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HISTÓRIA

PROF. GILBERT PATSAYEV


EXTENSIVO ENEM 2020
Disciplina: História
Professor: Gilbert Patsayev
Aula: A Ditadura Civil-Militar (1964 - 1985)

A Ditadura civil-militar (1964-1985)


1. A crise política que prepara o golpe

Os anos que antecendem o golpe militar de 1964 são marcados por uma
crise política e institucional que vai se acirrando cada vez mais até
culminar efetivamente no golpe. Essa crise começa com a renúncia do
Presidente eleito Jânio Quadros, em 1961. Não há um motivo claro e
exato que faz Jânio renunciar, levando muitos historiadores a crer que a
renúncia foi um pretexto para tentar se fortalecer e voltar ao poder
aclamado pelo povo e, assim, centralizar mais o poder. No entanto, isso
não acontece e quem deveria assumir o lugar de Jânio, seria o seu vice
presidente, João Goulart, apelidado de Jango.
No momento da renúncia de Jânio, o vice presidente João Goulart
estava em uma missão diplomática na China. Quando ele é informado da
renúncia, decide voltar imediatamente ao Brasil. No entanto, um grupo
forte e importante de deputados pretende não deixar Jango assumir o
poder, como mandava a constituição, pois o acusavam de ser comunista e
temiam um golpe comunista no Brasil. Devemos lembrar que esse é um
contexto de Guerra Fria, de um mundo polarizado entre o capitalismo dos
EUA e o comunismo soviético.
Assim, iniciava-se um impasse. João Goulart não sabia se voltava para o
Brasil para assumir a presidência, pois parte expressiva do Congresso
queria impedir a sua posse, ameaçando inclusive derrubar o avião caso ele
embarcasse para o Brasil. Dessa forma, Jango ficou aguardando na China
uma decisão, enquanto a crise institucional interna no Brasil se acirrava.
Dessa forma, um outro grupo de parlamentares, liderados por Lionel
Brizola, um parlamentar gaúcho, iniciaram a chamada campanha da
legalidade, buscando garantir o cumprimento da constituição e da posse
do vice presidente João Goulart. Brizola chegou a pegar em armas, pois
muitos generais e militares no geral não queriam ceder em relação à
posse de Goulart. Houve quase uma guerra civil, mas no fim um acordo
celou a paz e ficava estabelecido que João Goulart poderia retornar ao
Brasil, mas com uma condição: a mudança do regime presidencialista para
o parlamentarismo, sendo João Goulart nomeado Primeiro Ministro. Essa
foi uma forma encontrada pelos que não queriam que Goulart tomasse
posse de deminuir os seus poderes. Assim, entre 1961 e janeiro de 1963,
Jango foi o Primeiro Ministro de um regime parlamentarista montado de
surpresa e improviso. Em Janeiro de 1963 houve um plebiscito no qual a
população brasileira votou, em sua grande maioria, pelo restabelecimento
do presidencialismo como forma de governo.

2. A campanha de desestabilização

Com o retorno para o presidencialismo, em Janeiro de 1963, a oposição


a Jango manteve-se em uma posição contrária ao seu governo. Dessa
forma, a oposição, aliada a setores conservadores da sociedade e alguns
grupos de militares, desenvolveram uma tática de desestabilização,
buscando implementar medidas, críticas e insuflar manifestações que
desestabilizassem e enfraquecessem o governo João Goulart. Essa
campanha de desestabilização não pode ser confundida com uma
campanha golpista de tomada do poder pela força ou por um golpe. Os
golpistas estavam dispersos em 1963, embora muitos deles estivessem
armando algum tipo de golpe por considerar Jango um comunista.
No entanto, a campanha de desestabilização não desejava articular um
golpe, mas sim enfraquecer o governo Jango até as eleições de 1964,
quando poderiam assumir o poder por meio do voto. Essa campanha de
desestabilização acabou por acirrar disputas e conflitos que, por sua vez,
culminariam no golpe civil-militar de 1964.

3. Reformas de base e o golpe

Desde o início do seu governo, João Goulart adotou uma postura


reformista. Jango era de um grupo político ligado a Getúlio Vargas,
possuía uma tradição de alinhamento com os trabalhadores e setores de
esquerda, mas não era comunista. Essa postura reformista estava ligada a
essas origens políticas de Jango das classes populares, dos camponeses e
trabalhadores urbanos. Dessa forma, Jango estabelece em seus discursos
a necessidade de fazer uma reforma agrária. Para isso, Goulart cria como
proposta de governo as chamadas reformas de base.
No seu entendimento, esse conjunto de reformas seriam essenciais para
criar as bases de desenvolvimento que o Brasil precisava, incluindo
reformas no plano político, fiscal, educacional e agrário. A reforma mais
discuta e polêmica era a reforma agrária, que gerava preocupação nos
setores conservadores e acusações de comunismo ao governo de Jango.
No contexto da Guerra Fria, as reformas de base só aumentaram as
desconfianças dos setores conservadores, os medos das classes médias e
das elites e de setores da oposição política que acusavam Jango de
alinhamento com a União Soviética.
No entanto, para que as reformas de base saíssem do papel, Jango
necessitava de apoio do Congresso para formar uma maioria que votasse
a favor do projeto, tornando-o legal e apto a ser desenvolvido na prática.
Nesse momento de necessidade de diálogo com o congresso, as tensões
se acirram cada vez mais. Goulart passa a afirmar em seus discursos que o
Congresso não está interessado em discutir reformas importantes, que o
congresso não se interessa pela sociedade, enquanto o Congresso e a
oposição criticam Jango, afirmando que ele queria dar um golpe
comunista. Assim, as tensões entre os poderes legislativo e executivo
acirram-se a níveis muito altos, tornando a governabilidade de Jango
quase impraticável.
Não bastasse a crise institucional, grupos conservadores da sociedade
civil passam a ir para as ruas manifestar-se contra o governo de João
Goulart. Uma série de passeatas pelo Brasil intituladas de Marcha da
Família com Deus e pela Liberdade em Março de 1964 passam ocorrer em
grandes capitais, como Rio de Janeiro e São Paulo. Em muitas dessas
marchas, manifestantes pedem a intervenção militar para afastar Jango,
considerado um comunista que era contra os valores conservadores.

Passeata de grupos conservadores da Marcha da Família, contrários ao governo Jango

Dessa forma, entre os meses de Dezembro de 1963 e Março de 1964, há


o estabelecimento de uma radicalização tanto nas instituições políticas,
entre o congresso, a oposição liderada pela UDN contra o governo João
Goulart e setores da esquerda brasileira, quanto a nível da sociedade, com
grupos conservadores indo para as ruas em nome da defesa das famílias e
grupos favoráveis ao governo Jango também indo às ruas exigindo
respeito à constituição e defendendo as reformas de base. Essa
radicalização entre esses polos foi decisiva para o golpe.
Como um dos último atos antes do golpe ser efetivado, João Goulart fez
um discurso no centro do Rio de Janeiro, no dia 24 de março de 1964, em
uma região muito popular chamada de Central do Brasil. O discurso ficou
conhecido como o comício da central, reunindo a esquerda brasileira,
partidos e movimentos sociais. Nesse comício, Jango defendeu as
reformas de base, atacou o congresso, atacou os grupos conservadores e
defendeu a reforma agrária, acusando a oposição de agir contra o país. Foi
um dos seus últimos atos como presidente do Brasil.

Presidente João Goulart discursa no comício da central, ao lado da primeira dama

Na passagem do dia 31 de março para o dia 01 de abril, os militares


estavam nas ruas, com tanques de guerra para depor João Goulart sob
acusação de comunismo. Parte expressiva da população brasileira,
sobretudo nas grande capitais, assim como grandes empresas, apoiaram o
golpe. Muitas pessoas foram às ruas cumprimentar os militares, muitos
estenderam bandeiras do Brasil nas suas janelas em apoio àquele
momento. Por isso que nos últimos anos muitos historiadores passaram a
se referir ao golpe de 1964 como um golpe civil-militar, por ter sido
implementado efetivamente pelos militares, mas com apoio expressivo da
sociedade civil. Goulart não resistiu e fugiu para o Uruguai. Os EUA
enviaram um porta aviões com apoio logístico e militar caso Jango
resistisse e houvesse uma guerra civil, no que ficou conhecido como
operação brother sam. No entanto, como não houve resistência ao golpe,
os militares americanos não tiveram participação efetiva, apenas indireta.
Assim, inicia-se uma das mais duras e sombrias histórias da República
brasileira.

4. Castelo Branco e a consolidação da ditadura

Com a tomada do poder pelos militares em abril de 1964, o discurso era


de “fazer uma limpa”, depor Goulart e iniciar uma transição rápida para o
regime democrático com eleições novamente. Isso não ocorreu, tendo os
militares estendido a ditadura por 21 anos. O primeiro presidente escolhio
entre os próprios generais, foi o general Castelo Branco, tornando-se o
primeiro presidente da república no período da ditadura civil-militar,
governando de 1964 a 1967.
Seu governo é marcado pela institucionalização e efetivação da
ditadura, ou seja, da passagem de um golpe que afastou o presidente,
para uma ditadura efetivamente montada e organizada. A primeira ação
mais efetiva de Castelo Branco foi a criação do Ato Institucional número 1.
Foram 17 no total ao longo da Ditadura Militar. O Ato Institucional,
também chamado de AI, era um conjunto de leis criadas sem a
necessidade de autorização do congresso ou de apoio da sociedade. A sua
necessidade explicava-se pois a constituição de 1946 deixava de valer e os
Atos Institucionais deveriam regulamentar as leis nas ausência de uma
constituição. Dessa forma, o primeiro Ato Institucional era criado em 9 de
abril de 1964, poucos dias após o golpe e nele ficava estabelecida a
escolha de Castelo Branco como presidente da República, aumento dos
poderes do presidente, eleição indireta para os cargos de presidente e
vice-presidente, os comandantes-em-chefe das forças armadas poderiam
caçar direitos políticos e anular mandatos políticos.
Dessa forma, podemos notar como o Ato Institucional já demonstrava o
caráter autoritárioa da formação da ditadura civil-militar de 1964. Além da
centralização do poder, inicia-se nesse momento uma verdadeira caça aos
comunistas e todos aqueles deputados, senadores e membros de
organizações que eram considerados comunistas, socialistas ou de
partidos de esquerda. Nesse momento, Castelo Branco cria também o
Serviço Nacional de Informações (SNI), um órgão de inteligência e
repressão. Dessa forma, muitos parlamentares e governadores de estados
tiveram seus mandatos cassados, sendo perseguidos pelo novo governo
militar.
No entanto, apesar das eleições para presidente e vice passarem a ser
indiretas, as eleições para deputados, senadores e governadores
permanecia direta. Dessa forma, nas eleições de 1966 a oposição
conseguiu sair vitoriosa em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, gerando
insatisfação e temor por parte dos militares em relação ao crescimento da
oposição. Dessa forma, o governo de Castelo Branco cria um novo Ato
Institucional, o AI-2.
O Ato Institucional número 2 foi mais repressivo e mais radical do que o
primeiro. A ditadura militar que começou com o discurso de que iria
apenas afastar o presidente da república e logo iniciar novas eleições,
agora aumentava a repressão e demonstrava que os militares iriam ficar
no poder por mais tempo. No AI-2 ficava determinada a extinção de todos
os partidos políticos existentes e permitia a criação de apenas dois
partidos novos, o ARENA (Aliança Renovadora Nacional) e o MDB
(Movimento Democrático Brasileiro). O primeiro partido seria composto
pelos representantes militares, enquanto o segundo seria composto por
toda a oposição. Essa foi uma medida que ao mesmo tempo que dava ao
regime uma aparência de democracia, por manter o bipartidarismo,
também enfraquecia a oposição, agrupando-a inteiramente dentro de um
único partido.
Dessa forma, na proporção que o regime militar endurecia e aumentava
a sua repressão, os movimentos sociais contrários à ditadura cresciam nas
ruas. Entre 1966 e 1968 o movimento estudantil, representado pela UNE
(União Nacional dos Estudantes) e outros movimentos sociais ocuparam
as ruas em protestos e passeatas exigindo o fim da ditadura. A resposta do
governo militar foi a violência e repressão, gerando diversos choques
entre a polícia do exército e estudantes nas principais capitais do país.
Em 1966, um novo Ato Insitucional era baixado e editado, era o AI-3,
que criava eleições indiretas para governadores e prefeitos. No mesmo
ano, era criado o AI-4, que determinava a convocação do congresso para a
criação de uma nova Carta Constitucional. No ano seguinte, em 1967, a
constituição seria outorgada. Essa constituição aumentava os poderes do
executivo e enfraquecia os Estados, além de conter as leis de segurança
nacional e de imprensa, iniciando a censura no país e uma verdaderia
caça aos “inimigos internos”, os comunistas.

5. Castelo Branco e a política econômica

Quando Castelo Branco assumiu o poder a inflação girava em torno de


100 por cento ao ano, fazendo com que a moeda perdesse valor e o poder
de compra dos trabalhadores diminuísse, gerando uma crise econômica e
de arrecadação, enfraquecendo a capacidade de investimento do
governo.
Dessa forma, Castelo Branco precisava recuperar a economia para
melhorar a capacidade de investimento do governo federal e, com isso,
conseguir diminuir as manifestações, ganhando maior apoio popular ao
restaurar a economia. Para isso, Castelo Branco lançou em seu governo o
PAEG (Plano de Ação Econômica do Governo), que consistia na abertura
para o capital externo, aumentando as exportações; controle na linha de
crédito para o setor privado; redução dos gastos públicos; congelamento
dos salários; criação do FGTS (fundo de garantia por tempo de serviço),
fazendo girar o capital no BNH (Banco Nacional de Habitação) e revogação
da lei de remessa de lucros. Com essas medidas, o PAEG conseguiu ser
bem sucedido em diminuir a inflação, ainda que isso custasse alguns
benefícios e melhorias sociais.

6. Governo de Costa e Silva

Em 1967 houve a sucessão de presidentes. Castelo Branco deixava o


cargo e iniciou-se uma discussão interna entre os generais militares para
definir quem assumiria o poder. O escolhido foi o General Costa e Silva,
considerado um general que fazia parte da chamada “linha dura”, um
grupo de militares mais repressivos e autoritários. Nesse mesmo ano, os
movimentos sociais contrários ao regime militar intensificaram as suas
manifestações, sendo criada a chamada Frente Ampla, movimento
político que reunia as mais diversas forças de oposição ao regime. No
entanto, a frente ampla não conseguiu grande apoio popular e acabou
desaparecendo.
O segundo presidente da ditadura militar inicia seu governo demintindo
todos os civis que faziam parte dos cargos de confiança do governo e
nomeando somente militares para a ocupação desses cargos. Somente o
ministro da fazenda, Delfim Neto e o ministro do planejamento, Hélio
Beltrão eram civis que permaneceram no governo. Ambos os ministros
iniciaram um plano econômico que procurava retomar o crescimento
econômico sem com isso aumentar a inflação. Para isso, aumentaram as
linhas de crédito para o setor privado e implementaram um controle
sobre os preços. Além disso, o governo passou a fixar os salários do setor
público e do setor privado.
A partir dessas reformas e dessa política econômica, o Brasil passa, a
partir de 1968, por um período de grande crescimento econômico e
aumento do PIB. Esse período ficou marcado pelo nome de milagre
econômico, que se estende até 1973. De 1967 para 1968 o PIB brasileiro
saltou de 4,6% para 11,2% chegando a crescer 14% em 1973. Foi um
período de acelerado crescimento econômico e controle da inflação. No
entanto, o milagre econômico, apesar do crescimento alto do PIB, não
refletiu uma distribuição do dinheiro melhorando a qualidade de vida da
população. Pelo contrário, foi um período marcado por uma grande
concentração de renda. Esse foi também o período marcado pelas grande
obras de infraestrutura desenvolvidas pelo Governo Militar, como a Ponte
Rio-Niteroi, a Transamazônica, a Hidrelétrica de Itaipu, entre outras.
Em conjunto com o milagre econômico, esse período da ditadura no
governo de Costa e Silva, coincidiu também com o aumento da repressão
e o período que ficou conhecido como ano de chumbo, que foram esses
anos que marcam a virada da década de 1960 para 1970. O aumento das
manifestações teve como resposta o aumento da repressão, tortura e
perseguição dos militares. Em uma dessas manifestações, os estudantes
manifestavam pela diminuição do preço do restaurante estudantil
calabouço, no Rio de Janeiro, em março de 1968. A Polícia Militar invadiu
o restaurante cheio de estudantes, iniciando uma repressão violenta e
baleando um jovem de apenas 16 anos, chamado Edson Luís, que morreu
na hora. Esse fato desencadeou uma comoção popular e midiática muito
forte, aumentando a indignação dos movimentos sociais e do movimento
estudantil, que passou a fazer novas e cada vez mais cheias passeatas
contra o regime militar. Assim, em junho de 1968 houve a chamada
Passeata dos Cem Mil, no Rio de Janeiro, quando uma grande quantidade
de jovens tomaram as ruas do centro do Rio de Janeiro para protestar
contra o regime e a repressão militar. Os filhos daqueles que apoiaram o
golpe em 1964 agora iam para as ruas pedir o fim do regime que seus pais
haviam apoiado. Em Setembro de 1968, um deputado do MDB, Márcio
Moreira, utilizou a tribuna do Congresso para criticar o regime militar,
pedindo o seu fim e incentivando os protestos.

Passeata dos cem mil, que contou com amplo apoio popular, sobretudo jovem e estudantil

Com as manifestações crescendo nas ruas e a oposição se reorganizando


dentro do Congresso, em Dezembro de 1968 o governo militar edita o Ato
Institucional de número 5, o mais repressivo de todos os Atos. Nele ficava
definido que o presidente poderia, a qualquer momento, fechar o
congresso sem necessitar de nenhuma autorização; poderia também
cassar mandatos de qualquer deputado, senador, governador ou prefeito;
poderia demitir juízes, suspender o poder judiciário, legislar por decretos,
decretar o estado de sítio, além de aumentar a censura contra os meios de
comunicação e suspendia o Habeas Corpus, mecanismo juridíco que
permite um acusado responder um processo em liberdade.
Dessa forma, o AI-5 é uma resposta repressiva às crescente passeatas e
manifestações e à organização da oposição dentro do congresso.
Aumentando a repressão, prendendo manifestantes sem decisão judicial,
extinguindo o habeas corpus, torturando, censurando e matando, o
regime militar conseguiu diminuir os protestos na rua e, cassando muitos
parlamentares, conseguiu manter um controle sobre o congresso e a
oposição. Nesse momento é que a luta armada começa. Aqueles líderes e
manifestantes mais radicais que viram as ruas esvaziadas com a repressão,
partem para a luta armada contra o regime militar. Nomes de políticos
famosos da atualidade fizeram parte de alguns desses movimentos, como
a ex-presidente Dilma Roussef e o ex-ministro da casa civil no governo
Lula, José Dirceu. O movimento de luta armada mais famoso e de maior
destaque no Brasil foi a chamada Guerrilha do Araguaia, que manteve sua
atividade entre 1967 e 1974, comandada pelo Partido Comunista do Brasil
o PCdoB. O objetivo era percorrer regiões interiores do Brasil e agregar
camponeses e pessoas do interior para montar um grande movimento de
luta armada, derrubando o regime militar e iniciando um regime
comunista. Os militares fizeram várias campanhas militares para matar os
líderes da guerrilha, mas somente em 1974 conseguiram debelar o
movimento, matando e torturando muitos guerrilheiros que não tiveram
seus corpos aparecidos até os dias atuais.

Tropas do exército brasileiro na região do Araguaia, em busca de guerrilheiros

Dessa forma, com o aumento da repressão e a institucionalização da


tortura e a luta contra os grupos de guerrilha, fez com que o governo
militar criasse órgãos responsáveis pela inteligência para identificar esses
grupos e seus líderes e órgãos para capturá-los, torturá-los e matá-los,
buscando enfraquecer o movimento. Os órgãos principais que cuidavam
desse lado repressivo foram o DOPS (Departamento de Ordem Pública e
Social) e o DOI-CODI (Destacamento de Operações e Informações – Centro
de Operações de Defesa InternA). Esses órgãos, entre 1968 e 1973 foram
responsáveis, ao comando dos militares, generais e policiais, por milhares
de mortes, torturas, perseguições, censuras e todo o tipo de repressão e
atropelo democrático e dos direitos humanos, escancarando a face
repressiva do regime militar, tornando esse o período mais duro e cruel da
ditadura.

7. Governo Médici

Em 1969 Costa e Silva é afastado do cargo de presidente por problemas


de saúde, assumindo o General Médici. Seu governo é marcado pela
continuidade da repressão e da censura aos meios de comunicação e
meios artísticos.
No seu governo, foi adotada também uma política de propaganda
nacionalista e ufanista, como forma de tentar abafar a repressão. Essa
propaganda ufanista ficou marcada em diversos lemas como “Brasil: ame-
o ou deixe-o”, “ninguém segura esse país”, “Brasil, um país do futuro”. O
auge desse movimento pragandístico foi a copa do mundo de 1970, cujo
lema era “pra frente, Brasil”, utilizando a copa do mundo para promover
essa propaganda nacionalista.
Em relação à economia, o governo Médici foi marcado pelo auge do
milagre econômico e também pela crise do petróleo de 1973 no mercado
internacional, que pôs fim ao chamado “milagre econômico” brasileiro.
Além disso, o governo Médici também instituiu reformas importantes
como o INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma AgráriA) e o
PIS (Plano de Integração Nacional). Esse período houve também um
aumento da classe média brasileira.

8. Governo Geisel

A partir de 1974, o general Ernesto Geisel assume o comando da


presidência da república em meio a uma forte crise econômica, causada
pelo fim do “milagre econômico” e pela crise do petróleo de 1973. Diante
da crise econômica e do desgaste dos militares no poder, causado pelo
aumento da repressão e censura, Geisel adota uma política de abertura
para a democratização do país, que ele afirmou que seria uma abertura
“lenta, gradual e segura”. O que ele queria dizer é que a abertura para um
regime democrático seria feita de forma controlada pelos próprios
militares, de forma que a esquerda ou grupos que não tivessem
proximidade com os militares, não ganhassem as eleições e não
retornassem ao poder.
O Governo de Ernesto Geisel ficou marcado pelo que alguns analistas
chamaram de “sístole e diástole”, em alusão aos movimentos que o
coração faz de contrair e relaxar para bombear o sangue. Assim como o
músculo cardíaco, Geisel “contraía” e “relaxava” o regime, hora
afrouxando e hora aumentando a repressão e travando a reabertura.
Nesse sentido, em Abril de 1977, Geisel baixou o chamado pacote de
abril, no qual determinava o fechamento do congresso, passando a
governar por decretos e determinando também a eleição indireta para
governadores de estados.
Como falamos anteriormente, em 1973 estoura a crise internacional do
petróleo. Essa crise afetou em cheio a economia brasileira, muito
dependente da importação de petróleo e seus derivados, além do
aumento do custo de transportes e alimentos. Dessa forma, o governo
militar iniciou uma série de reformas buscando substituir o uso do
petróleo e criar novas fontes de energia. Nesse sentido, o governo
brasileiro faz um acordo com o governo alemão para a construção de
usinas nucleares em Angra dos Reis, no Estado do Rio de Janeiro; inicia o
projeto Pró-Álcool, incentivando a substituição da gasolina pelo álcool
produzido pela cana de açúcar brasileira.
Com a crise econômica voltando a afetar as classes populares e os
trabalhadores, além do início de um afrouxamento do regime militar, a
década de 1970 vê florescer novamente o movimento sindical, sobretudo
na região do ABC paulista. O maior líder sindical desse período é Luis
Inácio Lula da Silva, que surge no seio do operariado como um grande
líder, fazendo discursos e incentivando greves. Lula é preso na década de
1970 pelo regime militar por conta das greves e manifestações que
organiza, mas logo é solto, retornando para as suas atividades novamente.
Em 1980, o movimento sindical liderado por Lula ganha destaque e dá
origem a um novo partido político, o Partido dos Tralhadores (PT).

9. O governo de Figueiredo

Entre 1979 e 1985 é estabelecido o último governo militar da ditadura


no Brasil, o governo de João Figueiredo, que mantém a política de
abertura democrática do seu antecessor. Em 1979, Figueiredo decreta a
Lei da Anistia, dando anistia aos crimes cometidos pelos militares e
anistiando também todos aqueles que foram exilados e condenados pelo
regime militar, excetuando os condenados por sequestro e atentados.

Jornal do período demonstrando os primeiros presos libertos após a Anistia

Figueiredo estabelece também uma reforma política na qual estabelece


o retorno do pluripartidarismo. O partido dos militares, o ARENA,
transformou-se em PDS, enquanto o MDB transformou-se em PMDB. PT,
PDT, PP e PTB surgem nesse período, completando o quadro de partidos.
Nesse momento de tentativa de reabertura para a democracia, alguns
grupos da direita e da ala dura dos militares empreende um atentado, que
ficou conhecido como atentado do rio centro, em abril de 1981. O
atentado foi realizado no centro de convenções do riocentro, no Rio de
Janeiro, quando se comemorava o dia do trabalhador. Um grupo de
militares da ala dura transportava em um carro, próximo ao centro de
convenções, uma bomba, que seria explodida dentro do centro, como
forma de acusar a esquerda de organizar o atentado e, assim, poder
fechar o regime militar e retornar à repressão da ditadura. No entanto, a
bomba explodiu no trajeto, dentro do carro, matando um sergento do
exército e escancarando o plano. A tentativa do atentado demonstra
como havia ainda muitos militares e grupos de direita insatisfeitos com a
abertura democrática e as tensões que existiam dentro do próprio
exército.

Sargento do exército morto após explosão da bomba que carregava para o atentado
Entre 1983 e 1984, um movimento popular e de jovens tomou conta das
principais cidades do país, que ficou conhecido como Diretas Já! Esse
movimento, como o próprio nome diz, tinha como principal pauta de luta
a defesa do restabelecimento das eleições diretas para presidente da
república. O movimento diretas já contou com grande apoio da população
e cresceu enormemente, tomando grandes proporções e pressionando os
militares a adotarem o voto direto. Apesar da grande mobilização social e
inclusive a partipação de artistas e personalidades públicas, a mobilização
em torno das diretas já não teve resultado efetivo no governo, que em
1984 derrotou a emenda Dante de oliveira, que instituía o voto direto
direto para as próximas eleições. Dessa forma, com a emenda derrotada,
as eleições de 1985 foram indiretas.

Protesto das Diretas Já, exigindo a volta das eleições diretas

Nesse clima, o governo Figueiredo dá início à transição democrática,


criando eleições indiretas. Os dois candidatos são homens de confiança
dos militares, são civis, mas que possuíam respeito e a confiança dos
militares, demonstrando que até o fim da ditadura os militares exerceram
controle da transição, de maneira “lenta, gradual e segura”. As eleições
indiretas giraram em torno de Tancredo Neves (PMDB) e Paulo Maluf
(PDS). Em 1985, Tancredo é eleito tendo como vice José Sarney. Na data
da posse, Tancreto Neves tem um problema cardíaco e quem assume é
José Sarney. Poucos dias depois, Tancredo morre e Sarney permanece no
cargo, sendo o primeiro presidente civil após a ditadura militar e
encerando esse período sombrio da história do Brasil.
QUESTÕES
DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS
1. (UEG 2019) Leia o texto a seguir.

Brasília, 9 de abril de 1964. Os militares fazem publicar o primeiro ato


institucional, que dá poderes excepcionais ao governo. É a ruptura com o
modelo político que, bem ou mal, vinha desde 1945. Está formalmente
instaurado o regime autoritário.

COUTO, R. C. História Indiscreta da Ditadura e da Abertura. Brasil 1964-1985. Rio de


Janeiro: Record, 1999. p. 26.

Após a publicação do 1º ato institucional, os militares procuraram


estabelecer uma fachada de legitimidade ao novo regime. Essa manobra
política resultou:

A) no chamamento de eleições diretas para dali a um ano, cumprindo a


constituição vigente.
B) na dissolução do congresso e na instauração de um novo parlamento
formado por militares.
C) na elaboração de uma emenda constitucional legitimando o novo
governo via decreto executivo.
D) na eleição do Marechal Castello Branco para presidência da República
pelo congresso nacional.
E) no envio para ONU de uma comissão instruída a garantir que as
instituições nacionais fossem mantidas.

2. (UFG 2014) Leia a letra da música a seguir.

Noventa milhões em ação/ Pra frente Brasil/ Do meu coração/ Todos


juntos vamos/ Pra frente Brasil/ Salve a seleção/ De repente é aquela
corrente pra frente/ Parece que todo o Brasil deu a mão/ Todos ligados na
mesma emoção/ Tudo é um só coração...

PRA FRENTE, BRASIL. Música de Miguel Gustavo, 1970.

Essa música se converteu em um hino comemorativo da conquista pelo


Brasil da Copa do Mundo de Futebol de 1970, no México. Considerando a
conjuntura histórica de produção e de uso dessa canção pelas campanhas
publicitárias institucionais do então Regime Militar brasileiro, percebe-se
que seu propósito era:
A) ressaltar que, tanto para a Seleção quanto para o governo, toda vitória
dependeria da união, da força e do respeito aos adversários e às regras do
jogo.
B) chamar a atenção pública para o clima político interno do país, cuja
estabilidade e avanço, tal como no futebol, se devia à unidade de todos os
brasileiros.
C) destacar o exemplo das conquistas no futebol para as políticas de
governo, preservando a independência entre as esferas esportiva e
governamental.
D) reforçar a ideia de otimismo entre os brasileiros para o sucesso da
Seleção e da nação, num contexto de abertura política e de anistia ampla
e irrestrita.
E) vincular os anseios e êxitos da Seleção e da sociedade brasileiras com os
do governo, por meio do discurso da unidade e do ufanismo patriótico.

3. (UECE 2019) Atente para o que diz Boris Fausto a respeito do


Movimento das Diretas Já:

“Daí para frente, o movimento pelas diretas foi além das organizações
partidárias, convertendo-se em uma quase unanimidade nacional. Milhões
de pessoas encheram as ruas de São Paulo e do Rio de janeiro, com um
entusiasmo raramente visto no país. A campanha das “diretas já”
expressava ao mesmo tempo a vitalidade da manifestação popular e a
dificuldade dos partidos de exprimir reivindicações. *...+”

FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1995, p.509.

Considerando o excerto acima e o que se sabe sobre esse movimento, é


correto afirmar que:

A) apesar do grande envolvimento popular, de artistas e esportistas e do


apoio de lideranças políticas de partidos de oposição, o movimento foi
derrotado no Congresso pela maioria do PDS, ligada ao governo militar.
B) o fracasso do movimento em conseguir eleições diretas para presidente
da república se deu pela não participação dos partidos políticos naquele
momento histórico.
C) o sucesso da campanha das Diretas Já, resultou na eleição direta do
Presidente Tancredo Neves, que venceu, em segundo turno, o candidato
dos militares, Paulo Maluf do PDS, partido que se originou da ARENA.
D) o Movimento das Diretas Já não logrou êxito devido à falta de apoio da
sociedade civil e sobretudo dos movimentos sociais e dos artistas, que
preferiram silenciar ao invés de ir às ruas pedir por eleições diretas.
4. (UECE 2019) Há 50 anos, em 13 de dezembro de 1968, o regime
militar, então sob governo do general Costa e Silva, baixou o Ato
Institucional nº 5. O AI-5, como ficou conhecido, vigorou por 10 anos, até
dezembro de 1978, sendo a expressão mais clara da ditadura militar
brasileira, e resultou:

A) na cassação de deputados, prefeitos e vereadores de oposição ao


governo e na decretação de recesso do Congresso Federal, como
demonstração de intolerância dos militares em um momento de grande
polarização ideológica.
B) na intervenção no Congresso Federal, contudo ficaram preservadas a
autonomia dos estados e municípios, o direito à livre expressão e a plena
garantia do direito ao habeas-corpus.
C) no aumento da popularidade do regime militar e na ampliação das
garantias constitucionais e dos direitos individuais e sociais, que não
foram alterados em nenhum aspecto com a publicação do AI-5.
D) na criação de um sistema político único, baseado no bipartidarismo, em
que havia apenas o partido do governo, a Aliança Renovadora Nacional ou
ARENA, e o Movimento Democrático Brasileiro ou MDB, que era a
oposição permitida.

5. (UECE 2019) “O general Emílio Garrastazu Médici deu poucas


declarações durante seu governo, mas, todas as vezes em que o fez, disse
coisas memoráveis. Em 22 de março de 1973, por exemplo, comentou:
"sintome feliz, todas as noites, quando ligo a televisão para assistir ao
jornal. Enquanto as notícias dão conta de greves, agitações, atentados e
conflitos em várias partes do mundo, o Brasil marcha em paz, rumo ao
desenvolvimento. É como se eu tomasse um tranquilizante após um dia de
trabalho.”

BUENO, Eduardo. Brasil: uma história. 2 ed. rev. São Paulo: Ática, 2003, p.393.

Considerando o comentário do General Emílio Garrastazu Médici sobre


sua aparente tranquilidade em relação ao Brasil na época em questão, é
correto afirmar que:

A) a felicidade que o Gal. Médici sentia era baseada em uma perspectiva


real da sociedade brasileira, já que os órgãos de imprensa eram
totalmente livres para noticiar o que quer que ocorresse no Brasil naquele
tempo.
B) por não existir nenhum tipo de censura ou restrição à atuação do
jornalismo naquele período, que foi de 1º de abril de 1964 até 15 de
março de 1985, o Brasil viveu um tempo de plena democracia, liberdade e
paz social.
C) a sensação de que o Brasil era uma ilha de tranquilidade, em um mundo
de agitações e conflitos, devia-se à censura aos veículos de comunicação
estabelecida pela Lei de Imprensa, em 1967, pelo AI-5, em 1968, e pela
nova Lei de Segurança Nacional, em 1969.
D) na época, enquanto as produções artísticas tais como músicas, peças
de teatro e até mesmo novelas de TV eram submetidas à censura, a
atuação da imprensa era poupada por ser atividade protegida por lei.

6. (G1 - ifpe 2019) Analise o quadro abaixo para responder à questão.


QUADRO 2
O “Milagre” Brasileiro
Crescimento Exportações Importações Dívida Externa
Ano Inflação
PIB% US$ Bilhões US$ Bilhões US$ Bilhões
1968 10 27 1,9 1,9 3,8
1969 10 20 2,3 2,0 4,4
1970 10 16 2,7 2,5 5,3
1971 11 20 2,9 3,2 6,6
1972 12 20 4,0 4,2 9,5
1973 14 23 6,2 6,2 12,6

O quadro acima faz referência ao “milagre econômico”, também chamado


de “milagre brasileiro”, compreendendo a maior parte do governo de
Emílio Garrastazu Médici. Com base nessas informações e nos dados do
QUADRO 2, assinale a alterativa que contém, CORRETAMENTE, duas
características desse período.

A) A redução das importações e das exportações contribuiu para o


chamado “milagre brasileiro” e a repressão foi uma prática constante no
governo Médici.
B) A inflação alta foi uma constante no “milagre brasileiro”, enquanto o
governo Médici ficou conhecido pela abertura política.
C) O crescimento do Produto Interno Bruto é uma característica do
“milagre econômico” e a Lei da Anistia, uma das realizações do governo
Médici.
D) O “milagre econômico” garantiu uma balança comercial favorável e,
durante o governo Médici, houve a ampliação de direitos civis.
E) O “milagre brasileiro” caracterizou-se pelo aumento da dívida externa e
o governo Médici foi marcado pelo autoritarismo.
7. (UECE 2019) Leia atentamente o seguinte excerto: “*...+ a luta pela
anistia envolveu amplos setores da sociedade e, em 1978, com o apoio da
Igreja Católica, da OAB e da ABI foi fundado o CBA (Comitê Brasileiro pela
AnistiA), no Rio de Janeiro. [...] a campanha tomou fôlego em torno da
bandeira da ‘anistia ampla, geral e irrestrita’, passando a ser incluída nas
plataformas de lutas de todos os movimentos sociais. *...+”.

HABERT, Nadine. A década de 70: apogeu e crise da ditadura militar brasileira. São
Paulo: Ática, 1996.

Sobre esse movimento pela anistia, é correto afirmar que:

A) ocorreu no final do governo ditatorial de Getúlio Vargas e exigia o


perdão aos inimigos políticos do regime que estavam em prisões no Brasil
ou que haviam sido expulsos e viviam no exílio.
B) se refere ao processo que anistiou os participantes dos movimentos
camponeses aprisionados pelo regime de João Goulart por lutarem pela
realização de uma reforma agrária no Brasil.
C) iniciado no governo Geisel, somente com o Gal. Figueiredo uma lei de
anistia foi aprovada, esta, inicialmente, era bastante restritiva aos
adversários do regime militar e muito benéfica aos militares.
D) aconteceu logo no início do governo militar, ainda sob a presidência do
Marechal Castello Branco, e tinha por objetivo perdoar os militares que se
opuseram ao movimento de deposição de João Goulart.

8. (UPE-SSA 3 2018) “Você ri da minha roupa / Você ri do meu cabelo/


Você ri da minha pele /Você ri do meu sorriso/ A verdade é que você /
Tem sangue crioulo/ Tem cabelo duro/ Sarará Crioulo...” (Olhos
Coloridos).

Fonte: PEIXOTO, Luiz Felipe de Lima; SEBABELHE, Zé Otávio. 1976 Movimento Black Rio.
Rio de Janeiro: José Olympio, p. 89.

Essa música se tornou um dos hinos do movimento chamado Black Rio


durante a ditadura civil-militar. Sua letra é uma denúncia sobre a relação
do movimento negro com os militares, marcada pela:

A) repressão, levando à prisão e tortura diversos manifestantes.


B) hostilidade, por ambos lutarem pela hegemonia dos movimentos
sociais.
C) indiferença, pois o movimento negro não foi combativo ao regime
vigente.
D) conciliação, tendo em vista a integração do movimento Black Rio à
ditadura.
E) incitação, fazendo o movimento ser aliado dos militares na caça aos
comunistas.

9. (G1 - IFBA 2018) A ditadura implantada desde 1964 até 1985 se


autoproclamava como uma revolução que retomou a democracia no
Brasil, ameaçada pelo comunismo, pela corrupção e pela inflação. No
entanto, os historiadores caminham para um entendimento de que o que
aconteceu em 1964 foi um golpe de Estado de caráter “Civil-Militar”. Por
quê?

A) Contou com o apoio de toda a sociedade que saiu às ruas em marchas


contra o comunismo e silenciou-se frente a tortura de militantes
contrários à ditadura.
B) Porque parte dos militares golpistas estavam na Reserva.
C) Porque pretendia devolver o governo para os civis assim que o “inimigo
interno” fosse vencido.
D) Porque, como toda revolução, não pode ser feita sem a participação do
povo, apoiando a tomada de poder.
E) Porque setores do alto empresariado, associados a empresas
internacionais, e grandes proprietários de terra financiaram e organizaram
associações conspiratórias e desestabilizadoras durante o governo João
Goulart e depois dele apoiaram o regime.

10. (ENEM (Libras) 2017) Falavam em fuzilamentos, em gente que era


embarcada nos aviões militares e atirada em alto-mar. Havia muita
confusão. Sempre que há mudança violenta de poder, a regra dos
entendidos é sumir, evaporar-se, não se expor, nos primeiros momentos
da rebordosa, um sargento qualquer pode decidir sobre um fuzilamento.
Depois as coisas se organizam, até mesmo a violência é estruturada, até
mesmo o arbítrio. Mas quem, no meio tempo, foi fuzilado, fuzilado fica.

CONY, C. H. Quase memória. São Paulo: Cia. das Letras, 1995.

A narrativa refere-se ao seguinte aspecto da segurança nacional durante a


Ditadura Militar:

A) Institucionalização da repressão como política estatal.


B) Normatização da censura como mecanismo de controle.
C) Legitimação da propaganda como estratégia psicossocial.
D) Validação do conformismo como salvaguarda do consenso.
E) Ordenação do bipartidarismo como prerrogativa institucional.

11. (FUVEST 2017) Não nos esqueçamos de que este é um tempo de


abertura. Vivemos sob o signo da anistia que é esquecimento, ou devia
ser. Tempo que pede contenção e paciência. Sofremos todo ímpeto
agressivo. Adocemos os gestos. O tempo é de perdão. (...) Esqueçamos
tudo isto, mas cuidado! Não nos esqueçamos de enfrentar, agora, a tarefa
em que fracassamos ontem e que deu lugar a tudo isto. Não nos
esqueçamos de organizar a defesa das instituições democráticas contra
novos golpistas militares e civis para que em tempo algum do futuro
ninguém tenha outra vez de enfrentar e sofrer, e depois esquecer os
conspiradores, os torturadores, os censores e todos os culpados e
coniventes que beberam nosso sangue e pedem nosso esquecimento.

Darcy Ribeiro. “Réquiem”, Ensaios insólitos. Porto Alegre: L&PM, 1979.

O texto remete à anistia e à reflexão sobre os impasses da abertura


política no Brasil, no período final do regime militar, implantado com o
golpe de 1964. Com base nessas referências, escolha a alternativa correta.

A) A presença de censores na redação dos jornais somente foi extinta em


1988, quando promulgada a nova Constituição.
B) O projeto de lei pela anistia ampla, geral e irrestrita foi uma proposta
defendida pelos militares como forma de apaziguar os atos de exceção.
C) Durante a transição democrática, foram conquistados o bipartidarismo,
as eleições livres e gerais e a convocação da Assembleia Constituinte.
D) A lei de anistia aprovada pelo Congresso beneficiou presos políticos e
exilados, e também agentes da repressão.
E) O esquecimento e o perdão mencionados integravam a pauta da
Teologia da Libertação, uma importante diretriz da Igreja Católica.

12. (UERJ 2020)

ATO INSTITUCIONAL Nº 1, DE 09 DE ABRIL DE 1964

Art. 1º - São mantidas a Constituição de 1946 e as Constituições estaduais


e respectivas Emendas, com as modificações constantes deste Ato.
(...)

Art. 4º - O Presidente da República poderá enviar ao Congresso Nacional


projetos de lei sobre qualquer matéria, os quais deverão ser apreciados
dentro de trinta (30) dias, a contar do seu recebimento na Câmara dos
Deputados, e de igual prazo no Senado Federal; caso contrário, serão tidos
como aprovados.
(...)

Art. 10º - No interesse da paz e da honra nacional, e sem as limitações


previstas na Constituição, os Comandantes-em-Chefe, que editam o
presente Ato, poderão suspender os direitos políticos pelo prazo de dez
(10) anos e cassar mandatos legislativos federais, estaduais e municipais,
excluída a apreciação judicial desses atos.
(...)

O Ato Institucional nº 1 foi editado logo após a deposição do presidente


João Goulart, em 1964. Nele, figuraram medidas destinadas a legitimar as
ações do novo governo, como indica o texto.

Um dos efeitos imediatos dessas medidas, no que se refere à atuação do


Poder Legislativo, foi:

A) ampliação de atribuições decisórias


B) restrição de incumbências tributárias
C) convocação de eleições parlamentares
D) perseguição de grupos oposicionistas

13. (UERJ 2020) TRANSAMAZÔNICA COMPLETA 45 ANOS

A rodovia federal Transamazônica (BR−230) completou 45 anos em


outubro de 2015, mas ainda não é asfaltada na sua totalidade. A rodovia
começou a ser implantada ainda em 1970, no governo do general Emílio
Garrastazu Médici. Dois anos depois, ela foi inaugurada. O trecho entre
Marabá e Altamira é o que está em melhor estado atualmente. Um dos
diretores do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
(DNIT) disse que, durante esse período de mais de quatro décadas, muita
coisa já foi feita, mas explicou que o país viveu uma mudança de filosofia:
“Antigamente, o que era símbolo de desenvolvimento era um trator V8
derrubando uma árvore, uma castanheira; hoje, isso é um crime”, disse.
JOABE REIS
Adaptado de regionalfmuruara.com.br, 05/11/2015.

A mencionada “mudança de filosofia”, entre a década de 1970 e a


atualidade, refere-se às seguintes prioridades em cada um desses
momentos históricos, respectivamente:

A) estimular a presença militar – valorizar a proteção estrangeira


B) solucionar a disparidade inter-regional – expandir a atividade
extrativista
C) garantir o crescimento econômico – promover o equilíbrio
socioambiental
D) controlar o deslocamento populacional – redimensionar a propriedade
fundiária

14. (UEMG 2019) Leia o fragmento a seguir:

“Desde o início de 1964, em torno das propostas de reformas de base,


intensificavam-se as manifestações de apoio e de repulsa ao governo de
João Goulart. Em 31 de março, um alto escalão de oficiais do Exército, com
o apoio de vários governantes, como Magalhães Pinto, de Minas Gerais,
Carlos Lacerda, da Guanabara, e Adhemar de Barros, de São Paulo,
rebelou-se contra o governo de Jango. O golpe teve um desfecho rápido e
bem-sucedido. Culminou com a deposição do presidente João Goulart,
que deixou Brasília e se dirigiu para o Rio Grande do Sul. Era o início da
ditadura comandada pelos militares também chamada de ‘Anos de
Chumbo’”.

FONTE: Vicentino, Cláudio. Projeto Radix: História. 2ª ed. – São Paulo: Scipione, 2012.
[Fragmento: Adaptado]

Sobre o período a que se refere o fragmento apresentado, assinale V para


as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.
( ) Na área econômica, os governos militares promoveram a abertura do
mercado ao capital e às empresas estrangeiras, ampliando a
internacionalização da economia.
( ) A ditadura militar formou um eficiente serviço de propaganda, que
buscava despertar o sentido de patriotismo na população com slogans
como “Este é um país que vai pra frente”; “Ninguém segura esse país”;
“Brasil, ame-o ou deixe-o”.
( ) A junta formada após a deposição de Jango teve como primeira
medida a decretação do Ato Institucional nº 1 (AI-1) que estabeleceu
eleições indiretas para Presidência da República.
( ) Ainda no governo de Castelo Branco foi decretado o Ato Institucional
nº 4 (AI-4) que definiu as orientações que nortearam a elaboração da nova
Constituição, outorgada em janeiro de 1967.
( ) No governo Costa e Silva, políticos cassados pela ditadura, estudantes
e trabalhadores de diversas categorias aliaram-se para formar a “Frente
Ampla”.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

A) V – F – V – F – F.
B) V – V – F – V – V.
C) F – F – V – F – V.
D) F – V – V – V – F.

15. (UEMG 2018) Após 21 anos de Ditadura Militar no Brasil, ocorreu a


eleição do primeiro presidente civil.

Esse período histórico, que se convencionou chamar de


“redemocratização”, compreendeu uma série de medidas instauradas
progressivamente. Integram esse quadro de medidas:

A) o fim do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda); o slogan


“Cinquenta Anos em Cinco”; o retorno ao pluripartidarismo; a revogação
do AI-5 de 1968.
B) a oposição ao comunismo; a Lei de Anistia; a Doutrina de Segurança
Nacional; a dissolução do Congresso Nacional.
C) a revogação do AI-5 de 1968; o retorno do pluripartidarismo; a Lei de
Anistia; o fim da censura prévia aos espetáculos e às publicações.
D) a Doutrina de Segurança Nacional; o fim da censura prévia aos
espetáculos e às publicações; a revogação do AI-5 de 1968.
GABARITO:

Resposta da questão 1: [D]


Após a deposição de João Goulart, as forças armadas formaram o
chamado Comando Supremo da Revolução, que determinou, a partir do
AI-1, a transformação do Congresso Nacional em Colégio Eleitoral, para
eleger um novo presidente de maneira indireta. Castelo Branco venceu
essa eleição. Havia a promessa da manutenção de eleições diretas para o
Executivo no ano seguinte (1965), o que não cumprido devido ao AI-2.

Resposta da questão 2: [E]


Somente a proposição [E] está correta. A música remete a copa de 70 no
México. O Brasil vivia o auge da ditadura militar, o governo do presidente
Médici, período conhecido como “Anos de Chumbo”. O governo
incentivava a criação de músicas ufanistas que enalteciam o país com
duplas como Dom e Ravel e músicas como “Eu te amo meu Brasil”. Médici
procurou desenvolver a ideia de unidade nacional em torno do futebol e
fazer uso político da copa. A vitória do Brasil naquele torneio diante da
Itália tornou-se uma propagando publicitária para o governo militar. “Este
é o país do futuro” e “ninguém segura a juventude do Brasil”. As demais
alternativas estão incorretas.

Resposta da questão 3: [A]


O movimento das Diretas Já, surgido a partir da emenda Dante de Oliveira,
contou com maciço apoio popular e artístico, mostrando que a população
brasileira ansiava por voltar às urnas para eleger o novo presidente.
Mesmo assim, a emenda foi rejeitada pelo Congresso, o que resultou na
convocação de eleições indiretas para 1985.

Resposta da questão 4: [A]


Somente a proposição [A] está correta. Implantado no dia 13/12/1968, o
AI-5, conhecido como o Golpe dentro do golpe, suspendeu o habeas
corpus, aumentou o poder do executivo que interferiu nos estados e
algumas cidades estratégicas, cassou mandatos de lideranças políticas,
fechou o congresso nacional, entre outras medidas autoritárias.

Resposta da questão 5: [C]


Ao longo do regime militar, 1964-1985, ocorreu uma censura na imprensa,
os meios de comunicação veiculavam apenas o que interessava ao
governo e omitiam a dura e triste realidade do “milagre brasileiro”. No
exato contexto em que o presidente Médici deu essa declaração, ocorria a
Guerrilha do Araguaia e a luta armada no Brasil. Gabarito [C].

Resposta da questão 6: [E]


O chamado “Milagre Brasileiro” ocorreu principalmente no governo do
presidente militar Emílio Garrastazu Médici, 1969-1974. Esse período ficou
conhecido como “Anos de chumbo”, foi o auge da ditadura, caracterizado
pela violação dos direitos humanos. Na esfera econômica, ocorreu um
crescimento da economia acompanhado de um aumento da dívida
externa, arrocho salarial, política de crédito ao consumidor,
desvalorização do salário mínimo, entre outras características. Gabarito
[E].

Resposta da questão 7: [C]


A Lei de Anistia (1979), aprovada do governo Figueiredo, concedia perdão
político aos exilados pela Ditadura, mas beneficiava amplamente os
próprios militares, uma vez que estabelecia irrestrito perdão aos crimes
cometidos por causas políticas pelos militares durante o Regime Militar.

Resposta da questão 8: [A]


Somente a alternativa [A] está correta. Essa letra de música interpretada
pela cantora Sandra de Sá, tornou-se um ícone durante o regime militar
no Brasil. O Black Rio pode ser caracterizado como uma manifestação de
jovens negros nas décadas de 1970/80 na cidade do Rio de janeiro. Este
estilo musical estava inserido em um contexto de lutas pela liberdade e
democracia no Brasil e criticou todo e qualquer tipo de tortura.

Resposta da questão 9: [E]


Somente a alternativa [E] está correta. A tese do Golpe Civil-Militar
defendido por alguns historiadores como Daniel Aarão Reis remete a ideia
de que uma elite conservadora e empresarial, vinculada a interesses
internacionais, juntamente com uma elite agrária conspiraram contra o
governo de João Goulart culminando no golpe civil-militar de 1964.

Resposta da questão 10: [A]


Quando o texto afirma que “(...) depois as coisas se organizam, até mesmo
a violência é estruturada, até mesmo o arbítrio (...)” ele descreve uma
prática política da Ditadura Militar brasileira: a institucionalização ou
legalização da repressão, consolidada pelo Ato Institucional nº 5.
Resposta da questão 11: [D]
A Lei de Anistia, aprovada em 1979, amparava-se em duas proposições:
(1) concedia perdão político aos exilados e (2) eximia de culpa os agentes
militares e civis que feriram os direitos humanos ao longo da vigência do
regime.

Resposta da questão 12: [D]


Logo após o Golpe militar em 31 de março de 1964, o governo do general
Castelo Branco decretou o AI:1, Ato Institucional Número 1, no dia 09 de
Abril de 1964, estabelecendo: eleições indiretas para presidente da
República, o executivo pode cassar mandatos parlamentares e a retirada
de direitos políticos, criou o Serviço Nacional de Investigação, suspensão
de estabilidade para funcionário público, entre outras medidas. Era um
forte sinal do que viria pela frente. Gabarito [D].

Resposta da questão 13: [C]


Sem dúvida ocorreu uma grande mudança de pensamento e mentalidade
comparando às décadas de 1960/1970 em relação ao século XXI. Surgiram
os Novos Movimentos Sociais levantando novas bandeiras como os
Direitos Humanos e o Meio Ambiente, entre outras. A questão da
sustentabilidade ganhou força na agenda política do século XXI a nível
mundial. O crescimento econômico deve ser acompanhado da utilização
de uma matriz energética mais limpa possível. Gabarito [C].

Resposta da questão 14: [B]


Resolução a partir da incorreta. Logo após o golpe de 1964, que depôs o
presidente João Goulart, o presidente da câmara federal, Ranieri Mazzilli,
assumiu a presidência de forma provisória, enquanto isso, uma Junta
Militar se formou para organizar as base do regime militar no Brasil. No
dia 9 de abril de 1964, foi criado o AI 1, Ato Institucional Número 1, dois
dias depois Castelo Branco foi eleito indiretamente e assumiu como
presidente. Gabarito [B].

Resposta da questão 15: [C]


Somente a alternativa [C] está correta. Durante os governos dos
presidentes Geisel, 1974-1978, e Figueiredo, 1979-1985 teve início uma
abertura política. Segundo Geisel será “lenta, gradual e segura”, ou seja,
uma abertura política gradativa e controlada pelo governo. O “Milagre
Brasileiro” começou a se esgotar, teve início o denominado “Novo
Sindicalismo” com diversas greves lideradas por Lula. Em 1978 foi extinto
o AI-5, em 1979 acabou o bipartidarismo surgindo novos partidos
políticos, também foi aprovada no mesmo ano a Lei da Anistia. O Brasil
caminhava rumo à redemocratização.

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