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OS MODELOS DE FRENTE POPULAR E A MOBILIZAÇÃO DOS CIDADÃOS

*FRENTES POPULARES: formas de ultrapassar os problemas da crise de 1929

Em países como a França, as dificuldades económicas e o avanço da extrema-direita motivaram a


mobilização dos cidadãos para a formação de alianças políticas que congregavam todas as forças
democráticas, desde o centro-direita à esquerda mais radical. Era o tempo dos governos de Frente
Popular.

Também a França foi afetada pela Grande Depressão, embora não na amplitude dos EUA ou da
Alemanha, tinha uma alta taxa de desemprego.

Desacreditados perante a opinião pública, os governos enfrentavam as críticas de esquerda, que pediam
soluções inspiradas em Keynes e no New Deal, e a contestação da direita – ligas nacionalistas de pendor
fascista;

Face à virulência progressiva das forças da extrema-direita, iniciou-se uma apreciável mobilização dos
cidadãos, que convergiu numa ampla coligação de esquerda denominada Frente Popular (Léon Blum)–
constituída por socialistas reformistas, comunistas e partidos radicais que tinham como objetivo
prioritário, deter o avanço do fascismo na França. O seu lema era “pelo pão, pela paz e pela liberdade”.

Os governos de Frente Popular forneceram um notável impulso à legislação social, na sequência de um


vasto movimento grevista com ocupação de fábricas, que afetou as indústrias automóvel e aeronáutica,
grandes armazéns, bancos e escritórios. Desenvolveram uma política fortemente intervencionista, que
passou por uma forte desvalorização da moeda, nacionalização do Banco de França e de alguns setores
básicos da economia, como indústrias bélicas e caminhos de ferro.

Inquietos com a ocupação de fábricas, os patrões denunciaram prontamente a ameaça bolchevista que
pairava sob o país. O Governo interveio na mediação do conflito, resultando os “Acordos de Matignon”
celebrados em 7 de junho (concordância dos sindicatos e das entidades patronais).

Neles se determinou a assinatura, em cada empresa, de contratos coletivos de trabalho entre


empregadores e assalariados, em que se aceitava a liberdade sindical e se previam aumentos salariais.

Pouco depois, novos diplomas limitaram a 40 horas o horário de trabalho e concederam a todos os
trabalhadores o direito de 15 dias a férias pagas por ano.

Com estas medidas, a Frente Popular dignificava a classe trabalhadora e combatia a crise, pela subida do
poder de compra e pela criação de mais emprego em virtude de diminuição do horário de trabalho.

Dignificar os trabalhadores e combater a crise foram, também, as finalidades de outras medidas


tomadas pela Frente Popular, que se destacam o aumento da escolaridade obrigatória até aos 14 anos, a
criação de albergues da juventude, o incremento dos desportos em massa, do cinema e do teatro
populares, bem como o controlo exercido pelo Estado no Banco de França, a nacionalização de fábricas
de armamento e a regularização da produção e dos preços dos cereais.

Embora aclamada pelos operários, os maiores beneficiários da sua legislação, a Frente Popular terminaria
em abril de 1938, minada por querelas internas, pela oposição dos grandes empresários e pelo próprio
fracasso da política económica de Blum.

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