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História
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Em sete meses de governo, renunciaria, em 25 de agosto de 1961, sob a alegação de estar
sendo pressionado por “forças terríveis”, por meio de um possível complô contra seu governo.
Há um debate em torno do seu pedido de renúncia: possivelmente, o presidente acreditava
que aumentaria seu poder diante da decisão que tomava porque os demais políticos, em
seu pensamento, não aceitariam a chegada de Jango, seu vice, para o seu lugar. O Congresso
Nacional, entretanto, não questionou a decisão. Jânio ficaria em exílio até o fim do regime Civil-
Militar.
Deveria assumir o posto presidencial, segundo a linha sucessória, João Goulart, que estava em
viagem à China, um país comunista. No intervalo até seu retorno, de forma interina, assumiu o
presidente da Câmara, deputado Ranieri Mazzili. A posse de Jango só seria realizada depois de
ser sufocada uma tentativa de golpe contra sua chegada.
O Governo João Goulart (1961-1964): Quando soube da renúncia de Jânio Quadros, João
Goulart estava em viagem à China. Enquanto realizava a viagem de volta era Ranieri Mazzili
quem assumia, interinamente, o posto presidencial. Todavia, o general Odilo Denis, o almirante
Silvio Heck e o brigadeiro Grun Moss, reuniram-se em nome das Forças Armadas e de parte da
elite brasileira para vetar o nome de Jango à presidência. A imagem de Jango como Ministo do
Trabalho ainda era presente na memória de determinado grupos. João Goulart, nesse sentido,
antes de chegar ao Brasil, precisou ir à Europa e depois ao Uruguai, para só assim entrar no
Brasil pelo Estado do Rio Grande do Sul. Em contrapartida, grupos de esquerda e políticos
legalistas baseavam-se na Constituição Federal de 1946 para garantir a defesa de Jango e esse
pudesse assumir o posto presidencial. O cunhado de Jango e governador do Rio Grande do Sul,
Leonel Brizola, destacou-se nessa empreitada. Por meio dos rádios, Brizola tornou conhecida a
Campanha da Legalidade e utilizou os porões do Palácio Piratini, sede do governo gaúcho, para
fazer as transmissões para a região Sul. A empreitada de Brizola foi apoiada por populares e,
inclusive, membros da milícia estadual. Quando foi ordenado ao general Machado Lopes, que
comandava o III Exército, esse se negou a realizar a tarefa e se uniu ao governante gaúcho. A
grave crise político-militar instaurada no Brasil por pouco não levou o país à guerra civil.
•• A fase parlamentarista: O Congresso Nacional, nesta emergência, instituiu o
Parlamentarismo através da Emenda Número 4, de autoria de Plinio Salgado. As Forças
Armadas cederam mediante o novo tipo de regime e, assim, assumiu, então, o Vice-
presidente João Goulart. Como primeiro-ministro assumiram, respectivamente, Tancredo
Neves, Hermes Lima e Francisco Brochado da Rosa. O sistema parlamentarista cairia, em
pouco tempo, em descrédito, foi restabelecido o presidencialismo em janeiro de 1963,
após realização de um novo plebiscito. Em torno de 9 milhões votaram a favor pela vota do
regime anterior.
•• A fase presidencialista: Já atuando no sistema presidencialista, Jango tentou colocar
em prática o chamado Plano Trienal. Esse plano previa medidas nacionalistas, as quais
aumentavam a intervenção do Estado na vida econômica. Para combater a inflação, reduzir
o déficit público e promover o crescimento econômico. Nesse sentido, desvalorizou-se a
moeda e a redução das importações. Também era a intenção do presidente melhorar a
distribuição de renda e encampar refinarias de petróleo. Como Ministro da Fazenda, Jango
contou com San Tiago Dantas e Celso Furtado para o âmbito da Reforma Administrativa. O
Plano Trienal exigia grande austeridade e, çpor isso, entrou em contradição com a política
de mobilização popular em apoio ao governo. A tensão reinaria durante o período de
governo presidencialista de João Goulart, exemplo disso, foi a execução da Lei de Remessa
de Lucros ao estrangeiro. Já em março de 1964, Jango realizou o Comício na Central do
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•• 31 de março: início da Operação Popeye. Era o início do golpe para retirar João Goulart
do poder. Generais Luís Carlos Guedes e Olímpio Mourão Filho iniciam o movimento a
partir de Minas Gerais rumando ao RJ. A movimentação seria seguida pela Operação
Silêncio (controle dos meios de comunicação) e pela Operação Gaiola (prisão daqueles
que reagissem ao movimento ainda em MG).
•• O Golpe/ “Revolução” de 64: Apoio de Carlos Lacerda, governador do RJ, Ademar de Barros,
de SP, Magalhaes Pinto, de MG e Ildo Meneghetti, do RS (inimigo de Brizola e de Jango). O
presidente, por sua vez, viria para Porto Alegre, pois aqui, ainda teria mais apoio, sobretudo
de parte das Forças Armadas gaúchas (Amaury Kruel, Morais Ancora, Ladário Teles). No dia
4 de abril, o presidente Jango deixava o posto presidencial e seguia em exílio no Uruguai.
Retornaria ao Brasil em fins dos anos 70 para seu ritual fúnebre na cidade de São Borja.
Estava encerrada a fase populista no Brasil. Iniciou-se a repressão política e social. A economia
foi aberta ao capital estrangeiro e o nacionalismo perdeu força e espaço. Por trás do golpe,
havia a chamada Doutrina de Segurança Nacional (base da Escola das Américas no Panamá,
feita por norteamericanos). No Brasil, a doutrina foi colocada em prática pela Escola Superior
de Guerra (ESG), assim se afastaria o perigo socialista no Brasil.
Houve, em todo esse contexto, o apoio dos EUA, da CIA e das Forças Armadas estadunidenses. A
Operação Brother Sam, organizada pelo embaixador dos EUA Lincoln Gordon, mandaria navios
para a costa brasileira a fim de invadir o território brasileiro caso houvesse reação popular
à saída do presidente. Essa operação não precisou ser colocada em prática. Os documentos
relativos a ela só seriam descobertos em 1976.
Antecedentes: O regime instaurado no Brasil após a saída de João Goulart não pode ser
entendido a partir de uma versão episódica, menos ainda, como fato isolado. Fora uma
planejada campanha, uma resposta política dos grupos conservadores brasileiros ao modo
de governo de Goulart. Refletiu, também, a conjuntura internacional da Guerra Fria, guerra
total contra o comunismo. Os Estados Unidos queriam extinguir a possibilidade de “novas
revoluções cubanas” na América Latina. Houve apoio por parte dos setores da opinião pública
para a chegada dos militares ao poder.
Estrutura do regime militar: “de cima para baixo”
•• Política baseada no autoritarismo e profunda centralização política.
•• Atos Institucionais como formas jurídicas de controle da nação (decretos que iam contra a
Constituição e necessidade de aprovação do Congresso Nacional).
•• Forte intervenção do Estado na economia: desenvolvimento econômico no modelo
tecnoburocrático, capitalista, dependente do capital internacional.
•• Preceitos da Escola Monetarista/ “Industrialização Excludente”
•• Modernização dos setores da infraestrutura (energia, comunicação e transportes)
•• Expansão da linha de crédito para classe média e elite.
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•• Ato Institucional nº 3 (AI-3, de 13 de fevereiro de 1966): Eleições indiretas para
governadores e vice-governadores, ambos de mesmo partido e na qual os governadores
eleitos nomeariam prefeitos. Tentativa frustrada de formação de uma frente oposicionista
composta por antigos rivais: Carlos Lacerda, Juscelino Kubitschek e João Goulart, a Frente
Ampla.
•• Ato Institucional nº 4 (AI-4, de 6 de dezembro de 1966): Incorporava o que já havia dito
os atos 2, 3 e 4. Mantinha na orientação da Doutrina de Segurança Nacional. Congresso
Nacional com poderes constitucionais para aprovar a Nova Constituição (1967),
promulgada em janeiro de 1965 e que vigorou a partir de março daquele ano. Criou a Lei
de Segurança Nacional, normas para a sociedade brasileira. Envio de tropas para apoio aos
EUA na intervenção realizada na República Dominicana (acusada de ser Socialista, mas era
nacionalista)
O governo Costa e Silva (1967-1969): Pertencente à Linha Dura. Seu governo seria conhecido
como os Anos de Chumbo. Em 1968, o então presidente realizou o Acordo MEC-USAID
(Ministério Brasileiro de Educação e United States Agency for Internacional Development),
o qual previa apoio de especialistas vindos dos EUA para normatizar o ensino brasileiro. As
reações estudantis frente ao presidente Costa e Silva foram imediatas: caso mais famoso o do
estudando Edson Luís, assassinado pela repressão ao movimento estudantil no restaurante
universitário Calabouço. Em maio de 1968, ocorreu a maior greve registrada no Brasil, desde
1964, entre operários de MG e SP. E, em junho, houve a Passeata dos Cem Mil organizada pela
UNE. A pensa organização realizaria um Congresso na cidade de Ibiúna e seria repreendida pela
polícia, 1240 estudantes foram fichados e liberados na ocasião.
Outros mecanismos de repressão vinham da extrema direita, apoiadora do regime: o Comando
de Caça aos Comunistas (CCC) e o Movimento Anticomunista (MAC). Diante da resistência
populart, o governo lançou, desesperadamente, o Plano Para-Sar, a fim de sequestrar inimigos
do regime e de jogá-los ao mar. Esse plano nunca foi colocado em prática: atribui-se a Sergio
Ribeiro de Miranda, o Sergio Macaco, capitão da Aeronáutica, ser o desarticulador do projeto
por negar-se a realizá-lo.
A repressão do governo seria aumentada ainda em 1968 após o pronunciamento do Deputado
Federal, Marcio Moreira Alves, do MDP, o qual sugeria, em discurso na tribuna da Câmara, que
a população boicotasse o desfile do Dia da Independência, que as mulheres não namorassem
os militares e, ainda, que houvesse greve de sexo entre as esposas de milites. Moreira Alves
teve pedido de cassação, por parte do governo, o que não foi aceito pelo Congresso. Após o
ocorrido foi lançado o Ato Institucional nº5:
•• Ato Institucional nº 5 (AI-5, de 13 de dezembro de 1968): foi o maior instrumento de
repressão da ditadura militar de validade indeterminada. Escrito pelo Ministro da Justiça,
baseou-se no discurso do deputado Márcio Moreira Alves (MDB) como pretexto para o
fechamento do Poder Legislativo (presidente assume sua função). Suspendem-se os direitos
políticos e individuais (como o recurso do Habeas Corpus). Intensifica-se a intervenção em
Estados e municípios, a permissão para cassar mandatos, demitir, prender, editar leis.
Outras ações de Costa e Silva, antes de se ausentar do poder por problemas de saúde em agosto
de 1969:
•• Criação da Funrural (reforma agrária);
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•• Centro de Operações de Defesa Interna (CODI).
•• Destacamento de Operações Internas.
Ambos formavam o “DOI-CODI”
•• Departamento de Ordem Política e Social (DOPS).
•• Centros de Informação das Forças Armadas: CENIMAR, CISA, CIEX.
•• SNI, já existente.
Os capturados eram julgados pelos Inquéritos Policiais Militares (IPMs): prática de tortura. O
governo utilizava-se da censura dos meios de comunicação para esconder muitas de suas ações
com uso de violência extremado. Optavam, ainda, pela valorização de conquistas esportivas e
associavam as vitórias com o sucesso do governo. No futebol, com o tricampeonato da Seleção
Brasileira, por exemplo. E o governo também se beneficiou de uma condição econômica para
ampliar sua popularidade: o Milagre Econômico.
•• Milagre Econômico: Crescimento brasileiro em 10% ao ano. Ministro da Fazenda,
Delfim Neto, e a utilização das práticas baseadas na Teoria Maoísta. Atração do capital
estrangeiro, internacionalização da economia brasileira, renegociação da dívida externa,
desenvolvimento de indústria de bens de consumo duráveis. Empresas estatais, estrangeiras
e privadas. Alta oferta de emprego.
Realizaram-se obras “faraônicas” ao longo do país, como a Rodovia Transamazônica (jamais
concluída), a Rodovia Rio-Santos, a Ponte Rio-Niterói, a Ponte Colombo- Salles (SC), as
hidrelétricas de Solteira (SP) e Passo Fundo(RS). E a ampliação do mar territorial brasileiro
de 12 para 200 milhas marítimas (aproximadamente 350 Km). Criou-se o Plano Nacional
de Desenvolvimento (PND), a Telebrás, o INCRA (Instituto de Reforma Agrária) e, até, o
Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL). Em 1971, foi criada a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (lei 5692), ao lado isso, surgiram as disciplinas de Educação Moral
e Cívica e a Organização Social e Política do Brasil (OSPB). O sentimento ufanista permeava
o Brasil. Slogans como “Ninguém segura mais esse país” e “Brasil, ame-o ou deixe-o”, eram
constantemente veiculadas. Entretanto, a crise do petróleo a partir de 1973 e acirrada em 1974
abalaram o crescimento do “Milagre”.
O governo Ernesto Geisel (Sorbonne 1974 – 1979): Ainda que a Linha Dura tentasse se manter
no poder, o general Ernesto Geisel, de orientação mais democrática, chegava, por indicação dos
próprios militares, ao posto presidencial. Sua missão era realizar uma abertura política “lenta,
gradual e segura”. Os generais Golbery do Couto e Silva e Orlando Geisel (seu irmão), ajudaram
o então presidente nesse contexto. Órgãos de repressão começaram a ser desmantelados.
Porém, isso não impediu o surgimento de novos casos de tortura e de novas vítimas fatais.
Esse é o caso do jornalista Vladimir Herzog (TV Cultura), preso e torturado pelo DOI-CODI em
outubro de 1975. Sua foto, representando um possível suicídio, era publicada pelo referido
órgão para se eximir da culpa de sua morte. Um ato ecumênico para homenagear o jornalista
foi realizado na Catedral da Sé, em SP, contando com a participação de bispos e rabinos. Em
circunstâncias muito semelhantes ao assassinato de Herzog, em seguida ocorreu a morte do
operário Manoel Fiel Filho, a qual também foi dada a versão de suicídio já em janeiro de 1976.
A violenta repressão vivida no Brasil durante esse período começou a perder ainda mais força
com a Emenda Constitucional nº 11, dando fim ao AI-5 e aos demais Atos Institucionais. Logo,
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surgiria no cenário político a Lei de Anistia, a qual só atuaria de fato na cena política brasileira
no governo militar seguinte, de Figueiredo.
A realização da abertura política “lenta, gradual e segura” seguia ao longo da gestão Geisel,
entretanto, o MDB ganhava espaço como maior partido do período. Disso, resultaram novas
leis, por parte do governo, para barrar aquele crescimento político: surgia a chamada Lei
Falcão, de 1976. A partir dela, era regulada a propaganda política. No ano seguinte, era lançado
o Pacote de Abril, fechando o Congresso Nacional e aumentando o mandato presidencial para
6 anos. Além de criar os cargos de senadores biônicos (1/3 do Senado não era escolhido pelo
povo). O partido que mais se beneficiava nesse contexto era a ARENA.
Externamente, Geisel desenvolvia o chamado pragmatismo responsável, não colocava o
Brasil de forma exclusiva ao lado dos Estados Unidos, as relações diplomáticas entre os dois
países estavam abaladas, sobretudo em relação à Política dos Direitos Humanas de origem
norteamericada do presidente Jimmy Carter, a qual condenava governos ditatoriais.
Mesmo sob uma forte crise econômica, Geisel colocou em prática um novo Plano Nacional de
Desenvolvimento. Baseado na manutenção de modelo anterior, realizou novos empréstimos,
mais importações e buscou novos mercados para exportação. Além disso, mais obras foram
realizadas, ainda que algumas delas tenham suas utilidades questionáveis:
•• Usinas siderúrgicas de Tubarão (ES) e Açominas (MG).
•• Ferrovia do Aço (MG) – interrompida em 1979.
•• Usinas hidrelétricas de Itaipu (PR), Tucuruí (PA), e Sobradinho (BA).
•• Acordo nuclear com ALE para construção de 8 usinas nucleares (apenas uma realmente
começou a funcionar – ANGRA I).
•• Programa PROÁLCOOL (faliu pela falta de investimentos de tecnologia de ponta e
superfaturamento dos usineiros de açúcar)
A partir de 1979, Geisel sairia do poder para que o último presidente militar assumisse o Brasil,
o general João Baptista Figueiredo.
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