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HISTÓRIA DA CULTURA E DA SOCIEDADE

NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

O BRASIL NO CONTEXTO INTERNACIONAL

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Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de: 1. A partir da compreensão do modelo neoliberal, entender suas

implicações e desenvolvimento no Brasil, apontando os acontecimentos da década de 1980 e 1990.

1 Introdução
Durante a década de 1980, a América Latina lutava pelo crescimento econômico e ao mesmo tempo travava o

duelo contra altas taxas de inflação.

No Brasil, os anos 80 se inauguram com uma profunda crise, iniciada por pelos menos dois fatores: as rígidas

restrições externas, provocadas por dois choques do petróleo (em 1973 e 1979) e o aumento dos juros

americanos entre 1979 e 1982. Veja o gráfico do crescimento da dívida externa brasileira durante os governos

militares:

A ditadura militar começava a apresentar brechas para a volta da democracia. Devido à inflação, o governo do

presidente Figueiredo negocia com o FMI (Fundo Monetário Internacional) e admite a impossibilidade de pagar

a dívida externa. A ajuda vem, e com ela as duras exigência do FMI, como a redução de salários e a diminuição do

gasto público. Em outras palavras, o governo aceita frear o crescimento brasileiro.

Esse cenário econômico também foi percebido em outras partes da América Latina.

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2 O Brasil no contexto internacional.
Ao final da década de 1970, o Brasil passava por uma crise econômica, e, não distante da realidade dos demais

países da América Latina, enfrentava altos índices de inflação. Para controlar a crise, o governo foi obrigado a

tomar medidas de retração da economia para seu posterior ajuste.

Medidas como a redução de gastos públicos, o controle da moeda em circulação e a redução dos salários dos

setores público e privado acarretaram a diminuição dos níveis de produção e aumento da taxa de desemprego. O

desenvolvimento econômico ficou esgotado devido à constante intervenção do Estado na economia - ora como

investidor ora subsidiando investimentos externos - à proteção à indústria nacional e ao fracasso dos programas

de estabilização.

A virada política com o final da ditadura promoveu também uma mudança na esfera econômica. Os novos

parâmetros da economia mundial e a grande influência norte-americana com que o país teve contato foram

primordiais para a estruturação de políticas econômicas voltadas para o neoliberalismo.

O Estado passou a intervir menos na economia para apenas regulá-la.

Os níveis de crescimento econômico durante a década de 1980 não foram os mais satisfatórios, em alguns anos,

inclusive, alcançaram índices negativos. A mudança que ocorre é a respeito ao inicio da aplicação de estratégias

neoliberais.

Pensando uma nova medida para valorizar a moeda nacional, o cruzeiro, que desde 1979 vinha sofrendo grande

desvalorização, cria-se, em 1986, o Plano Cruzado num momento em que a crise parecia estar sendo superada

(1985-1986).

O governo congelou a taxa de câmbio no período de um ano, congelou os preços também por um período de um

ano, criou uma espécie de seguro desemprego para os trabalhadores que fossem demitidos sem justa causa ou

que ficassem sem empregos devido ao fechamento de empresas. Um ano após sua implementação, a crise volta a

se instalar gerando novamente crescimento econômico negativo.

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Seguindo o mesmo modelo do Plano Cruzado, surgiram o Plano Bresser (1987) e o Plano de Verão (1989),

ambos dotados de medidas semelhantes ao primeiro e que não obtiveram êxito na tentativa de promover o

crescimento econômico e a diminuição da inflação.

Porém, no ano de 1989, o crescimento conseguiu ser superior aos dos anos anteriores, mas ainda assim

insatisfatório.

Em toda a América Latina, a década de 1980 ficou conhecida como a “década perdida" devido à necessidade de

recuperação econômica que todo o continente enfrentou.

O período de abertura política.

No início da década de 1970, no governo Médici, o Brasil acabava de passar por seu “milagre econômico”, em que

a taxa de crescimento da economia havia chegado aos 12%, enquanto a inflação aos 18%. Porém, tamanho

crescimento havia gerado uma enorme dívida externa, aliada à alta no petróleo, a altas taxas de juros e ao

crescimento da inflação.

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Em 1974, Ernesto Geisel foi eleito. Percebendo todos os problemas econômicos e o desgaste do regime, ele

anuncia uma “distensão lenta, segura e gradual”. A insatisfação da população, mesmo com a forte censura, era

notória. Até mesmo dentro das Forças Armadas esse descontentamento era latente, principalmente entre os

militares de patentes mais baixas.

Ainda em 1974, a propaganda política é permitida e o partido de oposição, o MDB, ganha a maior parte das

cadeiras do senado, a grande parte da câmara dos deputados e a maioria das prefeituras do país.

Os militares conhecidos como “linha dura” iniciam movimentos clandestinos a fim de não permitir a expansão

dessa tendência à abertura política.

Em 1975, o jornalista Vladmir Herzog é assassinado nas dependências do DOI-Codi (Destacamento de Operações

de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna), em São Paulo.

E em Janeiro de 1976, o operário Manuel Filho é encontrado morto em condições semelhantes.

O grande passo de Geisel para a abertura política foi pôr fim ao AI-5.

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Em 1978, Figueiredo, do MDB, foi eleito e, logo ao assumir, em 1979, assinou a Lei de Anistia, permitindo que

presos políticos, artistas e demais exilados pudessem voltar ao Brasil.

Nesse mesmo ano, ele institucionalizou o pluripartidarismo no Brasil e, com isso, os antigos partidos

políticos, que haviam caído na ilegalidade durante o regime, voltaram a funcionar.

Com tais medidas também atraiu a fúria dos que não queriam a abertura política, que nesse momento se tornou

ainda mais iminente. Em 1981 uma bomba explodiu durante um evento no centro de convenções Rio Centro.

No ano de 1983, a insatisfação com o regime começou a tomar forma a partir da proposta da Emenda

Constitucional Dante de Oliveira, e, em 1984, ocorreu o movimento popular conhecido como “Diretas Já”, que se

caracterizou por várias manifestações em todo o país clamando por eleições presidenciais diretas.

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A população chega ao comício das Diretas Já, na Av. Presidente Vargas,tendo ao fundo a igreja da Candelária, 10

de agosto de 1984.

Essas manifestações tiveram como principais pontos o Rio de Janeiro e São Paulo, levando às ruas 1 milhão de

manifestantes e 1,7 milhões, respectivamente. Porém, as reivindicações não foram atendidas, e as eleições do

ano seguinte foram indiretas.

A Constituinte de 1986 e a Constituição de 1988.

Os anseios da população brasileira estavam todos direcionados à redemocratização do país. A abertura política

aconteceu e alguns direitos foram devolvidos, porém era necessária a formulação de uma nova Constituição. A

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carta existente havia sido modificada várias vezes ao longo da Ditadura e não correspondia ao novo

ordenamento político do país.

O problema estava em como essa Constituição seria formulada. Ficou decidido que os deputados e senadores

acumulariam essa função e seriam os responsáveis pela elaboração da nova carta.

Diversas linhas de pensamento expressavam suas idéias a respeito de como se daria a Assembléia. A corrente

progressista defendia que a bancada deveria ser eleita pelo povo, pois assim ela teria maior representatividade,

por ter função exclusiva.

Composta por 559 membros, a Assembléia Constituinte foi presidida por Ulysses Guimarães, do PMDB.

Era composta, em sua maioria, por membros do Centro Democrático, mais conservador.(PMDB, PFL, PDS

e PTB). Isso influenciou diretamente na formulação da nova Constituição, pois garantiu a maioria dos

votos em decisões importantes como a extensão na duração do mandato de Sarney (que durou cinco

anos), a questão da reforma agrária e o papel das Forças Armadas.

No período de formulação da constituição, que durou dezoito meses, a população foi estimulada a participar por

meio de grupos

que levavam as ideias a assembléia: sindicatos de classe, entidades religiosas e demais seguimentos da

sociedade, abaixo-assinados etc.

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A Constituição foi promulgada dia 5 de outubro de 1988.

Dividida em nove títulos, passou a garantir direitos democráticos como:


• Direito de voto a analfabetos.
• Voto facultativo aos jovens entre 16 e 18 anos.
• Direitos trabalhistas como: licença maternidade de 120 dias, e paternidade de 5 dias, direito à greve,
liberdade sindical, entre outros.
• O mandato do presidente passou a 4 anos ao invés de 5, e é instituída a possibilidade de segundo turno
nas eleições municipais, (apenas nas cidades com mais de 200 mil habitantes).
• O aparelho censório foi desmontado,
• O divórcio se tornou legal,
• Criação dos direitos da criança e do adolescente.
• Criminalização do racismo.
• Reconhecimento da cultura indígena, entre outros.

O que vem na próxima aula


Como abordamos o caso brasileiro e sua economia no contexto internacional, na próxima aula veremos a

derrocada da URSS e o enfraquecimento do regime socialista pelo mundo.

Saiba mais
Filmes: Bye Bye Brasil (1979), Cacá Diegues. Pixote, a Lei do Mais Fraco (1981), Hector
Babenco. Links: //migre.me/uMxq (Caminho da Constituição) //www.planalto.gov.br
/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm //www.senado.gov.br/sf/legislacao/const/
//www.gedm.ifcs.ufrj.br

CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Aprendeu como o Brasil passou pela década de 1980 no campo político e econômico.
• Atentou para a mudança no jogo político e econômico e deu-se conta, a partir do que foi construído na
aula anterior, que tais fatos estão relacionados à ótica vigente no mundo durante os anos de 1980.

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