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Figura 23: Turbinas a trabalhar em função da produção de energia


maremotriz

Energia das marés, ou energia maremotriz, é a eletricidade gerada por meio do


desnível da água do mar provocado pelo fenómeno das marés. Energia das marés é
a eletricidade gerada pela conversão da energia cinética do movimento das águas do
mar provocado pelas marés. As marés são um fenómeno oceânico caracterizado pela
mudança no nível das águas sob a influência do campo gravitacional da lua e também
do Sol. Quando ambos os astros se encontram alinhados com o Planeta Terra, as
marés são mais intensas.

EXISTEM DOIS TIPOS DE ENERGIA MAREMOTRIZ:


Energia cinética das correntes marítimas e energia potencial pela diferença de altura
entre as marés alta e baixa. Para que ela seja convertida em eletricidade, é necessária
a construção de barragens, eclusas e unidades geradoras de energia.

COMO É PRODUZIDO ESTE TIPO DE ENERGIA?


A geração de energia por meio das correntes que são causadas pelas marés é
comumente advinda do funcionamento de barragens e de turbinas, que se
assemelham às turbinas eólicas, porém com as hélices posicionadas na porção inferior
do mastro, isto é, abaixo da superfície do mar.

O sistema formado pela barragem realiza o represamento da água e, por esse motivo,
costuma ser construído em áreas de baías, enseadas ou reentrâncias do mar no litoral,
formando uma espécie de bacia. O controle do fluxo de água é feito por meio de
comportas. A água é armazenada quando a maré está cheia, ou seja, quando há um
aumento no nível do mar. Quando a maré abaixa, a água é liberada e, durante sua
saída, ela obrigatoriamente passa pelas turbinas instaladas na porção inferior das
barragens.

Figura 24: Turbinas submersas utilizadas na geração de energia


maremotriz.
No sistema de turbinas, essas estruturas são fixadas na camada de areia que recobre o
fundo do mar. A corrente provocada pela alteração no nível da água é a responsável
por movimentar as hélices das turbinas que, como mencionamos, ficam localizadas na
porção inferior, onde as correntes são mais fortes. O movimento da hélice aciona o
gerador, onde se dá a conversão da energia cinética em energia elétrica.

Aspetos gerais na utilização da energia das ondas:

É importante apreciar as dificuldades que o desenvolvimento tecnológico tem no


aproveitamento da energia das ondas, sendo as maiores as seguintes:
- Irregularidade da amplitude de onda, fase e direção; é difícil obter o máximo de
eficiência num sistema sobre uma inteira gama de frequências.
- A carga estrutural num evento de condições meteorológicas extremas, como é o caso
de furacões, que pode ser 100 vezes superior à carga média. Na literatura inglesa é
comum designá-los, respetivamente por dispositivos “onshore”, “nearshore” e
“offshore”.
Os dispositivos costeiros revelam vantagens importantes em termos de facilidade de
acesso e ausência de amarrações, mas apresentam alguns inconvenientes
nomeadamente as restrições relativas à sua localização, que exige requisitos de
profundidade de água e boa exposição, ao maior impacte ambiental, sobretudo visual
e um nível de potência média das ondas mais reduzido, em relação ao largo, devido
aos efeitos de dissipação de energia originados pela rebentação e pelo atrito no fundo.
O sistema coluna de água oscilante (CAO) é a tecnologia mais conhecida e mais
investigada. No caso de estarem assentes no fundo, junto à costa, constituem sistemas
de “primeira geração”. Os dispositivos de extração de energia das ondas podem ser
instalados na costa, em águas pouco profundas ou ao largo, em águas de maior
profundidade. De acordo com a localização dos dispositivos é habitual classificá-los em
primeira, segunda ou terceira geração, consoante se situam sobre a costa, assentes no
fundo entre os 10 e os 25 metros de profundidade, ou ao largo.

VANTAGENS E DESVANTAGENS

A principal vantagem da energia das marés é o fato de ela ser produzida por meio de


uma fonte limpa, que é a água, ou seja, é advinda de uma fonte de energia renovável,
de modo que apresenta baixos impactos ambientais em termos de poluição direta na
água ou no ar.

A energia das marés, embora seja uma alternativa vantajosa em termos de energia
limpa e renovável, ainda apresenta um custo de instalação muito elevado. Um dos
motivos para isso é o preço das turbinas e das hélices. Elas precisam ser muito mais
pesadas e resistentes do que aquelas utilizadas na geração de energia eólica, por
exemplo.

Isso ocorre visto que a densidade da água é aproximadamente 800 vezes maior do
que a densidade do ar. Tecnologias mais eficazes e potencialmente menos onerosas do
que as atuais ainda se encontram em fase de desenvolvimento e testes.

Para além disso não é em qualquer área que a energia maremotriz se faz possível. 

As barragens e principalmente as turbinas podem ter ainda grande impacto negativo


para o ecossistema marinho, já que ocasionam transformações no fluxo de água,
podendo implicar em mudanças em sua qualidade e, como consequência, no
habitat onde se desenvolvem muitas espécies de plantas e animais. Estes correm ainda
o risco de se chocar com estruturas como as hélices das turbinas.
HISTÓRIA
A energia das marés é utilizada desde pelo menos os séculos X e XI no continente
europeu para a movimentação de moinhos durante o processamento da produção
agrícola, mais precisamente de grãos. No entanto, somente no início do século XX
tiveram início os estudos sobre sua viabilidade, a qual, nesse caso, seria a produção
energética em larga escala. Esses estudos foram conduzidos nos Estados Unidos e no
Canadá entre as décadas de 1920 e 1970.

Nesse intervalo, no ano de 1961, uma barragem de aproximadamente 700 metros de


extensão começou a ser construída no estuário do rio Rance, no litoral de Saint-Malo,
situada na região da Bretanha, no norte da França. As obras foram finalizadas cinco
anos mais tarde, e a usina foi aberta em 26 de novembro de 1966. Desse modo,
a Usina de La Rance foi a primeira usina maremotriz do mundo, estando ainda em
operação. Ela gera eletricidade por meio de 24 turbinas, com potencial de 240 MW.

Figura 25: Usina maremotriz de La Rance, na França

Meio século após o início das obras na França, em 2011, foi inaugurada na Coreia do
Sul a usina maremotriz mais potente do mundo, a usina do Lago Sihwa, instalada na
região da Baía de Gyeonggi. Ela é composta por uma extensa barragem de 12,8 km e
um lago artificial de 43,8 km², gerando energia por meio de dez turbinas.
Figura 26 e 27: Usina do Lago Sihwa, Coreia do Sul

ENERGIA MAREMOTRIZ NO MUNDO


No mundo, existe uma série de usinas que geram energia elétrica a partir das marés,
a maioria delas funcionando por meio das barragens. As duas que possuem maior
capacidade de geração energética estão instaladas na província de Gyeonggi, na Coreia
do Sul, e na região da Bretanha, no norte da França. Ambas podem produzir,
respetivamente, 254 MW e 240 MW de eletricidade.

A unidade francesa é, além disso, a mais antiga em operação no mundo. Já nos mares
sul-coreanos é possível observar outras instalações além da Usina Maremotriz do Lago
Sihwa, porém com potencial reduzido.

A terceira maior usina fica na província canadense de Nova Escócia, na costa leste do
país, e tem capacidade de 20 MW. Instalações menores, com capacidade de geração
inferior a essa, podem ser encontradas em países como:

» Rússia;

» Reino Unido;

» China.

Testes estão a ser conduzidos em outras nações a fim de se aperfeiçoar a tecnologia


hoje em uso para esse tipo de energia no Japão e Estados Unidos.

Quando concretizado, um projeto em desenvolvimento no estreito de Penthland Firth,


no norte da Escócia, será a mais potente usina maremotriz do mundo. Existem
algumas turbinas já em atividade desde 2018, mas a expectativa é de que, até a sua
conclusão, 61 turbinas sejam utilizadas para a geração de energia maremotriz,
totalizando 400 MW de potência energética.
O Figura 28: Principais locais no mundo onde as marés são mais adequadas
para a sua exploração

enorme potencial energético global aliado aos avanços nas tecnologias de


aproveitamentos maremotrizes, tem tornado esta alternativa energética bastante
atrativa inclusive sob o ponto de vista econômico.

PORTUGAL

Excetuando as Berlengas, a costa de S. Vicente e Sudoeste Alentejano, não há


interferências com a instalação de parques de dispositivos de energia das ondas com
reservas naturais à profundidade de 50 metros. No Sudoeste Alentejano e Costa
Vicentina a plataforma continental apresenta um declive suave e os dispositivos
poderão ser instalados a uma profundidade de 60 m ainda relativamente perto da
costa. Sendo esta localização exterior à área do parque, não haverá interferência com
a zona de reserva natural, nem com a zona onde se processa a pouca atividade de
pesca que aí existe, como à frente se indicará.

Figura 29: Exemplo de um sistema de exploração de Energia das Ondas em Portugal


A central da ilha do Pico (Açores) é um bom exemplo de uma central de CAO de primeira
geração. Com uma potência instalada de 400 kW está assente no fundo do mar numa
reentrância da costa onde a profundidade é de cerca de 8 m. Os dispositivos flutuantes
instalados ao largo, além de permitirem explorar mais plenamente o recurso energético em
águas de maior profundidade, apresentam menos restrições quanto à sua localização e têm
um menor impacto visual. Estes dispositivos têm, no entanto, de ultrapassar diversas
dificuldades relacionadas principalmente com a sua manutenção, transporte de energia para
terra e processos de ancoragem ao fundo.

A estrutura e a generalidade dos equipamentos podem ser fornecidas em Portugal, embora,


como nas outras tecnologias, haja componentes em que não haverá interesse em produzir em
Portugal, tal como os cabos elétricos e alguns componentes hidráulicos.

- Níveis de Produção e Consumo

Figura 30: Zonas potencialmente utilizáveis e possíveis áreas de concessão para Parques de
Energia das ondas na costa ocidental portuguesa. Fonte INETI

Portugal, com um recurso energético médio/alto, tem um potencial de utilização de energia


das ondas de onde pode resultar uma produção de energia elétrica de 10 TWh/ano
aproximadamente (cerca de 20% do nosso consumo).

O potencial de produção de energia elétrica na costa atlântica portuguesa é estimada


admitindo um recurso de 30 kW por km de costa e, que uma percentagem média de 15% da
energia incidente pode ser convertida em energia elétrica. Tendo em conta os 335 km de costa
para instalação de potenciais parques offshore e a necessidade de ter corredores para a
navegação associada à pesca, resulta um potencial de utilização de mais do que 250 km
Figura 31: IPS Buoy, Hose-Pump e AquaBuOY (da esq. para a dir.)

Uma das condições favoráveis para o desenvolvimento da energia das ondas em Portugal é a
existência de pontos de ligação à rede elétrica junto à costa. As centrais de energias
alternativas, como as das ondas, serão posteriormente ligadas a subestações, denominados
Pontos de Receção, conforme a sua potência e a sua localização.

Numa fase posterior de desenvolvimento dos dispositivos de energia das ondas, na sua fase
madura em que se prevê a existência de parques com uma potência instalada acima dos 50
MW, serão ligadas a redes de muito alta tensão de 150-220 ou 400 kV e exploradas pela Rede
Elétrica Nacional (REN).

A Estratégia Nacional para a Energia, estabeleceu como uma das linhas de orientação
estratégica o reforço do aproveitamento das fontes de energia renovável (FER) e a criação de
desenvolvimento dos centros de competência nacionais.

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