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RECURSOS ENERGÉTICOS E

AMBIENTE
AULA 3

Cristiane Lourencetti Burmester


CONVERSA INICIAL
Esta aula trata sobre energia hidráulica e energia eólica. Para facilitar o
entendimento, o conteúdo foi dividido em cinco tópicos:
1. Energia hidráulica mundial;
2. Potencial hidráulico versus impactos ambientais;
3. Energia eólica mundial;
4. Potencial eólico versus impactos ambientais;
5. Reflexões energéticas.

TEMA 1 – ENERGIA HIDRÁULICA MUNDIAL


A energia hidráulica, hídrica ou hidrelétrica é obtida com a movimentação
da corrente das águas dos rios, mares ou quedas-d’água para a produção de
eletricidade pelas usinas hidrelétricas no mundo, incluindo o Brasil. Para gerar
essa energia, existem variáveis utilizadas na sua classificação, como: altura da
queda-d’água, vazão, capacidade ou potência instalada, tipo de turbina
empregada, localização, tipo de barragem e reservatório. Estes fatores são
interdependentes.
As energias não são criadas nem destruídas, mas transformadas (Figura
1). É exatamente o que decorre do movimento da força e da velocidade das
águas conhecido como energia potencial, sendo que, a partir disso, a água passa
por tubulações da usina realizando a mutação da energia potencial da água em
energia mecânica (movimento das turbinas). As turbinas estão ligadas a um
gerador, responsável pela alternância da energia mecânica em energia elétrica.
Como nem tudo é perfeito, esta energia apresenta benefícios e
desvantagens, porém é necessário sempre avaliar a proporção e a maneira de
sua aplicação. Uso consciente e inteligente gera danos menores ao
desenvolvimento ambiental e humano.

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Figura 1: Energia hidráulica e a movimentação pela força das águas

Fonte: <https://www.ambienteenergia.com.br/wp-content/uploads/2014/12/hidrel%C3%A9trica.jpg>.

1.1 Benefícios
 É uma fonte de energia renovável e limpa.
 Não ocorre emissão de gases poluentes expressivos no processo de
geração de energia (sem agressões ambientais).
 A água represada pode muitas vezes ser utilizada para a irrigação de
plantações próximas às usinas.
 Com a represa, é possível regular a vazão do rio.
 Custo baixo de produção justamente porque as usinas recentes são
automatizadas.
 Não há uso de combustíveis fósseis ou gás, o que faz com que os preços
da energia elétrica gerada para o consumidor final não sofram grandes
alterações.
 Estimula o desenvolvimento local.

1.2 Desvantagens
 Com pouca chuva, pode ocorrer a diminuição da geração de energia
elétrica.
 Pode provocar o deslocamento de populações, dependendo do local onde
a represa for construída.
 Para a construção, é necessária a formação de grandes reservatórios de
água, que podem ocasionar alterações nos ecossistemas, prejudicando
espécies animais e vegetais.
 Pode ocorrer a erosão de solos.
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 Elevados custos de instalação e de desativação.

TEMA 2 – POTENCIAL HIDRÁULICO VERSUS IMPACTOS AMBIENTAIS


A energia hidráulica representa cerca de 65% da matriz energética no
Brasil. O país é rico em rios, que são verdadeiros potenciais hidrelétricos, e, por
isso, todas as regiões possuem usinas. Mundialmente, a energia hidrelétrica
representa uma parcela significativa da produção mundial, somando
aproximadamente 16% de toda a eletricidade gerada no planeta.
Entre as maiores usinas em funcionamento no Brasil, estão:
 Usina Binacional de Itaipu (localizada no rio Paraná – capacidade 14.000
MW);
 Usina de Tucuruí (localizada no rio Tocantins – capacidade de 8.730 MW);
 Usina de Ilha Solteira (localizada no rio Paraná – capacidade de 3.450
MW);
 Usina de Xingó (localizada no rio São Francisco – capacidade de 3.162
MW);
 Usina de Paulo Afonso IV (localizada no rio São Francisco – capacidade
de 2462 MW).

Investimentos não são escassos nessa aplicação favorável ao


desenvolvimento econômico e às regiões afastadas dos grandes centros
urbanos e industriais. No entanto, algumas barreiras à expansão hidrelétrica do
país são de natureza ambiental e judicial. Destaca-se a polêmica dos impactos
na vida da população, na flora e na fauna locais por causa da interferência no
traçado natural e no volume de água dos rios. Sabe-se que a construção de uma
usina dessas gera efeitos: para que ela funcione, é preciso um reservatório, que
acaba afetando o ambiente do local de uma hora para outra. O problema está na
orientação e solução. Na prática, mostramos o que ocorreu na construção da
hidrelétrica de Tucuruí, no Pará, que apresentou uma má administração das
questões ambientais – alguns cientistas relataram a fuga em massa de macacos,
aves e outras espécies durante os dois meses que durou a inundação do lago
de 2.430 Km2.
Planejar antes de executar evita este cenário. Isso pode ser comprovado
na Constituição Brasileira, art. 225, parágrafo 1º, inciso IV, que prevê que para
assegurar a efetividade do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
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compete ao Poder Público exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou
atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio
ambiente, o Estudo de Impacto Ambiental (EIA), conforme Figura 2.

Figura 2: Estudo de Impacto Ambiental (EIA)

Fonte: <https://i2.wp.com/inteliagro.com.br/wp-content/uploads/2015/01/eia-rima-
.jpg?w=523>.

TEMA 3 – ENERGIA EÓLICA MUNDIAL


A energia eólica é gerada pela força dos ventos. Estima-se que entre 1 e
2% da energia solar na Terra seja convertida naturalmente em energia eólica.
As usinas são formadas por grandes “cata-ventos” (turbinas eólicas – Figura 3)
instalados estrategicamente em áreas favoráveis à movimentação das massas
de ar. Seu aproveitamento ocorre por meio da conversão da energia cinética de
translação em energia cinética de rotação.
Destaca-se por ser uma fonte renovável (energia ecológica). É dita
inesgotável e pode ser reposta de maneira natural ou com intervenção humana
em período considerado curto ou médio. A quantidade de energia transferida é
função da densidade do ar, da área coberta pela rotação das pás (hélices) e da
velocidade do vento.
Segundo estudos na Universidade de Harvard, uma rede global de
estações de energia eólica produziria energia suficiente para a totalidade da
população no mundo.
A participação da energia eólica no mundo está aumentando por diversos
fatores, entre os quais destaca-se a necessidade de os países poderem contar
com uma fonte segura de energia, como a eólica. O custo da instalação está

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diminuindo e é livre da emissão de CO2 (dióxido de carbono) e outros gases
poluentes, causando menores impactos ambientais. Nas próximas décadas, a
estimativa é de um aumento significativo da utilização desse tipo de usina em
muitos países.

Figura 3: Cata-ventos responsáveis pela energia eólica

Fonte: <http://www.portaleletricista.com.br/wp-content/uploads/2013/12/energia-eolica.png>.

TEMA 4 – POTENCIAL EÓLICO X IMPACTOS AMBIENTAIS


A trajetória mostra que a utilização da fonte eólica para geração de
eletricidade – comercialmente falando – começou em 1970, decorrente da crise
internacional de petróleo. Atualmente, o Brasil já encabeça a lista de maiores
produtores de energia eólica do mundo: ocupou a quarta posição no ranking de
expansão dessa potência em 2014, com 2.686 megawatts (MW), de acordo com
o levantamento “Energia Eólica no Brasil e Mundo”, do Ministério de Minas e
Energia (MME). As nações que realizaram um avanço superior foram: China
(23.149 MW), Alemanha (6.184 MW) e Estados Unidos (4.854 MW).
Segundo o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE 2024), a
capacidade instalada eólica do Brasil deve alcançar 24 mil MW. Desse total, 21
mil MW deverão ser gerados na região Nordeste. A produção causa poucos
danos ambientais, sendo uma alternativa ao sistema energético tradicional que
sobrecarrega a poluição atmosférica, o aquecimento global e o efeito estufa. Em
contrapartida, um estudo da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves
(SPEA) aponta como impactos a perturbação e o efeito de barreira causados
pelos aerogeradores sobre as diversas espécies de aves e de morcegos,
causando a morte destes devido à colisão com as pás e outras estruturas
associadas.

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Para calcular a energia eólica, ou energia cinética dos ventos, tem-se a
fórmula (Ec = ½ mv²), que é capaz de ser transformada em energia elétrica (E =
potência x tempo) do gerador acoplado às pás de hélices.

TEMA 5 – REFLEXÕES ENERGÉTICAS


O Brasil apresenta uma das matrizes energéticas mais renováveis entre
os países industrializados. Assim, cerca de 67% da energia brasileira tem como
origem fontes renováveis – hidráulica, eólica e solar. Somando-se a esse
cenário, em abril de 2002, o Governo Federal criou o Programa de Incentivos às
Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), por meio da Lei n. 10.438/2002.
A finalidade foi promover a diversificação da Matriz Energética Brasileira em
busca de alternativas para adicionar a segurança no abastecimento de energia
elétrica, além de permitir a valorização das características e potencialidades
regionais e locais.
A Organização das Nações Unidas (ONU) revela que na atualidade 1,4
bilhão de pessoas sofrem com a falta de acesso aos serviços modernos de
energia. Para “universalizar” o consumo de energia elétrica até 2030, aponta-se
a necessidade de investir US$ 40 bilhões por ano, representando menos de 3%
do valor aplicado no setor. Segundo a administradora do Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Rebeca Grynspan, “as três metas que
estão sendo propostas para 2030 são: acesso universal à energia, redução de
40% no consumo e o alcance da marca de 30% em energia renovável dentro do
mix global dos recursos elétricos”. Ainda, segundo especialistas, o avanço do
setor eólico vai representar uma energia complementar interessante para o
Brasil, que hoje tem sua base de geração de energia no sistema hidráulico.

Curiosidades:
 A Inglaterra é a pioneira na produção de energia hidráulica no mundo. As
primeiras usinas hidrelétricas foram construídas na década de 1880.
 Em 2014, o Brasil gerou cerca de 625 TWh de energia em suas usinas
hidrelétricas.
 Os 1.050 empreendimentos de geração hidráulica instalados no território
nacional têm capacidade de produzir 84,7 mil MW, segundo a Aneel.

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 Para a Organização Mundial de Meteorologia, o vento apresenta velocidade
média igual ou superior a 7 m/s, a uma altura de 50 m, em apenas 13% da
superfície terrestre.
 Os aerogeradores antigamente eram de 50 metros de altura e hoje têm mais
de 120 metros. A ampliação do tamanho da pá aumenta a potência de cada
um deles.

NA PRÁTICA
Com a preocupação ambiental mundial, percebe-se também essa
preocupação na área energética – por isso, como já foi dito, há maiores
investimentos em energias renováveis e menos agressivas ao meio ambiente.
Em algumas instituições, já estão sendo implantados cursos de pós-graduação
nessa área, mostrando o interesse de pesquisar mais sobre esse assunto para
que o Brasil evolua nesse quesito.

FINALIZANDO
Finalizando, temos o seguinte artigo:
Segundo levantamento do site Energia Mapeada, feito a partir de
dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e Operador
Nacional do Sistema (ONS), mostra que a geração de energia eólica já
está superando tanto a geração das térmicas como também das
hidrelétricas na região Nordeste; a partir de 2016, com mais usinas
sendo ativadas e, até 2018, o Nordeste terá mais de 15.000 MW de
capacidade eólica instalada; total da Região deverá ultrapassar os
27.000 MW apenas de energia limpa – eólica, hidrelétrica e solar –
apenas atrás da Região Norte. (Brasil 247, 2015)

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REFERÊNCIAS
BRAGA, B., HESPANHOL, I. Introdução à Engenharia Ambiental. São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2005.

BRASIL é o quarto país em que energia eólica mais cresce no mundo. Portal
Brasil, 15 jan. 2016. Disponível em:
<http://www.brasil.gov.br/infraestrutura/2016/01/brasil-e-um-dos-principais-
geradores-de-energia-eolica-do-mundo>. Acesso em: 2 jun. 2017.

ENERGIA eólica no mundo. Energia eólica. Disponível em:


<https://evolucaoenergiaeolica.wordpress.com/energia-eolica-no-mundo/>.
Acesso em: 29 de dezembro de 2016.

FONTES renováveis. Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL.


Disponível em: <http://www2.aneel.gov.br/arquivos/pdf/atlas_par2_cap3.pdf>.
Acesso em: 2 jun. 2017.

GERAÇÃO eólica supera hidrelétrica e térmica no Nordeste. Brasil 247, 20 ago.


2015. Disponível em:
<http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/193694/Gera%C3%A7%C3%A3o-
e%C3%B3lica-supera-hidrel%C3%A9trica-e-t%C3%A9rmica-no-
Nordeste.htm>. Acessado em: 09 jun. 2017.

ONU quer universalizar energia elétrica até 2030. Organização das Nações
Unidas, 7 abr. 2011. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/onu-quer-
universalizar-energia-eletrica-ate-2030/>. Acesso em: 2 jun. 2017.

POTENCIAL hidrelétrico brasileiro está entre os cinco maiores do mundo. Portal


Brasil, 14 dez. 2011. Disponível em:
<http://www.brasil.gov.br/infraestrutura/2011/12/potencial-hidreletrico-brasileiro-
esta-entre-os-cinco-maiores-do-mundo/>. Acesso em: 2 jun. 2017.

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