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A Lei nº 14.211/2021 alterou o Código Eleitoral e a Lei das Eleições (Lei nº 9.504/97) para tratar
sobre quatro assuntos:
1. RESTRIÇÃO À COMPETÊNCIA NORMATIVA REGULAMENTAR DA JUSTIÇA ELEITORAL
Em que consiste
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pode editar resoluções com o objetivo de detalhar as regras que
deverão ser observadas nas eleições. Trata-se do chamado “poder regulamentar” do TSE, ou seja,
a competência que possui para baixar instruções regulamentando as normas legais de Direito
Eleitoral.
Desse modo, pode-se dizer que a justiça eleitoral é uma justiça sui generis, porque possui três
funções:
a) judicante ou jurisdicional;
b) administrativa; e
c) regulamentar.
Previsão legal
A autorização para que o TSE exerça seu poder regulamentar encontra-se prevista em duas leis:
· Código Eleitoral;
Art. 1º (...)
Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral expedirá instruções para sua fiel execução.
(...)
IX — expedir as instruções que julgar convenientes à execução deste Código;
Lei nº 9.504/97:
Art. 105. Até o dia 5 de março do ano da eleição, o Tribunal Superior Eleitoral, atendendo
ao caráter regulamentar e sem restringir direitos ou estabelecer sanções distintas das
previstas nesta Lei, poderá expedir todas as instruções necessárias para sua fiel
execução, ouvidos, previamente, em audiência pública, os delegados ou representantes
dos partidos políticos.
As resoluções do TSE não podem dispor de forma contrária à lei. Isso porque, como já dito, trata-
se de um poder regulamentar, ou seja, deve restringir-se a detalhar, explicar, especificar as normas
legais.
Reação legislativa
Vale ressaltar, contudo, que nem sempre as resoluções do TSE são bem recebidas no meio
político.
Algumas vezes são feitas críticas ao que seria um excesso de regulamentação por parte da
Justiça Eleitoral, especialmente no que tange à organização dos partidos políticos.
Diante desse cenário, a Lei nº 14.211/2021 inseriu o art. 23-A ao Código Eleitoral restringindo a
competência normativa da Justiça Eleitoral. O novo dispositivo afirmou que:
· o TSE somente pode expedir resoluções ou outros atos normativos sobre matérias que tenham
sido especificamente autorizadas pela lei. Assim, não existe uma autorização genérica para a
Justiça Eleitoral regulamentar todo e qualquer assunto que diga respeito à matéria eleitoral;
· o TSE não pode expedir resoluções ou outros atos normativos tratando sobre organização dos
partidos políticos.
Esse dispositivo irá gerar uma série de controvérsias na prática. Isso porque nem sempre será
fácil identificar se a abrangência da autorização que conferida pela lei. Um exemplo é o art. 105 da
Lei nº 9.504/97, que diz:
Art. 105. Até o dia 5 de março do ano da eleição, o Tribunal Superior Eleitoral, atendendo
ao caráter regulamentar e sem restringir direitos ou estabelecer sanções distintas das
previstas nesta Lei, poderá expedir todas as instruções necessárias para sua fiel
execução, ouvidos, previamente, em audiência pública, os delegados ou representantes
dos partidos políticos.
Esse art. 105 autoriza que, de dois em dois anos, até o dia 05 de março, o TSE edite uma
resolução regulamentando as eleições vindouras. A autorização para regulamentação de uma
eleição é algo bem amplo, sendo difícil definir, com precisão, todas as matérias que estão aí
incluídas.
Derrogação do art. 61 da Lei nº 9.096/95
A Lei nº 9.096/95 é o diploma que rege os partidos políticos no Brasil. Juntamente com o art. 17
da CF/88, esta lei representa o regime jurídico dos partidos políticos.
O Título II da Lei nº 9.096/95 trata sobre a “Organização e Funcionamento dos Partidos Políticos”.
O ponto interessante vem agora. Confira o que diz o art. 61 da Lei nº 9.096/95:
Art. 61. O Tribunal Superior Eleitoral expedirá instruções para a fiel execução desta Lei.
Com o novo art. 23-A do Código Eleitoral, esse art. 61 da Lei nº 9.096/95 foi derrogado. Isso
porque o TSE foi proibido de, no exercício de sua competência normativa, tratar sobre “matéria
relativa à organização dos partidos políticos”.
Logo, o TSE não poderá editar resoluções sobre os assuntos mencionados nos arts. 8º a 29 da Lei
nº 9.096/95 nem sobre quaisquer outros que estejam diretamente relacionados com a
organização dos partidos políticos.
Resoluções do TSE potencialmente impactadas com a mudança
Há, no mínimo, três resoluções do TSE diretamente impactadas, pois tratam de temas ligados à
organização dos partidos políticos:
· Resolução TSE nº 23.604/2019: trata das finanças e contabilidade dos partidos políticos,
inclusive prestação de contas partidárias (anuais).
Como será que vai ficar daqui para frente? Essas resoluções perderão a validade? São indagações
para as quais não há, infelizmente, uma resposta segura, por enquanto.
2. ATUALIZAÇÃO DO TEXTO DO CÓDIGO ELEITORAL E DA LEI DAS ELEIÇÕES À PROIBIÇÃO DE
COLIGAÇÕES NAS ELEIÇÕES PROPORCIONAIS
Antes de verificar a alteração promovida pela Lei nº 14.211/2021 neste ponto, é indispensável
contextualizar o tema e explicar o fim das coligações nas eleições proporcionais, o que foi feito
pela EC 97/2017.
Sistemas eleitorais
Sistema eleitoral é o conjunto de regras e técnicas previstas pela CF e pela lei para disciplinar a
forma como os candidatos ao mandato eletivo serão escolhidos e eleitos.
No Brasil, atualmente, existem dois sistemas eleitorais:
a) MAJORITÁRIO b) PROPORCIONAL
O mandato eletivo fica com o candidato ou partido Terminada a votação, divide-se o total de votos
político que obteve a maioria dos votos. válidos pelo número de cargos em disputa,
obtendo-se assim o quociente eleitoral. Ex: na
eleição para vereador houve 100 mil votos válidos e
Ganha o candidato mais votado, eram 20 vagas. Logo, o quociente eleitoral será 5
independentemente dos votos de seu partido. mil (100.000 : 20 = 5.000).
No Brasil, é o sistema adotado para a eleição de No Brasil, é o sistema adotado para a escolha de
Prefeito, Governador, Senador e Presidente. Vereador, Deputado Estadual/Distrital e Deputado
Federal.
* antes da EC 97/2017.
Eleições proporcionais
Quando se fala em “eleições proporcionais” está se referindo às eleições que adotam o sistema
proporcional acima explicado. É o caso das eleições para Vereador, Deputado Estadual, Deputado
Distrital e Deputado Federal.
Coligações partidárias
Coligação partidária consiste na aliança (acordo) feita entre dois ou mais partidos para que eles
trabalhem juntos em uma eleição apresentando o mesmo candidato.
Ex: nas eleições presidenciais de 2014, foi feita uma coligação denominada “Coligação com a
força do povo” para apresentar a candidatura de Dilma Rousseff à Presidência da República. Esta
coligação era formada por 9 partidos (PT, PMDB, PSD, PP, PR, PROS, PDT, PC do B e PRB).
Ex2: nas eleições presidenciais de 2018, foi feita uma coligação denominada “Brasil acima de
tudo, Deus acima de todos” para apresentar a candidatura de Jair Bolsonaro à Presidência da
República. Esta coligação era formada por 2 partidos (PSL e PRTB).
Essa era a redação vigente da Lei nº 9.504/97: O § 1º do art. 17 da CF/88 foi alterado pela EC
97/2017 e passou a prever que é vedada a
Art. 6º É facultado aos partidos políticos, dentro
celebração de coligações nas eleições
da mesma circunscrição, celebrar coligações para
proporcionais.
eleição majoritária, proporcional, ou para ambas,
podendo, neste último caso, formar-se mais de Com isso, o art. 6º da Lei nº 9.504/97 não foi
uma coligação para a eleição proporcional dentre recepcionado pela EC 97/2017. Em linguagem
os partidos que integram a coligação para o pleito comum, mas atécnica, diz-se que o referido art. 6º
majoritário. foi “revogado” pela EC 97/2017.
Qual foi o grande objetivo por trás dessa mudança?
A intenção foi a de fortalecer os grandes partidos. Isso porque não sendo permitida a coligação
em eleições proporcionais, dificilmente partidos muito pequenos irão conseguir atingir um
quociente partidário que supere o quociente eleitoral. Significa dizer que, sozinhos, ou seja, sem
coligações, partidos pequenos terão muito dificuldade de eleger Vereadores e Deputados.
Além da dificuldade de atingir o quociente eleitoral, os partidos pequenos terão poucos segundos
no horário eleitoral, diminuindo sua visibilidade.
Essa proibição de coligações para eleições proporcionais produziu efeitos a partir de quando?
A partir das eleições de 2020. Confira o que disse o art. 2º da EC 97/2017:
Dessa forma, em 2018 ainda foram permitidas coligações para eleições proporcionais.
Houve alguma mudança no regime das coligações para eleições majoritárias?
NÃO. As coligações para eleições majoritárias continuam sendo permitidas sem qualquer
alteração. Ex: coligação para eleição de Presidente da República.
Repare que, além de proibir a realização de coligações em eleições proporcionais, o novo § 1º do
art. 17 prevê expressamente que os partidos políticos gozam de autonomia para estabelecer
regras sobre escolha, formação e duração de seus órgãos permanentes e provisórios.
O que fez a Lei nº 14.211/2021?
Alterou o Código Eleitoral e a Lei nº 9.504/97 para atualizar seu texto a essa proibição. Em outras
palavras, a EC 97/2017 vedou as coligações para as eleições proporcionais, mas o Código
Eleitoral e a Lei nº 9.504/97 ainda falavam, formalmente, sobre o assunto. Por mais que esses
dispositivos legais não mais estivessem válidos (não recepcionados pela EC 97/2017), o
legislador, agora em 2021, resolveu alterá-los formalmente para adequá-los ao atual texto
constitucional:
CÓDIGO ELEITORAL
Art. 107. Determina-se para cada Partido ou Art. 107. Determina-se para cada partido o
coligação o quociente partidário, dividindo-se pelo quociente partidário dividindo-se pelo quociente
quociente eleitoral o número de votos válidos eleitoral o número de votos válidos dados sob a
dados sob a mesma legenda ou coligação de mesma legenda, desprezada a fração.
legendas, desprezada a fração.
Art. 108. Estarão eleitos, entre os candidatos Art. 108. Estarão eleitos, entre os candidatos
registrados por um partido ou coligação que registrados por um partido que tenham obtido
tenham obtido votos em número igual ou superior votos em número igual ou superior a 10% (dez por
a 10% (dez por cento) do quociente eleitoral, cento) do quociente eleitoral, tantos quantos o
tantos quantos o respectivo quociente partidário respectivo quociente partidário indicar, na ordem
indicar, na ordem da votação nominal que cada da votação nominal que cada um tenha recebido.
um tenha recebido.
Art. 109. Os lugares não preenchidos com a Art. 109. Os lugares não preenchidos com a
aplicação dos quocientes partidários e em razão aplicação dos quocientes partidários e em razão
da exigência de votação nominal mínima a que se da exigência de votação nominal mínima a que se
refere o art. 108 serão distribuídos de acordo com refere o art. 108 serão distribuídos de acordo com
as seguintes regras: as seguintes regras:
§ 2º Poderão concorrer à distribuição dos lugares § 2º Poderão concorrer à distribuição dos lugares
todos os partidos e coligações que participaram todos os partidos que participaram do pleito,
do pleito. desde que tenham obtido pelo menos 80%
(oitenta por cento) do quociente eleitoral, e os
candidatos que tenham obtido votos em número
igual ou superior a 20% (vinte por cento) desse
quociente.
Art. 111. Se nenhum Partido ou coligação Art. 111. Se nenhum partido alcançar o quociente
alcançar o quociente eleitoral, considerar-se-ão eleitoral, considerar-se-ão eleitos, até serem
eleitos, até serem preenchidos todos os lugares, preenchidos todos os lugares, os candidatos mais
os candidatos mais votados. votados.
LEI 9.504/97
Art. 6º É facultado aos partidos políticos, dentro Art. 6º É facultado aos partidos políticos, dentro
da mesma circunscrição, celebrar coligações para da mesma circunscrição, celebrar coligações para
eleição majoritária, proporcional, ou para ambas, eleição majoritária.
podendo, neste último caso, formar-se mais de
uma coligação para a eleição proporcional dentre
os partidos que integram a coligação para o pleito
majoritário.
Art. 10. Cada partido ou coligação poderá Art. 10. Cada partido poderá registrar candidatos
registrar candidatos para a Câmara dos para a Câmara dos Deputados, a Câmara
Deputados, a Câmara Legislativa, as Assembleias Legislativa, as Assembleias Legislativas e as
Legislativas e as Câmaras Municipais no total de Câmaras Municipais no total de até 100% (cem
até 150% (cento e cinquenta por cento) do número por cento) do número de lugares a preencher mais
de lugares a preencher, salvo: 1 (um).
(...) (...)
II - nas eleições proporcionais, os debates poderão II - nas eleições proporcionais, os debates deverão
desdobrar-se em mais de um dia e deverão ser ser organizados de modo que assegurem a
organizados de modo que assegurem a presença presença de número equivalente de candidatos de
de número equivalente de candidatos de todos os todos os partidos a um mesmo cargo eletivo e
partidos que concorrem a um mesmo cargo poderão desdobrar-se em mais de um dia,
eletivo, respeitada a proporção de homens e respeitada a proporção de homens e mulheres
mulheres estabelecida no § 3º do art. 10 desta Lei; estabelecida no § 3º do art. 10 desta Lei;
(...) (...)
I - 90% (noventa por cento) distribuídos I - 90% (noventa por cento) distribuídos
proporcionalmente ao número de representantes proporcionalmente ao número de representantes
na Câmara dos Deputados, considerados, no caso na Câmara dos Deputados, considerado, no caso
de coligação para eleições majoritárias, o de coligação para as eleições majoritárias, o
resultado da soma do número de representantes resultado da soma do número de representantes
dos seis maiores partidos que a integrem e, nos dos 6 (seis) maiores partidos que a integrem;
casos de coligações para eleições proporcionais,
o resultado da soma do número de representantes
de todos os partidos que a integrem;
3. ALTERAÇÃO NO INCISO I DO ART. 109 DO CE PARA ATENDER AO QUE FOI DECIDIDO PELO
STF NA ADI 5420/DF
Além de atualizar o texto do Código Eleitoral para retirar as menções feitas às coligações
proporcionais, a Lei nº 14.211/2021 aproveitou a oportunidade para modificar o inciso I e o § 2º
do art. 109 do CE.
A alteração no inciso I não tem grande relevância prática porque o STF já havia decidido nesse
sentido.
Por outro lado, a mudança no § 2º promoverá uma relevante restrição na participação dos
partidos na sobra eleitoral.
O resultado dessa divisão é a quantidade de votos necessários atribuídos ao partido para que ele
tenha direito a uma cadeira no parlamento.
Assim, terminada a votação, divide-se o total de votos válidos pelo número de cargos em disputa,
obtendo-se assim o quociente eleitoral.
Veja o que diz o art. 106 do Código Eleitoral:
Ex: na eleição para vereador houve 134 mil votos válidos e eram 20 vagas. Logo, o quociente
eleitoral será 6.700 (134.000 ÷ 20 = 6.700).
þ (Juiz TJRJ 2016 VUNESP) O quociente eleitoral é instrumento do sistema proporcional, sendo
determinado dividindo-se o número de votos válidos apurados pelo de lugares a preencher em
cada circunscrição eleitoral, desprezada a fração se igual ou inferior a meio, equivalente a um, se
superior. (CERTO)
Pega-se os votos de cada partido e divide-se pelo quociente eleitoral, obtendo-se assim o número
de eleitos de cada partido (quociente partidário).
Art. 107. Determina-se para cada partido o quociente partidário dividindo-se pelo
quociente eleitoral o número de votos válidos dados sob a mesma legenda, desprezada a
fração. (Redação dada pela Lei nº 14.211/2021)
Ex: o Partido X e seus candidatos tiveram 30 mil votos. Esses 30 mil serão divididos pelo
quociente eleitoral (6.700). Logo, esse partido terá direito a 4 vagas de Vereador (30.000 ÷ 6.700 =
4,477611940298507).
Art. 108. Estarão eleitos, entre os candidatos registrados por um partido que tenham
obtido votos em número igual ou superior a 10% (dez por cento) do quociente eleitoral,
tantos quantos o respectivo quociente partidário indicar, na ordem da votação nominal
que cada um tenha recebido. (Redação dada pela Lei nº 14.211/2021)
Assim, só será eleito o candidato que obtiver votos em número igual ou superior a 10% do
quociente eleitoral.
A pessoa que está sendo eleita pelo partido tem que ter o mínimo de representatividade popular e,
por isso, se estabeleceu esses 10%.
Os lugares não preenchidos em razão da exigência da votação nominal mínima serão distribuídos
de acordo com as regras do art. 109.
Vale ressaltar que esse limite de 10% foi inserido pela Lei nº 13.165/2015, julgada constitucional
pelo STF (ADI 5920/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 4/3/2020).
Antes dessa alteração, se um candidato tivesse muitos votos (ex: Deputado Federal Tiririca), o
quociente eleitoral do partido seria alto e, com isso, um candidato desse partido poderia ser eleito
mesmo tendo uma ínfima quantidade de votos. O candidato conhecido seria um “puxador de
votos”. Esse candidato conhecido conseguiria “eleger” outros bem menos votados. A Lei nº
13.165/2015 tentou colocar um limite para isso, prevendo que esse candidato menos votado
deverá ter um mínimo de votos (número igual ou superior a 10% do quociente eleitoral) para que
ele “mereça” ser eleito.
Assim, as vagas que sobraram após essas três etapas acima listadas são preenchidas com base
no art. 109 do Código Eleitoral. Aqui tivemos uma alteração profunda promovida pela Lei nº
14.211/2021.
Dividindo o art. 109 do CE em três momentos
CÓDIGO ELEITORAL
Art. 109. Os lugares não Art. 109. Os lugares não Art. 109. Os lugares não
preenchidos com a preenchidos com a preenchidos com a
aplicação dos quocientes aplicação dos quocientes aplicação dos quocientes
partidários serão partidários e em razão da partidários e em razão da
distribuídos mediante exigência de votação exigência de votação
observância das seguintes nominal mínima a que se nominal mínima a que se
regras: refere o art. 108 serão refere o art. 108 serão
distribuídos de acordo distribuídos de acordo
com as seguintes regras: com as seguintes regras:
I - dividir-se-á o número de I - dividir-se-á o número de I - dividir-se-á o número de
votos válidos atribuídos a votos válidos atribuídos a votos válidos atribuídos a
cada Partido ou coligação cada partido ou coligação cada partido pelo número
de Partidos pelo número pelo número de lugares de lugares por ele obtido
de lugares por ele obtido, definido para o partido mais 1 (um), cabendo ao
mais um, cabendo ao pelo cálculo do quociente partido que apresentar a
Partido ou coligação que partidário do art. 107, mais maior média um dos
apresentar a maior média um, cabendo ao partido ou lugares a preencher, desde
um dos lugares a coligação que apresentar a que tenha candidato que
preencher; maior média um dos atenda à exigência de
lugares a preencher, desde votação nominal mínima;
que tenha candidato que
atenda à exigência de
votação nominal mínima;
Qual foi o “problema” dessa alteração promovida pela Lei nº 13.165/2015?
Ao declarar essa expressão inconstitucional, o STF determinou que fosse adotado o critério de
cálculo anterior, ou seja, o que vigorava antes da Lei nº 13.165/2015.
Para a Corte, a alteração realizada na redação do inciso I do art. 109 do Código Eleitoral acabou
por acarretar consequência que praticamente desnatura o sistema proporcional no cálculo das
sobras eleitorais.
Na lei anterior, o cálculo utilizado para obtenção da “maior média” entre os partidos (que é o
critério utilizado para distribuição das sobras eleitorais), tinha por denominador o “número de
lugares por ele [partido ou coligação] obtido, mais um”.
Desse modo, a regra previa que cada vaga remanescente distribuída a um partido era, em seguida,
levada em consideração no cálculo da distribuição das próximas vagas. Portanto, se um partido
recebeu a primeira vaga, isso entrava no cálculo da segunda, diminuindo as suas chances de obtê-
la e aumentando as chances de outros partidos recebê-la.
Pela sistemática da Lei nº 13.165/2015, apenas o “quociente partidário, mais um” (que é um dado
fixo) é que deverá ser utilizado para os seguidos cálculos de atribuição das vagas remanescentes,
desprezando-se a aquisição de vagas nas operações anteriores.
Logo, o partido político ou coligação que primeiro obtiver a maior média e, consequentemente,
obtiver a primeira vaga remanescente, acabará por obter todas as vagas seguintes, enquanto
possuir candidato que atenda à exigência de votação nominal mínima (pelo menos 10% do
quociente eleitoral). Ou seja, haverá uma tendência à concentração, em uma única sigla ou
coligação, de todos os lugares não preenchidos com a aplicação dos quocientes partidários e em
razão da exigência de votação nominal mínima.
Evidencia-se, pois, em tal regramento, a desconsideração da distribuição eleitoral de cadeiras
baseada na proporcionalidade (art. 45 da CF/88), que é intrínseca ao sistema proporcional, em
que as vagas são distribuídas aos partidos políticos de forma a refletir o pluralismo político-
ideológico presente na sociedade, materializado no voto.
A regra da Lei nº 13.165/2015, portanto, atribui unicamente a um mesmo partido político todas as
vagas remanescentes, viola, ainda, a distribuição de cadeiras legislativas às legendas
representativas de ideais minoritárias no seio social.
STF. Plenário. ADI 5420/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 4/3/2020 (Info 968).
Desse modo, a Lei nº 14.211/2021 faz com que a redação do inciso I do art. 109 do CE
praticamente volte a ser aquela anterior à Lei nº 13.165/2015, retirando o trecho declarado
inconstitucional pelo STF.
4. ALTERAÇÃO NO § 2º DO ART. 109 DO CE (RESTRIÇÃO À PARTICIPAÇÃO DOS PARTIDOS NA
SOBRA ELEITORAL)
A Lei nº 14.211/2021 também alterou o § 2º do art. 109 do CE.
Para entender a mudança, temos que voltar ao tema acima no qual estávamos tratando sobre a
sobra de vagas no cálculo das eleições proporcionais.
Como já mencionado anteriormente, as vagas não preenchidas com a aplicação dos quocientes
partidários ou em razão da exigência de votação nominal mínima a que se refere o art. 108, do
Código Eleitoral, devem ser distribuídas segundo as regras do art. 109.
Indaga-se: quais partidos poderão participar dessa distribuição das cadeiras remanescentes?
Todos os partidos políticos que disputaram as eleições podem ser beneficiados com essa
sobra eleitoral do art. 109 do CE?
A resposta está justamente no §2º do art. 109 do CE, que foi sucessivamente alterado, sendo
agora novamente modificado pela Lei nº 14.211/2021:
CÓDIGO ELEITORAL
Vigência
As alterações promovidas pela Lei nº 14.211/2021 entraram em vigor na data de sua publicação
(01/10/2021).