A ditadura militar no Brasil durou de 1964 a 1985, estabelecendo censura, restrições de direitos e perseguição aos opositores. O regime se baseava nos Atos Institucionais que concentravam poder no Executivo e suspendiam garantias constitucionais. Apesar do "milagre econômico", houve violações de direitos humanos. A redemocratização ocorreu gradualmente nos governos Geisel e Figueiredo.
A ditadura militar no Brasil durou de 1964 a 1985, estabelecendo censura, restrições de direitos e perseguição aos opositores. O regime se baseava nos Atos Institucionais que concentravam poder no Executivo e suspendiam garantias constitucionais. Apesar do "milagre econômico", houve violações de direitos humanos. A redemocratização ocorreu gradualmente nos governos Geisel e Figueiredo.
A ditadura militar no Brasil durou de 1964 a 1985, estabelecendo censura, restrições de direitos e perseguição aos opositores. O regime se baseava nos Atos Institucionais que concentravam poder no Executivo e suspendiam garantias constitucionais. Apesar do "milagre econômico", houve violações de direitos humanos. A redemocratização ocorreu gradualmente nos governos Geisel e Figueiredo.
A Ditadura Militar no Brasil foi um regime autoritário que teve início com o golpe militar em 31 de março de 1964, com a deposição do presidente João Goulart.
O regime militar durou 21 anos (1964-1985), estabeleceu a censura à imprensa,
restrição aos direitos políticos e perseguição policial aos opositores do regime.
ATOS INSTITUCIONAIS, IDEOLOGIA E REPRESSÃO
As Forças Armadas, seguindo os preceitos da Doutrina de Segurança Nacional,
controlaram a sociedade civil por meio da censura, do terrorismo estatal e da repressão a fim de promover os interesses da elite dominante. Enquanto o aparelho militar fortalecia o Estado, neutralizando as pressões sociais e procurando alcançar um elevado crescimento econômico, as Forças Armadas atingiam um alto nível de autonomia institucional e impediam que os centros de decisão política fossem transferidos para os civis. De acordo com os preceitos da mencionada doutrina, toda a política do país deveria ser orientada em função da segurança, por isso as esferas militar e política encontravam-se diretamente relacionadas. A política deixava de ser uma arte civil para se tornar uma arte militar. A guerra interna ou a eliminação do inimigo interno passou a ser uma estratégia determinada pelas normas da segurança nacional, o que atribuiu um forte papel, na sociedade civil, aos aparelhos de segurança e informações que atuavam, na maioria das vezes, por meio da violência, com táticas de guerra e torturas físicas. Era considerado um inimigo interno todo aquele que não se pronunciava a favor do governo e dos ideais revolucionários, seduzido por ideologias estranhas e apoiado por forças externas (comunismo internacional). Durante os governos militares, a tortura física e psicológica era uma constante. A liberdade de imprensa deixou de existir através da censura prévia a todos os meios de comunicação. Não havia liberdade de expressão nas universidades, logo os estudantes ficaram privados de qualquer atividade política.
A lei de imprensa, editada pelo primeiro general-presidente, Castelo Branco,
permitia a censura quando se tratava de propaganda subversiva contra a ordem política e social. A televisão, a música, o cinema e o teatro também estavam sujeitos à censura. Livros, jornais e revistas não podiam ser “clandestinos” nem deveriam atentar contra a “moral e os bons costumes”. Contudo, foi o Ato Institucional nº 5 que permitiu uma atividade censória mais sistemática por parte da ditadura militar. Além disso, o regime militar definiu, de maneira integrada, um sistema de propaganda política que amparou ideologicamente a repressão e buscou encobri-la: “Ninguém segura o Brasil”, “Este é um país que vai pra frente” e “O Brasil é feito por nós”.
A estrutura político-jurídica da ditadura militar baseava-se em Atos
Institucionais (AI). Redigido pela Junta Militar que assumiu o poder após o golpe, o primeiro Ato Institucional (AI-1), de 9 de abril de 1964, já manifestava as pretensões do novo regime. Este ato determinava a suspensão da Constituição por 6 meses e, com ela, todas as garantias constitucionais; eleições indiretas para presidente da República (ele deveria ser eleito pelos membros do Congresso Nacional); suspensão de direitos políticos dos opositores do governo, resultando em prisões, exílio e cassações de mandatos. A partir desse documento, o poder concentrava-se nas mãos do Executivo. Coube aos militares a escolha do novo presidente e ao Congresso, a ratificação dessa escolha. No dia 15 de abril de 1964, foi eleito para a presidência da República o general Humberto de Alencar Castelo Branco. Entre 1964 a 1969 foram decretados 17 Atos Institucionais. a. AI-2: decretado em 1965, ratificou a eleição indireta para presidente da República; dissolveu todos os partidos políticos existentes desde 1945; reabriu o processo de punição aos opositores do regime; ampliou os poderes do presidente, que poderia intervir nos estados, decretar o recesso no Congresso, demitir funcionários por “incompatibilidade” com o regime e baixar decretos-lei e atos complementares sobre assuntos de segurança nacional. A partir desse ato passou a valer o bipartidarismo, pois havia apenas dois partidos legalizados: a Aliança Renovadora Nacional (ARENA) e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB). A ARENA representava os militares, enquanto o MDB era um partido de oposição controlado pelo regime militar.
b. AI-3: decretado em 1966, definia que os governadores e vices seriam eleitos
indiretamente por um colégio eleitoral, composto por deputados estaduais. Estabeleceu que os prefeitos das capitais seriam nomeados pelos governadores, com aprovação das assembleias legislativas.
c. AI-4: convocou ao Congresso Nacional a elaboração de uma nova carta constitucional,
que revogaria de forma permanente a Constituição de 1946. A Constituição de 1967 entrou em vigor no dia 15 de março de 1967 e serviu para formalizar a estrutura de poder delineada pelo regime militar. d. AI-5: decretado em 1968, estabeleceu a suspensão da Constituição e todos os poderes concentraram-se no presidente da República, o qual também passou a representar o Poder Legislativo e a controlar o Poder Judiciário. O presidente estava autorizado a cassar mandatos, intervir em estados e municípios, suspender direitos políticos de qualquer pessoa. Houve a suspensão da garantia de Habeas Corpus nos casos de crimes políticos, contra a segurança nacional e a ordem social. A partir do AI-5, abriu-se um novo ciclo de cassação de mandatos, perda de direitos políticos e demissões de funcionários públicos, abrangendo muitos professores universitários. A censura aos meios de comunicação não permitia que as arbitrariedades do governo fossem divulgadas e, assim, houve o aumento das prisões ilegais e a tortura passou a fazer parte dos interrogatórios. O recrudescimento do autoritarismo ocorreu durante o governo Médici (1969-1974) e entrou para a história como a época dos “anos de chumbo”. ASPECTOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E AS REAÇÕES DA OPOSIÇÃO
Entre 1968 a 1973, o Brasil alcançou um extraordinário crescimento econômico
com taxas relativamente baixas de inflação. O PIB cresceu na média anual 11,2% e atingiu, em 1973, uma marca recorde de aumento de 14%. Esse fenômeno decorreu em parte da política econômica implementada sob a direção do Ministro da Fazenda, Antônio Delfim Neto, mas também de uma conjuntura econômica internacional muito favorável. Esse período (1968-1973) passou a ser conhecido como o do “milagre econômico brasileiro”. O crescimento econômico foi acompanhado pela criação de novos postos de emprego no mercado formal e pela expansão do consumo interno. O crescimento econômico foi uma prioridade do governo Castelo Branco (1964- 1967). Sob o comando do então ministro da Fazenda, Delfim Netto, o projeto conômico teve como princípio o crescimento rápido. Isso foi até 1974, que se iniciou o declínio até 1977. Aí temos o “choque do petróleo”. Conflitos entre países membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) derrubaram a oferta do insumo entre 1973 e 1974, provocando um aumento fulminante do preço do petróleo, com impacto no custo de vida dos países dependentes de sua importação, a exemplo do Brasil. Como a estabilidade econômica era um fator essencial para a manutenção do governo militar, os economistas que faziam parte do regime optaram por não abrir mão do modelo e decidiram que o país deveria continuar crescendo a qualquer custo, mesmo que continuasse se endividando cada vez mais. Durante esse processo econômico do regime militar, os opositores ao governo buscavam reagir de diversas maneiras por meio de manifestações culturais, de passeatas e inclusive pela luta armada. “A obrigação de todo revolucionário é fazer a revolução”, afirmou Carlos Marighella, antigo militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) que fundou a Ação Libertadora Nacional (ALN), a qual foi a principal organização de luta armada de guerrilha urbana. As organizações DI-GB e ALN idealizaram e realizaram, respectivamente, o seqüestro do embaixador americano em 1969. Em troca da libertação de Charles Burke Elbrick,os militantes conseguiram a liberdade de 15 presos políticos, a publicação e a leitura de um manifesto nos principais jornais, televisões e rádios do Brasil, o qual explicava à população a ação e divulgava os objetivos da luta armada. Após o êxito do sequestro, sucedeu-se uma brutal repressão contra as organizações, acompanhada por inúmeras prisões e morte de militantes. Neste contexto, foi assassinado Carlos Marighella, em novembro de 1969. Passeata dos Cem Mil (1968)
A movimentação cultural de repúdio à ditadura também era constante, apesar da
censura às produções artísticas, literárias e aos meios de comunicação. No campo musical apareciam os grandes festivais, nos quais Geraldo Vandré, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé e outros artistas faziam sucesso com canções de protesto.
A LUTA PELA REDEMOCRATIZAÇÃO, A LEI DE ANISTIA E AS ELEIÇÕES
INDIRETAS
Depois de anos de autoritarismo, o Brasil iniciou um lento processo de abertura
política e de “transição” do regime militar para o regime democrático. Esse processo começou no governo Ernesto Beckmann Geisel (1974-1979) e se intensificou durante o último governo do período militar, o do general João Batista Figueiredo (1979-1985). Outros movimentos políticos marcantes contribuíram para diminuir a influência da “linha dura” no regime e preparar o caminho para a abertura política: 1) a pressão internacional contra o regime militar, sobretudo, na questão do desrespeito aos direitos humanos; 2) o ambiente político internacional menos propício, quando comparado aos anos de 1950 e 1960; 3) o resfriamento do radicalismo da esquerda brasileira após 1974, com a vitória do MDB nas eleições legislativas; 4) a crise energética da década de 1970 e questões econômicas; 5) a aproximação do regime militar de teses de política externa mais condizentes com uma base “democrática”; 6) o interesse de o regime militar brasileiro diferenciar-se de regimes mais violentos e repressores da América Latina dos anos de 1970, principalmente os da Argentina e do Chile.
Ao final de 1978, reformas de cunho liberalizante foram estabelecidas de acordo
com o caráter gradual e seguro da abertura política. Geisel conseguiu controlar o processo sucessório e o novo presidente, general João Figueiredo, ficou encarregado de dar continuidade à transição política nos seis anos seguintes. O governo atenuou a Lei de Segurança Nacional e permitiu o regresso ao Brasil de 120 exilados políticos. Em agosto de 1979, já no governo de Figueiredo, o Congresso Nacional aprovou a lei de anistia: Art. 1º É concedida anistia a todos quantos, no período compreendido entre 02 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou conexo com estes, crimes eleitorais, aos que tiveram seus direitos políticos suspensos e aos servidores da Administração Direta e Indireta, de fundações vinculadas ao poder público, aos Servidores dos Poderes Legislativo e Judiciário, aos Militares e aos dirigentes e representantes sindicais, punidos com fundamento em Atos Institucionais e Complementares. § 1º - Consideram-se conexos, para efeito deste artigo, os crimes de qualquer natureza relacionados com crimes políticos ou praticados por motivação política. § 2º - Excetuam-se dos benefícios da anistia os que foram condenados pela prática de crimes de terrorismo, assalto, seqüestro e atentado pessoal.
Em 1978, os metalúrgicos do ABC paulista entraram em greve, cujo presidente
era José Inácio da Silva. Incorporaram-se outras categorias (bancários, petroleiros, professores) em todo o Brasil. Foi restabelecido o pluripartidarismo. Em 1979, a Arena e o MDB foram dissolvidos, dando lugar a seis novos partidos. Outra medida possibilitou eleições para governadores dos estados de forma direta, que se realizaram pela primeira vez em 1982. Aí se partiu para o passo imprescindível para o retorno da democracia, que seria as eleições diretas para presidente: A Campanha das “Diretas Já”. As negociações entre o PMDB e os dissidentes do partido do governo, o PDS, levaram à formação da Aliança Democrática, cujo objetivo era unir forças para derrotar o candidato do governo, o Paulo Maluf. A oposição se uniu em torno da candidatura de Tancredo Neves, em chapa cujo vice-presidente era o dissidente governista José Sarney (ex-presidente do PSD). A eleição indireta ocorreu no dia 15 de janeiro de 1985 e a chapa Tancredo-Sarney saiu vitoriosa. Enquanto se comemorava a vitória de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral, o Rock in Rio recebeu mais de 60 mil pessoas e acabou por incluir uma canção à trilha sonora a favor da democracia. “Pro dia nascer feliz” cantada por Cazuza, vocalista da banda Barão Vermelho na época. Tancredo Neves faleceu no dia 21 de abril, sem ter tomado posse. Em seu lugar, assumiu o vice-presidente José Sarney, que governou o Brasil até 1990. Assim, chegou ao fim 21 anos de ditadura militar.
Presidentes do Período Ditatorial
1964 Ranieri Mazzilli
1964-1967 Humberto de Alencar Castelo Branco 1967-1969 Artur da Costa e Silva 1969-1974 Emílio Garrastazu Médici 1974-1979 Ernesto Geisel 1979-1985 João Figueiredo