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Apoio e Orientação Alessandra Tavares

Professor Renato Pessanha

Resumo: Capítulo 14 – A ditadura civil-militar (1964-


1985)

 O início da ditadura

- O então presidente João Goulart é deposto em 01/04/1964, por tropas do exército que se
deslocaram de Minas Gerais até Brasília. Jango, como era conhecido, exilou-se no Uruguai.
Ao longo de todo esse período, a população ficou proibida de escolher seus principais
governantes, deputados e vereadores. Foram cinco os presidentes militares, todos
escolhidos pelas Forças Armadas: Marechal Castelo Branco (1964-1967); Marechal Costa e
Silva (1967-1969); General Emilio Garrastazu Médici (1969-1974); General Ernesto Geisel
(1974-1979) e General João Batista Figueiredo (1979-1985).

- Repressão política: perseguição a toda e qualquer oposição política ao regime militar,


cassação de direitos políticos, intervenção em Sindicatos de trabalhadores, proibição de
habeas corpus, suspensão dos direitos individuais, perseguição e exilio de lideranças
políticas. A tortura tornou-se prática usual, muitos presos políticos morreram sob tortura,
outros tantos se tornaram “desaparecidos políticos”. A censura também passou a ser
imposta a todos os meios de comunicação e aos artistas.

- A vida da população passou a ser regida por dispositivos autoritários. Esses dispositivos
ficaram conhecidos como Atos Institucionais (sigla AI) e permitiam ao governo modificar as
leis – desconsiderando a Constituição – sem a necessidade de aprovação do Congresso
(Câmara dos Deputados e Senado Federal). O argumento usado era o de que esses atos
combatiam a corrupção e a subversão que estaria a tomar conta do país.

- Implementação do processo de industrialização O governo também atraiu investimentos de


empresas estrangeiras que se instalaram no país. Essas medidas proporcionaram uma fase
de rápido crescimento econômico, que ficou conhecida como “milagre econômico brasileiro”.
Entretanto, ao final do “milagre econômico”, o Brasil entrou em um período de grande
recessão e inflação descontrolada, como você verá mais adiante. Nesse mesmo período
ocorre o aumento da concentração de renda e a ampliação da desigualdade social.

 Participação civil

- O conceito de ditadura civil-militar é uma expressão de uso relativamente recente,


empregada à luz de importantes estudos e pesquisas que comprovam a participação da
classe empresarial, de diversos ramos de negócios, banqueiros, empresas jornalísticas,
políticos, policiais civis, donas de casa, religiosos, entre outros, apoiaram a ditadura de
diferentes maneiras: fornecendo dinheiro ou equipamentos para órgãos de repressão,
divulgando notícias em defesa do regime, participando da repressão contra os grupos
contrários à ditadura, organizando passeatas em apoio ao governo, delatando opositores do
regime etc.

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 A “linha dura” em ação

- Contexto da Guerra Fria, polarização ideológica, Capitalismo X Socialismo, Esquerda X


Direita. Vários militares e civis defendiam que o Brasil deveria se alinhar aos Estados
Unidos, na luta em defesa do capitalismo, e fazer todo e qualquer tipo de oposição à União
Soviética e a seus ideais socialistas/comunistas, visando impedir a implantação desse
regime no país.

- Doutrina de Segurança Nacional: orientação ideológica fornecida pelos EUA e


implantada no Brasil através da Escola Superior de Guerra (ESG). Suas principais diretrizes
eram: o anti-comunismo, aversão aos movimentos sociais, indicação da polarização
ideológica entre direita/esquerda como justificativa para o cerceamento das liberdades civis.

- Em 1968, durante o governo do general Costa e Silva, foi decretado o Ato Institucional nº
5, o AI-5, o mais repressivo de todos os atos institucionais da ditadura. Ele aboliu o direito
de habeas corpus para os chamados crimes políticos, proibiu qualquer tipo de manifestação
política, acabou com diversas garantias constitucionais e endureceu a censura às artes e
aos meios de comunicação, entre outras medidas.

 A oposição vai às ruas

- Em 1968, cerca de 50 mil pessoas compareceram ao enterro do estudante secundarista


Edson Luís, morto em confronto com a polícia durante um protesto no restaurante
Calabouço no Rio de Janeiro. Tem início uma série de protestos contra a ditadura. Mais de
100 mil pessoas realizam uma passeata no Rio de Janeiro contra a ditadura. Em outubro,
jovens ligados à União Nacional dos Estudantes (UNE) organizaram, de forma clandestina,
um congresso da entidade na cidade de Ibiúna, em São Paulo. Ao descobrir a ação, a
polícia invadiu o local e prendeu centenas de estudantes.

 Anos de chumbo

- Com o AI-5, tiveram início os chamados “Anos de Chumbo”, ou seja, o período em que a
ditadura endureceu ainda mais a repressão. Em resposta a isso, muitas pessoas
abandonaram os protestos pacíficos e aderiram a grupos clandestinos adeptos da luta
armada em áreas urbanas e rurais. A linha dura prosseguiu e se intensificou durante o
governo do general Médici. Nessa época, funcionavam vários órgãos repressivos, militares e
civis. Entre eles, estavam o grupo civil denominado Operação Bandeirante (Oban), o Serviço
Nacional de Informações (SNI), o Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) e o
Destacamento de Operações e Informações do Centro de Operações de Defesa Interna
(DOI-CODI).

 O “milagre econômico”

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- O milagre econômico brasileiro ocorreu mais especificamente entre 1969 e 1973, quando o
Brasil passou por um ritmo elevado crescimento econômico. O que ocorreu para provocar
esse chamado “milagre” foi o imenso capital estrangeiro no país. O Milagre Econômico foi
responsável pela internacionalização da economia brasileira, criação de novo mercado
consumidor interno e externo, aumento do PIB, crescimento da economia.

- Tudo isso contribuiu para o aumento de empregos e a expansão da economia. Diante


desses avanços, as agências do governo lançaram campanhas publicitárias exaltando o
país, procurando enfatizar o potencial econômico e o gigantismo nacional. Um
dos slogans dessas campanhas dizia “Ninguém segura este país”. O clima de ufanismo era
grande e aumentou ainda mais depois que a seleção brasileira de futebol conquistou a Copa
do Mundo de 1970, no México. Em meio a esse clima de exaltação, agências
governamentais lançaram um slogan que dizia “Brasil: ame-o ou deixe-o”. Era uma clara
mensagem da ditadura aos opositores do regime.

 Chega a crise

- Em 1973 ocorre uma crise internacional provocada pelo aumento de preço do barril do
petróleo. O Brasil era grande importador do produto, e esse aumento prejudicou seriamente
a economia nacional. Um dos primeiros sintomas foi a subida da inflação. A economia do
país não conseguia mais se expandir, os preços das mercadorias subiam constantemente, e
os salários dos trabalhadores não acompanhavam esses aumentos. Ou seja, o poder de
compra da população foi ficando cada vez menor. Tamanha crise, aliada à falta de
liberdades, fez aumentar o número de pessoas protestando contra o governo. Em 1978, por
exemplo, nasceu em bairros periféricos das grandes cidades o Movimento do Custo de Vida.

 Retorno à democracia

- Pressionado, Geisel deu início a um processo de abertura política “lenta, gradual e


segura”, como afirmava. Um processo de transição, de cima para baixo, coordenado pelo
próprio governo. Pouco antes do final desse governo, o Congresso aprovou a revogação do
AI-5 e suspendeu parcialmente a censura à imprensa. Também enfrentando pressões
populares, o sucessor de Geisel, o general João Batista Figueiredo (1979-1985), pouco a
pouco, começou a aprovar leis que conduziam o Brasil à redemocratização.

- Uma dessas leis foi a da Anistia, aprovada em 1979, após grande pressão popular. Essa
lei permitiu o retorno dos exilados políticos ao país. Com isso, mais de 10 mil pessoas que
haviam se refugiado no exterior retornaram ao Brasil, ao mesmo tempo que presos políticos
foram postos em liberdade. Em contrapartida, a mesma lei também livrou os agentes da
ditadura envolvidos em torturas e assassinatos de presos políticos de serem julgados e
penalizados. Também em 1979, o governo aprovou uma lei pondo fim ao bipartidarismo e
autorizando a criação de novos partidos políticos.

 Diretas já e a nova Constituição

- "Diretas Já" foi um movimento político de cunho popular que teve como objetivo
a retomada das eleições diretas ao cargo de presidente da República no Brasil. Em 1986 o
deputado federal Dante de Oliveira, do PMDB, apresentou no Congresso Nacional uma
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emenda à Constituição restabelecendo as eleições diretas para presidente. Em pouco
tempo, começaram a ser realizados imensos comícios em todo o país, com o objetivo de
pressionar o Congresso a aprovar essa emenda. No entanto, o movimento, que ficou
conhecido como Diretas Já, fracassou. O Congresso Nacional frustrou as expectativas da
população e, em abril de 1984, rejeitou a emenda de Dante de Oliveira, determinando que a
eleição presidencial seguinte ocorresse de forma indireta.

- Dois candidatos despontaram: o mineiro Tancredo Neves, representando os partidos da


oposição, e o paulista Paulo Maluf, apoiado pelos defensores da ditadura. Tancredo Neves
saiu vitorioso, porém não chegou a tomar posse. Na véspera do dia em que receberia a
faixa presidencial, Tancredo Neves foi internado às pressas em um hospital de Brasília,
onde passou por várias cirurgias. No dia 21 de abril de 1985, depois de pouco mais de um
mês internado, o presidente eleito morreu. Com isso, assumiu a presidência o vice-
presidente, o maranhense José Sarney, ex-presidente da Arena, partido que, ao longo de 21
anos, ofereceu sustentação à Ditadura Civil-Militar.

- Com a posse de Sarney, teve início uma nova fase na história da política brasileira. Era o
início da chamada Nova República, período que se caracterizou pela transição em direção à
democracia. Dois dos principais marcos dessa transição foram a aprovação de uma
Constituição, em 1988, e a realização das primeiras eleições presidenciais livres e diretas no
Brasil, em 1989.

- Destaques da Nova Constituição: Proibição da censura prévia às manifestações artísticas


e culturais; Proibição à prática da tortura; Direito de as pessoas saberem quais informações
a seu respeito se encontram disponíveis em todo e qualquer órgão público (habeas data);
Criação do seguro-desemprego; Criação da licença-maternidade de 120 dias para as
gestantes e da licença-paternidade de 5 dias; Direito de voto aos analfabetos; Liberdade de
ensino e aprendizagem; Liberdade de expressão e de imprensa.

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