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Geografia política das eleições congressuais: a dinâmica de representação das


áreas urbanas e metropolitanas no Brasil

Article  in  Cadernos Metrópole · January 2009

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Nelson Rojas Carvalho


Federal Rural University of Rio de Janeiro
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Political geography of con
of the representation of urba

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Geografia política das eleições congressuais:


a dinâmica de representação das áreas
urbanas e metropolitanas no Brasil
Political geography of congressional elections: the dynamics
of the representation of urban and metropolitan areas in Brazil

Nelson Rojas de Carvalho

Resumo
Este artigo tem por finalidade proceder a uma aná-
lise de natureza exploratória sobre a geografia do
voto dos deputados federais eleitos em nossas re-
Abstract
This paper aims at carrying out an introductory
giões metropolitanas e nas áreas mais urbanizadas
do país. Duas são as preocupações que atravessam
o artigo apresentado: avaliar a extensão da sub-
representação dessas regiões e das áreas urbanas
na Câmara dos Deputados, por um lado, e identi-
ficar, por outro, o padrão de distribuição de votos
do que podemos designar por bancada metropoli-
tana. Testamos e comprovamos ao longo do artigo
duas hipóteses: a existência de uma significativa
sub-representação daquelas áreas no Congresso
e um padrão de votos concentrado de nossos de-
putados metropolitanos, padrão não previsto na
tradição da sociologia eleitoral e que pode estar
na base de um novo fenômeno: um paroquialismo
metropolitano.
Palavras-chave: geografia eleitoral; localismo;
áreas metropolitanas.
Nelson Rojas de Carvalho

Abstract
This paper aims at carrying out an introductory
investigation into Brazilian congressmen’s
geography of votes. The congressmen who were
elected in the country’s metropolitan regions are our
main target. Two main concerns underlie this study:
to evaluate the extent to which the metropolitan
and more urbanized regions are underrepresented
in Congress, on the one hand, and to identify the
voto dos deputados federais eleitos em nossas re- main targ
spatial
giões distribution
metropolitanas epattern
nas áreasof votes
mais of congressmen
urbanizadas to evalua
elected
do país.in the
Duas sãometropolitan
as preocupações que areas, on the and
atravessam othermore
o artigo apresentado: avaliar a extensão da sub- in Congre
hand. We have tested and confirmed two main
representação dessas regiões e das áreas urbanas spatial dis
hypotheses
na Câmara dos in Deputados,
this research: the emore
por um lado, identi-urbanized
elected i
areas of Brazil, including the metropolitan regions,
ficar, por outro, o padrão de distribuição de votos hand. We
do que podemos designar por bancada metropoli- hypothes
find themselves severely penalized as regards the
areas of B
tana. Testamos e comprovamos ao longo do artigo
fairduas
amount of representatives
hipóteses: a existência de uma they should have
significativa in
find them
Congress, and there
sub-representação is aáreas
daquelas concentrated
no Congressopatternfair amou
of
e um padrão de votos concentrado de nossos de- Congress
spatial distribution of votes of our representatives
putados metropolitanos, padrão não previsto na spatial di
thattradição
comedafrom the eleitoral
sociologia metropolitan
e que poderegions,
estar which
that com
may uncover a new phenomenon – a kind of may
na base de um novo fenômeno: um paroquialismo urbanunco
metropolitano. localism.
localism.
Palavras-chave: geografia eleitoral; localismo; Keywor
Keywords : electoral geography; localism;
áreas metropolitanas. metropoli

metropolitan areas.

Cadernos Metrópole, São Paulo, v. 11, n. 22, pp. 367-384, jul/dez 2009

Nelson Rojas de Carvalho

z Introdução
2009 legislativo,­ no segundo caso, os eleitores, su-
Introdução
Este trabalho tem por finalidade fornecer topo-
grafia exploratória sobre a geografia política
das eleições legislativas no Brasil. Se o poder
político se expressa e se exerce ao longo do
território, o campo de estudos associado à geo-
grafia eleitoral deve constituir área de primeira
relevância no campo da ciência política. Embo-
ra a área já ocupe esse lugar de centralidade
no âmbito da comunidade acadêmica interna-
cional, sobretudo nas universidades europeias,
entre nós as investigações sobre geografia elei-
toral ainda se mostram incipientes. As questões
e resultados aqui levantados são, portanto,
quase que forçosamente novos e fornecem in-
sumos para pesquisas posteriores.
Informa a presente investigação e a pes-
quisa empírica correspondente indagação cen-
tral que guarda, por sua vez, preocupação de
fundo normativo: na operacionalização de nos-
so sistema eleitoral, em que medida se veem as
áreas urbanas – notadamente as capitais dos
estados, as regiões metropolitanas e as maio-
res cidades – representadas de forma justa, ou
seja, estão essas áreas a eleger deputados em
proporção que respeite a orientação democrá-
tica consagrada no princípio one man, one vo-
te? Tal questão traz subjacente uma motivação
normativa, desdobramento de hipótese clássica
da sociologia eleitoral: segundo a matriz da
sociologia eleitoral, o voto de extração urbana
implicaria representação de qualidade superior
ao que figuraria para essa literatura como seu
oposto, o voto de origem rural. Enquanto no
primeiro caso, o corpo de votantes se move-
ria, sobretudo, por orientação ideológica e os
representantes, pelo universalismo­ no campo
legislativo,­ no segundo caso, os eleitores, su-
jeitos à estrutura social fortemente verticaliza-
da
368e hierarquizada, seriam prezas do clientelis-
Cader

mo e os representantes se moveriam segundo


a lógica do particularismo e do paroquialismo
no terreno legislativo.
Uma das conclusões da presente investi­
gação­ é demonstrar que, no caso das eleições
para a Câmara Baixa, há sub-representação
para a Câmara Baixa, há sub-representação
siste­m ática das áreas mais urbanizadas em
benefício dos chamados grotões. De fato, com
base na análise de quatro eleições para o Con-
gresso – 1994, 1998, 2002 e 2006 – verifica-
mos quase sem variação que aquelas áreas en-
viam para o legislativo número de deputados
em proporção significativamente inferior a seu
percentual de eleitores. Uma bancada de algo
em torno de 100 deputados deixa de ser en-
viada das áreas urbanas para o Congresso na
operacionalização do nosso sistema eleitoral.
Tão ou mais importante do que a ve-
rificação para o conjunto do país, em quatro
eleições sucessivas, da sub-representação das
áreas urbanizadas é uma segunda constatação
áreas urbanizadas é uma segunda constatação
decorrente da investigação empírica: também
de forma sistemática, a quase totalidade dos
deputados de extração urbana entre nós apre-
senta um perfil de votação espacialmente con-
centrado. Como sabem aqueles familiarizados
com a literatura consagrada à conexão eleito-
ral – ou seja, a perspectiva que infere as políti-
cas favorecidas pelos deputados dos incentivos
oriundos de suas respectivas bases eleitorais
de origem –, deputados com votação concen-
trada tendem a se mover segundo a lógica
do particularismo, buscando favorecer a pro-
dução de benefícios desagregados para seus
distritos. Ao contrário, deputados com votação
368 Cadernos Metrópole, São Paulo, v. 11, n. 22, pp. 367-384, jul/dez 2009
Geografia política das eleições congressuais

espacialmente­dispersa tendem a se pautar pe-


Do debate sobre as disjuntivas
lo universalismo legislativo.
espacialmente­ dispersa
Ora, se os deputados egressos
urbano-rural, capital-interior,
de nos- tendem a se pautar pe-
sas áreas urbanas, das regiões metropolitanas, à disjuntiva concentração-
lo universalismo
em particular legislativo.
– ambas sistematicamente sub- dispersão espacial dos votos
represesentadas no Congresso –, apresentam
Ora, se os deputados egressos
padrão de votação espacialmente concentrado
Os estudos deda sociologia
pioneiros no campo nos-
estaríamos, então, diante de um híbrido perver- eleitoral no país identificaram na dimensão ur-
sas áreaspelaurbanas,
so, não previsto tradição de nossa das
socio- regiões metropolitanas,
bano/rural linha importante de clivagem atra-
logia eleitoral: a sub-representação das áreas vessando a política brasileira. Essa dimensão
em
urbanas,particular – ambas
de um lado, e o paroquialismo metro- sistematicamente
politano, de outro. Embora de origem urbana,
abrigaria a um só tempo indicadores sub-
socioeco-
nômicos diversos, realidades eleitorais distintas

represesentadas no Congresso
a representação metropolitana no Brasil, ao
concentrar sua votação no espaço geográfico
–, apresentam
e culturas políticas antagônicas. Da infraes-
trutura, a variável dotada de maior poder de

padrão de votação espacialmente concentrado


1
de um único município, se moveria – tal qual impacto sobre a esfera política, consistiria no
os congêneres das áreas rurais – pela lógica do grau de urbanização, variável que, para autores

estaríamos, então, diantecomo


particularismo, deixando fora de sua agenda
temas de natureza universalista, como a gover-
deindicadores
tros um híbrido perver-
Soares (2001), não seria redutível a ou-
socioeco­nômicos:
nança metropolitana.
so,Onão
trabalhoprevisto pelaemtradição
aqui exposto divide-se dea urbanização
Embora nossa socio-
se correlacione com
industrialização e muitas outras variáveis
duas­ partes. Na primeira, situamos os princi-
logia
pais termoseleitoral: a sub-representação
oriundos da sociologia eleitoral, correlação revelamdas áreasa
estruturais, as análises de regressão e de
que, eleitoralmente,
com a respectiva qualificação da disjuntiva urbanização foi mais importante durante
urbanas, de
rural versus urbano. um
Nesta seçãolado, e o paroquialismo
apontamos, metro-
o período democrático – acima e além da
industrialização e do desenvolvimento so-
ainda, para o estabelecimento de uma linha de
cial. (p. 187)
politano,
continuidade entre ade
matrizoutro.
da sociologiaEmbora
elei- de origem urbana,
toral e aquela batizada por “conexão eleito- A atividade política nas áreas rurais e
aral”:representação metropolitana
ambas as matrizes procuram correlacionar no Brasil,
urbanas do país estaria, aoa
então, associada
a base dos representantes com as prioridades dois universos de valores distintos, um primei-
concentrar sua votação ronocomespaço
e orientações de policy. Deputados oriundos
de áreas rurais e áreas urbanas, num caso,
geográfico
ênfase nas dimensões particularistas,
adscritas e sagradas da vida social, e um se-
de um único município,1 se moveria – tal qual
os congêneres das áreas rurais – pela lógica do
particularismo, deixando fora de sua agenda
temas de natureza universalista, como a gover-
nança metropolitana.
O trabalho aqui exposto divide-se em
duas­ partes. Na primeira, situamos os princi-
pais termos oriundos da sociologia eleitoral,
com a respectiva qualificação da disjuntiva
rural versus urbano. Nesta seção apontamos,
ainda, para o estabelecimento de uma linha de
continuidade entre a matriz da sociologia elei-
toral e aquela batizada por “conexão eleito-
ral”: ambas as matrizes procuram correlacionar
a base dos representantes com as prioridades
e orientações de policy. Deputados oriundos
e orientações de policy. Deputados oriundos
de áreas rurais e áreas urbanas, num caso,
ou de distritos concentrados e dispersos, no
outro, estariam orientados, respectivamente,
por valores paroquiais e universais. Na segun-
da parte, expomos os resultados empíricos da
pesquisa, que confirmam a sub-representação
das nossas áreas urbanas
Geografia noeleições
política das congresso.
congressuais

Do debate sobre as disjuntivas


urbano-rural, capital-interior,
à disjuntiva concentração-
Cadernos Metrópole, São Paulo, v. 11, n. 22, pp. 367-384, j

dispersão espacial dos votos


Os estudos pioneiros no campo da sociologia
eleitoral no país identificaram na dimensão ur-
bano/rural linha importante de clivagem atra-
vessando a política brasileira. Essa dimensão
abrigaria a um só tempo indicadores socioeco-
nômicos diversos, realidades eleitorais distintas
e culturas políticas antagônicas. Da infraes-
trutura, a variável dotada de maior poder de
impacto sobre a esfera política, consistiria no
grau de urbanização, variável que, para autores
como Soares (2001), não seria redutível a ou-
tros indicadores socioeco­nômicos:

Embora a urbanização se correlacione com


industrialização e muitas outras variáveis
estruturais, as análises de regressão e de
correlação revelam que, eleitoralmente, a
urbanização foi mais importante durante
logia eleitoral: a sub-representação das áreas vessando a política brasileira. Essa dimensão
o período democrático
urbanas, de um lado, e o paroquialismo metro- abrigaria a –
um acima e além
só tempo indicadores da
socioeco-
politano, de outro. Embora de origem urbana, nômicos diversos, realidades eleitorais distintas
industrialização
a representação metropolitana no Brasil, ao ee do desenvolvimento
culturas so-
políticas antagônicas. Da infraes-
concentrar sua votação no espaço geográfico trutura, a variável dotada de maior poder de
cial.se (p.
de um único município, 1 187)
moveria – tal qual impacto sobre a esfera política, consistiria no
os congêneres das áreas rurais – pela lógica do grau de urbanização, variável que, para autores
particularismo, deixando fora de sua agenda como Soares (2001), não seria redutível a ou-

A atividade política nas áreas rurais e


tros indicadores socioeco­nômicos:
temas de natureza universalista, como a gover-
nança metropolitana.
Embora a urbanização se correlacione com
urbanas do país estaria, então,
O trabalho aqui exposto divide-se em
associada
industrialização
duas­ partes. Na primeira, situamos os princi-
a
e muitas outras variáveis
estruturais, as análises de regressão e de

dois universos de valores distintos,


com a respectiva qualificação da disjuntiva urbanização foi um
pais termos oriundos da sociologia eleitoral,
primei-
correlação revelam que, eleitoralmente, a
mais importante durante
rural versus urbano. Nesta seção apontamos, o período democrático – acima e além da
ro com ênfase nas dimensões particularistas,
industrialização e do desenvolvimento so-
ainda, para o estabelecimento de uma linha de
cial. (p. 187)
continuidade entre a matriz da sociologia elei-
adscritas e sagradas da vida social,
política e
toral e aquela batizada por “conexão eleito-
A atividade nas um se-e
áreas rurais
ral”: ambas as matrizes procuram correlacionar urbanas do país estaria, então, associada a
gundo caracterizado pordois orientações
a base dos representantes com as prioridades univer-
universos de valores distintos, um primei-
e orientações de policy. Deputados oriundos ro com ênfase nas dimensões particularistas,
salistas, adquiridas e seculares.
adscritas e sagradasDe
de áreas rurais e áreas urbanas, num caso, um
da vida social,lado,
e um se-
ou de distritos concentrados e dispersos, no gundo caracterizado por orientações univer-
estaria situada a “política doadquiridas
atraso”,
outro, estariam orientados, respectivamente,
salistas, em
e seculares. que
De um lado,
por valores paroquiais e universais. Na segun- estaria situada a “política do atraso”, em que
prevaleceriam a tradição e outras
a tradição eorienta-
da parte, expomos os resultados empíricos da
prevaleceriam outras orienta-
pesquisa, que confirmam a sub-representação ções não ideológicas, de outro, “a política do
ções não ideológicas, dedesenvolvimento”,­
outro, “acaracterizada
das nossas áreas urbanas no congresso. política do
pelo papel

desenvolvimento”,­ caracterizada pelo papel


Cadernos Metrópole, São Paulo, v. 11, n. 22, pp. 367-384, jul/dez 2009 369
Nelson Rojas de Carvalho
mais relevante desempenhado­ pelas classes
sociais e pela ideologia, assim como por proje-
tos orientados para o conjunto do país.
Se a clivagem urbano-rural daria lugar a
duas culturas políticas antagônicas, refletir-se-
ia também em configurações político-eleitorais
de cortes diferenciados nas duas áreas. Ao ana-
lisar de forma pioneira o impacto da variável
geográfica sobre as preferências políticas, no
mesmo estudo, Soares (ibid.) afirma que uma
nítida clivagem urbano-rural surgiu logo após
a redemocratização, a qual teve início com a
queda da ditadura de Vargas. “Na maioria das
capitais do país, o Partido Comunista Brasilei-
ro teve uma presença eleitoral marcante, mas
no interior ele recebeu uma proporção bem
reduzida do total de votos “(p. 185). Na mes-
ma direção, verificava-se à época forte corre-
lação negativa (-, 080) entre o perfil espacial
da votação do que o autor denomina partidos
oligárquicos – o PSD e a UDN – e as taxas de
urbanização.
Importante é destacar aqui o impacto da
variável urbanização: estaria na raiz da iden-
tificação da heterogeneidade das preferências
dos representantes no interior de uma mesma
agremiação partidária, como decorrência da
extração ora urbana, ora rural desses repre-
sentantes. Ao se referir ao PTB, Soares (ibid.)
observa que o conflito existente dentro desse
partido tinha também uma dimensão estadual:
partido tinha também uma dimensão estadual:
por um lado, os votantes das grandes cidades
e capitais, principalmente do Nordeste, repre-
sentando as massas operárias, subempregadas
e desempregadas, e em geral com posições
bastante radicais; por outro, os representantes
das cidades pequenas, alguns deles coronéis
rurais descontentes com as decisões dos par-
tidos conservadores no plano estadual e cujas
posições variavam de um conservadorismo
declarado a um reformismo suave (p. 275). Ou
370 Cader
seja, representantes de áreas distintas, muito
embora pertencendo a uma mesma agremia-
ção partidária, distinguiam-se por ostentarem
comportamentos políticos diversos.
Ora, não só é possível, como também
legítimo, estabelecer nexo de continuidade en-
tre a linguagem tradicional da sociologia elei-
toral e a orientação institucionalista centrada
nos estudos sobre conexão eleitoral: segundo
os estudos clássicos com o foco na conexão
eleitoral, representantes voltados à maximi-
zação de suas­carreiras políticas, mas associa-
dos a origens geográficas de natureza diversa
apresentarão comportamentos legislativos
diferenciados. Nos termos da linguagem neo-
institucionalista e dentro da perspectiva da
conexão eleitoral, deputados eleitos com base
nas capitais se veem sujeitos a incentivos no
que se refere à ação legislativa: a) de priorizar
o posicionamento pessoal em relação a temas,
ou seja, darão ênfase à tomada de posição,
reduzida do total de votos “(p. 185). Na mes- zação de suas­carreiras políticas, mas associa-

ou seja, darão ênfase àdos


ma direção, verificava-se à época forte corre-
lação negativa (-, 080) entre o perfil espacial
tomada de posição,
a origens geográficas de natureza diversa
apresentarão comportamentos legislativos

seja por meio de projetos de lei, pronuncia-


da votação do que o autor denomina partidos
diferenciados. Nos termos da linguagem neo-
oligárquicos – o PSD e a UDN – e as taxas de
institucionalista e dentro da perspectiva da
urbanização. conexão eleitoral, deputados eleitos com base
mentos
Importantee a daaquiação
é destacar o impactolegislativa
da nas capitais de uma
se veem sujeitosmaneira
a incentivos no
variável urbanização: estaria na raiz da iden- que se refere à ação legislativa: a) de priorizar
geral; e b) de pautar a conduta
o posicionamentolegislativa
pessoal em relação a por
tificação da heterogeneidade das preferências temas,
dos representantes no interior de uma mesma ou seja, darão ênfase à tomada de posição,
orientação de caráter universalista.
seja por meio de projetosOs
agremiação partidária, como decorrência da de lei,depu-
pronuncia-
extração ora urbana, ora rural desses repre- mentos e a da ação legislativa de uma maneira
tados provenientes do interior, aoa conduta
contrário,
sentantes. Ao se referir ao PTB, Soares (ibid.)
geral; e b) de pautar legislativa por
observa que o conflito existente dentro desse orientação de caráter universalista. Os depu-
tenderão a centrar seus esforços nado interior,
partido tinha também uma dimensão estadual:
tados provenientes direção da
ao contrário,
por um lado, os votantes das grandes cidades tenderão a centrar seus esforços na direção da
obtenção de recursos desagregados
e capitais, principalmente do Nordeste, repre- para para
obtenção de recursos desagregados suas
suas
sentando as massas operárias, subempregadas respectivas localidades, pautando sua ação

respectivas localidades,pela
e desempregadas, e em geral com posições
bastante radicais; por outro, os representantes
pautando sua ação
lógica do particularismo e do paroquialis-
mo legislativo.­

pela lógica do particularismo e do paroquialis-


mo legislativo.­
370 Cadernos Metrópole, São Paulo, v. 11, n. 22, pp. 367-384, jul/dez 2009
Geografia política das eleições congressuais

Padrões nacionais de concentração expressivo­de deputados com votação concen-


e dispersão do voto trada, nos termos de Indjaian, ou de deputados
Padrões nacionais de concentração "distritáveis", nos termos de Dias.
Desse conjunto de estudos sobre geogra-
e dispersão do voto
Ao lado da visualização da distribuição espacial
dos votos segundo o critério dicotômico capital/
fia eleitoral surgiram questões centrais do pon-
to de vista analítico e normativo. Indagou-se,
interior uma segunda dimensão da distribuição inicialmente Lamounier (1982), se um sistema
dos votos no espaço geográfico vem ganhando
Ao lado da visualização da distribuição espacial
dos votos segundo o critério dicotômico capital/
interior uma segunda dimensão da distribuição
dos votos no espaço geográfico vem ganhando
lugar na literatura: o grau de concentração e
dispersão dos votos dos representantes eleitos
ao longo do território.
Como a ponderação do peso da repre-
sentação da capital e do interior nas instâncias
legislativas, cabe sublinhar, antes de mais na-
da, que a análise da concentração e dispersão
espacial dos votos vem ocupando lugar de re-
levo não só nos estudos sobre as consequên-
cias operacionais de nossa legislação eleitoral,
como também no debate doutrinário sobre as
virtudes e vícios dessa legislação. A análise e a
prescrição também nesse caso caminham lado
a lado.
Em breve histórico do tratamento do te-
ma e dos termos do debate, cabe inicialmente
citar os estudos pioneiros de Fleischer (1976,
1983), onde o autor verificou para o caso de
Minas Gerais fração considerável de deputados
com base de votos fortemente concentrada
em algumas regiões: fato que, posteriormente,
se viu interpretado, pela literatura sobre o te-
ma, como indício da possível existência de um
"sistema distrital de fato" operando no inte-
rior de nosso sistema proporcional. Os estudos
subsequentes (Indjaian, 1981; Dias,1991), com
enfoques metodológicos distintos, e analisando
respectivamente os estados de São Paulo, Pa-
raná e Rio de Janeiro, acabaram em verdade
por apontar para política
Geografia o mesmo fenômeno:
das eleições a pre-
congressuais

sença, nos estados investigados, de número


expressivo­de deputados com votação concen-
trada, nos termos de Indjaian, ou de deputados
Cadernos Metrópole, São Paulo, v. 11, n. 22, pp. 367-384, j
"distritáveis", nos termos de Dias.
Desse conjunto de estudos sobre geogra-
fia eleitoral surgiram questões centrais do pon-
to de vista analítico e normativo. Indagou-se,
inicialmente Lamounier (1982), se um sistema
proporcional que, em sua operacionalização, se
mostrava concentracionista não teria seu prin-
cípio orientador deformado. É no que pareciam
crer um conjunto de autores como Lamounier e
Martins (1983). Ambos convergiam para admi-
tir que a fragmentação do voto seria princípio
inerente – do ponto de vista doutrinário – aos
sistemas proporcionais. Nas palavras categóri-
cas de Martins,

A constatação de que no Brasil a disper-


são espacial dos votos não é a regra e,
sim, a exceção precisa ser encarada de
frente: trata-se de um efeito contraditório,
uma consequência não esperada da pre-
missa proporcional...
Para funcionar como se supõe que deve
funcionar, o voto proporcional tem que se
mostrar capaz de cumprir sua missão es-
pecífica, que é a de retratar as correntes
de opinião compartilhadas pelos eleitores
que votam (tanto concentrada, quanto
dispersamente) na totalidade da circuns-
levo não só nos estudos sobre as consequên-
A constatação de que no Brasil a disper-
crição territorial. Se, em
cias operacionais de nossa legislação eleitoral,
como também no debate doutrinário sobre as
são lugar
espacial dosde votosfazer is-e,
não é a regra
sim, a exceção precisa ser encarada de
so,legislação.
virtudes e vícios dessa o sistemaA análise e avigente frente:
limita-se
trata-se de umaefeito
conferir
contraditório,
prescrição também nesse caso caminham lado uma consequência não esperada da pre-
a lado. mandatos a representantes de interesses
missa proporcional...
Em breve histórico do tratamento do te- Para funcionar como se supõe que deve
locais (municipais ou funcionar,
ma e dos termos do debate, cabe inicialmente
microrregionais)
o voto proporcional tem que...se
mostrar capaz de cumprir sua missão es-
somos forçados a reconhecer
citar os estudos pioneiros de Fleischer (1976,
1983), onde o autor verificou para o caso de
pecífica, que é aque deas fato
de retratar correntes
de opinião compartilhadas pelos eleitores
Minas Gerais fraçãohá algodede
considerável errado comque
deputados ovotam
método propor-
(tanto concentrada, quanto
com base de votos fortemente concentrada dispersamente) na totalidade da circuns-
em algumas regiões: cional que estamos praticando.
fato que, posteriormente,
crição territorial. Se,(grifo
em lugar denos-
fazer is-
so, o sistema vigente limita-se a conferir
se viu interpretado, pela literatura sobre o te-
so) (p. 149, 1983)
ma, como indício da possível existência de um
mandatos a representantes de interesses
locais (municipais ou microrregionais) ...
"sistema distrital de fato" operando no inte- somos forçados a reconhecer que de fato
rior de nosso sistema proporcional. Os estudos há algo de errado com o método propor-
Na mesma linha, Lamounier chama-
subsequentes (Indjaian, 1981; Dias,1991), com
cional que estamos praticando. (grifo nos-
so) (p. 149, 1983)
enfoques metodológicos distintos, e analisando
va a atenção para a gravidade
Na mesma de
linha, um
respectivamente os estados de São Paulo, Pa- siste-
Lamounier chama-
raná e Rio de Janeiro, acabaram em verdade va a atenção para a gravidade de um siste-
ma proporcional que sema proporcional
mostrasse
por apontar para o mesmo fenômeno: a pre- de fato
que se mostrasse de fato
sença, nos estados investigados, de número concentracionista:­
concentracionista:­
Nelson Rojas de Carvalho
Cadernos Metrópole, São Paulo, v. 11, n. 22, pp. 367-384, jul/dez 2009
Nelson Rojas de Carvalho
371

A confirmar-se em outros estados este candidatos "ideológicos" no tocante à prove-


quadro de elevada concentração elei- niência espacial de seus votos (p. 11, 1982).
z 2009toral, estaríamos, sem dúvida alguma, 371
A confirmar-se em outros estados este Assim, para Soares haveria duas naturezas de
testemunhando a frustração de um dos
quadro de elevada concentração elei-
valores mais caros à representação pro-
porcional, que é a possibilidade de arre-
representantes, conjugados a duas respectivas
modalidades de distribuição espacial do voto:

toral, estaríamos, sem dúvida alguma,


cadar votos­numa circunscrição territorial
ampla, atendendo, supostamente, a cor-
de um lado, os "coronéis", de votação concen-
trada, de outro, os "ideológicos", de votação
testemunhando a frustração de um dos
valores mais caros à representação pro-
porcional, que é a possibilidade de arre-
cadar votos­numa circunscrição territorial
ampla, atendendo, supostamente, a cor-
rentes de opinião, e não a meros con-
tornos geográficos criados por lei. Com
a circunstância agravante de que nesse
suposto sistema distrital de fato, o candi-
dato não está exposto às pressões que o
vinculam de maneira mais próxima à base
eleitoral, no sistema distrital propriamen-
te dito. (p. 30, 1982)

Uma segunda indagação derivada dos es-


tudos sobre geografia do voto dialoga com as
premissas de Soares (1973a) sobre um dos efei-
tos políticos esperados pelo autor – certamente
o mais importante – da operacionalização da
legislação proporcional: a paulatina erosão da
representação das áreas rurais e atrasadas, ou
ainda o enfraquecimento progressivo do poder
dos coronéis. Vale lembrar que foi exatamente
a expectativa de superação do localismo – an-
tes da ideia clássica da representação como es-
pelho das diferentes correntes de opinião – que
constituiu o ponto forte de defesa do sistema
proporcional no Brasil, explicando a sua intro-
dução e sobrevivência desde 1932, por meio
de argumentos da linha seguida por Soares. O
sistema proporcional facultaria a possibilida-
de – ainda nos termos de Lamounier – de que
partidos urbanos e candidatos... mais "ideoló-
gicos" recolham votos no conjunto do estado,
ainda que diferencialmente distribuídos entre
as grandes cidades e municípios do interior.
O suposto básico é, portanto, a existência de
diferentes padrões entre os "coronéis" e os
candidatos "ideológicos" no tocante à prove-
niência espacial de seus votos (p. 11, 1982).
Assim,
372 para Soares haveria duas naturezasCader
de
representantes, conjugados a duas respectivas
modalidades de distribuição espacial do voto:
de um lado, os "coronéis", de votação concen-
trada, de outro, os "ideológicos", de votação
dispersa.
Cabe aqui por fim chamar a atenção para
o lugar central atribuído pela literatura espe-
cializada a esse eixo da distribuição espacial
dos votos dos eleitos – se mais ou menos con-
dos votos dos eleitos – se mais ou menos con-
centrado no espaço geográfico –, no que diz
respeito às prioridades de política dos eleitos.
Como lembra Limongi (1994), de acordo com
a formulação de Weingast, Shepsle e Johnsen,
(1981, p. 644), a precisão e limitação geográ-
fica da população-alvo definem a política de
natureza distributivista/particularista:

Uma política distributiva trata-se de uma


decisão de política que concentra benefí-
cios em um distrito geográfico específico
e financia gastos por meio de uma taxa-
ção generalizada... se é claro que toda
política traz uma incidência geográfica de
custos e benefícios, o que distingue uma
política distributiva é que os benefícios
têm um alvo geograficamente definido.
tos políticos esperados pelo autor – certamente fica da população-alvo definem a política de
o mais importante – da operacionalização da natureza distributivista/particularista:
legislação proporcional: a paulatina erosão da
Uma política distributiva trata-se de uma
A centralidade da dimensão
representação das áreas rurais e atrasadas, ou
geográfica
decisão de política
ainda o enfraquecimento progressivo do poder
e
que concentra benefí-
cios em um distrito geográfico específico

seu impacto sobre a naturezaeçãofinancia


dos coronéis. Vale lembrar que foi exatamente
a expectativa de superação do localismo – an-
das políticas im-
gastos por meio de uma taxa-
generalizada... se é claro que toda
tes da ideia clássica da representação como es- política traz uma incidência geográfica de
plementadas também se achacustosindicada
e benefícios, o queno
pelho das diferentes correntes de opinião – que tra-
distingue uma
política distributiva é que os benefícios
constituiu o ponto forte de defesa do sistema
balho noclássico intro- Ferejohn e Fiorina, The
dea suaCain, têm um alvo geograficamente definido.
proporcional Brasil, explicando
dução e sobrevivência desde 1932, por meio
Personal Vote (1987):
de argumentos da linha seguida por Soares. O
A centralidade da dimensão geográfica e
seu impacto sobre a natureza das políticas im-
sistema proporcional facultaria a possibilida-
plementadas também se acha indicada no tra-
de – ainda nos termos de Lamounier – de que
balho clássico de Cain, Ferejohn e Fiorina, The
partidos urbanos e candidatos... mais "ideoló-
Uma base territorial
gicos" recolham votos no conjunto do estado, de representação ine-
Personal Vote (1987):

ainda que diferencialmente distribuídos entre


as grandes cidadesvitavelmente introduz Uma preocupações parti-
base territorial de representação ine-
e municípios do interior. vitavelmente introduz preocupações parti-

cularistas e paroquiaismulação
O suposto básico é, portanto, a existência de
diferentes padrões entre os "coronéis" e os
no processo de for-
cularistas e paroquiais no processo de for-
de políticas. Um representante­

mulação de políticas. Um representante­


372 Cadernos Metrópole, São Paulo, v. 11, n. 22, pp. 367-384, jul/dez 2009
Geografia política das eleições congressuais

eleito com os votos, esforços e recursos áreas onde estaria situado o voto "avançado",
de pessoas de uma área geográfica es- de extração ideológica, e às áreas do interior,

, São
especial
eleito com os votos,
pecífica naturalmente atribui importância
Metrópole Paulo,
a suas visões v. 11,tanto
e demandas, n.
esforços
22,de outro, áreas comumenteeassociadas
pp. 367-384,
recursos
jul/dez 2009 ao vo-

de pessoas de uma
por um senso de obrigação como de au-
tointeresse. (p. 19)
área geográfica es-
to "atrasado", cativo, de clientela. Na litera-
tura sobre o tema, quando não se encontram

pecífica naturalmente
Na mesma linha, Khrebiel assinala a
atribui importância
prescrições e fórmulas claramente voltadas a
maximizarem­ o peso eleitoral das zonas urba-
especial
dimensão geográfica associada a suas visões
às teorias e demandas,
nas, observa-se pelo menos a defesatanto
de uma
especial a suas visões e demandas, tanto
por um senso de obrigação como de au-
tointeresse. (p. 19)

Na mesma linha, Khrebiel assinala a


dimensão geográfica associada às teorias
distributivas:­

Porque os legisladores estão sujeitos a


eleições periódicas e as constitucencies
eleitorais são geográficas nos Estados
Unidos, a “conexão eleitoral” implica que
todo membro do congresso tem fortes in-
centivos de obter benefícios de interesses
especiais para seus eleitores. (1991, p. 3)

Em síntese, ao lado da análise da disjun-


tiva rural/urbano e interior/capital, o eixo que
tem nas extremidades um padrão concentrado
e outro disperso de distribuição dos votos no
espaço geográfico, está na raiz, respectiva-
mente, do paroquialismo e do universalismo
legislativos.­

A sub-representação das
áreas urbanas – capitais,
grandes municípios
e regiões metropolitanas –
e o localismo metropolitano
Um dos tópicos mais controversos no debate
sobre as mazelas e virtudes de nossa lei eleito-
sobre as mazelas e virtudes de nossa lei eleito-
ral tem-se referido precisamente ao peso efe-
tivo de representação consignado – de acor-
do com aGeografia
operacionalização da lei congressuais
política das eleições – às áreas
urbanas, de um lado, em especial às capitais,
áreas onde estaria situado o voto "avançado",
de extração ideológica, e às áreas do interior,
de outro,Metrópole
Cadernos áreas comumente associadas
, São Paulo, v. 11, ao vo-ju
n. 22, pp. 367-384,

to "atrasado", cativo, de clientela. Na litera-


tura sobre o tema, quando não se encontram
prescrições e fórmulas claramente voltadas a
maximizarem­ o peso eleitoral das zonas urba-
nas, observa-se pelo menos a defesa de uma
justa correspondência entre o número de repre-
sentantes oriundos dessas zonas e o número
de eleitores ali situados. Nessa linha, destaca-
se o estudo de Aydos (1979) sobre o Rio Gran-
de do Sul como investigação pioneira, onde o
autor verificou a sub-representação da capital
gaúcha e da região metropolitana do estado –
essas áreas funcionariam como colcha de reta-
lhos de representantes com reduto­ no interior.
Deduziu dessa verificação uma consequência
política perversa do funcionamento da legisla-
ção proporcional nos estados federados:

Enquanto a sub-representação dos es-


tados mais industrializados não se pode
atribuir à representação proporcional, a
sub-representação política das grandes
cidades e metrópoles lhe é inerente. A
imagem da colcha de retalhos é o lugar
comum que a prática político-eleitoral
gaúcha e da região metropolitana do estado –
especiais para seus eleitores. (1991, p. 3)
tem reservado para essas áreasas capitais
funcionariam como colchaesta­
de reta-
Em síntese, ao lado da análise da disjun- lhos de representantes com reduto­ no interior.
tiva rural/urbano e duais – o áreas
interior/capital, eixo que onde todos
Deduziu dessa os uma
verificação candida-
consequência
política perversa do funcionamento da legisla-
tos são vota­dos eção proporcional
tem nas extremidades um padrão concentrado
e outro disperso de distribuição dos votos no
que, por issofederados:
nos estados mesmo,
espaço geográfico,dificilmen­ te elegem candidatos
está na raiz, respectiva- próprios
Enquanto a sub-representação dos es-
mente, do paroquialismo e do universalismo tados mais industrializados não se pode
legislativos.­ para as assembleiasatribuir estaduais e paraa
à representação proporcional,
sub-representação política das grandes
a Câmara Federal... cidades a cidadee metrópolesdelhe é Porto
inerente. A
imagem da colcha de retalhos é o lugar
A sub-representação Alegre,dasque teria condições comum que a práticadepolítico-eleitoral
eleger
tem reservado para as capitais esta­
áreas urbanas – capitais,
grandes municípios cerca de 4 a 5 deputados, é responsável
duais – áreas onde todos os candida-
tos são vota­dos e que, por isso mesmo,
por mais de
e regiões metropolitanas – 50% da dificilmen­
votação de apenas­
te elegem candidatos próprios
para as assembleias estaduais e para
e o localismo metropolitano
2 candidatos eleitos para a Câmara
a Câmara Federal... a cidade de Porto
Alegre, que teria condições de eleger
Um dos tópicos mais Federal.­
controversos (p .7)
no debate cerca de 4 a 5 deputados, é responsável
por mais de 50% da votação de apenas­
sobre as mazelas e virtudes de nossa lei eleito-
2 candidatos eleitos para a Câmara
ral tem-se referido precisamente ao peso efe- Federal.­(p .7)
tivo de representação consignado – de acor-
Expectativa diametralmente contrária
Expectativa diametralmente
do com a operacionalização da lei – às áreas contrária
urbanas, de um lado, em especial às capitais, àquela assumida por Aydos (ibid.), sobre os
àquela assumida por Aydos (ibid.), sobre os
Nelson Rojas de Carvalho
Cadernos Metrópole, São Paulo, v. 11, n. 22, pp. 367-384, jul/dez 2009
Nelson Rojas de Carvalho
373

efeitos políticos da legislação proporcional, exame do peso da representação do interior e


era sustentada por outro conjunto de autores, das capitais­ dos estados, na Câmara Federal,
efeitos
z entre
2009 políticos
os quais Soares (1973a), parada
quem legislação
o proporcional,
confirma em âmbito 373
nacional a tese de Aydos.
sistema proporcional, aliado à crescente urba- Assumindo-se que o deputado de ca-
era sustentada por outropitalconjunto
é aquele que temde
nização, diluiria a expressão política das áreas autores,
ali sua principal base
entre os quais Soares (1973a), para quem o
sistema proporcional, aliado à crescente urba-
nização, diluiria a expressão política das áreas
do interior, valorizando e representando de
forma progressiva­ o voto ideológico de extra-
ção urbana. Como já havíamos detectado em
pesquisa anterior (Carvalho, 1996, 2003), o
exame do peso da representação do interior e
das capitais­ dos estados, na Câmara Federal,
confirma emTabela
âmbito1nacional
– Representação políti
a tese de Aydos.
Assumindo-se que o deputado de ca-
Capitais
pital é aquele que tem ali sua principal base
A B C
Estados
eleitoral ou, em termos
% numéricos, que ob-%
deputados
eleitores
tém pelo menos­ 50% eleitos na capi-
de seus votos deput
Brasil 23
tal, encontramos – como mostram77as Tabelas1
Mato G. do Sul 27 3 3
1, 2 e 3 – nas legislaturas de 1995-99, 1999-
Tabela 1 – Representação política das capitais na legislatura 95-99

Capitais Interior
A B C
Estados (C-A) % deputados Total
% deputados %
eleitores eleitos
eleitores eleitos deputados
Brasil 23 77 16 -7 77 411 488
Mato G. do Sul 27 3 38 11 73 5 8
Mato Grosso 19 2 25 6 81 6 8
Rio de Janeiro 44 23 50 6 56 23 46
Santa Catarina 6 1 6 0 94 15 16
Pará 24 4 24 0 76 13 17
Amazonas 52 4 50 -2 48 4 8
Goiás 21 3 18 -3 79 14 17
Bahia 16 5 13 -3 84 34 39
Tocantins 5 0 0 -5 95 8 8
Minas Gerais 13 4 8 -5 87 49 53
São Paulo 31 16 23 -8 69 54 70
Piauí 19 1 10 -9 81 9 10
Acre 47 3 38 -9 53 5 8
Espírito Santo 11 0 0 -11 89 10 10
Pernambuco 19 2 8 -11 81 23 25
Rio Grande do Sul 14 1 3 -11 86 30 31
Rondônia 24 1 13 -11 76 7 8
Sergipe 25 1 13 -13 75 7 8
Paraná 16 1 3 -13 84 29 30
Alagoas 24 1 11 -13 76 8 9
Paraíba 13 0 0 -13 87 12 12
Maranhão 15 0 0 -15 85 18 18
Ceará 25 2 9 -16 75 20 22
Rio G. do Norte 22 0 0 -22 78 8 8

374 Cadernos Metrópole, São Paulo, v. 11, n. 22, pp. 367-384, jul/dez 2009

Geografia política das eleições congressuais


PiauíTabela 2 – Representação política19 1
das capitais na legislatura 99-2002
1
Acre Capitais 47 2
Interior 2
A B Total
Estados C (C-A) % de deputados
Espírito Santo %
eleitores
deputados
eleitos
11
% cadeiras deputados 0 eleitos
eleitos

Brasil 23 78 16 -7 77 410 488


Pernambuco27
Mato G. do Sul 2
19
25 -2 73
1 6 8
Mato Grosso 19 1 12 -7 81 7 8
Rio Grande 44do Sul 19
Rio de Janeiro 14
41 -3 56 1 27 46
Santa Catarina 6 0 6 -6 94 16 16
Rondônia
Pará 24 4 24
24 0 76 1 13 17 1
Amazonas 52 5 62 13 48 3 8
Sergipe
Goiás 21 1 25
5 -16 79 0 16 17 1
Bahia 16 6 15 -1 84 33 39
Paraná
Tocantins 5 0 16
0 -5 95 3 8 8 1
Minas Gerais 13 2 3 -10 87 51 53

Alagoas
São Paulo 31 20 24
29 -2 69 2 50 70 2
Piauí 19 1 10 -9 81 9 10

Paraíba
Acre
Espírito Santo
47
11
2
0
13
25
0
-22
-11
53
89
1 5
10
8
10

Maranhão
Pernambuco
Rio Grande do Sul
19
14
1
1
15
4
3
-15
-11
81
86
1 24
30
25
31
Rondônia 24 1 13 -11 76 7 8
Ceará
Sergipe 25 0
25
13 -13 75
5 8 8
2
Paraná 16 3 10 -6 84 26 30
Rio G. do Norte
Alagoas 24 2 22
22 -2 76 0 7 9
Paraíba 13 1 8 -5 87 11 12
Maranhão 15 1 5 -10 85 17 18
Ceará 25 5 23 -2 75 17 22
Rio G. do Norte 22 0 0 -22 78 8 8

2002 e 2006-2010,­
2002 e 2006-2010,­ 16%,
16%, 16% e 13% de de- 16%
dos. Como e 13%
afirmamos, de sem
esses exemplos de-
ne-
putados que cumpriam esse requisito e se nhuma dúvida confirmaram, em âmbito nacio-
enquadravam,­ portanto,­ na definição. Ora, se nal, a linha de argumentação de Aydos sobre a
Rio de Janeiro 44 19 41 -3 56 27 46
-2 76 7 9
putados que cumpriam esse requisito e se
Santa Catarina
Pará
6
24
0
4 24
6 -6
0
94
76
16
13
16
17
Amazonas -5 52 587 62 13 11 48 3 12 8
enquadravam,­ portanto,­ na definição. Ora, se
Goiás 21 1 5 -16 79 16 17
Bahia -10 16 685 15 -1 17 84 33 18 39

as capitais abrigam­23% do eleitorado do país,


Tocantins 5 0 0 -5 95 8 8
Minas Gerais -2 13 275 3 -10 17 87 51 22 53

houve-22
Piauí
um déficit­78que variou entre
São Paulo 31
19 8
7% a 810%
20
1
29
10
-2
-9
69
81
50
9
70
10

de represen­tan­­tes­­ dessas áreas­ no Congresso


Acre 47 2 25 -22 53 5 8
Espírito Santo 11 0 0 -11 89 10 10
Pernambuco 19 1 4 -15 81 24 25
Nacional – déficit que perfaz uma bancada de
Rio Grande do Sul 14 1 3 -11 86 30 31
Rondônia 24 1 13 -11 76 7 8

algo em torno de 35 deputados a 43 deputa-


Sergipe
Paraná
25
16
0
3
13
10
-13
-6
75
84
8
26
8
30

dos. Como afirmamos, esses exemplos sem ne-


Alagoas
Paraíba
24
13
2
1
22
8
-2
-5
76
87
7
11
9
12
Maranhão 15 1 5 -10 85 17 18
nhuma dúvida confirmaram, em âmbito nacio-
Ceará 25 5 23 -2 75 17 22
Rio G. do Norte 22 0 0 -22 78 8 8
Cadernos Metrópole
nal, a linha , São Paulo, v. 11,de
de argumentação n. 22, pp. 367-384,
Aydos sobre aj
sub-representação das capitais.
2002 e 2006-2010,­ 16%, 16% e 13% de de-
dos. Como afirmamos, esses exemplos sem ne-

Tratar, no entanto,nhuma
a dicotomia
putados que cumpriam esse requisito e se
capital x
dúvida confirmaram, em âmbito nacio-
enquadravam,­ portanto,­ na definição. Ora, se
nal, a linha de argumentação de Aydos sobre a
as capitais abrigam­23% do eleitorado do país, sub-representação das capitais.
interior como proxy do contraste urbano-rural,
houve um déficit­ que variou entre 7% a 10%
Tratar, no entanto, a dicotomia capital x
de represen­tan­­tes­­ dessas áreas­ no Congresso interior como proxy do contraste urbano-rural,
hoje, dificilmente representaria o representaria
Nacional – déficit que perfaz uma bancada de
hoje, dificilmente caminho ana-
o caminho ana-
algo em torno de 35 deputados a 43 deputa- lítico mais apropriado. Em relação a um número
lítico mais apropriado. Em relação a um número
Cadernos Metrópole, São Paulo, v. 11, n. 22, pp. 367-384, jul/dez 2009 375
Nelson Rojas de Carvalho

Tabela 3 – Representação política das capitais na legislatura 95-99

Capitais Interior
A B C
Estados (C-A) % deputados Total
% deputados %
eleitores eleitos
eleitores eleitos deputados
Brasil 23 66 13 -10 87 422 488
Mato G. do Sul 27 2 25 -2 73 6 8
Mato Grosso 19 1 13 -6 81 7 8
Rio de Janeiro 44 20 43 -1 56 26 46
Santa Catarina 6 0 6 -6 94 16 16
Pará 24 0 0 -24 76 17 17
Amazonas 52 5 62 10 38 3 8
Goiás 21 1 5 -16 79 16 17
Bahia 16 2 5 -11 84 37 39
Tocantins 5 0 0 -5 95 8 8
Minas Gerais 13 3 5 -10 87 50 53
São Paulo 31 17 24 -7 69 53 70
Piauí 19 1 10 -9 81 9 10
Acre 47 4 50 3 53 4 8
Espírito Santo 11 0 0 -11 89 10 10
Pernambuco 19 1 4 -15 81 24 25
Rio Grande do Sul 14 0 3 -14 86 31 31
Rondônia 24 2 25 1 76 6 8
Sergipe 25 0 0 -25 75 8 8
Paraná 16 2 6 -10 84 28 30
Alagoas 24 1 11 -13 76 8 9
Paraíba 13 0 0 -13 87 12 12
Maranhão 15 1 5 -10 85 17 18
Ceará 25 3 13 -12 75 19 22
Rio G. do Norte 22 0 0 -22 78 8 8
-10 84 28 30
significativo
-13 de cidades
76 do interior,
8 verifica-se
9 a
presença
-13 de indicadores
87 socioeconômicos
12 – co-
12
mo os-10
índices de 85
desenvolvimento
17 humano,
18 ur-
banização
-12 e escolaridade
75 – cujos
19 valores, 22
quan-
do não-22são superiores,
78 8
se assemelham 8
àqueles
verificados nas capitais dos estados; áreas,
portanto, que do ponto de vista da sociologia
eleitoral, devem receber o mesmo tratamento
conceitual consignado às capitais. Nessa di-
reção, cabe aqui avaliarmos a representação
376 Cader
desse novo interior na Câmara dos Deputados,
testando a hipótese segundo a qual a sub-
representação política das capitais estaria se
processando em benefício de um interior urba-
nizado. Ora, os dados da Tabela a seguir não
eleitoral, devem receber o mesmo tratamento confirmam essa hipótese.
confirmam
nenhum essa hipótese. 72 12.298.910

1 representante
376
25 6.159.242
Cadernos Metrópole, São Paulo, v. 11, n. 22, pp. 367-384, jul/dez 2009

Geografia política das eleições congressuais

2 representantes
Metrópole, Tabela
São 4Paulo, v. 11, n.política
– Representação 22, daspp.100
367-384,
2
jul/dez 2009
maiores cidades
1.083.763
1994 – 1998 – 2007

3 representantes
Nº de cidades 07 1
Nº de cidades 98 295.142
Nº de cidades 94

repres. eleitos eleitores repres. eleitos eleitores repres. eleitos eleitores

total de representantes
nenhum 72 12.298.910 61 32 10.180.160 19.837.057
64 11.040.234

1 representante 25 6.159.242 29 6.376.373 28 6.145.725

% de representantes
2 representantes
2 1.083.763 7%
9 3.514.287 719%2.497.556
3 representantes 1 295.142 – – 1 152.542

total de representantes 32 19.837.057 47 19.837.057 45 18.172.246

% de representantes 7% 19% 10% 19% 8% 19%

Selecionando-se deseja,
o10%uma
universo
Selecionando-se o universo das 100
das 100
de deputados na eleição de 2006, ou
maiores cidades do país (excluídas as capi-
bancada com algo em torno de 50

maiores cidades do paísdeputados.


tais), cidades que no conjunto abrigam 19%
do eleitorado brasileiro, verifica-se que tam-
(excluídas as capi-
A assertiva de Aydos deve, portan-
to, ser requalificada: a imagem da “colcha de

tais), cidades que no conjunto


bém essas áreas se veem sub-representadas
na Câmara baixa. Como mostra a Tabela 4, em
abrigam 19%
retalhos” não espelha somente a realidade das
capitais dos estados, mas igualmente das capi-
três legislaturas – 1994, 1998 e 2006 –, o in- tais e do interior industrializado, que, juntos, te-
do eleitorado
terior urbanizado brasileiro,
em média enviou à Câmara verifica-se
riam que
enviado à Câmara, nas eleiçõestam-
de 2006,
dos Deputados não mais do que 8% do total uma bancada adicional de algo em torno de 90
bém essas
dos deputados áreas
eleitos. Tal se noveem
como observado sub-representadas
congressistas, caso o princípio “um homem, um
que se refere às capitais dos estados, a sub- voto” fosse seguido na delimitação de nossos
na Câmara
representação das áreasbaixa. Como
mais urbanizadas do mostra a Tabela 4, em
distritos eleitorais.
interior não parece, assim, constituir evento
três legislaturas – 1994, 1998 e 2006 –, o in-
terior urbanizado em média enviou à Câmara
dos Deputados não mais do que 8% do total
dos deputados eleitos. Tal como observado no
que se refere às capitais dos estados, a sub-
representação das áreas mais urbanizadas do
interior não parece, assim, constituir evento
aleatório de uma única eleição; à semelhança
dos dados referentes às três eleições para a Câ-
mara Federal por nós analisadas – quando em
média 60% das cem maiores cidades do país
não tiveram sequer um único representante
eleito2 –, sugere que estamos­diante de um pa-
drão perene e não de um evento aleatório.
Em uma palavra, os grandes aglomerados
urbanos localizados fora das capitais e o inte-
rior industrializado apresentam igualmente um
déficit de representação, neste caso, um déficit­
de 10% de deputados na eleição de 2006, ou
seja, uma bancada com algo em torno de 50
deputados.
Cadernos A assertiva
Metrópole de Aydos
, São Paulo, deve,
v. 11, n. 22, portan-j
pp. 367-384,
to, ser requalificada: a imagem da “colcha de
retalhos” não espelha somente a realidade das
capitais dos estados, mas igualmente das capi-
tais e do interior industrializado, que, juntos, te-
riam enviado à Câmara, nas eleições de 2006,
uma bancada adicional de algo em torno de 90
congressistas, caso o princípio “um homem, um
voto” fosse seguido na delimitação de nossos
distritos eleitorais.
tais), cidades que no conjunto abrigam 19% deputados. A assertiva de Aydos deve, portan-
do eleitorado brasileiro, verifica-se que tam- to, ser requalificada: a imagem da “colcha de
bém essas áreas se veem sub-representadas retalhos” não espelha somente a realidade das
A sub-representação das regiões
na Câmara baixa. Como mostra a Tabela 4, em capitais dos estados, mas igualmente das capi-
três legislaturas – 1994, 1998 e 2006 –, o in- tais e do interior industrializado, que, juntos, te-
metropolitanas e a distribuição
terior urbanizado em média enviou à Câmara
dos Deputados não mais do que 8% do total
riam enviado à Câmara, nas eleições de 2006,
uma bancada adicional de algo em torno de 90
espacial do voto
dos deputados eleitos. Tal como observado no
que se refere às capitais dos estados, a sub-
congressistas, caso o princípio “um homem, um
voto” fosse seguido na delimitação de nossos
representação das áreas mais urbanizadas do distritos eleitorais.
interior não parece, assim, constituir evento
aleatório de uma única eleição; à semelhança
Um último e fundamental corte para
A sub-representação das a análi-
regiões
dos dados referentes às três eleições para a Câ-
mara Federal por nós analisadas – quando em metropolitanas e a distribuição
se da hipótese da sub-representação
espacial do voto
média 60% das cem maiores cidades do paísdas áreas­
não tiveram sequer um único representante
urbanas no Congresso Nacional se refere
eleito2 –, sugere que estamos­diante de um pa-
Um último e fundamental ao
corte para a análi-
drão perene e não de um evento aleatório. se da hipótese da sub-representação das áreas­
percentual de representação
Em uma palavra, os grandes aglomerados que Nacional
urbanas no Congresso alcançam
se refere ao
urbanos localizados fora das capitais e o inte- percentual de representação que alcançam
as 14 Regiões Metropolitanas identificadas
rior industrializado apresentam igualmente um
as 14 Regiões Metropolitanas identificadas
déficit de representação, neste caso, um déficit­ no território nacional, a saber, as Regiões
no território nacional, a saber, as Regiões
Nelson Rojas de Carvalho
Cadernos Metrópole, São Paulo, v. 11, n. 22, pp. 367-384, jul/dez 2009
Nelson Rojas de Carvalho
377

Metropolitanas­ do Rio de Janeiro, São Paulo, No que se refere ao peso eleitoral das
Vitória, Recife, Fortaleza, Porto Alegre, Goiânia, Regiões Metropolitanas, sua densidade é ine-
Metropolitanas­
z Curitiba, do Rio
2009 Belém, Belo Horizonte, Salvador, Flo- de
gável:Janeiro, São
33% do eleitorado do paísPaulo,
377
têm por lo-
rianópolis, Campinas e Distrito Federal.3 A des- calização alguma das treze regiões metropo-
Vitória, Recife, Fortaleza,litanas
Porto abaixoAlegre,
peito da ideologia de cunho municipalista que Goiânia,
listadas. Considerando-se um 4

teve seu ápice na constituição de 1988, para deputado oriundo de região metropolitana,
Curitiba, Belém, Belo Horizonte, Salvador,
ali pelo menos Flo-
autores como Ribeiro (2000), as regiões metro-
aquele que recolheu metade
rianópolis, Campinas e Distrito Federal.3 A des-
peito da ideologia de cunho municipalista que
teve seu ápice na constituição de 1988, para
autores como Ribeiro (2000), as regiões metro-
politanas no caso brasileiro se sobrepõem aos
municípios não só como unidades de análise
dotadas de maior sentido, mas constituem o
locus onde se verificam os maiores desafios do
país em termos de ação de governo.
No que se refere ao peso eleitoral das
Regiões Metropolitanas, sua densidade é ine-
gável: 33% do eleitorado doTabela
país têm5 por lo-
– Banc
calização alguma das detreze
acordo commetropo-
regiões % de el
litanas abaixo listadas.4 Considerando-se um
Banca metropolita
deputado oriundo de região metropolitana,
Deputados metropolitanos 167
aquele que recolheu ali pelo menos metade
Metropolitanas­ do Rio de Janeiro, São Paulo, No que se refere ao peso eleitoral das

aquele que recolheu aliRegiões


Vitória, Recife, Fortaleza, Porto Alegre, Goiânia,
Curitiba, Belém, Belo Horizonte, Salvador, Flo-
pelo menos metade
Metropolitanas, sua densidade é ine-
gável: 33% do eleitorado do país têm por lo-

de seus votos, verificamos também neste caso


rianópolis, Campinas e Distrito Federal.3 A des-
calização alguma das treze regiões metropo-
peito da ideologia de cunho municipalista que
litanas abaixo listadas. Considerando-se um 4

teve seu ápice na constituição de 1988, para deputado oriundo de região metropolitana,
incidência de sub-representação. Aoali pelo
autores como Ribeiro (2000), as regiões metro-
aquele que recolheu longo das
menos metade
politanas no caso brasileiro se sobrepõem aos de seus votos, verificamos também neste caso
quatro últimas eleições, incidência
comodemostra
municípios não só como unidades de análise a Tabela
sub-representação. Ao longo das
dotadas de maior sentido, mas constituem o quatro últimas eleições, como mostra a Tabela
5, houve em média déficit deem9% de represen-
locus onde se verificam os maiores desafios do
5, houve média déficit de 9% de represen-
país em termos de ação de governo. tantes – uma bancada com algo em torno de
tantes – uma bancada com algo em torno de
Tabela 5 – Bancada metropolitana
de acordo com % de eleitores e em anos diversos

Banca metropolitana 1994 1998 2002 2006

Deputados metropolitanos 167 111 120 124 118


a %metropolitana
de deputados metropolitanos 33 22 24 25 23

ores e em anos diversos


Tabela 6 – Percentual de eleitores
por estado versus percentual de deputados eleitos
1994 1998% no
Eleitorado da
2002 2006
% deputados % deputados % deputados % deputados
RM
RM estado 1994 1998 2002 2006

111
Salvador (BA) 2.044.012120 22 18 124 15 13 118 10
Fortaleza (CE) 2.108.642 37 14 36 23 23

22
Vitória (ES) 1.115.352 24 46 40 25 50 60 23 60
Goiânia (GO) 1.260.034 33 18 12 24 24
Belo Horizonte (MG) 3.724.851 27 15 15 11 17
Belém (PA) 1.291.669 29 24 24 24 6
Recife (PE) 2.553.925 42 16 20 32 40
Curitiba (PR) 2.138.347 29 10 20 27 27
Eleitorado da % no % deputados % deputados % deputados % deputados
RM
RM estado 1994 1998 2002 2006

Salvador (BA) 2.044.012 22 18 15 13 10


Fortaleza (CE) 2.108.642 37 14 36 23 23
Vitória (ES) 1.115.352 46 40 50 60 60
Goiânia (GO) 1.260.034 33 18 12 24 24
Belo Horizonte (MG) 3.724.851 27 15 15 11 17
Belém (PA) 1.291.669 29 24 24 24 6
Recife (PE) 2.553.925 42 16 20 32 40
Curitiba (PR) 2.138.347 29 10 20 27 27
Rio de Janeiro (RJ) 8.194.141 73 68 65 65 74
Porto Alegre (RS) 2.821.087 36 23 23 32 23
Florianópolis (SC) 689.265 16 6 13 6 0
Campinas (SP) 1.845.992 6 1 1 4 1
São Paulo (SP) 13.735.473 47 50 46 45 44

378 Cadernos Metrópole, São Paulo, v. 11, n. 22, pp. 367-384, jul/dez 2009
Geografia política das eleições congressuais

45 deputados – que deixaram de ser recrutados aspecto revelado pelos dados diz respeito ao
nas treze regiões metropolitanas analisadas. padrão predominantemente concentrado da
45 Ora,
deputados – quesiste-
se há uma sub-representação deixaram devotosser
geografia dos recrutados
da bancada metropolitana.
mática das regiões metropolitanas quando se Não é preciso lembrar que, de acordo com a li-
nas treze
tem em vista o peso regiões metropolitanas
eleitoral dessas regiões no analisadas.
teratura voltada aos estudos da conexão eleito-
conjunto do país, o mesmo ocorre no interior ral (conexão que estabelece o nexo entre a na-
Ora, se há uma sub-representação
dos estados. No âmbito dos estados, nas qua- siste-
tureza da geografia do voto do representante,
tro últimas eleições para a Câmara dos Depu- de um lado, e seu comportamento legislativo,
mática
tados, verifica-sedas regiões
peso político das regiõesmetropolitanas
me- de outro), deputados comquando se
votação concentrada
tropolitanas inferior a seu peso eleitoral. Como e dispersa no espaço se veem diante de pauta

tem em vista o peso eleitoral


a Tabela 6 sugere, na vasta maioria dos estados
federados analisados – onze dos treze estados
dessas regiões no
de incentivos diametralmente opostos: no pri-
meiro caso, os incentivos recaem sobre a ênfa-

conjunto do país, o mesmo


nas quatro últimas eleições – as regiões me-
tropolitanas têm representação no Congresso
ocorre no interior
se conferida a bens de natureza desagregada, à
conduta paroquial, no segundo caso, os incen-
dos estados. No âmbito dos estados, nas qua-
tro últimas eleições para a Câmara dos Depu-
tados, verifica-se peso político das regiões me-
tropolitanas inferior a seu peso eleitoral. Como
a Tabela 6 sugere, na vasta maioria dos estados
federados analisados – onze dos treze estados
nas quatro últimas eleições – as regiões me-
tropolitanas têm representação no Congresso
aquém de seus respectivos pesos eleitorais.
Se a sub-representação é característica
que se depreende da dinâmica
Geografia política metropolitana
das eleições congressuais

e da geografia eleitoral dessas áreas, outro


aspecto revelado pelos dados diz respeito ao
padrão predominantemente concentrado da
Tabela 7 – Perce
geografia dos votos metropolitanos
da bancada metropolitana.
com per
Não é preciso lembrar que, de acordo com a li-
teratura voltada aos estudos da conexão eleito-
ral (conexão que estabelece o nexo entre a na-
tureza da geografia do voto do representante,
de um lado, e seu comportamento legislativo,
de outro), deputados com votação concentrada Geografia política das eleições congressuais

e dispersa no espaço se aspecto


veem diante de pauta
45 deputados – que deixaram de ser recrutados
revelado pelos dados diz respeito ao
nas treze regiões metropolitanas analisadas.
padrão predominantemente concentrado da

de Ora,
incentivos diametralmente
se há uma sub-representação siste-
mática das regiões metropolitanas quando se
opostos: no pri-
geografia dos votos da bancada metropolitana.
Não é preciso lembrar que, de acordo com a li-
tem em vista o peso eleitoral dessas regiões no teratura voltada aos estudos da conexão eleito-
meiro caso, os incentivosralrecaem
conjunto do país, o mesmo ocorre no interiorsobreo nexo
(conexão que estabelece a entre
ênfa-a na-
dos estados. No âmbito dos estados, nas qua- tureza da geografia do voto do representante,
se conferida a bens de natureza desagregada,
tro últimas eleições para a Câmara dos Depu-
de um lado, e seu à
comportamento legislativo,
tados, verifica-se peso político das regiões me- de outro), deputados com votação concentrada
conduta paroquial, no segundo caso,
tropolitanas inferior a seu peso eleitoral. Como
e dispersa no espaço osdiante
se veem incen-
de pauta
a Tabela 6 sugere, na vasta maioria dos estados de incentivos diametralmente opostos: no pri-
tivos conduzem os parlamentares
meiro caso, os incentivosna
federados analisados – onze dos treze estados direção
recaem sobre a ênfa-
nas quatro últimas eleições – as regiões me- se conferida a bens de natureza desagregada, à
ênfase em bens públicos conduta
e noparoquial,
universalismo.
tropolitanas têm representação no Congresso
no segundo caso, os incen-
aquém de seus respectivos pesos eleitorais. tivos conduzem os parlamentares na direção
Como mostra a Tabela
ênfase em bens7,
Se a sub-representação é característica a equase
públicos to-
no universalismo.
que se depreende da dinâmica metropolitana Como mostra a Tabela 7, a quase to-

talidade do que chamamos de bancada


e da geografia eleitoral dessas áreas, outro talidade do que chamamos de bancada

Tabela 7 – Percentual de deputados


metropolitanos com perfil de votação concentrado
Deputados Deputados Deputados Deputados
RM concentrados concentrados concentrados concentrados
2006 % 2002 % 1998 % 1994 %
Salvador 7 100 6 100 5 100 4 100
Fortaleza 3 100 8 100 5 100 4 80
Vitória 3 75 2 40 3 50 3 50
Goiânia 3 100 2 100 4 100 4 100
Belo Horizonte 8 100 7 88 5 83 7 78
Belém 4 100 4 100 4 100 1 100
Recife 4 100 5 100 6 75 6 60
Curitiba 3 100 5 83 7 88 6 100
Rio de Janeiro 30 100 30 100 30 100 33 97
Porto Alegre 5 71 5 71 5 50 5 71
Florianópolis 1 100 2 100 1 100 0 0
Campinas 1 100 1 100 3 100 1 100
São Paulo 34 95 32 89 32 94 29 93
Total 106 96 109 91 110 89 103 87

Nelson Rojas de Carvalho


Cadernos Metrópole, São Paulo, v. 11, n. 22, pp. 367-384,
Nelson Rojas de Carvalho
jul/dez 2009 379

metropolitana­ – deputados com mais de 50% metropolitano­ – do município que recebe a


extraídos na RM – têm os votos na região me- maioria dos votos dos deputados dali egres-
metropolitana­
tropolitana concentrados em um–único
deputados
municí- com mais
sos. Selecionando deno tempo,
dois pontos 50%as
pio.5 Nas quatro eleições aqui analisadas, em eleições de 1994 e a de 2006, verificamos
extraídos na RM
média 90% dos deputados – 13têm
eleitos nas Re- os
que votos nametropolitana,
nossa bancada região além me-de
giões Metropolitanas analisadas apresentam concentrar a votação, tem seus votos – de
tropolitana concentrados
perfil de votação fortemente concentrado em emmaisum
forma único
do que municí-
majoritária – extraídos
um único município. dos municípios-polo (em geral, as capitais
pio.Se5sabemos
Nasquequatro eleições
os deputados metro- dosaqui
estados) analisadas,
e daqueles municípiosem
mais
politanos (ou o que poderíamos designar integrados das Regiões Metropolitanas. As

média 90% dos deputados


de nossa bancada metropolitana) têm sua
votação concentrada em um único muni-
eleitos nas 13 Re-
áreas menos integradas, mais periféricas
das nossas Regiões Metropolitanas pouco se
giões Metropolitanas analisadas apresentam
perfil de votação fortemente concentrado em
um único município.
Se sabemos que os deputados metro-
politanos (ou o que poderíamos designar
de nossa bancada metropolitana) têm sua
votação concentrada em um único muni-
cípio, cabe por fim identificar a natureza –
mais ou menos integrada dentro do espaço
metropolitano­ – do município que recebe a
maioria dos votos dos deputados dali egres-
sos. Selecionando dois pontos no tempo, as
eleições de 1994 e a de 2006, verificamos
Tabela
que nossa bancada metropolitana, além8 –deE
Característica de integração do m
concentrar a votação, tem seus votos – de
forma mais do que majoritária
Polo – extraídos
Muita alta
tropolitana concentrados em um único municí- sos. Selecionando dois pontos no tempo, as

dos municípios-polo (em


pio.5 Nas quatro eleições aqui analisadas, em
média 90% dos deputados eleitos nas 13 Re-
geral, as capitais
eleições de 1994 e a de 2006, verificamos
que nossa bancada metropolitana, além de

dos estados) e daqueles municípios mais


giões Metropolitanas analisadas apresentam
concentrar a votação, tem seus votos – de
perfil de votação fortemente concentrado em
forma mais do que majoritária – extraídos
um único município. dos municípios-polo (em geral, as capitais
integrados
Se sabemos que osdas Regiões
deputados metro- dosMetropolitanas.
estados) e daqueles municípios As
mais
politanos (ou o que poderíamos designar integrados das Regiões Metropolitanas. As
áreas menos integradas, mais periféricas
de nossa bancada metropolitana) têm sua
áreas menos integradas, mais periféricas
votação concentrada em um único muni- das nossas Regiões Metropolitanas pouco se
das nossas Regiões Metropolitanas
cípio, cabe por fim identificar a natureza –pouco
acham representadas, como mostram asse
Ta-
mais ou menos integrada dentro do espaço belas 7 e 8.
acham representadas, como mostram as Ta-
belas 7 e 8.
Tabela 8 – Eleições de 1994
Característica de integração do município do deputado metropolitano

Polo Muita alta Alta Média Baixa Total


Bahia 6 0 1 0 0 7
Ceará 2 0 0 0 1 3
Espírito Santo 2 2 0 0 0 4
Goiás 3 0 0 0 0 3
Minas Gerais 6 0 1 1 0 8

ões de 1994
Pará 4 0 0 0 0 4
Pernambuco 5 0 0 0 0 5
cípio
Paraná do deputado
3 0 metropolitano
0 0 0 3
Rio de Janeiro 25 5 0 0 0 30
Rio Grande do Sul 5 1 1 0 0 7
Alta
Santa Catarina Média
1 0 Baixa
0 0 0 Total 1
Campinas 1 0 0 0 0 1
1
São Paulo 26 0 8 0 0 1 0 7 35
Total 89 16 3 2 1 111
0 0 1 3
Minas Gerais 6 2
Pará 1 0
Pernambuco 9 1
Paraná
380
5 1
Cadernos Metrópole, São Paulo, v. 11, n. 22, pp. 367-384, jul/dez 2009

Geografia política das eleições congressuais

Rio de Janeiro 25 9
Tabela 9 – Eleições de 2006
Característica de integração do município do deputado metropolitano
Rio Grande do Sul 5 1
Polo Muita alta Alta Média Baixa Total

Santa Catarina 4
Bahia 0 0 0 0 0 0 4
6Ceará 5 0 0 0 0 5

Campinas
Espírito Santo 3 3 0
1 0 0
0 6
Goiás 4 0 0 0 0 4

São Paulo
Minas Gerais
Pará
6
1
2
0
0
0
26 1
0
0
0
7 9
1
Pernambuco 9 1 0 0 0 10
Total
Paraná 5 1 0
94 0 0
24 6
Rio de Janeiro 25 9 1 0 0 35
Rio Grande do Sul 5 1 1 1 0 8
Santa Catarina 0 0 0 0 0 0
Campinas 1 0 0 0 0 1
São Paulo 26 7 1 0 0 34
Total 94 24 3 2 0 123

Conclusões
Conclusões one vote fosse­ observado por outro tipo de
distritamento.­
Ao lado dessa confirmação, a pesquisa
Nesse artigo, de caráter exploratório, confir- revelou um padrão de distribuição de voto dos
0 0 0 4
Nesse
0 artigo, 1de caráter exploratório,
0 confir-
9
mamos
0 algumas
0 teses parcialmente
0 testadas
1
e 0apontamos, 0com revelações
0 novas, para
10 ca-
minhos
0 outros0de pesquisa.0 No primeiro 6caso,
confirmamos
1 como
0 tendência
0 sistemática
35 de
nosso
1 sistema1 eleitoral, em
0 sua operaciona-
8
lização
0 concreta,
0 sub-representar
0 as áreas
0
mais
0 urbanizadas
0 do país.
0 Vimos, ao longo
1
das
1 quatro eleições,
0 que 0tantos as capitais
34
dos
3 estados, como
2 as cem0 maiores cidades
123
do país, como as 13 Regiões Metropolitanas
enviam ao Congresso percentual significati-
vamente menor de deputados do que aque-
le que se exigiria se o princípio one man,
one vote fosse­ observado por outro tipo de
distritamento.­
Ao lado dessa confirmação, a pesquisa
revelou um padrão de distribuição de voto dos
deputados metropolitanos – padrão predomi-
nantemente concentrado – que pode desafiar
supostos tradicionais de nossa sociologia elei-
toral. Ora, se sabemos pela literatura voltada
à análise da conexão eleitoral que a extração
concentrada, numa ponta, gera comporta-
mento paroquial, na outra ponta, poderíamos
estar diante de fenômeno novo, não previsto
pelo otimismo da velha sociologia eleitoral: um
paroquialismo com base urbana. É de esperar
que a ausência de temas metropolitanos da
agenda pública tenha por raiz o que podemos
chamar de paroquialismo metropolitano.
Cadernos Metrópole, São Paulo, v. 11, n. 22, pp. 367-384, jul/dez 2009 381

Nelson Rojas de Carvalho

Nelson Rojas de Carvalho


Mestre e doutor em Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro. Pro-
fessor Adjunto de Ciência Política do Instituto Multidisciplinar do Departamento de História e Econo-
mia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro, Brasil).
nelsonrc@domain.com.br

Notas
(1) Pesquisas posteriores devem trabalhar a partir de microdados. Temos por hipótese que, ao de-
sagregarmos os municípios, nos confrontaremos com representantes com votação ainda mais
concentrada: redutos dentro dos municípios.

(2) Na última eleição, em 2006, 72 das 100 maiores cidades brasileiras não elegeram sequer um úni-
co representante.

(3) A despeito do número crescente de regiões metropolitanas criadas por lei, utilizamo-nos do cri-
tério adotado pelo IPPUR/Observatório das Metrópoles na definição das regiões metropolitanas
aqui analisadas.

(4) Brasília está fora de nossa análise, pelo fato de sua região metropolitana abrigar cidades de dife-
rentes estados, notadamente, cidades de Minas e Goiás

(5) Consideramos um deputado metropolitano quando, dos votos obtidos na RM do seu estado, ele
concentra mais de 50% desses votos em um único município.

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Texto recebido em 19/jun/2009


Texto aprovado em 7/ago/2009

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