PARA QUE NUNCA MAIS ACONTEÇA. LINHA DO TEMPO Outubro 1960
Jânio Quadros é eleito presidente com 48%
dos votos válidos, atraindo os votos conservadores da União Democrática Nacional (UDN) que era contra o getulismo e seus apadrinhados, como João Goulart e Juscelino Kubitschek. Os janistas cantam “Varre, varre, vassourinha”, fazendo referência à eliminação da corrupção na política brasileira. Jânio Quadros (PTN/UDN/PL/PR/PDC) venceu as eleições presidenciais de outubro de 1960, tendo recebido 48% dos votos do eleitorado, contra 32% dados a Henrique Teixeira Lott e 20% a Ademar Barros. Vice-presidente – João Goulart (PTB) Jânio era populista - comia sanduíches com os eleitores e aparecia nos comícios com roupas puídas —, aproximara-se do eleitor urbano do PTB. Mas, seu discurso moralista, com críticas contundentes à corrupção e à inflação agradavam o eleitorado conservador udenista Jânio não negociava com o congresso
“Jânio (...) desprezou a configuração
partidária do congresso, não negociou com os partidos, ignorou as regras do jogo político e tentou governar apesar do Legislativo” (HIPOLITO, 1985) Agosto 1961 Denuncia de Carlos Lacerda em relação a Janio e o ministro da justiça Pedro Horta (golpe à democracia)
Jânio Renuncia- Sem apoio da UDN e isolado
politicamente, Jânio Quadros renuncia. O fato inesperado eleva as tensões políticas, pois o vice-presidente era João Goulart, considerado muito à esquerda pelos setores conservadores civis e militares Setembro de 1961 Jango toma Posse - Constituição determinava que o vice-presidente deveria assumir o governo. Os ministros militares se opuseram (Jango era considerado muito à esquerda). Perigos da “ameaça comunista” Solução proposta: adoção do parlamentarismo. Goulart assumiria a presidência com seus poderes limitados dentro de um arranjo no qual, o Congresso, de maioria conservadora, possuiria centralidade e retornaria ao centro das decisões políticas. Dezembro de 1962
52% de inflação. Neste momento o governo
anuncia o Plano Trienal, que pretendia contornar a crise econômica até 1965, e preparar o caminho para as Reformas de Base propostas por João Goulart. Janeiro de 1963
Retorno do Presidencialismo por
plebiscito -9,5 milhões de votos a favor do presidencialismo contra 2 milhões dados ao parlamentarismo. Dezembro de 1963
Inflaçãoa quase 80% ao ano e o
crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) a 0,6%, piorando o já conturbado cenário político 13 de Março de 1964
Comício central – criticado tanto pela
direita quanto pela esquerda conservadoras 19 de Março 1964 –
Marcha da Família com Deus pela
Liberdade 1º. De Abril de 1964
Golpe aplicado, Costa e Silva proclama-se
“Comandante do Exército Nacional” e líder do “Comando Supremo da Revolução”, ampliando a revolta civil-militar contra o Presidente da República. Na madrugada do dia 2, o Presidente do Congresso, senador Auro de Moura Andrade, declara “vaga” a Presidência da República, apesar de Jango estar em território nacional. 09 de abril de 1964 - Primeiro Ato Institucional, que confere ao presidente da República poderes para cassar mandatos eletivos e suspender direitos políticos. 15de Abril de 1964 – Posse de Castelo Branco Junho de 1964 Com os poderes do Ato Institucional, o Presidente cassa os mandatos do ex- presidente Juscelino Kubitschek, então senador da República, e mais 39 políticos. Setembro de 1964 Apesar de ter apoiado o Golpe, alguns jornais, como o Correio da Manhã, começam a se distanciar do novo regime, sobretudo por causa das denúncias de torturas contra presos políticos, ocorridas logo depois do golpe. A violência da repressão aumentaria ainda mais a partir de 1969. Setembro de 1964
O governo militar cria o Serviço Nacional
de Informações (SNI) para espionar os cidadãos e manter o Presidente informado sobre a conjuntura política nacional e internacional. Outubro de 1964 O Congresso Nacional aprova a extinção da UNE, considerada uma entidade “subversiva”. O regime militar aumentava o cerco sobre o movimento estudantil, visando despolitizar os jovens universitários e secundaristas. Apesar de ilegal e reprimida, a UNE continua ativa como entidade máxima do Movimento Estudantil. Dezembro de 1964
A repressão do regime militar já somava
203 denúncias de torturas além de 20 mortes. O livro “Tortura e Torturados”, do jornalista Márcio Moreira Alves, lançado em 1966, relatando casos ocorridos a partir de 1964, causou grande impacto na opinião pública. Outubro de 1965
AI-2 - Os partidos são dissolvidos, a
eleição presidencial passa a ser indireta e a Justiça Militar pode processar civis acusados de crimes políticos. Fevereiro de 1966
AI-3- Os governos dos estados e os
prefeitos passam a ser eleitos indiretamente. Março de 1968
O estudante Edson Luís de Lima Souto
é assassinado por policiais militares durante um confronto no restaurante Calabouço, no centro do Rio de Janeiro. Junho de 1968
Maisde 100 mil pessoas saem às ruas do
Rio de Janeiro, contra a violência policial e em defesa da democracia. Julho de 1968
O teatro onde era encenada a peça “Roda
Vida”, de Chico Buarque de Holanda, é depredado e os atores são espancados, dando início a uma onda de violência contra os teatros no Brasil. Outubro de 1968
A casa do arcebispo dom Hélder
Câmara, em Recife, é metralhada. No ano seguinte, um dos seus principais auxiliares, Padre Henrique é assassinado por paramilitares. A alta cúpula da Igreja Católica, que não condenara o golpe de 1964, começava a se afastar do regime. De dezembro de 1966 a dezembro de 1968
Diversos grupos contra a ditadura realizam 50
ações armadas. A maior parte era de assaltos a bancos, as chamadas “expropriações” para coletar fundos, mas também houve atentados a bomba contra alvos políticos e militares e algumas escaramuças contra as forças de segurança do regime. A partir de 1969, o repertório de ações incluiria sequestros de embaixadores para serem trocados por prisioneiros políticos. Dezembro de 1968
AI-5- ainda mais poder aos militares,
para punir arbitrariamente os que fossem considerados inimigos. O Habeas Corpus, é declarado inválido para crimes políticos. CENSURA Diversas mortes nos Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI- CODI) Dezembro de 1968
Inicio do “Milagre Econômico”
O que não se explica diante desse número, entretanto, é o fato de o crescimento ter sido muito bom para empresários, e ruim para os trabalhadores. Para que o plano de crescimento funcionasse, os militares resolveram conter os salários, mudando a fórmula que previa o reajuste da remuneração pela inflação, o que levou a perdas reais para os trabalhadores. A adoção de uma medida tão impopular só foi possível através do aparato repressivo do regime sobre os sindicatos, que diminui o poder dos movimentos e de negociação dos operários. Os militares também interferiram em diversos sindicatos, muitas vezes substituindo seus dirigentes. “Foi um crescimento às custas dos trabalhadores”, explica Vinicius Müller, professor de história econômica do Insper. O arrocho salarial acabou aliviando os custos dos empresários e permitiu reduzir a inflação. Como a distribuição dos resultados do crescimento econômico foi bastante desigual, a concentração de renda também aumentou muito no período, especialmente entre a população que possuía um grau maior de instrução. Isso fez com que a desigualdade social conhecesse níveis nunca vistos antes. Em 1960, antes da ditadura, o índice de Gini, utilizado para medir a concentração de renda estava em 0,54 (o coeficiente de Gini vai de 0 a 1, quanto mais perto de 1, mais desigual) e pulou para 0,63 em 1977. Os economistas foram unânimes em dizer que os empresários e a classe média que possuía maior nível de instrução foram beneficiados em detrimento da parte mais pobre da população. Os altos índices de crescimento do PIB vividos enquanto a ditadura esteve instalada no país também não foram acompanhados de uma melhora nos indicadores sociais. Foi exatamente o oposto do que aconteceu. Além disso, como o governo militar fez uma escolha de investir maciçamente na industrialização, inclusive do campo, muitas pessoas decidiram abandonar o sertão com o sonho de tentar uma vida melhor na cidade, incentivando um êxodo rural sem planejamento e nunca revertido. Mas a conta do crescimento desenfreado baseado em um alto grau de endividamento ficou para a redemocratização. Ao deixarem o poder em 1984, a dívida representava 54% do PIB segundo o Banco Central, quase quatro vezes maior do que na época que eles tomaram o poder em 1964, quando o valor da dívida era de 15,7% do PIB. A inflação, por sua vez, chegou a 223%, em 1985. Quatro anos depois, o país ainda não tinha conseguido se recuperar e ostentava um índice de inflação de 1782%. No jargão econômico, costuma-se dizer que os militares deixaram uma “herança maldita”.
“Embora o regime tenha aparelhado muito bem grande parte do nosso
parque industrial, melhorado em aspectos técnicos e tecnológicos a infraestrutura, quando veio a conta, a conta veio muito alta”, explica Guilherme Grandi, professor da Faculdade de Economia e Administração da USP (FEA/USP)” Série histórica inédita sobre a concentração de renda nas mãos do 1% mais rico da população do Brasil, de 1927 a 2013, mostra que a acumulação de renda no topo da pirâmide deu um salto nos primeiros anos de regime militar. Os novos números identificam um aumento do fosso entre os mais ricos e os mais pobres antes do milagre econômico. Ou seja, não foi apenas em decorrência do crescimento acelerado da economia iniciado em 1968 —e da demanda insatisfeita por trabalhadores mais qualificados provocado por ele— que a alta da desigualdade se deu Índices e indicativos Medidas No fim da ditadura Hoje
IDH 0,692 0,754 (2018)
GINI 0,59 0,49 (2014) 0,59(2018) Grande criminalidade ocultada Criminalidade durante a vigência do golpe
Em1968 - em um ano, roubos pularam de
150 para 400, e homicídios dolosos, de 280 para 350 em São Paulo De 1920 a 1960 a taxa de homicídios era 5 mortos a cada 100 mil habitantes
Na década de 1960 aumenta o número.
Em 1968, já eram 10,4 mortos por 100 mil – nível que a OMS considera epidêmico. O Brasil ficou mais violento durante a ditadura.
Na cidade de São Paulo aumentou de 6 por 100
mil em 1960 para 11 em 1970, 19 em 1980 e 36 em 1985. Hoje ela é de 10.8.
No Rio de Janeiro foi ainda mais rápido e, de
acordo com pesquisa da Fiocruz, bateu 41 por 100 mil em 1985, patamar acima do atual (39.4). Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/06/ditadura-abafou-apuracao-de-corrupcao-dos-anos-70-revelam- documentos-britanicos.shtml 1 - Contrabando na Polícia do Exército
A partir de 1970, dentro da 1ª Companhia do 2º Batalhão da
Polícia do Exército, no Rio de Janeiro, sargentos, capitães e cabos começaram a se relacionar com o contrabando carioca. O capitão Aílton Guimarães Jorge, que já havia recebido a honra da Medalha do Pacificador pelo combate à guerrilha, era um dos integrantes da quadrilha que comercializava ilegalmente caixas de uísques, perfumes e roupas de luxo , inclusive roubando a carga de outros contrabandistas. Os militares escoltavam e intermediavam negócios dos contraventores. Foram presos pelo SNI (Serviço Nacional de Informações) e torturados, mas acabaram inocentados porque os depoimentos foram colhidos com uso de violência. – direito de que os civis não dispunham em seus processos na época. Fonte: https://www.theguardian.com/world/2018/may/11/ernesto-geisel-brazil-cia-memo-torture-executions Passeatas, manifestações, milícias, atos de terrorismo contra o regime. Inicio de 1970
Dom Helder Câmara é um possível
indicado a receber o Prêmio Nobel da Paz, mas a ditadura atua contra a indicação Durante a década de 70
Morte de Rubens Paiva
Exílios Stuart Angel Zuzu Angel Morte de Vladmir Herzog Casa da Morte Assassinatos de apoiadores do regime militar 1975 Mais de 1000 casos de denuncia de tortura no Brasil pela Anistia Internacional Retorno de alguns artistas do exilio Censura de documentos internacionais que criticavam o regime militar Crise do petróleo afeta o “milagre” Transamazonica e Rio-Niteroi Proibida a palavra recessão Inicio do processo de abertura Inicio dos movimentos pela Anistia Continuam mortes de ambos os lados, com acirramento de ações violentas do regime Novo Presidente do EUA deixa de apoiar o regime (Jimmy Carter) Primeira greve em 78 Iniciam-se as mortes de torturadores como queima de arquivo Movimentos pró diretas Anistia aprovada em 79 Retorno de mais exilados Albert Sabin, consultor especial do Ministério da Saúde, revela manipulação dos dados referentes às condições de saúde entre 1969 e 1973 e abandona o cargo. Decada de 1980
Dalmo Dallari, jurista, crítico das violações
dos direitos humanos e ligada à Igreja Católica, é sequestrado e espancado em São Paulo. O ato foi praticado por apoiadores do regime militar durante a visita do Papa João Paulo II. Atentado a bomba organizado por grupos contrários à abertura política, na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Atentado do Riocentro
30 de abril de 1981 -20 mil pessoas
reunidas pelas festa do Dia do Trabalho
Após 21h uma bomba explodiu em um
carro Puma estacionado do lado de fora – dois integrantes do DOI-CODI dentro do veículo, um morreu (Guilherme Pereira do Rosário) e o outro ferido (Wilson Luís Chaves Machado) Namesma noite – explosão na subestação de energia elétrica
Os “esquerdistas” foram culpabilizados
Intenção real – impedir que a abertura democrática acontecesse
Reais responsáveis pelo fato – Os próprios
integrantes do exercito Apósa escolha indireta de Tancredo e de sua Morte, assume Sarney, ex-apoiador do Golpe Militar E a ameaça comunista? O que a Historia nos mostra?
1937 – antes do Estado Novo – Plano
Cohen que visaria estabelecer uma “ditadura comunista”
Em 1945 – Foi revelada a verdade. O
“Plano Cohen” foi forjado por Olympio Mourão Filho capitão do exército brasileiro Existiram combates armados ao regime militar com mortes e crimes ao patrimônio? Sim
Ocorreram antes da utilização de violência pelo
Estado? Não
Fica a realidade: para fugir de “uma ditadura
comunista sanguinária” instaurou-se uma ditadura sanguinária de direita. Fontes: http://www.gedm.ifcs.ufrj.br/ http://www.acervoditadura.rs.gov.br http://www.cnv.gov.br/ http://www3.tesouro.fazenda.gov.br https://www.youtube.com/watch?v=BUiFjNBP77Y https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2015/04/01/conheca-dez-historias-de-corrupca o-durante-a-ditadura-militar.htm https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/Jango/artigos/Campanha1960/A_campanha_presidencial_ de_1960 HIPPOLITO, L. De Raposas e Reformistas: o PSD e a Experiência Democrática Brasileira (1945- 1964), Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985 Janio Quadros, APUD. LOUREIRO, F. P. Varrendo a Democracia: Jânio Quadros e o Congresso Nacional. In: Revista Brasileira de Historia. São Paulo, ANPUH, vol. 29, n° 57, jan-jun, 2009. p. 190. "A Ditadura Envergonhada“ "A Ditadura Escancarada“ "A Ditadura Derrotada" e "A Ditadura Encurralada” https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2015/04/01/conheca-dez-historias-de- corrupcao-durante-a-ditadura-militar.htm?cmpid=copiaecola
Em Busca da Verdade - Documentário
João 54 FIGUEIREDO, A. Democracia ou Reformas? Alternativas democráticas à crise política: 1961- 1964. São Paulo: Paz e Terra, 1993, p. 36. 51