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Figura 1: Conjunto de aerogeradores – Energia


Eólica Obtida através da força e do
movimento do vento, a energia eólica consiste no processo de transformação do
vento em energia útil, como a elétrica e a mecânica. Para converter a energia cinética
do vento em mecânica, são utilizados moinhos e cataventos. Já para convertê-la em
energia elétrica, utilizam-se aerogeradores.

COMO FUNCIONA O AEROGERADOR?

A energia eólica é gerada com a movimentação de grandes turbinas conhecidas


por aerogeradores. As turbinas são instaladas em regiões onde há
ventos predominantes.

Para entender melhor é preciso saber que o vento é o resultado de correntes de


conversão na atmosfera da Terra e que são impulsionadas pela energia térmica gerada
pelo Sol, ou seja, o vento é um tipo de energia solar e quando não há Sol, ele não
existe.
O movimento do ar (vento) surge na superfície terrestre onde há solo e água. O calor
do Sol aquece mais rápido o solo que a água e o ar aquecido é mais leve, por isso sobe.
À noite, o ar sobre a água é mais quente e é substituído pelo ar mais fresco do solo.

Esse movimento gera energia cinética que pode ser transformado em energia elétrica
a partir da movimentação das turbinas.
Os equipamentos têm duas limitações: não funcionam sem vento, obviamente, e o
vento em excesso danifica-os.

Geralmente um sistema eólico pode ser utilizado em três aplicações distintas:

I Sistemas isolados: pequeno porte, utilizados para abastecer certas regiões


nas quais não é viável fazer uma extensão da rede elétrica;

II Sistemas híbridos: utilizam mais de uma fonte para a geração de energia, por
exemplo, pode ser composto por turbinas eólicas e painéis fotovoltaicos, entre
outras fontes. São utilizados para atender uma maior quantidade de usuários;

III Sistemas interligados à rede: utilizam um grande número de aerogeradores,


como nos parques eólicos. Toda a energia produzida é entregue diretamente à
rede elétrica.

Figura 2: Sistema Isolado Figura 3: Sistema híbrido Figura 4: Sistema interligado à rede

O VENTO

O vento é o movimento de massas de ar, provocado por um aquecimento diferenciado


das zonas da atmosfera ou pela orografia* do terreno. O vento já foi usado para
deslocar barcos à vela, moer cereais ou elevar água dos poços.

Atualmente é também usado para produzir eletricidade. As centrais eólicas instalam-


se em locais onde a velocidade média anual do vento excede 6 m/s, o que em Portugal
se verifica em zonas montanhosas e junto à costa.

  Além das instalações em terra, as centrais eólicas também podem ser instaladas no
mar, aproveitando o recurso presente em zonas marítimas e a grande área disponível,
mesmo considerando as restrições (zonas de pescas, áreas protegidas, navegação,
etc.).
*orografia – tratado a respeito do relevo terrestre.

Segundo os analistas, a energia do vento tem mais benefícios e menos prejuízos que
qualquer outra das energias renováveis, de tal forma que hoje é reconhecida, como
uma energia vasta e benigna em termos ambientais que tanto pode fornecer
eletricidade como hidrogénio para células a custo menor.

PARQUES EÓLICOS
Os parques eólicos necessitam de grandes áreas para serem instalados, este impacto
é minimizado através de uma boa gestão do território, ao permitir o desenvolvimento
dos solos para agricultura e pecuário, para não cair em desuso.
Na sua maioria, os aerogeradores são instalados nas cumeadas das serras, locais
muitas vezes considerados como zonas ecologicamente sensíveis ou mesmo
protegidas. O facto de serem instalados em locais remotos implica um aumento do
custo associado ao transporte da energia, pois é necessário fazer a ligação às linhas de
distribuição elétrica e uma ligação rodoviária.

O principal entrave à produção de energia elétrica a partir da energia eólica é o facto


dos ventos não serem sempre constantes.
Atualmente, de modo a ultrapassar este problema, complementam-se os parques eólicos
com um sistema de bombagem pura.

Perto dos aerogeradores é construída uma central de bombagem pura não dependente do
caudal de um curso de água e com uma elevada diferença entre cotas. Quando o vento para a
produção de energia elétrica é feita na central, a água do reservatório de cota superior escorre
para o reservatório de cota inferior produzindo energia elétrica.

Quando os aerogeradores recomeçam a trabalhar e a compra de energia se encontra mais


barata bombeia-se a água do reservatório de cota inferior para o de cota superior.

Este sistema permite uma produção de energia elétrica independente de uma única fonte, o
vento. A principal vantagem é não existirem perdas de água uma vez que é uma mini-hídrica
de ciclo fechado com potência elétrica entre os 300MW e os 400MW.

ENERGIA EÓLICA RESIDENCIAL

O consumo médio de energia elétrica em uma residência é de 166 KWh/mês, pela


estimativa do Ministério das Minas de Energia. Uma só turbina consegue produzir
energia suficiente para abastecer até 300 unidades residenciais.
Não há limitações ao abastecimento das residências e das unidades comerciais com
energia eólica em todas as necessidades, como aquecimento da água, iluminação e
autonomia para equipamentos eletroeletrónicos.

VANTAGENS E DESVANTAGENS
Embora à energia eólica estejam associados benefícios ambientais significativos do
ponto de vista da emissão de substâncias nocivas à atmosfera, existem outros aspetos
ligados com a preservação do ambiente que não podem ser negligenciados:

- O aproveitamento exaustivo da energia eólica irá povoar abundantemente a


paisagem com aerogeradores, provocando impactos ambientais.
- As turbinas dos aerogeradores podem provocar interferências eletromagnéticas, que
interferem com radares e produzem poluição sonora, o que se torna um impacto
negativo se se localizarem perto de localidades.
- Os parques eólicos, cujos aerogeradores se encontram espalhados pelas cumeadas
das serras, provocam um impacto visual e estético, que pode ser considerado negativo
pelos moradores das localidades mais próximas.
- Para além de que as pás dos aerogeradores podem ser fatais para as espécies de
pássaros migratórias.

Estes impactos podem ser minimizados se os aerogeradores forem instalados em zonas que
não interferem com radares e com rotas migratórias. Uma das grandes linhas de
desenvolvimento é a instalação de parques offshore (no mar), onde estes impactos são
minimizados. No entanto, existe uma limitação espacial onde se podem localizar os
aerogeradores, e a aposta na eólica offshore depende do tipo de costa litoral e do
investimento em tecnologia.

Os custos da energia eólica são considerados moderados e são determinados tendo em conta
o custo do investimento, o tempo de vida útil do aerogerador, a taxa de juro do montante
investido, custos de exploração e manutenção, a quantidade de energia produzida/velocidade
do vento, a avaliação do recurso no local onde se pretende instalar os aerogeradores e os
custos do sistema de backup.

O quadro seguinte lista mais das principais vantagens e desvantagens do uso da energia eólica
como fonte de energia.
Tabela 1: Vantagens e Desvantagens da Energia Eólica

ENERGIA EÓLICA EM ESCALA MUNDIAL

Gráfico 1: Capacidade de energia eólica no mundo

Hoje, existem 743 GW de capacidade de energia eólica em todo o mundo, ajudando a


evitar mais de 1,1 bilhão de toneladas de CO2, o equivalente às emissões anuais de
carbono da América do Sul.
China e os Estados Unidos são os dois maiores mercados de energia eólica do mundo.
Em 2020, alcançaram um crescimento recorde em instalações eólicas, somando 75%
das novas instalações.

Os 10 países com maior capacidade eólica do mundo seriam respetivamente a China,


EUA, Alemanha, Espanha, Índia, Reino Unido, Canadá, França, Itália e Brasil.

Tabela 2: Mundo – Capacidade instalada cumulativa em turbinas eólicas (MW), por


país – 2005, 2013 e 2014

Em termos de participação no consumo mundial de eletricidade, os países da


OECD* arrefeceram em favor dos países em desenvolvimento. A diferença aponta a
importância dos países emergentes no consumo da eletricidade. Além disso, reflete
a magnitude do crescimento económico desses países, bem como sua influência no
consumo de energia elétrica. Quanto maior o crescimento, maior o uso.
Os países em desenvolvimento investem em inovação tecnológica no campo de
energia elétrica visando à competitividade económica dos segmentos produtivos e
de consumo e à garantia da sustentabilidade no suprimento de energia no médio e
longo prazo

*OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico), é uma


organização internacional composta por 38 países (incluindo Portugal).
Figura 5: Potencial previsto para a fontes de Energia
Eólica no Mundo em 2010

PORTUGAL
Portugal não tem recursos conhecidos de petróleo ou de gás natural e os recursos
disponíveis de carvão estão praticamente extintos. Nestas condições, o nosso país viu-
se confrontado com a necessidade de desenvolver formas alternativas de produção de
energia, nomeadamente, promovendo e incentivando a utilização dos recursos
energéticos endógenos.

Atualmente, cerca de 1/4 da eletricidade consumida em Portugal tem origem eólica.


Desde 1990 que se tem observado um crescimento rápido na utilização da energia
eólica, principalmente entre 1995 e 2004 em que o seu crescimento foi cerca de sete
vezes.
A produção de energia eólica em Portugal, bem como de outras energias renováveis, é
de tal forma relevante que já recebemos reconhecimento internacional. No ano
passado, Portugal foi incluído na lista dos 5 maiores produtores de energia eólica e
solar em todo o mundo. Os demais países são a Dinamarca, a Irlanda, o Uruguai e o
Reino Unido.

É um privilégio saber da abundância de energia eólica em Portugal. Afinal, isso


representa um imenso ganho a nível de sustentabilidade: tanto pela autonomia
económica, como pelo respeito pelo ambiente.
Percentagem de energia eólica em Portugal

A energia eólica em Portugal é uma das principais fontes de energia renováveis


produzidas no país. Segundo a Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN),
de janeiro a abril de 2021, 75,1% da energia renovável produzida em Portugal foi de
origem renovável. Os ventos são o segundo maior responsável pela energia verde que
consumimos no nosso quotidiano.

O FUTURO DA ENERGIA EÓLICA EM PORTUGAL

Portugal tem metas bastante ambiciosas no que diz respeito à produção de energia
elétrica, com recurso a energias renováveis. O Parlamento Europeu e o Conselho da UE
estabeleceram que cerca de 35% da energia produzida em Portugal em 2030 deverá
ter como recurso fontes renováveis. Desta forma, é fundamental garantir o
funcionamento do mix energético nacional, no que respeita à energia eólica e
fotovoltaica.
Assim, esta é uma altura crítica para a energia eólica no nosso país e muito há para
dizer acerca do seu futuro no panorama nacional, senão vejamos:

- Uma verdade incontestável é que o setor eólico nacional está cada vez mais
envelhecido e essa tendência está para se manter. Sendo esta a tendência a prosperar,
uma forma de manter o setor em funcionamento é estender o período de vida útil dos
aerogeradores, em que os mais antigos têm como limite 20 anos, dados pelo tipo de
certificado do fabricante. Este facto não impossibilita a continuidade de exploração do
aerogerador, no entanto outros fatores poderão implicar a sua operação posterior a 20
anos. Não havendo legislação que assegure a extensão da vida útil dos aerogeradores,
então dificilmente haverá continuidade na manutenção dos parques. Tudo isto tem
por base a segurança de todos os intervenientes no parque eólico.

Atualmente, em Portugal existem cerca de 250 empreendimentos eólicos,


correspondendo a uma potência instalada de cerca de 5,3 GW. Do total de parques
eólicos, 19% estão com idade a variar entre os 15 e 20 anos, totalizando uma potência
instalada de 339,52 MW. Caso se verifique o não investimento, o setor eólico irá
diminuir drasticamente ao longo dos anos.

Partindo do pressuposto que a extensão da vida útil dos aerogeradores não será
permanente e que todas as máquinas têm um fim, é necessário perspetivar o futuro
das instalações eólicas em Portugal. Sem qualquer dúvida que a energia renovável é a
tendência mais favorável à produção de energia elétrica, como alternativa aos
combustíveis fósseis, e tendo Portugal um elevado índice de eolicidade é estratégico
apostar em turbinas eólicas para a geração de energia elétrica.
Neste sentido, e dado que é impensável o desmantelamento da frota eólica existente,
apontam-se duas soluções possíveis para a continuidade de operação das mesmas, a
extensão da vida útil dos aerogeradores, ainda que por um período de tempo limitado,
desde que haja enquadramento legal, ou o repowering das turbinas eólicas,
substituindo as turbinas antigas por tecnologia mais recente, mais eficiente e com a
vantagem de já ter as infraestruturas de acesso e ligação à rede disponíveis.

Fazendo uma análise simplificada das vantagens e desvantagens do prolongamento


de operação e do repowering obtém-se as seguintes análises:

Extensão de vida útil vs. Repowering

Extensão da vida útil

PONTOS FORTES: Mais conhecimento/experiência do setor; Informação dos anos de


operação das turbinas;

PONTOS FRACOS: Menor eficiência das turbinas; Falta de legislação;

OPORTUNIDADES: Não requer novo procedimento de licenciamento;

AMEAÇAS: Risco de falha da turbina; Segurança das equipas de intervenção;

Repowering

PONTOS FORTES: Informação disponível das centrais existentes; Tecnologia mais


barata; Tecnologia mais eficiente;

PONTOS FRACOS: Falta de legislação adequada.

OPORTUNIDADE: Diminuição do impacte ambiental (menos turbinas); Otimização dos


locais de implementação;

AMEAÇAS: Regulação do preço do mercado;

Após uma análise crítica é possível concluir que é necessária uma intervenção positiva
no setor eólico, caso contrário caminha-se para o limbo e consequentemente para a
regressão do potencial até agora instalado.
No quadro da expansão da
capacidade eólica (atribuição de
direitos até 1800 MVA), Portugal
lançou, em 2006, um concurso com
um duplo objetivo: utilizar a energia
eólica para alavancar a criação de
um sector industrial e explorar de
forma mais eficiente o recurso
eólico. A criação deste “cluster”
eólico constitui um instrumento de
política de desenvolvimento regional
sustentável, dada a sua importância
na criação de novas fontes de
crescimento económico e na
preservação e melhoria do
ambiente.

Figura 6: Mapa dos parques Eólicos e


Rede Nacional de Transporte

Figura 7: ATLAS EUROPEU DO VENTO

A velocidade do vento é fundamental para a


viabilidade de um sistema de produção de
energia elétrica a partir do vento, por isso,
alguns locais não se adequam a este tipo de
produção.

Antes de uma instalação para


aproveitamento da energia eólica, deve ser
considerada a velocidade do vento real ao
longo do ano.

O mapa demonstra que alguns locais são


mais indicados para uma produção rentável,
no entanto, alguns locais pelo seu relevo ou
edifícios podem não aproveitar a
potencialidade de produção média na zona
envolvente.

. Os dados foram obtidos a partir de estações


meteorológicas selecionadas, sendo depois
corrigidos, embora de forma grosseira, para ter
em conta os efeitos da topografia, e, finalmente,
extrapolados para outras áreas.

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