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HISTÓRIA

PROF. ORLANDO STIEBLER


EXTENSIVO ENEM 2020
Disciplina: História
Professor: Orlando Stiebler
Aula: A Europa pós-Napoleão: Nacionalismo e
Industrialização

A Europa pós-Napoleão: nacionalismos e


industrialização
1. Surgimento e consolidação de novas ideias

O século XIX é marcado pelo surgimento e consolidação de novas ideias.


As ideias liberais estão sendo debatidas e surgem no século XVIII, com a
emergência do iluminismo. No entando, essas ideias liberais de liberdade
econômica, direito de voto, maior participação da sociedade na política,
divisão de poderes, igualdade social, elaboração de uma constituição,
valorização da razão e da ciência e fim do absolutismo se consolidam no
século XIX, ganhando maior adesão social.
É nesse momento que também surgem e se consolidam novas ideias,
como o socialismo e o anarquismo, que emergem das lutas sociais dos
trabalhadores urbanos que surgem como uma nova classe, o proletariado,
após a revolução industrial. Esses trabalhadores urbanos vão se organizar
ao longo do século XIX para lutar por melhores condições de trabalho,
muitos vão aderir às ideias socialistas e anarquistas de luta contra a
opressão, luta pela igualdade de classes, fim das classes sociais, fim de
todo o tipo de autoridade, tomada dos meios de produção pelos
trabalhadores, fim do capitalismo e etc.
Ao mesmo tempo que as ideias de liberdade, as ideias socialistas e
anarquistas estão se consolidando, há uma tentativa de manutenção do
absolutismo e retorno da ordem monárquica pré-revolução francesa com
o Congresso de Viena (1815), além da emergência da burguesia enquanto
classe industrial que agora passa a pleitear o poder político também. Esse
choque de ideias e de disputa pelo poder é que marcam o tumultuado
século XIX europeu. Burgueses industriais, trabalhadores urbanos
(proletários), camponeses, socialistas, anarquistas e aristrocratas
monarquistas disputam os rumos do governo, dos Estados, das relações
de classe e da construção do país. Além de todos esses fatores, há ainda o
nacionalismo surgindo nesse contexto também. A ideia de nação, de
construção da nação, do inimigo externo, da defesa dos interesses
nacionais está nascendo nesse período, tornando o século XIX crucial para
a compreensão do mundo contemporâneo.

2. As revoluções liberais e burguesas

No século XIX, a burguesia já está consolidada enquanto classe social. Se


nos séculos anteriores a burguesia estava atrelada ao comércio marítimo,
agora os grandes burgueses são donos de grandes empresas e indústrias,
grandes bancos e fábricas. O controle econômico está nas maõs desses
burgueses que, agora, passam a lutar pelo controle do poder político
também.
Além da burguesia, trabalhadores urbanos também estão lutando pelo
liberalismo político, contra qualquer tentativa de restauração absolutista.
Nesse sentido, as revoluções liberais que varrem a Europa no século XIX só
podem ser compreendidas com a participação tanto da burguesia pela
busca do controle político, quanto do ponto de vista da luta dos
proletários e da sociedade de uma meneira geral contra os abusos do
poder, contra o absolutismo e qualquer tipo de governo autoritário.
A França é o país que mais se envolve nessas lutas contra o absolutismo
no período. Desde a Revolução de 1789, a França não consegue manter
uma estabilidade política. A luta contra o retorno absolutista é constante.
Dessa forma, após a derrota de Napoleão em 1815, há a restauração dos
Bourbons, com a chegada ao trono francês de Luis XVIII que governa a
França até a sua morte, em 1824. Apesar do retorno da monarquia, a
França pós-revolução e pós-Napoleão não era mais a mesma. Luis XVIII
conseguiu um equilíbrio entre as ideas liberais burguesas e a restauração
da monarquia, mantendo-se no poder de maneira equilibrada e com apoio
da burguesia. No entanto, com a sua morte, em 1824, seu irmão, Carlos X,
assume o poder, iniciando um governo autoritário, buscando reativar os
privilégios da nobreza, perseguindo e censurando a imprensa, além de
fechar o parlamento. Dessa forma, a sociedade francesa de uma maneira
geral, não aceitava mais atitudes autoritárias e, em 1830, inicia-se a
revolução liberal de 1830 que foi uma tentativa de impedir o retorno
absolutista na França. Carlos X é derrubado pela revolta da população, no
episódio que ficou conhecido como “os três dias gloriosos”, onde nos dias
27, 28 e 29 de Julho de 1830 os franceses empreendem uma série de
manifestações violentas em Paris derrubando o monarca Carlos X.
Representação dos ‘três dias gloriosos’, que derrubou Carlos X na França

Com a derrubada de Carlos X, a França mais uma vez demonstrava que


não havia mais espaço para uma monarquia autoritária e para o retorno
do absolutismo. Após Carlos X, emerge na França o rei Luis Felipe de
Orleans, dando fim à dinastia Bourbon. Luis Felipe governa de 1830 a 1848
e ficou conhecido como “rei burguês”, pois adotou um estilo de governo a
favor da burguesia com ideais liberais.
No entanto, apesar da proximidade com a burguesia e de ser um
monarca liberal, Luis Felipe não consegue desenvolver uma política
econômica eficaz e a França entre na década de 1840 em forte crise
econômica, sendo agravada pela crise agrícola dos anos de 1846 e 1847.
Uma grande fome tomou conta da população francesa e uma onde
revolucionária se iniciou novamente em 1848, quando trabalhadores
urbanos que aderiram ao socialismo e anarquismo exigiam melhores
condições de trabalho e camponeses lutavam contra a fome. Era a
Revolução Liberal de 1848 que se iniciava, mais conhecida como
“Primavera dos Povos”, pois foi uma série de revoltas liberais que ocorreu
pela Europa. Luis Felipe abdica do trono e a França inicia a sua segunda
República, comandada pelo sobrinho de Napoleão Bonarte, Napoleão III,
que é eleito presidente da segunda república francesa, governando de
1848 a 1852, quando Napoleão III empreende um golpe, proclamando-se
imperador.
Cena do filme “Os Miseráveis”, demonstrando uma barricada na Revolução Liberal de 1848

Napoleão III inicia seu império a partir de 1852 e mantém-se no poder


até 1870, iniciando uma série de reformas econômicas e urbanas que
resgatam a economia francesa, iniciando um processo de industrialização.
Dessa forma, a França entre as décadas de 1850 e 1860 passa por um
profundo processo de industrialização, resgatando seu poder econômico e
militar. No entanto, as disputas internas entre burgueses e socialistas
continua de maneira muito forte, até a derrota da França na guerra
franco-prussiana em 1870, quando Napoleão III sai do poder.

3. A segunda revolução industrial

Se a primeira revolução industrial, ocorrida no final do século XVIII e


início do século XIX foi restrita à Inglaterra, a segunda revolução industrial
foi global. Diversos países europeus passaram por um processo de
industrialização a partir de segunda metade de século XIX, além de países
asiáticos, como o Japão e dos EUA, na América, tornando a segunda
revolução industrial um aprofundamento da primeira, fazendo com que
muitos países industrializados surgissem, diminuindo o poder da Inglaterra
e fazendo nascer novas potências industriais, como Alemanha, França,
Estados Unidos, Bélgica, Itália, Japão, entre outros.
Além do aprofundamento da industrialização, o que marca a segunda
revolução industrial são as inovações tecnológicas, como a energia
elétrica, os avanços da indústria química, com o petróleo, a produção do
aço e as ferrovias que se espalham em uma velocidade absurda,
diminuindo os custos do transporte e a aumentando a velocidade de
escoamento da produção industrial.
Diversas mudaças de hábitos sociais começam a ocorrer graças a
segunda revolução industrial, como a diminuição do tempo de viagens por
conta das ferrovias, aumento da produção em escala, iluminação elétrica,
melhoria na alimentação, utilização de automóveis e primeiros aviões,
novas fontes de energia, as grandes cidades, o nasicmento da classe
média, entre outras mudanças que entre o século XIX e início do século XX
transformaram as sociedades contemporâneas.
É nesse período da segunda revolução industrial que as grandes
coorporações e empresas multinacionais surgem, as grandes indústrias e
fábricas, a formação de holdings, de sociedades anônimas, de gigantescos
bancos, cartéis e trustes. O capitalismo transforma-se junto com a
industrialização, criando as bases que sistema capitalista que está em
vigor até os dias atuais.
Dessa forma, o século XIX marca o surgimento das ideias socialistas,
anarquistas, das lutas pelas melhorias das condições de trabalho, a luta
pelo liberalismo poítico e econômico e a ascensão definitiva da burguesia
enquanto classe que domina o poder econômico e passa a dominar o
poder político também.
QUESTÕES
DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS
1. (UEG 2015) Quem saberá dizer quantos comunardos foram mortos
durante a luta? Milhares foram massacrados posteriormente [...]. Esta era
a vingança do “povo respeitável”. Daquele momento em diante, um rio de
sangue correu entre os trabalhadores de Paris e as “classes melhores”. E
daí em diante também os revolucionários sociais aprenderam o que os
esperava se não conseguissem manter o poder.

HOBSBAWN, Eric J. A era do capital. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988. p. 234.

No trecho citado, o historiador inglês Eric Hosbsbawn descreve as


consequências sofridas pelos participantes da Comuna de Paris, ocorrida
em 1871. Esse levante popular que cercou e estabeleceu um governo de
inspiração jacobina na capital francesa foi resultado imediato

A) da derrota francesa para o exército prussiano e das notícias do


aprisionamento de Napoleão III em setembro de 1870.
B) da criação da Associação Internacional dos Trabalhadores, inspirada nas
ideias de Karl Marx e Frederick Engels, em setembro de 1864.
C) do resultado das eleições para a Assembleia Nacional, que elegeu em
sua maioria deputados ligados aos pequenos proprietários rurais.
D) do enfraquecimento político dos remanescentes do Antigo Regime que
ainda ocupavam cargos públicos importantes na administração de Paris.

2. (UEG 2005) O movimento operário europeu conheceu, durante o século


XIX, períodos de ascensão e refluxo, vinculados, em certa medida, ao
emprego progressivo de máquinas no processo produtivo, que levou à
substituição gradual da mão de obra operária. Com base no exposto,
julgue as proposições que se seguem:

I. O ludismo, no início do século XIX, propunha-se a resolver o problema


da miséria social através da destruição do maquinário. Essa iniciativa
possibilitou a resolução parcial da crise, visto que os trabalhadores foram
beneficiados com leis mais flexíveis no que se refere à redução de sua
carga de trabalho.
II. O cartismo, movimento popular que reivindicava reformas nas
condições de trabalho e direitos políticos para os trabalhadores,
representou uma das primeiras manifestações organizadas do operariado
inglês.
III. As revoluções de 1848 representaram uma novidade para o panorama
político europeu, resultando na emergência de ideologias políticas
heterogêneas, tais como nacionalismo, liberalismo e socialismo.

Marque a alternativa CORRETA:

A) Apenas as proposições I e II são verdadeiras.


B) Apenas as proposições II e III são verdadeiras.
C) Apenas as proposições I e III são verdadeiras.
D) Apenas a proposição I é verdadeira.
E) Todas as proposições são verdadeiras.

3. (UNEMAT 2010) Para muitos historiadores, o período compreendido


entre1850 e 1914, do ponto de vista econômico, é conhecido como
“Segunda Revolução Industrial”.

Sobre o tema assinale a alternativa correta.

A) Nesse período, a industrialização se concentrou na Inglaterra, que era


conhecida como a Oficina do Mundo.
B) Esta fase da industrialização ficou limitada ao uso do ferro, do carvão e
do vapor.
C) Nesta época, devido ao progresso econômico que a industrialização
proporcionou, o movimento operário praticamente desapareceu na
Europa e nos Estados Unidos.
D) Entre os anos de 1873 e 1896, ocorreu uma grave crise econômica na
Europa, cuja maior consequência foi o fim dos trustes e cartéis.
E) A deflagração da I Guerra Mundial (1914-1918) teve como uma de suas
motivações a rivalidade entre as nações industrializadas, resultante do
acelerado desenvolvimento econômico ocorrido a partir do final do século
XIX.

4. (UEFS 2016) A retração do mercado de trabalho pode ser explicada pela


recessão de 2015, a mais intensa desde 1990, e a perspectiva de uma nova
queda da atividade econômica no ano que vem [2016]. Como resultado,
grandes setores empregadores, como a construção civil e a indústria de
transformação, passaram a demitir num ritmo intenso, e as atividades que
ainda mostravam um certo vigor dão sinais de fraqueza.

A TAXA DE desemprego no Brasil.... Disponível em:


<http://exame.abril.com.br/economia/noticias/taxa-de-desemprego-no-brasil-deve-
atingir-10-em-2016>. Acesso em 27 fev. 2016.

O cenário recessivo descrito no texto, em relação ao mercado de trabalho,


opõe-se ao da Revolução Industrial, no século XIX, quando:

A) os governos nacionais assumiram o controle das indústrias,


disciplinando e controlando a oferta de emprego.
B) a produção agrícola foi fortalecida, sendo seus trabalhadores
valorizados e fixados nas atividades rurais.
C) a expansão da indústria de transformação absorveu grande contingente
de trabalhadores urbanos, que se submetiam a pesadas jornadas de
trabalho em troca de salários ínfimos.
D) o grande volume da produção industrial excluía o trabalho de mulheres
e crianças nas fábricas.
E) a intensa expansão do emprego levou à parceria entre as antigas
oficinas artesanais e as novas indústrias.

5. (UEPB 2013) Entre as décadas de 60 e 70 do século XIX, o mundo


experimentou a chamada “Segunda Revolução Industrial”. Foi o momento
em que a economia capitalista foi impulsionada com um ritmo ainda mais
acelerado em termos de produção e com avanços significativos no
processo de industrialização.

Sobre este momento histórico, que Eric Hobsbawn chama de a “Era dos
Impérios”, assinale a única alternativa INCORRETA.

A) O desenvolvimento de meios de transporte como o trem e o navio a


vapor permitiu um aumento na circulação de mercadorias. Num processo
cíclico, aumentava-se a produção na medida em que se desenvolviam as
tecnologias fabris e isso levava ao incremento do modo como os produtos
manufaturados circulariam pelo mundo inteiro.
B) O imperialismo trouxe uma brutal concentração da produção e do
capital. Mesmo com todo o apogeu, havia crises periódicas a partir da
segunda metade do século XIX e isso levou as pequenas e médias
empresas a desaparecerem ou serem absorvidas pelas grandes empresas.
C) A 2ª Revolução Industrial propiciou outra revolução. O
desenvolvimento do telégrafo e da imprensa escrita, além da invenção do
telefone, se deu, dentre outras coisas, por uma demanda imposta pelo
acelerado processo de desenvolvimento industrial e tecnológico.
D) A 2ª Revolução Industrial fez com que o setor manufatureiro de
matérias-primas dependesse cada vez mais das inversões e empréstimos
bancários. A crescente complexidade do processo produtivo exigia que se
investissem vultosas somas, fazendo com que cada vez mais se recorresse
aos bancos para dinamizar o setor industrial.
E) Importante consequência da 2ª Revolução Industrial foi o
desaparecimento das chamadas oligarquias financeiras. Com economias
capitalistas altamente desenvolvidas, baseadas no liberalismo inglês, não
havia mais lugar no mundo para pequenos grupos controlando grandes
quantidades de bens materiais.

6. (UESPI 2012) O capitalismo se propagou em busca de mercados e de


novas técnicas de produção. No entanto, o progresso desejado não atingia
a todos e provocava desigualdades. Uma crítica radical ao capitalismo se
expressou na obra de Marx, que:

A) renovou a concepção econômica da época, negando todos os princípios


defendidos pelos economistas clássicos e fisiocratas.
B) formulou propostas de revoluções sociais que lembram as teses
anarquistas mais comuns no movimento bolchevique.
C) definiu utopias importantes para resolver as questões da desigualdade
social, adotadas, com coerência, pelo socialismo no século XX.
D) acusou a existência de exploração do trabalho humano, que trazia
dificuldades sociais para a maioria de população.
E) defendeu a organização da classe operária em sindicatos urbanos com a
finalidade de constituir seus movimentos de reivindicação.

7. (UFPA 2016) A imagem abaixo se refere à cena de Tempos Modernos,


de Charlie Chaplin, na qual aparece a figura de um operário em cima de
uma engrenagem.

A cena do filme de Chaplin (1936) é muito emblemática por estar


associada às novas condições de vida advindas da:
A) Revolução Francesa, que impunha aos camponeses uma carga de
trabalho muito pesada, obrigando-os a limpar as engrenagens que
moviam os relógios públicos.
B) Revolução Americana, que transformou os colonos ingleses em
operários das grandes indústrias metalúrgicas instaladas no oeste dos
Estados Unidos.
C) Revolução Inglesa, que determinou aos operários na Grã-Bretanha o
uso de uniformes no espaço da fábrica, de modo a evitar acidentes de
trabalho.
D) Revolução Russa, que impôs aos trabalhadores das fábricas
automotivas uma carga de trabalho superior a 12 horas por dia, sobretudo
durante o verão europeu.
E) Revolução Industrial, que na organização industrial impunha aos
trabalhadores longas horas de trabalho, dedicadas a mesma tarefa na
linha de produção.

8. (CEFET MG 2015) “*...+ o operário não se reconhece no produto que


criou em condições que escapam a seu arbítrio e às vezes até a sua
compreensão, nem vê no trabalho qualquer finalidade que não seja a de
garantir sua sobrevivência. E a própria ‘produção multiplicada que nasce
por obra da cooperação dos diferentes indivíduos sob a ação da divisão do
trabalho’ aparece aos produtores como um poder alheio, sobre o qual não
têm controle, não sabem de onde procede e sentem como se estivesse
situado à margem deles, independente de sua vontade e de seus atos e
que ‘até mesmo dirige esta vontade e estes atos’.”
QUINTANEIRO, Tania. Um toque de clássicos: Marx, Durkheim e Weber. 2 ed. Belo
Horizonte. Editora: UFMG, 2009, p. 52.

De acordo com o texto, a situação vivida pelos operários no século XIX


revelava a:

A) alienação no processo de trabalho nas indústrias.


B) interferência do Estado no controle das fábricas.
C) consolidação de uma legislação trabalhista na Europa.
D) ausência de movimentos operários em pequenas cidades.
E) organização dos assalariados em cooperativas autossuficientes.

9. (ENEM PPL 2018) A partir da segunda metade do século XVIII, com a


primeira Revolução Industrial e o nascimento do proletariado, cresceram
as pressões por uma maior participação política, e a urbanização
intensificou-se, recriando uma paisagem social muito distinta da que antes
existia.
QUINTANEIRO, T.; BARBOSA, M. L. O.; OLIVEIRA, M. G. Um toque de clássicos: Marx,
Durkheim e Weber. Belo Horizonte: UFMG, 2002.

As mudanças citadas foram conduzidas principalmente pelos seguintes


atores sociais:

A) Burguesia e trabalhadores assalariados.


B) Igreja e corporações de ofício.
C) Realeza e comerciantes.
D) Campesinato e artesãos.
E) Nobreza e artífices.

10. (ENEM PPL 2011) É uma mudança profunda na estrutura social, isto é,
uma transformação que atinge todos os níveis da realidade social: o
econômico, o político, o social e o ideológico. Uma revolução é uma luta
entre forças de transformação e forças de conservação de uma sociedade.
Quando ocorre uma revolução, a vida das pessoas sofre uma mudança
radical no próprio dia a dia.
AQUINO, R. S.L. et al. História das Sociedades: das sociedades modernas às sociedades
atuais. Rio de Janeiro: Record, 1999 (fragmento).

Na França, em 1871, após a derrota de Napoleão III na guerra contra a


Rússia e a presidência de Louis Adolphe Thiers, os trabalhadores franceses
organizaram uma rebelião que levou à tomada de Paris e à organização de
um governo popular, denominado de Comuna de Paris.

Este processo é considerado como uma importante experiência política,


porque:

A) extinguiu definitivamente o voto censitário e instituiu o voto por


categoria profissional.
B) foi a mais duradoura experiência de governo popular na História
contemporânea.
C) criou um Estado dos trabalhadores formado por comunas livres e
autônomas.
D) definiu um Estado voltado para atender os interesses de todas as
classes sociais.
E) substituiu o exército por milícias comandadas pelos antigos generais,
mas subordinadas ao poder das comunas.

11. (FGV 2016) “(...) os homens que naquele momento estavam


encarregados de pôr termo à Revolução de 1848 eram precisamente os
mesmos que fizeram a de 30. (...)
O que a distinguia ainda, entre todos os acontecimentos que se
sucederam nos últimos sessenta anos na França, foi que ela não teve por
objetivo mudar a forma, mas alterar a ordem da sociedade. Não foi, para
dizer a verdade, uma luta política (...), mas um embate de classe (...).
Havia se assegurado às pessoas pobres que o bem dos ricos era de alguma
maneira o produto de um roubo cujas vítimas eram elas (...).
É preciso assinalar ainda que essa insurreição terrível não foi fruto da ação
de certo número de conspiradores, mas a sublevação de toda uma
população contra outra (...).”
(Alexis de Tocqueville, Lembranças de 1848. 1991)

A partir do texto, é correto afirmar que:

A) a revolução limitou-se, em 1848, a apelos políticos, no sentido de a


classe burguesa, líder do movimento, atrair as classes populares para a
luta, contra o absolutismo de Carlos X, usando as ideias liberais como
combustível para a implantação do Estado liberal.
B) a revolução de 1848, liderada pelos homens de 1830, isto é, a classe
burguesa, tinha como maiores objetivos a queda de Luís Bonaparte e a
vitória das ideias socialistas, pregadas nos banquetes e nas barricadas
contra o rei e contra a nobreza.
C) a revolução de 1848, influenciada pelo socialismo utópico, significou a
luta entre a classe burguesa, líder da revolução de 1830, e as classes
populares que, cada vez mais organizadas na campanha dos banquetes e
nas barricadas, forçaram a queda do rei Luís Felipe.
D) os líderes revolucionários de 1848, os mesmos da revolução de 1830,
sob forte propaganda das ideias liberais e influenciados pela luta política,
convocaram e obtiveram o apoio das classes populares, no Parlamento,
contra o rei Luís Felipe.
E) o rei Luís Felipe, no trono francês entre 1830 e 1848, foi derrubado por
uma bem orquestrada luta política no Parlamento, que uniu liberais e
socialistas, vitoriosa para essa aliança, que formou o governo provisório e
elegeu o presidente Luís Bonaparte.

12. (FGV 2013) Restauração é o nome do regime estabelecido na França


durante quinze anos, de 1815 a 1830, mas essa denominação convém a
toda a Europa. Ela é múltipla e se aplica a todos os aspectos da vida social
e política.
(René Rémond, O século XIX: introdução à história do nosso tempo)
Reconhece-se a Restauração no processo que:

A) restituiu o poder aos monarcas europeus alinhados a Napoleão


Bonaparte, provocando a generalização da contrarrevolução na América
colonial, que havia sido varrida pelas independências nacionais.
B) alçou a Inglaterra à condição da nação mais poderosa do mundo, com
capacidade de reverter a proibição do tráfico de escravos africanos para a
América e de defender a recolonização de espaços coloniais espanhóis
americanos.
C) restabeleceu as bases do sistema colonial na América e na Ásia, com a
recriação de companhias de comércio marcadas pela rigidez
metropolitana, além da prática do “mar fechado” e do porto único.
D) permitiu a volta das antigas dinastias ao poder, que o haviam perdido
com as guerras napoleônicas, e que criou a Santa Aliança, nascida com o
intuito de reprimir movimentos revolucionários.
E) ampliou os direitos trabalhistas em toda a Europa, condição que
provocou as revoluções de 1820 e 1830, eventos fundamentais para a
retomada dos valores políticos anteriores à Revolução Francesa.

13. (FGVRJ 2012) A chamada Segunda Revolução Industrial, ocorrida nas


últimas décadas do século XIX, foi caracterizada:

A) pela concentração do processo de industrialização na Inglaterra e pela


montagem do império colonial britânico.
B) pelo desenvolvimento da eletricidade e da siderurgia e pela expansão
da industrialização para além do continente europeu.
C) pela industrialização e pela formação de Estados nacionais no
continente africano, a partir das suas antigas fronteiras culturais e
linguísticas.
D) pelo equilíbrio de forças entre as antigas colônias europeias e os
Estados europeus devido à difusão da industrialização.
E) pela retração da economia mundial devido à mecanização da produção
e à diminuição da oferta de produtos industrializados.

14. (UEMG 2016) "Há duzentos anos, em 9 de junho de 1815, encerrava-


se o Congresso de Viena, conferência de países europeus que, após nove
meses de deliberações, estabeleceu um plano de paz de longo prazo para
o continente, que vivia um contexto político conturbado(...). Para alcançar
esse objetivo, os diplomatas presentes ao Congresso de Viena criaram um
mecanismo de pesos e contrapesos conhecido como "Concerto
Europeu"(...). O Concerto Europeu procurou substituir um arranjo unipolar
por um sistema inovador de consultas plurilaterais. Esse esforço visava a
garantir a estabilidade europeia no pós-guerra".

http://blog.itamaraty.gov.br/63-historia/146-200-anos-do-congresso-de-viena.Acesso
em: 20/7/2015.

O contexto conturbado vivido pela Europa antes do Congresso de Viena e


os resultados deste foram, respectivamente:

A) A guerra dos sete anos que colocaram em confronto Inglaterra e França


em função de disputas territoriais na América. – A expulsão da França da
Liga das nações por ter desrespeitado regras internacionais
preestabelecidas.
B) A disputa imperialista protagonizada pelas nações europeias em função
da crise econômica vivida no século XIX. – Evitou-se provisoriamente um
conflito de proporções mundiais já que, por meio de concessões, garantiu-
se um equilíbrio político.
C) A expansão napoleônica que destronou reis e promoveu a invasão e
ocupação militar sobre diversas regiões. – Restauração das monarquias
depostas por Napoleão, legitimação das existentes à época e a criação da
Santa Aliança.
D) A primeira grande guerra, que foi consequência de um momento
marcado pelo nacionalismo exacerbado e por rivalidades econômicas e
territoriais. – A imposição de uma paz despreocupada com o equilíbrio
mundial pois humilhava os derrotados.

15. (MACKENZIE 2015) Ao analisar os acontecimentos e consequências de


1848, na França, Karl Marx denominou de “18 brumário de Luís
Bonaparte” o golpe de Estado realizado por esse último. A denominação é
historicamente possível, pois:

A) estendeu a ação de seu Império da França até o norte da África,


incluindo regiões na Itália e Alemanha, territórios anteriormente também
conquistados por seu tio.
B) organizou um Império de caráter despótico absolutista, impôs a
censura aos meios de comunicação e proclamou-se cônsul vitalício,
atitudes já realizadas por Napoleão.
C) assim como Napoleão, Luís Bonaparte legitimou seu golpe por meio de
um plebiscito, extinguindo a República até então vigente para proclamar-
se imperador.
D) Luís Napoleão, assim como Napoleão, a princípio realizou reformas
absolutistas para depois, já no Império, introduzir princípios iluministas de
administração pública.
E) assim como seu tio, Luís Bonaparte se auto coroou imperador, reduziu a
interferência do alto clero no governo e limitou o direito ao voto a
critérios censitários.
GABARITO:

Resposta da questão 1: [A]


A Comuna de Paris foi um movimento popular, encabeçado por
trabalhadores urbanos e com inspiração nos ideias socialistas, em grade
parte fruto da crise vivida pela França depois de 20 anos de ditadura de
Napoleão III e da derrota de seu exército para os prussianos de Bismark.
Para reprimir a Comuna, Bismark libertou os soldados que havia
aprisionado que, sob liderança da burguesia francesa, massacrou o
movimento social.

Resposta da questão 2: [B]

Resposta da questão 3: [E]


A Segunda Revolução Industrial, ocorrida na segunda metade do século
XIX, caracterizou-se pelo advento da eletricidade e do petróleo como
fontes de energia e do aço na confecção de máquinas e produtos. Essas
inovações tecnológicas empregadas no processo produtivo, promoveram
um aumento espetacular da produção e geraram demandas por fontes de
matérias-primas e mercados, motivando disputas entre as potências
industriais, que resultaram na eclosão da Primeira Guerra Mundial no
início do século XX.

Resposta da questão 4: [C]


Durante a segunda Revolução Industrial, ocorrida no século XIX, a
introdução da eletricidade como fonte de energia e o aumento expressivo
do volume de produção promoveram uma boa absorção dos
trabalhadores no mercado de trabalho.

Resposta da questão 5: [E]


Mesmo a Segunda Revolução Industrial não pôs fim à concentração de
capital nas mãos de poucas pessoas, em geral daquelas que detinham os
meios ou bens de produção, ou seja, as máquinas. Como a própria
questão afirma: “pequenos grupos controlando grandes quantidades de
bens materiais”.

Resposta da questão 6: [D]


Na metade do século XIX, Marx lançou a obra “O Manifesto Comunista” na
qual desenvolveu a ideia de que “a história da humanidade é a História da
luta de classes”, ou seja, existem duas classes sociais antagônicas e um
processo de exploração de uma pela outra. No século XIX, a burguesia
controlava o Estado e promovia grande acumulação de capitais à custa da
exploração da classe operária.

Resposta da questão 7: [E]


A questão apresenta uma imagem clássica, a cena do filme Tempos
Modernos, de Charlie Chaplin, que está vinculado à segunda fase da
Revolução Industrial caracterizada pelo aço, petróleo e eletricidade, a
esteira, produção em série, linha de montagem, tarefas repetitivas além
de muita exploração do trabalhador.

Resposta da questão 8: [A]


O texto descreve o conceito de Marx definido como alienação do
trabalho: o afastamento do trabalhador do produto final do seu trabalho.

Resposta da questão 9: [A]


Os processos das Revoluções Industriais transformaram em protagonistas
sociais, principalmente, a burguesia (empresários) e os trabalhadores
assalariados (proletariado).

Resposta da questão 10: [C]


No contexto da Unificação da Alemanha e da Guerra Franco-Prussiana de
1870-1871, Napoleão III, perdeu o poder e acabou o II Império francês
surgindo a III República. Diante do caos social, foi criada a Comuna de
Paris em março de 1871. Foi a primeira experiência socialista da história,
os operários começaram a dirigir as fábricas, inúmeras medidas
importantes foram tomadas: Estado laico, todos os cargos são elegíveis,
ensino laico, gratuito e obrigatório, etc. A Comuna de Paris durou pouco e
foi duramente reprimida. Gabarito [C].

Resposta da questão 11: [C]


Somente a alternativa [C] está correta. O texto de Alexis de Tocqueville
aponta para o movimento de 1848 na França, que foi denominado de
“Primavera dos Povos”. As várias correntes da época se organizaram em
um governo provisório, ideias liberais e socialistas. Porém, logo após o
governo provisório, a classe burguesa atropela os trabalhadores. Este
cenário é que influenciou Marx e Engels a formularem o Materialismo
Histórico e Dialético e Augusto Comte a organizar as ideias positivistas.
Resposta da questão 12: [D]
Depois da derrota napoleônica, o Congresso de Viena garantiu a formação
da Santa Aliança e o processo de Restauração na Europa, num claro
processo contrarrevolucionário francês. A Restauração garantiu a volta ao
poder das dinastias que haviam sido destituídas por Bonaparte.

Resposta da questão 13: [B]


A Segunda Revolução Industrial representou a expansão da
industrialização para diversas nações, incluindo Estados Unidos e Japão e,
ao mesmo tempo, o desenvolvimento de novas tecnologias, coma
utilização da eletricidade no lugar da energia a vapor e da siderurgia,
dando novos rumos à utilização do ferro. Desenvolveu-se o capitalismo
monopolista associado à conquista de mercados afro-asiáticos.

Resposta da questão 14: [C]


A questão remete à expansão Napoleônica, ao Congresso de Viena e à
Santa Aliança. Entre 1799 e 1815, Napoleão montou um grande império
na Europa implantando princípios liberais-iluministas e rompendo com
privilégios ligados ao Antigo Regime. Reis foram desalojados do poder em
nome de uma nova ordem. Com sua derrota definitiva em 1815 na batalha
de Waterloo, tornou-se necessário fazer um grande encontro entre
autoridades do velho continente. Trata-se do Congresso de Viena que
visava refazer o mapa europeu bem como reempossar os monarcas
europeus apoiados em princípios como: legitimidade, restauração,
equilíbrio e compensações. Foi criado por sugestão do czar russo
Alexandre I, a Santa Aliança, um braço armado do Congresso de Viena,
que sob o rótulo de proposta de paz, justiça e religião, objetivava, de fato,
lutar contra manifestações liberais e nacionalistas.

Resposta da questão 15: [C]


Somente a proposição [C] está correta. A questão remete aos
acontecimentos vinculados ao ano de 1848 na Europa. Em 1848 na França
começou a Segunda República com o sobrinho de Napoleão Bonaparte
chamado Luís Bonaparte. Este personagem histórico imitou seu tio que
através de um plebiscito acabou com a Segunda República, 1848-1852 e
tornou-se imperador, dando início ao Segundo Império que foi de 1852
até 1870. Karl Marx em sua brilhante obra denominada de “O 18 Brumário
de Luís Bonaparte” reflete sobre a História (construção da memória e
relação entre passado e presente) tendo como objeto de estudo Napoleão
Bonaparte e seu sobrinho Luís Bonaparte.

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