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A DITADURA MILITAR

Damos o nome de Ditadura Militar ao período que vai de 1964 a 1985, uma fase de nossa
história em que os militares estavam no poder e não houve democracia. Sob o pretexto de
defender a democracia, acabar com a corrupção e evitar a instalação do socialismo no
país, os militares derrubaram o presidente João Goulart e assumiram o poder.

Na verdade, os militares não defenderam a democracia, mas acabaram com ela


suspendendo as eleições para os cargos mais importantes e eliminando qualquer forma
de oposição. Para se manter por tanto tempo no poder, os militares reprimiram
violentamente todos aqueles que se opunham à ditadura. Os métodos utilizados
envolviam perseguição, prisão, tortura e expulsão do país.

Neste resumo, vamos conhecer todos os presidentes da ditadura militar, assim como as
suas principais obras.

Golpe de 1964

Quando ocorreu o comício das reformas de base, na Central do Brasil, em 13 de março


de 1964, a conspiração para derrubada do presidente já estava em andamento. Os
golpistas procuram mobilizar a opinião pública, principalmente a classe média, contra o
governo. Apelavam para a ameaça do comunismo, que haveria de desmanchar as
famílias, acabar com a propriedade privada e proibir a prática da religião.

No dia 19 de março daquele ano, uma grande marcha contra as reformas de João
Goulart, chamada de Marcha da Família, foi realizada nas ruas de São Paulo. Na noite de
31 de março, com o aumento dos protestos contra o governo do presidente, tropas de
Juiz de Fora, comandadas pelo general Olímpio Mourão Filho, começam a marchar para
o Rio de Janeiro.

Era o início do golpe, que teve adesão de outros militares. João Goulart não teve como
resistir e, na noite de 1º de abril, deixou o poder.

Governo Castelo Branco

Com João Goulart fora do poder, três ministros militares – Costa e Silva, Correia de Mello
e Augusto Rademaker – assumiram o comando do país. Passando por cima da
Constituição, os ministros escolheram Humberto Castelo Branco como presidente. Ele
governou de 15 de abril de 1964 a 15 de março de 1967.

O primeiro ato de Castelo Branco foi a anulação das reformas de base de João Goulart.
Ao mesmo tempo, iniciou a repressão contra os opositores do regime militar. Castelo
Branco retribuiu o apoio das empresas multinacionais ao golpe militar, liberando remessas
de lucros para o exterior. Ele criou, também, o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
(FGTS).

O presidente controlou os salários e o movimento operário, intervindo nos sindicatos e


proibindo greves. Boa parte desta repressão do governo ocorreu por causa da criação dos
Atos Institucionais.
Os Atos Institucionais

Assim que assumiram o poder, os militares foram, aos poucos, atribuindo ao governo
militar poderes excepcionais. Isto se fez através dos Atos Institucionais. Os Atos
Institucionais foram decretos validados pelo presidente sem que, para isso, houvesse a
aprovação do poder legislativo, representado pelos deputados e senadores.

Em um intervalo de cinco anos (1964-1969), o Brasil teve dezessete Atos Institucionais.


Destes, apenas alguns tiveram maior relevância política na época em que estiveram
vigentes. Dentre estes, podemos destacar o Ato Institucional nº 1, escrito em 1964, que
dava ao governo militar o poder de alterar a Constituição, cassar mandatos legislativos,
suspender direitos políticos por dez anos, entre outras coisas.

Por sua vez, o Ato Institucional nº 5, escrito em 1968, incluía a proibição de manifestações
de natureza política, além de vetar o “habeas corpus” para crimes contra a segurança
nacional.

Governo Costa e Silva

O general Arthur da Costa e Silva assumiu a presidência de 15 de março de 1967 e


governou até agosto de 1969. Costa e Silva assumiu com uma nova Constituição, a
quinta do período republicano, promulgada em janeiro de 1967. Ela dava amplos poderes
ao presidente.

Durante o seu governo, foram muitas as manifestações contra a ditadura militar.


Estudantes e operários faziam greves e saíam às ruas para protestar. Em 1968, estas
manifestações se tornaram mais frequentes. No Rio de Janeiro, ocorreu a Passeata dos
Cem Mil, em protesto contra a morte do estudante Edson Luís.

Em agosto de 1969, o general Costa e Silva adoeceu e foi declarado impedido de


continuar a exercer a presidência. O país foi governado, temporariamente, por uma junta
composta por três militares.

Governo Emílio Médici

O general Emílio Garrastazu Médici assumiu a presidência em 30 de outubro de 1969 e


governou até março de 1974. Quando Médici assumiu o poder, grupos armados já
estavam atuando nas grandes cidades: era a chamada guerrilha urbana.

Dentre estes, destacou-se o MR-8, liderado pelo ex-militar Carlos Lamarca. O Movimento
Revolucionário 08 de outubro (MR-8) ficou conhecido nacional e internacionalmente pelo
sequestro do embaixador norte-americano no Brasil,

Charles Elbrick, no dia 04 de setembro de 1969. As guerrilhas não se concentravam


apenas nas cidades. O Partido Comunista do Brasil (PC do B) organizou uma guerrilha na
região do Araguaia, duramente combatida pelo governo militar.

Ao mesmo tempo em que eliminou a resistência armada ao regime militar, Médici também
estabeleceu uma forte censura à imprensa e à produção cultural. A censura era
organizada pelo Serviço Nacional de Informações (SNI).
O Milagre Econômico

Na época de Médici ocorreu o chamado Milagre Econômico. De 1968 a 1973, o país


cresceu uma média de 11% ao ano. Por outro lado, os salários ficaram baixos, a
mortalidade infantil aumentou e cresceu a miséria da população.

Durante o governo Médici, foram construídas grandes obras, como a Ponte Rio- Niterói e
a rodovia Transamazônica, hoje praticamente abandonada. Além disso, o Brasil venceu a
Copa de 1970, sagrando-se tricampeão de futebol. Tudo isso era utilizado pelo governo
militar como propaganda a seu favor.

Neste período, o governo criou um slogan que dizia: “Brasil, ame-o ou deixe-o”, ou seja,
quem não aceitasse o país como ele era – ou como ele estava – que deixasse o país.

Governo Ernesto Geisel

O general Ernesto Geisel assumiu a presidência em 15 de março de 1974 e governou até


março de 1979. Geisel recebeu um país sufocado pela perseguição e pela censura, difícil
de controlar. Ele logo percebeu a necessidade de permitir certa liberalização do regime,
para evitar a oposição de todos.

A censura diminuiu, mas permaneceu forte na música, no cinema, no teatro e continuou


controlando pequenos jornais de oposição, como O Pasquim. Em 1974, houve eleições
livres para senadores, deputados e vereadores. O Movimento Democrático Brasileiro
(MDB) conseguiu uma vitória retumbante contra a Aliança Renovadora Nacional (Arena),
o partido do governo.

Para evitar novas derrotas em eleições, Geisel mandou fechar o Congresso e decretou
um conjunto de medidas que ficou conhecido como Pacote de Abril, pois era abril de
1977.

Governo João Figueiredo

O general João Figueiredo assumiu a presidência em 15 de março de 1979 e governou


até março de 1985. Neste período, as manifestações populares e os movimentos
operários foram crescendo. O governo ora cedia, ora endurecia. A primeira grande
campanha popular foi a campanha da Anistia, que exigia a anulação das condenações
daqueles que tinham sido expulsos do país.

A campanha foi vitoriosa, mas não foi “ampla, geral e irrestrita”, como desejava o
movimento popular. Muitos brasileiros banidos puderam voltar ao país. Em 15 de março
de 1983, assumiram os novos governadores dos estados, os primeiros escolhidos em
eleições diretas depois de dezoito anos. O povo começou a exigir eleições diretas
também para presidente.

Em 1985, após 21 anos de governos militares, o presidente volta a ser um civil, após
várias manifestações populares, como a campanha Diretas Já.

Cultura nos anos 60 e 70

As décadas de 1960 e 1970 ficaram marcadas por muitas transformações em todo o


mundo. No Brasil, não foi diferente. No país, estas duas décadas ficaram marcadas pelas
canções de protesto contra o regime militar, com destaque para artistas como Geraldo
Vandré e Chico Buarque.

O rock da Jovem Guarda ditava a moda e não tinha a intenção de protestar contra os
governos militares. Seus maiores representantes foram Roberto Carlos e Erasmo Carlos.
Não podemos deixar de destacar a Tropicália, movimento que misturou manifestações
tradicionais da cultura brasileira e inovações estéticas radicais. Teve, entre os principais
representantes, Caetano Veloso e Gilberto Gil.

O cinema brasileiro fez muito sucesso. O Cinema Novo, com influência europeia, se
desenvolveu graças ao ambiente favorável da cultura engajada, promovendo uma visão
crítica da situação política e social do Brasil.
Questões

EXERCÍCIO SOBRE DITADURA MILITAR

1. Presidente brasileiro que governou de 15 de março de 1967 a agosto de 1969:

a) João Figueiredo
b) Ernesto Geisel
c) Emílio Garrastazu Médici
d) Humberto Castelo Branco
e) Arthur da Costa e Silva

2. (UFSC) Sobre o regime militar instalado no Brasil em 1964 e os desdobramentos


históricos posteriores, é CORRETO afirmar que:

I- O país passou a viver em um regime democrático, no qual as grandes manifestações


políticas eram incentivadas.
II- A vitória da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1970 foi utilizada pelo regime
militar na propaganda do governo. Slogans como "Este é um país que vai pra frente" e
"Ninguém segura este país" foram difundidos nesse momento.
III- O Brasil, em 1970, era governado por Tancredo Neves, o último presidente militar do
país.
IV- O ano de 1964 é conhecido pelo estabelecimento do pluripartidarismo, importante
passo para a consolidação da democracia no Brasil durante o regime militar.
V- Durante o governo Costa e Silva, em 1968, foi decretado o AI-5 (Ato Institucional nº 5)
que, entre outras decisões, estabeleceu o fechamento do Congresso Nacional.
VI- No período ocorreu o chamado " milagre econômico brasileiro ", que favoreceu a
classe média, possibilitando-lhe maior acesso ao consumo.
VII Foi o período de construção da Rodovia Transamazônica, responsável pelo sucesso
da integração entre o norte e o sul do Brasil.

Assinale a sequência correta:

a) III – IV – V - VI
b) II – III – IV
c) I – III – IV - V
d) III – IV - VI
e) II – V - VI
3. (UFJF) Leia os trechos abaixo e, em seguida, responda ao que se pede:

Trecho do discurso de posse do Marechal Humberto Castelo Branco, em 1964

“Defenderei e cumprirei com honra e lealdade a Constituição do Brasil, inclusive o Ato


Institucional que a integra. Cumprirei e defenderei ambos com determinação, pois serei
escravo das leis do país e permanecerei em vigília para que todos as observem com
exação e zelo. Meu governo será o das leis, o das tradições e princípios morais e políticos
que refletem a alma brasileira. O que vale dizer que será um governo firmemente voltado
para o futuro, tanto é certo que um constante sentimento de progresso e aperfeiçoamento
constitui a marca e também o sentido de nossa história política e social.”
(Disponívelem:http://www.bradoretumbante.org.br/historia/generais-no-poder/
aspromessas Acessado em 13/10/2016.)

Trecho do discurso de posse do General Emilio Garrastazu Médici,em 1969

“Homem da fronteira, creio em um mundo sem fronteira entre os homens. Sinto por dentro
aquele patriotismo aceso dos fronteiriços, que estende ponte aos vizinhos, mas não aceita
injúrias nem desdéns e não se dobra na afirmação do interesse nacional. Creio em um
mundo sem fronteiras entre países e homens ricos e pobres.
E sinto que poderemos ter um mundo sem fronteiras ideológicas, onde cada povo respeite
a forma de outros povos viverem, onde os avanços científicos fiquem na mão de todo
homem, na mão de todas as nações, abrindo-se à humanidade a opção de uma
sociedade aberta. Fronteiriço, não sei, não vejo, não sinto, não aceito outra posição do
Brasil no mundo que não seja a posição de altivez.”
(Disponível em: http://www.alertatotal.net/2015/12/discurso-de-posse-de-emiliogarrastazu.
html Acessado em 13/10/2016)

De acordo com os dois trechos é CORRETO afirmar que:

a) os dois presidentes assumiram os mesmos compromissos políticos de respeitarem a


constituição democrática do Brasil, falando em nome do povo que os elegeu garantindo
conduzir o país a um futuro de progresso.

b) há uma descontinuidade entre o primeiro discurso e o segundo, uma vez que Castelo
Branco promete exercer um governo firme característico da ditadura que se inicia, mas
que se modifica com Emílio Médici que investe na abertura política.

c) são parte de um processo mais longo de endurecimento político dos governos militares,
reforçando a necessidade de firmeza no confronto com as diferenças, numa intenção de
defesa do projeto militar pelo crescimento do país.

d) eleitos de forma indireta, tanto Castelo Branco quanto Médici buscaram conquistar o
apoio popular prometendo governar com as leis, respeito aos direitos civis e moralizar o
país, diminuindo a distância entre ricos e pobres.

e) a manutenção dos governos militares dependia da posição de ataque às diferenças


econômicas e políticas entre o Brasil e os outros países, defendendo que o modelo do
Brasil deveria ser expandido para todo mundo.
4. (UFPR) Considere a charge abaixo, publicada na revista humorística brasileira Pif-Paf,
em 27 de julho de 1964:

A partir dos elementos da charge e dos conhecimentos sobre o período da ditadura


civil-militar no Brasil (1964-1985), identifique as seguintes afirmativas como
verdadeiras (V) ou falsas (F):

(___) A charge faz referência ao símbolo da suástica nazista, pois iguala a cassação de
direitos civis e políticos que ocorreu após o golpe militar brasileiro com a cassação de
direitos civis dos judeus alemães no regime nazista.

(___) A direita na América Latina, durante o período da Guerra Fria (1945-1989), recebeu
apoio da União Soviética para instituir governos autoritários que afirmavam proteger o
bem maior da população contra inimigos comunistas.

(___) A charge faz referência ao caráter do governo instituído ser de direita, para proteger
o país de uma alegada “ameaça comunista”, que foi associada pelos militares e seus
apoiadores ao presidente deposto João Goulart e demais grupos de esquerda.

(___) Eventos como a Revolução Cubana (1959) não somente inspiraram diversos
movimentos de esquerda antes e depois do golpe militar, como impulsionaram os Estados
Unidos para o estreitamento de laços com a direita na América Latina.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para baixo.

a) V – F – V – V.
b) V – V – V – V.
c) F – V – F – F.
d) F – V – V – F.
e) V – F – F – V.
5. (UERJ)

" A Lei da Anistia foi a coroação de uma luta e o início de um processo irreversível de
democratização. (...). Não foi concessão. Foi conquista. (…) "
(Deputado Sigmaringa Seixas)

" Não vimos a anistia como perdão, mas como esquecimento. Passaram um borrão na
História ".
(Deputado Ricardo Zarattini)

(" O Globo ", 08/08/2004)

Os posicionamentos dos deputados acima refletem diferenças observadas na sociedade


civil brasileira no tocante à redação final da Lei da Anistia, aprovada pelo Congresso
Nacional, em 28 de agosto de 1979.

a) Apresente duas críticas feitas por segmentos da sociedade brasileira ao conteúdo do


projeto de lei de anistia enviado ao Congresso pelo governo Figueiredo.

b) Dentre as medidas liberalizantes que antecederam a Lei da Anistia, encontra-se a


revogação do Ato Institucional n° 5, em outubro de 1978. Cite duas prerrogativas que
tenham sido atribuídas ao presidente da república pelo AI-5.

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