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1
Caio Viccenzo Malheiros Silva é pós-graduando em História do Brasil Contemporâneo.
2
CARVALHO, Aldair. Processo constituinte, Reforma Urbana e Soberania Popular. In:BRASIL. Câmara dos
Deputados. Constituição 20 anos: Estado, democracia e participação popular – caderno de textos. Brasília:
Edições Câmara, 2009. p. 22
3
RATTES, Anna Maria. Um olhar de 20 anos. In: BRASIL. Câmara dos Deputados. Constituição 20 anos: Estado,
democracia e participação popular – caderno de textos. Brasília: Edições Câmara, 2009.. p 27
4
Ibidem.
5
SILVA, Benedita da. Constituição 20 anos: Estado, Democracia e Participação Popular. In:BRASIL. Câmara
dos Deputados. Constituição 20 anos: Estado, democracia e participação popular – caderno de textos. Brasília: Edições
Câmara, 2009.
6
RATTES, Anna Maria. Op. Cit. p. 25; 29
7
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_dos_Estados_Unidos
2
longe dos 250 artigos8 e 105 emendas da nossa constituição. O poder permanece com o
executivo ocasionando o que alguns chamam de Federalismo Invertido, os tributos
centralizam-se nos cofres da União e esta distribui aos estado e municípios como lhe convém,
ocasionando estados e municípios, em grande parte, perfeitamente dependentes.9
Assim, o General costa e Silva buscou um nome que pudesse iniciar um ciclo de
desenvolvimento para o país, para tal, o nome buscado que aplicou tal política de crescimento,
foi o professor da cadeira de economia da USP, de nome Delfim Netto 12. A partir daí inicia-se
um ciclo de crescimento que começa em 1967 e se alonga até 1973, e esse mesmo
crescimento econômico possibilitava o governo ter a classe média ao seu lado, pois a
8
RATTES, Anna Maria. Op. Cit. p. 28
9
Idem. P29
10
HERMANN, Jenifer. Reformas, Endividamento Externo eu ”Milagre” Econômico.(19656-1973). In:
GIMBIAGI, Fábio, Et al. Economia Brasileira Contemporânea: 1945-2010. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. p
50
11
Ver .HERMANN, Jenifer.. Op. Cit. p. 51-52
12
Idem. p. 64
3
possibilidade de consumo era uma realidade e isso garantia uma certa legitimidade e apoio
popular ao regime.13
Macilento, o período 1979-1985 foi a descida do regime dos generais à cova. Não
havia meio, seja político, seja econômico. Nem o Segundo PND, do segundo Delfinato, logou
estabilizar a economia, somente abriu um rombo maior nas contas públicas.15
Posto à missão, o Gal. João Figueiredo assumia acabar com o regime de exceção,
entregando o poder aos civis. As pressões políticas e econômicas impeliam a população a
reivindicar a sua volta ao cenário político, nesta baila, surgem os movimentos por direito ao
sufrágio tomam corpo, especialmente no final do ano de 1983, sob o título de “DIREJAS-
JÁ”16.
Uma imensa mobilização social, generalizada sobre o território brasileiro, que teve
apoio de uma Frente Ampla de partidos oposicionista e contou com a participação de celebres
políticos, de artistas vários, a classe média conscientizada e até com as classes mais baixas 17,
de modo que até políticos da base do governo, o PDS. O mastodonte plebeu tomava as ruas e
mostrava sua força, evidenciada nas manifestações feitas no Rio de Janeiro e em São Paulo. A
passeata do Rio de Janeiro, realizada no dia 10 de Abril, se concentrou no centro do Rio de
Janeiro, juntando um milhão de pessoas, valendo a pena ressaltar o papel que o transporte
gratuito, liberado pelo governador Lionel Brizola, desempenhou na viabilidade dessa
13
Ibidem
14
Kinzo, Maria Dalva G. A democratização brasileira. Um balanço do processo político desde a transição. São
Paulo em Perspectiva, vol. 15, nº4. 2001. p. 5
15
Idem. p. 6
16
Ibidem
17
EUGÊNIO, Marcos Francisco Napolitano. “Representações políticas no movimento Diretas-Já”. Revista
Brasileira de História: Representações, São Paulo: ANPUH/contexto, vol. 15, n.º 29, pp. 207-219, 1995. P.
209
4
manifestação, principalmente no que tange ao tamanho 18. Em São Paulo, as massas partindo
da Praça da Liberdade, do parque Dom Pedro, da Praça da República, do Largo da Moema e
da Rua Maria Antônia, concentraram-se na Praça da Sé e depois rumaram para o Vale do
Anhangabaú. Nestas manifestações enumeram-se mais um milhão de pessoas19.
18
RODRIGUES, Alberto Tosi. Diretas já: o grito preso na garganta. São Paulo: Ed. Fundação Perseu Abramo.
p. 75-76
19
Idem. p. 80-81
20
Idem. P. 84-84, 88-89.
5
Constituinte, tal manifestação se deu formalmente na dita “Carta de Recife”. Tal período foi
o auge da Ditadura Militar, tornando, assim, a proposta impensável 21. Sete anos depois, com o
advento do Governo Geisel, o assunto volta à baila e o partido aprova a convocação de um
Assembleia Constituinte com unanimidade. Ainda no mesmo ano, houve uma manifestação da
CNBB e da OAB22. Um ato público no Rio de Janeiro, convoca a população a requerer a
Constituinte “Livre e Soberana”, não obstante, somente 200(duzentas) pessoas se fazem
presente na manifestação, Não há qualquer mudança no ritmo dos transeuntes no Centro do
Rio de Janeiro23. Como manifesto Maior, em 1980, na conferência nacional da OAB, aprovou-
se a Declaração de Manaus24, qual clamava por uma mudança no poder constituinte do Estado
para o povo, o “seu único titular legítimo” 25. Não obstante a infeliz morte de tancredo neves,
José Sarney, seu vice-presidente, envia ao Congresso Nacional a proposta de Emenda à
Constituição Nº 43, que se reuniria em Fevereiro de 1987 dotada de poderes constituintes,
sendo composta, majoritariamente por parlamentares eleitos em 198626.
De início, havia uma controvérsia a respeito dos membros que comporiam a
Constituinte. Os setores progressistas da sociedade rechaçavam uma constituinte que
acumulasse os trabalhos de Assembleia Nacional Constituinte e Assembleia Nacional,
ademais disso, a presença de “senadores biônicos”, remanescentes da parcela de senadores
indicados por Ernesto Geisel, causavam uma celeuma entre esses setores 27. À época, o
executivo havia instituído uma Comissão de Estudos Constitucionais, seu presidente era
Afonso Arinos e organizou uma comissão de 50(cinquenta) notáveis, estes se localizando em
diferentes espectros ideológicos. Tal comissão elaborou, então, um anteprojeto contendo 430
artigos e outras 32 disposições transitórias com alto teor democrático e uma estrutura de
governo Parlamentarista28.
Tal disposição parlamentarista implicou em uma denegação por parte do presidente
José Sarney, redundando em que os trabalhos da Constituinte não contariam com texto base
21
SARMENTO, Daniel. 21 anos da Constituição de 1988: a Assembleia Constituinte de 1987/1988 e a
experiência constitucional brasileira sob a Carta de 1988. Direito Público. Porto Alegre, ano 7, n.30, p.07-41,
Nov. / dez. 2009. p. 9
22
Idem. p.9
23
BARROSO, Luís Roberto. Dez anos da Constituição de 1988. Revista de Direito Administrativo, Rio de
Janeiro, v. 214, p. 1-25, out. 1998. ISSN 2238-5177. Disponível em:
<http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rda/article/view/47263/45375>. Acesso em: 09 Jun. 2019.
doi:http://dx.doi.org/10.12660/rda.v214.1998.47263, p 1
24
SARMENTO, Daniel. Op. Cit. p. 9
25
26
SARMENTO, Daniel. Op. Cit. p. 9
27
Idem. p.10
28
Ibidem
6
para ajudá-los, o que desfavorecia o trabalho da Assembleia. Por outro lado, o projeto
arquivado no Ministério da Justiça foi amplamente divulgado e influenciou a elaboração da
constituição de 88.29
Constituída em 559 membros, 482 Deputados Federais e 2 Senadores. A constituinte
consolidou o PMDB como o partido que lideraria a construção da nova ordem democrática,
dado que dos 559 membros da constituinte, 306 eram membros do PMDB 30. Seguindo tal
liderança, o multifacetado PMDB elegeu um homem historicamente ligado á esquerda para
conduzir a constituinte, este homem era o deputado Ulysses Guimarães 31. Articulando a
ocupação das comissões e subcomissões, outra figura ligada à esquerda histórica, Mario
Covas, distribui a presidência das comissões e subcomissões de acordo com suas inclinações
ideológicas, não obstante, o Partido da Frente Liberal se disponibilizou em ficar com as
relatorias32. Para efeito de registro, achamos que vale a pena nomear as comissões temáticas
as quais foram: Comissão de Soberania e dos Direitos e Garantias do Homem e da Mulher,
tendo por subcomissões: Subcomissão da Nacionalidade, da Soberania e das Relações
Internacionais, Subcomissão dos Direitos e Garantias Individuais e Subcomissão dos Direitos
Políticos, dos Direitos Coletivos e Garantias; Comissão da Organização do Estado, tendo por
subcomissões: Subcomissão da União, do Distrito Federal e Territórios, Subcomissão dos
estados e Subcomissão dos Municípios e regiões; Comissão da Organização dos Poderes e
Sistema de Governo, tendo por subcomissões: Subcomissão do Poder Legislativo,
Subcomissão do poder Executivo e Subcomissão do Poder Judiciário, e a do Ministério
Público; Comissão da Organização Eleitoral, partidária e garantia das Instituições, tendo por
subcomissões: Subcomissão do Sistema Eleitoral e Partidos Políticos, Subcomissão da Defesa
do Estado, da Sociedade e de Sua Segurança e a Subcomissão de Garantias da Instituição,
Reforma e Emenda; Comissão do Sistema Tributário, Orçamento e Finanças, tendo por
subcomissões: Subcomissão de Títulos, Participação e Distribuição de Receitas, Subcomissão
de Orçamento e Fiscalização Financeira e Subcomissão do Sistema Financeiro, Comissão da
Ordem Econômica, tendo por subcomissões: Subcomissão Princípios Gerais, Intervenção do
Estado, Regime de Propriedade do Subsolo e Atividade Econômica, Subcomissão da Questão
Urbana e Transporte e Subcomissão da Política Agrícola, Fundiária e Reforma Agrária;
Comissão da Ordem Social, tendo por subcomissões: Subcomissão dos Direitos dos
29
Ibidem.
30
Idem. P. 12
31
Idem. p. 16
32
Idem. P, 20
7
33
Idem. p.18-19
34
BARROSO, Luís Roberto. Op. Cit. p. 6; SARMENTO, Daniel. Op. Cit. p. 28
35
BARROSO, Luís Roberto. Op. Cit. p. 6
36
BARROSO, Luís Roberto. Op. Cit. p. 7
37
SARMENTO, Daniel. Op. Cit. p. 29
38
BARROSO, Luís Roberto. Op. Cit. p. 22
39
Idem. p. 8
8
Assim, não é estranho que Luís Roberto Barroso afirma que o texto é comparativamente, sem
domínio ideológico absoluto. O texto tenta contemplar em si equilibrar os interesses do
Capital aos interesses dos trabalhadores. No mesmo texto, contempla-se interesses de
categorias econômicas, de trabalhadores, de corporações e até contemplam ambições pessoais
45
. Na mesma linha, Daniel Sarmento afirma que a mesma constituição que valoriza a livre
iniciativa, o direito à propriedade e à livre concorrência, preocupa-se com a justiça social, a
valorização do trabalho e a dignidade humana. O modelo de capitalismo é o modelo que
40
Idem. p.8
41
SARMENTO, Daniel. Op. Cit. p. 29
42
Idem. p.22
43
LIMONGI, Fernando. Introdução In: DAHL, Robert. Poliarquia. Participação e oposição. São Paulo:
Edusp, 1997. p. 19
44
DAHL, Robert. Poliarquia. Participação e oposição. São Paulo: Edusp, 1997.. 22
45
BARROSO, Luís Roberto. Op. Cit. p. 6
9
Por outro lado, o executivo acaba sendo limitado porque é impossível governar sem
uma maioria parlamentar, ocasionando que quando o presidente não tem apoio parlamentar,
gera-se uma uma grande crise política.51 O executivo ainda controla a agenda parlamentar,
principalmente através das medidas provisórias52.
enxerga indícios de uma geração comprometida com ideais socialistas, de modo, que estes
não souberam reconhecer a sua derrota53. Já em 1999, o atual ministro do STF enxerga na
previdência social uma “estrutura inviável e incapaz de conter a sangriade recursos imposta
pelas fraudes de pela corrupção.54
Ademais desses problemas, a atuação dos Lobbies por ocasião da constituinte deixou
uma marca profunda no texto da Carta Magna 55. Os parlamentares que representavam os
grupos de interesse não se contentavam com mero reconhecimento principiológico, eivando a
constituição de normas de diversas de duvidosa estrutura constitucional, de modo que
magistrados; membros do Ministério Publico; advogados públicos e privados; policiais
federais, rodoviários, civis e militares; corpo de bombeiros; cartórios de notas e registros
inseriram no texto constitucional de regras específicas do seu interesse56.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
53
BARROSO, Luís Roberto. Op. Cit. p. 7
54
Idem. p.8
55
SARMENTO, Daniel. Op. Cit. p. 29
56
BARROSO, Luís Roberto. Op. Cit. p. 7
57
Idem 22-23
58
Ibidem.
11
modo que o país que sempre se viu assombrado por tentativas golpistas noas momentos de
crise, viu-se estável59.
Na carta, vê-se a tentativa de contemplar uma grande massa social que abrange dos
deficientes ás grávidas. Toda a carta se pões como um meio de lograr uma sociedade maus
junta; não se vê na Carta omissão de menções à política que garanta o bem-estar social.
Direitos como Saúde, Educação, Transporte, Segurança, Acessibilidade estão garantidos
constitucionalmente. Importa saber que a implementação dessas políticas é obrigatória por
parte do Estado, gerando o que se chama de verba carimbada, não se pode cortar, mudar de
prioridade, são Despesas obrigatórias.
Bem, esta é nossa Constituição, nossa garantia institucional contra o Estado e suas
possíveis ingerência, ao mesmo tempo, constituição essa que direciona o Estado como que
para fora de si, quando impões um uso necessário para o que se é arrecadado. Este estado, que
se move para fora de si, deve garantir ao cidadão condições mínimas de existência, seja seus
próprios recurso, seja delegando às pessoas física e jurídicas, não obstante, provendo estes
mesmos corpos de meios para fazê-lo, A Constituição Cidadã não só concedeu cidadania,
como gerou uma nova forma de ser cidadão implicando em uma modificação na forma como
a exercemos e como a desejamos, mas estas consequências requerem uma maior pesquisa
sociológio lógica.
59
Idem. p. 10
60
SARMENTO, Daniel. Op. Cit. p. 39
12
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.