calor gerado por águas
termais e utiliza as mesmas para o turismo como encontrado nas cidades de Poços
de Caldas (MG) e Caldas Novas (GO) (ATLAS, 2008).

Seção 2.5: Energia hidráulica


A energia hidráulica teve origem desde os tempos remotos no século II a.C,
onde utilizavam-se as famosas ‘’noras’’ (rodas de água do tipo horizontal), na qual
começaram-se a substituir o trabalho animal pelo trabalho mecânico. E assim com o

25
desenvolvimento tecnológico no século XVIII surgiram as primeiras turbinas e os
motores hídricos o que favoreceu na transformação de enérgica mecânica em energia
elétrica. Essa energia tinha como parâmetros a acumulação, a aceleração e a
evaporação da água, características estas causadas pela energia gravitacional e pela
irradiação solar, tornando estes responsáveis pela geração de energia elétrica
(ATLAS, 2008; CEMIG, 2012).
A constituição de uma usina hidroelétrica, se dá de forma conjunta e integrada
sendo formada basicamente pelo sistema de captação e adução da água, pela
barragem, pela casa de força e pelo vertedouro. A finalidade da barragem é interceptar
água, formando um reservatório onde será armazena a água. Afora o armazenamento
de água este reservatório facilita para que a vazão do rio seja adequada, tanto em
dias chuvosos quanto em dias de estiagem, acarretando na captação da chuva em
volume adequado e em uma diferença de altura de modo que se torna essencial para
a geração de energia hidroelétrica (EDUARDO & MOREIRA, 2010; CEMIG, 2012).
Mesmo com o alto custo para implantação de usinas hidroelétricas, o preço do
seu combustível principal (a água) é zero o que o torna uma energia renovável e não
poluidora de gases poluentes na atmosfera, contribuindo para a luta contra o
aquecimento global. Entretanto apesar de ser uma energia renovável e não liberar
gases poluentes, as usinas hidroelétricas causam grandes impactos ambientais e
sociais na sua implantação como a destruição vegetal natural, o assoreamento do
leito dos rios, o desmoronamento de barreiras, a extinção de certas espécies de
peixes, além dos impactos sociais relacionados ao deslocamento das populações que
ali viviam (QUEIROZ et al., 2013).
O Brasil hoje desfruta das hidroelétricas como sendo sua principal fonte de
energia, composto atualmente por 1220 usinas hidroelétricas com capacidade total de
92.415MW instalada correspondendo a 61,34% na matriz elétrica brasileira, e esses
números tendo a subir nos próximos anos com mais sete empreendimentos em
construção e seis para iniciar (ANEEL, 2016).

Seção 2.6: Energia do Mar


Assim como algumas energias a energia dos oceanos é indiretamente oriunda
da energia solar, visto que o sol aquece a superfície da terra provocando os ventos

26
que de modo em contato com a água transfere energia através da operação das
tensões cisalhantes, que por sua vez resulta na formação e crescimento das ondas.
Essa energia teve origem no século XII na Europa, onde usavam-se moinhos
submarinos nas entradas de estreitas baías (o fluxo e o refluxo movimentavam as
pedras de moer). A energia proveniente do mar demonstra grandes quantidades de
energia armazenada no deslocamento das suas massas de água, sendo essa energia
uma grande oportunidade em todo o mundo, visto que é uma energia limpa sem
agredir ao meio ambiente (ATLAS, 2008).
Para o aproveitamento dessa energia existem no momento basicamente 4
tecnologias envolvidas, energia das ondas, energia das marés, energia térmica dos
oceanos e energia cinética através das correntes marítimas. Contudo há perspectivas
de aperfeiçoamento de diferentes tecnologias, que ainda estão a dar os primeiros
passos, que serão aprimoradas e posteriormente expandidas em todo o mundo ao
longo dos anos (CEMIG, 2012).
Este tipo de energia ainda não tem um grande avanço mundial, entretanto em
nosso pais estudos feitos pela Coordenação de Pós-Graduação de Engenharia
(COOPE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), visam um potencial de
geração de 40GW existente. Desta forma foi instalado um protótipo de forma
experimental no Porto de Pécem no estado do Ceará e é a primeira usina da América
Latina movida pela força das ondas, tendo a capacidade de geração de 50kW (ATLAS,
2008; CEMIG, 2012).

Seção 2.7: Energia Solar


O mundo tem ligação com a energia desde os tempos primórdios, mais
especificamente no século VII a.C, visto que já naquela época o sol era utilizado para
secar peles e alimentos e até mesmo para fazer fogo na qual usavam lentes para
concentrar o sol e assim queimar pequenos pedaços de madeira. O sol é o maior
potencial de energia que supre a terra, sendo uma fonte indireta de quase todas as
outras formas de energia (hidráulica, biomassa, eólica, combustíveis fósseis e energia
dos oceanos). O processo de energia oriunda sol acontece com o aquecimento da
atmosfera desproporcional, produzindo a circulação atmosférica e o ciclo das águas,
de forma a serem aproveitados nos parques eólicos e com seu represamento
posteriormente proporcionando a geração hidroelétrica. Existem duas formas para o

27
aproveitando do potencial de sendo elas a sistemas de altas temperaturas e as
sistemas de coletores solares (EDUARDO & MOREIRA, 2010; DANIEL et al., 2016).
O Brasil, em relação à energia solar, é considerado privilegiado, visto a imensa
incidência de raios solares emitidos em seu território e pelas reservas de quatzo para
a produção do silício, utilizados na fabricação de células solares. Ainda em razão disso
vários são os benefícios como gases não poluentes na atmosfera comparada a outras
energias, a mínima manutenção em suas centrais, a sua utilização em lugares
remotos ou de difícil acesso, e uma grande vida útil de seus sistemas implantados.
Entretanto, ainda causa alguns impactos ambientais como emissões de produtos
tóxicos durante a produção do insumo utilizado para a produção dos módulos e
componentes periféricos, não podendo ser usado nos períodos de chuva e noturno
(AGUILAR et al., 2012).
Com a grande e acelerada crescente da energia solar, o Brasil atualmente
possui atualmente 39 usinas solares com capacidade de 22.952kW representando
0,0150% na matriz elétrica brasileira conectadas a rede elétrica e as não conectadas
a rede estima-se o consumo entre 300 a 500kWh/mês (ANEEL, 2016).

Seção 2.8: Custo das fontes alternativas renováveis de energia


O Brasil possui um gigantesco potencial de geração de energia e possui
vantagem em relação aos outros países no que se refere a alternativas renováveis de
energia, porém quando se trata da implementação das tecnologias dessas fontes
encontramos ainda algumas dificuldades. Essas dificuldades geralmente são as
mesmas em todos as novas tecnologias de implantação dessas fontes, pois as fontes
em nosso país ainda estão em desenvolvimento. Na maioria das vezes encontramos
um mercado limitado junto a essas tecnologias influenciando diretamente no custo
dessas fontes como ilustrado na tabela abaixo, o que favorece constantemente a
importação de tecnologias de outros países (CEMIG, 2012; WWF, 2012).

28
Seção 2.9: Impactos ambientais e sociais das energias alternativas reno-
váveis
As fontes de energias alternativas renováveis vêm numa crescente aceleração
e motivadas em todos os países por conta das consequências severas em relação
aos impactos ambientais produzidos pelas energias não renováveis como o petróleo,
gás natural, carvão mineral e combustíveis nucleares, em razão da luta contra o
aquecimento global. Visto essa preocupação com as energias não renováveis em
relação aos seus impactos ambientais causados e a crescente demanda de energia
em todo o mundo, o grande desafio aos longos dos anos será a produção de mais
energia emitindo menos gases de efeito estufa (AGUILAR et al., 2012; SANTOS,
2015).
O Planejamento de Recursos Integrados (PRI) se inclui nesse processo como
forma de minimização dos custos, impactos ambientais e sociais das energias
renováveis levantadas anteriormente, possibilitando um planejamento a curto ou a
longo prazo observando as dimensões sociais, políticas, técnico-econômicas e
ambientais (TUNDISI & MATSUMURA-TUNDISI, 2011).
O aproveitamento da energia sempre gera algum tipo de impacto ambiente seja
ela renovável ou não renovável, de pequena ou grande proporção. Porém, esses
impactos podem ser minimizados quando associados o planejamento de recursos
integrados, visto que eles visam um mundo mais sustentável, promovendo medidas
políticas e econômicas (TUNDISI & MATSUMURA-TUNDISI, 2011; FREITAS &
DATHEIN, 2013; SANTOS, 2015).
Contudo, com um Planejamento de Recursos Integrados bem estruturado,
desenvolvido e adequadamente avaliado é praticável a realização de uma análise e
exploração da real necessidade de uma implantação de um projeto energético
possibilitando a minimização dos impactos sociais provenientes na implantação
dessas energias e assim promovendo o desenvolvimento sustentável.
Foram identificados seis tipos de energias alternativas renováveis no Brasil,
Biomassa, Eólica, Geotérmica, Hidráulica, Marítima (energia do mar) e solar. A
energia solar é a que mais se viabiliza aos mecanismos existentes no Brasil em função
de sua aplicabilidade mesmo em locais isolados, devido ao imenso potencial
energético dessa fonte, encontrado em todo território e quanto a redução dos impactos

29
ambientais, em comparação com as outras fontes de energia. Quanto aos impactos
ambientais identificados nas diferentes fontes renováveis de energia, concluiu-se que
esses são considerados de baixa escala e com uma expressiva minimização desses
impactos quando comparados as fontes não renováveis de energia. Embora as novas
tecnologias de aproveitamento de energia ainda tenham um alto custo de implantação,
vale ressaltar que algumas delas como a energia eólica, biomassa e a solar,
apresentam um curto prazo, tanto de implantação, quanto de retorno financeiro, além
de minimizar o impacto no meio ambiente. Deste modo, este estudo evidenciou que
mesmo com diversas alternativas energéticas e um imenso potencial de recursos
naturais renováveis, o Brasil ainda utiliza pouco dos seus recursos naturais, ainda que
as crescentes implantações das energias eólica e solar estejam em expansão, quando
analisado o imenso potencial existente em território brasileiro, o potencial instalado de
energias renováveis podem ser consideradas insuficientes para a geração de energia.

30
Unidade 3: Energias renováveis – tipos, definições,
implementação

Seção 3.1: Introdução


Optar por algum desse tipo de energia, torna-se evidente ao se observar sua
importância e seu debate atual em nossa sociedade, com projetos criados para
diminuir o uso de combustíveis fósseis e sua consequente poluição do meio ambiente.
Sua substituição por uma forma mais limpa de energia, que não agrida o meio
ambiente é sustentavelmente importante.
No intuito de responder a questão: Existe viabilidade na utilização de energias
de fontes renováveis para produção de eletricidade em substituição a combustíveis
fósseis utilizados atualmente?, tem-se como objetivo: identificar tipos de energias
renováveis existentes, descobertas mais recentes sobre o tema, como forma de
substituição aos combustíveis fósseis utilizados na geração de energia elétrica para
atendimento à demanda da sustentabilidade (relação produção e consumo). Elencou-
se, então, como objetivos específicos: a) compreender o funcionamento de conversão
de cada energia renovável estudada; b) identificar a viabilidade de implementação
dessas fontes renováveis no Brasil como fonte de energia elétrica; c) averiguar se
todas as fontes de energia renovável estudadas são limpas e atendem critérios de
sustentabilidade; d) verificar a possibilidade de implementação de cada energia
renovável em larga escala.
Fica claro que o território brasileiro, sua geografia (clima, extensão de território,
etc.) e sua localização no globo, privilegia o Brasil para aplicação, na sua grande
maioria, das energias renováveis analisadas, comparado com outros países. Todas
as fontes de energia estudadas são renováveis, nem todas apresentam-se totalmente
limpas, todavia sobressaem-se aos recursos fósseis. A dificuldade de implementação
em larga escala se dá, principalmente, devido a custos altos e investimentos
paupérrimos, seja por incentivo governamental, seja por conhecimento técnico ou até
mesmo escassez tecnológica.

Seção 3.2: Energias Renováveis


A alteração das formas de fabrico de energia, juntamente com a ampliação de
fontes renováveis, que possibilitam, ao decorrer desta nova fase, modificar de uma

31
matriz energética baseada em recursos fósseis para uma matriz energética
predominantemente renovável (recurso que se reabastece naturalmente: chuva, sol,
vento, maré, energia geotérmica), eventualmente sejam o tema mais discutido e
popular deste cenário junto à sustentabilidade, observando as discussões
relacionadas ao aquecimento global e às mudanças climáticas (PHILIPPI JR; REIS,
2016).
A crescente expansão da discussão acerca da sustentabilidade no mundo,
hoje, se deve ao fato dos “[...] impactos causados ao meio ambiente, principalmente,
na queima de combustíveis fósseis, como o petróleo, carvão mineral, gás natural, etc.
(BIANCHINI, 2013, p. 02).
Sustentabilidade, de acordo com Martins e Cândido (2010 apud
NASCIMENTO, 2015, p. 16) baseia-se “[...] no crescimento das relações de produção
e consumo, tem como principais implicações o aumento da poluição e aumento nos
níveis de desigualdade social e de concentração de riquezas.”
A Declaração de Joanesburgo (2010) concebeu o conceito de desenvolvimento
sustentável com base em três pilares: econômico, social e ambiental, “[...]
prosperidade econômica, equidade social e qualidade ambiental, sendo igualmente
importantes” (TRIBESS-ONO; PANUCCI- FILHO, 2012, p. 05).
Nesse contexto, para que empresas obtenham destaque no cenário mundial,
precisam demonstrar preocupação com questões sustentáveis, o que as obriga a
traçar planos de metas que abarquem, integrem e mantenham equilíbrio de suas
ações em relação a estes pilares, como forma de garantir a sustentabilidade do
desenvolvimento.
No pilar social, a preocupação está concentrada nas relações,
responsabilidades, transformações, planejamentos, impactos, desigualdades sociais.
Para as empresas o produto é pensado nesse contexto, por exemplo; sua colocação
no mercado levará em consideração o ambiente, a localização, as pessoas, como
essa vertente fabril se comporta, como influencia o dia a dia das pessoas, etc.
No pilar econômico, a preocupação é, obviamente, com a viabilidade financeira
da empresa e suas implementações sustentáveis. Naturalmente, qualquer
empreendimento precisa de lucro para se manter competitivo no mercado, sendo
assim, todo empreendimento deve levar em consideração, de modo harmônico e
eficiente, o crescimento e a prosperidade econômica da organização. Este,

32
consequentemente, influenciará no desenvolvimento dos demais pilares do
desenvolvimento sustentável.
Por fim, o pilar ambiental. Aqui reside o assunto ao qual se tem interesse neste
artigo científico, visto que, tudo que se relaciona a cuidados com a natureza se
relaciona com este pilar, como: destinação correta de resíduos, reciclagem de lixo,
energias renováveis, entre outras. A preocupação com as futuras gerações é real e
urgente, pois percebe-se cada vez mais “[...] a limitação dos recursos naturais, a
degradação ambiental e o consumismo desenfreado, então as alternativas para conter
o desequilíbrio do sistema, se apoiam no conceito de desenvolvimento sustentável.”
(TRIBESS-ONO; PANUCCI-FILHO, 2012, p. 02). Constata-se, assim, que o meio
ambiente tem participação direta no processo de gerenciamento de uma organização
e relação direta com os outros pilares.
O Brasil é, segundo o Anuário Estatístico de Energia Elétrica 2017 (ano base
2016), líder entre os países que utilizam fontes renováveis em sua matriz
(MINISTÉRIO..., 2017). A seguir serão demonstrados tipos de energias renováveis
que estão sendo estudados e aplicados recentemente, como funcionam, viabilidade
de implementação, preocupações em relação à sustentabilidade e quais as
dificuldades de implementação em larga escala. Os tipos de energias que serão
abordadas neste estudo são: solar, eólica, oceânica, hidrelétrica, geotérmica e de
biomassa.

Seção 3.3: Energia Solar


O sol é a maior fonte de energia existente, desta forma, é o meio mais favorável,
sustentável para convertimento de energia térmica. Pode-se dizer, que é o principal
tipo de energia renovável, visto que, as demais formas de energia necessitam da
radiação solar para existir, com exceção da energia geotérmica (NASCIMENTO,
2015).
Trata-se de uma forma de energia concebida a partir do calor do sol ou da luz
solar, fornecendo “[...] anualmente para a atmosfera terrestre cerca de 1,5 x1018 kWh
de energia. Esse valor corresponde a 104 vezes o consumo mundial de energia neste
período.” (BIANCHINI, 2013, p. 6). Assim, esse recurso energético vem ganhando
cada vez mais notoriedade, apesar de tornar-se uma fonte cara, devido à exigência
de tecnologia para aproveitamento e armazenagem (SPIRO; STIGLIANI, 2009).

33
Sua implementação demanda medições e cálculos matemáticos para
demonstrar os locais de maior incidência dos raios sobre a terra, onde a variação
depende da altitude, amplitude do local e até mesmo da própria temperatura, para
facilitar a melhor forma de captação da energia.
Para Pereira et al. (2006 apud TSURUDA et al., 2017, p. 1), “[...] o
aproveitamento da energia solar é vantajoso em todo o território, mesmo nas regiões
menos favorecidas pela irradiação solar.” Conforme já mencionado, pode ser vista
como uma fonte cara em relação a combustíveis fósseis, todavia se refletido que o
pico de consumo de energia está ligado a dias quentes, esse calor é propício para
geração maior de energia solar térmica, tornando esta bem mais atrativa como
investimento (SPIRO; STIGLIANI, 2009) e desfrute futuro.
Spiro e Stigliani (2009, p. 54) detalham que a implementação desse tipo de
energia pode ocorrer por meio de projetos passivos ou ativos:
Um projeto passivo maximiza a captura da energia solar direta para suprir a
maior parte das necessidades [...] de um ambiente. Para isso, a edificação e
suas janelas devem estar orientadas de modo a permitir a radiação solar no
inverno e repeli-la no verão. Materiais densos, tais como concreto e pedra,
são capazes de absorver radiação solar e armazená-la de forma a evitar
flutuações de temperatura.

A ‘Parede Trombe’, revestida de material escuro acumula calor e somada a


uma fachada de vidro separada por um vão de 2 a 4 cm é um exemplo de projeto
passivo (SPIRO; STIGLIANI, 2009). Ao passar pela vidraça, o calor é atraído pela
superfície escura e, automaticamente, armazenado e direcionado “[...] para o interior
do ambiente através da parede de alvenaria.”, assim, o ambiente fica aquecido e
confortável por um tempo, à noite, após um dia de irradiação (SPIRO; STIGLIANI,
2009, p. 54).
Já o projeto ativo constitui-se como outra alternativa, na qual:
[...] uma fonte de energia que não a solar move o sistema. [...] a água circula
através de coletores de placa plana sobre o telhado, onde é aquecida pelo
sol e bombeada para um tanque de armazenamento, que fornece calor e
água quente. Esses edifícios também funcionam melhor quando a demanda
de calor e água quente é minimizado por isolamento e conservação de água
adequados (SPIRO; STIGLIANI, 2009, p. 54).

Esse tipo de energia minimiza gastos, representando uma economia de até


85% em uma conta mensal no consumo de água quente, mesmo assim, seu uso fica
quase que restrito às residências e escritórios para aquecer a água e iluminar (SPIRO;
STIGLIANI, 2009).

34
Além desta forma de captação de energia solar, existem mais duas variações,
como poderá ser averiguado a seguir. A primeira tecnologia utiliza-se da energia do
sol para produção de energia térmica que aquece o fluido e gera potência mecânica
ou elétrica; já a segunda, transforma a energia do sol em energia térmica prontamente,
com ajuda de determinados materiais.
Independentemente de como a luz solar será aproveitada, a fartura desse
recurso é inegável e faz com que a utilização deste, para geração de energia, cresça
em ritmo acelerado para atender programas de desenvolvimento sustentável.
No entanto, apesar de energia limpa e renovável, sua utilização requer alguns
cuidados em relação a impactos ambientais. Apesar desse processo gerar menos
resíduos, processos industriais sempre utilizam reagentes tóxicos e nocivos, “[...] além
de um grande desprendimento energético para a aferição de elevadas temperaturas.”
(NASCIMENTO, 2015, p. 69).

Seção 3.4: Eletricidade solar térmica


Com os estudos adequados, a ampliação da coleta dos raios solares pode ser
expandida e utilizada para abastecimento industrial e até mesmo municipal, passando
para uma utilização em larga escala.
A eletricidade solar térmica trata-se de aproveitamento da radiação solar para
aquecimento do fluído de transferência localizado no interior dos coletores da luz
solar, que em seguida é acumulado num tanque térmico e gera a eletricidade, servindo
para aquecimento de água, de ambientes, dentre outros.
Spiro e Stigliani (2009) destacam três tipos de projetos de eletricidade solar
térmica: calhas parabólicas, torres solares e sistemas de disco. Bianchini (2013)
coaduna-se aos autores supracitados, todavia intitula as tecnologias de forma
diferente em seu estudo: a) sistema cilindro parabólico (calhas parabólicas), b)
sistema de torre de receptor central (torres solares), c) sistema de pratos parabólicos
concentradores (sistemas de disco) e, ainda, acrescenta: d) concentradores Fresnel.
Em ambos os tipos se empregam espelhos que concentram os raios solares em até
5.000 vezes e, desta forma, geram altas temperaturas.
A calha parabólica ou sistema cilindro parabólico apresenta-se como a
tecnologia mais testada e comprovada dentre esses tipos, sendo considerada com
probabilidade de aplicação em menor prazo (SPIRO; STIGLIANI, 2009). Consiste em

35
uma tubulação curvada que recebe e absorve o calor dos raios solares, organizada
em fileiras coexistentes e ligadas entre si. O fluído que passa “[...] pela tubulação é
aquecido a cerca de 400 °C e o calor é utilizado para gerar eletricidade em um gerador
a vapor convencional” (SPIRO; STIGLIANI, 2009, p. 54). Esse fluído “[...] pode ser
óleo, sal fundido, ou alguma outra substância que retenha bem o calor (BIANCHINI,
2013, p. 15).
A torre solar ou sistema de torre de receptor central refere-se a um campo de
helióstatos, instrumento móvel que permite que os espelhos receptores girem,
fazendo com que a “[...] a radiação solar direta seja refletida de forma constante em
uma direção, direcionando os raios solares refletidos para o receptor central no alto
da torre” localizado próximo ao campo de helióstatos (BIANCHINI, 2013, p. 22). O
calor absorvido queimará o fluído (sal fundido) aproximadamente a 565 °C, podendo
este já ser utilizado, como armazenado para utilização futura na geração de vapor, e,
consequentemente de energia térmica. Essa tecnologia, apesar de menos ‘madura’
comercialmente, chega a suprir uma demanda de 65% do ano, sendo estimado que
sua eficiência possa ser mais explorada e a menor custo quando comparado ao
armazenamento das calhas parabólicas (BIANCHINI, 2013; SPIRO; STIGLIANI,
2009).
Os discos solares, a mais eficiente de todas as tecnologias solares, podem
chegar a temperaturas de 800º C e geram de 5 KW a 50 KW, convertendo a [...]
energia solar em eletricidade da ordem de 29,4%, no pico de eficiência” (SPIRO;
STIGLIANI, 2009, p. 55).
Nesta tecnologia:
O prato parabólico concentrador é normalmente constituído por um coletor
(espelhos parabólicos independentes), um receptor, um motor Stirling e um
gerador. O coletor foca a radiação normal direta para o receptor, que transfere
calor para o fluido de trabalho que aciona um motor de ciclo Stirling, para
acionar o gerador (BIANCHINI, 2013, p. 24).

Por sua vez, converte a energia solar em energia térmica.


Este projeto pode tanto trabalhar de forma independente, como numa
composição de vários discos. Apresenta eficiência em concentração de calor e baixa
perda térmica.
A eletricidade solar precisa ainda ser submetida a estudos, desta forma, mais
experiência sobre será adquirida, consequentemente, melhoras significativas na
produção de energia serão implementadas, reduzindo custos de implantação e

36
aumento da escala energética. Ações que contribuirão para maior adesão desta forma
de energia no futuro.

Seção 3.5: Energia solar fotovoltaica


Através do efeito fotovoltaico, os raios solares coletados por painéis solares
são convertidos em eletricidade, diferente da eletricidade solar térmica, devido, à
utilização de células fotovoltaicas. Essas células (dispositivo composto de material
semicondutor), ao receberem a luz solar fazem com que os elétrons absorvam fótons
que são transportados pelo semicondutor e ficam disponíveis para serem usados
como energia elétrica.
Composta na sua grande maioria de silício (óxido de Silício SiO², componente
principal da cerâmica, do cimento e do vidro, etc.), as células foram desenvolvidas
para uso em estação espacial e, ainda, passaram por mais quatro décadas por estudo
para utilização nessa tecnologia de conversão em energia. A escolha do silício como
matéria-prima se deve por seu maior rendimento para aplicação em larga escala, além
de serem encontradas facilmente no Brasil jazidas de quartzo, de boa qualidade e,
ainda pelos avanços tecnológicos em relação a sua manipulação serem recorrentes
(DUPONT; GRASSI; ROMITTI, 2015; SPIRO; STIGLIANI, 2009).
Além do Silício, seja monocristalino, policristalino e amorfo, pesquisas recentes
demonstram tecnologias diferentes sendo utilizadas na fabricação de células
fotovoltaicas: a) disseleneto de cobre, índio e galio; b) telureto de cádmio; c)
semicondutores orgânicos.
A tecnologia fotovoltaica pode ser instalada em quase qualquer lugar do
planeta. Seu sistema opera de forma silenciosa e pode durar até 25 anos, podendo
fornece energia para as coisas mais simples do nosso dia a dia (calculadores,
relógios, pequenos utensílios, etc.), assim como para “[...] satélites de comunicação,
bombas hidráulicas, iluminação, eletrodomésticos e máquinas em residências e locais
de trabalho.” (RASHID, 2014, p. 727), sinais de trânsito e de rodovias.
Spiro e Stigliani (2009) apontam como vantagens da energia fotovoltaica: a
versatilidade e simplicidade; menor custo quando comparado à construção de
extensões de rede; não dependência de alta irradiação, todavia requer, através de
cálculos e análise, identificar onde o nível de radiação incide, para apontar onde os
painéis serão implantados.

37
Apesar deste sistema ser oneroso devido ao alto investimento inicial, houve
expressiva redução do custo desta fonte de energia ao longo dos anos. Ainda, se
levado em consideração a necessidade de implementação de novas energias que não
as fósseis e as vantagens que esta apresenta, somado a estudos constantes
realizados, percebe-se que é uma tecnologia que expressa grande possibilidade de
expansão.
Nesta monta, dentre tudo já explanado, valida-se a viabilidade da utilização em
larga escala desta forma de energia, tendo potencial para uma melhora e uma
ampliação de uso exponenciais devido a alguns incentivos governamentais e ao
amplo território existente no Brasil para aproveitamento.

Seção 3.6: Energia Eólica


Utilizado há mais de 2000 anos como forma de energia, seja para impulsionar
embarcações, engrenagens de moinhos, dentre outros, o vento como fonte para
geração de eletricidade - a energia eólica, é algo recente, mas com crescente
expansão (SOUZA, CUNHA, SANTOS, 2013; SPIRO; STIGLIANI, 2009).
Resultante do ar em movimento, a tecnologia da energia eólica se utiliza do
vento que é formado pelas “[...] diferenças de temperatura do ar associadas às
diferenças nas taxas de aquecimento solar” (SPIRO; STIGLIANI, 2009, p. 64), para
formação de energia elétrica (RASHID, 2014; SOUZA, CUNHA, SANTOS, 2013;
SPIRO; STIGLIANI, 2009). Ainda, pode ser utilizada para fins mais simples como “[...]
carregar baterias, bombear água, moer grãos, [...]”, etc. (RASHID, 2014, p. 736).
A implementação desta fonte de energia depende da escala que se pretende
ter. Sua utilização pode ser para aplicações em lugares isoladas, bem como
associadas à rede elétrica. Para geração em escala maior, a quantidade de turbinas
a serem empregadas, agrupamento em parques eólicos, assim como a disposição
das mesmas, são pontos chave (RASHID, 2014). Essas turbinas comumente têm
formato de moinho ou cata-vento, com pás propulsoras e estão localizadas sobre as
torres, podendo ser encontradas em dois tipos: as de eixo horizontal e as de eixo
vertical (mais raras devido ao pouco aproveitamento do vento).
Quanto mais alta for a torre, maior proveito é tirado do vento e menor
turbulência é propiciada, todavia, em casos de ventos muito fortes, estarão suscetíveis
a falhas na estrutura (SPIRO; STIGLIANI, 2009).

38
Sua implementação requer estudo quanto ao lugar “[...] onde o vento sopre com
uma força significativa e consistente” (RASHID, 2014, p. 736), pois ventos turbulentos
e falta de estabilidade podem diminuir a sua eficiência. Para Rashid (2014), a
velocidade do vento e sua qualidade são fatores críticos. Grubb e Meyer (1993 apud
SOUZA, CUNHA, SANTOS, 2013, p. 13) expressam que, “[...] para que a energia
eólica seja considerada tecnicamente aproveitável, é necessário que sua densidade
seja maior ou igual a 500 W/m², a uma altura de 50 m, o que requer uma velocidade
mínima do vento de 7 a 8 m/s.”
De fonte natural e com característica renovável, a energia eólica “[...] não polui
durante sua operação, portanto é vista como uma contribuição para a redução de
emissão de gases de efeito estufa e na redução da concentração de CO2” (SOUZA,
CUNHA, SANTOS, 2013, p. 12) e na sua implantação o impacto ocorre na área de
instalação da base do concreto, de forma pontual, com redução ou porcentagem
quase nula de contaminação do solo, tanto na sua operação, quanto na sua
manutenção. No entendo, devido ao funcionamento mecânico e pelo fluxo de ar nas
pás, produz ruído que se intensifica conforme a força do vento.
Economicamente falando,
A energia gasta para produzir, instalar e para operação e manutenção de um
aero gerador típico é produzida por esse mesmo aerogerador em menos de
meio ano. Este fato torna a energia eólica uma das energias mais atrativas
em termos de planejamento energético (SOUZA, CUNHA, SANTOS, 2013,
p. 15).

O investimento inicial reduziu em até 5 vezes, quando comparado ao ano de


1980, com potencial de redução maior. Atualmente, quando comparada à eletricidade
gerada por combustível fóssil, é a alternativa com custo mais baixo, segundo Spiro e
Stigliani (2009).
Assim, fica, claramente demonstradas as vantagens de uma implantação em
larga escala desta forma de energia e de se aprofundar ainda mais os estudos a seu
respeito.

Seção 3.7: Energia Oceânica


Dentre as várias fontes de energia estudadas, a energia oceânica ou híbrida
(como também é conhecida), do mesmo modo é uma fonte renovável, pois causa
menos impacto ao meio ambiente, não contribuindo para o aquecimento global,
todavia, ainda está em fase de desenvolvimento, principalmente no Brasil, apesar dos

39
avanços tecnológicos. Devido ao grande potencial energético, o Conselho Mundial de
Energia (2000) aponta vantagens em sua utilização como: acessibilidade,
aceitabilidade e disponibilidade do recurso (ESTEFEN et al., 2006).
O oceano contém energia térmica do Sol que afeta as atividades oceânicas, as
marés e ondas produzem então energia mecânica, mas é a lua, através da atração
gravitacional “[...] que provoca as marés, e são os ventos que impulsionam as ondas
oceânicas.” (RASHID, 2014, p. 749).
A energia oceânica refere-se à conversão da água do oceano em eletricidade.
Segundo Spiro e Stigliani (2009, p. 67), “grande quantidade de energia está
armazenada nos oceanos do mundo, sob a forma de marés e ondas, e em gradientes
de temperatura e concentração de sal.”
A energia proveniente das ondas trata-se da extração direta da energia “[...]
das ondas na superfície ou das flutuações de pressão abaixo desta.” Sua conversão
em eletricidade se dá por sistemas instalados na costa litorânea, e também por
sistemas em alto-mar.” (RASHID, 2014, p. 749). Para Estefen (2006), a energia
presente nas ondas é em torno de 10 TW (1.000 Gigawatt), proporcionalmente a todo
o consumo de eletricidade do planeta. Esta energia é captada por dispositivos de
armazenagem. A energia da maré é convertida em eletricidade, atualmente, através
do sistema de fluxo livre e do sistema de represa. Levando em consideração que “[...]
as áreas costeiras passam por duas marés altas e duas baixas durante um período
de pouco mais de 24 horas”, essa diferença pode ser aproveitada desde que o valor
entre as marés seja de mais de 16 pés, o que não é encontrado com facilidade. Apesar
da lentidão em frequência, apresenya quantidades enormes do maior recurso
energético inexplorado, a energia cinética (RASHID, 2014, p. 752).
Aproveitar a energia térmica do oceano para gerar eletricidade, significa utilizar
“[...] a energia do calor armazenado nos oceanos”. A conversão será mais eficiente se
a diferença de temperatura das águas profundas (fria) e as camadas superiores do
oceano (quente) estiverem mais ou menos a 20 °C. Para tanto, usinas de conversão
são implantadas, as quais trazem a água fria para a superfície através de um tubo de
aspiração submerso a mais de 1.600 m no oceano. Trata-se de um tubo de grande
diâmetro, com alto custo, mas, se mais acessível fosse, essa tecnologia poderia gerar
“[...] bilhões de watts de energia elétrica (RASHID, 2014, p. 755).
Para Spiro e Stigliani (2009, p. 67):

40
Em razão das extensões oceânicas, o total de energia armazenada nos
gradientes de superfície é enorme, cerca de duas ordens de magnitude maior
do que a energia de todas as mares e ondas. Entretanto, a captura dessa
energia não é tarefa fácil. Não só pela ampla extensão, mas também pelo
fato de que o gradiente de 20 °C limita a eficiência teórica dos motores
térmicos a menos de 7%. Conseqüentemente, um considerável suprimento
de eletricidade proveniente dessa fonte requer uma usina de grande porte e
custos de capital elevados.

Os autores ainda aludem que este tipo de energia se equipara muito à energia
em quedas d'água. “Constrói-se uma represa com eclusas para permitir a entrada da
maré até um reservatório, que é esvaziado por intermédio de turbinas quando a maré
baixa” (SPIRO; STIGLIANI, 2009, p. 67).
Além da eletricidade, uma usina de conversão da energia térmica dos
oceanos [...] leva água fria do mar para a superfície, a qual pode ser usada
para refrigeração do ar em edifícios próximos. A água do fundo do oceano é
também rica em nutrientes e poderia sustentar a agricultura e a maricultura.
Por fim, se a água do mar for usada como fluido operacional da usina,
teremos água doce como subproduto. As oportunidades de integração entre
energia, água, refrigeração do ar e atividades de cultivo podem existir em
muitos locais das costas tropicais (SPIRO; STIGLIANI, 2009, p. 67).

Além do alto custo de implementação, já afirmado por Spiro e Stigliani (2009),


Silva e Rossi (2018), apontam como desvantagem dessa fonte de energia sua
instalação, que deve ser sólida o suficiente para aguentar as tempestades e,
simultaneamente, altamente sensível para captar a energia, como também grandes
chances de deterioração dos materiais devido a exposição à água do mar.
Nesse âmbito, implementações desta tecnologia devem levar em consideração
reduções correlacionadas ao rendimento de conversores, regiões turísticas e o curso
de navegações.

Seção 3.8: Energia Hidrelétrica


A energia hidrelétrica utiliza-se do fluxo da água para gerar energia. Requer,
portanto, a construção de usinas em rios que possuam grande volume de água, e
que tenham desníveis em seu percurso, “[...] sejam eles naturais, como as quedas
d’água, ou criados artificialmente”, pois é produzida pela força do movimento das
águas (QUEIROZ et al., 2013, p. 2774). Bortoleto (2001 apud QUEIROZ et al., 2013,
p. 2775), versa que “[...] a energia hidráulica provém da condensação, precipitação e
evaporação das águas, fatores estes causados pela irradiação solar e pela energia
gravitacional [...]”.

41
Este tipo de energia pode ser encontrado em grande, como em pequena
escala. As de pequena porte produzem pequenos potenciais, através de desvio ou de
reservatório (RASHID, 2014) e aproveitam, segundo Spiro e Stigliani (2009), o fluxo
dos rios. Já as de grande escala são responsáveis por “[...] produzir eletricidade em
projetos do governo ou de concessionárias de energia elétrica”, utilizando-se de
barragem (que interrompe o curso normal da água) e de um reservatório que represa
a água do rio e, ainda, possibilita que a vazão do rio seja adequada (seja em período
chuvoso, quanto de estiagem) (RASHID, 2014, p. 755). Quando liberada, a energia
da água se transforma em energia mecânica, passa pelas turbinas que são acionadas
e começam a girar, e por estarem conectadas ao gerador, começam a movimentar o
mesmo, produzindo eletricidade (QUEIROZ et al., 2013; RASHID, 2014), ou seja,
transforma-se energia cinética em energia elétrica.
Trata-se da fonte de energia mais comum, é renovável e limpa, não contribui
para emissão de CO2, nem para outros tipos de gases à atmosfera; possui
disponibilidade do recurso e, quando comparada as outras fontes renováveis,
representa ser a menos onerosa (RASHID, 2014). Por outro lado, apresenta certo
sacrifício ao meio ambiente (alteração na característica do rio, do habitat, da qualidade
da água, prejuízos à fauna e à flora, etc.), assim como representa perigo para a
população em caso de rompimento de uma barragem, (SPIRO; STIGLIANI, 2009),
possibilidade de transmissão de doenças, etc. Devido a esses impactos serem locais,
é possível ações mitigatórias para sua redução.
Mundialmente, a energia hidrelétrica é responsável pelo fornecimento de cerca
de 20% de eletricidade (SPIRO; STIGLIANI, 2009). Já no Brasil, segundo a ANEEL
(2008, p. 52), “o aproveitamento do potencial hidráulico é da ordem de 30%”. Kotleski
(2015) afirma que a eficiência energética gira em torno de 95%.
Em suma, o custo com o recurso é nulo, todavia o investimento para
implementação é grande, assim como o de manutenção (QUEIROZ et al., 2013).

Seção 3.9: Energia de Biomassa


A biomassa, forma de energia solar indireta, é um recurso natural renovável,
originária de matérias orgânicas (animal ou vegetal) que tem o objetivo principal de
produzir energia através de sua combustão em fornos, caldeiras etc. Como este
processo resulta em gases tóxicos e outros gases que influenciam no efeito estufa,

42
tecnologias de conversão mais eficientes estão em desenvolvimento como “[...]
processos termoquímicos (gaseificação, pirólise, transesterificação, etc.) ou de
processos biológicos (digestão anaeróbia e fermentação)“. (ANEEL, s.d, p. 87). De
acordo com Rashid (2014), quando uma biomassa é queimada, o volume chega a
reduzir em até 90%, perdendo competitividade em comparação a combustíveis
fósseis.
Quando por meio de combustão direta, a transformação da biomassa em
energia através de combustão se dá por meio da queima em altas temperaturas, “[...]
na presença abundante de oxigênio, produzindo vapor a alta pressão (REIS, 2016,
n.p.). Esse vapor geralmente é usado em caldeiras ou para mover turbinas”. A
eficiência desse processo é de cerca de 20 a 25%. Na conversão através de pirólise
“[...] a biomassa é exposta a supremas temperaturas sem a presença de oxigênio,
mirando o acelerar da decomposição da mesma. O que sobra da decomposição é
uma mistura de gases, líquidos (óleos vegetais) e sólidos (carvão vegetal)” (REIS,
2016, n.p.).
Na técnica de gaseificação, há semelhanças com a técnica pirólise, produzindo
um gás inflamável que pode ser filtrado para que alguns componentes químicos
residuais sejam removidos. “A diferença básica em relação à pirólise é o fato de a
gaseificação exigir menor temperatura e resultar apenas em gás” (REIS, 2016, n.p.;
ANEEL, s.d). Transesterificação trata-se de “um processo químico que consiste na
reação de óleos vegetais com um produto intermediário ativo (metóxido ou etóxido),
oriundo da reação entre álcoois (metanol ou etanol) e uma base (hidróxido de sódio
ou de potássio)” (RIBEIRO et al., 2001 apud ANEEL, s.d, p. 88). Por se assemelhar
ao óleo diesel, pode ser utilizado em motores de combustão interna. A digestão
anaeróbia ocorre pela decomposição do material devido à ação de bactérias que
ocorre de forma natural e simples (ANEEL, s.d). A fermentação é um processo
anaeróbico, biológico “[...] em que os açúcares de plantas [...] são convertidos em
álcool, por meio da ação de microrganismos (usualmente leveduras)”, podendo ser
usados como combustível (ANEEL, s.d).
O material produzido pela biomassa pode ser transformado em energia elétrica,
em calor e também em biocombustíveis sólidos. Os principais derivados são: Biogás,
Etanol, Biodiesel, Carvão vegetal, dentre outros, sendo o bagaço de cana-de-açúcar
o recuso com maior potencial para geração de energia elétrica (ANEEL, s.d).

43
A biomassa pode ser classificada em florestal, agrícola e ainda oriunda de
rejeitos urbanos e industriais (sólidos e líquidos), etc. A biomassa florestal provém de
matéria orgânica, como carvão vegetal, lenha, madeira, etc. Quando se trata de
biomassa agrícola, são utilizadas matérias-primas como: casca de arroz, sabugo e
palha de milho, palha e bagaço de cana-de-açúcar, casca de algodão, soja, casca de
castanha de caju, etc. Biomassas oriundas de rejeitos (lixo) urbanos são metais,
plásticos, resíduos celulósicos e vegetais descartados e os industriais relacionam-se
a rejeitos de destilarias, abatedouros, fábricas de laticínio, criadouros, etc. Apesar de
resíduos, estes possuem grande potencial energético.
Através da Figura 1 é possível compreender o processo energético perpassado
pela biomassa.

A utilização da biomassa, como energia apresenta grandes vantagens como:


recurso renovável; variedade de material à disposição; baixo custo de operação e para
aquisição da matéria-prima; menor intensidade de agressão ao meio ambiente; os
equipamentos utilizados (caldeiras/fornos) são expostos a menor corrosão; etc. No
entanto, o excesso e/ou uso indevido podem desencadear desmatamento,
ocasionando destruição de habitats; menor aproveitamento do calor calorífico (quando
comparada a outras fontes); dificuldades no transporte e no armazenamento da
biomassa sólida; assim como a dioxina formada na incineração pode causar cânceres,
além de defeitos genéticos (RASHID, 2014), etc.
A geração de eletricidade a partir da energia biomassa é relativamente
pequena, comparada com a sua capacidade total de desenvolvimento no Brasil, tendo
em vista a grande extensão de áreas que podem ser utilizadas para cultivo e também
as condições climáticas, fato que se assemelha à situação mundial que também

44
apresenta reduzido aproveitamento na matriz energética. O consumo deste tipo de
energia gira em torno de 14%, segundo a ANEEL.

Seção 3.10: Energia Geotérmica


A energia geotérmica não necessita da radiação solar para existir. Sua energia
provém do interior da terra, através de calor limpo e sustentável.
Esta fonte de energia vem sendo utilizada há séculos, através do uso das águas
quentes para banho e devido seu poder curativo ou o vapor geotérmico sendo utilizado
como combustível (SPIRO; STIGLIANI, 2009), embora mais recente. Atualmente,
essa fonte de energia pode ser utilizada para gerar eletricidade e para outros fins mais
diretos.
Como recurso inclui-se: “[...] (a) o calor retido no solo superficial, (b) a água e
as rochas quentes encontradas a poucos quilômetros abaixo da superfície terrestre e
(c) as rochas fundidas com temperaturas extremamente elevadas, chamadas magna,
localizadas a grandes profundidades.” (RASHID, 2014, p. 770).
Ao identificar-se o local onde o recurso está disponível em grande quantidade,
este é perfurado, drenado para a superfície por meio de tubos e transportado para
uma central elétrica geotérmica que movimentará as lâminas da turbina. Essa energia
mecânica é convertida, por meio de geradores, em eletricidade.
Rashid (2014, p. 770) descreve que o vapor gerado pela energia térmica é
convertido em energia elétrica através de turbinas presente em usinas de três tipos
devido à dificuldade de “[...] concepção de um projeto de usina de energia geotérmica
para todas as condições”.
As usinas de energia de vapor a seco são utilizadas quando se encontra vapor
facilmente e com temperaturas de 300 °C. Já as usinas de energia de vapor flash são
usadas “[...] quando a temperatura do reservatório é superior a 200 °C, o fluido dele é
arrastado para o interior de um tanque de expansão que diminui a pressão do fluido”
(RASHID, 2014, p. 770), fazendo-o evaporar aceleradamente e produzir o vapor que
gerará a eletricidade. Por fim, as usinas de energia de ciclo binário operam quando a
temperatura fica abaixo de 200 °C, onde “o calor da água geotérmica faz o fluido
secundário se transformar rapidamente em vapor, que é, então, utilizado para acionar
as turbinas.” (RASHID, 2014, p. 770).

45
Para Spiro e Stigliani (2009, p. 67), “A energia geotérmica pode ser dividida em
três categorias de temperatura: alta (>150 °C), moderada (de 90 °C a 150 °C) e baixa
(< 90 °C).”
A eletricidade é gerada através de recursos de altas temperaturas; a
temperatura moderada poder ser utilizada para aquecer ambientes e gerar vapor a
ser utilizado em industrias, estufas, etc.; na faixa de baixa temperatura vem se
destacando como recurso para refrigeração e aquecimento de residências (SPIRO;
STIGLIANI, 2009).
A eletricidade gerada por recursos geotermais, conforme aponta Gomes (2009
apud ARBOIT et al., 2013), em 2008 era empregada em 25 países. Já no Brasil, por
não haver estudos para conversão desta em eletricidade, sua utilização para fins
[...] diretos se mostra bastante promissora, destacando-se o aproveitamento
da água do Aquífero Guarani para atividades agroindustriais, como integrante
de processos industriais e como meio de desenvolver o turismo e também a
utilização de bombas de calor geotérmicas, tanto para utilização industrial
quanto para aquecimento de espaços (ARBOIT et al., 2013, p. 165).
Enfim, para se tornar viável em larga escala, a energia geotérmica precisa ser
muito discutida e estuda, principalmente em relação ao seu real potencial de
aplicação, assim como desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias para este
fim (ARBOIT et al., 2013). Embora seja quase nula a emissão de gases poluentes,
sua implantação possa ser em local pequeno, seja uma fonte limpa de energia, este
tipo de energia se torna cara devido ao alto investimento, retorno a longo prazo,
eficiência pequena, e, ainda, contribui para o aumento da temperatura do ambiente
local.
Evidentemente, os combustíveis fósseis são formas de energia mais baratas,
mas seu custo ambiental é muito superior e relevante para se permanecer com
pensamentos arcaicos.
Com base no estudo realizado, percebe-se que é inegável relacionar as fontes
de energias renováveis com o desenvolvimento sustentável: prosperidade econômica,
equidade social e qualidade ambiental. Que para ser renovável necessita ser um
recurso que se reabastece naturalmente, seja a chuva, o sol, o vento, a maré, energia
geotérmica, não causando impactos ao meio ambiente, aos seres humanos, nem
desequilíbrio ao sistema.
Constata-se que todas as fontes analisadas são sim renováveis, mas nem
todas são limpas; que há viabilidade no uso dessas fontes de energia em substituição
aos combustíveis fósseis, todavia a eliminação total de resíduos ainda é utopia por

46
exigir conscientização humana, estudos muito mais eficazes e conclusivos,
tecnologias mais avançadas para exploração, em alguns casos, investimentos
governamentais para implementação em larga escala; que houve redução de custos
na maioria das implementações de energias renováveis, como fonte de energia
elétrica, com o passar dos anos, tornando-as um pouco mais viáveis.
Percebeu-se hidrelétricas, utilizadascomumente para gerar eletricidade,
também se enquadram nesse contexto, demonstram-se ser menos onerosas, todavia
representam sacrifício ao meio ambiente e perigo para os seres humanos, fazendo
com que outras fontes de energia elétrica mais eficazes sejam pensadas.
Embora encontrem-se muitos estudos sobre cada fonte de energia renovável
aqui pesquisada, as mesmas são encontradas de forma isolada ou fragmentada. Não
se encontrou nenhum estudo deste mesmo teor, onde fosse possível analisar e
comparar a viabilidade de ambas, muito menos custos atualizados no mesmo período
para fins de comparação. Mas, denotou-se que o Brasil é sim, devido sua geografia
(clima, extensão de território, etc.) e sua localização no globo, privilegiado para
implementação de novas fontes de energia e renováveis, devido a abundância de
recursos naturais, consolidando o Brasil como líder entre os países que utilizam fontes
renováveis em sua matriz, de acordo com o Anuário Estatístico de Energia Elétrica
2017. Destaca-se a geotérmica como a fonte mais difícil de ser explorada no Brasil.
Enfim, todas as fontes de energia estudadas são renováveis, nem todas
apresentam-se totalmente limpas, todavia sobressaem-se aos recursos fósseis.
Recomenda-se, portanto, não uma fonte única por não se detectar qual a melhor, mas
um equilíbrio entre as mesmas e/ou atendimento à realidade local.

47
Referências
AGUILAR, R.S; OLIVEIRA, L.C.S; ARCANJO, G.L.F. Energia Renovável : Os Ganhos
E Os Impactos Sociais , Ambientais E Econômicos Nas Indústrias Brasileiras. In:
XXXII Encontro Nacional De Engenharia De Producao. Bento Gonçalves. Rio Grande
do Sul: UFRGS, 2012

ARBOIT, Nathana Karina Swarowski et al. Potencialidade de utilização da energia


geotérmica no brasil – uma revisão de literatura. Revista do departamento de
Geografia – USP, v. 26, p. 155-168, 2013.

Atlas de energia elétrica do Brasil / Agência Nacional de Energia Elétrica. 3. Ed. –


Brasília: ANEEL, 2008.

AZEVEDO, P.J.S. Uma análise dos efeitos da crise econômica-financeira sobre as


políticas de incentivo às energias renováveis. [Dissertação] Universidade do Porto,
2013.

BARBOSA, Adriana Silva et.al. Energia e sustentabilidade. Coleção Ambiental, v.19.


Barueri, SP: Manole, 2016.

BIANCHINI, Henrique Magalhães. Avaliação comparativa de sistemas de energia


solar térmica. 2013. 63f. Projeto (Graduação em Engenharia Elétrica) - Escola
Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013.

CEMIG - Companhia Energética de Minas Gerais. Alternativas energéticas: Uma visão


da Cemig. Belo Horizonte: CEMIG, 2012.

COSBEY, A. Trade, sustainable development and a green economy: Benefits,


challenges and risks. The Transition to a Green Economy: Benefits, Challenges and
Risks from a Sustainable Development Perspective, p. 40, 2011.

DANIEL P et al. Paradigmas da energia solar no Brasil e no mundo. Revista Eletrônica


em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental, v. 20, n. 1, p. 241-247, 2016.

DUPONT, Fabrício Hoff; GRASSI, Fernando; ROMITTI, Leonardo. Energias


Renováveis: buscando por uma matriz energética sustentável. REGET - Revista
Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental Santa Maria - Revista do
Centro de Ciências Naturais e Exatas, v. 19, n. 1, Ed. Especial, p. 70 – 81, 2015.

EDUARDO, C.; MOREIRA, S. Fontes alternativas de energia renovável, que


possibilitam a prevenção do meio ambiente. Revista de Divulgação do Projeto
Universidade PETROBRAS/IF Fluminense, v. 1, p. 397-402, 2010.

ESTEFEN, Segen et al. Geração de Energia Elétrica pelas Ondas do Mar. COPPE
UFRJ, 2006.

FADIGAS, Elaine A. Faria Amaral. Energia eólica. Série Sustentabilidade.


Coordenador Arlindo Philippi Jr. Barueri, SP: Manole, 2011.

48
FREITAS, G.C.; DATHEIN, R. As energias renováveis no Brasil: uma avaliação acerca
das implicações para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental. Revista Nexos
Econômicos, v. 7, n. 1, p. 71-94, 2013.

GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 2008.

KOTLESKI, Liliane Oliveira. Esgotamento do potencial hidrelétrico no brasil:


tendências para a reestruturação da matriz energética. Monografia (Bacharelado em
Economia) - Universidade Federal do Paraná – UFPR, Curitiba, 2015.

MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. Anuário estatístico de energia elétrica 2017


(ano base 2016). Brasília-DF, 2017.

MONTEIRO, M.; FERREIRA, M.; SANTOS, D. Energia da Biomassa. Revista de


Divulgação do Projeto Universidade PETROBRAS/IF Fluminense, v. 3, 2013.

NASCIMENTO, Adriana de Souza. Energia solar fotovoltaica: estudo e viabilidade no


nordeste brasileiro. 2015. 146f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção)
– Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2015.

PHILIPPI JR., Arlindo; REIS, Lineu Belico dos. Energia e sustentabilidade. Barueri,
SP: Manole, 2016.

PIMENTA-NETO, F.; ARAUJO, M.S.T. Abordagem contextualizada do conceito de


energia utilizando o enfoque CTSA. In: Anais do Encontro de Produção Discente
PUCSP/Cruzeiro do Sul. São Paulo: UNICSUL, v.2, n. 1, 2014.

QUEIROZ, R. et al. Geração de energia elétrica através da energia hidráulica e seus


impactos ambientais. Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia
Ambiental, v. 13, n. 13, p. 2774-2784, 2013.

QUEIROZ, Rosemar de et al. Geração de energia elétrica através da energia


hidráulica e seus impactos ambientais. Revista do centro do ciências naturais e exatas
– UFSM, Santa Maria, v. 13, n. 13, ago., p. 2774- 2784, 2013.

RASHID, Muhammad H. Eletrônica de potência. Tradução Leonardo Abramovicz;


Revisão técnica Carlos Marcelo de Oliveira Stein. 4. ed. São Paulo: Pearson
Education do Brasil, 2014.

REIS, Lineu Belico dos. Matrizes energéticas: conceitos e usos em gestão e


planejamento. série sustentabilidade. Coordenador Arlindo Philippi Jr. Barueri, SP:
Manole, 2011.

REIS, Pedro. O que é a energia da Biomassa: Tudo sobre Biomassa. Portal energia.
2016.

SANTOS, H. M. Impacto da Produção de Energias Renováveis nas Emissões de CO2.


[Trabalho de Conclusão de Curso] Faculdade de Economia Universidade de Porto,
2015.

49
SILVA, M.S.T.; BRITO, S.O. Impactos ambientais associados á construção de
empreendimentos elétricos no setor de distribuição de energia. Revista Faroeciância,
v. 1, n. 1, p. 266-280, 2016.

SILVA, Tauane Karine Baitz da; ROSSI, Fabrício. Energia das ondas no Brasil. Portal
subssistemas do Brasil - USP, 2018.

TUNDISI, J.G.; MATSUMURA-TUNDISI, T. Recursos hídricos no Século XXI, São


Paulo: Oficina de Textos, 2011.

WWF - Fundo Mundial para a Natureza.Além de grandes hidrelétricas: Políticas para


fontes renovpaveis de energia elétrica no Brasil. Relatório Técnico. Brasília, 2012.

50

Você também pode gostar